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ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 1
O PAPEL SOCIAL DO ENGENHEIRO CIVIL. ESTUDO DE CASO NA
OCUPAÇÃO TOSTER DO MSTB EM SALVADOR/BA.
THE SOCIAL ROLE OF THE CIVIL ENGINEER. MSTB OCCUPATION STUDY TOSTER
IN SALVADOR / BA.
VARJÃO, Marcelo Leonardo Morais de J. (1); CERQUEIRA, Milena Borges dos Santos (2); BRITO
JUNIOR, João Antônio (3); GONÇALVES, Jardel Pereira (4); SILVA, Francisco Gabriel Santos (5).
(1) Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia;
(2) Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPEC) pela Universidade
Federal da Bahia, Brasil;
(3) Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia;
(4) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia, Brasil;
(5) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia, Brasil.
Rua Prof. Aristídes Novis, 2 – Federação, Salvador, BA, 40210-630. fgabriel.ufba@gmail.com
Resumo
Ao pensar em seu papel na sociedade, é de extrema importância que o engenheiro civil considere tanto a
formação na área técnica quanto na área social. Tais conhecimentos permitem-no desenvolver bases
científicas e tecnológicas com respaldo da ética, além de contribuir para o aperfeiçoamento do trabalho em
grupo, de organizar ideias, de argumentar, de interpretar, de apresentar projetos e de contribuir com
soluções práticas e objetivas para minimizar os efeitos da desigualdade social. Diante disto, o objetivo deste
trabalho é estudar a Ocupação Toster do MSTB em Salvador/BA, analisando os problemas de moradia
enfrentados pelos ocupantes e a partir desse estudo discutir o papel social do engenheiro civil, analisar os
problemas estruturais encontrados na edificação e apresentar o trabalho que está sendo realizado pelo
projeto Vazios Construídos na ocupação. Para isso foram realizadas visitas técnicas no local, com o intuito
de avaliar a situação da ocupação, bem como a situação do edifício da Toster. Tais visitas, associadas ao
envolvimento com o Projeto Vazios Construídos, permitiram que fossem feitos estudos de tomadas de
decisões quanto ao futuro da edificação e também discussões sociais e políticas acerca da ocupação,
sinalizando problemáticas e apontando caminhos mediante o projeto piloto que está sendo realizado na
Toster. O valor deste objetivo está na abertura de discussões técnicas e políticas, pautadas na necessidade
de o engenheiro civil contribuir para a melhoria de comunidades em situação de vulnerabilidade social.
Palavra-Chave: MSTB. Direito à moradia. Papel social do engenheiro. Ocupação.
Abstract
When thinking about its role in society, it is extremely important that the civil engineer consider both training
in the technical area and the social area. Such knowledge enables us to develop scientific and technological
bases with ethical support, as well as to contribute to the improvement of group work, to organize ideas, to
argue, to interpret, to present projects and to contribute with practical and objective solutions to minimize The
effects of social inequality. The objective of this work is to study the Toster Occupation of the MSTB in
Salvador / BA, analyzing the housing problems faced by the occupants and from this study to discuss the
civil role of the civil engineer, analyze the structural problems found in the building And present the work
being carried out by the project Vacuums Built on the occupation. Technical visits were carried out in order to
assess the situation of the occupation as well as the situation of the Toster building. These visits, associated
to the involvement with the Vazios Construidos Project, allowed for the study of decision-making regarding
the future of the building, as well as social and political discussions about the occupation, signaling problems
and pointing ways through the pilot project being carried out in Toster. The value of this objective lies in the
opening of technical and political discussions, based on the need for the civil engineer to contribute to the
improvement of communities in situations of social vulnerability.
Keywords: MSTB. Right to housing. Social role of the engineer. Ocupacion.
