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MODELAGEM DE TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS DE DISTRIBUIÇÃO
PARA ESTUDOS DE FLUXO DE POTÊNCIA
FABRÍCIO LUIZ SILVA
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE JUIZ DE FORA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA
ELÉTRICA.
Aprovada por:
__________________________________________________
Prof. Márcio de Pinho Vinagre, D.Sc - Orientador - UFJF.
__________________________________________________
Prof. José Luiz Resende Pereira, Ph.D.
__________________________________________________
Prof. Paulo Augusto Nepomuceno Garcia , D.Sc.
__________________________________________________
Prof. Sandoval Carneiro Junior, Ph.D.
JUIZ DE FORA, MG – BRASIL
SETEMBRO DE 2004
ii
SILVA, FABRÍCIO LUIZ
Modelagem de Transformadores
Trifásicos de Distribuição para Estudos de
Fluxo de Potência [Juiz de Fora] 2004
XV, 99 p. 29,7 cm, il. (UFJF, M.Sc.,
Engenharia Elétrica, 2004)
Tese – Universidade Federal de Juiz de
Fora
1. Modelagem de Transformadores Trifásicos
2. Fluxo de Potência Trifásico
3. Sistemas de Distribuição
I. UFJF II. Título (Série)
iii
A minha noiva Lucimare e em especial
minha filha Ana Letícia
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Márcio de Pinho Vinagre pela excelente orientação e amizade
durante todo o trabalho, o que foi de fundamental importância para o meu
aprimoramento profissional.
A minha mãe Elza Domingos e minha tia Dalva Faria pelo apoio e incentivo
durante a realização deste trabalho.
Ao LABSPOT (Laboratório de Sistemas de Potência da Faculdade de Engenharia
Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora), pela disponibilidade de utilização de
recursos computacionais.
Ao LABSEL (Laboratório de Sistemas Eletrônicos da Faculdade de Engenharia
Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora), pela disponibilidade de utilização de
recursos técnicos.
Ao amigo Leandro Ramos Araújo pelas discussões técnicas e pelo apoio na
implementação computacional.
Aos colegas do curso de mestrado em Engenharia Elétrica da UFJF, pelo apoio à
realização deste trabalho.
Ao corpo docente do curso de mestrado em Engenharia Elétrica da UFJF, pelos
conhecimentos obtidos durante o curso.
Ao CNPq pelo suporte financeiro.
Aos meus familiares e amigos, pelo incentivo durante toda a realização do curso.
v
Resumo da Dissertação apresentada à UFJF como parte dos requisitos necessários para
a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
MODELAGEM DE TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS DE DISTRIBUIÇÃO
PARA ESTUDOS DE FLUXO DE POTÊNCIA
FABRÍCIO LUIZ SILVA
Setembro / 2004
Orientador: Márcio de Pinho Vinagre, D.Sc.
Programa: Engenharia Elétrica
Este trabalho propõe um modelo matemático para representar os transformadores
trifásicos de distribuição em estudos de fluxo de potência utilizando coordenadas de
fase. O transformador trifásico é representado por uma matriz de admitância obtida
através da análise de seu circuito magnético equivalente. O modelo exige como dados
de entrada, as reatâncias de dispersão, a reatância de magnetização e as resistências dos
seus enrolamentos, parâmetros estes obtidos por ensaios normalizados pelos fabricantes.
As várias possibilidades de conexões dos transformadores trifásicos são facilmente
representadas pela matriz de incidência nodal apropriada. Além disso, não há limitações
na representação de transformadores de núcleo envolvido ou envolvente. O modelo
apresenta uma grande robustez numérica, além de permitir a representação de
transformadores trifásicos de três enrolamentos e a utilização de impedâncias de
aterramento em ambos os lados do transformador, de tal forma que o condutor neutro
possa ser detalhadamente representado.
O modelo de transformador proposto foi incorporado ao fluxo de potência trifásico pelo
método de injeção de correntes (MICT) implementado em MATLAB. A metodologia
proposta foi testada e comparada com resultados experimentais obtidos em laboratório,
permitindo assim a validação do modelo.
vi
Abstract of Dissertation presented to UFJF as a partial fulfillment of the requirements
for the degree of Master of Sciences (M.Sc.).
THREE-PHASE DISTRIBUTION TRANSFORMERS MODELING TO LOAD
FLOW STUDIES
FABRÍCIO LUIZ SILVA
September / 2004
Supervisor: Márcio de Pinho Vinagre, D.Sc.
Department: Electrical Engineering
This work proposes a mathematical model to represent three-phase distribution
transformers for load flow studies using phase-coordinates. The three-phase
transformers are represented by admittance matrix obtained from transformers
equivalent magnetic circuit analysis. As input data, the model requires the leakage
reactance, magnetizing reactance and resistances of the transformer windings; these
parameters are easily obtained from standard tests. Using node incidence matrix easily
represents the various possible three-phase transformers connections. Moreover, there
are no restrictions for representation of either the core-type or shell-type transformers.
The model presents numerical robustness and also permits the representation of the
three-winding transformers and the utilization of the grounding impedance on both sides
of the transformer, in such a way that the neutral conductor can be represented.
The transformer model proposed has been incorporated in a three-phase power flow
using the current injection method (TCIM) in MATLAB. The proposed model has been
implemented and the results compared with the ones obtained from laboratory tests, in
order to validate the model.
vii
Índice
Lista de Figuras.................................................................................................................x
Lista de Tabelas...............................................................................................................xii
Capítulo I - Introdução ..................................................................................................... 1
I.1 Considerações Iniciais....................................................................................... 1
I.2 Revisão Bibliográfica ........................................................................................ 2
I.3 Objetivos da Dissertação ................................................................................... 5
I.4 Principais Contribuições da Dissertação ........................................................... 5
I.5 Estrutura da Dissertação.................................................................................... 6
Capítulo II - Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência...................................................................... 8
II.1 Considerações Iniciais....................................................................................... 8
II.2 Aspectos Básicos Sobre Modelagem de Transformadores Trifásicos............... 9
II.3 Representação dos Transformadores Trifásicos no Problema de Fluxo de
Potência ........................................................................................................... 10
II.3.1Matriz Admitância Primitiva.................................................................. 11
II.3.2Matriz de Incidência Nodal .................................................................... 14
II.3.2.1 Problemas na Representação da Conexão dos Enrolamentos dos
Transformadores em Delta. ..................................................... 17
II.3.3Matriz Admitância de Barras.................................................................. 18
II.4 Principais Modelos de Transformadores Trifásicos........................................ 19
II.4.1Transformadores Trifásicos Representados por Bancos de
Transformadores Monofásicos ............................................................... 19
II.4.1.1 Modelo de Transformador Trifásico Descrito em CHEN e
DILLON (1974)....................................................................... 19
II.4.2Transformadores Trifásicos de Dois Enrolamentos ............................... 22
II.4.2.1 Modelo de Transformador Trifásico Descrito em GORMAN e
GRAINGER (1992a) e (1992b)............................................... 22
II.4.2.2 Modelo de Transformador Descrito em DUGAN e SANTOSO
(2003) ...................................................................................... 23
viii
II.5 Sumário do Capítulo........................................................................................ 26
Capítulo III - Modelo de Transformador Trifásico Proposto ......................................... 27
III.1 Considerações Iniciais..................................................................................... 27
III.2 Modelo Proposto para Representar os Transformadores Trifásicos de
Distribuição ..................................................................................................... 27
III.2.1Determinação da Matriz Admitância Primitiva para o Transformador
Trifásico.................................................................................................. 27
III.2.2 Representação das Impedâncias de Aterramento de Transformadores 34
III.2.3 Cálculo da Matriz Admitância Primitiva em Valores por Unidade (P.U.)
................................................................................................................ 36
III.2.4 Determinação da Equação de Mudança de Base.................................. 37
III.2.5 Representação das Conexões dos Transformadores............................. 38
III.2.5.1 Conexões com as polaridades Invertidas................................. 41
III.2.5.2 Problema da Falta de Referência devido a Conexão Delta
Utilizando o Modelo de Transformador Proposto................... 42
III.2.6 Matriz Admitância de Barras para o Transformador............................ 44
III.3 Exemplo Numérico.......................................................................................... 44
III.4 Sumário do Capítulo........................................................................................ 47
Capítulo IV - Resultados ................................................................................................ 48
IV.1 Considerações Gerais ...................................................................................... 48
IV.2 Modelos de Componentes dos Sistemas Testes .............................................. 48
IV.2.1 Modelos Reais...................................................................................... 49
IV.2.1.1 Fonte de Potência .................................................................... 49
IV.2.1.2 Linhas de Distribuição............................................................. 49
IV.2.1.3 Transformadores...................................................................... 50
IV.2.1.4 Cargas...................................................................................... 51
IV.2.2 Modelos Matemáticos para Simulação de Resultados ......................... 52
IV.2.2.1 Fonte de Potência .................................................................... 52
IV.2.2.2 Linhas de Distribuição............................................................. 53
IV.2.2.3 Transformadores...................................................................... 53
IV.2.2.4 Cargas...................................................................................... 54
IV.3 Equipamento de Medição................................................................................ 55
ix
IV.4 Metodologia Utilizada para Comparar os Resultados das Medições e
Simulações....................................................................................................... 55
IV.5 Sistema Teste de 6 Barras Radial .................................................................... 56
IV.5.1 Cargas Desequilibradas........................................................................ 57
IV.5.2 Cargas Altamente Desequilibradas ...................................................... 61
IV.6 Sistema Teste de 6 Barras em Anel................................................................. 63
IV.6.1 Cargas Desequilibradas........................................................................ 63
IV.6.2 Cargas Altamente Desequilibradas ...................................................... 65
IV.7 Sistema Teste Radial de 5 Barras .................................................................... 66
IV.7.1 Cargas Altamente Desequilibradas ...................................................... 66
IV.8 Sumário do Capítulo........................................................................................ 67
Capítulo V - Conclusões................................................................................................. 69
V.1 Considerações Gerais ...................................................................................... 69
V.2 Trabalhos Futuros............................................................................................ 70
Apêndice A – Fluxo de Potência Trifásico pelo Método de Injeção de Correntes..........71
Bibliografia......................................................................................................................83
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Diagrama para representar os transformadores trifásicos............................. 10
Figura 2 – Tipos de configurações de núcleos trifásicos. (a) Núcleo trifásico de três
pernas (b) Núcleo trifásico de quatro pernas (c) Núcleo trifásico de cinco
pernas............................................................................................................ 12
Figura 3 – Transformador trifásico de dois enrolamentos conectado em Yaterrado –
delta. ............................................................................................................. 16
Figura 4 – Sub-rede isolada devido a conexão delta. ..................................................... 17
Figura 5 – Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico de dois
enrolamentos................................................................................................. 23
Figura 6 – Esquema de ligação para um transformador trifásico de dois enrolamentos
conectado em Y-Delta. ................................................................................. 25
Figura 7 – Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico de três
enrolamentos................................................................................................. 28
Figura 8- Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico com um
enrolamento no primário e dois enrolamentos no secundário para cada fase. 32
Figura 9– Transformador de três enrolamentos conectado em Delta – Yaterrado......... 39
Figura 10– Transformador de três enrolamentos conectado em delta – estrela – delta.. 40
Figura 11– Transformador de três enrolamentos conectado em Delta – Yaterrado com
suas bobinas invertidas................................................................................. 42
Figura 12– Circuito π equivalente de uma linha trifásica a parâmetros concentrados... 43
Figura 13– Linha de distribuição trifásica construída em núcleo de ferrite................... 50
Figura 14– Transformadores trifásicos utilizados nos sistemas testes. .......................... 51
Figura 15– Cargas trifásicas representadas por lâmpadas incandescentes..................... 52
Figura 16– Fonte de potência trifásica conectada em estrela aterrada. .......................... 53
Figura 17– Esquema de ligação para carga ligada em estrela: (a) Monofásica (b)Bifásica
(c) Trifásica .................................................................................................. 54
Figura 18– Medidor utilizado nas medições................................................................... 55
Figura 19– Sistema teste de 6 barras radial.................................................................... 56
Figura 20– Visão panorâmica do sistema teste de 6 barras radial no laboratório .......... 57
Figura 21– Sistema teste de 6 barras em anel................................................................. 63
Figura 22– Sistema teste de 5 barras radial.................................................................... 66
xi
Figura 23 – Organograma para o algoritmo de solução do fluxo de potência trifásico
pelo método de injeção de correntes............................................................. 82
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Ligações comuns para os transformadores trifásicos ................................... 15
Tabela 2 - Submatrizes usadas na formulação da matriz admitância de barras ............. 21
Tabela 3 – Principais ligações para o transformador trifásico de três enrolamentos com
as duas bobinas do secundário possuindo conexões distintas ...................... 39
Tabela 4 – Dados do transformador trifásico de três enrolamentos ............................... 44
Tabela 5 – Parâmetros das linhas de distribuição dos sistemas testes obtidos através de
medições....................................................................................................... 50
Tabela 6 – Parâmetros dos transformadores trifásicos obtidos pelos ensaios de circuito
aberto e de curto-circuito.............................................................................. 51
Tabela 7 – Potências ativas e reativas consumidas pelas cargas desequilibradas do
sistema radial de 6 barras ............................................................................. 57
Tabela 8 – Módulos e ângulos das tensões nas barras do sistema de 6 barras radial,
contendo cargas desequilibradas .................................................................. 58
Tabela 9 – Módulos e ângulos das correntes nos circuitos do sistema de 6 barras radial,
contendo cargas desequilibradas .................................................................. 58
Tabela 10 – Tensões de linha nas barras do sistema de 6 barras radial.......................... 59
Tabela 11 – Soma fasorial das correntes nos circuitos do sistema de 6 barras radial .... 59
Tabela 12 – Comparação entre os módulos das tensões de fase calculados e medidos,
nas barras com conexão estrela do sistema de 6 barras radial alimentando
cargas desequilibradas............................................................................... 60
Tabela 13 – Comparação entre os módulos das tensões de linha calculados e medidos,
nas barras com conexão delta do sistema de 6 barras radial alimentando
cargas desequilibradas............................................................................... 60
Tabela 14 – Comparação entre os módulos das correntes nos circuitos calculados e
medidos no sistema de 6 barras radial apresentando cargas desequilibradas
................................................................................................................... 61
Tabela 15 – Potências ativas e reativas consumidas pelas cargas altamente
desequilibradas no sistema radial de 6 barras............................................... 61
Tabela 16 – Comparação entre os módulos das tensões de fase calculadas e medidas,
nas barras com conexão estrela do sistema de 6 barras radial alimentando
cargas altamente desequilibradas.................................................................. 62
xiii
Tabela 17 – Comparação entre os módulos das tensões de linha calculadas e medidas,
nas barras com conexão delta do sistema de 6 barras radial com cargas
altamente desequilibradas............................................................................. 62
Tabela 18 – Comparação entre os módulos das correntes calculadas e medidas nos
circuitos do sistema de 6 barras radial alimentando cargas altamente
desequilibradas ............................................................................................. 62
Tabela 19 – Comparação entre os módulos das tensões de fase calculadas e medidas nas
barras com conexão estrela do sistema de 6 barras em anel com cargas
desequilibradas ............................................................................................. 64
Tabela 20 – Comparação entre os módulos das tensões de linha calculadas e medidas,
nas barras com conexão delta do sistema de 6 barras em anel alimentando
cargas desequilibradas.................................................................................. 64
Tabela 21 – Comparação entre os módulos das correntes calculadas e medidas, nos
circuitos do sistema de 6 barras em anel com cargas desequilibradas ......... 64
Tabela 22 – Comparação entre os módulos das tensões de fase nas barras com conexão
estrela do sistema de 6 barras em anel com ramais monofásicos e bifásicos.
...................................................................................................................... 65
Tabela 23 – Comparação entre os módulos das tensões de linha nas barras com conexão
delta do sistema de 6 barras em anel com ramais monofásicos e bifásicos.. 65
Tabela 24 – Comparação entre os módulos das correntes nos circuitos do sistema de 6
barras em anel com ramais monofásicos e bifásicos.................................... 65
Tabela 25 – Comparação entre os módulos das tensões de fase calculadas e medidas nas
barras com conexão estrela do sistema de 5 barras radial alimentando cargas
altamente desequilibradas............................................................................. 67
Tabela 26 – Comparação entre os módulos das tensões de linha calculadas e medidas,
nas barras com conexão delta do sistema de 5 barras radial alimentando
cargas altamente desequilibradas.................................................................. 67
Tabela 27 – Comparação entre os módulos das correntes calculadas e medidas nos
circuitos do sistema de 5 barras radial com cargas altamente desequilibradas
...................................................................................................................... 67
Capítulo I
Introdução
I.1 Considerações Iniciais
Os sistemas de distribuição de energia elétrica em geral são grandes e complexos,
e as empresas distribuidoras de energia elétrica procuram cada vez mais operá-los de
forma otimizada, buscando a redução dos custos operacionais assim como a redução das
perdas de energia. Em paralelo aos aspectos anteriormente descritos, a crescente
penetração da informática em todas as atividades econômicas, a automação de linhas de
produção juntamente com complexos processos industriais, vêm tornando crescentes as
exigências dos consumidores em relação à qualidade e à confiabilidade dos serviços de
fornecimento de energia elétrica. Dentro deste cenário têm-se elevado o número de
medições e simulações com o objetivo de assegurar a mais completa integridade dos
sistemas de distribuição de energia elétrica.
A análise destes sistemas através de medições permite verificar o exato estado da
rede elétrica, porém para que as medidas efetuadas sejam confiáveis necessita-se da
experiência prévia de técnicos e engenheiros, além de equipamentos sofisticados que
normalmente possuem um custo elevado. Devido ao tamanho dos sistemas de
distribuição torna-se praticamente inviável a instalação de equipamentos de medição em
todos os pontos do mesmo, restringindo assim consideravelmente o seu estudo.
Com o desenvolvimento dos programas voltados para o estudo dos sistemas
elétricos de potência, a análise através de simulações apresenta-se como uma alternativa
eficiente, pois possibilita avaliar todo o sistema, desde as subestações de distribuição até
os ramais secundários que interligam os consumidores ao mesmo. Estas ferramentas
permitem ainda avaliar o sistema para diferentes cenários, onde se podem fazer
previsões quanto ao estado da rede elétrica com grande precisão.
Porém, para que seja feito um estudo consistente dos sistemas de distribuição
através de simulações são necessárias ferramentas robustas, onde o cálculo do fluxo de
potência se destaca como sendo uma das ferramentas mais utilizadas no estudo do
planejamento, controle e operação dos sistemas elétricos de potência. Além disso, é
Capítulo I - Introdução
2
imprescindível que os vários componentes destes sistemas (condutores,
transformadores, geradores, cargas, etc) sejam representados por modelos matemáticos
adequados que reproduzam seus comportamentos reais. Os parâmetros de entrada
requeridos pelos modelos também são importantes, pois dados incorretos levarão aos
usuários dos programas resultados errôneos, podendo ocasionar sérios erros na operação
e planejamento dos sistemas de distribuição.
Dentre os dispositivos que compõem tais sistemas, o transformador pode ser
considerado como sendo o equipamento mais comum. Contudo, a incorporação dos
transformadores em ferramentas de análise de sistemas elétricos trifásicos pode ser
problemática devido ao grande número destes equipamentos na rede, à variedade de
conexões e às formas de representação (DUGAN, 2003). Assim, o impacto dos
inúmeros transformadores no estudo dos sistemas de distribuição de energia elétrica é
significante, pois os mesmos afetam as perdas no sistema, os métodos de aterramento,
as estratégias de proteção, etc.
Devido à grande importância dos modelos de transformadores trifásicos na análise
computacional, demandando cada vez mais o desenvolvimento de novas ferramentas
para o estudo dos sistemas elétricos de distribuição, surge assim, uma motivação para o
desenvolvimento de modelos mais abrangentes de transformadores.
I.2 Revisão Bibliográfica
Muitos modelos de componentes dos sistemas de distribuição são limitados à
análise de sistemas trifásicos equilibrados. Estes modelos são construídos supondo que
o sistema trifásico opera em condições de equilíbrio e desta forma adota-se uma
modelagem monofásica (seqüência positiva) para o problema. Considerando o circuito
monofásico equivalente na análise, são muitos os trabalhos que apresentam algoritmos
de solução do fluxo de potência, bem como modelos de componentes dos sistemas
elétricos, entre os quais se destacam TINNEY (1967); DOMMEL (1970); STOTT
(1974); MONTICELLI (1983) e DA COSTA (1999).
Entretanto, para sistemas de distribuição de energia elétrica, a simplificação
adotada não é suficiente para sua correta avaliação, pois estes sistemas são em geral
altamente desequilibrados, devido as diferentes cargas conectadas as fases, a assimetria
Capítulo I - Introdução
3
das linhas sem transposição e da existência de circuitos monofásicos, bifásicos e
trifásicos. Sendo assim é de fundamental importância o desenvolvimento de ferramentas
e modelos de componentes para a análise dos sistemas elétricos trifásicos (CHEN e
DILLON, 1974); (CHENG, 1995); (GARCIA, 2000); (GARCIA, 2001) e
(MAYORDOMO, 2002).
A referência CHEN e DILLON (1974) propõe um modelo de transformador
trifásico que possibilita representar as suas várias conexões comuns. Neste modelo os
transformadores trifásicos são representados por bancos de transformadores
monofásicos, desprezando-se assim o acoplamento magnético existente entre as fases do
transformador. Devido a algumas simplificações adotadas durante a elaboração deste
modelo, o mesmo apresenta certa dificuldade numérica em representar os
transformadores trifásicos cujos enrolamentos estejam conectados em delta.
Buscando solucionar os problemas numéricos apresentados pelo modelo de
transformador trifásico desenvolvido em CHEN e DILLON (1974) a referência CHEN
et al (1991) apresenta um aperfeiçoamento deste modelo de transformador, onde os
autores utilizam uma técnica de implementação na qual é usado um método de injeção
de correntes, possibilitando assim que a ligação dos enrolamentos do transformador em
delta possa ser representada. Em CARNEIRO E MARTINS (2003) foi desenvolvido um
trabalho que compara a matriz de admitância de barras que representa o transformador
obtido com o modelo descrito em CHEN E DILLON (1974) com uma matriz cujos
elementos foram determinados através de medições, onde pode ser verificado que as
aproximações feitas em tal modelo apresentam valores que são de certa forma
aceitáveis.
