O documento descreve uma pesquisa sobre as algas bentônicas encontradas na Lagoa de Marapendi no Rio de Janeiro entre 1987-1988. Foram identificados 25 táxons de algas, incluindo 20 clorófitas, 4 rodófitas e 1 carófita. A distribuição espacial variou entre as áreas da lagoa, com a área do Saco da Pedra de Itaúna tendo a maior riqueza de táxons.
A contribuição da academia na eaeb 27 29 10 ii seaerj
Algas da lagoa de marapendi albertoa 1997
1. 1
Albertoa, Rio de Janeiro, v. 4, n. 18, p.233-244, 1997
ALGAS BENTÔNICAS DA LAGOA DE MARAPENDI, RIO DE
JANEIRO, RJ, BRASIL1.
Alexandre de Gusmão Pedrini2, Dolymar dos Santos Lima3, Osny
Pereira Filho3, Vânia da Silva Musquim4 e Joel Campos De-Paula3 .
Resumo
(Algas Bentônicas da Lagoa de Marapendi, Rio de Janeiro, RJ).
Foram coletadas mensalmente, de dezembro de 1987 a
novembro de 1988 as algas bentônicas da laguna de Marapendi
(coordenadas 22° 55' 00"S e 23°05' 00"S e os meridianos 43° 18'30 "W
e 43° 32' 30" W), no estado do Rio de Janeiro. Foram 8 áreas de coleta
: a) Canal de Marapendi; b) Marina do Condomínio Nova Ipanema; c)
Cais do Condomínio Novo Leblon (Avenida das Américas); d) Saco da
Pedra de Itaúna; e) Parque Zoobotânico de Marapendi; f) Avenida
Sernambetiba 11500 (Ex-Concharia); g) Cais do Condomínio Novo
Leblon (Avenida de Sernambetiba); h) Mangue degradado do Summer
Palace Hotel. Foram determinados 25 táxons infragenéricos, 20
clorófitas, 4 rodófitas e 1 carófita. A área do Saco da Pedra de Itaúna
foi a mais rica com 20 táxons a do Summer Palace a mais pobre com
1
Apoio Financeiro Parcial: FAPP-UERJ e CNPq.
2
- Depto. de Biologia Vegetal (DBV), I. de Biologia (IB), Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ), Rua São Francisco Xavier, 524, CEP 20550-013, Rio de
Janeiro, RJ; Brasil; pedrini@uerj.,br
3
DBV , IB ,UERJ, Rua São Francisco Xavier, 524, CEP 20550-013, Rio de Janeiro,
RJ.
4
Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq, proc. no.802446.1-87).
1
2. 2
10 táxons. Houve uma redução. Os meses de verão e início de outono
foram os mais ricos com 21 táxons. Os de inverno foram mais pobres
com 8 táxons. Temporalmente e espacialmente as clorófitas superaram
em número de táxons as outras divisões estudadas (rodófitas e
carófitas). A flora encontrada era essencialmente filamentosa e
encontrada emaranhada em outras plantas ou crescendo em pedras.
Descritores: Taxonomia, Algas Bentônicas, lagunas costeiras,
distribuição temporal e espacial.
Abstract (Benthic Algae from Marapendi Lagoon)
2
3. 3
Key words : benthic algae, taxonomy, coastal lagoon, seasonal and
temporal distribution, Brazil
Introdução
O conhecimento taxonômico de algas bentônicas de lagunas
hiposalinas do Brasil é restrito (Oliveira Fº, 1977). Há os de trabalhos
: a) Coutinho (1982) de composição taxonômica e Coutinho & Seeliger
(1984, 1986) de variação sazonal e temporal das algas da Lagoa dos
Patos e de Biancamano (1995) de composição taxopnômica da Lagoa
de Tramandaí.
Pedrini (1980) apontou doze táxons para o século passado à
flora lagunar costeira fluminense (cf. Martens, 1866; Moebius, 1889).
