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BSP BUSINESS SCHOOL SÃO PAULO
LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA
ALLYSON CHIARINI DE FARIA
A NOVA ROTA DA SEDA E O GANHO DE COMPETITIVIDADE DA CHINA
SÃO PAULO
2015
1
BSP BUSINESS SCHOOL SÃO PAULO
LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA
ALLYSON CHIARINI DE FARIA
A NOVA ROTA DA SEDA E O GANHO DE COMPETITIVIDADE DA CHINA
Trabalho de Conclusão de Curso, Artigo Científico,
apresentado como requisito parcial à obtenção do título
de Especialista no Programa de Pós-Graduação em
Inteligência Competitiva da Business School São Paulo -
BSP.
Orientadora: Profa. Dra. Mônica Desiderio
SÃO PAULO
2015
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
ALLYSON CHIARINI DE FARIA
A NOVA ROTA DA SEDA E O GANHO DE COMPETITIVIDADE DA CHINA
Trabalho de Conclusão de Curso, Artigo Científico,
apresentado como requisito parcial à obtenção do título
de Especialista no Programa de Pós-Graduação em
Inteligência Competitiva da Business School São Paulo -
BSP.
COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Mônica Desiderio
Orientadora
BSP Business School São Paulo
___________________________________________________________________
Profa. MSc. Leila Rabello de Oliveira
Coordenação dos Projetos Finais
BSP Business School São Paulo
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Monica Sabino Hasner
Coordenação Geral de Cursos
BSP Business School São Paulo
São Paulo, 18 de dezembro de 2015.
3
Dedico a minha família, amigos e
especialmente a Marco Nadal que
me apoiou ao longo deste ano.
AGRADECIMENTOS
4
Aos meus pais e irmãos, por sempre incentivarem e ao meu querido
Marco Antônio Nadal, por apoiar em minhas decisões
A orientadora professora doutora Mônica Desiderio pela orientação e
estímulo, e pelas infinitas contribuições.
Aos colegas de turma de Inteligência Competitiva da BSP – Business
School São Paulo.
5
“Se a gente cresce com os golpes duro da vida,
também podemos crescer com os toques suaves da alma”
Cora Coralina, 1889 – 1985
RESUMO
6
Este artigo tem como escopo avaliar, os desafios da Nova Rota da Seda, proposto
pelo atual presidente chinês, Xi Jinping, e os ganhos de competitividade para o
mercado chinês, através de análise de uma pesquisa documental e de levantamento
bibliográfico sobre o assunto; desta forma poderemos compreender melhor se a
criação do cinturão econômico é uma tentativa de criar um grande circuito permitindo
o intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre regiões, ou há
algo mais por trás do desejo da China em recriar a antiga Rota da Seda.
Palavras-chave: Rota da Seda, China, Competitividade.
7
ABSTRACT
This projet has the objective to evaluate the challenges of the New Silk Road,
proposed by the current Chinese presidente, Xi Jinping, and its competitiveness
gains for the Chinese Market, through analysis and literature research on the subject;
this way we can better understand if the creation of the economic belt is an attempt
to create a large loop allowing the exchange of goods, and technology development
between regions, or if there is something behind China's desire to recreate the
ancient Silk Road
Key words: Silk Road, China, Competitive.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
1. CONCEITOS DE GEOPOLÍTICA 11
1.1 GEOPOLÍTICA, ENERGIA, E A IMPORTÂNCIA DO ORIENTE MÉDIO 12
1.2 UMA FACETA DA ESTRATÉGIA DA CHINA, À LUZ DA INTELIGÊNCIA
COMPETITIVA 13
2 A “REEMERGENCIA” DA CHINA COMO POTÊNCIA 17
2.1CHINA EM NÚMEROS 19
3 O “RESSURGIMENTO” DA ROTA DA SEDA 22
3.1 HISTÓRIA DA ANTIGA ROTA DA SEDA 26
3.2 ALIANÇAS, INVESTIMENTOS, DESENVOLVIMENTOS E PERSPECTIVAS
AO LONGO DA NOVA ROTA DA SEDA 27
3.3.1 ALIANÇA CHINA E RÚSSIA 28
3.3.2 ALIANÇA CHINA E SUDESTE ASIÁTICO 29
3.3.3 ALIANÇA CHINA E ÁSIA CENTRAL 29
METODOLOGIA 31
CONCLUSÃO 32
REFERÊNCIAS 34
ANEXOS 38
9
INTRODUÇÃO
Em 2013 o atual presidente chinês, Xi Jinping, anunciou o cinturão econômico da
Nova Rota da Seda, que tem como tem como objetivo “recriar” as antigas rotas
comerciais que ligavam a China ao Oriente Médio e a Europa que foram
estabelecidas no século IV a.C.; fazendo uma alusão a antiga rota da seda,
desenvolvida por Marco Polo no século XIII. O desenvolvimento desde grande
circuito que se estende por três continentes, permitirá o intercâmbio de mercadorias,
desenvolvimento e tecnologias entre estas regiões, além do ganho de
competitividade chinês ao escoar sua produção para o resto do mundo.
O objetivo deste estudo é analisar e compreender os ganhos de competitividade da
Nova Rota da Seda recriada pela China. Analisar se o projeto Chinês é uma
tentativa de criar um grande circuito, permitindo o intercâmbio de mercadorias,
desenvolvimento e tecnologias entre estas regiões, ou se há algo mais por trás do
desejo da China em recriar a antiga Rota da Seda, tendo como pano de fundo um
olhar de inteligência competitiva.
É importante entendermos e sabermos o que há por trás do movimento da China em
revitalizar a Nova Rota da Seda, e qual será sua contribuição para o futuro do
comércio e intercâmbio de mercadorias e informações. Este estudo visa
compreender os ganhos de competitividade chinês no mercado internacional, para
utilização de exemplos na melhoria da competitividade brasileira no cenário
internacional.
A criação do cinturão econômico é uma tentativa de criar um grande circuito que se
estende por três continentes, permitindo o intercâmbio de mercadorias,
desenvolvimento e tecnologias entre estas regiões, ou há algo mais por trás do
desejo da China em recriar a antiga Rota da Seda? É simplesmente um mover-se
para combater a grande influência e poder russo ou a China também têm interesses
reais e comerciais e tangíveis para defender em Ásia Central?
Para se compreender a estratégia chinesa de desenvolvimento, e principalmente a
opção pela Nova Rota da Seda, ao longo do primeiro capítulo passaremos por
conceitos de geopolítica, “Heartland” e a importância da Eurásia. No segundo
capítulo tentaremos compreender a reemergência da China como potência e
entender o que está por trás da Nova Rota da Seda, avaliando alguns dados
históricos e também análise de alguns investimentos que o país tem realizado para
sua economia local. Finalmente no terceiro capítulo será apresentado os
megaprojetos ao redor do mundo de infraestrutura transnacional, para compreender
melhor a Nova Rota da Seda, além de investimentos e acordos econômicos
realizados com países no sudeste Asiático e Ásia Central. De maneira transversal
essa análise também será abordada pela literatura de inteligência competitiva.
10
1 CONCEITOS DE GEOPOLÍTICA
Para se compreender uma das facetas da estratégia chinesa de desenvolvimento, e
principalmente a opção pela Nova Rota da Seda, objeto deste artigo a ser tratada na
próxima sessão, é fundamental passar pelos conceitos de geopolítica, “Heartland” e
a importância da Eurásia.
No começo do século XX o teórico Halford John Mackinder desenvolveu o conceito
do “heartland”, que significa “coração da terra”. Este conceito aponta que o estado
que conseguir controlar a maior massa de terra do planeta, teria soberania sobre os
outros povos. Mackinder citou a “heartland” como uma faixa territorial que abrange
os dois continentes Europa e Ásia ou a Euro-Ásia.
A “Heartland” estava no centro da ilha mundo, que se estende do Volga ao Yangtze
e do Himalaia ao Ártico. A “Heartland” de Mackinder foi a área, então governada
pelo Império Russo e depois disso pela União Soviética (figura 1). O conceito de
“Heartland” inclui a noção de que esta é uma vasta região com grande quantidade e
diversidade de recursos naturais, que vão das grandes florestas e grandes planícies
e estepes do centro da Eurásia, até os ricos campos ucranianos e as grandes
reservas petrolíferas do Mar Cáspio.
Figura 1: Mapa da "Teoria Heartland", conforme publicado por Mackinder em 1904.
FONTE: Mackinder, H.J. The Geographical Pivot of History – The Geographical Journal, Vol. 23, No. 4, p. 435 (ano 1904).
A partir de sua teoria Mackinder apresentou em 1904 que a supremacia do poder
naval havia chegado ao fim no começo do século XX. Durante muitos séculos,
países e estados que desenvolveram o meio de transporte marítimo, tanto para fins
comerciais como para fins de segurança, obtiveram a supremacia nas relações de
força no mundo. Em relação a Europa, o domínio sob o resto do mundo deu-se ao
desenvolvimento tecnológico naval, iniciados por Espanha e Portugal, mas
11
consagrado pela França e principalmente Grã-Bretanha. O controle dos mares havia
proporcionado indiscutível prosperidade e segurança a região.
A teoria Heartland foi tomada pela escola alemã de geopolítica, em particular pelo
seu principal proponente Karl Haushofer. A escola alemã “Geopolitik” mais tarde foi
abraçada pelo regime nazista alemão na década de 1930. A interpretação alemã da
teoria Heartland é referido explicitamente (sem mencionar a conexão com
Mackinder) em “The Nazis Strike”, o segundo de Frank Capra de "Why We Fight"
série de filmes de propaganda americana da Segunda Guerra Mundial (CAPRA,
1943).
Contudo, em sua tese, Mackinder, aponta que as mudanças tecnológicas
provenientes do desenvolvimento do motor à óleo e das ferrovias transcontinentais,
que se fizeram presentes no final do século 19 e início do século 20, proporcionaram
a mobilidade terrestre dentro de grandes massas territoriais – e esse fator começaria
a alterar, a partir do século XX, as dimensões dos conflitos armados (FIANI, 2015).
Durante os séculos anteriores até o século XIX, quem obtivesse controle dos mares,
conseguiria controlar o planeta; contudo esta fase havia terminado, e estaríamos
entrando em uma nova era, a supremacia terrestre; onde quem controlasse o centro
desta grande massa de terra dominaria o planeta – o centro da maior massa
terrestre é a Ásia Central e o Oriente Médio (figura 2).
Figura 2: apresenta o mapa global, com a maior massa de terra sendo a Euro-Ásia e o seu centro (coração), a Ásia Central e o
Oriente-Médio.
FONTE: NASA, 2010 e desenvolvimento do autor.
1.1 GEOPOLÍTICA, ENERGIA E A IMPORTÂNCIA DO ORIENTE MÉDIO
Segundo o professor do instituto de Economia da Universidade do Rio de Janeiro –
UFRJ, Ronaldo Fiani (2015), a energia é uma questão geopolítica e não pode ser
avaliada de forma isolada.
Até o começo do século XX a frota naval da Grã-Bretanha (maior potência
econômica e bélica até então) era movida a carvão, o que demandava muitos
recursos e não poderiam ser abastecidos em alto-mar, além disso, a marinha
12
britânica muitas vezes necessitava ocupar seu exército com funções não
relacionadas à segurança e proteção. Houve, nesta época, uma evolução para que
os motores passassem a ser movidos a óleo, pois desta forma demandaria menos
recursos e poderiam ser abastecidos em alto-mar, aumentando assim a mobilidade
e expansão para a marinha britânica, contudo a Grã-Bretanha não possuía reservas
de petróleo em seu território (FIANI, 2015).
O petróleo inicialmente foi encontrado na Ásia-Central e depois no Oriente-Médio; o
que fez com que a Inglaterra fosse buscar este recurso nos países desta região. Isso
cria os conflitos geopolíticos por energia, coordenados pela Grã-Bretanha e depois
pelos EUA, pois ao cortar as fontes de suprimento de energia, rapidamente as
máquinas de guerra são paradas. A questão energética sempre estará inserida no
contexto geopolítico independe do tipo de recurso, pois ela automaticamente estará
associada a segurança nacional (FIANI, 2015).
Podemos então, compreender o porquê de constantes conflitos por busca de
energia, no caso petróleo, estabelecidos ao longo do século XX e século XXI na
região do Oriente Médio, geralmente comandados pelos Estados Unidos da América
e pela Grã-Bretanha, sempre a fim de manter a sua soberania, supremacia e
segurança nacional.
Além disso, a região da Ásia Central como diz Fiani (2015), é um mosaico de
culturas, controlar politicamente esta região é praticamente impossível, como tem
feito os Estados Unidos e a Inglaterra e não tem surtido efeito. Diferentemente dos
líderes anteriores a China vem criando laços econômicos com a região da Ásia
Central, a fim de obter controle da região da Ásia Central por vias econômicas, o que
o Ocidente não conseguiu, iremos discutir em breve.
1.2 UMA FACETA DA ESTRATÉGIA DA CHINA, À LUZ DE INTELIGÊNCIA
COMPETITIVA
Nas últimas três décadas (final do século XX e início do século XXI), a economia
chinesa apresentou um crescimento acima do esperado, chegando a crescer
próximo dos 10% ao ano, e já no final dos anos 2000 passou a assumir a posição de
segunda maior economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Um dos
principais pontos neste período foi o grande desenvolvimento da economia externa e
alianças propostas pela China. (SANTOS, 2013)
Este crescimento rápido do país asiático assustou mercados maduros como alguns
países da comunidade europeia como a Alemanha, Inglaterra e a França; além de
outros países ao redor do mundo, como os denominados tigres asiáticos; uma vez
que o crescimento econômico da China é calcado em produção em escala mundial e
exportações, colocando-se assim como uma grande competidora em vários
segmentos como têxtil, peças, metais acabados, manufaturas, componentes
eletrônicos e até automóveis. (SANTOS, 2013).
A partir do ano de 1978, o então presidente chinês Deng Xiaoping, desenvolveu uma
abertura e reforma econômica no país, que até então havia tentado adotar um
modelo comunista similar a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas), com eliminação da propriedade privada e implementação de uma
13
estrutura de uma economia autossuficiente e fechada. O processo de
desindustrialização chinês deu-se entre as décadas de 40 e 70 do século XX, este
movimento criou um impacto negativo na produção nacional. Já entre os anos de
1978 e 2010 a China apresentou um grande crescimento econômico. A participação
e representatividade chinesa no mercado mundial que era de 0,75% em 1978,
chegou a ultrapassar 10% nos anos 2000, entretanto sua renda per capita ainda não
é bem valorizada, ocupando posição acima de 90º país no ranking mundial.
(SANTOS, 2013; CUNHA, 2012).
O crescimento das exportações proporcionou um elevado crescimento de
importações para o mercado chinês, fazendo com que a China tornasse o maior
importador do mundo em 2014 (anexo 1). As importações chinesas concentram-se
em produtos intermediários, que são necessários para o funcionamento da indústria
local.
Desta forma o governo chinês pode acelerar o desenvolvimento de sua indústria
interna com importações de maquinários, peças e equipamentos e também o
aumento de capital intelectual.
Em 2014 o destino de investimento da China foram os Estados Unidos com 14
bilhões de dólares, Austrália e Paquistão com 7 bilhões de dólares, Guiné 6 bilhões,
Cazaquistão e Rússia aproximadamente 5 bilhões de dólares. Entre os anos de
2005 e 2013 a China investiu um total de 63.6 bilhões de dólares nos Estados
Unidos, 59.6 bilhões na Austrália, 37,8 bilhões no Canadá e 32 bilhões de dólares no
Brasil. Além disso, o World Bank International Benchmark Study (2012) apontou que
a China tem investido em educação fortemente, crescendo em 14% (gráfico 1) o
número de matriculados em cursos na área de tecnologia, e ocupando a posição de
número um em números de matriculados em graduação, mestrado e doutorado, à
frente da Rússia, Índia e EUA.