Em GORMAN e GRAINGER (1992a) e (1992b) os transformadores trifásicos são
modelados a partir da análise de seu circuito magnético equivalente, onde o mesmo é
representado por uma matriz de permeância dividida em duas componentes: uma
relacionada com o núcleo ferromagnético e a outra relacionada com os caminhos de
dispersão. Neste modelo para se determinar a matriz de admitância de barras que
representa o transformador é necessário conhecer o valor da permeabilidade magnética
do núcleo, seu comprimento médio e a sua área. Estes parâmetros em muitos casos não
são conhecidos e são difíceis de se obter, o que dificulta o uso do modelo.
No modelo desenvolvido em DUGAN e SANTOSO (2003) os transformadores
trifásicos são modelados em coordenadas de fase, onde se utiliza como parâmetros de
Capítulo I - Introdução
4
entrada as impedâncias próprias e mútuas entre as bobinas do transformador obtidas
através de medições e expressas em Ohms.
Nos sistemas de distribuição e industriais são encontrados diferentes tipos de
conexões para os transformadores trifásicos visando atender os seus inúmeros
consumidores e otimizar a operação e o planejamento do sistema. Sendo assim, para que
os modelos de transformadores trifásicos possam ser utilizados sem nenhuma limitação
quanto ao tipo de ligação de seus enrolamentos, os mesmos devem permitir que todas
estas conexões sejam representadas.
Com este objetivo a referência CHEN e CHANG (1996) propõe um modelo de
transformador trifásico que também permite representar as ligações delta aberto e Scott.
Neste modelo os transformadores trifásicos são considerados como ideais e as suas
cargas e perdas são agrupadas de maneira que o conjunto seja representado por cargas
equivalentes. Para conexões de transformadores diferentes das apresentadas no trabalho,
devem ser determinadas as novas equações que representam o transformador.
Nas referências CHEN et al (1996); DUGAN (2004) e KERSTING (2004) são
modelados os transformadores monofásicos com derivação central conectados em banco
trifásico possibilitando a alimentação de cargas monofásicas e trifásicas
simultaneamente.
Em CHEN e GUO (1996) é dada atenção especial às ligações delta aberto, Scott,
Le Blanc e Modified-Woodbridge, onde o circuito equivalente para o transformador é
obtido em componentes simétricos.
Na referência BARAN e STATON (1997) é proposto um método para inclusão
dos transformadores de distribuição na análise de alimentadores baseado em injeções de
correntes atualizadas usando-se o procedimento de ‘forward-backward sweep’.
Em HONG e WANG (1997) são investigados os impactos das diferentes
conexões dos transformadores trifásicos e dos modelos de cargas em um sistema de
potência desequilibrado. O modelo de transformador proposto no trabalho é derivado de
uma nova matriz de impedância primitiva constituída por elementos de seqüência
positiva, negativa e zero. São avaliados os modelos de carga do tipo potência constante
e impedância constante.
Os transformadores de três enrolamentos são encontrados freqüentemente em
aplicações onde existe a necessidade de utilização de duas tensões. Em OOMEN e
KOHLER (1999) é apresentado um modelo de transformador de três enrolamentos onde
o mesmo é modelado como um sistema de três barras na qual são desprezadas as
Capítulo I - Introdução
5
impedâncias mútuas entre o secundário e o terciário. De outra maneira, no modelo
apresentado em MOORTHY e HOADLEY (2002) os transformadores são modelados
em coordenadas de fase onde se podem representar os transformadores de dois e três
enrolamentos incorporando os efeitos dos acoplamentos entre as fases.
Em IRVING e AL-OTHMAN (2003) é desenvolvido um modelo de
transformador que permite representar as suas várias configurações de impedâncias de
aterramento do ponto neutro, onde os transformadores trifásicos são representados por
bancos de transformadores monofásicos.
I.3 Objetivos da Dissertação
Observa-se uma grande quantidade de artigos técnicos que enfocam a modelagem
dos transformadores, evidenciando a grande importância dos modelos de
transformadores trifásicos no estudo dos sistemas de distribuição. A maioria dos
modelos de transformadores quando incorporados em ferramentas para análise trifásica
destes sistemas apresentam alguma dificuldade, seja devido a problemas numéricos
inerentes a simplificações adotadas durante a modelagem, seja pela necessidade de
muitos parâmetros de entrada para o modelo. Esta dissertação tem como objetivo a
apresentação de um modelo geral que permita representar os transformadores trifásicos
de distribuição de dois ou três enrolamentos com suas inúmeras formas de conexões
para análise de sistemas trifásicos equilibrados e desequilibrados. Como o banco
trifásico de transformadores, matematicamente, é um caso particular do transformador
trifásico a modelagem aqui apresentada também se aplica a bancos trifásicos de
transformadores, mais freqüentes em sistemas de transmissão de energia elétrica.
I.4 Principais Contribuições da Dissertação
As principais contribuições desta dissertação podem ser resumidas nos seguintes
pontos:
Capítulo I - Introdução
6
• A modelagem proposta permite determinar a matriz de admitância
primitiva completa para representar os transformadores trifásicos através
da análise de seu circuito magnético equivalente;
• A necessidade de apenas alguns parâmetros dos transformadores como
dados de entrada, os quais podem ser obtidos por ensaios normalizados por
fabricantes, o que facilita o uso do modelo de transformador trifásico
proposto;
• O desenvolvimento de um modelo geral que permite representar tanto os
transformadores trifásicos de dois ou três enrolamentos e os bancos de
transformadores monofásicos quanto as diferentes conexões dos
transformadores de distribuição, além de se poder representar mais do que
um enrolamento por fase;
• A possibilidade de representar as impedâncias de aterramento de
transformadores;
• O desenvolvimento de um modelo matemático robusto
computacionalmente podendo ser inserido nos programas para o cálculo
do fluxo de potência sem alterar a eficiência dos métodos de solução;
• A elaboração de um método para determinar a matriz de admitância nodal
em p.u., não deixando dúvidas quanto aos valores que devem ser
escolhidos como bases para o transformador, evitando assim o uso
inadequado de bases.
I.5 Estrutura da Dissertação
Além deste capítulo, esta dissertação contém mais quatro capítulos e um apêndice,
os quais serão descritos sucintamente a seguir.
O Capítulo II apresenta as várias características importantes que devem ser
observadas durante a modelagem de transformadores e também uma breve revisão dos
principais modelos de transformadores trifásicos disponíveis na literatura.
No Capítulo III são apresentados os conceitos da modelagem do transformador
trifásico proposto por este trabalho. É apresentado também um exemplo numérico com
o objetivo de ilustrar a metodologia proposta.
Capítulo I - Introdução
7
No Capítulo IV são apresentados e discutidos os resultados referentes às
aplicações do modelo de transformador trifásico proposto em estudos de fluxo de
potência utilizando-se pequenos sistemas testes desenvolvidos em laboratório.
E finalmente no Capítulo V encontram-se as principais conclusões deste trabalho,
considerações finais e sugestões para trabalhos futuros.
No Apêndice A é apresentada uma revisão sobre o método de solução do fluxo de
potência trifásico por injeção de correntes (MICT), pois esta foi à ferramenta utilizada
para a análise dos sistemas trifásicos descritos neste trabalho.
Capítulo II
Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores
Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência
II.1 Considerações Iniciais
Atualmente, o grande interesse em se representar os sistemas de potência por seus
modelos trifásicos têm levado a importantes debates com o objetivo de estabelecer
regras para a sua correta modelagem. Estes debates envolvem discussões a respeito de
qual seria a melhor ferramenta de análise dos sistemas elétricos, colocando em
confronto a modelagem utilizando o método dos componentes simétricos e a
modelagem em coordenadas de fase. Têm se discutido também como os programas para
análise dos sistemas de potência devem ser desenvolvidos, seja com os seus parâmetros
expressos em valores reais da rede (volts, amperes, ohms) ou expressos em valores por
unidade (p.u.) (DUGAN, 2003).
O tradicional sistema por unidade e o método dos componentes simétricos foram
desenvolvidos para facilitar os cálculos manuais para os sistemas trifásicos com
diferentes níveis de tensão. Muitos engenheiros defendem a idéia de que a melhor
maneira de representar o sistema elétrico é utilizando o sistema p.u. Por outro lado estão
os que se opõem ao uso destas metodologias na representação dos sistemas de potência,
tendo como premissa que a forma correta de se trabalhar com o sistema elétrico é
utilizando a sua modelagem em coordenadas de fase com os parâmetros da rede
expressos por seus valores reais. Entre as principais vantagens oferecidas por tais
metodologias, citadas em DUGAN (2003), pode-se destacar o fato de que estes valores
são características dos equipamentos, não estando sujeitos a alterações providas de
aplicações do mesmo, como também elimina a chance de confusão devido à escolha de
valores ambíguos para as bases do sistema.
Segundo DUGAN (2003), com o grande avanço dos microcomputadores,
permitindo efetuar os cálculos de maneira rápida e precisa por mais complexos que
estes sejam e a constante busca em aproximar os valores obtidos através de simulações e
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
9
medições, cria-se uma perspectiva de que a modelagem utilizando coordenadas de fase,
com os parâmetros da rede elétrica expressa por seus verdadeiros valores, seja
escolhida.
Como ainda não existe uma regra que defina a melhor ferramenta para
modelagem dos sistemas elétricos de potência, são muitos os modelos matemáticos que
visam representar os transformadores trifásicos. O objetivo deste capítulo é,
basicamente, apresentar as principais características que devem ser observadas durante a
elaboração de um bom modelo de transformador, a metodologia normalmente
empregada na modelagem, bem como alguns dos principais modelos de
transformadores trifásicos, de maneira a permitir uma comparação e a compreensão das
principais contribuições do modelo de transformador trifásico proposto por este
trabalho.
II.2 Aspectos Básicos Sobre Modelagem de Transformadores
Trifásicos
O procedimento adotado na modelagem de transformadores deve ser adequado de
forma a possibilitar a representação fiel dos vários tipos de transformadores trifásicos
existentes. Normalmente os transformadores são modelados em termos de seus
componentes simétricos. São utilizadas como parâmetros de entrada as suas
impedâncias de dispersão, obtidas através do teste de curto-circuito, expressas em
valores por unidade (p.u.). Em estudos de fluxo de potência os efeitos não lineares da
saturação do núcleo ferromagnético podem ser desprezados. Segundo KERSTING et al
(1999) as principais características que devem ser observadas nos modelos de
transformadores trifásicos são:
• Os modelos de transformadores trifásicos para estudos de fluxo de
potência devem satisfazer as leis de Kirchhoff de tensão e corrente, bem
como as relações existentes entre estas grandezas elétricas nos dois lados
do transformador;
• Os modelos de transformadores trifásicos devem ser capazes de
representar as suas várias formas de conexões;
• Caso exista qualquer mudança no ângulo de fase das grandezas elétricas,
entre primário e secundário resultante de uma conexão em particular, o
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
10
modelo de transformador deve ser capaz de representar esta diferença de
fase naturalmente, sem a introdução de fatores extras, por exemplo: o
aparecimento inesperado do termo 3 , ou fatores complexos ( 6
π
j
e e
6
π
j
e
−
), forçando o resultado correto;
• Por fim, é de extrema importância, que os modelos de transformadores
trifásicos utilizados nas ferramentas de análise dos sistemas elétricos
apresentem tensões e correntes que se aproximem ao máximo das
grandezas elétricas do equipamento real.
II.3 Representação dos Transformadores Trifásicos no
Problema de Fluxo de Potência
Nas ferramentas trifásicas desenvolvidas para análise dos sistemas de distribuição,
os transformadores trifásicos são representados por uma matriz de admitância de barras
que contém as admitâncias próprias e mútuas entre as fases do transformador e a
informação de como as bobinas dos transformadores estão conectadas. A Figura 1
apresenta um transformador trifásico entre as barras K e M representado por sua matriz
admitância de barras.
YABC
A
K
B C A B C
M
Primário SecundárioMatriz
Admitância de
Barras
Barra
Figura 1 – Diagrama para representar os transformadores trifásicos
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
11
Uma forma eficiente de obter a matriz que representa o transformador é utilizando
a teoria da matriz primitiva de Kron. Por meio desta metodologia os transformadores
trifásicos são representados a partir de uma matriz de admitância primitiva ( primY ), a
qual é obtida sem levar em consideração a maneira como as bobinas dos
transformadores estão conectadas. Os vários tipos de ligações trifásicas para os
transformadores são representados facilmente pela matriz de incidência nodal ( A ).
Desta forma a matriz de admitância de barras que representa os transformadores
trifásicos com suas respectivas conexões pode ser determinada por um simples produto
de matrizes ( t
barra primY A Y A= ).
Para que se possa compreender como os modelos de transformadores trifásicos
que são apresentados neste trabalho foram desenvolvidos, esta metodologia será descrita
detalhadamente a seguir.
II.3.1 Matriz Admitância Primitiva
Nos sistemas de distribuição de energia elétrica são encontrados inúmeros
transformadores, onde estes assumem comportamentos diferentes devido ao seu aspecto
construtivo e tipos de ligações. Quanto ao aspecto construtivo os transformadores
utilizados nos sistemas trifásicos podem ser trifásicos ou constituídos de bancos de
transformadores monofásicos. Nos primeiros os enrolamentos dos transformadores
estão envoltos ou envolvidos em um único núcleo ferromagnético, de maneira que
exista um total acoplamento magnético entre as fases do transformador. A Figura 2
ilustra alguns tipos de núcleos empregados na construção de transformadores trifásicos.
Os bancos de transformadores são constituídos de três transformadores
monofásicos, agrupados de forma a serem usados como se fosse um transformador
trifásico.
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
12
(a) (b)
(c)
Figura 2 – Tipos de configurações de núcleos trifásicos. (a) Núcleo trifásico de três pernas (b) Núcleo
trifásico de quatro pernas (c) Núcleo trifásico de cinco pernas
Independentemente do tipo de núcleo empregado na construção dos
transformadores trifásicos, para um transformador com um enrolamento no primário e
um enrolamento no secundário para cada fase, comumente chamado de transformador
trifásico de dois enrolamentos, a matriz de impedância primitiva que o representa é dada
pela Equação (2.1), onde para transformadores construídos em núcleos trifásicos esta
matriz apresenta-se cheia, ou seja, com todos os seus elementos diferentes de zero.
p p p p p p s p s p s
p p p p p p s p s p s
p p p p p p s p s p s
s p s p s p s s s s s
s p s p s p s s s s s
s p s p s p s s s s s
A A B A C A A A B A C
B A B B C B A B B B C
C A C B C C A C B C C
prim
A A A B A C A A B A C
B A B B B C B A A B C
C A C B C C C A C B A
Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z
Z
Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
= ⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎣ ⎦
(2.1)
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
13
Onde:
CBA e, : Representam as fases;
sp e : Representam as grandezas do primário e do secundário respectivamente.
Em bancos de transformadores monofásicos, como os enrolamentos das fases
estão envoltos ou envolvidos em núcleos distintos, as impedâncias mútuas entre as fases
diferentes são nulas, como mostra a Equação (2.2).
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
p p s
p p s
p p s
s p s
s p s
s p s
A A A
B B B
C C C
prim
A A A
B B A
C C A
Z Z
Z Z
Z Z
Z
Z Z
Z Z
Z Z
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
= ⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎣ ⎦
(2.2)
A Equação (2.1) pode ser escrita na sua forma compacta, como mostra a Equação
(2.3).
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎣
⎡
= ABC
s
ABC
sp
ABC
ps
ABC
pABC
prim
ZZ
ZZ
Z (2.3)
A matriz de admitância primitiva é calculada por:
( )
1
prim primY Z
−
= (2.4)
Para que se obtenha bons resultados nas simulações todos os elementos que
compõem a matriz de impedância primitiva devem ser determinados. Estes elementos
podem ser obtidos através de medições energizando-se o enrolamento x ( [ ], ,x A B C∈ )
do lado y ( [ ],y p s∈ ) e aplicando-se curto circuito nos demais enrolamentos (GARCIA,
2001). Desta forma todos os elementos da matriz de impedância primitiva serão
calculados pela Equação (2.5).
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
14
1
1
x
x
xx
I
V
Z = (2.5)
Onde:
1xI : Corrente medida no enrolamento 1x ( [ ]CB,A,1 ∈x ).
xV : Tensão aplicada no enrolamento x .
Assim, para determinar todos os elementos da matriz de impedância primitiva
para um transformador trifásico de dois enrolamentos, considerando a natureza
recíproca da impedância mútua, seriam necessários vinte e um testes de curto-circuito.
Todavia, isto seria inviável devido a enorme quantidade de transformadores existentes
nos sistemas de distribuição.
Visando obter esta matriz de forma algébrica e não através de medições, o tipo de
núcleo empregado na construção do transformador deve ser considerado. A maioria dos
transformadores trifásicos de distribuição são construídos usando o núcleo trifásico de
três pernas, Figura 2-a; assim, praticamente todos os modelos de transformador trifásico
são elaborados considerando que o mesmo foi construído utilizando este tipo de
estrutura. Os modelos de transformadores trifásicos diferenciam-se principalmente
quanto à maneira de determinar os elementos da matriz de impedância primitiva,
buscando sempre um cálculo correto com um mínimo de parâmetros de entrada.
II.3.2 Matriz de Incidência Nodal
Nos sistemas de distribuição de energia elétrica são encontrados vários tipos de
conexões para os transformadores trifásicos. Cada uma destas conexões causa efeitos
diferentes nos transformadores, mudando consideravelmente suas tensões e ângulos de
fase.
A Tabela 1 apresenta algumas das ligações mais comuns para os transformadores
trifásicos.
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
15
Tabela 1 – Ligações comuns para os transformadores trifásicos
Conexões dos Transformadores
Primário Secundário
Yaterrado Yaterrado
Yaterrado Y
Yaterrado Delta
Y Yaterrado
Y Y
Y Delta
Delta Y
Delta Yaterrado
Delta Delta
Em relação a estas conexões podem ser observadas as seguintes características:
a) Ligação Yaterrado – Delta: Neste tipo de conexão existe uma diferença
angular de –30º entre as tensões de fase do primário e do secundário.
b) Ligação Delta – Yaterrado: Ao contrário da ligação Yaterrado - Delta este
tipo de configuração provoca uma defasagem de +30º entre as tensões de
fase do primário e secundário.
c) Ligação Yaterrado – Yaterrado: Este tipo de ligação é usado para
alimentar cargas monofásicas e trifásicas em um sistema multi-aterrado a
quatro condutores. Diferentemente das conexões Delta - Yaterrado e
Yaterrado - Delta, a mesma não causa diferença angular entre as tensões
de fase dos dois lados do transformador.
d) Ligação Delta – Delta: Esta conexão é utilizada em sistemas trifásicos a
três condutores para alimentar cargas trifásicas em sistemas não
aterrados.
Para representar as várias conexões dos transformadores trifásicos é utilizada a
matriz de incidência nodal, onde esta é dada pela Equação (2.6).
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
16
11 12 1
21 22 2
1 2
m
m
b b bm
a a a
a a a
A
a a a
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥=
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦
L
L
L L L M
L
(2.6)
Onde:
1pqa = + Se a corrente no ramo pq está saindo do nó.
1pqa = − Se a corrente no ramo pq está chegando no nó.
0pqa = Se o nó p não está conectado ao nó q.
Como exemplo, considere um transformador trifásico de dois enrolamentos com
seu primário ligado em estrela solidamente aterrado e o seu secundário ligado em delta,
como mostra a Figura 3.
VAp
VBp
VCp
IAp
IBp
ICp
VAs
VBs
VCs
IAs
IBs
ICs
VNp
T (Terra)
Figura 3 – Transformador trifásico de dois enrolamentos conectado em Yaterrado – delta.
A matriz de incidência nodal que representa esta conexão é dada pela Equação
(2.7), onde as linhas da matriz representam os ramos e as colunas os nós.
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
17
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−
−
−
−
−
−
1000000
0101000
0110000
0011000
1000100
1000010
1000001
V|V|V|V|V|V|V
TV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
NpCsBsAsCpBpAp
Np
AsCs
CsBs
BsAs
NpCp
NpBp
NpAp
(2.7)
A Equação (2.6) pode ser facilmente aplicada para determinar todas as ligações
citadas na Tabela 1, entre outras, que serão apresentadas neste trabalho.
II.3.2.1 Problemas na Representação da Conexão dos Enrolamentos
dos Transformadores em Delta.
Um problema comum que pode ser encontrado na modelagem de transformadores
é a presença de sub-redes isoladas. Isto ocorre, por exemplo, quando se conecta os
enrolamentos do transformador em delta, onde se forma uma sub-rede que não contém
impedâncias ligadas ao nó de referência. Para facilitar a compreensão do problema,
considere a rede ilustrada na Figura 4, formada por dois transformadores e uma linha de
transmissão.
TR1 TR2Linha
terraterra
Sub-rede
isolada
Figura 4 – Sub-rede isolada devido a conexão delta.
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
18
No cálculo do fluxo de potência obtém-se como resultado os módulos e ângulos
das tensões de fase em relação ao nó de referência, normalmente considerado como
sendo a terra. Na Figura 4 pode-se observar que a sub-rede formada pelo secundário do
transformador TR1, linha de transmissão e primário do transformador TR2, não
apresenta nenhum elemento conectado à referência, impossibilitando assim a
determinação correta das tensões de fase para esta parte da rede, afetando o cálculo de
todas as tensões e correntes do sistema. Esta parte do sistema pode apresentar resultados
imprecisos.
Para solucionar este problema, normalmente é utilizado um dos seguintes métodos
(DUGAN, 2003):
a) Conectar uma impedância de valor elevado entre um dos nós da conexão
delta e a referência;
b) Adicionar elementos de pequeno valor aos elementos diagonais da matriz
primY , de tal maneira que ela se torne inversível;
c) Utilizar um método de implementação onde primeiro conecta-se os
enrolamentos do primário e do secundário em estrela aterrada e logo após
conecta-se o transformador com a verdadeira conexão em que se
encontra.
II.3.3 Matriz Admitância de Barras
Os transformadores trifásicos podem ser descritos por suas matrizes admitâncias
de barras. Esta matriz varia conforme as conexões dos enrolamentos do transformador e
é dada pela Equação (2.8).
t
barra primY A Y A= (2.8)
Onde:
t
A : É a matriz de incidência nodal transposta.