Neste século,apenas a Lagoa de Itaipu foi estudada [Sá & Carneiro,
1984; Pedrini, De-Paula & Barreto ( no prelo)] que determinaram 66
táxons, (25 clorófitas, 8 feófitas e 33 rodófitas). Para a Lagoa de
Marapendi, há apenas três trabalhos de algas bentônicas : a) o de Van
den Hoek (1982) que citou Cladophora vagabunda ( L. ) Van den
Hoek; b) o de Pedrini & Silveira (1985) que citaram cinco clorófitas e
duas rodófita, pertencendo à comunidade epífita em Ruppia maritima
L. ; c) o terceiro de Pereira Filho (1990) - estudo preliminar do
presente trabalho. Com o litoral brasileiro marcado por inúmeras
lagunas costeiras estes trabalhos são exíguos para se conhecer a flora
ficológica bentônica brasileira. Assim, o presente trabalho, atende esta
demanda.
2. Área Estudada
3
4. 4
A Lagoa de Marapendi, segundo Maia et al.( 1984 ) situa-se
entre as coordenadas dos paralelos 22o 55 00" S e 23o 05 00" S e
pelos meridianos 43o 18 30" W e 43o 32 30". Faz parte do complexo
de cinco lagunas da Baixada de Jacarepaguá (Tijuca, Camorim,
Jacarepaguá e Lagoinha) e se liga com o mar, via Canal de Marapendi
e Laguna da Tijuca; (Carvalheira, 1993), recebendo água doce pelo
Canal das Taxas (Fig.1). Segundo Roncarati & Neves ( 1976 ) seu
contorno é irregular com a presenca de vários "bolsões" e cúspides ao
longo de seu comprimento, criando regiões calmas e rasas, próprias
para o desenvolvimento de algas como no Saco de Itaúna (Pedrini &
Silveira, 1985). Segundo dados da FEEMA ( 1988 ) seu comprimento
é de 10 km por 0,35 km de largura média. A salinidade da água
oscilava de 12 a 29 ‰ e a temperatura da água entre 22o e 33o C,
segundo Pedrini & Silveira (1985). Estudos da FEEMA (1991)
apontam o lançamento de esgostos sanitários orgânicos irregulares na
laguna. Dos 108 condomínios situados às margens da laguna, apenas
40 tinham Estação de Tratamento de Esgotos e na maioria da laguna a
balneabilidade é inadequada. Carvalheira (1993) constatou estado
avançado e progressivo de degradação, mas, ainda com fauna e flora
bentônicas.
Trabalhos recentes bióticos e abióticos podem ser citados
sobre a) as angiospermas marginais (Araujo, 1978); b) os nutrientes da
água (Andreatta et al., 1991); c) o ictioplancton (Soares et al., 1991);
d) a ictiofauna (Andreatta et al. 1992); e) a macroinfauna (Carvalheira,
1993); f) Carneiro et al. (1994) mediram cerca de 500-700 toneladas de
algas secas de Chara hornemanni, cobrindo o solo da laguna. Áreas de
coleta (Fig. 1): a) M1: Canal de Marapendi; b) M2 : Marina do
Condomínio Nova Ipanema; c) M3 : Cais do Condomínio Novo
Leblon ( Avenida das Américas ); d) M4 : Saco da Pedra de Itaúna; e)
M5 : Parque Zoobotânico de Marapendi; f) M6 : Avenida
Sernambetiba 11.500 ( Ex-Concharia ); g) M7: Cais do Condomínio
4
5. 5
Novo Leblon ( Avenida Sernambetiba ); h) M8: Mangue degradado ao
lado do Summer Palace Hotel. .
(Colocar Fig. 1 aqui)
3. Material e Métodos
A coleta foi manual. O material foi acondicionado em formol
a 4 % neutralizado com Bórax e transportado para o laboratório.
Algumas amostras foram mantidas vivas, visando análise detalhada do
plasto ao microscópio. Para o destaque dos pirenóides foi usado lugol
fresco e para as partes vegetativas a anilina. Os cortes foram feitos,
manualmente, com auxílio de lâminas de barbear. O material foi
herborizado e duplicatas doadas aos herbários do Museu Nacional (R)
ou ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB).