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 2
1 Introdução
Ao pensar nas funções do engenheiro frente à resolução das problemáticas recorrentes
na sociedade, é fundamental compreender a importância da relação entre o saber
técnico/científico e a sensibilidade social. Segundo Cremasco (2009): “O ponto essencial
é, quanto mais investir no indivíduo como ser humano, maiores são as oportunidades de
sucesso num ambiente de trabalho em que a capacidade de se relacionar é uma
prioridade”.
O engenheiro deve buscar soluções práticas e objetivas para minimizar os efeitos das
desigualdades. Países com alta desigualdade coincidem com menores investimentos em
capital humano, criando, desta forma, um ambiente com entraves à mobilidade social que
impedem parte da população de empreender e ter trabalhos com melhor remuneração em
razão da deficiência na educação, saúde, acesso ao capital produtivo e etc.
Diante disso, Bazzo (1998) mostra que praticar a engenharia é participar de sua
comunidade de profissionais e, acima de tudo, lidar com seu ensino que se configuram
tarefas de grande responsabilidade, em um mundo que é movido pelos feitos da ciência e
tecnologia. Neste sentido, é necessário repensar a engenharia, a qual pode também
influenciar na organização da sociedade. Dessa forma, o engenheiro pode contribuir com
sua intelectualidade e bom senso, engendrando ideias, processos, produtos e serviços
que atenuam o sofrimento de pessoas.
Segundo a legislação brasileira (Resolução 11/2002, da Câmara de Educação Superior) a
formação do engenheiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos
requeridos para o exercício de todas as suas competências e habilidades, avaliando o
impacto de suas atividades no contexto social.
Ainda nessa ótica, Tinoco (2013) afirma ser vital que as empresas de construção civil,
apontadas como as que menos investem em ações sociais, estejam dispostas a oferecer
produtos e serviços de qualidade, mas que preservem o meio ambiente e contribuam para
o desenvolvimento social. A própria percepção empresarial provou que quanto mais se
investe na sociedade, maior o comprometimento e maior é a redução de custos com
encargos sociais, uma vez que há, comprovadamente, um melhor resultado operacional.
A responsabilidade social é definida pela ABNT NBR 16001:2004 como a relação ética e
transparente da organização com todas as suas partes interessadas, visando o
desenvolvimento sustentável. Este conceito foi amplamente difundido e aceito pela
conferência da Organização das Nações Unidas, no Rio de Janeiro em 1992.
De acordo com Pinheiro (2008), a responsabilidade social surgiu como consequência de
diversos movimentos que nasceram com o intuito de atender à nova demanda de
necessidade da sociedade.
Desde outros séculos, um fator social que tem trazido fortes discussões é o acesso à
moradia digna. A moradia é, desde os tempos remotos, uma necessidade fundamental
dos seres humanos de baixa renda.
O quadro de demanda reprimida e falta de alternativas claras que apontassem para
resolução do problema histórico do déficit habitacional em Salvador, levou a formação, no
dia 20 de julho de 2003, do Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB), que foi se
expandindo ao longo dos anos, numa dinâmica de ocupações bastante intensa e com
inúmeras conquistas significativas (SILVA, 2008).
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 3
A fundação do Movimento dos Sem Teto da Bahia foi fruto de um movimento ocorrido no
bairro de Mussurunga em Salvador/BA. Iniciado pela ocupação de um imóvel naquele
bairro para ser sede de um centro comunitário para uma associação de bairros. Em
paralelo, ocorreram ocupações de terrenos por outros grupos de pessoas em
Mussurunga, que acabaram por estabelecer contato com aquele primeiro coletivo de
pessoas (CLOUX, 2008).
De acordo com Melo Júnior (2007), os Movimentos Sem Teto apoiam-se no movimento
dos Sem Terra que conseguiram se firmarem. E embora sejam organizações
diferenciadas com áreas de atuação distintas, as estratégias para lutarem são as
mesmas, com táticas de ocupações. Para eles a ocupação dos espaços urbanos vazios é
uma forma de mostrarem para a população os seus sofrimentos e para mostrarem às
autoridades que não suportam mais conviverem com o descaso.