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
19
II.4 Principais Modelos de Transformadores Trifásicos
II.4.1 Transformadores Trifásicos Representados por Bancos de
Transformadores Monofásicos
II.4.1.1 Modelo de Transformador Trifásico Descrito em CHEN e
DILLON (1974)
Em alguns modelos, os transformadores trifásicos são representados por bancos de
transformadores monofásicos. Em CHEN e DILLON (1974) é descrito um
procedimento interessante utilizando esta metodologia, o qual será detalhado a seguir.
No modelo desenvolvido por CHEN e DILLON (1974) o transformador trifásico
é representado por uma matriz de admitância primitiva dada pela Equação (2.9).
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
p p s
p p s
p p s
s p s
s p s
s p s
A A A
B B B
C C C
prim
A A A
B B A
C C A
Y Y
Y Y
Y Y
Y
Y Y
Y Y
Y Y
−⎡ ⎤
⎢ ⎥
−⎢ ⎥
⎢ ⎥
−⎢ ⎥
= ⎢ ⎥−
⎢ ⎥
⎢ ⎥−
⎢ ⎥
⎢ ⎥−
⎣ ⎦
(2.9)
Considerando que os três transformadores monofásicos são idênticos e que ocorre
uma distribuição simétrica do fluxo magnético, as admitâncias próprias das fases A,B e
C serão iguais e representadas por pY e sY para o primário e o secundário
respectivamente. As admitâncias mútuas entre primário e secundário também serão
iguais e representadas por mY , obtendo assim uma matriz de admitância primitiva
simétrica como mostra a Equação (2.10).
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
20
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
p m
p m
p m
prim
m s
m s
m s
Y Y
Y Y
Y Y
Y
Y Y
Y Y
Y Y
−⎡ ⎤
⎢ ⎥−⎢ ⎥
⎢ ⎥−
= ⎢ ⎥
−⎢ ⎥
⎢ ⎥−
⎢ ⎥
−⎢ ⎥⎣ ⎦
(2.10)
Os autores consideram ainda que ao se trabalhar com a matriz de admitância
primitiva expressa em valores por unidade (p.u.), os valores numéricos de pY , sY e mY
são aproximadamente iguais a admitância de dispersão dY do transformador obtida pelo
ensaio de curto-circuito. Assim para determinar a matriz de admitância primitiva que
representa o transformador trifásico é necessário apenas um parâmetro que pode ser
determinado facilmente. Desta forma a Equação (2.10) pode ser reescrita da seguinte
maneira:
( )
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
d d
d d
d d
prim
d d
d d
d d
Y Y
Y Y
Y Y
Y pu
Y Y
Y Y
Y Y
−⎡ ⎤
⎢ ⎥−⎢ ⎥
⎢ ⎥−
= ⎢ ⎥
−⎢ ⎥
⎢ ⎥−
⎢ ⎥
−⎢ ⎥⎣ ⎦
(2.11)
Utilizando a teoria da matriz de incidência nodal apresentada na seção II.3.2 e
calculando a matriz admitância de barras pela Equação (2.8), pode-se determinar a
matriz admitância de barras para os tipos mais comuns de transformadores através da
Tabela 2.
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
21
Tabela 2 - Submatrizes usadas na formulação da matriz admitância de barras
Tipo de Conexão Admitância Própria Admitância Mútua
Barra K Barra M ABC
pY ABC
sY ABC
psY ABC
spY
Yaterrado Yaterrado IY IY IY− IY−
Yaterrado Y IIY IIY IIY− IIY−
Yaterrado Delta IY IIY IIIY t
IIIY
Y Yaterrado IIY IIY IIY− IIY−
Y Y IIY IIY IIY− IIY−
Y Delta IIY IIY IIIY t
IIIY
Delta Yaterrado IIY IY t
IIIY IIIY
Delta Y IIY IIY t
IIIY IIIY
Delta Delta IIY IIY IIY− IIY−
Onde:
As matrizes IY , IIY e IIIY são definidas por:
0 0
0 0
0 0
d
I d
d
y
Y y
y
⎡ ⎤
⎢ ⎥= ⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦
(2.12)
2
1
2
3
2
d d d
II d d d
d d d
y y y
Y y y y
y y y
− −⎡ ⎤
⎢ ⎥= − −⎢ ⎥
⎢ ⎥− −⎣ ⎦
(2.13)
0
3
0
3
0
d d
II d d
d d
y y
Y y y
y y
−⎡ ⎤
⎢ ⎥= − −⎢ ⎥
⎢ ⎥−⎣ ⎦
(2.14)
O modelo de transformador elaborado por CHEN e DILLON (1974) tem sido
usado por muitos autores em seus trabalhos voltados para análise dos sistemas elétricos
de potência, mas, recentemente este modelo tem recebido muitas críticas (DUGAN,
2003) , (KERSTING et al, 1999), devido as várias simplificações adotadas na obtenção
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
22
da matriz admitância primitiva como também referente aos termos
3
1 e
3
3 que
aparecem multiplicando as matrizes das Equações (2.13) e (2.14), pois estas constantes
não aparecem naturalmente ao utilizar a matriz de admitância primitiva da Equação
(2.11) no cálculo da matriz admitância de barras.
Como já era conhecida a principal característica presente nas conexões do
transformador em delta, que é a diferença angular entre as tensões de fase do primário e
do secundário, as constantes anteriormente citadas foram cuidadosamente inseridas no
modelo, de tal maneira a se obter o resultado correto, o que tem sido considerado por
muitos como inaceitável.
II.4.2 Transformadores Trifásicos de Dois Enrolamentos
II.4.2.1 Modelo de Transformador Trifásico Descrito em GORMAN e
GRAINGER (1992a) e (1992b)
No modelo de transformador trifásico descrito em GORMAN e GRAINGER
(1992a) e (1992b), o transformador é representado por uma matriz de impedância
primitiva que pode ser dividida em duas componentes: uma parcela que representa o
núcleo ferromagnético e outra que representa os seus enrolamentos, como mostra a
Equação (2.15).
( ) ( ) ( )443442143421
bobinanucleo Z
db
Z
mnpirm sTKRKsTRpuZ 1+++=
(2.15)
Onde:
mT : É uma matriz que representa o núcleo ferromagnético do transformador.
dT : É uma matriz que representa os caminhos de dispersão.
s : É a freqüência complexa j(2πf).
K e 1K : São constantes relacionadas com a magnetização e a dispersão do núcleo
respectivamente.
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
23
Os elementos da matriz que representa o núcleo ferromagnético do transformador
( mT ) são determinados pela análise de seu circuito elétrico equivalente, como mostra a
Figura 5, onde é necessário conhecer o valor da relutância do circuito magnético, onde
esta é função da permeabilidade magnética do núcleo, do seu comprimento médio e da
sua área. Estes parâmetros em muitos casos não são conhecidos e são difíceis de se
obter, o que dificulta o uso do modelo.
R1 R1R1
N p IAp N p ICpN p IBp
N s IAs N s ICsN s IBs
Figura 5 – Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico de dois enrolamentos.
A matriz dT é uma matriz diagonal que contém as reatâncias de dispersão, as
quais podem ser determinadas pelo ensaio de curto-circuito do transformador. As
constantes K e 1K são estimadas através de vários ensaios a vazio e em curto-circuito.
Assim utilizando as Equações (2.6) e (2.8) pode-se determinar a matriz de
incidência nodal e a matriz admitância de barras para o transformador respectivamente.
II.4.2.2 Modelo de Transformador Descrito em DUGAN e SANTOSO
(2003)
O método apresentado em DUGAN e SANTOSO (2003) permite determinar os
modelos de transformadores trifásicos de dois ou mais enrolamentos, onde são exigidos
como parâmetros de entrada, a impedância de curto-circuito entre cada par de
enrolamentos e o número de espiras ou tensões nominais de cada enrolamento.
Conhecendo-se as impedâncias de curto-circuito, pode-se determinar uma matriz
de impedância primitiva onde um enrolamento é escolhido como referência, processo
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
24
semelhante ao usado para formar a matriz de impedância para sistemas de potência com
a barra infinita na referência, desta forma se obtém uma matriz de dimensões (m-1) X
(m-1), onde m é o número de enrolamentos do transformador.
A matriz de impedância primitiva que representa o transformador é dada por:
• Elementos da Diagonal:
( ) ( ) baseprim ZiZsciiZ *1,1, += , para i=1 até m-1 (2.16)
Onde:
( ),SCZ i j : É a impedância de curto-circuito entre os enrolamentos i e j expressa
em p.u.
baseZ : É a impedância base utilizada para converter scZ em valores ôhmicos.
• Demais elementos:
( ) ( ) ( ) ( )[ ]baseprimprimprim ZiZscjjZiiZjiZ *1,1,,*5,0, +−+= (2.17)
Para representar as conexões dos transformadores o autor propõe um novo método
de implementação, com o objetivo de evitar qualquer problema referente à ligação delta,
onde o transformador tem os seus enrolamentos primário e secundário conectados à
referência antes que a eles sejam aplicadas as suas verdadeiras conexões, como mostra a
Figura 6.
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
25
N1
:1
Y1
Y1
Y1
N1
:1
N1
:1
1: N2
1: N2
1: N2
Estrela Delta
Yw
Yprim
Figura 6 – Esquema de ligação para um transformador trifásico de dois enrolamentos conectado em Y-
Delta.
A matriz admitância de barras que representa o transformador é dada por:
( ) ttt
primbarra ANBZANBY
1−
= (2.18)
Onde:
B: É uma matriz de incidência com dimensões (m x m-1), cujos elementos são
compostos por 1, -1 e 0;
A: É a matriz de incidência nodal, como descrita na seção II.3.2;
N: É uma matriz diagonal, quadrada, de ordem m que contém como elementos
diferentes de zero, o inverso do número de espiras dos enrolamentos.
O modelo elaborado por DUGAN e SANTOSO (2003) não apresenta fatores que
forçam o aparecimento do resultado correto como em CHEN e DILLON (1974), mas o
mesmo exige que todas as impedâncias próprias e mútuas entre os enrolamentos do
transformador sejam conhecidas, parâmetros estes, como mencionado anteriormente,
Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para
Estudos de Fluxo de Potência
26
são difíceis de se obter devido ao grande número de transformadores presentes nos
sistemas de distribuição.
II.5 Sumário do Capítulo
Este capítulo apresenta primeiramente, as principais características que um bom
modelo de transformador trifásico deve apresentar. Foi descrita uma metodologia muito
utilizada para incorporar os transformadores no problema de fluxo de potência
utilizando coordenadas de fase. Os transformadores trifásicos são comumente
representados por uma matriz de admitância de barras, na qual podem ser inseridas as
características do núcleo ferromagnético e de seus enrolamentos, bem como a maneira
em que estes estão conectados.
Em seguida são apresentados alguns dos principais modelos de transformadores
trifásicos existentes na literatura. Os modelos visam representar os bancos de
transformadores monofásicos e os transformadores trifásicos de dois e três
enrolamentos, onde podem ser observadas todas as particularidades que envolvem a
representação dos transformadores trifásicos.
Capítulo III
Modelo de Transformador Trifásico Proposto
III.1 Considerações Iniciais
A metodologia que utiliza matrizes primitivas para representar os transformadores
trifásicos tem se apresentado como uma ferramenta matematicamente robusta e de fácil
implementação. No intuito de contribuir com as ferramentas para análise dos sistemas
de distribuição, que normalmente são altamente desequilibrados, exigindo que a rede
elétrica seja representada por seus modelos completos, apresenta-se neste capítulo um
novo modelo de transformador trifásico baseado nesta mesma metodologia onde o
mesmo difere dos demais modelos apresentados até aqui, principalmente quanto à forma
de obter a matriz de admitância primitiva, bem como ao cálculo da mesma em valores
por unidade.
A seguir são descritos detalhadamente os conceitos utilizados na elaboração do
modelo de transformador trifásico proposto por este trabalho.
III.2 Modelo Proposto para Representar os Transformadores
Trifásicos de Distribuição
III.2.1 Determinação da Matriz Admitância Primitiva para o
Transformador Trifásico
O primeiro passo para se determinar o modelo de transformador descrito neste
trabalho, é a obtenção de sua matriz de admitância primitiva. Esta matriz não representa
uma conexão particular do transformador e pode ser obtida através da inversão da
matriz impedância primitiva. Neste trabalho iremos considerar um transformador
trifásico de distribuição, com núcleo de três pernas e com dois enrolamentos no
secundário para cada fase. Desta maneira é possível representar os transformadores
trifásicos de três enrolamentos e ligações como a estrela ziguezague.
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
28
A Figura 7 ilustra o circuito magnético equivalente para este transformador. Os
pontos marcados nas bobinas indicam o sentido positivo da tensão induzida.
VAs
IBp
IBs
IBtIAt
IAs
IAp
ICp
ICs
ICt
VBp
VBt
VAp
VAt
VCp
VCt
VBs VCs
Figura 7 – Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico de três enrolamentos.
Por inspeção pode-se observar que o circuito magnético da Figura 7 pode ser
representado por uma matriz de impedância primitiva contendo as impedâncias próprias
e mútuas entre as fases do transformador, como mostra a Equação (3.1).
Ap ApBp ApCp ApAs ApBs ApCs ApAt ApBt ApCt
BpAp Bp BpCp BpAs BpBs BpCs BpAt BpBt BpCt
CpAp CpBp Cp CpAs CpBs CpCs CpAt CpBt CpCt
AsAp AsBp AsCp As AsBs AsCs AsAt AsBt AsCt
BsAp BsBp BsCp BsAs Bprim
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z ZZ = s BsCs BsAt BsBt BsCt
CsAp CsBp CsCp CsAs CsBs Cs CsAt CsBt CsCt
AtAp AtBp AtCp AtAs AtBs AtCs At AtBt AtCt
BtAp BtBp BtCp BtAs BtBs BtCs BtAt Bt BtCt
CtAp CtBp CtCp CtAs CtBs CtCs CtAt CtBt Ct
Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
⎡
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎤
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥⎦
(3.1)
Onde:
, ep s t : Representam as grandezas do primário, secundário e terciário
respectivamente.
, eA B C : Representam as fases.
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
29
Na Equação (3.1) somente as impedâncias da diagonal principal da matriz
possuem parte real, devido às resistências dos enrolamentos do transformador, como
mostra a Equação (3.2).
p p p p p p p s p s p s p t p t p t
p p p p p p p s p s p s p t p t p t
p p p p p p p s p s p s p t p t p t
s p s p s p s s
A A A B A C A A A B A C A A A B A C
B A B B B C B A B B B C B A B B B C
C A C B C C C A C B C C C A C B C C
A A A B A C A A
prim
R jX jX jX jX jX jX jX jX jX
jX R jX jX jX jX jX jX jX jX
jX jX R jX jX jX jX jX jX jX
jX jX jX R jX
Z
+
+
+
+
=
s s s s s t s t s t
s p s p s p s s s s s s s t s t s t
s p s p s p s s s s s s s t s t s t
t p t p t p t s t s t s t t t t t t
A B A C A A A B A C
B A B B B C B A B B B C B A B B B C
C A C B C C C A C B C C C A C B C C
A A A B A C A A A B AC A A A B AC
jX jX jX jX jX
jX jX jX jX R jX jX jX jX jX
jX jX jX jX jX R jX jX jX jX
jX jX jX jX jX jX R jX jX jX
jX
+
+
+
t p t p t p t s t s t s t t t t t t
t p t p t p t s t s t s t t t t t t
B A B B B C B A B B B C B A B B B C
C A C B C C C A B B C C C A C B B B
jX jX jX jX jX jX R jX jX
jX jX jX jX jX jX jX jX R jX
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
+⎢ ⎥
⎢ ⎥
+⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦
(3.2)
Escrevendo a Equação (3.1) na sua forma compacta, utilizando submatrizes
contendo as impedâncias primitivas dos ramos, tem-se:
ABC ABC ABC
p ps pt
ABC ABC ABC ABC
prim sp s st
ABC ABC ABC
tp ts t
Z Z Z
Z Z Z Z
Z Z Z
⎡ ⎤
⎢ ⎥
= ⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎣ ⎦
(3.3)
Para que o modelo de transformador proporcione bons resultados é necessário que
os valores de todas estas impedâncias sejam conhecidos. Considerando a natureza
recíproca da impedância mútua, o que torna a matriz da Equação (3.1) simétrica, para
determinar todos os elementos desta matriz, basta conhecer os elementos da parte
triangular superior. As resistências dos enrolamentos do transformador podem ser
obtidas a partir da folha de dados do transformador ou determinadas facilmente por
medição direta da resistência ou através do ensaio de curto-circuito. Para determinar as
reatâncias serão feitas as seguintes considerações em relação às indutâncias próprias e
mútuas do transformador:
• Indutâncias próprias dos enrolamentos primário, secundário e terciário.
Ap Bp CpL L L= = (3.4)
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
30
As Bs CsL L L= = (3.5)
At Bt CtL L L= = (3.6)
• Indutâncias mútuas entre os enrolamentos primário e secundário, primário e
terciário e secundário e terciário de mesma fase.
ApAs BpBs CpCsL L L= = (3.7)
ApAt BpBt CpCtL L L= = (3.8)
AsAt BsBt CsCtL L L= = (3.9)
• Indutâncias mútuas entre os enrolamentos de fases diferentes.
ApBp BpCp CpApL L L= = (3.10)
AsBs BsCs CsAsL L L= = (3.11)
AtBt BtCt CtAtL L L= = (3.12)
ApBs ApCs BpAs BpCs CpAs CpBsL L L L L L= = = = = (3.13)
AsBt AsCt BsAt BsCt CsAt CsBtL L L L L L= = = = = (3.14)
ApBt ApCt BpAt BpCt CpAt CpBtL L L L L L= = = = = (3.15)
A indutância é definida como sendo o enlace de fluxo dividido pela corrente
elétrica que o produz (COMPTON, 1943):
L
I
λ
= (3.16)
O enlace de fluxo em um enrolamento k será :
1
M
k i i
i
Nλ φ
=
= ∑ (3.17)
Onde:
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
31
M é o número de espiras do enrolamento k;
Φi é fluxo que atravessa a i-ésima espira.
O fluxo magnético é a razão entre a força magnetomotriz e a relutância do circuito
magnético.
NI
φ =
ℜ
(3.18)
Desta forma, sem considerar o tipo de núcleo ou o número de bobinas do
transformador as indutâncias próprias e mútuas podem ser obtidas de acordo com as
Equações (3.19) e (3.20) respectivamente.
2
pp d
N
L L= +
ℜ
(3.19)
2
m
N
L = ±
ℜ
(3.20)
Onde:
dL : É a indutância de dispersão.
As indutâncias próprias são compostas de duas parcelas: uma devido ao fluxo de
dispersão e a outra devido ao fluxo de magnetização. Devido ao caráter construtivo do
núcleo trifásico, algumas indutâncias mútuas em um transformador possuem sinais
negativos. Esta particularidade será observada nas indutâncias mútuas entre os
enrolamentos de fases diferentes.
Substituindo o circuito magnético que representa o transformador trifásico de três
enrolamentos mostrado na Figura 7 pelo seu análogo elétrico como ilustra a Figura 8,
onde é considerado que o fluxo magnetizante de projeto leva a uma relutância constante
(Compton, 1943), cada perna do circuito magnético pode ser modelada por uma
relutância 1R em série com uma força magnetomotriz; esta é dada pelo produto do
número de espiras pela corrente elétrica que nela circula ( NI ).
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
32
R1 R1R1
N p IAp N p ICpN p IBp
N s IAs N s ICsN s IBs
N t ICtN t IBtN t IAt
Figura 8- Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico com um enrolamento no
primário e dois enrolamentos no secundário para cada fase.
Desta forma utilizando-se os conceitos anteriormente descritos as indutâncias
denotadas nas Equações (3.4) a (3.15), serão determinadas de acordo com as equações
a seguir:
• Indutâncias próprias.
2
1
2
3
f
mf d mf
N
L L
R
= + (3.21)
• Indutâncias mútuas de mesma fase.
1
2
, com
3
f g
mfmg
N N
L f g
R
= ≠ (3.22)
• Indutâncias mútuas de fases diferentes.
1
1
, com
3
f g
mfng
N N
L m n
R
= − ≠ (3.23)
Onde:
,m n : Representam as fases A,B ou C.
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
33
,f g : Representa o primário (p), secundário (s) ou terciário (t) do transformador.
N : É o número de espiras de cada bobina.
Como pode ser observado pela Equação (3.22), para um transformador com este
tipo de núcleo, a indutância de magnetização vista do primário em relação ao secundário
pode ser expressa pela Equação (3.24).
1
2
3
p s
M
N N
L
R
= (3.24)
Nas Equações (3.21), (3.22) e (3.23) a relutância 1R é uma variável indesejável,
visto que, para se determinar a mesma deve-se conhecer a permeabilidade do material
ferromagnético do qual o núcleo do transformador foi fabricado, seu comprimento
médio e sua área, parâmetros importantes no projeto do transformador mas
indisponíveis nas folhas de dados do transformador. Para contornar esta dificuldade,
explicita-se a relutância 1R na Equação (3.24), substituindo-a nas equações (3.21),
(3.22) e (3.23) e multiplicando-as por jω as reatâncias primitivas serão calculadas
pelas equações:
2
f
mf dmf M
p s
N
jX jX jX
N N
= + (3.25)
, comf g
mfmg M
p s
N N
jX jX f g
N N
= ≠ (3.26)
1
, com
2
f g
mfng M
p s
N N
jX jX m n
N N
= − ≠ (3.27)
Onde:
dX : É a reatância de dispersão.
MX : É a reatância de magnetização vista do primário.
Com as manipulações feitas anteriormente pode-se determinar a matriz de
impedância primitiva da Equação (3.1) bastando-se conhecer as reatâncias de dispersão,
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
34
a reatância de magnetização e as resistências dos enrolamentos. Estes parâmetros são
facilmente obtidos pelos ensaios de curto-circuito e de circuito aberto ou fornecidos
pelos fabricantes. O número de espiras dos enrolamentos dos transformadores
normalmente não são conhecido, mas, devido ao fato de se operar somente com razões
entre espiras nas Equações (3.25) a (3.27), pode-se considerar que tais relações são
iguais as próprias tensões em suas bobinas.
A matriz de admitância primitiva que representa o transformador é dada pela
Equação (3.28).
