Paulo Morais, vice-presidente da Transparência Internacional, discute soluções para a corrupção em Portugal durante um debate em Gaia, incluindo simplificar a legislação e aumentar a transparência do governo. Ele critica os laços entre deputados e grandes empresas e diz que a corrupção é mais comum em projetos urbanísticos e de ordenamento territorial. O Movimento de Cidadãos por Gaia planeja mais debates sobre temas importantes.

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Afinal a corrupção tem solução
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Escrito por Joana Vasconcelos
Segunda, 10 Outubro 2011 08:44
Quem o diz é Paulo Morais, o ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e
actual vice-presidente da Transparência Internacional. Durante o primeiro debate
do Movimento de Cidadãos por Gaia, Paulo Morais falou sobre a corrupção e
deixou algumas soluções para a sua diminuição que passariam por uma maior
simplificação da legislação e uma maior transparência do Governo. Paulo Morais
aponta o dedo ao Parlamento, classificando-o como um “escritório de advogados”
e garante que é nos grandes pelouros que a corrupção tem mais força.
Criado a 1 de Fevereiro de 2011, o Movimento de Cidadãos por Gaia (MCG)
conta já com 50 associados e realizou, no passado dia 24 de Setembro, o primeiro debate público
que teve como orador principal o ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e actual vice-
presidente da organização Transparência Internacional, Paulo Morais.
A Junta de Freguesia de Mafamude foi o local escolhido para esta conferência que incidiu sobre
um dos temas mais recorrentes dos últimos anos, a corrupção. Tendo por base a questão “Será a
corrupção uma fatalidade”, Paulo Morais dissertou pouco mais de meia hora para dar a resposta
que todos os presentes esperavam ouvir. “Eu acho que a corrupção tem solução, não tem de ser
uma fatalidade. Mas é preciso uma estratégia global de combate, é preciso que a legislação seja
simplificada, que as acusações em Tribunal sejam simplificadas e é preciso intervir na “sede”, ou
seja, no Parlamento para que haja uma maior transparência”.
Apresentando alguns dados de estudos realizados a nível nacional, Paulo Morais demonstrou
como o fenómeno da corrupção não é novo – estando o seu combate consagrado mesmo nas
medidas imediatas do Movimento das Forças Armadas (MFA) – embora tenha vindo a aumentar
desde 2007. “A corrupção transformou-se numa mega central de negócios, e o barómetro de 2010
mostra claramente que houve um aumento de 83 por cento relativamente a dados de 2007”,
explicou o também professor universitário.
Criticando as ligações entre a comissão parlamentar e os cargos públicos, Paulo Morais classifica
o Parlamento como “um escritório de advogados”, onde as parcerias público-privadas proliferam
para garantir lucros. “Os deputados têm ligações a grandes empresas e é assim que se
compreende que as mesmas consigam grandes fortunas. E acho que eles (deputados) devem
negociar os projectos em frente do espelho”, comenta.
O vice-presidente da Transparência Internacional garante ainda que os grandes pelouros,
principalmente os do urbanismo e do ordenamento do território, são os locais onde a corrupção é
mais notória. “Não acho que os políticos sejam corruptos. O problema são os que mexem com
mais dinheiro”.
Apesar de admitir que esta “é uma luta muito difícil e para largos anos”, Paulo Morais acredita
que “um pequeno clique” pode bastar para mudar tudo. “Temos de ser persistentes até porque
para haver mais desenvolvimento, tem de haver menos corrupção. Chega uma altura em que não
é possível roubar mais e se em três anos isto não se resolver, o regime não tem hipótese”, remata.
Após as explicações de Paulo Morais, houve ainda tempo para um debate com o público que
sugeriu medidas, apontou defeitos ao Governo e aos próprios meios de comunicação por não
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denunciarem estes casos mais frequentemente. Entre os presentes encontravam-se personalidades
da vida política local, como Abílio Leite, da Câmara Municipal de Gaia, ou Manuela Cunha da
Junta de Freguesia de Santa Marinha, assim como o próprio presidente da Junta de Freguesia de
Mafamude, Fernando Vieira, que fez parte da mesa de honra.
No final, o presidente do MCG, Manuel Vieira Machado, agradeceu a presença de tão ilustre
convidado e fez questão de entregar pequenas lembranças a Paulo Morais e a Fernando Vieira,
prometendo para breve mais iniciativas do género.
O MCG
Com o objectivo de contribuir para o aprofundamento da democracia participativa em Gaia, o
Movimento de Cidadãos por Gaia tem já definido, até ao final do ano, um vasto leque de
iniciativas para chamar a atenção da população, como sessões de esclarecimento, caminhadas ou
conferências sobre os temas mais prementes da actualidade.
O MCG pretende ainda divulgar a cultura, o património histórico e monumental de Gaia, ajudar
os cidadãos a preencher o IRS e dialogar com associações, Juntas e Assembleias de Freguesia,
Câmara e Assembleia Municipal, empresas e fundações, para celebrar parcerias que contribuam
para o fim desejado: o aprofundamento da democracia.
O presidente do MCG, Manuel Vieira Machado acredita que estes objectivos serão cumpridos e
espera que, até 2012, o Movimento esteja implantado em todas as freguesias do concelho.
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