Gráfico 1: Percentual de alunos matriculados em cursos da área de Tecnologia em relação ao total de alunos matriculados em
curso superior. Brasil: Apenas cursos de Engenharia e pós-graduação somente Stricto Sensu. INEP, 2010.
Fonte: World Bank International Benchmarking Study, 2012.
14
Gráfico 2: Número de matriculados em cursos de Graduação, Mestrados e Doutorados da área de Tecnologia (calculados em
função de percentuais do World Bank). Brasil: Apenas cursos de Engenharia e pós-graduação somente stricto sensu. INEP,
2010.
Fonte: Baseado em dados do World Bank International Benchmarking Study, 2012.
Entre os anos de 2000 e 2011 a China conseguiu dar um salto muito grande em
números de publicações científicas (gráfico 3), saindo de um patamar de 6 mil
publicações anuais para mais de 30 mil publicações em 2011, colocando-a em
segundo lugar, atrás apenas dos EUA, e o número pedidos de patentes depositados
neste país também pode observar que houve um grande salta saindo de
aproximadamente 1.300 patentes em 2000 para mais de 60 mil patentes registradas
em 2010 (gráfico 4), tornando-se o país com maior números de patentes registradas,
a frente dos EUA e do Japão com 11.905 patentes e 7.332 patentes
respectivamente registradas.
Gráfico 3: Número de Artigos publicados na área de Engenharia em 2000 a 2010.
FONTE: World Bank International Benchmarking Study, 2012 que baseou-se em Thomson Reuters Web of Science (included
database: SCI-EXPANDED, SSCI, A&HCI)
15
Gráfico 4: Número de Patentes registradas na área de Engenharia em 2000 e 2010.
FONTE: World Bank International Benchmarking Study, 2012 que baseou-se em Thomson Reuters Web of Science (included
databases: SCI-EXPANDED, SSCI, A&HCI).
A China apresenta, nos dias atuais, uma importância significativa tendo em vista
as intensas mudanças estruturais que transformam e afetam significativamente a
economia e a sociedade global e local. A obtenção de taxas de crescimento de dois
dígitos por trinta anos e a inclusão, na sociedade de consumo, de centenas de
milhões de chineses têm trazido um impacto tanto na organização da sociedade
chinesa quanto nas possibilidades de continuidade do modelo de produção e
consumo característico da economia global desde a primeira metade do século XX.
O papel do Estado – e do Partido Comunista Chinês (PCC) – nesse processo é
de importância sem precedentes. Tudo que ocorre na China é, em grande medida,
resultado da atuação do Estado. O poder político permanece fortemente
concentrado, e a capacidade administrativa do aparelho estatal cresce e se adapta
tão velozmente quanto as transformações econômicas ocorrem (CASSIOLATO,
2013, p.66).
O mesmo princípio se aplica ao Estado Chinês, quando o conjunto das ações é
observado em perspectiva, nota-se uma clara linha de estratégia muito bem
articulada, com profundo conhecimento das forças e fraquezas do qual a China se
aproxima e a pauta de negociações que coloca na mesa de cada um de maneira
customizada. Com discurso essencialmente econômico a China aos poucos projeta
seu poder de maneira nunca visto no ocidente a partir do excepcional conhecimento
sobre seus interlocutores.
A inteligência competitiva está se desenvolvendo rapidamente na China devido ao
crescente nível de concorrência no mercado internacional. Em termos de prática a
inteligência competitiva no Japão e nos EUA é mais desenvolvida do que na China,
embora a China continua a dedicar cada vez mais atenção e recursos para esta
área. Os tomadores de decisão em empresas multinacionais, que competem na
China ou com empresas que originam lá, têm utilizados técnicas competitivas para
se imporem no mercado internacional.
O desenvolvimento da China possui características distintas do desenvolvimento do
ocidente, ela apresenta nos dias de hoje, grande importância ao cenário político e
econômico, no próximo capítulo iremos abordar como a China voltou a reemergir
como potência no cenário econômico global a partir do século XXI.
2 A “REEMERGÊNCIA” DA CHINA COMO POTÊNCIA
16
Para compreender a reemergência da China como potência e entender o que está
por trás da Nova Rota da Seda, precisaremos avaliar alguns dados históricos e
também analisar alguns investimentos que o país tem realizado para sua economia
local.
O desenvolvimento da China possui características distintas do desenvolvimento e
política do ocidente. A China apresenta, nos dias atuais, uma grande importância no
cenário político e econômico, tendo em vista as intensas mudanças estruturais que
transformam e afetam consideravelmente a economia e a sociedade local e
influenciam fortemente as políticas globais. A inclusão na sociedade de consumo, de
milhares de chineses, em tempo curto, tem trazido um impacto tanto na gestão da
sociedade local, quanto nas possibilidades de continuidade do modelo de produção
e consumo característico da economia global desde a primeira metade do século XX
(PODICAMENI, 2015).
Até a segunda metade do século XIX, a China desenvolveu-se fora do mundo
eurocêntrico e só se transformou num “estado nacional” depois de 1912, e numa
“economia capitalista” no final do século XX. Mas na verdade, a China tem muito
pouco a ver com os pequenos estados nacionais originários da Europa, e é de fato
um “estado-civilização” que não possui sociedade civil nem conhece o princípio da
“soberania popular”. (FIORI, 2013).
A entendimento de qualquer fenômeno que ocorra na China, atualmente e em
especial as políticas implementadas nas últimas décadas, é dificultada pelas
características extremamente particulares deste país. Sua população ultrapassa um
quinto do total mundial; é o terceiro maior país do mundo em extensão territorial;
apresenta uma das culturas mais antigas da humanidade, com 4 mil anos de
história; além disso possui uma estrutura social complexa, desigual, ainda
predominantemente rural, além de um regime político que persiste com o rótulo do
comunismo (PODICAMENI, 2015).
A China nunca impôs uma religião oficial a seu povo e também nunca dividiu o poder
imperial e burocrático com nenhuma outra instituição seja ela religiosa, nobreza ou
classe econômica, como pode ser visto comumente na Europa. Durante séculos o
grande império chinês foi orquestrado por um mandarinato meritocrático e
homogêneo, que acabou se consolidando durante a dinastia Ming (século XIV –
XVII), e que sempre esteve baseada em princípios morais de Confúcio (séc. V a.C.),
tendo como veia a virtude e compromissos éticos dos governantes e da civilização
local (FIORI, 2013).
Aos olhos do Ocidente, este “modelo chinês” é autoritário e inflexível e está
condenado à esclerose e à paralisia decisória, como ocorreu com o estado e o
governo soviético. No entanto, contra todas as expectativas, o estado chinês tem
demonstrado uma extraordinária capacidade de se autocorrigir e de se reinventar,
sem apresentar até hoje nenhuma tendência ou necessidade de se transformar numa
democracia eletiva e multipartidária (FIORI, 2013).
Ao final do século XX a China passou a tomar destaque na economia mundial por se
tornar o centro de produção do mundo, ou seja, as empresas ocidentais passaram a
terceirizar sua produção em território chinês como calçados, vestuários, peças,
placas, cabos, plásticos, embalagens etc. e o ocidente ficou com o desenvolvimento
17
de novas tecnologias. Com o passar do tempo a China passou a copiar produtos e
marcas consagradas no ocidente, com qualidade inferior, mas de aspecto parecido
com os originais europeus e norte-americanos. Durante os últimos 30 anos
aproximadamente, a China apenas copiou o ocidente, e hoje, a China já consegue
competir com o mercado global em várias categorias, colocando em cheque a
produção Euro-Americana.
No início do século XXI a China passou a tomar destaque em alguns segmentos
como automobilístico com algumas marcas como JAC Motors, Lifan e Chery e tem
entrado em mercados menos competitivos como Ásia Central, Oriente Médio e
África; e também passou a desenvolver tecnologia como grandes empresas no
cenário global, sendo elas Lenovo (líder global em tabletes e computadores
pessoais); Baidu (o “Google” Chinês); Huawei (redes e telecomunicação) e a Xiaomi
(a “Apple” da China).
As grandes empresas privadas são em sua maioria públicas e vinculadas
diretamente ou indiretamente com o poder militar chinês. Pode-se destacar duas
gigantes das telecomunicações, como a Huawei, que tem ligações diretas com o
complexo industrial militar chinês, e a ZTE, criada em 1985 por um grupo de
empresas estatais do Ministério da Indústria da Aviação da China. Ambas são
também spin-offs de universidades locais, como a Lenovo, que conseguiu explodir
no cenário global após a compra da divisão de computadores pessoais da
americana IBM, em meados da década dos anos 2000. Ainda hoje, mais de 40% do
capital da Lenovo é da Legend Holdings Ltd. (da Chinese Academy of Sciences).
Outras grandes empresas como a Chery, é uma das principais empresas do setor
automobilístico (propriedade do governo local de Wuhu); e a Hafei, da ASIC,
empresa estatal (CASSIOLATO, 2013).
A principal estratégia de todas essas empresas foi a de não concorrer diretamente
com as líderes de tecnologias globais, via inovações radicais. Todas focaram a sua
estratégia, em engenharia reversa e licenciamento; posteriormente, desenvolveram
tecnologia e inovação para o mercado local; somente depois, ingressaram no
mercado global, através de aquisições e expansões. Desta forma apresentaram,
inicialmente gastos modestos em pesquisas e desenvolvimento, em seguida,
investimentos em tecnologia, e implantação de centros de pesquisas em outros
países. A Lenovo tem atualmente centros de pesquisas e desenvolvimento nos
Estados Unidos, Japão e China, e a Huawei já possui cinco centros de pesquisas e
desenvolvimentos no exterior (CASSIOLATO, 2013), da mesma maneira que existe
um processo de inteligência competitiva em nível nacional, existe também no
processo de crescimento e projeção das empresas no cenário global.
O Estado, governo Chinês e o do Partido Comunista – têm tido um papel importante
nesse processo sem precedentes. Tudo o que acontece na China é, em grande
medida, resultado da atuação do Estado. O poder político permanece fortemente
concentrado, e a capacidade administrativa do aparelho estatal cresce e se adapta
tão velozmente quanto as transformações econômicas ocorrem (PODICAMENI,
2015).
Tal característica não se restringe ao modelo político atual e também não é
novidade. De fato, a China já poderia ser considerada um país industrializado no
18
século XIII e, ao longo dos séculos, tem tido uma visão de si própria como uma
verdadeira nação. Durante a maior parte de sua história, o país caracterizou-se por
ter um forte poder central e foi governado como uma autêntica unidade política. Por
exemplo, a reunificação do início do século XX significou, na prática, uma
recentralização do poder e da autoridade, e os líderes da Revolução Comunista de
meados deste século percebiam as ideias de federalismo como sinônimo de
feudalismo. A história demonstra que, por milênios, a China tem tido um mercado
nacional; um governo único e ativo na manutenção da oferta de alimentos e controle
de preços; uma linguagem escrita padronizada; um calendário uniforme; um sistema
de pesos e medidas definido; um código de conduta dominante, baseado em
Confúcio; e os mecanismos próprios para mobilidade social e migração inter-regional
(Deng, 2000).
Além de alocar recursos a programas voltados ao desenvolvimento tecnológico e à
inovação, o governo chinês sabe definir áreas e atividades estratégicas. Em um
primeiro momento, a indústria aeroespacial foi enfatizada, contudo ao longo da
última década, a política centrou-se na perseguição de trajetórias tecnológicas
específicas, longe daquelas pretendidas pelos países mais avançados. Estas
políticas destacam as tecnologias voltadas a um novo paradigma tecnológico,
baseado em um uso menos intensivo de recursos naturais, mesmo que não se
limitem a ele. Talvez, porém, a maior contribuição da nova estratégia chinesa seja
voltar o centro das suas preocupações tecnológicas a uma inovação autóctone,
dedicada ao mercado local (PODICAMENI, 2015).
2.1 CHINA EM NÚMEROS
Como dito anteriormente no capítulo 1.2 a China cresceu exponencialmente nas
últimas décadas, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a China é o
segundo país mais rico do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de
aproximadamente US$ 10.4 trilhões de dólares em 2014, atrás apenas dos Estados
Unidos da América que possui um PIB de US$17.4 trilhões de dólares. Em 2014, a
China comprou US$ 1.962 trilhões de dólares em produtos do mundo, um
crescimento de 40,6% desde 2010 (tabela 1) (Figura 3), pouco atrás dos Estados
Unidos com um volume de importações de US$ 2.34 trilhões de dólares, segundo o
Internacional Trade Center.
TOP 10 produtos importados pela China em 2014
1. Eletronic equipment (equipamento eletrônico) $ 425.1 B. 21.7% do total de importações
2. Oil (óleo) $ 316.7 B. 16.1%
3. Machine, engines, pumps (máquinas, motores, bombas) $ 179.6 B 9.2%
4. Ores, slag, ash (minérios) $ 136 B 6.9%
5. Medical, technical equipamento (equipamentos médicos) $ 105.8 B 5.4%
6. Vehicles (veículos) $ 89.5 B 4.6%
19
7. Plastics (plástico) $ 75.2 B 3.8%
8. Organic chemicals (química orgânica) $ 60.6 B 3.1%
9. Copper (cobre) $ 47.5 B 2.4%
10. Oil seed (óleo de semente) $ 45.9 B 2.3%
Tabela 1 – Lista de produtos importados pela China em 2014
Fonte: Trade Map, International Trade Center: www.intracen.org/marketanalysis
A figura abaixo apresenta as exportações mundiais para a China, e os principais
aliados econômicos dos chineses. Hoje, 21.7% do total de importações feitas pela
China são de equipamentos eletrônicos, seguido de Petróleo com 16.1%, e suas
exportações ultrapassam os 500 bilhões de dólares em equipamentos eletrônicos
manufaturados ocupando 24.4% de sua balança comercial e mais de 400 bilhões em
máquinas, motores e bombas, representando 17.7% do total de suas exportações
(vide anexo 1).
Ao tentar avaliar os resultados chineses, nota-se uma alta porcentagem de produtos
de alta tecnologia, no total de manufaturados exportados, aumentou rapidamente:
passando de 5% aproximadamente, em 1990 para algo em torno de 30%, em 2011
(Banco Mundial). Além disso, atualmente a China é o maior exportador do mundo
em tecnologias de comunicação e informação – Organisation for Economic Co-
operation and Development (OECD), fazendo com que torne difícil aos Estados
Unidos a entrada em seu mercado desses bens de origem chinesa. As políticas
implementadas pelo Estado chinês parecem estar surtindo efeito na economia local
e global, e acredita-se que em 2050, a China deverá se tornar líder tecnológico
mundial (CASSIOLATO, 2013).
Figura 3 – Exportações para China em 2014.
Fonte: The Economist, 2015.
Após analisar dados históricos e investimentos internos da China, precisamos
entender melhor como a Nova Rota da Seda está a ser projetada, versus a antiga
Rota da Seda desenvolvida por Marco Polo no século XIII, além das novas alianças
em que a China tem desenvolvido com a Rússia, Sudeste Asiático e Ásia Central;
assim então iremos aprofundar este estudo sobre o “ressurgimento da Nova Rota da
Seda” ao longo do capítulo 3.