1
prim primY Z−
= (3.28)
III.2.2 Representação das Impedâncias de Aterramento de
Transformadores
Em configurações nas quais os enrolamentos dos transformadores são ligados em
estrela, o ponto comum da ligação, ou ponto neutro, pode apresentar as seguintes
características em relação ao nó terra:
1. Neutro do transformador não aterrado;
2. Neutro do transformador aterrado por impedâncias;
3. Neutro do transformador solidamente aterrado.
Para que o modelo possa retratar os transformadores com precisão, estes tipos de
ligações devem ser representados (IRVING, 2003). Uma forma eficaz de representar
estas conexões é acrescentar linhas e colunas adicionais na Equação (3.1) o que leva à
Equação (3.29).
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
35
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
Ap ApBp ApCp ApAs ApBs ApCs ApAt ApBt ApCt
BpAp Bp BpCp BpAs BpBs BpCs BpAt BpBt BpCt
CpAp CpBp Cp CpAs CpBs CpCs CpAt CpBt CpCt
AsAp AsBp AsCp As AsBs AsCs AsAt AsBt AsCt
BsAp BsBp
prim
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z
Z =
0 0 0
0 0 0
0 0 0
0 0 0
BsCp BsAs Bs BsCs BsAt BsBt BsCt
CsAp CsBp CsCp CsAs CsBs Cs CsAt CsBt CsCt
AtAp AtBp AtCp AtAs AtBs AtCs At AtBt AtCt
BtAp BtBp BtCp BtAs BtBs BtCs BtAt Bt BtCt
CtAp CtBp CtCp CtAs CtBs
Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Z Z Z Z Z Z 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
CtCs CtAt CtBt Ct
np
ns
nt
Z Z Z
Z
Z
Z
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦
(3.29)
Onde:
, enp ns ntZ Z Z : Representam as impedâncias de aterramento do neutro do lado
primário, secundário e terciário respectivamente.
Na sua forma compacta, temos:
0
0
0
0 0 0
ABC ABC ABC
p ps pt
ABC ABC ABC
sp s stABC
prim ABC ABC ABC
tp ts t
pst
terra
Z Z Z
Z Z Z
Z
Z Z Z
Z
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥=
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦
(3.30)
Para representar um transformador conectado em estrela, com o ponto neutro não
aterrado, utiliza-se como artifício de cálculo, a substituição da impedância de
aterramento do neutro por um número de valor elevado. Analogamente, para representar
uma ligação em estrela com o neutro do transformador solidamente aterrado, a
impedância de aterramento é substituída por um número de valor muito baixo. Nos
testes realizados verificou-se que valores da ordem de 1010
e 10-10
apresentaram bons
resultados.
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
36
III.2.3 Cálculo da Matriz Admitância Primitiva em Valores por
Unidade (P.U.)
O modelo de transformador descrito no presente trabalho permite utilizar a sua
matriz de impedância primitiva expressa em ohms ou em valores por unidade. Caso seja
necessário representar os transformadores em valores por unidade, conhecendo-se as
bases do sistema em uso e as impedâncias primitivas dos ramos, pode-se calcular a
matriz de impedância primitiva da Equação (3.3) em p.u. Para tanto ,considera-se a
Equação (3.31) relacionando tensões e correntes nos terminais dos enrolamentos do
transformador trifásico:
ABC ABC ABC ABC ABC
p p ps pt p
ABC ABC ABC ABC ABC
s sp s st s
ABC ABC ABC ABC ABC
t tp ts t t
V Z Z Z I
V Z Z Z I
V Z Z Z I
⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
=⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦
(3.31)
Pré-multiplicando o vetor de tensões pela matriz identidade da Equação (3.32) e o
vetor de correntes pela Equação (3.33), a Equação (3.31) não se altera e após efetuar-se
uma pequena manipulação algébrica, pode ser reescrita pela Equação (3.34).
( )
( )
( )
1
, ,
1
, ,
1
, ,
p b p b
V s b s b
t b t b
V V
I V V
V V
−
−
−
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥= ⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦
(3.32)
( )
( )
( )
1
, ,
1
, ,
1
, ,
p b p b
I s b s b
t b t b
I I
I I I
I I
−
−
−
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥= ⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦
(3.33)
( )
( )
( )
( )
( )
( )
1 1
1
, ,
, ,
1
, , ,
1
, ,
,
ABC ABC
ABC ABC ABCp b p p b p
p b p ps pt p b
ABC ABC ABC ABC
s b s s b sp s st s b
ABC ABC ABC
ABC t b tp ts t t b
t b t
Z pu
V pu
V V I I
V Z Z Z I
V V V Z Z Z I
V Z Z Z I
V V
− −
−
−
−
⎡ ⎤
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥
⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ = ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥
⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎣ ⎦
⎢ ⎥⎣ ⎦ 144444444424444444443
1442443
( )
( )
( )
1
,
1
,
ABC
s b s
ABC
t b t
I pu
I I
I I
−
−
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦1442443
(3.34)
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
37
Onde:
, , , , eABC ABC ABC ABC ABC ABC
p s t p s tV V V I I I : São os vetores contendo os valores das
tensões e correntes de fase do primário, secundário e terciário respectivamente.
, , , , , ,, , , , ep b s b t b p b s b t bV V V I I I : São matrizes diagonais contendo as tensões e
correntes de fase tomadas como bases para o primário, secundário e terciário
respectivamente.
Efetuando-se os cálculos na Equação (3.34) a matriz de impedância primitiva em
p.u. para o transformador é calculada pela Equação (3.35), de uma maneira simples, sem
colocar em dúvida quais serão os valores de tensão e correntes bases que se deva utilizar
em relação as impedância mútuas.
( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
1 1 1
, , , , , ,
1 1 1
, , , , , ,
1 1 1
, , , , , ,
ABC ABC ABC
p b p p b p b ps s b p b pt t b
ABC ABC ABC ABC
prim s b sp p b s b s s b s b st t b
ABC ABC ABC
t b tp p b t b ts s b t b t t b
V Z I V Z I V Z I
Z pu V Z I V Z I V Z I
V Z I V Z I V Z I
− − −
− − −
− − −
⎡ ⎤
⎢ ⎥
⎢ ⎥= ⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦
(3.35)
III.2.4 Determinação da Equação de Mudança de Base
No estudo dos sistemas elétricos utilizando-se valores por unidade, normalmente
se escolhe um valor de potência e tensão base para os quais as grandezas elétricas de
todos os equipamentos da rede devem estar referenciadas. Para um transformador cujos
parâmetros são dados em p.u. tendo sido usados como bases os seus valores nominais
de potência e tensão a matriz de impedância primitiva em p.u. nas bases do
transformador pode ser convertida para a base do sistema através da Equação (3.36).
( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
p p ps ps pt pt
n
prim sp sp s s st st
tp tp ts ts t t
Z pu W Z pu W Z pu W
Z pu Z pu W Z pu W Z pu W
Z pu W Z pu W Z pu W
⎡ ⎤
⎢ ⎥
= ⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎣ ⎦
(3.36)
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
38
Onde:
( ) ( ) ( )
1 1
, , , ,
n n
p p b p b p b p bW pu V I V I
− −
=
( ) ( ) ( )
1 1
, , , ,
n n
ps p b s b p b s bW pu V I V I
− −
=
( ) ( ) ( )
1 1
, , , ,
n n
pt p b t b p b t bW pu V I V I
− −
=
( ) ( ) ( )
1 1
, , , ,
n n
sp s b p b s b p bW pu V I V I
− −
=
( ) ( ) ( )
1 1
, , , ,
n n
s s b s b s b s bW pu V I V I
− −
=
( ) ( ) ( )
1 1
, , , ,
n n
st s b t b s b t bW pu V I V I
− −
=
( ) ( ) ( )
1 1
, , , ,
n n
tp t b p b t b p bW pu V I V I
− −
=
( ) ( ) ( )
1 1
, , , ,
n n
ts t b s b t b s bW pu V I V I
− −
=
( ) ( ) ( ) 1
,
1
,,,
−−
= bt
n
bt
n
btbtt IVIVpuW
, , , , , ,, , , , en n n n n n
p b s b t b p b s b t bV V V I I I : São as matrizes diagonais contendo as tensões e
correntes da nova base.
III.2.5 Representação das Conexões dos Transformadores
As várias conexões dos transformadores serão representadas pela matriz de
incidência nodal, como descrito na seção II.3.2. No modelo de transformador proposto,
o transformador trifásico possui dois enrolamentos no secundário para cada fase, onde
os mesmos podem ser conectados em série ou em paralelo, formando um transformador
trifásico de dois enrolamentos ou os mesmos podem possuir ligações distintas, como
apresentadas em transformadores trifásicos de três enrolamentos. Além das diversas
conexões apresentadas na Tabela 1, a Tabela 3 apresenta mais algumas conexões que
podem ser representadas pelo modelo de transformador proposto.
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
39
Tabela 3 – Principais ligações para o transformador trifásico de três enrolamentos com as duas bobinas do
secundário possuindo conexões distintas
Tipos de Ligações para o Transformador de Três Enrolamentos
Primário Secundário Terciário Primário Secundário Terciário
Yaterrado Yaterrado Yaterrado Y Y Y
Yaterrado Yaterrado Delta Y Y Delta
Yaterrado Delta Yaterrado Y Delta Y
Yaterrado Delta Delta Y Delta Delta
Delta Yaterrado Yaterrado Delta Y Y
Delta Yaterrado Delta Delta Y Delta
Delta Delta Yaterrado Delta Delta Y
Delta Delta Delta Delta Delta Delta
Como exemplo, considere o transformador trifásico descrito pela Figura 7 com
seu primário ligado em delta e os enrolamentos do secundário conectados em série e em
estrela solidamente aterrado, como mostra a Figura 9.
VAp
VBp
VCp
IAp
IBp
ICp
VAs
VBs
VCs
IAs
IBs
ICs
VNs
Zns Ins
VAst
VBst
VCst
T (terra)
Figura 9– Transformador de três enrolamentos conectado em Delta – Yaterrado.
A matriz de incidência nodal para este exemplo é dada pela Equação (3.37).
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
40
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−
−
−
−
−
−
−
−
−
1000000000
1100000000
0100100000
1010000000
0010010000
1001000000
0001001000
0000000101
0000000110
0000000011
V|V|V|V|V|V|V|V|V|V
TV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
NsCstBstAstCsBsAsCpBpAp
Ns
NsCst
CstCs
NsBst
BstBs
NsAst
AstAs
ApCp
CpBp
BpAp
(3.37)
Para um transformador de três enrolamentos, com seu primário e terciário
conectados em delta e o seu secundário em estrela, como ilustra a Figura 10, tem como
matriz de incidência nodal a Equação(3.38).
VAp
VBp
VCp
IAp
IBp
ICp
VAs
VBs
VCs
IAs
IBs
ICs
VNs
Zns Ins
VAt
IAt
IBt
VBt
ICt
VCt
T(terra)
Figura 10– Transformador de três enrolamentos conectado em delta – estrela – delta.
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
41
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−
−
−−
−
−−
−
−
−
1000000000
0101000000
0110000000
0011000000
1010100000
1001010000
1001001000
0000000101
0000000110
0000000011
V|V|V|V|V|V|V|V|V|V
TV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
NsCtBtAtCsBsAsCpBpAp
Ns
AtCt
CtBt
BtAt
NsCs
NsBs
NsAs
ApCp
CpBp
BpAp
(3.38)
III.2.5.1 Conexões com as polaridades Invertidas
Na determinação das equações que regem o modelo de transformador trifásico
proposto foram consideradas as polaridades das bobinas, observando-se o circuito
magnético que representa o transformador ilustrado pela Figura 7, onde os pontos
marcados nas bobinas indicam o sentido positivo da corrente elétrica.
Desta forma, se o transformador for conectado como na Figura 9, será obtida uma
defasagem angular de +30º entre as tensões de fase do primário e do secundário, devido
à conexão Delta - Yaterrado. Se a polaridade das bobinas do lado delta forem invertidas
e o transformador também for conectado em Delta - Yaterrado como mostra a Figura
11, resultará uma defasagem de –30º entre as referidas tensões de fase. A matriz de
incidência nodal para esta ligação é dada por (3.39).
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
42
VAp
VBp
VCp
IAp
IBp
ICp
VAs
VBs
VCs
IAs
IBs
ICs
VNs
Zns Ins
VAst
VBst
VCst
T(terra)
Figura 11– Transformador de três enrolamentos conectado em Delta – Yaterrado com suas bobinas
invertidas.
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−
−
−
−
−
−
−
−
−
1000000000
1100000000
0100100000
1010000000
0010010000
1001000000
0001001000
0000000110
0000000011
0000000011
V|V|V|V|V|V|V|V|V|V
TV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
VV
NsCstBstAstCsBsAsCpBpAp
Ns
NsCst
CstCs
NsBst
BstBs
NsAst
AstAs
ApCp
CpBp
BpAp
(3.39)
Devido a esta propriedade, pode-se considerar as conexões indicadas nas Tabelas
1 e 3, com as polaridades diretas ou invertidas obtendo assim novas possíveis
configurações.
III.2.5.2 Problema da Falta de Referência devido a Conexão Delta
Utilizando o Modelo de Transformador Proposto
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
43
Como descrito na seção II.3.2.1 a conexão dos enrolamentos do transformador em
delta, leva os programas desenvolvidos para o cálculo do fluxo de potência a
apresentarem problemas numéricos devido a falta de elementos ligados a referência.
Durante as simulações que serão apresentadas neste trabalho, verificou-se que ao
representar as linhas trifásicas por seu circuito pi equivalente, conforme ilustra a Figura
12, ou matematicamente pelas Equações (3.40) e (3.41), este problema foi
completamente eliminado. É importante ressaltar que este procedimento foi verificado e
considerado satisfatório utilizando o modelo de transformador proposto. Não foram
realizados testes empregando outros modelos de transformadores.
ZCC
C
ZBB
ZAA
ZBC
ZAC
ZAB
B
A
YshAA YshBB YshCC YshAA YshBB YshCC
YshAB YshBC
YshAC
YshAB
YshBC
YshAC
K m
Figura 12– Circuito π equivalente de uma linha trifásica a parâmetros concentrados.
AA AB AC AA AB AC AA AB AC
ABC BA BB BC BA BB BC BA BB BC
CA CB CC CA CB CC CA CB CC
Z Z Z r r r X X X
Z Z Z Z r r r j X X X
Z Z Z r r r X X X
⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥= = +⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦
(3.40)
AA AB AC
ABC BA BB BC
CA CB CC
bsh bsh bsh
Ysh j bsh bsh bsh
bsh bsh bsh
⎡ ⎤
⎢ ⎥= ⎢ ⎥
⎢ ⎥⎣ ⎦
(3.41)
Para os sistemas de distribuição o efeito capacitivo das linhas pode ser
desprezado, assim matematicamente adota-se o artifício de substituir o termo em
derivação por um número de valor pequeno, por exemplo, 10-10
. Com esta técnica
assegura-se a não existência do termo em derivação e a presença de elementos
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
44
conectados a referência do lado delta. Desta forma, utilizando-se o modelo de
transformador proposto e o modelo pi equivalente para as linhas de transmissão, não foi
necessário elaborar nenhum método de implementação especial para representar a
ligação delta, como desenvolvido em (DUGAN,2003).
III.2.6 Matriz Admitância de Barras para o Transformador
A matriz que representa o transformador conectado é dada pela Equação (3.42).
t
barra primY A Y A= (3.42)
Onde:
t
A : É a matriz de incidência transposta.
III.3 Exemplo Numérico
Nesta seção a metodologia proposta para representar os transformadores trifásicos
de distribuição é utilizada para representar um transformador trifásico de três
enrolamentos, onde o primário, secundário e terciário foram conectados em Delta-
Yaterrado-Yaterrado respectivamente.
A Tabela 4 apresenta os parâmetros necessários para utilização do modelo de
transformador proposto. As resistências dos seus enrolamentos foram desprezadas.
Tabela 4 – Dados do transformador trifásico de três enrolamentos
Vp/Vs/Vt
(V)
S
(VA)
Xds
(Ω)
XM
(Ω)
508/220/220 2400 0,1350 311,44
Será admitido que o número de espiras de cada bobina é igual à própria tensão
nominal. As reatâncias de dispersão do primário e terciário podem ser obtidas referindo-
se a reatância de dispersão do secundário.
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
45
A matriz de impedância primitiva para o transformador expressa em ohms é
calculada pelas Equações (3.25), (3.26) e (3.27).
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−
−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
=
10
10
10
10
005,78935,38935,38870,77935,38935,38440,311720,155720,155
935,38005,78935,38935,38870,77935,38720,155440,311720,155
935,38935,38005,78935,38935,38870,77720,155720,155440,311
870,77935,38935,38005,78935,38935,38440,311720,155720,155
935,38870,77935,38935,38005,78935,38720,155440,311720,155
935,38935,38870,77935,38935,38005,78720,155720,155440,311
440,311720,155720,155440,311720,155720,155752,1247796,622796,622
720,155440,311720,155720,155440,311720,155796,622752,1247796,622
720,155720,155440,311720,155720,155440,311796,622796,622752,1247
jprimZ (3.43)
Considerando os valores das tensões de fase do transformador apresentado na
Tabela 4 como valores base, a matriz de impedância primitiva em valores por unidade é
calculada de acordo com a Equação (3.35), resultando:
( )
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
=
−
−
10
10
10
10
869,3931,1931,1862,3931,1931,1696,6348,3348,3
931,1869,3931,1931,1862,3931,1348,3696,6348,3
931,1931,1869,3931,1931,1862,3348,3348,3696,6
862,3931,1931,1869,3931,1931,1696,6348,3348,3
931,1862,3931,1931,1869,3931,1348,3696,6348,3
931,1931,1862,3931,1931,1869,3348,3348,3696,6
696,6348,3348,3696,6348,3348,3627,11804,5804,5
348,3696,6348,3348,3696,6348,3804,5627,11804,5
348,3348,3696,6348,3348,3696,6804,5804,5627,11
jpuZ prim (3.44)
De acordo com a teoria clássica do sistema p.u., as impedâncias dos
transformadores quando expressas em valores por unidade são as mesmas em ambos os
lados do transformador, característica que pode ser observada na Equação (3.44). Caso
seja necessário determinar a matriz de impedância primitiva em uma nova base, por
exemplo, para uma base de 10KVA de potência e considerando as mesmas tensões base,
pode-se utilizar a Equação (3.36), onde o resultado é descrito pela Equação (3.45).
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
46
( )
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−
−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
=
10
10
10
10
363,48140,24140,24280,48140,24140,24696,83848,41848,41
140,24363,48140,24140,24280,48140,24848,41696,83848,41
140,24140,24363,48140,24140,24280,48848,41848,41696,83
280,48140,24140,24363,48140,24140,24696,83848,41848,41
140,24280,48140,24140,24363,48140,24848,41696,83848,41
140,24140,24280,48140,24140,24363,48848,41848,41696,83
696,83848,41848,41696,83848,41848,41343,145546,72546,72
848,41696,83848,41848,41696,83848,41546,72343,145546,72
848,41848,41696,83848,41848,41696,83546,72546,72343,145
jpuprimZ (3.45)
A matriz de incidência nodal para o transformador com estas configurações de
enrolamento é dada pela Equação (3.46). A matriz admitância de barras que representa
o transformador pode ser calculada pela Equação (3.42) e é dada pela Equações (3.47) e
(3.48) para as bases de 0,8KVA e 10KVA respectivamente.
1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0
0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0
0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0
0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1
0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
A
−⎡ ⎤
⎢ ⎥−
⎢ ⎥
−⎢ ⎥
⎢ ⎥
−⎢ ⎥
⎢ ⎥−
⎢ ⎥
= −⎢ ⎥
⎢ ⎥−
⎢ ⎥
−⎢ ⎥
⎢ ⎥−
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦
(3.46)
( )
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−
−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−
−−−
−−−
=
028,4480343,149343,149343,149000000
0028,448000343,149343,149343,149000
343,1490168,116587,16587,16174,33587,16587,16705,280705,28
343,1490587,16168,116587,16587,16174,33587,16705,28705,280
343,1490587,16587,16168,116587,16587,16174,330705,28705,28
0343,149174,33587,16587,16168,116587,16587,16705,280705,28
0343,149587,16174,33587,16587,16168,116587,16705,28705,280
0343,149587,16587,16174,33587,16587,16168,1160705,28705,28
00705,28705,280705,28705,280272,66136,33136,33
000705,28705,280705,28705,28136,33272,66136,33
00705,280705,28705,280705,28136,33136,33272,66
jpuYbarra (3.47)
Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto
47
( )
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−
−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−
−−−
−−−
=
842,350947,11947,11947,11000000
0842,35000947,11947,11947,11000
947,110293,9327,1327,1654,2327,1327,1296,20296,2
947,110327,1293,9327,1327,1654,2327,1296,2296,20
947,110327,1327,1293,9327,1327,1654,20296,2296,2
0947,11654,2327,1327,1293,9327,1327,1296,20296,2
0947,11327,1654,2327,1327,1293,9327,1296,2296,20
0947,11327,1327,1654,2327,1327,1293,90296,2296,2
00296,2296,20296,2296,20302,5651,2651,2
000296,2296,20296,2296,2651,2302,5651,2
00296,20296,2296,20296,2651,2651,2302,5
jpubarraY (3.48)
Redução de Kron para os nós de neutro:
( )
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎥
⎦
⎤
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎢
⎣
⎡
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−
−−−
−−−
=
587,16587,16587,16174,33587,16587,16705,280705,28
140,24168,116587,16587,16174,33587,16705,28705,280
587,16587,16168,116587,16587,16174,330705,28705,28
174,33587,16587,16168,116587,16587,16705,280705,28
587,16174,33587,16587,16168,116587,16705,28705,280
587,16587,16174,33587,16587,16168,1160705,28705,28
705,28705,280705,28705,280272,66136,33136,33
0705,28705,280705,28705,28136,33272,66136,33
705,280705,28705,280705,28136,33136,33272,66
jpubarraY (3.49)
( )
⎥
⎥
⎥
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⎦
⎤
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⎣
⎡
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−−−−
−−−
−−−
−−−
=
293,9327,1327,1654,2327,1327,1296,20296,2
327,1293,9327,1327,1654,2327,1296,2296,20
327,1327,1293,9327,1327,1654,20296,2296,2
654,2327,1327,1293,9327,1327,1296,20296,2
327,1654,2327,1327,1293,9327,1296,2296,20
327,1327,1654,2327,1327,1293,90296,2296,2
296,2296,20296,2296,20302,5651,2651,2
0296,2296,20296,2296,2651,2302,5651,2
296,20296,2296,20296,2651,2651,2302,5
jpuYbarra (3.50)
III.4 Sumário do Capítulo
Neste capítulo é apresentada uma nova proposta para representar os
transformadores trifásicos de distribuição em estudos de fluxo de potência. O modelo é
baseado na metodologia das matrizes primitivas de Kron e é obtido pela análise do
circuito magnético equivalente do transformador. O modelo proposto permite
representar as diversas conexões dos transformadores, bem como a determinação de
todos os elementos da matriz de admitância que o representa. Para isto, são necessários
apenas alguns parâmetros que são facilmente obtidos pelos ensaios de curto-circuito e
de circuito aberto.