4. Resultados
4.1 Táxons encontrados
Foram determinados 25 táxons, sendo 4 rodófitas
(Compsopogon coeruleus, Catenella caespitosa, Bostrychia radicans e
Polysiphonia subtilissima), 20 clorófitas (Enteromorpha sp. E.
chaetomorphoides, E. clathrata, E. flexuosa ssp. flexuosa, E. flexuosa
ssp. paradoxa, E. lingulata, E. linza, E. prolifera, E. ramulosa, Ulva
lactuca, Chaetomorpha linum, C. brachygona, C. minima, C. nodosa,
Cladophora coelothrix, Cl. vagabunda, Rhizoclonium africanum, R.
tortuosum, Pitophora oedogonia e Spyrogira sp.) e 1 carófita (Chara
hornemannii f. longifolia), esta, uma nova referência para o Brasil.
Houve predomínio de espécies de clorófitas das ordens Ulvales (40%)
5
6. 6
e Cladophorales (32%), juntas perfazendo a maioria absoluta de táxons
da Lagoa. Dentre as rodófitas houve predomínio da ordem Ceramiales
(50%).
Pode-se notar, então, predomínio total de algas macroscópicas
filamentosas (Cladophora e Rhizoclonium) e tubulares
(Enteromorpha), emaranhadas entre si ou com angiospermas marginais
como Ruppia maritima L. Por estimativa visual, pudemos observar
uma alta biomassa de Chara hornemannii f. longifolia, que, ocupando
áreas lagunares consideravelmente grandes, proporcionava substrato
adequado a fixação de outras espécies filamentosas. Foi observado
visualmente uma expressiva biomassa de espécies de Chaetomorpha e
Rhizoclonium em enseadas marginais da laguna. Lá o hidrodinamismo
e a profundidade eram menores em comparação a áreas de correnteza
onde as espécies em questão se apresentaram em tímidas ocorrências.
4.2 Distribuição espacial
Espacialmente, três espécies ocorreram em todos os pontos de
coleta : Enteromorpha sp., Enteromorpha lingulata e Rhizoclonium
tortuosum. (Tab.1).
Tabela 1. Distribuição dos táxons da Lagoa de Marapendi, por áreas de
coleta
TÁXONS ÁREAS DE COLETA
1 2 3 4 5 6 7 8
Compsopogon coeruleus - - X X X - - -
Catenella caespitosa - X - - - - - -
Bostrychia radicans X - - X - - - -
Polysiphonia subtilissima X X X - - X - X
Enteromorpha sp. X X X X X X X X
E. chaetomorphoides X X X X X X X -
E. clathrata X X X X X X X -
6
7. 7
E. flexuosa ssp. flexuosa X X X X X X - X
E. flexuosa ssp. paradoxa X X X - - X - -
E. lingulata X X X X X X X X
E. linza - - X X - X X -
E. prolifera X - X - - X X -
E. ramulosa X - X X - - X -
Ulva lactuca - - - X - X X -
Chaemorpha linum X X X X - X - -
C. brachygona X X X X - X X X
C. minima X X X X X X X X
C. nodosa X X - X X X X X
Cladophora coelothrix X X X X X X X -
C. vagabunda X X X X X X X -
Rhizoclonium africanum - - X X - X X X
R. tortuosum X X X X X X X X
Pithophora oedogonia X - - X X - - X
Spyrogira sp. - - - X X X X X
Chara hornemannii f. - - - X - X X -
longifolia
TOTAL 18 15 18 22 12 20 10
17
Legenda: x presença
- ausência
Legenda das áreas de coleta: 1 - Canal de Marapendi; 2 - Marina do Condomínio
Nova Ipanema; 3 -Cais do Condomínio Novo Leblon (Avenida das Américas); 4. -
Saco da Pedra de Itaúna; 5 - Parque Zoobotânico de Marapendi; 6 Avenida
Sernambetiba 11.500 ( Ex- Concharia); 7. - Cais do Condomínio Novo Leblon
(Avenida Sernambetiba); 8 - Mangue degradado ao lado do Summer Palace Hotel.