No Brasil, assim como em muitos países da América Latina, estima-se que apenas 30%
da população tenha acesso à moradia através do mercado privado. Restando à
população excluída, a ocupação de áreas de risco, ambientalmente instáveis, como
córregos, mangues, beira de rios, fundo de vales e áreas alagáveis, sendo estas mais
atingidas por enchentes, deslizamentos, poluição de recursos hídricos e epidemias
(SANTOS E AFONSO, 2012).
O Movimento dos Sem Teto surgiu no final da década de 90, sendo a representação da
política habitacional deficitária do país. Com a população carente, sem emprego, sem
saúde, sem educação, que vive à revelia das autoridades públicas, se agrupando para
reagir ao descaso administrativo. Os Sem Teto são fruto do processo desordenando de
urbanização e industrialização, que provocou um “inchaço urbano” causando sérios
problemas sociais e ambientais, entre eles a escassez de moradia, fazendo surgir favelas,
cortiços e loteamentos clandestinos (MELO JÚNIOR, 2007).
Em Salvador, os sem teto são, em sua maioria, da cidade. Essa constatação contraria a
tese de que os excluídos são constituídos de migrantes recém-chegados do campo ou de
cidades do interior, do processo migratório que despeja na capital, pessoas que não
conseguem inserção no mercado de trabalho. 60,49% dos Sem Tetos são originários da
própria cidade de Salvador, 24,55% vieram do interior da Bahia, 6,02% de Ferira de
Santana, 3,09% do entorno metropolitano, 5,85% vieram de Pernambuco, Sergipe,
Alagoas e São Paulo. Dentre os que vieram de outro município ou estado 81,28% já
residem há mais de 5 anos e afirmam ter se deslocado em direção a Salvador em busca
de melhores condições de vida (SANTOS E AFONSO, 2012).
As mesmas autoras ainda informam que, segundo pesquisa feita para o “Atlas do Direito
de Morar”, existe uma configuração de prolongada moradia nas ocupações (mesmo
havendo uma grande rotatividade) que deveria ter caráter provisório.
A maioria das ocupações está situada em terrenos (em torno de 50,0%), cerca de 39,0%
estão em prédios, 5,5% em galpões e 5,5% podem ser qualificadas como mista, por
associarem a ocupação de terreno e prédios. Vale salientar que os prédios e galpões
ocupados estão em área de ocupação consolidada, porém, degradadas (ATLAS DO
DIREITO DE MORAR, 2012).
Diante deste quadro, surge o Projeto Vazios Construídos que busca debater o tema dos
vazios construídos situados na zona costeira frontispícia à Baia de Todos os Santos, área
historicamente ligada às atividades comerciais, industriais e portuárias de Salvador/BA,
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 4
desde uma ótica de sua regeneração para uso habitacional social e comunitário,
entendendo que ali se concentram os edifícios, atualmente ociosos ou em ruínas
(REGENERAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS EM ÁREAS URBANAS CENTRAIS,
2015).
Para fins de definição, entende-se por vazios construídos, áreas urbanas inteiras
esvaziadas de suas funções e de sua vitalidade, precocemente tomadas sem utilidades.
Fundamentam essa obsolescência, as novas tecnologias da produção e especulação
imobiliária, os requisitos tecnológicos e de cooperação das atividades econômicas e a
incongruência entre o que se constrói e as carências sociais que existem (FERNANDES,
2013).