Capítulo IV
Resultados
IV.1 Considerações Gerais
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos da implementação do
modelo de transformador trifásico proposto ao fluxo de potência trifásico por injeção de
correntes (MICT) (GARCIA et al, 2000) e os resultados obtidos através de medições
realizadas em pequenos sistemas testes. Ambos foram comparados com o objetivo de
validar o modelo de transformador proposto.
Foram considerados três sistemas testes:
( i ) Um sistema radial contendo 6 barras, 2 linhas e 3 transformadores;
( ii ) Um sistema em anel com 6 barras, 3 linhas e 3 transformadores;
( iii ) Um sistema radial contendo 5 barras, 1 linha e 2 transformadores, sendo um
transformador com terciário;
Para a obtenção da convergência global da solução dos sistemas considerados, foi
admitido que os resíduos das equações de injeção de correntes devem ser menores que
10-6
p.u., onde a base de potência usada é de 10 KVA e a freqüência é de 60 Hz.
Além disto, foram consideradas duas situações distintas para efeito de análise:
( i ) Sistemas com cargas desequilibradas;
( ii ) Sistemas com cargas altamente desequilibradas;
IV.2 Modelos de Componentes dos Sistemas Testes
Anteriormente à apresentação dos resultados das simulações será descrito como
foram construídos os sistemas testes, bem como os modelos matemáticos utilizados para
representar os seus componentes no programa de fluxo de potência.
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  • 1. MODELAGEM DE TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS DE DISTRIBUIÇÃO PARA ESTUDOS DE FLUXO DE POTÊNCIA FABRÍCIO LUIZ SILVA DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA ELÉTRICA. Aprovada por: __________________________________________________ Prof. Márcio de Pinho Vinagre, D.Sc - Orientador - UFJF. __________________________________________________ Prof. José Luiz Resende Pereira, Ph.D. __________________________________________________ Prof. Paulo Augusto Nepomuceno Garcia , D.Sc. __________________________________________________ Prof. Sandoval Carneiro Junior, Ph.D. JUIZ DE FORA, MG – BRASIL SETEMBRO DE 2004
  • 2. ii SILVA, FABRÍCIO LUIZ Modelagem de Transformadores Trifásicos de Distribuição para Estudos de Fluxo de Potência [Juiz de Fora] 2004 XV, 99 p. 29,7 cm, il. (UFJF, M.Sc., Engenharia Elétrica, 2004) Tese – Universidade Federal de Juiz de Fora 1. Modelagem de Transformadores Trifásicos 2. Fluxo de Potência Trifásico 3. Sistemas de Distribuição I. UFJF II. Título (Série)
  • 3. iii A minha noiva Lucimare e em especial minha filha Ana Letícia
  • 4. iv AGRADECIMENTOS Ao Professor Márcio de Pinho Vinagre pela excelente orientação e amizade durante todo o trabalho, o que foi de fundamental importância para o meu aprimoramento profissional. A minha mãe Elza Domingos e minha tia Dalva Faria pelo apoio e incentivo durante a realização deste trabalho. Ao LABSPOT (Laboratório de Sistemas de Potência da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora), pela disponibilidade de utilização de recursos computacionais. Ao LABSEL (Laboratório de Sistemas Eletrônicos da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora), pela disponibilidade de utilização de recursos técnicos. Ao amigo Leandro Ramos Araújo pelas discussões técnicas e pelo apoio na implementação computacional. Aos colegas do curso de mestrado em Engenharia Elétrica da UFJF, pelo apoio à realização deste trabalho. Ao corpo docente do curso de mestrado em Engenharia Elétrica da UFJF, pelos conhecimentos obtidos durante o curso. Ao CNPq pelo suporte financeiro. Aos meus familiares e amigos, pelo incentivo durante toda a realização do curso.
  • 5. v Resumo da Dissertação apresentada à UFJF como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) MODELAGEM DE TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS DE DISTRIBUIÇÃO PARA ESTUDOS DE FLUXO DE POTÊNCIA FABRÍCIO LUIZ SILVA Setembro / 2004 Orientador: Márcio de Pinho Vinagre, D.Sc. Programa: Engenharia Elétrica Este trabalho propõe um modelo matemático para representar os transformadores trifásicos de distribuição em estudos de fluxo de potência utilizando coordenadas de fase. O transformador trifásico é representado por uma matriz de admitância obtida através da análise de seu circuito magnético equivalente. O modelo exige como dados de entrada, as reatâncias de dispersão, a reatância de magnetização e as resistências dos seus enrolamentos, parâmetros estes obtidos por ensaios normalizados pelos fabricantes. As várias possibilidades de conexões dos transformadores trifásicos são facilmente representadas pela matriz de incidência nodal apropriada. Além disso, não há limitações na representação de transformadores de núcleo envolvido ou envolvente. O modelo apresenta uma grande robustez numérica, além de permitir a representação de transformadores trifásicos de três enrolamentos e a utilização de impedâncias de aterramento em ambos os lados do transformador, de tal forma que o condutor neutro possa ser detalhadamente representado. O modelo de transformador proposto foi incorporado ao fluxo de potência trifásico pelo método de injeção de correntes (MICT) implementado em MATLAB. A metodologia proposta foi testada e comparada com resultados experimentais obtidos em laboratório, permitindo assim a validação do modelo.
  • 6. vi Abstract of Dissertation presented to UFJF as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Sciences (M.Sc.). THREE-PHASE DISTRIBUTION TRANSFORMERS MODELING TO LOAD FLOW STUDIES FABRÍCIO LUIZ SILVA September / 2004 Supervisor: Márcio de Pinho Vinagre, D.Sc. Department: Electrical Engineering This work proposes a mathematical model to represent three-phase distribution transformers for load flow studies using phase-coordinates. The three-phase transformers are represented by admittance matrix obtained from transformers equivalent magnetic circuit analysis. As input data, the model requires the leakage reactance, magnetizing reactance and resistances of the transformer windings; these parameters are easily obtained from standard tests. Using node incidence matrix easily represents the various possible three-phase transformers connections. Moreover, there are no restrictions for representation of either the core-type or shell-type transformers. The model presents numerical robustness and also permits the representation of the three-winding transformers and the utilization of the grounding impedance on both sides of the transformer, in such a way that the neutral conductor can be represented. The transformer model proposed has been incorporated in a three-phase power flow using the current injection method (TCIM) in MATLAB. The proposed model has been implemented and the results compared with the ones obtained from laboratory tests, in order to validate the model.
  • 7. vii Índice Lista de Figuras.................................................................................................................x Lista de Tabelas...............................................................................................................xii Capítulo I - Introdução ..................................................................................................... 1 I.1 Considerações Iniciais....................................................................................... 1 I.2 Revisão Bibliográfica ........................................................................................ 2 I.3 Objetivos da Dissertação ................................................................................... 5 I.4 Principais Contribuições da Dissertação ........................................................... 5 I.5 Estrutura da Dissertação.................................................................................... 6 Capítulo II - Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência...................................................................... 8 II.1 Considerações Iniciais....................................................................................... 8 II.2 Aspectos Básicos Sobre Modelagem de Transformadores Trifásicos............... 9 II.3 Representação dos Transformadores Trifásicos no Problema de Fluxo de Potência ........................................................................................................... 10 II.3.1Matriz Admitância Primitiva.................................................................. 11 II.3.2Matriz de Incidência Nodal .................................................................... 14 II.3.2.1 Problemas na Representação da Conexão dos Enrolamentos dos Transformadores em Delta. ..................................................... 17 II.3.3Matriz Admitância de Barras.................................................................. 18 II.4 Principais Modelos de Transformadores Trifásicos........................................ 19 II.4.1Transformadores Trifásicos Representados por Bancos de Transformadores Monofásicos ............................................................... 19 II.4.1.1 Modelo de Transformador Trifásico Descrito em CHEN e DILLON (1974)....................................................................... 19 II.4.2Transformadores Trifásicos de Dois Enrolamentos ............................... 22 II.4.2.1 Modelo de Transformador Trifásico Descrito em GORMAN e GRAINGER (1992a) e (1992b)............................................... 22 II.4.2.2 Modelo de Transformador Descrito em DUGAN e SANTOSO (2003) ...................................................................................... 23
  • 8. viii II.5 Sumário do Capítulo........................................................................................ 26 Capítulo III - Modelo de Transformador Trifásico Proposto ......................................... 27 III.1 Considerações Iniciais..................................................................................... 27 III.2 Modelo Proposto para Representar os Transformadores Trifásicos de Distribuição ..................................................................................................... 27 III.2.1Determinação da Matriz Admitância Primitiva para o Transformador Trifásico.................................................................................................. 27 III.2.2 Representação das Impedâncias de Aterramento de Transformadores 34 III.2.3 Cálculo da Matriz Admitância Primitiva em Valores por Unidade (P.U.) ................................................................................................................ 36 III.2.4 Determinação da Equação de Mudança de Base.................................. 37 III.2.5 Representação das Conexões dos Transformadores............................. 38 III.2.5.1 Conexões com as polaridades Invertidas................................. 41 III.2.5.2 Problema da Falta de Referência devido a Conexão Delta Utilizando o Modelo de Transformador Proposto................... 42 III.2.6 Matriz Admitância de Barras para o Transformador............................ 44 III.3 Exemplo Numérico.......................................................................................... 44 III.4 Sumário do Capítulo........................................................................................ 47 Capítulo IV - Resultados ................................................................................................ 48 IV.1 Considerações Gerais ...................................................................................... 48 IV.2 Modelos de Componentes dos Sistemas Testes .............................................. 48 IV.2.1 Modelos Reais...................................................................................... 49 IV.2.1.1 Fonte de Potência .................................................................... 49 IV.2.1.2 Linhas de Distribuição............................................................. 49 IV.2.1.3 Transformadores...................................................................... 50 IV.2.1.4 Cargas...................................................................................... 51 IV.2.2 Modelos Matemáticos para Simulação de Resultados ......................... 52 IV.2.2.1 Fonte de Potência .................................................................... 52 IV.2.2.2 Linhas de Distribuição............................................................. 53 IV.2.2.3 Transformadores...................................................................... 53 IV.2.2.4 Cargas...................................................................................... 54 IV.3 Equipamento de Medição................................................................................ 55
  • 9. ix IV.4 Metodologia Utilizada para Comparar os Resultados das Medições e Simulações....................................................................................................... 55 IV.5 Sistema Teste de 6 Barras Radial .................................................................... 56 IV.5.1 Cargas Desequilibradas........................................................................ 57 IV.5.2 Cargas Altamente Desequilibradas ...................................................... 61 IV.6 Sistema Teste de 6 Barras em Anel................................................................. 63 IV.6.1 Cargas Desequilibradas........................................................................ 63 IV.6.2 Cargas Altamente Desequilibradas ...................................................... 65 IV.7 Sistema Teste Radial de 5 Barras .................................................................... 66 IV.7.1 Cargas Altamente Desequilibradas ...................................................... 66 IV.8 Sumário do Capítulo........................................................................................ 67 Capítulo V - Conclusões................................................................................................. 69 V.1 Considerações Gerais ...................................................................................... 69 V.2 Trabalhos Futuros............................................................................................ 70 Apêndice A – Fluxo de Potência Trifásico pelo Método de Injeção de Correntes..........71 Bibliografia......................................................................................................................83
  • 10. x LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Diagrama para representar os transformadores trifásicos............................. 10 Figura 2 – Tipos de configurações de núcleos trifásicos. (a) Núcleo trifásico de três pernas (b) Núcleo trifásico de quatro pernas (c) Núcleo trifásico de cinco pernas............................................................................................................ 12 Figura 3 – Transformador trifásico de dois enrolamentos conectado em Yaterrado – delta. ............................................................................................................. 16 Figura 4 – Sub-rede isolada devido a conexão delta. ..................................................... 17 Figura 5 – Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico de dois enrolamentos................................................................................................. 23 Figura 6 – Esquema de ligação para um transformador trifásico de dois enrolamentos conectado em Y-Delta. ................................................................................. 25 Figura 7 – Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico de três enrolamentos................................................................................................. 28 Figura 8- Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico com um enrolamento no primário e dois enrolamentos no secundário para cada fase. 32 Figura 9– Transformador de três enrolamentos conectado em Delta – Yaterrado......... 39 Figura 10– Transformador de três enrolamentos conectado em delta – estrela – delta.. 40 Figura 11– Transformador de três enrolamentos conectado em Delta – Yaterrado com suas bobinas invertidas................................................................................. 42 Figura 12– Circuito π equivalente de uma linha trifásica a parâmetros concentrados... 43 Figura 13– Linha de distribuição trifásica construída em núcleo de ferrite................... 50 Figura 14– Transformadores trifásicos utilizados nos sistemas testes. .......................... 51 Figura 15– Cargas trifásicas representadas por lâmpadas incandescentes..................... 52 Figura 16– Fonte de potência trifásica conectada em estrela aterrada. .......................... 53 Figura 17– Esquema de ligação para carga ligada em estrela: (a) Monofásica (b)Bifásica (c) Trifásica .................................................................................................. 54 Figura 18– Medidor utilizado nas medições................................................................... 55 Figura 19– Sistema teste de 6 barras radial.................................................................... 56 Figura 20– Visão panorâmica do sistema teste de 6 barras radial no laboratório .......... 57 Figura 21– Sistema teste de 6 barras em anel................................................................. 63 Figura 22– Sistema teste de 5 barras radial.................................................................... 66
  • 11. xi Figura 23 – Organograma para o algoritmo de solução do fluxo de potência trifásico pelo método de injeção de correntes............................................................. 82
  • 12. xii LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Ligações comuns para os transformadores trifásicos ................................... 15 Tabela 2 - Submatrizes usadas na formulação da matriz admitância de barras ............. 21 Tabela 3 – Principais ligações para o transformador trifásico de três enrolamentos com as duas bobinas do secundário possuindo conexões distintas ...................... 39 Tabela 4 – Dados do transformador trifásico de três enrolamentos ............................... 44 Tabela 5 – Parâmetros das linhas de distribuição dos sistemas testes obtidos através de medições....................................................................................................... 50 Tabela 6 – Parâmetros dos transformadores trifásicos obtidos pelos ensaios de circuito aberto e de curto-circuito.............................................................................. 51 Tabela 7 – Potências ativas e reativas consumidas pelas cargas desequilibradas do sistema radial de 6 barras ............................................................................. 57 Tabela 8 – Módulos e ângulos das tensões nas barras do sistema de 6 barras radial, contendo cargas desequilibradas .................................................................. 58 Tabela 9 – Módulos e ângulos das correntes nos circuitos do sistema de 6 barras radial, contendo cargas desequilibradas .................................................................. 58 Tabela 10 – Tensões de linha nas barras do sistema de 6 barras radial.......................... 59 Tabela 11 – Soma fasorial das correntes nos circuitos do sistema de 6 barras radial .... 59 Tabela 12 – Comparação entre os módulos das tensões de fase calculados e medidos, nas barras com conexão estrela do sistema de 6 barras radial alimentando cargas desequilibradas............................................................................... 60 Tabela 13 – Comparação entre os módulos das tensões de linha calculados e medidos, nas barras com conexão delta do sistema de 6 barras radial alimentando cargas desequilibradas............................................................................... 60 Tabela 14 – Comparação entre os módulos das correntes nos circuitos calculados e medidos no sistema de 6 barras radial apresentando cargas desequilibradas ................................................................................................................... 61 Tabela 15 – Potências ativas e reativas consumidas pelas cargas altamente desequilibradas no sistema radial de 6 barras............................................... 61 Tabela 16 – Comparação entre os módulos das tensões de fase calculadas e medidas, nas barras com conexão estrela do sistema de 6 barras radial alimentando cargas altamente desequilibradas.................................................................. 62
  • 13. xiii Tabela 17 – Comparação entre os módulos das tensões de linha calculadas e medidas, nas barras com conexão delta do sistema de 6 barras radial com cargas altamente desequilibradas............................................................................. 62 Tabela 18 – Comparação entre os módulos das correntes calculadas e medidas nos circuitos do sistema de 6 barras radial alimentando cargas altamente desequilibradas ............................................................................................. 62 Tabela 19 – Comparação entre os módulos das tensões de fase calculadas e medidas nas barras com conexão estrela do sistema de 6 barras em anel com cargas desequilibradas ............................................................................................. 64 Tabela 20 – Comparação entre os módulos das tensões de linha calculadas e medidas, nas barras com conexão delta do sistema de 6 barras em anel alimentando cargas desequilibradas.................................................................................. 64 Tabela 21 – Comparação entre os módulos das correntes calculadas e medidas, nos circuitos do sistema de 6 barras em anel com cargas desequilibradas ......... 64 Tabela 22 – Comparação entre os módulos das tensões de fase nas barras com conexão estrela do sistema de 6 barras em anel com ramais monofásicos e bifásicos. ...................................................................................................................... 65 Tabela 23 – Comparação entre os módulos das tensões de linha nas barras com conexão delta do sistema de 6 barras em anel com ramais monofásicos e bifásicos.. 65 Tabela 24 – Comparação entre os módulos das correntes nos circuitos do sistema de 6 barras em anel com ramais monofásicos e bifásicos.................................... 65 Tabela 25 – Comparação entre os módulos das tensões de fase calculadas e medidas nas barras com conexão estrela do sistema de 5 barras radial alimentando cargas altamente desequilibradas............................................................................. 67 Tabela 26 – Comparação entre os módulos das tensões de linha calculadas e medidas, nas barras com conexão delta do sistema de 5 barras radial alimentando cargas altamente desequilibradas.................................................................. 67 Tabela 27 – Comparação entre os módulos das correntes calculadas e medidas nos circuitos do sistema de 5 barras radial com cargas altamente desequilibradas ...................................................................................................................... 67
  • 14. Capítulo I Introdução I.1 Considerações Iniciais Os sistemas de distribuição de energia elétrica em geral são grandes e complexos, e as empresas distribuidoras de energia elétrica procuram cada vez mais operá-los de forma otimizada, buscando a redução dos custos operacionais assim como a redução das perdas de energia. Em paralelo aos aspectos anteriormente descritos, a crescente penetração da informática em todas as atividades econômicas, a automação de linhas de produção juntamente com complexos processos industriais, vêm tornando crescentes as exigências dos consumidores em relação à qualidade e à confiabilidade dos serviços de fornecimento de energia elétrica. Dentro deste cenário têm-se elevado o número de medições e simulações com o objetivo de assegurar a mais completa integridade dos sistemas de distribuição de energia elétrica. A análise destes sistemas através de medições permite verificar o exato estado da rede elétrica, porém para que as medidas efetuadas sejam confiáveis necessita-se da experiência prévia de técnicos e engenheiros, além de equipamentos sofisticados que normalmente possuem um custo elevado. Devido ao tamanho dos sistemas de distribuição torna-se praticamente inviável a instalação de equipamentos de medição em todos os pontos do mesmo, restringindo assim consideravelmente o seu estudo. Com o desenvolvimento dos programas voltados para o estudo dos sistemas elétricos de potência, a análise através de simulações apresenta-se como uma alternativa eficiente, pois possibilita avaliar todo o sistema, desde as subestações de distribuição até os ramais secundários que interligam os consumidores ao mesmo. Estas ferramentas permitem ainda avaliar o sistema para diferentes cenários, onde se podem fazer previsões quanto ao estado da rede elétrica com grande precisão. Porém, para que seja feito um estudo consistente dos sistemas de distribuição através de simulações são necessárias ferramentas robustas, onde o cálculo do fluxo de potência se destaca como sendo uma das ferramentas mais utilizadas no estudo do planejamento, controle e operação dos sistemas elétricos de potência. Além disso, é
