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DESIGREJADOS
•DESILUDIDOS OU REBELDES?
Indivíduos decepcionados com a igreja institucional que tentam
continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentar nenhuma
igreja. Existem ainda aqueles que, além de não mais
frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a
defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a
necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de
sairmos da igreja para podermos encontrar Deus. Estas ideias
vêm sendo veiculadas por meio de livros, palestras e da mídia.
Viraram um movimento que cresce a cada dia. Trata-se daquilo
que chamamos de “movimento dos desigrejados”.
Principais aspectos que influenciaram na composição deste cenário:
- surgimento de milhares de denominações evangélicas;
- o poderio apostólico de igrejas neopentecostais;
- a institucionalização e secularização das denominações históricas;
- a profissionalização do ministério pastoral;
- a variedade infindável de métodos de crescimento de igrejas;
- os escândalos ocorridos nas igrejas;
- a falta de crescimento das igrejas tradicionais
Tudo isto tem levado muitos a se desencantarem com a igreja
institucional e organizada. Alguns simplesmente abandonaram a igreja
e a fé. Entretanto, outros, querem abandonar apenas a igreja e manter
a fé. Querem ser cristãos, mas sem a igreja.
Principais premissas dos desigrejados sobre a Igreja:
1. Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional.
2. Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus,
organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas, inventando
ofícios para substituir os carismas, elaborando hierarquias para proteger e
defender a própria instituição. Os cristãos de tal maneira se organizaram que
acabaram deixando Deus de fora. Com a influência da filosofia grega na teologia e
a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja corrompeu-se
completamente.
3. Apesar de a Reforma Protestante ter se levantado contra esta corrupção, os
protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmos erros, ao criarem
denominações organizadas, sistemas interligados de hierarquia e processos de
manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes.
Elaboraram confissões, catecismos e declarações de fé que engessaram a
mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico.
4. A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos,
tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol
de membros, propriedades, escolas, seminários.
5. De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que creem nele, ali está a
igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18.20.
Assim, se dois ou três amigos cristãos se encontrarem em um café para falar
sobre questões espirituais, por exemplo, ali é a igreja, não sendo necessário
absolutamente mais nada do tipo ir à igreja no domingo ou pertencer a uma
igreja organizada.
6. A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros,
pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho de Cristo.
Precisamos sair dela para podermos encontrar a Deus.
Considerações sobre os argumentos:
Não é difícil concordar com vários dos pontos defendidos pelos desigrejados.
Infelizmente, eles estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos
confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e
dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não
representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo.
Concordamos também que a igreja de Cristo não precisa de templos construídos
nem de todo o aparato necessário para sua manutenção. Ela, na verdade,
subsistiu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos reunindo-se em casas,
cavernas, vales, campos e até cemitérios. Os templos cristãos só foram erigidos
após a oficialização do cristianismo por Constantino, no século IV.
Considerações sobre os argumentos:
Os desigrejados estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para
perpetuar as estruturas e a hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das
pessoas e dando prioridade à organização. Concordamos com eles que não
podemos identificar a igreja com cultos organizados, programações sem fim
durante a semana, cargos e funções como superintendente de Escola Dominical,
organizações internas como uniões de moços, adolescentes, senhoras e homens,
e métodos como células, encontros de casais e de jovens, e assim por diante.
E também estamos de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem
cometido muitos erros no decorrer de sua longa história.
Dito isto, perguntamos se ainda assim está correto abandonarmos a igreja
institucional e seguirmos um cristianismo sozinho. Ao final, parece que a revolta
deles não é somente contra a institucionalização da igreja, mas contra qualquer
coisa que imponha limites ou restrições à sua maneira de pensar e de agir.
Podemos ter a impressão de que eles querem se livrar da igreja para poderem ser
cristãos do jeito que entendem, acreditarem no que quiserem – sendo livres
pensadores sem conclusões ou convicções definidas – fazerem o que quiserem,
para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e
correções.
Este tipo de atitude anti-instituição, antidisciplina, antirregras, antiautoridade,
antilimites de todo tipo se encaixa perfeitamente na mentalidade secular e
revolucionária de nosso tempo, que entra nas igrejas travestida de cristianismo.
É verdade que Jesus não deixou uma igreja
institucionalizada aqui neste mundo.