O Projeto Vazios Construídos visa elaborar uma tática de ocupação e regeneração dos
vazios construídos, situados desde a Avenida Contorno até os bairros de Plataforma e
Paripe, onde se situam os antigos setores comerciais, portuários e industriais de
Salvador, tendo como objetivo a otimização do tecido urbano já existente para uso
habitacional e comunitário. Para isso, há um modo de agir que passa por um processo
participativo e democrático de escuta e implicação da população. Um conjunto destes
vazios será escolhido para a elaboração de uma proposta de intervenção e requalificação,
buscando a adoção de métodos construtivos mais eficientes, tecnologias alternativas e
eficazes para a produção habitacional, que levem em conta aspectos culturais,
econômicos e participativos. Imaginando como um projeto piloto, que pouco a pouco
possa se estender, integrando um processo de construção por etapas, para alcançar seu
objetivo final: de um projeto de produção de espaço urbano, de produção de cidade
(REGENERAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS EM ÁREAS URBANAS CENTRAIS,
2015).
As edificações devem apresentar um desempenho adequado que apresente, dentre as
diversas exigências dos usuários, segurança. Entende-se que as construções com
inexistência ou ineficiência das manutenções acabam por apresentar alto nível de
degradação. Já que, a durabilidade das estruturas de concreto requer cooperação e
esforços coordenados de todos os envolvidos nos processos de projeto, construção e
utilização.
A exposição da estrutura de concreto, diante da ausência de manutenção ao longo de sua
vida útil, à agressividade química por efeito da carbonatação e ação de cloretos, contribui
para o processo de corrosão da armadura e segregação dos componentes do concreto,
caracterizando falha de desempenho e requerendo uma intervenção técnica de imediato,
de forma de reabilitar a estrutura.
Dessa forma, este trabalho visa estudar a Ocupação Toster do Movimento dos Sem Teto
da Bahia (MSTB) em Salvador/BA, analisando os problemas de moradia enfrentados
pelos ocupantes e aplicar o papel social do engenheiro civil.
2 Metodologia
Neste trabalho foi realizado um estudo de caso. Segundo Yin (2005), o uso do estudo de
caso é adequado quando se pretende investigar o como e o porquê de um conjunto de
eventos contemporâneos. O autor afirma que o estudo de caso é uma investigação
empírica que permite o estudo de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 5
da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão
claramente definidos.
Para a realização deste trabalho foi necessária a confecção de um laudo técnico a fim de
auxiliar na análise do objeto de estudo e na solução de melhorias para os problemas
identificados.
As informações do estudo de caso foram coletadas por meio de uma visita técnica feita ao
local, em parceria com os envolvidos no projeto Vazios Construídos; e através de dados
do Relatório Anual de Pesquisa - CAPES (2017).
Durante a visita, foram realizados registros fotográficos do edifício, no intuito de identificar
as condições de uso do prédio e entrevistas com os ocupantes, para coletar maiores
informações a respeito das características do local.
A partir das informações obtidas, foram apontados alguns problemas sociais enfrentados
pelos ocupantes e a condição física do prédio ocupado.
3 Estudo de caso
A Ocupação Toster/Lobato está localizada na Cidade Baixa em Salvador/BA, na antiga e
desativada fábrica de confecções da Toster (Foto 1).
Foto 1 - Vista da fábrica Toster (AUTORES, 2017)
3.1 Ocupação Toster
A ocupação em questão teve início em 2006 e é fruto da impossibilidade dos seus
moradores em arcar com o ônus da moradia, segundo informações obtidas com o líder da
ocupação. Atualmente, no local, vivem 100 famílias e cerca de 400 pessoas.
O ATLAS DO DIRETO DE MORAR (2012) apresenta os seguintes dados:
Em torno de 75,36% dos responsáveis pela família não concluíram o ensino médio, 5,80%
nunca estudaram e trabalham com serviços domésticos, ajudantes de obras civis,
trabalhadores com serviços de manutenção de edificações ou catadores de materiais
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 6
recicláveis. O contingente formado por esses trabalhadores integra, em sua maioria, o
mercado informal, sendo que 93,94% deles não possuem carteira assinada.
O tamanho médio por família na ocupação é de 2,83 pessoas por domicílio. O núcleo
familiar é composto, em sua maioria, por negros, mulheres e jovens, na faixa etária entre
20 a 39 anos.