  • 15. Capítulo I - Introdução 2 imprescindível que os vários componentes destes sistemas (condutores, transformadores, geradores, cargas, etc) sejam representados por modelos matemáticos adequados que reproduzam seus comportamentos reais. Os parâmetros de entrada requeridos pelos modelos também são importantes, pois dados incorretos levarão aos usuários dos programas resultados errôneos, podendo ocasionar sérios erros na operação e planejamento dos sistemas de distribuição. Dentre os dispositivos que compõem tais sistemas, o transformador pode ser considerado como sendo o equipamento mais comum. Contudo, a incorporação dos transformadores em ferramentas de análise de sistemas elétricos trifásicos pode ser problemática devido ao grande número destes equipamentos na rede, à variedade de conexões e às formas de representação (DUGAN, 2003). Assim, o impacto dos inúmeros transformadores no estudo dos sistemas de distribuição de energia elétrica é significante, pois os mesmos afetam as perdas no sistema, os métodos de aterramento, as estratégias de proteção, etc. Devido à grande importância dos modelos de transformadores trifásicos na análise computacional, demandando cada vez mais o desenvolvimento de novas ferramentas para o estudo dos sistemas elétricos de distribuição, surge assim, uma motivação para o desenvolvimento de modelos mais abrangentes de transformadores. I.2 Revisão Bibliográfica Muitos modelos de componentes dos sistemas de distribuição são limitados à análise de sistemas trifásicos equilibrados. Estes modelos são construídos supondo que o sistema trifásico opera em condições de equilíbrio e desta forma adota-se uma modelagem monofásica (seqüência positiva) para o problema. Considerando o circuito monofásico equivalente na análise, são muitos os trabalhos que apresentam algoritmos de solução do fluxo de potência, bem como modelos de componentes dos sistemas elétricos, entre os quais se destacam TINNEY (1967); DOMMEL (1970); STOTT (1974); MONTICELLI (1983) e DA COSTA (1999). Entretanto, para sistemas de distribuição de energia elétrica, a simplificação adotada não é suficiente para sua correta avaliação, pois estes sistemas são em geral altamente desequilibrados, devido as diferentes cargas conectadas as fases, a assimetria
  • 16. Capítulo I - Introdução 3 das linhas sem transposição e da existência de circuitos monofásicos, bifásicos e trifásicos. Sendo assim é de fundamental importância o desenvolvimento de ferramentas e modelos de componentes para a análise dos sistemas elétricos trifásicos (CHEN e DILLON, 1974); (CHENG, 1995); (GARCIA, 2000); (GARCIA, 2001) e (MAYORDOMO, 2002). A referência CHEN e DILLON (1974) propõe um modelo de transformador trifásico que possibilita representar as suas várias conexões comuns. Neste modelo os transformadores trifásicos são representados por bancos de transformadores monofásicos, desprezando-se assim o acoplamento magnético existente entre as fases do transformador. Devido a algumas simplificações adotadas durante a elaboração deste modelo, o mesmo apresenta certa dificuldade numérica em representar os transformadores trifásicos cujos enrolamentos estejam conectados em delta. Buscando solucionar os problemas numéricos apresentados pelo modelo de transformador trifásico desenvolvido em CHEN e DILLON (1974) a referência CHEN et al (1991) apresenta um aperfeiçoamento deste modelo de transformador, onde os autores utilizam uma técnica de implementação na qual é usado um método de injeção de correntes, possibilitando assim que a ligação dos enrolamentos do transformador em delta possa ser representada. Em CARNEIRO E MARTINS (2003) foi desenvolvido um trabalho que compara a matriz de admitância de barras que representa o transformador obtido com o modelo descrito em CHEN E DILLON (1974) com uma matriz cujos elementos foram determinados através de medições, onde pode ser verificado que as aproximações feitas em tal modelo apresentam valores que são de certa forma aceitáveis. Em GORMAN e GRAINGER (1992a) e (1992b) os transformadores trifásicos são modelados a partir da análise de seu circuito magnético equivalente, onde o mesmo é representado por uma matriz de permeância dividida em duas componentes: uma relacionada com o núcleo ferromagnético e a outra relacionada com os caminhos de dispersão. Neste modelo para se determinar a matriz de admitância de barras que representa o transformador é necessário conhecer o valor da permeabilidade magnética do núcleo, seu comprimento médio e a sua área. Estes parâmetros em muitos casos não são conhecidos e são difíceis de se obter, o que dificulta o uso do modelo. No modelo desenvolvido em DUGAN e SANTOSO (2003) os transformadores trifásicos são modelados em coordenadas de fase, onde se utiliza como parâmetros de
  • 17. Capítulo I - Introdução 4 entrada as impedâncias próprias e mútuas entre as bobinas do transformador obtidas através de medições e expressas em Ohms. Nos sistemas de distribuição e industriais são encontrados diferentes tipos de conexões para os transformadores trifásicos visando atender os seus inúmeros consumidores e otimizar a operação e o planejamento do sistema. Sendo assim, para que os modelos de transformadores trifásicos possam ser utilizados sem nenhuma limitação quanto ao tipo de ligação de seus enrolamentos, os mesmos devem permitir que todas estas conexões sejam representadas. Com este objetivo a referência CHEN e CHANG (1996) propõe um modelo de transformador trifásico que também permite representar as ligações delta aberto e Scott. Neste modelo os transformadores trifásicos são considerados como ideais e as suas cargas e perdas são agrupadas de maneira que o conjunto seja representado por cargas equivalentes. Para conexões de transformadores diferentes das apresentadas no trabalho, devem ser determinadas as novas equações que representam o transformador. Nas referências CHEN et al (1996); DUGAN (2004) e KERSTING (2004) são modelados os transformadores monofásicos com derivação central conectados em banco trifásico possibilitando a alimentação de cargas monofásicas e trifásicas simultaneamente. Em CHEN e GUO (1996) é dada atenção especial às ligações delta aberto, Scott, Le Blanc e Modified-Woodbridge, onde o circuito equivalente para o transformador é obtido em componentes simétricos. Na referência BARAN e STATON (1997) é proposto um método para inclusão dos transformadores de distribuição na análise de alimentadores baseado em injeções de correntes atualizadas usando-se o procedimento de ‘forward-backward sweep’. Em HONG e WANG (1997) são investigados os impactos das diferentes conexões dos transformadores trifásicos e dos modelos de cargas em um sistema de potência desequilibrado. O modelo de transformador proposto no trabalho é derivado de uma nova matriz de impedância primitiva constituída por elementos de seqüência positiva, negativa e zero. São avaliados os modelos de carga do tipo potência constante e impedância constante. Os transformadores de três enrolamentos são encontrados freqüentemente em aplicações onde existe a necessidade de utilização de duas tensões. Em OOMEN e KOHLER (1999) é apresentado um modelo de transformador de três enrolamentos onde o mesmo é modelado como um sistema de três barras na qual são desprezadas as
  • 18. Capítulo I - Introdução 5 impedâncias mútuas entre o secundário e o terciário. De outra maneira, no modelo apresentado em MOORTHY e HOADLEY (2002) os transformadores são modelados em coordenadas de fase onde se podem representar os transformadores de dois e três enrolamentos incorporando os efeitos dos acoplamentos entre as fases. Em IRVING e AL-OTHMAN (2003) é desenvolvido um modelo de transformador que permite representar as suas várias configurações de impedâncias de aterramento do ponto neutro, onde os transformadores trifásicos são representados por bancos de transformadores monofásicos. I.3 Objetivos da Dissertação Observa-se uma grande quantidade de artigos técnicos que enfocam a modelagem dos transformadores, evidenciando a grande importância dos modelos de transformadores trifásicos no estudo dos sistemas de distribuição. A maioria dos modelos de transformadores quando incorporados em ferramentas para análise trifásica destes sistemas apresentam alguma dificuldade, seja devido a problemas numéricos inerentes a simplificações adotadas durante a modelagem, seja pela necessidade de muitos parâmetros de entrada para o modelo. Esta dissertação tem como objetivo a apresentação de um modelo geral que permita representar os transformadores trifásicos de distribuição de dois ou três enrolamentos com suas inúmeras formas de conexões para análise de sistemas trifásicos equilibrados e desequilibrados. Como o banco trifásico de transformadores, matematicamente, é um caso particular do transformador trifásico a modelagem aqui apresentada também se aplica a bancos trifásicos de transformadores, mais freqüentes em sistemas de transmissão de energia elétrica. I.4 Principais Contribuições da Dissertação As principais contribuições desta dissertação podem ser resumidas nos seguintes pontos:
  • 19. Capítulo I - Introdução 6 • A modelagem proposta permite determinar a matriz de admitância primitiva completa para representar os transformadores trifásicos através da análise de seu circuito magnético equivalente; • A necessidade de apenas alguns parâmetros dos transformadores como dados de entrada, os quais podem ser obtidos por ensaios normalizados por fabricantes, o que facilita o uso do modelo de transformador trifásico proposto; • O desenvolvimento de um modelo geral que permite representar tanto os transformadores trifásicos de dois ou três enrolamentos e os bancos de transformadores monofásicos quanto as diferentes conexões dos transformadores de distribuição, além de se poder representar mais do que um enrolamento por fase; • A possibilidade de representar as impedâncias de aterramento de transformadores; • O desenvolvimento de um modelo matemático robusto computacionalmente podendo ser inserido nos programas para o cálculo do fluxo de potência sem alterar a eficiência dos métodos de solução; • A elaboração de um método para determinar a matriz de admitância nodal em p.u., não deixando dúvidas quanto aos valores que devem ser escolhidos como bases para o transformador, evitando assim o uso inadequado de bases. I.5 Estrutura da Dissertação Além deste capítulo, esta dissertação contém mais quatro capítulos e um apêndice, os quais serão descritos sucintamente a seguir. O Capítulo II apresenta as várias características importantes que devem ser observadas durante a modelagem de transformadores e também uma breve revisão dos principais modelos de transformadores trifásicos disponíveis na literatura. No Capítulo III são apresentados os conceitos da modelagem do transformador trifásico proposto por este trabalho. É apresentado também um exemplo numérico com o objetivo de ilustrar a metodologia proposta.
  • 20. Capítulo I - Introdução 7 No Capítulo IV são apresentados e discutidos os resultados referentes às aplicações do modelo de transformador trifásico proposto em estudos de fluxo de potência utilizando-se pequenos sistemas testes desenvolvidos em laboratório. E finalmente no Capítulo V encontram-se as principais conclusões deste trabalho, considerações finais e sugestões para trabalhos futuros. No Apêndice A é apresentada uma revisão sobre o método de solução do fluxo de potência trifásico por injeção de correntes (MICT), pois esta foi à ferramenta utilizada para a análise dos sistemas trifásicos descritos neste trabalho.
  • 21. Capítulo II Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência II.1 Considerações Iniciais Atualmente, o grande interesse em se representar os sistemas de potência por seus modelos trifásicos têm levado a importantes debates com o objetivo de estabelecer regras para a sua correta modelagem. Estes debates envolvem discussões a respeito de qual seria a melhor ferramenta de análise dos sistemas elétricos, colocando em confronto a modelagem utilizando o método dos componentes simétricos e a modelagem em coordenadas de fase. Têm se discutido também como os programas para análise dos sistemas de potência devem ser desenvolvidos, seja com os seus parâmetros expressos em valores reais da rede (volts, amperes, ohms) ou expressos em valores por unidade (p.u.) (DUGAN, 2003). O tradicional sistema por unidade e o método dos componentes simétricos foram desenvolvidos para facilitar os cálculos manuais para os sistemas trifásicos com diferentes níveis de tensão. Muitos engenheiros defendem a idéia de que a melhor maneira de representar o sistema elétrico é utilizando o sistema p.u. Por outro lado estão os que se opõem ao uso destas metodologias na representação dos sistemas de potência, tendo como premissa que a forma correta de se trabalhar com o sistema elétrico é utilizando a sua modelagem em coordenadas de fase com os parâmetros da rede expressos por seus valores reais. Entre as principais vantagens oferecidas por tais metodologias, citadas em DUGAN (2003), pode-se destacar o fato de que estes valores são características dos equipamentos, não estando sujeitos a alterações providas de aplicações do mesmo, como também elimina a chance de confusão devido à escolha de valores ambíguos para as bases do sistema. Segundo DUGAN (2003), com o grande avanço dos microcomputadores, permitindo efetuar os cálculos de maneira rápida e precisa por mais complexos que estes sejam e a constante busca em aproximar os valores obtidos através de simulações e
  • 22. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 9 medições, cria-se uma perspectiva de que a modelagem utilizando coordenadas de fase, com os parâmetros da rede elétrica expressa por seus verdadeiros valores, seja escolhida. Como ainda não existe uma regra que defina a melhor ferramenta para modelagem dos sistemas elétricos de potência, são muitos os modelos matemáticos que visam representar os transformadores trifásicos. O objetivo deste capítulo é, basicamente, apresentar as principais características que devem ser observadas durante a elaboração de um bom modelo de transformador, a metodologia normalmente empregada na modelagem, bem como alguns dos principais modelos de transformadores trifásicos, de maneira a permitir uma comparação e a compreensão das principais contribuições do modelo de transformador trifásico proposto por este trabalho. II.2 Aspectos Básicos Sobre Modelagem de Transformadores Trifásicos O procedimento adotado na modelagem de transformadores deve ser adequado de forma a possibilitar a representação fiel dos vários tipos de transformadores trifásicos existentes. Normalmente os transformadores são modelados em termos de seus componentes simétricos. São utilizadas como parâmetros de entrada as suas impedâncias de dispersão, obtidas através do teste de curto-circuito, expressas em valores por unidade (p.u.). Em estudos de fluxo de potência os efeitos não lineares da saturação do núcleo ferromagnético podem ser desprezados. Segundo KERSTING et al (1999) as principais características que devem ser observadas nos modelos de transformadores trifásicos são: • Os modelos de transformadores trifásicos para estudos de fluxo de potência devem satisfazer as leis de Kirchhoff de tensão e corrente, bem como as relações existentes entre estas grandezas elétricas nos dois lados do transformador; • Os modelos de transformadores trifásicos devem ser capazes de representar as suas várias formas de conexões; • Caso exista qualquer mudança no ângulo de fase das grandezas elétricas, entre primário e secundário resultante de uma conexão em particular, o
  • 23. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 10 modelo de transformador deve ser capaz de representar esta diferença de fase naturalmente, sem a introdução de fatores extras, por exemplo: o aparecimento inesperado do termo 3 , ou fatores complexos ( 6 π j e e 6 π j e − ), forçando o resultado correto; • Por fim, é de extrema importância, que os modelos de transformadores trifásicos utilizados nas ferramentas de análise dos sistemas elétricos apresentem tensões e correntes que se aproximem ao máximo das grandezas elétricas do equipamento real. II.3 Representação dos Transformadores Trifásicos no Problema de Fluxo de Potência Nas ferramentas trifásicas desenvolvidas para análise dos sistemas de distribuição, os transformadores trifásicos são representados por uma matriz de admitância de barras que contém as admitâncias próprias e mútuas entre as fases do transformador e a informação de como as bobinas dos transformadores estão conectadas. A Figura 1 apresenta um transformador trifásico entre as barras K e M representado por sua matriz admitância de barras. YABC A K B C A B C M Primário SecundárioMatriz Admitância de Barras Barra Figura 1 – Diagrama para representar os transformadores trifásicos
  • 24. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 11 Uma forma eficiente de obter a matriz que representa o transformador é utilizando a teoria da matriz primitiva de Kron. Por meio desta metodologia os transformadores trifásicos são representados a partir de uma matriz de admitância primitiva ( primY ), a qual é obtida sem levar em consideração a maneira como as bobinas dos transformadores estão conectadas. Os vários tipos de ligações trifásicas para os transformadores são representados facilmente pela matriz de incidência nodal ( A ). Desta forma a matriz de admitância de barras que representa os transformadores trifásicos com suas respectivas conexões pode ser determinada por um simples produto de matrizes ( t barra primY A Y A= ). Para que se possa compreender como os modelos de transformadores trifásicos que são apresentados neste trabalho foram desenvolvidos, esta metodologia será descrita detalhadamente a seguir. II.3.1 Matriz Admitância Primitiva Nos sistemas de distribuição de energia elétrica são encontrados inúmeros transformadores, onde estes assumem comportamentos diferentes devido ao seu aspecto construtivo e tipos de ligações. Quanto ao aspecto construtivo os transformadores utilizados nos sistemas trifásicos podem ser trifásicos ou constituídos de bancos de transformadores monofásicos. Nos primeiros os enrolamentos dos transformadores estão envoltos ou envolvidos em um único núcleo ferromagnético, de maneira que exista um total acoplamento magnético entre as fases do transformador. A Figura 2 ilustra alguns tipos de núcleos empregados na construção de transformadores trifásicos. Os bancos de transformadores são constituídos de três transformadores monofásicos, agrupados de forma a serem usados como se fosse um transformador trifásico.
  • 25. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 12 (a) (b) (c) Figura 2 – Tipos de configurações de núcleos trifásicos. (a) Núcleo trifásico de três pernas (b) Núcleo trifásico de quatro pernas (c) Núcleo trifásico de cinco pernas Independentemente do tipo de núcleo empregado na construção dos transformadores trifásicos, para um transformador com um enrolamento no primário e um enrolamento no secundário para cada fase, comumente chamado de transformador trifásico de dois enrolamentos, a matriz de impedância primitiva que o representa é dada pela Equação (2.1), onde para transformadores construídos em núcleos trifásicos esta matriz apresenta-se cheia, ou seja, com todos os seus elementos diferentes de zero. p p p p p p s p s p s p p p p p p s p s p s p p p p p p s p s p s s p s p s p s s s s s s p s p s p s s s s s s p s p s p s s s s s A A B A C A A A B A C B A B B C B A B B B C C A C B C C A C B C C prim A A A B A C A A B A C B A B B B C B A A B C C A C B C C C A C B A Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ = ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎣ ⎦ (2.1)
  • 26. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 13 Onde: CBA e, : Representam as fases; sp e : Representam as grandezas do primário e do secundário respectivamente. Em bancos de transformadores monofásicos, como os enrolamentos das fases estão envoltos ou envolvidos em núcleos distintos, as impedâncias mútuas entre as fases diferentes são nulas, como mostra a Equação (2.2). 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 p p s p p s p p s s p s s p s s p s A A A B B B C C C prim A A A B B A C C A Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ = ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎣ ⎦ (2.2) A Equação (2.1) pode ser escrita na sua forma compacta, como mostra a Equação (2.3). ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ = ABC s ABC sp ABC ps ABC pABC prim ZZ ZZ Z (2.3) A matriz de admitância primitiva é calculada por: ( ) 1 prim primY Z − = (2.4) Para que se obtenha bons resultados nas simulações todos os elementos que compõem a matriz de impedância primitiva devem ser determinados. Estes elementos podem ser obtidos através de medições energizando-se o enrolamento x ( [ ], ,x A B C∈ ) do lado y ( [ ],y p s∈ ) e aplicando-se curto circuito nos demais enrolamentos (GARCIA, 2001). Desta forma todos os elementos da matriz de impedância primitiva serão calculados pela Equação (2.5).
  • 27. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 14 1 1 x x xx I V Z = (2.5) Onde: 1xI : Corrente medida no enrolamento 1x ( [ ]CB,A,1 ∈x ). xV : Tensão aplicada no enrolamento x . Assim, para determinar todos os elementos da matriz de impedância primitiva para um transformador trifásico de dois enrolamentos, considerando a natureza recíproca da impedância mútua, seriam necessários vinte e um testes de curto-circuito. Todavia, isto seria inviável devido a enorme quantidade de transformadores existentes nos sistemas de distribuição. Visando obter esta matriz de forma algébrica e não através de medições, o tipo de núcleo empregado na construção do transformador deve ser considerado. A maioria dos transformadores trifásicos de distribuição são construídos usando o núcleo trifásico de três pernas, Figura 2-a; assim, praticamente todos os modelos de transformador trifásico são elaborados considerando que o mesmo foi construído utilizando este tipo de estrutura. Os modelos de transformadores trifásicos diferenciam-se principalmente quanto à maneira de determinar os elementos da matriz de impedância primitiva, buscando sempre um cálculo correto com um mínimo de parâmetros de entrada. II.3.2 Matriz de Incidência Nodal Nos sistemas de distribuição de energia elétrica são encontrados vários tipos de conexões para os transformadores trifásicos. Cada uma destas conexões causa efeitos diferentes nos transformadores, mudando consideravelmente suas tensões e ângulos de fase. A Tabela 1 apresenta algumas das ligações mais comuns para os transformadores trifásicos.
  • 28. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 15 Tabela 1 – Ligações comuns para os transformadores trifásicos Conexões dos Transformadores Primário Secundário Yaterrado Yaterrado Yaterrado Y Yaterrado Delta Y Yaterrado Y Y Y Delta Delta Y Delta Yaterrado Delta Delta Em relação a estas conexões podem ser observadas as seguintes características: a) Ligação Yaterrado – Delta: Neste tipo de conexão existe uma diferença angular de –30º entre as tensões de fase do primário e do secundário. b) Ligação Delta – Yaterrado: Ao contrário da ligação Yaterrado - Delta este tipo de configuração provoca uma defasagem de +30º entre as tensões de fase do primário e secundário. c) Ligação Yaterrado – Yaterrado: Este tipo de ligação é usado para alimentar cargas monofásicas e trifásicas em um sistema multi-aterrado a quatro condutores. Diferentemente das conexões Delta - Yaterrado e Yaterrado - Delta, a mesma não causa diferença angular entre as tensões de fase dos dois lados do transformador. d) Ligação Delta – Delta: Esta conexão é utilizada em sistemas trifásicos a três condutores para alimentar cargas trifásicas em sistemas não aterrados. Para representar as várias conexões dos transformadores trifásicos é utilizada a matriz de incidência nodal, onde esta é dada pela Equação (2.6).
  • 29. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 16 11 12 1 21 22 2 1 2 m m b b bm a a a a a a A a a a ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ L L L L L M L (2.6) Onde: 1pqa = + Se a corrente no ramo pq está saindo do nó. 1pqa = − Se a corrente no ramo pq está chegando no nó. 0pqa = Se o nó p não está conectado ao nó q. Como exemplo, considere um transformador trifásico de dois enrolamentos com seu primário ligado em estrela solidamente aterrado e o seu secundário ligado em delta, como mostra a Figura 3. VAp VBp VCp IAp IBp ICp VAs VBs VCs IAs IBs ICs VNp T (Terra) Figura 3 – Transformador trifásico de dois enrolamentos conectado em Yaterrado – delta. A matriz de incidência nodal que representa esta conexão é dada pela Equação (2.7), onde as linhas da matriz representam os ramos e as colunas os nós.
  • 30. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 17 ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − − − − − − 1000000 0101000 0110000 0011000 1000100 1000010 1000001 V|V|V|V|V|V|V TV VV VV VV VV VV VV NpCsBsAsCpBpAp Np AsCs CsBs BsAs NpCp NpBp NpAp (2.7) A Equação (2.6) pode ser facilmente aplicada para determinar todas as ligações citadas na Tabela 1, entre outras, que serão apresentadas neste trabalho. II.3.2.1 Problemas na Representação da Conexão dos Enrolamentos dos Transformadores em Delta. Um problema comum que pode ser encontrado na modelagem de transformadores é a presença de sub-redes isoladas. Isto ocorre, por exemplo, quando se conecta os enrolamentos do transformador em delta, onde se forma uma sub-rede que não contém impedâncias ligadas ao nó de referência. Para facilitar a compreensão do problema, considere a rede ilustrada na Figura 4, formada por dois transformadores e uma linha de transmissão. TR1 TR2Linha terraterra Sub-rede isolada Figura 4 – Sub-rede isolada devido a conexão delta.
  • 31. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 18 No cálculo do fluxo de potência obtém-se como resultado os módulos e ângulos das tensões de fase em relação ao nó de referência, normalmente considerado como sendo a terra. Na Figura 4 pode-se observar que a sub-rede formada pelo secundário do transformador TR1, linha de transmissão e primário do transformador TR2, não apresenta nenhum elemento conectado à referência, impossibilitando assim a determinação correta das tensões de fase para esta parte da rede, afetando o cálculo de todas as tensões e correntes do sistema. Esta parte do sistema pode apresentar resultados imprecisos. Para solucionar este problema, normalmente é utilizado um dos seguintes métodos (DUGAN, 2003): a) Conectar uma impedância de valor elevado entre um dos nós da conexão delta e a referência; b) Adicionar elementos de pequeno valor aos elementos diagonais da matriz primY , de tal maneira que ela se torne inversível; c) Utilizar um método de implementação onde primeiro conecta-se os enrolamentos do primário e do secundário em estrela aterrada e logo após conecta-se o transformador com a verdadeira conexão em que se encontra. II.3.3 Matriz Admitância de Barras Os transformadores trifásicos podem ser descritos por suas matrizes admitâncias de barras. Esta matriz varia conforme as conexões dos enrolamentos do transformador e é dada pela Equação (2.8). t barra primY A Y A= (2.8) Onde: t A : É a matriz de incidência nodal transposta.