As espécies com distribuição horizontal mais descontínuas
(ausentes em quatro ou cinco áreas de coleta) foram: Compsopogon
coeruleus, Catenella caespitosa, Bostrychia radicans, Enteromorpha
linza, E. flexuosa ssp. paradoxa, E. prolifera, E. ramulosa, Ulva
lactuca, Pitophora oedogonia e Chara hornemanii f. longifolia. A área
de coleta mais rica em táxons (21) foi o Saco da Pedra de Itaúna. A
7
8. 8
área mais pobre com 10 táxons em táxons, foi o Mangue degradado do
Edifício Summer Palace na Avenida Sernambetiba, este em área
exposta à freqüentes ventos, vindos do mar. Ventos que contribuem
para conduzir as algas flutuantes para outras áreas da laguna, além de
ser também a área mais degradada do presente estudo. Enquanto que
na área mais rica as algas viviam em pequenas reentrâncias protegidas
de ventos e da correnteza.
A Fig. 2 mostra a formação de três grupos de áreas de coleta
ao nível da linha A. O grupo I, abrangendo as áreas 1, 2, 3, 4, 6 e 7
que apresentam salinidades similares é também zona de percolação de
água do mar (Zee et al., 1990) para a laguna. Este fenômeno foi
facilmente observado "in loco" nas áreas 6 e 7 que se situam ao longo
do cordão litorâneo da laguna. As áreas 1, 2 e 3 situam-se em regiões
expostas à língua de água, vinda pelo Canal de Marapendi e que
possibilita a renovação das águas da laguna (cf. Carvalheira, 1993). O
grupo II ressalta a área de menor salinidade e ausência de muitos
táxons. E o grupo III representa uma área de mangue degradada com o
menor número de táxons da laguna. Inclusive com a ausência de
espécies de gêneros típicos de macroalgas de manguezais como
Bostrychia e Catenella.
Como era de se esperar para ambientes estuarinos brasileiros,
houve um amplo domínio numérico das clorófitas em relação as
demais divisões (Fig. 3), com picos de riqueza de espécies nas estações
4 e 6. Apesar do número de espécies, estas estações apresentaram
algumas diferenças específicas que não as tornam as mais similares
entre as estações (Fig. 2). As rodófitas tiveram baixa ocorrência na
laguna, sendo que as estações 1,2,3 e 4 tiveram assinaladas 2
ocorrências e a única estação a não apresentar rodófitas foi a estação 7.
8
9. 9
Fig.2 : Dendrograma de similaridade dos táxons de algas entre as áreas
de coleta da Laguna de Marapendi, Baixada de Jacarepaguá, Rio
de Janeiro.
9
10. 10
Número de táxons
20
15
10
5
Clorófita
0 Rodófita
1 Carófita Divisões
2 3 4 5 6 7 8
Estações de coleta
Fig. 3 : Distribuição espacial das divisões estudadas na Lagoa de
Marapendi (1987-1988)
4.3 Distribuição temporal
Temporalmente os táxons que ocorreram durante todos os
meses de coleta ou quase, isto é, não observadas excepcionalmente no
intervalo não consecutivo de um mês foram : Polysiphonia
subtilissima, Enteromorpha sp., E. chaetomorphoides, Enteromorpha
flexuosa, Chaetomorpha linum, C. brachygona, C. minima,
Cladophora coelothrix e C. vagabunda. (Tab. 2).