Todavia, ele disse algumas coisas sobre a
igreja que levaram seus discípulos a se
organizarem em comunidades ainda no
período apostólico e muito antes de
Constantino.
Principais premissas de Jesus Cristo sobre a Igreja:
Jesus Cristo é o noivo da Igreja e muito falou sobre
ela.
Vejamos:
É difícil edificar-se sobre Cristo sem a Igreja
Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a
declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt
16.15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre
a pessoa de Jesus (cf. 1Pe 2.4-8). O que se desviar desta verdade – a
divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é igreja cristã.
Não admira que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livre-
pensadores de sua época, que queriam dar outra interpretação à
pessoa e obra de Cristo, diferente daquela que eles receberam do
próprio Cristo. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitarem
os livre-pensadores como os gnósticos, judaizantes, e libertinos
desobedientes, como os seguidores de Balaão e os nicolaítas:
• “Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem
tampouco o saudeis.” (2Jo 1.10).
• “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a
doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.” (Rm 16.17).
• “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for
devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal
nem ainda comais.” (1 Co 5.11).
• “Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos
aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de
nós recebeu (…) Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o
tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe.” (2Ts 3.6,14).
• “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse
tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado.” (Tt 3.10,11).
• “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo,
homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único
dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” (Jd 1.4).
Diante de todas essas advertências, fica praticamente impossível nos
mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos
registrada nas Escrituras, sem sermos Igreja, onde somos ensinados,
corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se
desviam da verdade apostólica são rejeitados. É difícil estar em Cristo
sem estar na Igreja. A declaração de Jesus de que a sua igreja se ergue
sobre a confissão acerca de sua Pessoa, mostra-nos a ligação estreita,
orgânica e indissolúvel entre Ele e sua igreja. Em outro lugar, Jesus
ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos: “Eu sou a
videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito
fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15.5).
Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, vejamos:
• A relação entre a cabeça e o corpo: “E sujeitou todas as coisas a seus pés, e
sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja” (Ef 1.22-23).
• A relação entre marido e mulher: “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos,
como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a
cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.” (Ef 5.22,23).
• A relação entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta: “E, chegando-vos
para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus
eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e
sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus
Cristo. Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra
principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E
assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os
edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina, e uma pedra de tropeço
e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo
desobedientes; para o que também foram destinados.” (1Pe 2.4-8).
Os desigrejados querem Cristo, mas não querem sua igreja. Querem o noivo, mas
rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, o homem não deve separar.
Não podemos ter um sem o outro. É difícil submeter-se à disciplina de Cristo sem
submeter-se à Igreja
Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou
aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que
caiu em pecado: “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e
ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo
um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja
confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a
igreja, considera-o como um gentio e publicano.” (Mt 18.15-17).
Por meio desta leitura observamos que após repetidas advertências em
particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da “igreja” e
não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt 18.17).
É difícil cumprir o chamado sem estar na Igreja
Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o
mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia
mandado (Mt 28.19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem.
Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e
instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais
sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos,
advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23).
Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam
desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos
enfermos:
• “Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante,
sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar (…) Da mesma sorte os diáconos
sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de
torpe ganância… (1Tm 3.1-13).
• “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas
que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te
mandei (…) porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da
casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador,
nem cobiçoso de torpe ganância (…) retendo firme a fiel palavra, que é conforme
a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina,
como para convencer os contradizentes.” (Tt 1.5-9).
É difícil pensar em hierarquia fora da Igreja
Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras
declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-
37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para a instrução dos novos convertidos,
e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres.
Basta pensarmos, por exemplo, em João usando uma destas declarações para
repelir livre-pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3).
Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se
organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma
ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1; 3.8,12; 4.14; 5.17,19; Tt 1.5; Fp
1.1). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos
apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina – a
inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com
os judeus convertidos.
TEXTOS BASE
“Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos
circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos. Tendo tido Paulo e
Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e
Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos,
sobre aquela questão. E eles, sendo acompanhados pela igreja, passavam pela
Fenícia e por Samaria, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a
todos os irmãos. E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e
pelos apóstolos e anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito
com eles. Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram,
dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.
Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.” (At
15.1-6).
A decisão deste que ficou conhecido como o “concílio de Jerusalém” foi levada para
ser obedecida nas demais igrejas: “E, quando iam passando pelas cidades, lhes
entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos
pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém.” (At 16.4).