  • 32. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 19 II.4 Principais Modelos de Transformadores Trifásicos II.4.1 Transformadores Trifásicos Representados por Bancos de Transformadores Monofásicos II.4.1.1 Modelo de Transformador Trifásico Descrito em CHEN e DILLON (1974) Em alguns modelos, os transformadores trifásicos são representados por bancos de transformadores monofásicos. Em CHEN e DILLON (1974) é descrito um procedimento interessante utilizando esta metodologia, o qual será detalhado a seguir. No modelo desenvolvido por CHEN e DILLON (1974) o transformador trifásico é representado por uma matriz de admitância primitiva dada pela Equação (2.9). 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 p p s p p s p p s s p s s p s s p s A A A B B B C C C prim A A A B B A C C A Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y −⎡ ⎤ ⎢ ⎥ −⎢ ⎥ ⎢ ⎥ −⎢ ⎥ = ⎢ ⎥− ⎢ ⎥ ⎢ ⎥− ⎢ ⎥ ⎢ ⎥− ⎣ ⎦ (2.9) Considerando que os três transformadores monofásicos são idênticos e que ocorre uma distribuição simétrica do fluxo magnético, as admitâncias próprias das fases A,B e C serão iguais e representadas por pY e sY para o primário e o secundário respectivamente. As admitâncias mútuas entre primário e secundário também serão iguais e representadas por mY , obtendo assim uma matriz de admitância primitiva simétrica como mostra a Equação (2.10).
  • 33. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 p m p m p m prim m s m s m s Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y −⎡ ⎤ ⎢ ⎥−⎢ ⎥ ⎢ ⎥− = ⎢ ⎥ −⎢ ⎥ ⎢ ⎥− ⎢ ⎥ −⎢ ⎥⎣ ⎦ (2.10) Os autores consideram ainda que ao se trabalhar com a matriz de admitância primitiva expressa em valores por unidade (p.u.), os valores numéricos de pY , sY e mY são aproximadamente iguais a admitância de dispersão dY do transformador obtida pelo ensaio de curto-circuito. Assim para determinar a matriz de admitância primitiva que representa o transformador trifásico é necessário apenas um parâmetro que pode ser determinado facilmente. Desta forma a Equação (2.10) pode ser reescrita da seguinte maneira: ( ) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 d d d d d d prim d d d d d d Y Y Y Y Y Y Y pu Y Y Y Y Y Y −⎡ ⎤ ⎢ ⎥−⎢ ⎥ ⎢ ⎥− = ⎢ ⎥ −⎢ ⎥ ⎢ ⎥− ⎢ ⎥ −⎢ ⎥⎣ ⎦ (2.11) Utilizando a teoria da matriz de incidência nodal apresentada na seção II.3.2 e calculando a matriz admitância de barras pela Equação (2.8), pode-se determinar a matriz admitância de barras para os tipos mais comuns de transformadores através da Tabela 2.
  • 34. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 21 Tabela 2 - Submatrizes usadas na formulação da matriz admitância de barras Tipo de Conexão Admitância Própria Admitância Mútua Barra K Barra M ABC pY ABC sY ABC psY ABC spY Yaterrado Yaterrado IY IY IY− IY− Yaterrado Y IIY IIY IIY− IIY− Yaterrado Delta IY IIY IIIY t IIIY Y Yaterrado IIY IIY IIY− IIY− Y Y IIY IIY IIY− IIY− Y Delta IIY IIY IIIY t IIIY Delta Yaterrado IIY IY t IIIY IIIY Delta Y IIY IIY t IIIY IIIY Delta Delta IIY IIY IIY− IIY− Onde: As matrizes IY , IIY e IIIY são definidas por: 0 0 0 0 0 0 d I d d y Y y y ⎡ ⎤ ⎢ ⎥= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ (2.12) 2 1 2 3 2 d d d II d d d d d d y y y Y y y y y y y − −⎡ ⎤ ⎢ ⎥= − −⎢ ⎥ ⎢ ⎥− −⎣ ⎦ (2.13) 0 3 0 3 0 d d II d d d d y y Y y y y y −⎡ ⎤ ⎢ ⎥= − −⎢ ⎥ ⎢ ⎥−⎣ ⎦ (2.14) O modelo de transformador elaborado por CHEN e DILLON (1974) tem sido usado por muitos autores em seus trabalhos voltados para análise dos sistemas elétricos de potência, mas, recentemente este modelo tem recebido muitas críticas (DUGAN, 2003) , (KERSTING et al, 1999), devido as várias simplificações adotadas na obtenção
  • 35. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 22 da matriz admitância primitiva como também referente aos termos 3 1 e 3 3 que aparecem multiplicando as matrizes das Equações (2.13) e (2.14), pois estas constantes não aparecem naturalmente ao utilizar a matriz de admitância primitiva da Equação (2.11) no cálculo da matriz admitância de barras. Como já era conhecida a principal característica presente nas conexões do transformador em delta, que é a diferença angular entre as tensões de fase do primário e do secundário, as constantes anteriormente citadas foram cuidadosamente inseridas no modelo, de tal maneira a se obter o resultado correto, o que tem sido considerado por muitos como inaceitável. II.4.2 Transformadores Trifásicos de Dois Enrolamentos II.4.2.1 Modelo de Transformador Trifásico Descrito em GORMAN e GRAINGER (1992a) e (1992b) No modelo de transformador trifásico descrito em GORMAN e GRAINGER (1992a) e (1992b), o transformador é representado por uma matriz de impedância primitiva que pode ser dividida em duas componentes: uma parcela que representa o núcleo ferromagnético e outra que representa os seus enrolamentos, como mostra a Equação (2.15). ( ) ( ) ( )443442143421 bobinanucleo Z db Z mnpirm sTKRKsTRpuZ 1+++= (2.15) Onde: mT : É uma matriz que representa o núcleo ferromagnético do transformador. dT : É uma matriz que representa os caminhos de dispersão. s : É a freqüência complexa j(2πf). K e 1K : São constantes relacionadas com a magnetização e a dispersão do núcleo respectivamente.
  • 36. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 23 Os elementos da matriz que representa o núcleo ferromagnético do transformador ( mT ) são determinados pela análise de seu circuito elétrico equivalente, como mostra a Figura 5, onde é necessário conhecer o valor da relutância do circuito magnético, onde esta é função da permeabilidade magnética do núcleo, do seu comprimento médio e da sua área. Estes parâmetros em muitos casos não são conhecidos e são difíceis de se obter, o que dificulta o uso do modelo. R1 R1R1 N p IAp N p ICpN p IBp N s IAs N s ICsN s IBs Figura 5 – Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico de dois enrolamentos. A matriz dT é uma matriz diagonal que contém as reatâncias de dispersão, as quais podem ser determinadas pelo ensaio de curto-circuito do transformador. As constantes K e 1K são estimadas através de vários ensaios a vazio e em curto-circuito. Assim utilizando as Equações (2.6) e (2.8) pode-se determinar a matriz de incidência nodal e a matriz admitância de barras para o transformador respectivamente. II.4.2.2 Modelo de Transformador Descrito em DUGAN e SANTOSO (2003) O método apresentado em DUGAN e SANTOSO (2003) permite determinar os modelos de transformadores trifásicos de dois ou mais enrolamentos, onde são exigidos como parâmetros de entrada, a impedância de curto-circuito entre cada par de enrolamentos e o número de espiras ou tensões nominais de cada enrolamento. Conhecendo-se as impedâncias de curto-circuito, pode-se determinar uma matriz de impedância primitiva onde um enrolamento é escolhido como referência, processo
  • 37. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 24 semelhante ao usado para formar a matriz de impedância para sistemas de potência com a barra infinita na referência, desta forma se obtém uma matriz de dimensões (m-1) X (m-1), onde m é o número de enrolamentos do transformador. A matriz de impedância primitiva que representa o transformador é dada por: • Elementos da Diagonal: ( ) ( ) baseprim ZiZsciiZ *1,1, += , para i=1 até m-1 (2.16) Onde: ( ),SCZ i j : É a impedância de curto-circuito entre os enrolamentos i e j expressa em p.u. baseZ : É a impedância base utilizada para converter scZ em valores ôhmicos. • Demais elementos: ( ) ( ) ( ) ( )[ ]baseprimprimprim ZiZscjjZiiZjiZ *1,1,,*5,0, +−+= (2.17) Para representar as conexões dos transformadores o autor propõe um novo método de implementação, com o objetivo de evitar qualquer problema referente à ligação delta, onde o transformador tem os seus enrolamentos primário e secundário conectados à referência antes que a eles sejam aplicadas as suas verdadeiras conexões, como mostra a Figura 6.
  • 38. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 25 N1 :1 Y1 Y1 Y1 N1 :1 N1 :1 1: N2 1: N2 1: N2 Estrela Delta Yw Yprim Figura 6 – Esquema de ligação para um transformador trifásico de dois enrolamentos conectado em Y- Delta. A matriz admitância de barras que representa o transformador é dada por: ( ) ttt primbarra ANBZANBY 1− = (2.18) Onde: B: É uma matriz de incidência com dimensões (m x m-1), cujos elementos são compostos por 1, -1 e 0; A: É a matriz de incidência nodal, como descrita na seção II.3.2; N: É uma matriz diagonal, quadrada, de ordem m que contém como elementos diferentes de zero, o inverso do número de espiras dos enrolamentos. O modelo elaborado por DUGAN e SANTOSO (2003) não apresenta fatores que forçam o aparecimento do resultado correto como em CHEN e DILLON (1974), mas o mesmo exige que todas as impedâncias próprias e mútuas entre os enrolamentos do transformador sejam conhecidas, parâmetros estes, como mencionado anteriormente,
  • 39. Capítulo II – Técnicas Usuais para Modelagem de Transformadores Trifásicos para Estudos de Fluxo de Potência 26 são difíceis de se obter devido ao grande número de transformadores presentes nos sistemas de distribuição. II.5 Sumário do Capítulo Este capítulo apresenta primeiramente, as principais características que um bom modelo de transformador trifásico deve apresentar. Foi descrita uma metodologia muito utilizada para incorporar os transformadores no problema de fluxo de potência utilizando coordenadas de fase. Os transformadores trifásicos são comumente representados por uma matriz de admitância de barras, na qual podem ser inseridas as características do núcleo ferromagnético e de seus enrolamentos, bem como a maneira em que estes estão conectados. Em seguida são apresentados alguns dos principais modelos de transformadores trifásicos existentes na literatura. Os modelos visam representar os bancos de transformadores monofásicos e os transformadores trifásicos de dois e três enrolamentos, onde podem ser observadas todas as particularidades que envolvem a representação dos transformadores trifásicos.
  • 40. Capítulo III Modelo de Transformador Trifásico Proposto III.1 Considerações Iniciais A metodologia que utiliza matrizes primitivas para representar os transformadores trifásicos tem se apresentado como uma ferramenta matematicamente robusta e de fácil implementação. No intuito de contribuir com as ferramentas para análise dos sistemas de distribuição, que normalmente são altamente desequilibrados, exigindo que a rede elétrica seja representada por seus modelos completos, apresenta-se neste capítulo um novo modelo de transformador trifásico baseado nesta mesma metodologia onde o mesmo difere dos demais modelos apresentados até aqui, principalmente quanto à forma de obter a matriz de admitância primitiva, bem como ao cálculo da mesma em valores por unidade. A seguir são descritos detalhadamente os conceitos utilizados na elaboração do modelo de transformador trifásico proposto por este trabalho. III.2 Modelo Proposto para Representar os Transformadores Trifásicos de Distribuição III.2.1 Determinação da Matriz Admitância Primitiva para o Transformador Trifásico O primeiro passo para se determinar o modelo de transformador descrito neste trabalho, é a obtenção de sua matriz de admitância primitiva. Esta matriz não representa uma conexão particular do transformador e pode ser obtida através da inversão da matriz impedância primitiva. Neste trabalho iremos considerar um transformador trifásico de distribuição, com núcleo de três pernas e com dois enrolamentos no secundário para cada fase. Desta maneira é possível representar os transformadores trifásicos de três enrolamentos e ligações como a estrela ziguezague.
  • 41. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 28 A Figura 7 ilustra o circuito magnético equivalente para este transformador. Os pontos marcados nas bobinas indicam o sentido positivo da tensão induzida. VAs IBp IBs IBtIAt IAs IAp ICp ICs ICt VBp VBt VAp VAt VCp VCt VBs VCs Figura 7 – Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico de três enrolamentos. Por inspeção pode-se observar que o circuito magnético da Figura 7 pode ser representado por uma matriz de impedância primitiva contendo as impedâncias próprias e mútuas entre as fases do transformador, como mostra a Equação (3.1). Ap ApBp ApCp ApAs ApBs ApCs ApAt ApBt ApCt BpAp Bp BpCp BpAs BpBs BpCs BpAt BpBt BpCt CpAp CpBp Cp CpAs CpBs CpCs CpAt CpBt CpCt AsAp AsBp AsCp As AsBs AsCs AsAt AsBt AsCt BsAp BsBp BsCp BsAs Bprim Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z ZZ = s BsCs BsAt BsBt BsCt CsAp CsBp CsCp CsAs CsBs Cs CsAt CsBt CsCt AtAp AtBp AtCp AtAs AtBs AtCs At AtBt AtCt BtAp BtBp BtCp BtAs BtBs BtCs BtAt Bt BtCt CtAp CtBp CtCp CtAs CtBs CtCs CtAt CtBt Ct Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎦ (3.1) Onde: , ep s t : Representam as grandezas do primário, secundário e terciário respectivamente. , eA B C : Representam as fases.
  • 42. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 29 Na Equação (3.1) somente as impedâncias da diagonal principal da matriz possuem parte real, devido às resistências dos enrolamentos do transformador, como mostra a Equação (3.2). p p p p p p p s p s p s p t p t p t p p p p p p p s p s p s p t p t p t p p p p p p p s p s p s p t p t p t s p s p s p s s A A A B A C A A A B A C A A A B A C B A B B B C B A B B B C B A B B B C C A C B C C C A C B C C C A C B C C A A A B A C A A prim R jX jX jX jX jX jX jX jX jX jX R jX jX jX jX jX jX jX jX jX jX R jX jX jX jX jX jX jX jX jX jX R jX Z + + + + = s s s s s t s t s t s p s p s p s s s s s s s t s t s t s p s p s p s s s s s s s t s t s t t p t p t p t s t s t s t t t t t t A B A C A A A B A C B A B B B C B A B B B C B A B B B C C A C B C C C A C B C C C A C B C C A A A B A C A A A B AC A A A B AC jX jX jX jX jX jX jX jX jX R jX jX jX jX jX jX jX jX jX jX R jX jX jX jX jX jX jX jX jX jX R jX jX jX jX + + + t p t p t p t s t s t s t t t t t t t p t p t p t s t s t s t t t t t t B A B B B C B A B B B C B A B B B C C A C B C C C A B B C C C A C B B B jX jX jX jX jX jX R jX jX jX jX jX jX jX jX jX jX R jX ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ +⎢ ⎥ ⎢ ⎥ +⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦ (3.2) Escrevendo a Equação (3.1) na sua forma compacta, utilizando submatrizes contendo as impedâncias primitivas dos ramos, tem-se: ABC ABC ABC p ps pt ABC ABC ABC ABC prim sp s st ABC ABC ABC tp ts t Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ = ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎣ ⎦ (3.3) Para que o modelo de transformador proporcione bons resultados é necessário que os valores de todas estas impedâncias sejam conhecidos. Considerando a natureza recíproca da impedância mútua, o que torna a matriz da Equação (3.1) simétrica, para determinar todos os elementos desta matriz, basta conhecer os elementos da parte triangular superior. As resistências dos enrolamentos do transformador podem ser obtidas a partir da folha de dados do transformador ou determinadas facilmente por medição direta da resistência ou através do ensaio de curto-circuito. Para determinar as reatâncias serão feitas as seguintes considerações em relação às indutâncias próprias e mútuas do transformador: • Indutâncias próprias dos enrolamentos primário, secundário e terciário. Ap Bp CpL L L= = (3.4)
  • 43. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 30 As Bs CsL L L= = (3.5) At Bt CtL L L= = (3.6) • Indutâncias mútuas entre os enrolamentos primário e secundário, primário e terciário e secundário e terciário de mesma fase. ApAs BpBs CpCsL L L= = (3.7) ApAt BpBt CpCtL L L= = (3.8) AsAt BsBt CsCtL L L= = (3.9) • Indutâncias mútuas entre os enrolamentos de fases diferentes. ApBp BpCp CpApL L L= = (3.10) AsBs BsCs CsAsL L L= = (3.11) AtBt BtCt CtAtL L L= = (3.12) ApBs ApCs BpAs BpCs CpAs CpBsL L L L L L= = = = = (3.13) AsBt AsCt BsAt BsCt CsAt CsBtL L L L L L= = = = = (3.14) ApBt ApCt BpAt BpCt CpAt CpBtL L L L L L= = = = = (3.15) A indutância é definida como sendo o enlace de fluxo dividido pela corrente elétrica que o produz (COMPTON, 1943): L I λ = (3.16) O enlace de fluxo em um enrolamento k será : 1 M k i i i Nλ φ = = ∑ (3.17) Onde:
  • 44. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 31 M é o número de espiras do enrolamento k; Φi é fluxo que atravessa a i-ésima espira. O fluxo magnético é a razão entre a força magnetomotriz e a relutância do circuito magnético. NI φ = ℜ (3.18) Desta forma, sem considerar o tipo de núcleo ou o número de bobinas do transformador as indutâncias próprias e mútuas podem ser obtidas de acordo com as Equações (3.19) e (3.20) respectivamente. 2 pp d N L L= + ℜ (3.19) 2 m N L = ± ℜ (3.20) Onde: dL : É a indutância de dispersão. As indutâncias próprias são compostas de duas parcelas: uma devido ao fluxo de dispersão e a outra devido ao fluxo de magnetização. Devido ao caráter construtivo do núcleo trifásico, algumas indutâncias mútuas em um transformador possuem sinais negativos. Esta particularidade será observada nas indutâncias mútuas entre os enrolamentos de fases diferentes. Substituindo o circuito magnético que representa o transformador trifásico de três enrolamentos mostrado na Figura 7 pelo seu análogo elétrico como ilustra a Figura 8, onde é considerado que o fluxo magnetizante de projeto leva a uma relutância constante (Compton, 1943), cada perna do circuito magnético pode ser modelada por uma relutância 1R em série com uma força magnetomotriz; esta é dada pelo produto do número de espiras pela corrente elétrica que nela circula ( NI ).
  • 45. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 32 R1 R1R1 N p IAp N p ICpN p IBp N s IAs N s ICsN s IBs N t ICtN t IBtN t IAt Figura 8- Circuito magnético equivalente para um transformador trifásico com um enrolamento no primário e dois enrolamentos no secundário para cada fase. Desta forma utilizando-se os conceitos anteriormente descritos as indutâncias denotadas nas Equações (3.4) a (3.15), serão determinadas de acordo com as equações a seguir: • Indutâncias próprias. 2 1 2 3 f mf d mf N L L R = + (3.21) • Indutâncias mútuas de mesma fase. 1 2 , com 3 f g mfmg N N L f g R = ≠ (3.22) • Indutâncias mútuas de fases diferentes. 1 1 , com 3 f g mfng N N L m n R = − ≠ (3.23) Onde: ,m n : Representam as fases A,B ou C.
  • 46. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 33 ,f g : Representa o primário (p), secundário (s) ou terciário (t) do transformador. N : É o número de espiras de cada bobina. Como pode ser observado pela Equação (3.22), para um transformador com este tipo de núcleo, a indutância de magnetização vista do primário em relação ao secundário pode ser expressa pela Equação (3.24). 1 2 3 p s M N N L R = (3.24) Nas Equações (3.21), (3.22) e (3.23) a relutância 1R é uma variável indesejável, visto que, para se determinar a mesma deve-se conhecer a permeabilidade do material ferromagnético do qual o núcleo do transformador foi fabricado, seu comprimento médio e sua área, parâmetros importantes no projeto do transformador mas indisponíveis nas folhas de dados do transformador. Para contornar esta dificuldade, explicita-se a relutância 1R na Equação (3.24), substituindo-a nas equações (3.21), (3.22) e (3.23) e multiplicando-as por jω as reatâncias primitivas serão calculadas pelas equações: 2 f mf dmf M p s N jX jX jX N N = + (3.25) , comf g mfmg M p s N N jX jX f g N N = ≠ (3.26) 1 , com 2 f g mfng M p s N N jX jX m n N N = − ≠ (3.27) Onde: dX : É a reatância de dispersão. MX : É a reatância de magnetização vista do primário. Com as manipulações feitas anteriormente pode-se determinar a matriz de impedância primitiva da Equação (3.1) bastando-se conhecer as reatâncias de dispersão,
  • 47. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 34 a reatância de magnetização e as resistências dos enrolamentos. Estes parâmetros são facilmente obtidos pelos ensaios de curto-circuito e de circuito aberto ou fornecidos pelos fabricantes. O número de espiras dos enrolamentos dos transformadores normalmente não são conhecido, mas, devido ao fato de se operar somente com razões entre espiras nas Equações (3.25) a (3.27), pode-se considerar que tais relações são iguais as próprias tensões em suas bobinas. A matriz de admitância primitiva que representa o transformador é dada pela Equação (3.28). 1 prim primY Z− = (3.28) III.2.2 Representação das Impedâncias de Aterramento de Transformadores Em configurações nas quais os enrolamentos dos transformadores são ligados em estrela, o ponto comum da ligação, ou ponto neutro, pode apresentar as seguintes características em relação ao nó terra: 1. Neutro do transformador não aterrado; 2. Neutro do transformador aterrado por impedâncias; 3. Neutro do transformador solidamente aterrado. Para que o modelo possa retratar os transformadores com precisão, estes tipos de ligações devem ser representados (IRVING, 2003). Uma forma eficaz de representar estas conexões é acrescentar linhas e colunas adicionais na Equação (3.1) o que leva à Equação (3.29).