10
11. 11
TÁXONS DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AG SET OUT NO
O V
Compsopogon coeruleus - - - - x x x - x - x x
Catenella caespitosa - - - - - - - - - - x -
Bostrychia radicans - - - - - - - - - - - x
Polysiphonia subtilissima x x x x x x x x x x x x
Enteromorpha sp. x x x x x x x x x x x -
E. chaetomorphoides x x x x x x x - x - x -
E. clathrata x x x x x x - - - x x x
E. flexuosa ssp. flexuosa x x x x x x x x x x x x
E.flexuosa ssp. paradoxa x x x x - - - - x - x -
E. lingulata x x x x - - - - x - x -
E. linza x - - - - x - - - - - -
E. prolifera x x - x - - - - - - - -
E. ramulosa x - x x x x - - - - - -
Ulva lactuca - - - - - x x - - - - -
Chaetomorpha linum x - x x x x - x x - x x
C. brachygona x x x x x x - x x x x x
C. minina x x x x x x - x x x x x
C. nodosa x - - x x - - - x x x x
Cladophora coelothrix x x x x x x - x x x x x
C. vagabunda x x x x x x x x x x x x
Rhizoclonium africanun x x x x x - - - - - - -
R. tortuosum x x x x x x - x x x - -
Pitophora oedogonia - - - x x - - - - x x x
Spirogyra sp. - - - - x x x x x x x x
Chara hornemannii f. x x x x x x - - x - x -
longifolia
TOTAL 21 17 18 19 21 20 08 11 17 13 18 14
Legenda: x Presença
- Ausência
Tabela 2. : Distribuição temporal dos táxons da Lagoa de Marapendi,
Rio de janeiro,
11
12. 12
RJ(1987-1988)
Legenda das áreas de coleta: 1 - Canal de Marapendi; 2 - Marina do Condomínio
Nova Ipanema; 3 -Cais do Condomínio Novo Leblon (Avenida das Américas); 4. -
Saco da Pedra de Itaúna; 5 - Parque Zoobotânico de Marapendi; 6 Avenida
Sernambetiba 11.500 ( Ex- Concharia); 7. - Cais do Condomínio Novo Leblon
(Avenida Sernambetiba); 8 - Mangue degradado ao lado do Summer Palace Hotel.
De dezembro a maio foi a época em que ocorreram os maiores
picos de ocorrência de táxons : 21 em dezembro e abril e 20 em maio.
Pedrini & Silveira (1985) também encontraram os picos altos de
biomassa no verão, especialmente de Cladophora vagabunda.
Também foi quando apareceram 50% das rodófitas. Nos meses de
inverno (junho e julho) ocorreram as menores incidências (8 em junho
e 11 em julho). Dentre as ocorrências mais ocasionais estão as
rodófitas Catenella caespitosa (outubro) e Bostrychia radicans
(novembro).
Observadas em conjunto as clorófitas predominaram ao longo
dos doze meses de coleta em relação às divisões rodófitas e carófitas.
Apenas, nos meses de inverno e de seca é que pode-se notar uma
pobreza geral de algas.
12
13. 13
20
18
16
14
12
10
8
6
4
Núm ero de táxons
2
0 Clorófita
Rodófita Divisões
Carófita
DEZJAN FEV MAI
MAR
ABR JUN JUL
M eses do ano AG OSET O UT
NO V
Fig. 4 : Distribuição temporal das divisões estudadas na Lagoa de
Marapendi (1987-1988).
4. Discussão
4.1 Composição Específica e Forma de Ocorrência.
O predomínio de espécies de Ulvales e Cladophorales
(Clorófitas), em lagunas hiposalinas na L. de Marapendi, na dos
Patos, (Coutinho, 1982) e na L. de Tramandaí (Biancamano, 1995).
Estes padrões de ocorrência, demonstram a capacidade das espécies de
clorófitas filamentosas e tubulares em resistir a ambientes de constante
variação de salinidade, sendo as principais colonizadoras destes
ambientes adversos a espécies mais sensíveis. Yarish e Edward (1982)
já haviam evidenciado que as clorófitas seriam, em termos de
contribuição ao número de espécies, os organismos mais importantes.