20
3 O “RESSURGIMENTO” DA ROTA DA SEDA
China tem apresentado nos últimos anos megaprojetos ao redor do mundo de
infraestrutura transnacional, para compreender melhor a Nova Rota da Seda,
precisamos analisar os investimentos e acordos econômicos realizados pela China
recentemente. Estima-se que a China deverá investir fora de seu território cerca de
21
US$ 1.2 trilhão de dólares na próxima década, estes projetos incluem principalmente
a Ásia Central, África e América do Sul.
Em novembro de 2013, foi anunciado pelo, atual presidente Xi Jinping, o Cinturão
Econômico da Rota da Seda (Silk Road Economic Belt), que tem como objetivo
“recriar” a antiga Rota da Seda, uma alusão as antigas rotas comerciais que ligavam
a China ao Oriente Médio e a Europa que foram estabelecidas no século IV a.C.; é
uma tentativa de criar um grande circuito que se estende por três continentes,
permitindo o intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre estas
regiões segundo Marcelo Ninio (2015).
O projeto chinês pretende estabelecer uma infraestrutura em grande escala, através
de uma malha ferroviária de trens de alta velocidade, estradas, redes elétricas,
cabos de fibra óptica, sistemas de telecomunicações, oleodutos, gasodutos etc.
Estas estruturas abrirão novos corredores comerciais por terra e por mar – definindo
assim a Rota da Seda Marítima (Maritime Silk Road) – por toda a Eurásia, Rota da
Seda Terrestre (figura 4, anexo 2). Ela pretende articular, três grandes cinturões
(rodoviário, ferroviário e marítimo) que ligarão o polo industrial da China à Europa,
passando por pelo menos 21 países e ampliando as conexões com as economias do
Leste da Ásia, do Sul da Ásia, da Ásia Central e do Golfo Pérsico. Os portos
construídos no Leste da Ásia e no Oceano Índico (Bangladesh, Sri Lanka, Mianmar
e Paquistão) serviriam para impulsionar o comércio por mar, bem como desenvolver
rotas alternativas ao estreito de Malaca (atualmente dominado pelos EUA, que
possui frotas navais ancoradas) e ao conflitivo Mar do Sul da China. A China passa
a alavancar, portanto, o papel do país no comércio e nas finanças mundiais
(CINTRA; FILHO; PINTO, 2015).
Ao contrário de outras ações chinesas, a “recriação” da Rota da Seda é a primeira
que apresenta o conjunto das ações, que permite ter uma visão das intenções da
China em se desenvolver e expandir seus negócios para a região da “Heartland”, em
que Mackinder apresentou em 1904, que a nação que conseguisse controlar a maior
massa de terra, teria soberania sobre outros povos.
A principal prioridade do governo tem sido garantir o desenvolvimento econômico e
estabilidade política em todo território, a fim de conseguir controlar 1.5 bilhão de
pessoas, e também à sua política na Ásia Central. Para preservar a integridade
territorial, o governo chinês tem lutado contra três fatores para conter a população, o
extremismo religioso, separatismo e terrorismo.
22
Figura 4 – Rota da Seda Terrestre (em vermelho) e Rota da Seda Marítima (em azu).
Fonte: The Diplomat, 2013 - Xinhuanet, 2013.
Parte da estratégia do governo chinês implica em promover a exportação de bens
produzidos em Xinjiang aos vizinhos da Ásia Central. Considerando-se que 78% das
exportações da região já atendem países da Ásia Central como Turcomenistão,
Uzbequistão, Tajiquistão e Cazaquistão, a criação da nova Rota da Seda permitirá a
consolidação de centros de exportação de longo prazo na Ásia Central para os bens
de Xinjiang, garantindo assim um maior desenvolvimento econômico na região. Além
de consolidar a Ásia Central, haverá redução no tempo de exportação para Europa,
as mercadorias que viajam para a Europa via rota marítima levam em torno de 20 a
40 dias; em contraste, uma rota de comércio interior de Xinjiang para a Europa
Oriental (Ucrânia concordou em construir a Rota da Seda, no seu território, em junho
de 2013) é esperado que os produtos chineses possam chegar ao mercado europeu
em apenas 11 dias, segundo análise realizada por Camille Brugier (2014).
De acordo com o mapa (figura 4) apresentado por Shannon Tiezzi (2014, The
Diplomat), o "New Silk Road" ou “A Nova Rota da Seda”, começará em Xi'an, na
China central e seguir a oeste através Lanzhou (província de Gansu), Urumqi
(Xinjiang), e Khorgos (Xinjiang), que fica perto da fronteira com a Cazaquistão. A
Rota da Seda em seguida, segue ao sudoeste da Ásia Central para o norte do Irã
antes de entrar nos territórios do Iraque, Síria e Turquia. A partir de Istambul, a Rota
da Seda atravessa o Estreito de Bósforo segue a Europa, incluindo Bulgária,
Roménia, República Tcheca, Alemanha onde seguirá norte a caminho de Rotterdam,
na Holanda; de Rotterdam, o caminho corre ao sul de Veneza, Itália - onde ele se
encontra com a Rota da Seda Marítima. Serão quase 8 mil quilômetros de ferrovias
(distância que separa Xi'an de Veneza). Ao invés de longas caravanas de camelos,
uma ampla malha de ferrovias, estradas, oleodutos e cabos de fibras óticas
ocuparão o percurso.
23
Já a rota marítima começará em Fuzhou seguindo em direção ao sul, antes de ir
para o Estreito de Malaca. A partir de Kuala Lumpur, seguirá para Calcutá, na Índia,
em seguida, atravessa o resto do Oceano Índico para Nairobi, Quênia. A partir de
Nairobi, a Rota Marítima vai para o norte através do Mar Vermelho para e finalmente
o Mediterrâneo, com uma parada em Atenas antes de encontrar a “Nova Rota da
Seda” em Veneza. Acredita-se que aproximadamente 50 países serão impactados
diretamente com a Nova Rota da Seda (terrestre e marítima) segundo informações
levantadas por Ting Shi (2014). O foco da Rota da Seda Marítima é comercial, mas
o país está construindo uma forte Marinha para proteger suas rotas de
abastecimento independentemente da Marinha americana. O objetivo de longo
prazo é exercer controle sobre os mares da China e empurrar a Marinha americana
para o Pacífico Ocidental (CINTRA; FILHO; PINTO; 2015).
De acordo com Xinhuanet (2014), a Rota da Seda vai trazer “novas oportunidades e
um novo futuro” para a China e todos os países ao longo da estrada. O artigo
publicado pelo “The Diplomat” prevê uma “área de cooperação econômica e
comércio” que se estenderá do Pacífico Ocidental ao Mediterrâneo.
A China tem discutido a construção de infraestrutura (especialmente ferrovias e
portos) ao longo da rota, desta forma ela passará a ter controle quase que absoluto
para desova de seus produtos e controle comercial com os países associados. O
grau de importância do desenvolvimento da Nova Rota da Seda para China é
grande (figura 5), pois atualmente 90 por cento de sua população concentra-se na
faixa leste do país, e a renda per capita acompanha este movimento. Com este
gráfico podemos avaliar o foco de Pequim em desenvolver o Oeste do país e os
países vizinhos também (anexo 5).
No longo prazo, o objetivo da Rota da Seda é extremamente ambicioso e deve
promover mudanças radicais para o Oeste chinês e para toda a Ásia Central.
Planeja-se criar um amplo conjunto de infraestruturas terrestres (rodovias e trens de
alta velocidade) que cheguem até o Oriente Médio e a Europa, cortar alguns
milhares de quilômetros da tradicional rota marítima que conecta a costa chinesa e o
Ocidente, e, assim, expandir o poderio chinês pela Ásia. O plano conta com um
recém-criado braço financeiro para ajudar a financiar as operações, o Asian
Infrastructure Investment Bank (Aiib), iniciativa de Pequim, que de saída aportou
US$ 40 bilhões no banco (Miller, 2014).
24
Figura 5 – Densidade demográfica da China.
Fonte: Encyclopædia Britannica, Inc. 2010.
De forma contraditória, a diplomacia chinesa – soft power – possui como objetivo
principal o estabelecimento de relações estáveis entre os países asiáticos através de
acordo econômicos, com as economias emergentes e os países em
desenvolvimento. Ela tem buscado implementar medidas que possibilitem a criação
de confiança, seja buscando equacionar conflitos de fronteiras, seja intensificando
os laços comerciais, por meios de investimentos que explicitem um envolvimento
pacífico. Uma diplomacia mais ofensiva se ancora na cooperação para o
desenvolvimento, sem condicionalidades; na expansão da infraestrutura nacional ou
regional; em facilidades de comércio; e na realização de elevados montantes de
investimentos nos países vizinhos, sobretudo, Vietnã, Laos, Camboja, Mianmar,
Tailândia e Filipinas. (CINTRA; FILHO; PINTO; 2015).
No âmbito da diplomacia, a China está cada vez mais usando fóruns multilaterais
para expandir sua influência, especialmente nas relações com países emergentes e
em desenvolvimento. Sobressaem-se, em primeiro lugar, os arranjos bilaterais e
multilaterais asiáticos. Em segundo lugar, cite-se a coalizão entre os países-
membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) (desde 2008), que
governam cerca de 3 bilhões de habitantes, quase metade da população mundial, e
cujo PIB supera US$ 29 trilhões, ou seja, 25% do PIB mundial, pela paridade do
poder de compra. Em terceiro lugar, há a articulação de diversos fóruns regionais
com foco em comércio internacional e infraestrutura, tais como o Fórum de
Cooperação China-Estados Árabes, o Fórum de Cooperação China-África, o Fórum
China-Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e o Asia
Cooperation Dialogue. Usando o Grupo dos Vinte países mais ricos (G20), a China
busca ampliar a representação das economias emergentes, principalmente nas
instituições financeiras internacionais (FMI, Banco Mundial, Banco de
25
Desenvolvimento da Ásia). (CINTRA; FILHO; PINTO; 2015). Além disso a China
passou a criar novos laços e parceiros ao longo do caminho, em função da
necessidade de se estabelecer como uma grande investidora e também ao criar a
dependência econômica desses países com a economia chinesa.
Nas palavras do presidente Xi Jinping (Safatle e Rittner, 2014):
O propósito da diplomacia chinesa é salvaguardar a paz mundial, promover o
desenvolvimento comum e criar um bom ambiente externo para o aprofundamento
das reformas e a realização da meta de “dois centenários”. Sendo um povo que ama a
paz, os chineses não têm gene de invasão nem de hegemonismo no seu sangue. A
China não concorda com a lógica antiquada de “país forte é sempre hegemônico”.
Vamos persistir inabalavelmente no caminho do desenvolvimento pacífico, tanto para
criar ativamente um ambiente internacional pacífico em prol do nosso
desenvolvimento, quanto para contribuir para a paz mundial com o nosso próprio
desenvolvimento; tanto para aproveitar melhor as oportunidades do mundo, quanto
para compartilhar nossas oportunidades com o mundo, promovendo assim a interação
virtuosa, o benefício mútuo e ganhos compartilhados entre a China e outros países do
mundo. Com o nosso desenvolvimento, vamos desempenhar melhor o papel de um
grande país responsável. Iremos salvaguardar a paz mundial de modo mais proativo,
preconizar a visão de segurança comum, integral, cooperativa e sustentável e nos
dedicar à solução pacífica dos conflitos por meio de negociações. Vamos defender
com toda a firmeza a ordem internacional pós-Guerra, que tem a ONU como o seu
centro, e participar ativamente das ações de manutenção da paz da ONU e dos
diálogos e cooperações regionais de segurança. Vamos participar de modo mais
proativo dos assuntos internacionais, dedicarmo-nos em promover o aprimoramento
do sistema de governança global, sobretudo o aumento da representatividade e o
direito à voz dos países em desenvolvimento. (...) vamos promover o diálogo Norte-
Sul e a cooperação Sul-Sul, com especial atenção em ajudar os países em
desenvolvimento a concretizar seu desenvolvimento autônomo e sustentável. Vamos
trabalhar juntos para construir um mundo harmonioso, onde todos alcançam seus
próprios valores e se ajudam mutuamente para a consecução dos outros (JINPING,
2014).
Pode-se assumir então, que a partir da Nova Rota da Seda e de trocas econômicas,
a China espera aumentar os laços culturais e políticos com cada um dos países ao
longo do trajeto, resultando em um novo modelo não apenas uma rota de comércio
econômico, mas uma comunidade com interesses comuns, destino e
responsabilidades. Podemos observar que ela pretender ser o grande “articulador”
do comércio internacional entre Europa e Oriente. A Nova Rota da Seda representa
algumas visões da China como a construção de uma economia mundial aberta e
relações internacionais abertas, disse Xinhuanet (2014).
3.1 HISTÓRIA DA “ANTIGA ROTA DA SEDA”
As primeiras atividades comerciais entre os povos da região da Europa, Ásia Central
e Extremo Oriente começaram a ser estabelecidos pela unificação territorial do
antigo Império Persa, por volta do século VI a.C., tais comerciantes saíam do Oeste
e levavam marfim, ouro, peles de animais, vinhos e pães; em contrapartida os
territórios chineses ofereciam ervas aromáticas, incensos, especiarias e tecidos de
seda, que denominou o caminho. Na verdade, as caravanas não percorriam toda a
extensão da Rota da Seda, elas se concentravam em alguns centros onde havia a
26
troca de mercadorias, como principalmente as cidades estado localizadas no Oriente
Médio, atual Síria, Jordânia, Iraque e Irã. Com o passar do tempo, tais cidades
agregaram os comerciantes que se concentravam em um trecho do percurso. Desta
forma, o comércio se transformou em uma atividade organizada que modificou o
cenário social, econômico e político de diferentes povos e culturas. No século VIII
d.C., a parte oeste da rota começou a ser dominada pelos árabes que realizaram a
conquistas de terras da Pérsia. Mais tarde, já século XII, os cavaleiros e soldados de
Gengis Khan tomaram a Ásia Central, o Norte da China e os territórios tibetanos. O
domínio militar mongol foi de grande ajuda para que a economia comercial da então
Rota da Seda, para que ela se mantivesse viva ao longo dos séculos seguintes.
Durante o período medieval, as famosas viagens de Marco Polo ajudaram a
expandir e a constituir novas rotas de comércio pelos mares e continentes. Aos 17
anos, no século XIII, Marco Polo saiu em viagem ao oriente com seu pai Niccolo e
Matteo Polo, seu tio. Tanto Niccolo quanto Matteo Polo haviam sido enviados à
Mongólia pelo papa Inocêncio IV, a fim de expandir a doutrina cristã na região,
contudo ao chegar ao império de Gêngis Khan, não conseguiram convertê-lo ao
cristianismo. Tempos depois, na viagem de volta a Europa, conseguiram estabelecer
um relacionamento com Kublai Khan, então governante da China Mongol.
Anos mais tarde voltaram à China em companhia de Marco Polo, descritas em seu
diário, onde relatou as rotas comerciais da época, informações sobre o império
Persa, Afeganistão (até então uma região budista), China, Sri Lanka, Indonésia e etc
(anexo 3, anexo 4). Durante séculos a China se fechou para o mundo, após a queda
do império Mongol no século XIV.
Já no início do século XIX, o arqueólogo alemão Ferdinand Von Richthofen definiu o
nome de uma das mais famosas rotas comerciais e religiosas entre o Ocidente e
Oriente, a chamada Rota da Seda, Seidenstraßen em alemão. Antes da escolha de
tal nome, esse longo trajeto, com mais de sete mil quilômetros, já era utilizado pelos
mercadores há mais de 3 mil anos, a fim de exploração, escambo e troca de
mercadorias, além de intercâmbio de conhecimentos e culturas, onde as
especiarias, principalmente, eram levadas no lombo de animais, como os camelos,
partindo do extremo leste da China e Índia até a atual Europa.