A média da renda mensal por domicílio dos moradores da ocupação é de R$ 306,86 e a
renda per capita é de R$ 108,48. O programa bolsa-auxílio contribuiu com 14,58% da
renda total.
Ao falar do direito à cidade e o que ela oferece em termos de equipamentos públicos os
moradores se mostram bastante insatisfeitos. Em torno de 75,71% nunca foram ao teatro
e 42,86% nunca foram ao cinema. No que diz respeito ao espaço de lazer, 89,55% dos
responsáveis por domicílios afirmaram não haver nenhuma área de lazer na ocupação.
3.2 Projeto de intervenção na ocupação
O trabalho que está sendo realizado nesta ocupação faz parte do Projeto Vazios
Construídos. Antes da escolha do prédio da antiga fábrica Toster, foram feitas algumas
mobilizações com os envolvidos no projeto e também consultas nas comunidades.
Houve a necessidade de rever o conceito de vazio construído, levando em consideração
as edificações parcialmente ocupadas, particularmente com moradias precárias, para
trazer uma nova dimensão à pesquisa. Além do mapeamento físico, houve um trabalho
junto com os atores sociais protagonistas desses espaços, ampliando estes contatos com
o MSTB.
Alguns imóveis em estado precário, ocupados por moradores sem teto ou de rua foram
visitados pela equipe envolvida no projeto, assim, um trabalho de articulação com os
principais movimentos presentes nesses espaços começou a ser feito, possibilitando
evidenciar quais são as demandas existentes e como elas podem ser enfrentadas. Tendo
escutado a demanda de cada ator social, a equipe se reuniu para considerar a pertinência
de se trabalhar com um ou mais entre eles. A princípio, todas as solicitações se
apresentaram como importantes e muitas como urgentes. Porém, a dificuldade em contar
com uma equipe estável e suficientemente grande para abraçar mais de um projeto é real,
e por esta razão decidiu-se escolher apenas um vazio para ser trabalhado junto a um
destes atores sociais.
Em visitas realizadas, junto aos representantes e lideranças de movimentos e
acompanhadas por professores da Faculdade de Arquitetura bem como da Escola
Politécnica da UFBA, foi conferida a estabilidade das estruturas existentes e avaliados os
riscos e o potencial para intervenção. A partir destas visitas técnicas e avaliação foi
escolhido o edifício da antiga Fábrica Toster como estudo de caso para um projeto piloto
participativo a ser construído junto aos moradores que ocupam hoje o entorno da fábrica.
A escolha deveu-se ao fato desta área está ocupada, há pelo menos oito anos, onde
moram pessoas na área do entorno e também no prédio da fábrica.
Ainda em setembro de 2016 a equipe deu início à uma série de oficinas comunitárias in
situ. Desde então foi estabelecido um processo de interação ativa e direta com a
comunidade em todas as fases dos trabalhos no intuito de evitar uma atuação
verticalizada ou paternalista por parte da equipe. Foram realizadas algumas oficinas para
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tomada de decisões que realmente fossem consensuais e coletivas, para ajustar as
demandas ao espaço disponível.
No início do ano de 2017 foi solicitada à uma equipe da Escola Politécnica da UFBA uma
colaboração para avaliação dos vazios trabalhados, particularmente da antiga fábrica
Toster. A partir disso começou a ser feita uma perícia no local para serem trabalhadas as
recomendações e soluções para os problemas encontrados na estrutura do edifício da
Toster. O presente trabalho surge através dessa parceria.
3.3 Processos participativos
Para a realização do trabalho junto aos moradores, contou-se com processos
participativos, como oficinas, com objetivos diversificados. Os encontros foram realizados
com objetivo de obter-se uma leitura técnico-participativa, além de se construírem em
momentos que facilitavam o levantamento de propostas, a criação de espaços de
discussão e possibilidade de delimitações geográficas ou conexões da área da fábrica e
seu entorno.