A variabilidade morfológica observada na laguna foi marcante nas
13
14. 14
clorófitas (Hoek, 1963; Koeman & Hoek, 1984) e, no Brasil, por Reis
(1990-92) As ramificações extensas, intensas e flácidas podem ser
causadas pela movimentação fraca da água em locais onde ocorreram,
por exemplo, Cladophora vagabunda e Enteromorpha spp. . Estas
ocorriam também epífitas sobre Ruppia maritima (Pedrini & Silveira,
1985) , Chara hornemanni f. longifolia ou emaranhadas na vegetação
terrestre marginal mormente coberta quando o nível de água da laguna
subia . Visualmente percebeu-se grandes massas flutuantes e
lanuginosas de talos com dezenas de centímetros em regaços marginais
por parte de espécies de Chaetomorpha e Rhizoclonium. Grandes, os
fios enroscam-se em substratos consolidados existentes nas
reentrâncias das margens lagunares mais protegidas do vento. Assim,
plantas entremeadas à outras ou flutuantes em lagunas hiposalinas
costeiras já foi verificado por Abott (1947) Conover (1964),
Verhoeven (1980) na Europa, Thorne-Miller et al. (1983) nos EUA,
para as Ilhas Hawaianas e Coutinho (1992) no Brasil e .Pedrini &
Silveira (1985).
Dentre as rodófitas predominaram as Ceramiales. O mesmo
foi observado por Coutinho (1992) e Biancamano (1995),
respectivamente, para as Lagoas de Tramandaí e Patos (Rio Grande do
Sul). Entretanto, assim como para Marapendi e as duas Lagoas do Rio
Grande do Sul, a contribuição em número de espécies de rodófitas foi
muito baixo quando comparada com estudos de lagunas do hemisfério
norte como por exemplo Conover (1964) estudando um complexo
lagunar no Texas, onde as rodófitas superaram o número de clorófitas,
Gonzalez (1969) para o México onde o número de rodófitas é cerca do
dobro ao de clorófitas e Mercier (1973) para estudo de um complexo
de 4 lagunas francesas, onde a contribuição de rodófitas foi próxima ao
de clorófitas.
14
15. 15
4.2. Distribuição espacial.
A área de coleta mais rica em táxons (23) foi o Saco da
Pedra de Itaúna. Pedrini & Silveira (1985) encontraram sete táxons
sobre um banco de Ruppia maritima L. Estes todos foram
reencontrados neste trabalho nesta mesma região. A 'pobreza de táxons
encontrada na área M8 pode ser explicada pelo lançamento de esgotos
in natura na laguna, impedindo um adequado desenvolvimento de
algas.
Yarish & Edwards (1982), atribuíram uma capacidade
ligeiramente menor das rodófitas em relação as feófitas em resistirem
e colonizarem ambientes estuarinos. No entanto, na Laguna de
Marapendi foram encontradas somente rodófitas e clorófitas. O mesmo
foi observado por Thorne-Muiller & Harlin (1984) para a Laguna
Ninigret, em Rhode Island, USA. Estas autoras estimaram a produção
total anual de Enteromorpha spp. em cerca de 3, 5 toneladas de peso
seco. Nos meses de verão, em especial dezembro é que as carófitas
ocorrem efusivamente, confirmando os resultados de Pedrini &
Silveira (1985).
Portanto, a importância destes fatores (ventos, salinidade e presença
substrato consolidado) na ocorrência e distribuição espacial das algas é
patente, tal como Conover (1964) e Den Hartog ( 1967) mencionaram
para o hemisfério norte e Coutinho & Seeliger (1986) assinalaram
tabém para a Lagoa dos Patos.
No entanto, hipóteses explicativas de distribuições espaciais
não podem ser possíveis, sem associar dados abióticos como ventos e
salinidade e temperatura da água sobre a flora lagunar.
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Fig.1 : Mapa mostrando a Baixada de Jacarepaguá, no estado do Rio
de Janeiro, Brasil e a laguna de Marapendi com as áreas de coleta (M1-
M8)
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