3.2. ALIANÇAS, INVESTIMENTOS, DESENVOLVIMENTOS E PERSPECTIVIAS
AO LONGO DA NOVA ROTA DA SEDA
A fim de conseguir consolidar sua estratégia de expansão rumo a oeste, o governo
Chinês vem estabelecendo algumas alianças e acordos comerciais ao longo da Rota
da Seda. Como dito anteriormente, parte da estratégia chinesa implica em promover
a exportação de bens produzidos em Xinjiang à Ásia Central e Europa. Desta forma
ela conseguirá reduzir custos de transporte e redução no tempo da exportação,
atualmente gira em torno de 20 a 40 dias por vias marítimas e cairá para 11 dias
pela rota terrestre. A lista de países envolvidos na Rota da Seda é grande, mas
alguns acordos e alianças se destacam, como a Rússia, Mianmar, Sri Lanka e Ásia
Central (Paquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Cazaquistão). A
entrada em operação dos oleodutos e gasodutos China-Rússia, China-Cazaquistão,
China-Turcomenistão e China-Mianmar (figura 6) vai atenuar a intensa busca
27
chinesa por petróleo para alimentar sua crescente demanda doméstica. A Rússia
exporta petróleo para a China desde o início da década de 1990.
Pequim delineia megaprojetos de infraestrutura nos país, relativamente
subdesenvolvidos, assim consolidando sua integração física a fim de abrir novas
redes e rotas de comércio para trânsito de suas exportações de bens e serviços;
segundo auxilia na contenção de conflitos étnicos na região de Xinjiang,
simultaneamente fomentando o desenvolvimento de seus vizinhos. O financiamento
e a construção de infraestrutura em regiões fronteiriças promovem sua confiança,
em um projeto de prosperidade recíproca e de destino comum, tornando sua
ascensão mais aceitável. Caso contrário, corre-se o risco de criar uma coalizão
liderada pelos Estados Unidos que buscará restringir suas ambições e inibir o
desenvolvimento da Rota da Seda (MILLER, 2014).
Figura 6: Oleodutos na China (construídos e planejados).
Fonte: Jiang e Sinton (2011).
Obs.: Imagem cujos leiaute e textos não puderam ser padronizados e revisados em virtude das condições técnicas dos
originais disponibilizados pelos autores para publicação (nota do Editorial).
3.2.1 ALIANÇA CHINA E RÚSSIA
As relações entre a China e a Rússia adquiriram um significado novo, logo no início
do século XXI – trata-se de uma aliança entre a maior população do mundo com o
Estado de maior extensão territorial; que poderá vir a modificar os desdobramentos
políticos e econômicos internacionais. Ambos países possuem grande relevância
econômica: a China como um polo industrial do mundo, e que sua taxa de
crescimento brevemente a tornará como a maior economia do planeta; enquanto a
Rússia é uma potência energética, possui recursos naturais estratégicos e
28
tecnologia na área militar, aeroespacial e nuclear (herdada da antiga URSS). Ambas
estão integradas a Organização das Nações Unidas – ONU, como membros
permanentes e também são potências nucleares. Além disso, ocupam a maior faixa
de terra da eurásia, juntamente com os Estados da Ásia Central (VISENTINI, 2012).
3.2.2 ALIANÇA CHINA E PAÍSES DO SUDESTE DA ÁSIA
Outro grande projeto coordenado pela China que está em andamento, e concluído
em alguns trechos seria primeiramente uma nova autoestrada, que custaria em torno
de US$ 4 bilhões, que ligará a capital da província de Yunnan, Kunming à capital da
Tailândia, Bangkok, passando por Laos. A província de Yunnan é percebida,
atualmente, como a ponta de lança para reforçar a influência do país na bacia do
Grande Mekong, onde são construídos pelas empresas chinesas estradas,
barragens e redes de energia elétrica; e investem em minas, imóveis e agricultura.
Já o segundo, o corredor econômico China-Mianmar-Bangladesh-Índia, composto
por uma autoestrada e outras infraestruturas, ligará Kunming a Calcutá, na Índia.
Terceiramente, um oleoduto e um gasoduto já em funcionamento, visando acessar
as reservas de gás natural de Mianmar e ser um dos canais para importação de
petróleo oriundo do Oriente Médio e da África, ligam Kunming a Kyaukphyu, no
litoral de Mianmar (baía de Bengala), permitindo à China alargar sua esfera de
influência para o Oceano Índico. Destaca-se ainda, conforme se observa na figura 6,
a magnitude da importação chinesa de petróleo e gás natural do Oriente Médio e da
África via navios petroleiros e metaneiros. Estes necessariamente passam pelo
Estreito de Málaga, que possui 3 km de largura e é alvo de atividades de pirataria,
de terrorismo e também há controle norte americano estabelecido no local (CINTRA;
FILHO; PINTO; 2015).
A fim de desenvolver alternativas a rota comercial que atualmente utiliza o estreito
de Malaca, a China passou a investir em portos ao longo da região, sendo um deles
em Colombo, no Sri Lanka, o qual serviria para impulsionar o comércio por vias
marítimas, desta forma estaria longe do controle americano (atualmente com frotas
navais em Málaga). Além disso, a pequena ilha hoje ocupa um ponto estratégico no
Oceano Índico, e a China tem conduzido acordos de livre comércio com o país, a fim
de auxiliar e facilitar o escoamento de sua produção (CINTRA; FILHO; PINTO;
2015).
3.2.3 ALIANÇA CHINA E ÁSIA CENTRAL
A fim de concretizar o “corredor econômico”, a China vem estabelecendo acordos
comerciais com alguns países da Ásia Central, como Paquistão, Cazaquistão,
Turcomenistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Cazaquistão entre outros.
Recentemente, anunciou que irá investir mais de 45 bilhões de dólares no
Paquistão, em uma ação que consiste em uma rede de estradas, ferrovias e
oleodutos de mais de 3.000 km de extensão que abrirá para a China um novo
acesso marítimo ao Oriente Médio, de onde vem metade do petróleo que importa
atualmente. Este investimento é mais que três vezes que todo o investimento que o
Paquistão recebeu desde 2008. Ter um porto próximo ao golfo Pérsico, permitirá
que as importações sejam transportadas por terra, oferecendo uma alternativa ao
29
investimento realizado em Mianmar e ao estreito de Malaca, por onde atualmente
passam 80% do petróleo importado pela China (NINIO, 2015).
A China e o Cazaquistão assinaram em 2015, 30 acordos de cooperação em
diversos setores, entre eles a construção de uma estação de energia eólica por uma
companhia chinesa. Além disso, foi definido que o Banco de Desenvolvimento da
China financiará projetos de comércio, investimento, mineração e importação no
Cazaquistão. O presidente Chinês, ressaltou a importância da recuperação da Rota
da Seda entre China e Ásia Central, uma iniciativa que Xi apresentou na sua visita
ao Cazaquistão em 2013.
Um pouco mais a oeste, existe um oleoduto da cidade de Atyrau, no Cazaquistão, e
um gasoduto oriundo do campo de gás natural de Yolotan, no Turcomenistão,
passando pelo Uzbequistão e Cazaquistão, que irão alimentar a China. Enquanto
isso a China e Uzbequistão estão a desenvolver um acordo econômico, comercial,
infraestrutura, projetos de renovação e parques industriais, a fim de viabilizar o
corredor econômico (HUAXIA, 2015).
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste artigo científico, é baseada em pesquisa documental,
com base para as argumentações e informações sobre o tema.
30
O artigo foi desenvolvido através de levantamento bibliográfico sobre o assunto
abordado, que foram fundamentais para a sua elaboração. Além de leitura de
publicações, fontes de notícias no Brasil e no exterior, e de informações em câmaras
de comércio da União Europeia e China, visto que o governo Chinês não tem
disponibilizado muitos detalhes sobre a Nova Rota da Seda.
CONCLUSÃO
O objetivo deste estudo era analisar e compreender os ganhos de competitividade
da Nova Rota da Seda recriada pela China, além de analisar se o projeto Chinês é
uma tentativa de aumentar a competitividade, criar um grande circuito, permitindo o
31
intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre estas regiões, ou
se há algo mais por trás do desejo da China em recriar a antiga Rota da Seda.
A teoria Halford John Mackinder apresentada em 1904, apontava que o poderio
naval, principalmente britânico, havia chegado ao fim, pois durante vários séculos,
países se desenvolveram por meio de transporte marítimo, tanto para fins
comerciais como para fins de segurança, e obtiveram a supremacia nas relações de
força no mundo. O controle dos mares havia proporcionado, indiscutivelmente,
prosperidade e segurança à Europa. A sua teoria mostrava que o estado que
conseguisse controlar a maior massa de terra do planeta, teria soberania sobre os
outros povos, estende do rio Volga na Rússia ao Yangtze, na China, e do Himalaia
ao Ártico. Tal região possui uma grande quantidade e diversidade de recursos
naturais, além de grandes reservas petrolíferas, visto que o petróleo passou a ser a
maior fonte de energia.
A questão energética sempre esteve inserida no contexto de geopolítica independe
do tipo de recurso, pois ela automaticamente estaria associada a segurança
nacional. Desta forma, podemos então, compreender o porquê de constantes
conflitos por busca de energia, no caso petróleo, estabelecidos ao longo do século
XX e XXI na região do Oriente Médio, geralmente comandados pelos Estados
Unidos da América e pela Grã-Bretanha, sempre a fim de manter a sua supremacia
e segurança nacional.
Ao final do século XX, a China começou a ganhar destaque na economia mundial,
por se tornar o polo de produção do mundo, em diversos segmentos como calçados,
vestuários, peças, placas, cabos, plásticos, embalagens etc. enquanto o ocidente
passou a ficar com o desenvolvimento de novas tecnologias. Com o passar do
tempo, a China passou a investir em produtos, primeiramente com copias com
qualidade inferior, mas de aspecto parecido aos originais europeus e norte-
americanos; e recentemente, início do século XXI, a China já consegue competir no
mercado global em várias categorias, colocando em cheque a qualidade Euro-
Americana. É possível afirmar, então, que o governo chinês perseguiu uma
estratégia voltada a implementar inovações tecnológicas, além de fortes
investimentos em educação e patentes, fazendo com que nas últimas três décadas
(final do século XX e início do século XXI), a economia chinesa apresentasse um
crescimento próximo dos 10% ao ano, passando a assumir a posição de segunda
maior economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos ao final dos anos 2000.
Além do espantoso crescimento chinês, a China tem apresentado nos últimos anos
megaprojetos ao redor do mundo, estima-se que a China deverá investir fora de seu
território cerca de US$ 1.2 trilhão de dólares na próxima década, estes projetos
incluem principalmente o Sudeste Asiático, Ásia Central, África e América do Sul.
O atual presidente Xi Jinping, anunciou em 2013, durante uma conferência, o
Cinturão Econômico da Rota da Seda, que tem como objetivo “recriar” a antiga Rota
da Seda, uma alusão as antigas rotas comerciais que ligavam a China ao Oriente
Médio e a Europa que foram estabelecidas no século IV a.C. É uma tentativa de
criar um grande circuito que se estende por três continentes, permitindo o
intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre as regiões. O
projeto chinês pretende estabelecer uma infraestrutura em grande escala, através de
32
uma malha ferroviária de trens de alta velocidade, estradas, redes elétricas, cabos
de fibra óptica, sistemas de telecomunicações, oleodutos e gasodutos, a fim de obter
por vias comerciais a estabilidade de seu governo e expansão de novos negócios. A
Nova Rota da Seda trará um grande ganho de competitividade à China, já que os
produtos chineses chegarão ao mercado europeu em apenas 11 dias, em relação as
rotas marítimas que levam em torno de 20 a 40 dias, além de ganho de tempo para
escoar a produção a China conseguirá aumentar seus laços com países vizinhos.
Todo o conjunto de ações quando observado em perspectiva, fica claro uma linha de
estratégia muito bem articulada, com profundo conhecimento das forças e fraquezas
do qual a China se aproxima e a pauta de negociações que tem colocado nos
acordos globais. Com discurso, essencialmente, econômico a China aos poucos tem
projetado seu poder de maneira não visto anteriormente pelo ocidente.
Pode-se concluir então, que o objetivo do Estado Chinês em recriar a Nova Rota da
Seda não é apenas um ganho de competitividade no cenário econômico global, mas
sim um processo de Inteligência Competitiva existente não apenas na esfera
governamental, mas também intitulada nas empresas locais, a fim de poder manter
uma projeção das empresas no cenário global, uma supremacia regional, segurança
nacional e contenção de sua população.
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34
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economic-corridor-150420192503174.html>. Acesso em 21 de abril 2015.
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ambiciona-poder-global-com-nova-rota-da-seda.shtml>. Acesso em 19 de maio 2015.
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expande-influencia-com-projeto-de-us-46-bilhoes-no-paquistao.shtml>. Acesso em 24 de
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mundo-novamente-mas-nova-rota-da-seda-enfrenta-obstaculos.htm>. Acesso em 19 de
maio 2015.
36
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Acesso em 20 de maio 2015.
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setores. Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2015/03/27/china-e-
cazaquistao-assinam-30-acordos-de-cooperacao-em-diversos-setores.htm>. Acesso em 25
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YULE, Henry – The Book of Ser Marco Polo. London, 1871, vol. I.
ZHANG, R. Y. Review of theoretical and empirical research of China’s national
innovation system. 2008.
ANEXO 1
37
Amount % of total imports
1 Eletronic equipment $425.1 billion 21.7%
2 Oil $316.7 billion 16.1%
3 Machines, engines, pumps $179.6 billion 9.2%
4 Ores, slag, ash $136 billion 6.9%
5 Medical, technical equipment $105.8 billion 5.4%
6 Vehicles $89.5 billion 4.6%
7 Plastics $75.2 billion 3.8%
8 Organic chemicals $60.6 billion 3.1%
9 Copper $47.5 billion 2.4%
10 Oil seed $45.9 billion 2.3%
Amount % of total exports
1 Eletronic equipment $517 billion 24.4%
2 Machines, engines, pumps $400.9 billion 17.7%
3 Furniture, lights, signs $93.4 billion 4%
4 Knit or crochet clothes $92 billion 3.9%
5 Clothing (not knit or crochet) $81.5 billion 3.5%
6 Medical, technical equipment $81.5 billion 3.2%
7 Plastics $66.8 billion 2.9%
8 Vehicles $64.2 billion 2.7%
9 Gems, precious metals, coins $63.2 billion 2.7%
10 Iron or steel products $60.7 billion 2.6%
China Imports from the World - 2014
Product
China Exports to the World - 2014
Product
Fonte: INTERNATIONAL TRADE CENTER, Trade Map, 2014. World’s Richest Countries.
<http://www.worldsrichestcountries.com/top_china_imports.html>
ANEXO 2
38
Fonte: A Folha de São Paulo, 2015.
ANEXO 3
39
O provável mapa de Marco Polo
Fonte: YULE, Henry – The Book of Ser Marco Polo. London, 1871, vol. I.
ANEXO 4
40
Mapa da rota de exploração de Marco Polo no século XIII
FONTE: Encyclopaedia Britannica, 1998
ANEXO 5
41
Densidade populacional da China e Índia.
Fonte: Strategic Forecasting, INC, 2008.