Isso mostra que havia desde cedo uma rede hierárquica
entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois do
Pentecostes e muitos anos antes de Constantino.
O que de fato os desigrejados querem?
É curioso que a passagem predileta dos desigrejados – “onde estiverem
dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt
18.20) – foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes
dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar
ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18.16).
Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza
da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e
resolvem fazer sua própria igreja informal ou seguir sozinhos como
cristãos.
No final, ficamos com a impressão de que os desigrejados, na verdade,
não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma
forma mais pura de cristianismo, mais próxima da forma original – pois
esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos
e no restante do Novo Testamento.
Os desigrejados querem mesmo é liberdade para serem cristãos do
jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham
correto, sem ter de prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja
organizada, especialmente àquelas que historicamente são
confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e
concílios, significa submeter nossas ideias e nossa maneira de viver ao
crivo do Evangelho, conforme entendido pelo cristianismo histórico.
Contudo, para muitos “cristãos”, isto é pedir demais.
Cristianismo sem igreja é outra
religião, a religião individualista dos
livre-pensadores, eternamente em
dúvida, incapazes de levar cativos seus
pensamentos à obediência de Cristo
(2Co 10.5).

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Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
 

A REALIDADE DOS DESIGREJADOS. DESILUDIDOS OU REBELDES?

  • 2. Indivíduos decepcionados com a igreja institucional que tentam continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentar nenhuma igreja. Existem ainda aqueles que, além de não mais frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos encontrar Deus. Estas ideias vêm sendo veiculadas por meio de livros, palestras e da mídia. Viraram um movimento que cresce a cada dia. Trata-se daquilo que chamamos de “movimento dos desigrejados”.
  • 3. Principais aspectos que influenciaram na composição deste cenário: - surgimento de milhares de denominações evangélicas; - o poderio apostólico de igrejas neopentecostais; - a institucionalização e secularização das denominações históricas; - a profissionalização do ministério pastoral; - a variedade infindável de métodos de crescimento de igrejas; - os escândalos ocorridos nas igrejas; - a falta de crescimento das igrejas tradicionais Tudo isto tem levado muitos a se desencantarem com a igreja institucional e organizada. Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé. Entretanto, outros, querem abandonar apenas a igreja e manter a fé. Querem ser cristãos, mas sem a igreja.
  • 4. Principais premissas dos desigrejados sobre a Igreja: 1. Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional. 2. Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas, inventando ofícios para substituir os carismas, elaborando hierarquias para proteger e defender a própria instituição. Os cristãos de tal maneira se organizaram que acabaram deixando Deus de fora. Com a influência da filosofia grega na teologia e a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja corrompeu-se completamente. 3. Apesar de a Reforma Protestante ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmos erros, ao criarem denominações organizadas, sistemas interligados de hierarquia e processos de manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes. Elaboraram confissões, catecismos e declarações de fé que engessaram a mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico.
  • 5. 4. A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários. 5. De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que creem nele, ali está a igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18.20. Assim, se dois ou três amigos cristãos se encontrarem em um café para falar sobre questões espirituais, por exemplo, ali é a igreja, não sendo necessário absolutamente mais nada do tipo ir à igreja no domingo ou pertencer a uma igreja organizada. 6. A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho de Cristo. Precisamos sair dela para podermos encontrar a Deus.
  • 6. Considerações sobre os argumentos: Não é difícil concordar com vários dos pontos defendidos pelos desigrejados. Infelizmente, eles estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. Concordamos também que a igreja de Cristo não precisa de templos construídos nem de todo o aparato necessário para sua manutenção. Ela, na verdade, subsistiu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos reunindo-se em casas, cavernas, vales, campos e até cemitérios. Os templos cristãos só foram erigidos após a oficialização do cristianismo por Constantino, no século IV.
  • 7. Considerações sobre os argumentos: Os desigrejados estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para perpetuar as estruturas e a hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das pessoas e dando prioridade à organização. Concordamos com eles que não podemos identificar a igreja com cultos organizados, programações sem fim durante a semana, cargos e funções como superintendente de Escola Dominical, organizações internas como uniões de moços, adolescentes, senhoras e homens, e métodos como células, encontros de casais e de jovens, e assim por diante. E também estamos de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem cometido muitos erros no decorrer de sua longa história.