Nas oficinas foi possível ouvir dos moradores as mudanças que eles julgavam
necessárias para aquele espaço. Notou-se que as demandas giravam em torno da
necessidade de iluminação pública, saneamento básico, pavimentação, creche, escola
em tempo integral para as crianças, jovens e adultos – centro cultural, capacitação –
moradia, posto de saúde, segurança e lazer. Em outras palavras, eles buscam ter acesso
à cidade.
Porém, foi necessário analisar as demandas levantadas e discutir ponto a ponto cada um
dos desejos, se caberiam e/ou se eram relativos ao edifício (e quais andares se
adequariam melhor aos mesmos, além de buscar entender o que era possível ser
realizado).
As Figuras 1, 2 e 3 apresentam o pré-dimensionamento dos pavimentos, sendo
elaborados por integrantes do projeto Vazios Construídos.
Figura 1 - Pré-dimensionamento do pavimento térreo (RELATÓRIO ANUAL DE PESQUISA
CAPES, 2017)
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Figura 2 - Pré-dimensionamento do primeiro pavimento (RELATÓRIO ANUAL DE PESQUISA
CAPES, 2017)
Figura 3 - Pré-dimensionamento do segundo pavimento (RELATÓRIO ANUAL DE PESQUISA
CAPES, 2017)
Nas oficinas de ajustes do pré-dimensionamento, o térreo e o primeiro pavimento foram
consolidados, tendo o segundo pavimento sido complementado com um “espaço zen”.
Avançou-se na discussão acerca da necessidade de a área ser completamente coberta e
que além de ser pensado um salão de festas, deveria existir uma copa, um banheiro, um
espaço para guardar mesas e cadeiras e um palco móvel.
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 9
3.4 Manifestações patológicas identificadas
A estrutura de concreto armado da antiga fábrica Toster (Figuras 5 e 6) possui uma idade
de mais de 30 anos, sendo constituída por lajes, vigas e pilares de concreto armado
aparente.
Foto 2 - Vista lateral direita da fábrica Toster (AUTORES, 2017)
Foto 3 - Vista lateral esquerda da fábrica Toster (AUTORES, 2017)
Na vistoria realizada foram identificadas diversas manifestações patológicas, podendo ser
observadas as presentes nas estruturas do pavimento térreo, nas fotos 4,5, 6 e 7.
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Foto 4 – Vista do pavimento térreo com
corrosão generalizada das armaduras
(AUTORES, 2017).
Foto 5 – Armadura exposta em pilar em
estado avançado de corrosão (AUTORES,
2017).
Foto 6 – Armadura exposta em pilar em
estado avançado de corrosão (AUTORES,
2017).
Foto 7 – Armadura exposta em pilar em
estado avançado de corrosão e presença de
vegetação na estrutura (AUTORES, 2017).
No pavimento térreo pode ser observada a deterioração avançada dos pilares, tendo as
suas armaduras expostas e também arrancadas por vandalismo. Há também segregação
do concreto nas vigas e lajes. A alta presença de umidade, juntamente com a localização
da estrutura próxima ao mar colaboraram com a corrosão das armaduras, que por sua
vez ocasionou o lascamento do concreto que recobre os elementos estruturais citados,
deixando as mesmas expostas.
As fotos 8, 9, 10 e 11 apresentam as manifestações patológicas identificadas no primeiro
pavimento.
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 11
Foto 8 – Armadura exposta em laje da
escada em estado avançado de corrosão
(AUTORES, 2017).
Foto 9 – Armadura exposta em pilar em
estado avançado de corrosão (AUTORES,
2017).
Foto 10 – Armadura exposta em laje, vigas
e pilares em estado avançado de corrosão
(AUTORES, 2017).
Foto 11 – Manchas de eflorescência
(AUTORES, 2017).