42
ANEXO A
Termo de Compromisso
Eu, Allyson Chiarini de Faria aluno regularmente matriculado no Curso de
Inteligência Competitiva do Programa Pós-Graduação da Business School São
Paulo, declaro que o conteúdo do projeto final intitulado: A Nova Rota da Seda e os
Ganhos de Competitividade da China é autêntico, original, e de minha autoria
exclusiva. As obras consultadas e as transcrições dos textos de apoio foram
devidamente citadas e referenciadas.
Estou ciente de que, por ocasião da entrega do trabalho ou a qualquer tempo, caso
o mesmo seja caracterizado como plágio total ou parcial, estarei reprovado (a), sem
direito à revisão de notas, e sujeito (a) às sanções previstas por lei.
São Paulo, 04 de dezembro de 2015
________________________________
Nome: Allyson Chiarini de Faria
Matricula nº: 20703173
RG: M7125892
43

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A Nova Rota da Seda e o ganho de competitividade da China

  • 1. BSP BUSINESS SCHOOL SÃO PAULO LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES INTELIGÊNCIA COMPETITIVA ALLYSON CHIARINI DE FARIA A NOVA ROTA DA SEDA E O GANHO DE COMPETITIVIDADE DA CHINA SÃO PAULO 2015 1
  • 2. BSP BUSINESS SCHOOL SÃO PAULO LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES INTELIGÊNCIA COMPETITIVA ALLYSON CHIARINI DE FARIA A NOVA ROTA DA SEDA E O GANHO DE COMPETITIVIDADE DA CHINA Trabalho de Conclusão de Curso, Artigo Científico, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Programa de Pós-Graduação em Inteligência Competitiva da Business School São Paulo - BSP. Orientadora: Profa. Dra. Mônica Desiderio SÃO PAULO 2015 2
  • 3. FOLHA DE APROVAÇÃO ALLYSON CHIARINI DE FARIA A NOVA ROTA DA SEDA E O GANHO DE COMPETITIVIDADE DA CHINA Trabalho de Conclusão de Curso, Artigo Científico, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Programa de Pós-Graduação em Inteligência Competitiva da Business School São Paulo - BSP. COMISSÃO EXAMINADORA ___________________________________________________________________ Profa. Dra. Mônica Desiderio Orientadora BSP Business School São Paulo ___________________________________________________________________ Profa. MSc. Leila Rabello de Oliveira Coordenação dos Projetos Finais BSP Business School São Paulo ___________________________________________________________________ Profa. Dra. Monica Sabino Hasner Coordenação Geral de Cursos BSP Business School São Paulo São Paulo, 18 de dezembro de 2015. 3
  • 4. Dedico a minha família, amigos e especialmente a Marco Nadal que me apoiou ao longo deste ano. AGRADECIMENTOS 4
  • 5. Aos meus pais e irmãos, por sempre incentivarem e ao meu querido Marco Antônio Nadal, por apoiar em minhas decisões A orientadora professora doutora Mônica Desiderio pela orientação e estímulo, e pelas infinitas contribuições. Aos colegas de turma de Inteligência Competitiva da BSP – Business School São Paulo. 5
  • 6. “Se a gente cresce com os golpes duro da vida, também podemos crescer com os toques suaves da alma” Cora Coralina, 1889 – 1985 RESUMO 6
  • 7. Este artigo tem como escopo avaliar, os desafios da Nova Rota da Seda, proposto pelo atual presidente chinês, Xi Jinping, e os ganhos de competitividade para o mercado chinês, através de análise de uma pesquisa documental e de levantamento bibliográfico sobre o assunto; desta forma poderemos compreender melhor se a criação do cinturão econômico é uma tentativa de criar um grande circuito permitindo o intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre regiões, ou há algo mais por trás do desejo da China em recriar a antiga Rota da Seda. Palavras-chave: Rota da Seda, China, Competitividade. 7
  • 8. ABSTRACT This projet has the objective to evaluate the challenges of the New Silk Road, proposed by the current Chinese presidente, Xi Jinping, and its competitiveness gains for the Chinese Market, through analysis and literature research on the subject; this way we can better understand if the creation of the economic belt is an attempt to create a large loop allowing the exchange of goods, and technology development between regions, or if there is something behind China's desire to recreate the ancient Silk Road Key words: Silk Road, China, Competitive. 8
  • 9. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 1. CONCEITOS DE GEOPOLÍTICA 11 1.1 GEOPOLÍTICA, ENERGIA, E A IMPORTÂNCIA DO ORIENTE MÉDIO 12 1.2 UMA FACETA DA ESTRATÉGIA DA CHINA, À LUZ DA INTELIGÊNCIA COMPETITIVA 13 2 A “REEMERGENCIA” DA CHINA COMO POTÊNCIA 17 2.1CHINA EM NÚMEROS 19 3 O “RESSURGIMENTO” DA ROTA DA SEDA 22 3.1 HISTÓRIA DA ANTIGA ROTA DA SEDA 26 3.2 ALIANÇAS, INVESTIMENTOS, DESENVOLVIMENTOS E PERSPECTIVAS AO LONGO DA NOVA ROTA DA SEDA 27 3.3.1 ALIANÇA CHINA E RÚSSIA 28 3.3.2 ALIANÇA CHINA E SUDESTE ASIÁTICO 29 3.3.3 ALIANÇA CHINA E ÁSIA CENTRAL 29 METODOLOGIA 31 CONCLUSÃO 32 REFERÊNCIAS 34 ANEXOS 38 9
  • 10. INTRODUÇÃO Em 2013 o atual presidente chinês, Xi Jinping, anunciou o cinturão econômico da Nova Rota da Seda, que tem como tem como objetivo “recriar” as antigas rotas comerciais que ligavam a China ao Oriente Médio e a Europa que foram estabelecidas no século IV a.C.; fazendo uma alusão a antiga rota da seda, desenvolvida por Marco Polo no século XIII. O desenvolvimento desde grande circuito que se estende por três continentes, permitirá o intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre estas regiões, além do ganho de competitividade chinês ao escoar sua produção para o resto do mundo. O objetivo deste estudo é analisar e compreender os ganhos de competitividade da Nova Rota da Seda recriada pela China. Analisar se o projeto Chinês é uma tentativa de criar um grande circuito, permitindo o intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre estas regiões, ou se há algo mais por trás do desejo da China em recriar a antiga Rota da Seda, tendo como pano de fundo um olhar de inteligência competitiva. É importante entendermos e sabermos o que há por trás do movimento da China em revitalizar a Nova Rota da Seda, e qual será sua contribuição para o futuro do comércio e intercâmbio de mercadorias e informações. Este estudo visa compreender os ganhos de competitividade chinês no mercado internacional, para utilização de exemplos na melhoria da competitividade brasileira no cenário internacional. A criação do cinturão econômico é uma tentativa de criar um grande circuito que se estende por três continentes, permitindo o intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre estas regiões, ou há algo mais por trás do desejo da China em recriar a antiga Rota da Seda? É simplesmente um mover-se para combater a grande influência e poder russo ou a China também têm interesses reais e comerciais e tangíveis para defender em Ásia Central? Para se compreender a estratégia chinesa de desenvolvimento, e principalmente a opção pela Nova Rota da Seda, ao longo do primeiro capítulo passaremos por conceitos de geopolítica, “Heartland” e a importância da Eurásia. No segundo capítulo tentaremos compreender a reemergência da China como potência e entender o que está por trás da Nova Rota da Seda, avaliando alguns dados históricos e também análise de alguns investimentos que o país tem realizado para sua economia local. Finalmente no terceiro capítulo será apresentado os megaprojetos ao redor do mundo de infraestrutura transnacional, para compreender melhor a Nova Rota da Seda, além de investimentos e acordos econômicos realizados com países no sudeste Asiático e Ásia Central. De maneira transversal essa análise também será abordada pela literatura de inteligência competitiva. 10
  • 11. 1 CONCEITOS DE GEOPOLÍTICA Para se compreender uma das facetas da estratégia chinesa de desenvolvimento, e principalmente a opção pela Nova Rota da Seda, objeto deste artigo a ser tratada na próxima sessão, é fundamental passar pelos conceitos de geopolítica, “Heartland” e a importância da Eurásia. No começo do século XX o teórico Halford John Mackinder desenvolveu o conceito do “heartland”, que significa “coração da terra”. Este conceito aponta que o estado que conseguir controlar a maior massa de terra do planeta, teria soberania sobre os outros povos. Mackinder citou a “heartland” como uma faixa territorial que abrange os dois continentes Europa e Ásia ou a Euro-Ásia. A “Heartland” estava no centro da ilha mundo, que se estende do Volga ao Yangtze e do Himalaia ao Ártico. A “Heartland” de Mackinder foi a área, então governada pelo Império Russo e depois disso pela União Soviética (figura 1). O conceito de “Heartland” inclui a noção de que esta é uma vasta região com grande quantidade e diversidade de recursos naturais, que vão das grandes florestas e grandes planícies e estepes do centro da Eurásia, até os ricos campos ucranianos e as grandes reservas petrolíferas do Mar Cáspio. Figura 1: Mapa da "Teoria Heartland", conforme publicado por Mackinder em 1904. FONTE: Mackinder, H.J. The Geographical Pivot of History – The Geographical Journal, Vol. 23, No. 4, p. 435 (ano 1904). A partir de sua teoria Mackinder apresentou em 1904 que a supremacia do poder naval havia chegado ao fim no começo do século XX. Durante muitos séculos, países e estados que desenvolveram o meio de transporte marítimo, tanto para fins comerciais como para fins de segurança, obtiveram a supremacia nas relações de força no mundo. Em relação a Europa, o domínio sob o resto do mundo deu-se ao desenvolvimento tecnológico naval, iniciados por Espanha e Portugal, mas 11
  • 12. consagrado pela França e principalmente Grã-Bretanha. O controle dos mares havia proporcionado indiscutível prosperidade e segurança a região. A teoria Heartland foi tomada pela escola alemã de geopolítica, em particular pelo seu principal proponente Karl Haushofer. A escola alemã “Geopolitik” mais tarde foi abraçada pelo regime nazista alemão na década de 1930. A interpretação alemã da teoria Heartland é referido explicitamente (sem mencionar a conexão com Mackinder) em “The Nazis Strike”, o segundo de Frank Capra de "Why We Fight" série de filmes de propaganda americana da Segunda Guerra Mundial (CAPRA, 1943). Contudo, em sua tese, Mackinder, aponta que as mudanças tecnológicas provenientes do desenvolvimento do motor à óleo e das ferrovias transcontinentais, que se fizeram presentes no final do século 19 e início do século 20, proporcionaram a mobilidade terrestre dentro de grandes massas territoriais – e esse fator começaria a alterar, a partir do século XX, as dimensões dos conflitos armados (FIANI, 2015). Durante os séculos anteriores até o século XIX, quem obtivesse controle dos mares, conseguiria controlar o planeta; contudo esta fase havia terminado, e estaríamos entrando em uma nova era, a supremacia terrestre; onde quem controlasse o centro desta grande massa de terra dominaria o planeta – o centro da maior massa terrestre é a Ásia Central e o Oriente Médio (figura 2). Figura 2: apresenta o mapa global, com a maior massa de terra sendo a Euro-Ásia e o seu centro (coração), a Ásia Central e o Oriente-Médio. FONTE: NASA, 2010 e desenvolvimento do autor. 1.1 GEOPOLÍTICA, ENERGIA E A IMPORTÂNCIA DO ORIENTE MÉDIO Segundo o professor do instituto de Economia da Universidade do Rio de Janeiro – UFRJ, Ronaldo Fiani (2015), a energia é uma questão geopolítica e não pode ser avaliada de forma isolada. Até o começo do século XX a frota naval da Grã-Bretanha (maior potência econômica e bélica até então) era movida a carvão, o que demandava muitos recursos e não poderiam ser abastecidos em alto-mar, além disso, a marinha 12
  • 13. britânica muitas vezes necessitava ocupar seu exército com funções não relacionadas à segurança e proteção. Houve, nesta época, uma evolução para que os motores passassem a ser movidos a óleo, pois desta forma demandaria menos recursos e poderiam ser abastecidos em alto-mar, aumentando assim a mobilidade e expansão para a marinha britânica, contudo a Grã-Bretanha não possuía reservas de petróleo em seu território (FIANI, 2015). O petróleo inicialmente foi encontrado na Ásia-Central e depois no Oriente-Médio; o que fez com que a Inglaterra fosse buscar este recurso nos países desta região. Isso cria os conflitos geopolíticos por energia, coordenados pela Grã-Bretanha e depois pelos EUA, pois ao cortar as fontes de suprimento de energia, rapidamente as máquinas de guerra são paradas. A questão energética sempre estará inserida no contexto geopolítico independe do tipo de recurso, pois ela automaticamente estará associada a segurança nacional (FIANI, 2015). Podemos então, compreender o porquê de constantes conflitos por busca de energia, no caso petróleo, estabelecidos ao longo do século XX e século XXI na região do Oriente Médio, geralmente comandados pelos Estados Unidos da América e pela Grã-Bretanha, sempre a fim de manter a sua soberania, supremacia e segurança nacional. Além disso, a região da Ásia Central como diz Fiani (2015), é um mosaico de culturas, controlar politicamente esta região é praticamente impossível, como tem feito os Estados Unidos e a Inglaterra e não tem surtido efeito. Diferentemente dos líderes anteriores a China vem criando laços econômicos com a região da Ásia Central, a fim de obter controle da região da Ásia Central por vias econômicas, o que o Ocidente não conseguiu, iremos discutir em breve. 1.2 UMA FACETA DA ESTRATÉGIA DA CHINA, À LUZ DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Nas últimas três décadas (final do século XX e início do século XXI), a economia chinesa apresentou um crescimento acima do esperado, chegando a crescer próximo dos 10% ao ano, e já no final dos anos 2000 passou a assumir a posição de segunda maior economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Um dos principais pontos neste período foi o grande desenvolvimento da economia externa e alianças propostas pela China. (SANTOS, 2013) Este crescimento rápido do país asiático assustou mercados maduros como alguns países da comunidade europeia como a Alemanha, Inglaterra e a França; além de outros países ao redor do mundo, como os denominados tigres asiáticos; uma vez que o crescimento econômico da China é calcado em produção em escala mundial e exportações, colocando-se assim como uma grande competidora em vários segmentos como têxtil, peças, metais acabados, manufaturas, componentes eletrônicos e até automóveis. (SANTOS, 2013). A partir do ano de 1978, o então presidente chinês Deng Xiaoping, desenvolveu uma abertura e reforma econômica no país, que até então havia tentado adotar um modelo comunista similar a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), com eliminação da propriedade privada e implementação de uma 13