  • 48. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 35 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Ap ApBp ApCp ApAs ApBs ApCs ApAt ApBt ApCt BpAp Bp BpCp BpAs BpBs BpCs BpAt BpBt BpCt CpAp CpBp Cp CpAs CpBs CpCs CpAt CpBt CpCt AsAp AsBp AsCp As AsBs AsCs AsAt AsBt AsCt BsAp BsBp prim Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z = 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 BsCp BsAs Bs BsCs BsAt BsBt BsCt CsAp CsBp CsCp CsAs CsBs Cs CsAt CsBt CsCt AtAp AtBp AtCp AtAs AtBs AtCs At AtBt AtCt BtAp BtBp BtCp BtAs BtBs BtCs BtAt Bt BtCt CtAp CtBp CtCp CtAs CtBs Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 CtCs CtAt CtBt Ct np ns nt Z Z Z Z Z Z ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦ (3.29) Onde: , enp ns ntZ Z Z : Representam as impedâncias de aterramento do neutro do lado primário, secundário e terciário respectivamente. Na sua forma compacta, temos: 0 0 0 0 0 0 ABC ABC ABC p ps pt ABC ABC ABC sp s stABC prim ABC ABC ABC tp ts t pst terra Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ (3.30) Para representar um transformador conectado em estrela, com o ponto neutro não aterrado, utiliza-se como artifício de cálculo, a substituição da impedância de aterramento do neutro por um número de valor elevado. Analogamente, para representar uma ligação em estrela com o neutro do transformador solidamente aterrado, a impedância de aterramento é substituída por um número de valor muito baixo. Nos testes realizados verificou-se que valores da ordem de 1010 e 10-10 apresentaram bons resultados.
  • 49. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 36 III.2.3 Cálculo da Matriz Admitância Primitiva em Valores por Unidade (P.U.) O modelo de transformador descrito no presente trabalho permite utilizar a sua matriz de impedância primitiva expressa em ohms ou em valores por unidade. Caso seja necessário representar os transformadores em valores por unidade, conhecendo-se as bases do sistema em uso e as impedâncias primitivas dos ramos, pode-se calcular a matriz de impedância primitiva da Equação (3.3) em p.u. Para tanto ,considera-se a Equação (3.31) relacionando tensões e correntes nos terminais dos enrolamentos do transformador trifásico: ABC ABC ABC ABC ABC p p ps pt p ABC ABC ABC ABC ABC s sp s st s ABC ABC ABC ABC ABC t tp ts t t V Z Z Z I V Z Z Z I V Z Z Z I ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ =⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ (3.31) Pré-multiplicando o vetor de tensões pela matriz identidade da Equação (3.32) e o vetor de correntes pela Equação (3.33), a Equação (3.31) não se altera e após efetuar-se uma pequena manipulação algébrica, pode ser reescrita pela Equação (3.34). ( ) ( ) ( ) 1 , , 1 , , 1 , , p b p b V s b s b t b t b V V I V V V V − − − ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ (3.32) ( ) ( ) ( ) 1 , , 1 , , 1 , , p b p b I s b s b t b t b I I I I I I I − − − ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ (3.33) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 , , , , 1 , , , 1 , , , ABC ABC ABC ABC ABCp b p p b p p b p ps pt p b ABC ABC ABC ABC s b s s b sp s st s b ABC ABC ABC ABC t b tp ts t t b t b t Z pu V pu V V I I V Z Z Z I V V V Z Z Z I V Z Z Z I V V − − − − − ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ = ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎣ ⎦ ⎢ ⎥⎣ ⎦ 144444444424444444443 1442443 ( ) ( ) ( ) 1 , 1 , ABC s b s ABC t b t I pu I I I I − − ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦1442443 (3.34)
  • 50. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 37 Onde: , , , , eABC ABC ABC ABC ABC ABC p s t p s tV V V I I I : São os vetores contendo os valores das tensões e correntes de fase do primário, secundário e terciário respectivamente. , , , , , ,, , , , ep b s b t b p b s b t bV V V I I I : São matrizes diagonais contendo as tensões e correntes de fase tomadas como bases para o primário, secundário e terciário respectivamente. Efetuando-se os cálculos na Equação (3.34) a matriz de impedância primitiva em p.u. para o transformador é calculada pela Equação (3.35), de uma maneira simples, sem colocar em dúvida quais serão os valores de tensão e correntes bases que se deva utilizar em relação as impedância mútuas. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 , , , , , , 1 1 1 , , , , , , 1 1 1 , , , , , , ABC ABC ABC p b p p b p b ps s b p b pt t b ABC ABC ABC ABC prim s b sp p b s b s s b s b st t b ABC ABC ABC t b tp p b t b ts s b t b t t b V Z I V Z I V Z I Z pu V Z I V Z I V Z I V Z I V Z I V Z I − − − − − − − − − ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ (3.35) III.2.4 Determinação da Equação de Mudança de Base No estudo dos sistemas elétricos utilizando-se valores por unidade, normalmente se escolhe um valor de potência e tensão base para os quais as grandezas elétricas de todos os equipamentos da rede devem estar referenciadas. Para um transformador cujos parâmetros são dados em p.u. tendo sido usados como bases os seus valores nominais de potência e tensão a matriz de impedância primitiva em p.u. nas bases do transformador pode ser convertida para a base do sistema através da Equação (3.36). ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) p p ps ps pt pt n prim sp sp s s st st tp tp ts ts t t Z pu W Z pu W Z pu W Z pu Z pu W Z pu W Z pu W Z pu W Z pu W Z pu W ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ = ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎣ ⎦ (3.36)
  • 51. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 38 Onde: ( ) ( ) ( ) 1 1 , , , , n n p p b p b p b p bW pu V I V I − − = ( ) ( ) ( ) 1 1 , , , , n n ps p b s b p b s bW pu V I V I − − = ( ) ( ) ( ) 1 1 , , , , n n pt p b t b p b t bW pu V I V I − − = ( ) ( ) ( ) 1 1 , , , , n n sp s b p b s b p bW pu V I V I − − = ( ) ( ) ( ) 1 1 , , , , n n s s b s b s b s bW pu V I V I − − = ( ) ( ) ( ) 1 1 , , , , n n st s b t b s b t bW pu V I V I − − = ( ) ( ) ( ) 1 1 , , , , n n tp t b p b t b p bW pu V I V I − − = ( ) ( ) ( ) 1 1 , , , , n n ts t b s b t b s bW pu V I V I − − = ( ) ( ) ( ) 1 , 1 ,,, −− = bt n bt n btbtt IVIVpuW , , , , , ,, , , , en n n n n n p b s b t b p b s b t bV V V I I I : São as matrizes diagonais contendo as tensões e correntes da nova base. III.2.5 Representação das Conexões dos Transformadores As várias conexões dos transformadores serão representadas pela matriz de incidência nodal, como descrito na seção II.3.2. No modelo de transformador proposto, o transformador trifásico possui dois enrolamentos no secundário para cada fase, onde os mesmos podem ser conectados em série ou em paralelo, formando um transformador trifásico de dois enrolamentos ou os mesmos podem possuir ligações distintas, como apresentadas em transformadores trifásicos de três enrolamentos. Além das diversas conexões apresentadas na Tabela 1, a Tabela 3 apresenta mais algumas conexões que podem ser representadas pelo modelo de transformador proposto.
  • 52. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 39 Tabela 3 – Principais ligações para o transformador trifásico de três enrolamentos com as duas bobinas do secundário possuindo conexões distintas Tipos de Ligações para o Transformador de Três Enrolamentos Primário Secundário Terciário Primário Secundário Terciário Yaterrado Yaterrado Yaterrado Y Y Y Yaterrado Yaterrado Delta Y Y Delta Yaterrado Delta Yaterrado Y Delta Y Yaterrado Delta Delta Y Delta Delta Delta Yaterrado Yaterrado Delta Y Y Delta Yaterrado Delta Delta Y Delta Delta Delta Yaterrado Delta Delta Y Delta Delta Delta Delta Delta Delta Como exemplo, considere o transformador trifásico descrito pela Figura 7 com seu primário ligado em delta e os enrolamentos do secundário conectados em série e em estrela solidamente aterrado, como mostra a Figura 9. VAp VBp VCp IAp IBp ICp VAs VBs VCs IAs IBs ICs VNs Zns Ins VAst VBst VCst T (terra) Figura 9– Transformador de três enrolamentos conectado em Delta – Yaterrado. A matriz de incidência nodal para este exemplo é dada pela Equação (3.37).
  • 53. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 40 ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − − − − − − − − − 1000000000 1100000000 0100100000 1010000000 0010010000 1001000000 0001001000 0000000101 0000000110 0000000011 V|V|V|V|V|V|V|V|V|V TV VV VV VV VV VV VV VV VV VV NsCstBstAstCsBsAsCpBpAp Ns NsCst CstCs NsBst BstBs NsAst AstAs ApCp CpBp BpAp (3.37) Para um transformador de três enrolamentos, com seu primário e terciário conectados em delta e o seu secundário em estrela, como ilustra a Figura 10, tem como matriz de incidência nodal a Equação(3.38). VAp VBp VCp IAp IBp ICp VAs VBs VCs IAs IBs ICs VNs Zns Ins VAt IAt IBt VBt ICt VCt T(terra) Figura 10– Transformador de três enrolamentos conectado em delta – estrela – delta.
  • 54. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 41 ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − − −− − −− − − − 1000000000 0101000000 0110000000 0011000000 1010100000 1001010000 1001001000 0000000101 0000000110 0000000011 V|V|V|V|V|V|V|V|V|V TV VV VV VV VV VV VV VV VV VV NsCtBtAtCsBsAsCpBpAp Ns AtCt CtBt BtAt NsCs NsBs NsAs ApCp CpBp BpAp (3.38) III.2.5.1 Conexões com as polaridades Invertidas Na determinação das equações que regem o modelo de transformador trifásico proposto foram consideradas as polaridades das bobinas, observando-se o circuito magnético que representa o transformador ilustrado pela Figura 7, onde os pontos marcados nas bobinas indicam o sentido positivo da corrente elétrica. Desta forma, se o transformador for conectado como na Figura 9, será obtida uma defasagem angular de +30º entre as tensões de fase do primário e do secundário, devido à conexão Delta - Yaterrado. Se a polaridade das bobinas do lado delta forem invertidas e o transformador também for conectado em Delta - Yaterrado como mostra a Figura 11, resultará uma defasagem de –30º entre as referidas tensões de fase. A matriz de incidência nodal para esta ligação é dada por (3.39).
  • 55. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 42 VAp VBp VCp IAp IBp ICp VAs VBs VCs IAs IBs ICs VNs Zns Ins VAst VBst VCst T(terra) Figura 11– Transformador de três enrolamentos conectado em Delta – Yaterrado com suas bobinas invertidas. ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − − − − − − − − − 1000000000 1100000000 0100100000 1010000000 0010010000 1001000000 0001001000 0000000110 0000000011 0000000011 V|V|V|V|V|V|V|V|V|V TV VV VV VV VV VV VV VV VV VV NsCstBstAstCsBsAsCpBpAp Ns NsCst CstCs NsBst BstBs NsAst AstAs ApCp CpBp BpAp (3.39) Devido a esta propriedade, pode-se considerar as conexões indicadas nas Tabelas 1 e 3, com as polaridades diretas ou invertidas obtendo assim novas possíveis configurações. III.2.5.2 Problema da Falta de Referência devido a Conexão Delta Utilizando o Modelo de Transformador Proposto
  • 56. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 43 Como descrito na seção II.3.2.1 a conexão dos enrolamentos do transformador em delta, leva os programas desenvolvidos para o cálculo do fluxo de potência a apresentarem problemas numéricos devido a falta de elementos ligados a referência. Durante as simulações que serão apresentadas neste trabalho, verificou-se que ao representar as linhas trifásicas por seu circuito pi equivalente, conforme ilustra a Figura 12, ou matematicamente pelas Equações (3.40) e (3.41), este problema foi completamente eliminado. É importante ressaltar que este procedimento foi verificado e considerado satisfatório utilizando o modelo de transformador proposto. Não foram realizados testes empregando outros modelos de transformadores. ZCC C ZBB ZAA ZBC ZAC ZAB B A YshAA YshBB YshCC YshAA YshBB YshCC YshAB YshBC YshAC YshAB YshBC YshAC K m Figura 12– Circuito π equivalente de uma linha trifásica a parâmetros concentrados. AA AB AC AA AB AC AA AB AC ABC BA BB BC BA BB BC BA BB BC CA CB CC CA CB CC CA CB CC Z Z Z r r r X X X Z Z Z Z r r r j X X X Z Z Z r r r X X X ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥= = +⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ (3.40) AA AB AC ABC BA BB BC CA CB CC bsh bsh bsh Ysh j bsh bsh bsh bsh bsh bsh ⎡ ⎤ ⎢ ⎥= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ (3.41) Para os sistemas de distribuição o efeito capacitivo das linhas pode ser desprezado, assim matematicamente adota-se o artifício de substituir o termo em derivação por um número de valor pequeno, por exemplo, 10-10 . Com esta técnica assegura-se a não existência do termo em derivação e a presença de elementos
  • 57. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 44 conectados a referência do lado delta. Desta forma, utilizando-se o modelo de transformador proposto e o modelo pi equivalente para as linhas de transmissão, não foi necessário elaborar nenhum método de implementação especial para representar a ligação delta, como desenvolvido em (DUGAN,2003). III.2.6 Matriz Admitância de Barras para o Transformador A matriz que representa o transformador conectado é dada pela Equação (3.42). t barra primY A Y A= (3.42) Onde: t A : É a matriz de incidência transposta. III.3 Exemplo Numérico Nesta seção a metodologia proposta para representar os transformadores trifásicos de distribuição é utilizada para representar um transformador trifásico de três enrolamentos, onde o primário, secundário e terciário foram conectados em Delta- Yaterrado-Yaterrado respectivamente. A Tabela 4 apresenta os parâmetros necessários para utilização do modelo de transformador proposto. As resistências dos seus enrolamentos foram desprezadas. Tabela 4 – Dados do transformador trifásico de três enrolamentos Vp/Vs/Vt (V) S (VA) Xds (Ω) XM (Ω) 508/220/220 2400 0,1350 311,44 Será admitido que o número de espiras de cada bobina é igual à própria tensão nominal. As reatâncias de dispersão do primário e terciário podem ser obtidas referindo- se a reatância de dispersão do secundário.
  • 58. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 45 A matriz de impedância primitiva para o transformador expressa em ohms é calculada pelas Equações (3.25), (3.26) e (3.27). ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − − −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− = 10 10 10 10 005,78935,38935,38870,77935,38935,38440,311720,155720,155 935,38005,78935,38935,38870,77935,38720,155440,311720,155 935,38935,38005,78935,38935,38870,77720,155720,155440,311 870,77935,38935,38005,78935,38935,38440,311720,155720,155 935,38870,77935,38935,38005,78935,38720,155440,311720,155 935,38935,38870,77935,38935,38005,78720,155720,155440,311 440,311720,155720,155440,311720,155720,155752,1247796,622796,622 720,155440,311720,155720,155440,311720,155796,622752,1247796,622 720,155720,155440,311720,155720,155440,311796,622796,622752,1247 jprimZ (3.43) Considerando os valores das tensões de fase do transformador apresentado na Tabela 4 como valores base, a matriz de impedância primitiva em valores por unidade é calculada de acordo com a Equação (3.35), resultando: ( ) ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− = − − 10 10 10 10 869,3931,1931,1862,3931,1931,1696,6348,3348,3 931,1869,3931,1931,1862,3931,1348,3696,6348,3 931,1931,1869,3931,1931,1862,3348,3348,3696,6 862,3931,1931,1869,3931,1931,1696,6348,3348,3 931,1862,3931,1931,1869,3931,1348,3696,6348,3 931,1931,1862,3931,1931,1869,3348,3348,3696,6 696,6348,3348,3696,6348,3348,3627,11804,5804,5 348,3696,6348,3348,3696,6348,3804,5627,11804,5 348,3348,3696,6348,3348,3696,6804,5804,5627,11 jpuZ prim (3.44) De acordo com a teoria clássica do sistema p.u., as impedâncias dos transformadores quando expressas em valores por unidade são as mesmas em ambos os lados do transformador, característica que pode ser observada na Equação (3.44). Caso seja necessário determinar a matriz de impedância primitiva em uma nova base, por exemplo, para uma base de 10KVA de potência e considerando as mesmas tensões base, pode-se utilizar a Equação (3.36), onde o resultado é descrito pela Equação (3.45).
  • 59. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 46 ( ) ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − − −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− = 10 10 10 10 363,48140,24140,24280,48140,24140,24696,83848,41848,41 140,24363,48140,24140,24280,48140,24848,41696,83848,41 140,24140,24363,48140,24140,24280,48848,41848,41696,83 280,48140,24140,24363,48140,24140,24696,83848,41848,41 140,24280,48140,24140,24363,48140,24848,41696,83848,41 140,24140,24280,48140,24140,24363,48848,41848,41696,83 696,83848,41848,41696,83848,41848,41343,145546,72546,72 848,41696,83848,41848,41696,83848,41546,72343,145546,72 848,41848,41696,83848,41848,41696,83546,72546,72343,145 jpuprimZ (3.45) A matriz de incidência nodal para o transformador com estas configurações de enrolamento é dada pela Equação (3.46). A matriz admitância de barras que representa o transformador pode ser calculada pela Equação (3.42) e é dada pela Equações (3.47) e (3.48) para as bases de 0,8KVA e 10KVA respectivamente. 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 A −⎡ ⎤ ⎢ ⎥− ⎢ ⎥ −⎢ ⎥ ⎢ ⎥ −⎢ ⎥ ⎢ ⎥− ⎢ ⎥ = −⎢ ⎥ ⎢ ⎥− ⎢ ⎥ −⎢ ⎥ ⎢ ⎥− ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦ (3.46) ( ) ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − − −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−− −−− −−− = 028,4480343,149343,149343,149000000 0028,448000343,149343,149343,149000 343,1490168,116587,16587,16174,33587,16587,16705,280705,28 343,1490587,16168,116587,16587,16174,33587,16705,28705,280 343,1490587,16587,16168,116587,16587,16174,330705,28705,28 0343,149174,33587,16587,16168,116587,16587,16705,280705,28 0343,149587,16174,33587,16587,16168,116587,16705,28705,280 0343,149587,16587,16174,33587,16587,16168,1160705,28705,28 00705,28705,280705,28705,280272,66136,33136,33 000705,28705,280705,28705,28136,33272,66136,33 00705,280705,28705,280705,28136,33136,33272,66 jpuYbarra (3.47)
  • 60. Capítulo III – Modelo de Transformador Trifásico Proposto 47 ( ) ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ − − −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−− −−− −−− = 842,350947,11947,11947,11000000 0842,35000947,11947,11947,11000 947,110293,9327,1327,1654,2327,1327,1296,20296,2 947,110327,1293,9327,1327,1654,2327,1296,2296,20 947,110327,1327,1293,9327,1327,1654,20296,2296,2 0947,11654,2327,1327,1293,9327,1327,1296,20296,2 0947,11327,1654,2327,1327,1293,9327,1296,2296,20 0947,11327,1327,1654,2327,1327,1293,90296,2296,2 00296,2296,20296,2296,20302,5651,2651,2 000296,2296,20296,2296,2651,2302,5651,2 00296,20296,2296,20296,2651,2651,2302,5 jpubarraY (3.48) Redução de Kron para os nós de neutro: ( ) ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−− −−− −−− = 587,16587,16587,16174,33587,16587,16705,280705,28 140,24168,116587,16587,16174,33587,16705,28705,280 587,16587,16168,116587,16587,16174,330705,28705,28 174,33587,16587,16168,116587,16587,16705,280705,28 587,16174,33587,16587,16168,116587,16705,28705,280 587,16587,16174,33587,16587,16168,1160705,28705,28 705,28705,280705,28705,280272,66136,33136,33 0705,28705,280705,28705,28136,33272,66136,33 705,280705,28705,280705,28136,33136,33272,66 jpubarraY (3.49) ( ) ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−−−−− −−− −−− −−− = 293,9327,1327,1654,2327,1327,1296,20296,2 327,1293,9327,1327,1654,2327,1296,2296,20 327,1327,1293,9327,1327,1654,20296,2296,2 654,2327,1327,1293,9327,1327,1296,20296,2 327,1654,2327,1327,1293,9327,1296,2296,20 327,1327,1654,2327,1327,1293,90296,2296,2 296,2296,20296,2296,20302,5651,2651,2 0296,2296,20296,2296,2651,2302,5651,2 296,20296,2296,20296,2651,2651,2302,5 jpuYbarra (3.50) III.4 Sumário do Capítulo Neste capítulo é apresentada uma nova proposta para representar os transformadores trifásicos de distribuição em estudos de fluxo de potência. O modelo é baseado na metodologia das matrizes primitivas de Kron e é obtido pela análise do circuito magnético equivalente do transformador. O modelo proposto permite representar as diversas conexões dos transformadores, bem como a determinação de todos os elementos da matriz de admitância que o representa. Para isto, são necessários apenas alguns parâmetros que são facilmente obtidos pelos ensaios de curto-circuito e de circuito aberto.
  • 61. Capítulo IV Resultados IV.1 Considerações Gerais Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos da implementação do modelo de transformador trifásico proposto ao fluxo de potência trifásico por injeção de correntes (MICT) (GARCIA et al, 2000) e os resultados obtidos através de medições realizadas em pequenos sistemas testes. Ambos foram comparados com o objetivo de validar o modelo de transformador proposto. Foram considerados três sistemas testes: ( i ) Um sistema radial contendo 6 barras, 2 linhas e 3 transformadores; ( ii ) Um sistema em anel com 6 barras, 3 linhas e 3 transformadores; ( iii ) Um sistema radial contendo 5 barras, 1 linha e 2 transformadores, sendo um transformador com terciário; Para a obtenção da convergência global da solução dos sistemas considerados, foi admitido que os resíduos das equações de injeção de correntes devem ser menores que 10-6 p.u., onde a base de potência usada é de 10 KVA e a freqüência é de 60 Hz. Além disto, foram consideradas duas situações distintas para efeito de análise: ( i ) Sistemas com cargas desequilibradas; ( ii ) Sistemas com cargas altamente desequilibradas; IV.2 Modelos de Componentes dos Sistemas Testes Anteriormente à apresentação dos resultados das simulações será descrito como foram construídos os sistemas testes, bem como os modelos matemáticos utilizados para representar os seus componentes no programa de fluxo de potência.