  • 8. Dito isto, perguntamos se ainda assim está correto abandonarmos a igreja institucional e seguirmos um cristianismo sozinho. Ao final, parece que a revolta deles não é somente contra a institucionalização da igreja, mas contra qualquer coisa que imponha limites ou restrições à sua maneira de pensar e de agir. Podemos ter a impressão de que eles querem se livrar da igreja para poderem ser cristãos do jeito que entendem, acreditarem no que quiserem – sendo livres pensadores sem conclusões ou convicções definidas – fazerem o que quiserem, para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e correções. Este tipo de atitude anti-instituição, antidisciplina, antirregras, antiautoridade, antilimites de todo tipo se encaixa perfeitamente na mentalidade secular e revolucionária de nosso tempo, que entra nas igrejas travestida de cristianismo.
  • 9. É verdade que Jesus não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda no período apostólico e muito antes de Constantino.
  • 10. Principais premissas de Jesus Cristo sobre a Igreja: Jesus Cristo é o noivo da Igreja e muito falou sobre ela. Vejamos:
  • 11. É difícil edificar-se sobre Cristo sem a Igreja Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (cf. 1Pe 2.4-8). O que se desviar desta verdade – a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é igreja cristã. Não admira que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livre- pensadores de sua época, que queriam dar outra interpretação à pessoa e obra de Cristo, diferente daquela que eles receberam do próprio Cristo. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitarem os livre-pensadores como os gnósticos, judaizantes, e libertinos desobedientes, como os seguidores de Balaão e os nicolaítas:
  • 12. • “Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis.” (2Jo 1.10). • “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.” (Rm 16.17). • “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.” (1 Co 5.11). • “Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu (…) Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe.” (2Ts 3.6,14). • “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado.” (Tt 3.10,11). • “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” (Jd 1.4).
  • 13. Diante de todas essas advertências, fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos Igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados. É difícil estar em Cristo sem estar na Igreja. A declaração de Jesus de que a sua igreja se ergue sobre a confissão acerca de sua Pessoa, mostra-nos a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre Ele e sua igreja. Em outro lugar, Jesus ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15.5). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, vejamos:
  • 14. • A relação entre a cabeça e o corpo: “E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja” (Ef 1.22-23). • A relação entre marido e mulher: “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.” (Ef 5.22,23). • A relação entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta: “E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina, e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.” (1Pe 2.4-8).
  • 15. Os desigrejados querem Cristo, mas não querem sua igreja. Querem o noivo, mas rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, o homem não deve separar. Não podemos ter um sem o outro. É difícil submeter-se à disciplina de Cristo sem submeter-se à Igreja Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado: “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.” (Mt 18.15-17). Por meio desta leitura observamos que após repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da “igreja” e não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt 18.17).
  • 16. É difícil cumprir o chamado sem estar na Igreja Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem. Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23). Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos enfermos:
  • 17. • “Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar (…) Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância… (1Tm 3.1-13). • “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei (…) porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância (…) retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes.” (Tt 1.5-9).
  • 18. É difícil pensar em hierarquia fora da Igreja Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36- 37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para a instrução dos novos convertidos, e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Basta pensarmos, por exemplo, em João usando uma destas declarações para repelir livre-pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1; 3.8,12; 4.14; 5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina – a inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com os judeus convertidos.
  • 19. TEXTOS BASE “Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos. Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão. E eles, sendo acompanhados pela igreja, passavam pela Fenícia e por Samaria, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos. E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles. Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés. Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.” (At 15.1-6). A decisão deste que ficou conhecido como o “concílio de Jerusalém” foi levada para ser obedecida nas demais igrejas: “E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém.” (At 16.4).
  • 20. Isso mostra que havia desde cedo uma rede hierárquica entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois do Pentecostes e muitos anos antes de Constantino.
  • 21. O que de fato os desigrejados querem? É curioso que a passagem predileta dos desigrejados – “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20) – foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer sua própria igreja informal ou seguir sozinhos como cristãos.
  • 22. No final, ficamos com a impressão de que os desigrejados, na verdade, não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de cristianismo, mais próxima da forma original – pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Os desigrejados querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter de prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas ideias e nossa maneira de viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo cristianismo histórico. Contudo, para muitos “cristãos”, isto é pedir demais.
  • 23. Cristianismo sem igreja é outra religião, a religião individualista dos livre-pensadores, eternamente em dúvida, incapazes de levar cativos seus pensamentos à obediência de Cristo (2Co 10.5).