  • 14. estrutura de uma economia autossuficiente e fechada. O processo de desindustrialização chinês deu-se entre as décadas de 40 e 70 do século XX, este movimento criou um impacto negativo na produção nacional. Já entre os anos de 1978 e 2010 a China apresentou um grande crescimento econômico. A participação e representatividade chinesa no mercado mundial que era de 0,75% em 1978, chegou a ultrapassar 10% nos anos 2000, entretanto sua renda per capita ainda não é bem valorizada, ocupando posição acima de 90º país no ranking mundial. (SANTOS, 2013; CUNHA, 2012). O crescimento das exportações proporcionou um elevado crescimento de importações para o mercado chinês, fazendo com que a China tornasse o maior importador do mundo em 2014 (anexo 1). As importações chinesas concentram-se em produtos intermediários, que são necessários para o funcionamento da indústria local. Desta forma o governo chinês pode acelerar o desenvolvimento de sua indústria interna com importações de maquinários, peças e equipamentos e também o aumento de capital intelectual. Em 2014 o destino de investimento da China foram os Estados Unidos com 14 bilhões de dólares, Austrália e Paquistão com 7 bilhões de dólares, Guiné 6 bilhões, Cazaquistão e Rússia aproximadamente 5 bilhões de dólares. Entre os anos de 2005 e 2013 a China investiu um total de 63.6 bilhões de dólares nos Estados Unidos, 59.6 bilhões na Austrália, 37,8 bilhões no Canadá e 32 bilhões de dólares no Brasil. Além disso, o World Bank International Benchmark Study (2012) apontou que a China tem investido em educação fortemente, crescendo em 14% (gráfico 1) o número de matriculados em cursos na área de tecnologia, e ocupando a posição de número um em números de matriculados em graduação, mestrado e doutorado, à frente da Rússia, Índia e EUA. Gráfico 1: Percentual de alunos matriculados em cursos da área de Tecnologia em relação ao total de alunos matriculados em curso superior. Brasil: Apenas cursos de Engenharia e pós-graduação somente Stricto Sensu. INEP, 2010. Fonte: World Bank International Benchmarking Study, 2012. 14
  • 15. Gráfico 2: Número de matriculados em cursos de Graduação, Mestrados e Doutorados da área de Tecnologia (calculados em função de percentuais do World Bank). Brasil: Apenas cursos de Engenharia e pós-graduação somente stricto sensu. INEP, 2010. Fonte: Baseado em dados do World Bank International Benchmarking Study, 2012. Entre os anos de 2000 e 2011 a China conseguiu dar um salto muito grande em números de publicações científicas (gráfico 3), saindo de um patamar de 6 mil publicações anuais para mais de 30 mil publicações em 2011, colocando-a em segundo lugar, atrás apenas dos EUA, e o número pedidos de patentes depositados neste país também pode observar que houve um grande salta saindo de aproximadamente 1.300 patentes em 2000 para mais de 60 mil patentes registradas em 2010 (gráfico 4), tornando-se o país com maior números de patentes registradas, a frente dos EUA e do Japão com 11.905 patentes e 7.332 patentes respectivamente registradas. Gráfico 3: Número de Artigos publicados na área de Engenharia em 2000 a 2010. FONTE: World Bank International Benchmarking Study, 2012 que baseou-se em Thomson Reuters Web of Science (included database: SCI-EXPANDED, SSCI, A&HCI) 15
  • 16. Gráfico 4: Número de Patentes registradas na área de Engenharia em 2000 e 2010. FONTE: World Bank International Benchmarking Study, 2012 que baseou-se em Thomson Reuters Web of Science (included databases: SCI-EXPANDED, SSCI, A&HCI). A China apresenta, nos dias atuais, uma importância significativa tendo em vista as intensas mudanças estruturais que transformam e afetam significativamente a economia e a sociedade global e local. A obtenção de taxas de crescimento de dois dígitos por trinta anos e a inclusão, na sociedade de consumo, de centenas de milhões de chineses têm trazido um impacto tanto na organização da sociedade chinesa quanto nas possibilidades de continuidade do modelo de produção e consumo característico da economia global desde a primeira metade do século XX. O papel do Estado – e do Partido Comunista Chinês (PCC) – nesse processo é de importância sem precedentes. Tudo que ocorre na China é, em grande medida, resultado da atuação do Estado. O poder político permanece fortemente concentrado, e a capacidade administrativa do aparelho estatal cresce e se adapta tão velozmente quanto as transformações econômicas ocorrem (CASSIOLATO, 2013, p.66). O mesmo princípio se aplica ao Estado Chinês, quando o conjunto das ações é observado em perspectiva, nota-se uma clara linha de estratégia muito bem articulada, com profundo conhecimento das forças e fraquezas do qual a China se aproxima e a pauta de negociações que coloca na mesa de cada um de maneira customizada. Com discurso essencialmente econômico a China aos poucos projeta seu poder de maneira nunca visto no ocidente a partir do excepcional conhecimento sobre seus interlocutores. A inteligência competitiva está se desenvolvendo rapidamente na China devido ao crescente nível de concorrência no mercado internacional. Em termos de prática a inteligência competitiva no Japão e nos EUA é mais desenvolvida do que na China, embora a China continua a dedicar cada vez mais atenção e recursos para esta área. Os tomadores de decisão em empresas multinacionais, que competem na China ou com empresas que originam lá, têm utilizados técnicas competitivas para se imporem no mercado internacional. O desenvolvimento da China possui características distintas do desenvolvimento do ocidente, ela apresenta nos dias de hoje, grande importância ao cenário político e econômico, no próximo capítulo iremos abordar como a China voltou a reemergir como potência no cenário econômico global a partir do século XXI. 2 A “REEMERGÊNCIA” DA CHINA COMO POTÊNCIA 16
  • 17. Para compreender a reemergência da China como potência e entender o que está por trás da Nova Rota da Seda, precisaremos avaliar alguns dados históricos e também analisar alguns investimentos que o país tem realizado para sua economia local. O desenvolvimento da China possui características distintas do desenvolvimento e política do ocidente. A China apresenta, nos dias atuais, uma grande importância no cenário político e econômico, tendo em vista as intensas mudanças estruturais que transformam e afetam consideravelmente a economia e a sociedade local e influenciam fortemente as políticas globais. A inclusão na sociedade de consumo, de milhares de chineses, em tempo curto, tem trazido um impacto tanto na gestão da sociedade local, quanto nas possibilidades de continuidade do modelo de produção e consumo característico da economia global desde a primeira metade do século XX (PODICAMENI, 2015). Até a segunda metade do século XIX, a China desenvolveu-se fora do mundo eurocêntrico e só se transformou num “estado nacional” depois de 1912, e numa “economia capitalista” no final do século XX. Mas na verdade, a China tem muito pouco a ver com os pequenos estados nacionais originários da Europa, e é de fato um “estado-civilização” que não possui sociedade civil nem conhece o princípio da “soberania popular”. (FIORI, 2013). A entendimento de qualquer fenômeno que ocorra na China, atualmente e em especial as políticas implementadas nas últimas décadas, é dificultada pelas características extremamente particulares deste país. Sua população ultrapassa um quinto do total mundial; é o terceiro maior país do mundo em extensão territorial; apresenta uma das culturas mais antigas da humanidade, com 4 mil anos de história; além disso possui uma estrutura social complexa, desigual, ainda predominantemente rural, além de um regime político que persiste com o rótulo do comunismo (PODICAMENI, 2015). A China nunca impôs uma religião oficial a seu povo e também nunca dividiu o poder imperial e burocrático com nenhuma outra instituição seja ela religiosa, nobreza ou classe econômica, como pode ser visto comumente na Europa. Durante séculos o grande império chinês foi orquestrado por um mandarinato meritocrático e homogêneo, que acabou se consolidando durante a dinastia Ming (século XIV – XVII), e que sempre esteve baseada em princípios morais de Confúcio (séc. V a.C.), tendo como veia a virtude e compromissos éticos dos governantes e da civilização local (FIORI, 2013). Aos olhos do Ocidente, este “modelo chinês” é autoritário e inflexível e está condenado à esclerose e à paralisia decisória, como ocorreu com o estado e o governo soviético. No entanto, contra todas as expectativas, o estado chinês tem demonstrado uma extraordinária capacidade de se autocorrigir e de se reinventar, sem apresentar até hoje nenhuma tendência ou necessidade de se transformar numa democracia eletiva e multipartidária (FIORI, 2013). Ao final do século XX a China passou a tomar destaque na economia mundial por se tornar o centro de produção do mundo, ou seja, as empresas ocidentais passaram a terceirizar sua produção em território chinês como calçados, vestuários, peças, placas, cabos, plásticos, embalagens etc. e o ocidente ficou com o desenvolvimento 17
  • 18. de novas tecnologias. Com o passar do tempo a China passou a copiar produtos e marcas consagradas no ocidente, com qualidade inferior, mas de aspecto parecido com os originais europeus e norte-americanos. Durante os últimos 30 anos aproximadamente, a China apenas copiou o ocidente, e hoje, a China já consegue competir com o mercado global em várias categorias, colocando em cheque a produção Euro-Americana. No início do século XXI a China passou a tomar destaque em alguns segmentos como automobilístico com algumas marcas como JAC Motors, Lifan e Chery e tem entrado em mercados menos competitivos como Ásia Central, Oriente Médio e África; e também passou a desenvolver tecnologia como grandes empresas no cenário global, sendo elas Lenovo (líder global em tabletes e computadores pessoais); Baidu (o “Google” Chinês); Huawei (redes e telecomunicação) e a Xiaomi (a “Apple” da China). As grandes empresas privadas são em sua maioria públicas e vinculadas diretamente ou indiretamente com o poder militar chinês. Pode-se destacar duas gigantes das telecomunicações, como a Huawei, que tem ligações diretas com o complexo industrial militar chinês, e a ZTE, criada em 1985 por um grupo de empresas estatais do Ministério da Indústria da Aviação da China. Ambas são também spin-offs de universidades locais, como a Lenovo, que conseguiu explodir no cenário global após a compra da divisão de computadores pessoais da americana IBM, em meados da década dos anos 2000. Ainda hoje, mais de 40% do capital da Lenovo é da Legend Holdings Ltd. (da Chinese Academy of Sciences). Outras grandes empresas como a Chery, é uma das principais empresas do setor automobilístico (propriedade do governo local de Wuhu); e a Hafei, da ASIC, empresa estatal (CASSIOLATO, 2013). A principal estratégia de todas essas empresas foi a de não concorrer diretamente com as líderes de tecnologias globais, via inovações radicais. Todas focaram a sua estratégia, em engenharia reversa e licenciamento; posteriormente, desenvolveram tecnologia e inovação para o mercado local; somente depois, ingressaram no mercado global, através de aquisições e expansões. Desta forma apresentaram, inicialmente gastos modestos em pesquisas e desenvolvimento, em seguida, investimentos em tecnologia, e implantação de centros de pesquisas em outros países. A Lenovo tem atualmente centros de pesquisas e desenvolvimento nos Estados Unidos, Japão e China, e a Huawei já possui cinco centros de pesquisas e desenvolvimentos no exterior (CASSIOLATO, 2013), da mesma maneira que existe um processo de inteligência competitiva em nível nacional, existe também no processo de crescimento e projeção das empresas no cenário global. O Estado, governo Chinês e o do Partido Comunista – têm tido um papel importante nesse processo sem precedentes. Tudo o que acontece na China é, em grande medida, resultado da atuação do Estado. O poder político permanece fortemente concentrado, e a capacidade administrativa do aparelho estatal cresce e se adapta tão velozmente quanto as transformações econômicas ocorrem (PODICAMENI, 2015). Tal característica não se restringe ao modelo político atual e também não é novidade. De fato, a China já poderia ser considerada um país industrializado no 18
  • 19. século XIII e, ao longo dos séculos, tem tido uma visão de si própria como uma verdadeira nação. Durante a maior parte de sua história, o país caracterizou-se por ter um forte poder central e foi governado como uma autêntica unidade política. Por exemplo, a reunificação do início do século XX significou, na prática, uma recentralização do poder e da autoridade, e os líderes da Revolução Comunista de meados deste século percebiam as ideias de federalismo como sinônimo de feudalismo. A história demonstra que, por milênios, a China tem tido um mercado nacional; um governo único e ativo na manutenção da oferta de alimentos e controle de preços; uma linguagem escrita padronizada; um calendário uniforme; um sistema de pesos e medidas definido; um código de conduta dominante, baseado em Confúcio; e os mecanismos próprios para mobilidade social e migração inter-regional (Deng, 2000). Além de alocar recursos a programas voltados ao desenvolvimento tecnológico e à inovação, o governo chinês sabe definir áreas e atividades estratégicas. Em um primeiro momento, a indústria aeroespacial foi enfatizada, contudo ao longo da última década, a política centrou-se na perseguição de trajetórias tecnológicas específicas, longe daquelas pretendidas pelos países mais avançados. Estas políticas destacam as tecnologias voltadas a um novo paradigma tecnológico, baseado em um uso menos intensivo de recursos naturais, mesmo que não se limitem a ele. Talvez, porém, a maior contribuição da nova estratégia chinesa seja voltar o centro das suas preocupações tecnológicas a uma inovação autóctone, dedicada ao mercado local (PODICAMENI, 2015). 2.1 CHINA EM NÚMEROS Como dito anteriormente no capítulo 1.2 a China cresceu exponencialmente nas últimas décadas, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a China é o segundo país mais rico do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente US$ 10.4 trilhões de dólares em 2014, atrás apenas dos Estados Unidos da América que possui um PIB de US$17.4 trilhões de dólares. Em 2014, a China comprou US$ 1.962 trilhões de dólares em produtos do mundo, um crescimento de 40,6% desde 2010 (tabela 1) (Figura 3), pouco atrás dos Estados Unidos com um volume de importações de US$ 2.34 trilhões de dólares, segundo o Internacional Trade Center. TOP 10 produtos importados pela China em 2014 1. Eletronic equipment (equipamento eletrônico) $ 425.1 B. 21.7% do total de importações 2. Oil (óleo) $ 316.7 B. 16.1% 3. Machine, engines, pumps (máquinas, motores, bombas) $ 179.6 B 9.2% 4. Ores, slag, ash (minérios) $ 136 B 6.9% 5. Medical, technical equipamento (equipamentos médicos) $ 105.8 B 5.4% 6. Vehicles (veículos) $ 89.5 B 4.6% 19
  • 20. 7. Plastics (plástico) $ 75.2 B 3.8% 8. Organic chemicals (química orgânica) $ 60.6 B 3.1% 9. Copper (cobre) $ 47.5 B 2.4% 10. Oil seed (óleo de semente) $ 45.9 B 2.3% Tabela 1 – Lista de produtos importados pela China em 2014 Fonte: Trade Map, International Trade Center: www.intracen.org/marketanalysis A figura abaixo apresenta as exportações mundiais para a China, e os principais aliados econômicos dos chineses. Hoje, 21.7% do total de importações feitas pela China são de equipamentos eletrônicos, seguido de Petróleo com 16.1%, e suas exportações ultrapassam os 500 bilhões de dólares em equipamentos eletrônicos manufaturados ocupando 24.4% de sua balança comercial e mais de 400 bilhões em máquinas, motores e bombas, representando 17.7% do total de suas exportações (vide anexo 1). Ao tentar avaliar os resultados chineses, nota-se uma alta porcentagem de produtos de alta tecnologia, no total de manufaturados exportados, aumentou rapidamente: passando de 5% aproximadamente, em 1990 para algo em torno de 30%, em 2011 (Banco Mundial). Além disso, atualmente a China é o maior exportador do mundo em tecnologias de comunicação e informação – Organisation for Economic Co- operation and Development (OECD), fazendo com que torne difícil aos Estados Unidos a entrada em seu mercado desses bens de origem chinesa. As políticas implementadas pelo Estado chinês parecem estar surtindo efeito na economia local e global, e acredita-se que em 2050, a China deverá se tornar líder tecnológico mundial (CASSIOLATO, 2013). Figura 3 – Exportações para China em 2014. Fonte: The Economist, 2015. Após analisar dados históricos e investimentos internos da China, precisamos entender melhor como a Nova Rota da Seda está a ser projetada, versus a antiga Rota da Seda desenvolvida por Marco Polo no século XIII, além das novas alianças em que a China tem desenvolvido com a Rússia, Sudeste Asiático e Ásia Central; assim então iremos aprofundar este estudo sobre o “ressurgimento da Nova Rota da Seda” ao longo do capítulo 3. 20
  • 21. 3 O “RESSURGIMENTO” DA ROTA DA SEDA China tem apresentado nos últimos anos megaprojetos ao redor do mundo de infraestrutura transnacional, para compreender melhor a Nova Rota da Seda, precisamos analisar os investimentos e acordos econômicos realizados pela China recentemente. Estima-se que a China deverá investir fora de seu território cerca de 21
  • 22. US$ 1.2 trilhão de dólares na próxima década, estes projetos incluem principalmente a Ásia Central, África e América do Sul. Em novembro de 2013, foi anunciado pelo, atual presidente Xi Jinping, o Cinturão Econômico da Rota da Seda (Silk Road Economic Belt), que tem como objetivo “recriar” a antiga Rota da Seda, uma alusão as antigas rotas comerciais que ligavam a China ao Oriente Médio e a Europa que foram estabelecidas no século IV a.C.; é uma tentativa de criar um grande circuito que se estende por três continentes, permitindo o intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre estas regiões segundo Marcelo Ninio (2015). O projeto chinês pretende estabelecer uma infraestrutura em grande escala, através de uma malha ferroviária de trens de alta velocidade, estradas, redes elétricas, cabos de fibra óptica, sistemas de telecomunicações, oleodutos, gasodutos etc. Estas estruturas abrirão novos corredores comerciais por terra e por mar – definindo assim a Rota da Seda Marítima (Maritime Silk Road) – por toda a Eurásia, Rota da Seda Terrestre (figura 4, anexo 2). Ela pretende articular, três grandes cinturões (rodoviário, ferroviário e marítimo) que ligarão o polo industrial da China à Europa, passando por pelo menos 21 países e ampliando as conexões com as economias do Leste da Ásia, do Sul da Ásia, da Ásia Central e do Golfo Pérsico. Os portos construídos no Leste da Ásia e no Oceano Índico (Bangladesh, Sri Lanka, Mianmar e Paquistão) serviriam para impulsionar o comércio por mar, bem como desenvolver rotas alternativas ao estreito de Malaca (atualmente dominado pelos EUA, que possui frotas navais ancoradas) e ao conflitivo Mar do Sul da China. A China passa a alavancar, portanto, o papel do país no comércio e nas finanças mundiais (CINTRA; FILHO; PINTO, 2015). Ao contrário de outras ações chinesas, a “recriação” da Rota da Seda é a primeira que apresenta o conjunto das ações, que permite ter uma visão das intenções da China em se desenvolver e expandir seus negócios para a região da “Heartland”, em que Mackinder apresentou em 1904, que a nação que conseguisse controlar a maior massa de terra, teria soberania sobre outros povos. A principal prioridade do governo tem sido garantir o desenvolvimento econômico e estabilidade política em todo território, a fim de conseguir controlar 1.5 bilhão de pessoas, e também à sua política na Ásia Central. Para preservar a integridade territorial, o governo chinês tem lutado contra três fatores para conter a população, o extremismo religioso, separatismo e terrorismo. 22
  • 23. Figura 4 – Rota da Seda Terrestre (em vermelho) e Rota da Seda Marítima (em azu). Fonte: The Diplomat, 2013 - Xinhuanet, 2013. Parte da estratégia do governo chinês implica em promover a exportação de bens produzidos em Xinjiang aos vizinhos da Ásia Central. Considerando-se que 78% das exportações da região já atendem países da Ásia Central como Turcomenistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Cazaquistão, a criação da nova Rota da Seda permitirá a consolidação de centros de exportação de longo prazo na Ásia Central para os bens de Xinjiang, garantindo assim um maior desenvolvimento econômico na região. Além de consolidar a Ásia Central, haverá redução no tempo de exportação para Europa, as mercadorias que viajam para a Europa via rota marítima levam em torno de 20 a 40 dias; em contraste, uma rota de comércio interior de Xinjiang para a Europa Oriental (Ucrânia concordou em construir a Rota da Seda, no seu território, em junho de 2013) é esperado que os produtos chineses possam chegar ao mercado europeu em apenas 11 dias, segundo análise realizada por Camille Brugier (2014). De acordo com o mapa (figura 4) apresentado por Shannon Tiezzi (2014, The Diplomat), o "New Silk Road" ou “A Nova Rota da Seda”, começará em Xi'an, na China central e seguir a oeste através Lanzhou (província de Gansu), Urumqi (Xinjiang), e Khorgos (Xinjiang), que fica perto da fronteira com a Cazaquistão. A Rota da Seda em seguida, segue ao sudoeste da Ásia Central para o norte do Irã antes de entrar nos territórios do Iraque, Síria e Turquia. A partir de Istambul, a Rota da Seda atravessa o Estreito de Bósforo segue a Europa, incluindo Bulgária, Roménia, República Tcheca, Alemanha onde seguirá norte a caminho de Rotterdam, na Holanda; de Rotterdam, o caminho corre ao sul de Veneza, Itália - onde ele se encontra com a Rota da Seda Marítima. Serão quase 8 mil quilômetros de ferrovias (distância que separa Xi'an de Veneza). Ao invés de longas caravanas de camelos, uma ampla malha de ferrovias, estradas, oleodutos e cabos de fibras óticas ocuparão o percurso. 23
  • 24. Já a rota marítima começará em Fuzhou seguindo em direção ao sul, antes de ir para o Estreito de Malaca. A partir de Kuala Lumpur, seguirá para Calcutá, na Índia, em seguida, atravessa o resto do Oceano Índico para Nairobi, Quênia. A partir de Nairobi, a Rota Marítima vai para o norte através do Mar Vermelho para e finalmente o Mediterrâneo, com uma parada em Atenas antes de encontrar a “Nova Rota da Seda” em Veneza. Acredita-se que aproximadamente 50 países serão impactados diretamente com a Nova Rota da Seda (terrestre e marítima) segundo informações levantadas por Ting Shi (2014). O foco da Rota da Seda Marítima é comercial, mas o país está construindo uma forte Marinha para proteger suas rotas de abastecimento independentemente da Marinha americana. O objetivo de longo prazo é exercer controle sobre os mares da China e empurrar a Marinha americana para o Pacífico Ocidental (CINTRA; FILHO; PINTO; 2015). De acordo com Xinhuanet (2014), a Rota da Seda vai trazer “novas oportunidades e um novo futuro” para a China e todos os países ao longo da estrada. O artigo publicado pelo “The Diplomat” prevê uma “área de cooperação econômica e comércio” que se estenderá do Pacífico Ocidental ao Mediterrâneo. A China tem discutido a construção de infraestrutura (especialmente ferrovias e portos) ao longo da rota, desta forma ela passará a ter controle quase que absoluto para desova de seus produtos e controle comercial com os países associados. O grau de importância do desenvolvimento da Nova Rota da Seda para China é grande (figura 5), pois atualmente 90 por cento de sua população concentra-se na faixa leste do país, e a renda per capita acompanha este movimento. Com este gráfico podemos avaliar o foco de Pequim em desenvolver o Oeste do país e os países vizinhos também (anexo 5). No longo prazo, o objetivo da Rota da Seda é extremamente ambicioso e deve promover mudanças radicais para o Oeste chinês e para toda a Ásia Central. Planeja-se criar um amplo conjunto de infraestruturas terrestres (rodovias e trens de alta velocidade) que cheguem até o Oriente Médio e a Europa, cortar alguns milhares de quilômetros da tradicional rota marítima que conecta a costa chinesa e o Ocidente, e, assim, expandir o poderio chinês pela Ásia. O plano conta com um recém-criado braço financeiro para ajudar a financiar as operações, o Asian Infrastructure Investment Bank (Aiib), iniciativa de Pequim, que de saída aportou US$ 40 bilhões no banco (Miller, 2014). 24
  • 25. Figura 5 – Densidade demográfica da China. Fonte: Encyclopædia Britannica, Inc. 2010. De forma contraditória, a diplomacia chinesa – soft power – possui como objetivo principal o estabelecimento de relações estáveis entre os países asiáticos através de acordo econômicos, com as economias emergentes e os países em desenvolvimento. Ela tem buscado implementar medidas que possibilitem a criação de confiança, seja buscando equacionar conflitos de fronteiras, seja intensificando os laços comerciais, por meios de investimentos que explicitem um envolvimento pacífico. Uma diplomacia mais ofensiva se ancora na cooperação para o desenvolvimento, sem condicionalidades; na expansão da infraestrutura nacional ou regional; em facilidades de comércio; e na realização de elevados montantes de investimentos nos países vizinhos, sobretudo, Vietnã, Laos, Camboja, Mianmar, Tailândia e Filipinas. (CINTRA; FILHO; PINTO; 2015). No âmbito da diplomacia, a China está cada vez mais usando fóruns multilaterais para expandir sua influência, especialmente nas relações com países emergentes e em desenvolvimento. Sobressaem-se, em primeiro lugar, os arranjos bilaterais e multilaterais asiáticos. Em segundo lugar, cite-se a coalizão entre os países- membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) (desde 2008), que governam cerca de 3 bilhões de habitantes, quase metade da população mundial, e cujo PIB supera US$ 29 trilhões, ou seja, 25% do PIB mundial, pela paridade do poder de compra. Em terceiro lugar, há a articulação de diversos fóruns regionais com foco em comércio internacional e infraestrutura, tais como o Fórum de Cooperação China-Estados Árabes, o Fórum de Cooperação China-África, o Fórum China-Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e o Asia Cooperation Dialogue. Usando o Grupo dos Vinte países mais ricos (G20), a China busca ampliar a representação das economias emergentes, principalmente nas instituições financeiras internacionais (FMI, Banco Mundial, Banco de 25
  • 26. Desenvolvimento da Ásia). (CINTRA; FILHO; PINTO; 2015). Além disso a China passou a criar novos laços e parceiros ao longo do caminho, em função da necessidade de se estabelecer como uma grande investidora e também ao criar a dependência econômica desses países com a economia chinesa. Nas palavras do presidente Xi Jinping (Safatle e Rittner, 2014): O propósito da diplomacia chinesa é salvaguardar a paz mundial, promover o desenvolvimento comum e criar um bom ambiente externo para o aprofundamento das reformas e a realização da meta de “dois centenários”. Sendo um povo que ama a paz, os chineses não têm gene de invasão nem de hegemonismo no seu sangue. A China não concorda com a lógica antiquada de “país forte é sempre hegemônico”. Vamos persistir inabalavelmente no caminho do desenvolvimento pacífico, tanto para criar ativamente um ambiente internacional pacífico em prol do nosso desenvolvimento, quanto para contribuir para a paz mundial com o nosso próprio desenvolvimento; tanto para aproveitar melhor as oportunidades do mundo, quanto para compartilhar nossas oportunidades com o mundo, promovendo assim a interação virtuosa, o benefício mútuo e ganhos compartilhados entre a China e outros países do mundo. Com o nosso desenvolvimento, vamos desempenhar melhor o papel de um grande país responsável. Iremos salvaguardar a paz mundial de modo mais proativo, preconizar a visão de segurança comum, integral, cooperativa e sustentável e nos dedicar à solução pacífica dos conflitos por meio de negociações. Vamos defender com toda a firmeza a ordem internacional pós-Guerra, que tem a ONU como o seu centro, e participar ativamente das ações de manutenção da paz da ONU e dos diálogos e cooperações regionais de segurança. Vamos participar de modo mais proativo dos assuntos internacionais, dedicarmo-nos em promover o aprimoramento do sistema de governança global, sobretudo o aumento da representatividade e o direito à voz dos países em desenvolvimento. (...) vamos promover o diálogo Norte- Sul e a cooperação Sul-Sul, com especial atenção em ajudar os países em desenvolvimento a concretizar seu desenvolvimento autônomo e sustentável. Vamos trabalhar juntos para construir um mundo harmonioso, onde todos alcançam seus próprios valores e se ajudam mutuamente para a consecução dos outros (JINPING, 2014). Pode-se assumir então, que a partir da Nova Rota da Seda e de trocas econômicas, a China espera aumentar os laços culturais e políticos com cada um dos países ao longo do trajeto, resultando em um novo modelo não apenas uma rota de comércio econômico, mas uma comunidade com interesses comuns, destino e responsabilidades. Podemos observar que ela pretender ser o grande “articulador” do comércio internacional entre Europa e Oriente. A Nova Rota da Seda representa algumas visões da China como a construção de uma economia mundial aberta e relações internacionais abertas, disse Xinhuanet (2014). 3.1 HISTÓRIA DA “ANTIGA ROTA DA SEDA” As primeiras atividades comerciais entre os povos da região da Europa, Ásia Central e Extremo Oriente começaram a ser estabelecidos pela unificação territorial do antigo Império Persa, por volta do século VI a.C., tais comerciantes saíam do Oeste e levavam marfim, ouro, peles de animais, vinhos e pães; em contrapartida os territórios chineses ofereciam ervas aromáticas, incensos, especiarias e tecidos de seda, que denominou o caminho. Na verdade, as caravanas não percorriam toda a extensão da Rota da Seda, elas se concentravam em alguns centros onde havia a 26
  • 27. troca de mercadorias, como principalmente as cidades estado localizadas no Oriente Médio, atual Síria, Jordânia, Iraque e Irã. Com o passar do tempo, tais cidades agregaram os comerciantes que se concentravam em um trecho do percurso. Desta forma, o comércio se transformou em uma atividade organizada que modificou o cenário social, econômico e político de diferentes povos e culturas. No século VIII d.C., a parte oeste da rota começou a ser dominada pelos árabes que realizaram a conquistas de terras da Pérsia. Mais tarde, já século XII, os cavaleiros e soldados de Gengis Khan tomaram a Ásia Central, o Norte da China e os territórios tibetanos. O domínio militar mongol foi de grande ajuda para que a economia comercial da então Rota da Seda, para que ela se mantivesse viva ao longo dos séculos seguintes. Durante o período medieval, as famosas viagens de Marco Polo ajudaram a expandir e a constituir novas rotas de comércio pelos mares e continentes. Aos 17 anos, no século XIII, Marco Polo saiu em viagem ao oriente com seu pai Niccolo e Matteo Polo, seu tio. Tanto Niccolo quanto Matteo Polo haviam sido enviados à Mongólia pelo papa Inocêncio IV, a fim de expandir a doutrina cristã na região, contudo ao chegar ao império de Gêngis Khan, não conseguiram convertê-lo ao cristianismo. Tempos depois, na viagem de volta a Europa, conseguiram estabelecer um relacionamento com Kublai Khan, então governante da China Mongol. Anos mais tarde voltaram à China em companhia de Marco Polo, descritas em seu diário, onde relatou as rotas comerciais da época, informações sobre o império Persa, Afeganistão (até então uma região budista), China, Sri Lanka, Indonésia e etc (anexo 3, anexo 4). Durante séculos a China se fechou para o mundo, após a queda do império Mongol no século XIV. Já no início do século XIX, o arqueólogo alemão Ferdinand Von Richthofen definiu o nome de uma das mais famosas rotas comerciais e religiosas entre o Ocidente e Oriente, a chamada Rota da Seda, Seidenstraßen em alemão. Antes da escolha de tal nome, esse longo trajeto, com mais de sete mil quilômetros, já era utilizado pelos mercadores há mais de 3 mil anos, a fim de exploração, escambo e troca de mercadorias, além de intercâmbio de conhecimentos e culturas, onde as especiarias, principalmente, eram levadas no lombo de animais, como os camelos, partindo do extremo leste da China e Índia até a atual Europa. 3.2. ALIANÇAS, INVESTIMENTOS, DESENVOLVIMENTOS E PERSPECTIVIAS AO LONGO DA NOVA ROTA DA SEDA A fim de conseguir consolidar sua estratégia de expansão rumo a oeste, o governo Chinês vem estabelecendo algumas alianças e acordos comerciais ao longo da Rota da Seda. Como dito anteriormente, parte da estratégia chinesa implica em promover a exportação de bens produzidos em Xinjiang à Ásia Central e Europa. Desta forma ela conseguirá reduzir custos de transporte e redução no tempo da exportação, atualmente gira em torno de 20 a 40 dias por vias marítimas e cairá para 11 dias pela rota terrestre. A lista de países envolvidos na Rota da Seda é grande, mas alguns acordos e alianças se destacam, como a Rússia, Mianmar, Sri Lanka e Ásia Central (Paquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Cazaquistão). A entrada em operação dos oleodutos e gasodutos China-Rússia, China-Cazaquistão, China-Turcomenistão e China-Mianmar (figura 6) vai atenuar a intensa busca 27
  • 28. chinesa por petróleo para alimentar sua crescente demanda doméstica. A Rússia exporta petróleo para a China desde o início da década de 1990. Pequim delineia megaprojetos de infraestrutura nos país, relativamente subdesenvolvidos, assim consolidando sua integração física a fim de abrir novas redes e rotas de comércio para trânsito de suas exportações de bens e serviços; segundo auxilia na contenção de conflitos étnicos na região de Xinjiang, simultaneamente fomentando o desenvolvimento de seus vizinhos. O financiamento e a construção de infraestrutura em regiões fronteiriças promovem sua confiança, em um projeto de prosperidade recíproca e de destino comum, tornando sua ascensão mais aceitável. Caso contrário, corre-se o risco de criar uma coalizão liderada pelos Estados Unidos que buscará restringir suas ambições e inibir o desenvolvimento da Rota da Seda (MILLER, 2014). Figura 6: Oleodutos na China (construídos e planejados). Fonte: Jiang e Sinton (2011). Obs.: Imagem cujos leiaute e textos não puderam ser padronizados e revisados em virtude das condições técnicas dos originais disponibilizados pelos autores para publicação (nota do Editorial). 3.2.1 ALIANÇA CHINA E RÚSSIA As relações entre a China e a Rússia adquiriram um significado novo, logo no início do século XXI – trata-se de uma aliança entre a maior população do mundo com o Estado de maior extensão territorial; que poderá vir a modificar os desdobramentos políticos e econômicos internacionais. Ambos países possuem grande relevância econômica: a China como um polo industrial do mundo, e que sua taxa de crescimento brevemente a tornará como a maior economia do planeta; enquanto a Rússia é uma potência energética, possui recursos naturais estratégicos e 28
  • 29. tecnologia na área militar, aeroespacial e nuclear (herdada da antiga URSS). Ambas estão integradas a Organização das Nações Unidas – ONU, como membros permanentes e também são potências nucleares. Além disso, ocupam a maior faixa de terra da eurásia, juntamente com os Estados da Ásia Central (VISENTINI, 2012). 3.2.2 ALIANÇA CHINA E PAÍSES DO SUDESTE DA ÁSIA Outro grande projeto coordenado pela China que está em andamento, e concluído em alguns trechos seria primeiramente uma nova autoestrada, que custaria em torno de US$ 4 bilhões, que ligará a capital da província de Yunnan, Kunming à capital da Tailândia, Bangkok, passando por Laos. A província de Yunnan é percebida, atualmente, como a ponta de lança para reforçar a influência do país na bacia do Grande Mekong, onde são construídos pelas empresas chinesas estradas, barragens e redes de energia elétrica; e investem em minas, imóveis e agricultura. Já o segundo, o corredor econômico China-Mianmar-Bangladesh-Índia, composto por uma autoestrada e outras infraestruturas, ligará Kunming a Calcutá, na Índia. Terceiramente, um oleoduto e um gasoduto já em funcionamento, visando acessar as reservas de gás natural de Mianmar e ser um dos canais para importação de petróleo oriundo do Oriente Médio e da África, ligam Kunming a Kyaukphyu, no litoral de Mianmar (baía de Bengala), permitindo à China alargar sua esfera de influência para o Oceano Índico. Destaca-se ainda, conforme se observa na figura 6, a magnitude da importação chinesa de petróleo e gás natural do Oriente Médio e da África via navios petroleiros e metaneiros. Estes necessariamente passam pelo Estreito de Málaga, que possui 3 km de largura e é alvo de atividades de pirataria, de terrorismo e também há controle norte americano estabelecido no local (CINTRA; FILHO; PINTO; 2015). A fim de desenvolver alternativas a rota comercial que atualmente utiliza o estreito de Malaca, a China passou a investir em portos ao longo da região, sendo um deles em Colombo, no Sri Lanka, o qual serviria para impulsionar o comércio por vias marítimas, desta forma estaria longe do controle americano (atualmente com frotas navais em Málaga). Além disso, a pequena ilha hoje ocupa um ponto estratégico no Oceano Índico, e a China tem conduzido acordos de livre comércio com o país, a fim de auxiliar e facilitar o escoamento de sua produção (CINTRA; FILHO; PINTO; 2015). 3.2.3 ALIANÇA CHINA E ÁSIA CENTRAL A fim de concretizar o “corredor econômico”, a China vem estabelecendo acordos comerciais com alguns países da Ásia Central, como Paquistão, Cazaquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Cazaquistão entre outros. Recentemente, anunciou que irá investir mais de 45 bilhões de dólares no Paquistão, em uma ação que consiste em uma rede de estradas, ferrovias e oleodutos de mais de 3.000 km de extensão que abrirá para a China um novo acesso marítimo ao Oriente Médio, de onde vem metade do petróleo que importa atualmente. Este investimento é mais que três vezes que todo o investimento que o Paquistão recebeu desde 2008. Ter um porto próximo ao golfo Pérsico, permitirá que as importações sejam transportadas por terra, oferecendo uma alternativa ao 29
  • 30. investimento realizado em Mianmar e ao estreito de Malaca, por onde atualmente passam 80% do petróleo importado pela China (NINIO, 2015). A China e o Cazaquistão assinaram em 2015, 30 acordos de cooperação em diversos setores, entre eles a construção de uma estação de energia eólica por uma companhia chinesa. Além disso, foi definido que o Banco de Desenvolvimento da China financiará projetos de comércio, investimento, mineração e importação no Cazaquistão. O presidente Chinês, ressaltou a importância da recuperação da Rota da Seda entre China e Ásia Central, uma iniciativa que Xi apresentou na sua visita ao Cazaquistão em 2013. Um pouco mais a oeste, existe um oleoduto da cidade de Atyrau, no Cazaquistão, e um gasoduto oriundo do campo de gás natural de Yolotan, no Turcomenistão, passando pelo Uzbequistão e Cazaquistão, que irão alimentar a China. Enquanto isso a China e Uzbequistão estão a desenvolver um acordo econômico, comercial, infraestrutura, projetos de renovação e parques industriais, a fim de viabilizar o corredor econômico (HUAXIA, 2015). METODOLOGIA A metodologia utilizada neste artigo científico, é baseada em pesquisa documental, com base para as argumentações e informações sobre o tema. 30
  • 31. O artigo foi desenvolvido através de levantamento bibliográfico sobre o assunto abordado, que foram fundamentais para a sua elaboração. Além de leitura de publicações, fontes de notícias no Brasil e no exterior, e de informações em câmaras de comércio da União Europeia e China, visto que o governo Chinês não tem disponibilizado muitos detalhes sobre a Nova Rota da Seda. CONCLUSÃO O objetivo deste estudo era analisar e compreender os ganhos de competitividade da Nova Rota da Seda recriada pela China, além de analisar se o projeto Chinês é uma tentativa de aumentar a competitividade, criar um grande circuito, permitindo o 31
  • 32. intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre estas regiões, ou se há algo mais por trás do desejo da China em recriar a antiga Rota da Seda. A teoria Halford John Mackinder apresentada em 1904, apontava que o poderio naval, principalmente britânico, havia chegado ao fim, pois durante vários séculos, países se desenvolveram por meio de transporte marítimo, tanto para fins comerciais como para fins de segurança, e obtiveram a supremacia nas relações de força no mundo. O controle dos mares havia proporcionado, indiscutivelmente, prosperidade e segurança à Europa. A sua teoria mostrava que o estado que conseguisse controlar a maior massa de terra do planeta, teria soberania sobre os outros povos, estende do rio Volga na Rússia ao Yangtze, na China, e do Himalaia ao Ártico. Tal região possui uma grande quantidade e diversidade de recursos naturais, além de grandes reservas petrolíferas, visto que o petróleo passou a ser a maior fonte de energia. A questão energética sempre esteve inserida no contexto de geopolítica independe do tipo de recurso, pois ela automaticamente estaria associada a segurança nacional. Desta forma, podemos então, compreender o porquê de constantes conflitos por busca de energia, no caso petróleo, estabelecidos ao longo do século XX e XXI na região do Oriente Médio, geralmente comandados pelos Estados Unidos da América e pela Grã-Bretanha, sempre a fim de manter a sua supremacia e segurança nacional. Ao final do século XX, a China começou a ganhar destaque na economia mundial, por se tornar o polo de produção do mundo, em diversos segmentos como calçados, vestuários, peças, placas, cabos, plásticos, embalagens etc. enquanto o ocidente passou a ficar com o desenvolvimento de novas tecnologias. Com o passar do tempo, a China passou a investir em produtos, primeiramente com copias com qualidade inferior, mas de aspecto parecido aos originais europeus e norte- americanos; e recentemente, início do século XXI, a China já consegue competir no mercado global em várias categorias, colocando em cheque a qualidade Euro- Americana. É possível afirmar, então, que o governo chinês perseguiu uma estratégia voltada a implementar inovações tecnológicas, além de fortes investimentos em educação e patentes, fazendo com que nas últimas três décadas (final do século XX e início do século XXI), a economia chinesa apresentasse um crescimento próximo dos 10% ao ano, passando a assumir a posição de segunda maior economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos ao final dos anos 2000. Além do espantoso crescimento chinês, a China tem apresentado nos últimos anos megaprojetos ao redor do mundo, estima-se que a China deverá investir fora de seu território cerca de US$ 1.2 trilhão de dólares na próxima década, estes projetos incluem principalmente o Sudeste Asiático, Ásia Central, África e América do Sul. O atual presidente Xi Jinping, anunciou em 2013, durante uma conferência, o Cinturão Econômico da Rota da Seda, que tem como objetivo “recriar” a antiga Rota da Seda, uma alusão as antigas rotas comerciais que ligavam a China ao Oriente Médio e a Europa que foram estabelecidas no século IV a.C. É uma tentativa de criar um grande circuito que se estende por três continentes, permitindo o intercâmbio de mercadorias, desenvolvimento e tecnologias entre as regiões. O projeto chinês pretende estabelecer uma infraestrutura em grande escala, através de 32
  • 33. uma malha ferroviária de trens de alta velocidade, estradas, redes elétricas, cabos de fibra óptica, sistemas de telecomunicações, oleodutos e gasodutos, a fim de obter por vias comerciais a estabilidade de seu governo e expansão de novos negócios. A Nova Rota da Seda trará um grande ganho de competitividade à China, já que os produtos chineses chegarão ao mercado europeu em apenas 11 dias, em relação as rotas marítimas que levam em torno de 20 a 40 dias, além de ganho de tempo para escoar a produção a China conseguirá aumentar seus laços com países vizinhos. Todo o conjunto de ações quando observado em perspectiva, fica claro uma linha de estratégia muito bem articulada, com profundo conhecimento das forças e fraquezas do qual a China se aproxima e a pauta de negociações que tem colocado nos acordos globais. Com discurso, essencialmente, econômico a China aos poucos tem projetado seu poder de maneira não visto anteriormente pelo ocidente. Pode-se concluir então, que o objetivo do Estado Chinês em recriar a Nova Rota da Seda não é apenas um ganho de competitividade no cenário econômico global, mas sim um processo de Inteligência Competitiva existente não apenas na esfera governamental, mas também intitulada nas empresas locais, a fim de poder manter uma projeção das empresas no cenário global, uma supremacia regional, segurança nacional e contenção de sua população. REFERÊNCIAS AMARAL, Marina. A História Resumida, 2015. Resumo: Principais conflitos no Oriente Médio. Disponível em: <https://ahistoriaresumida.wordpress.com/2015/01/13/resumo- principais-conflitos-do-oriente-medio/>. Acesso em 3 de setembro 2015. AMARAL, Marina. A História Resumida, 2015. Resumo: Principais conceitos referentes ao Oriente Médio. Disponível em < 33
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  • 38. Amount % of total imports 1 Eletronic equipment $425.1 billion 21.7% 2 Oil $316.7 billion 16.1% 3 Machines, engines, pumps $179.6 billion 9.2% 4 Ores, slag, ash $136 billion 6.9% 5 Medical, technical equipment $105.8 billion 5.4% 6 Vehicles $89.5 billion 4.6% 7 Plastics $75.2 billion 3.8% 8 Organic chemicals $60.6 billion 3.1% 9 Copper $47.5 billion 2.4% 10 Oil seed $45.9 billion 2.3% Amount % of total exports 1 Eletronic equipment $517 billion 24.4% 2 Machines, engines, pumps $400.9 billion 17.7% 3 Furniture, lights, signs $93.4 billion 4% 4 Knit or crochet clothes $92 billion 3.9% 5 Clothing (not knit or crochet) $81.5 billion 3.5% 6 Medical, technical equipment $81.5 billion 3.2% 7 Plastics $66.8 billion 2.9% 8 Vehicles $64.2 billion 2.7% 9 Gems, precious metals, coins $63.2 billion 2.7% 10 Iron or steel products $60.7 billion 2.6% China Imports from the World - 2014 Product China Exports to the World - 2014 Product Fonte: INTERNATIONAL TRADE CENTER, Trade Map, 2014. World’s Richest Countries. <http://www.worldsrichestcountries.com/top_china_imports.html> ANEXO 2 38
  • 39. Fonte: A Folha de São Paulo, 2015. ANEXO 3 39
  • 40. O provável mapa de Marco Polo Fonte: YULE, Henry – The Book of Ser Marco Polo. London, 1871, vol. I. ANEXO 4 40
  • 41. Mapa da rota de exploração de Marco Polo no século XIII FONTE: Encyclopaedia Britannica, 1998 ANEXO 5 41
  • 42. Densidade populacional da China e Índia. Fonte: Strategic Forecasting, INC, 2008. 42
  • 43. ANEXO A Termo de Compromisso Eu, Allyson Chiarini de Faria aluno regularmente matriculado no Curso de Inteligência Competitiva do Programa Pós-Graduação da Business School São Paulo, declaro que o conteúdo do projeto final intitulado: A Nova Rota da Seda e os Ganhos de Competitividade da China é autêntico, original, e de minha autoria exclusiva. As obras consultadas e as transcrições dos textos de apoio foram devidamente citadas e referenciadas. Estou ciente de que, por ocasião da entrega do trabalho ou a qualquer tempo, caso o mesmo seja caracterizado como plágio total ou parcial, estarei reprovado (a), sem direito à revisão de notas, e sujeito (a) às sanções previstas por lei. São Paulo, 04 de dezembro de 2015 ________________________________ Nome: Allyson Chiarini de Faria Matricula nº: 20703173 RG: M7125892 43