Assim como no pavimento térreo, no primeiro pavimento pode ser observada a
deterioração dos pilares, tendo as suas armaduras expostas e também arrancadas. Há
também segregação nas vigas e lajes, podendo ser vista a armadura das mesmas.
Manchas de umidade presentes neste pavimento evidenciam a presença de infiltração.
Pode ser observada a corrosão nas armaduras dos elementos estruturais. Observa-se na
foto 11 sinais de eflorescência na viga, devido à infiltração da água que vem do último
andar, o qual está passivo à ação de intempéries.
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 12
As fotos 12, 13, 14 e 15 apresentam as manifestações patológicas identificadas no
segundo pavimento.
Foto 12 – Armadura exposta em laje da
escada em estado avançado de corrosão
(AUTORES, 2017).
Foto 13 – Armadura exposta em laje da
escada em estado avançado de corrosão
(AUTORES, 2017).
Foto 14 – Armadura exposta em pilares e
vigas em estado avançado de corrosão
(AUTORES, 2017).
Foto 15 – Armadura exposta em pilar em
estado avançado de corrosão (AUTORES,
2017).
No segundo pavimento observa-se a deterioração avançada dos pilares, tendo as suas
armaduras expostas e também arrancadas. Há também segregação do concreto nas
vigas, e pilares. Como não há cobertura no prédio, o mesmo fica exposto à ação da
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chuva, o que causa a infiltração para os andares inferiores. A presença de umidade
acentua o processo de corrosão nos elementos estruturais.
Em resumo, dentre as anomalias e falhas de manutenção da estrutura de concreto
armado identificadas tem-se:
• Nichos de segregação e exposição das armaduras em vigas, lajes e pilares, com
cobrimento insuficiente em processo de corrosão avançada e com perda de seção;
• Evidências de infiltração de água;
• Presença de vegetação nas estruturas;
• Segregação do concreto nas lajes, vigas e pilares;
• Eflorescência;
• Último pavimento descoberto, exposto à chuva, causando infiltração nas lajes;
• Pilares sem Barras de aço, devido ao vandalismo.
3.5 Discussões
A maior parte da área da Toster pertence à companhia de Desenvolvimento Urbano do
Estado da Bahia (Conder) e representa uma área de conflitos de interesses,
especialmente, a especulação imobiliária, afinal a área coincide com aquela na qual estão
previstas Operações Urbanas Consorciadas (OUC).
A ocupação deste trabalho está inserida na OUC da Península de Itapagipe, também
conhecida como Nova Cidade Baixa. Esse projeto foi lançado em 2010, dentro do
programa Salvador Capital Mundial propondo a requalificação urbana, ambiental e
paisagística do trecho entre o Campo Grande e Ribeira. A proposta estava atrelada à
implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) anunciado em 2015, como proposta de
substituição dos trens do subúrbio.
Sendo assim, a apropriação e o uso do espaço na esfera da realização da vida humana
dão-se por meio do uso. Para a realização da vida das pessoas no seu cotidiano;
apropriação como finalidade da vida social, contrapondo-se à dominação (SORBRAZO,
2006; LEFEBVRE, 1975). Em concordância com os autores, todo o trabalho que está
sendo realizado na Toster está sendo feito de maneira participativa, em contraposição à
dominação e aproximando-se ao máximo da apropriação como finalidade da vida social.
O desempenho apresentado pelo prédio é resultado do processo de degradação natural
dos materiais, juntamente com a falta de manutenções do mesmo, já que se trata de um
espaço vazio.
É necessária recuperação imediata da estrutura de concreto, tendo em vista o
agravamento do potencial de risco, sendo constatada uma perda acentuada do
desempenho do sistema.
É importante destacar que a estrutura, antes de qualquer intervenção, deve possuir um
projeto de escoramento para que os procedimentos a serem feitos sejam executados com
segurança e sem gerar movimentação dos elementos em processo de reparo.
Acredita-se, portanto, que o engenheiro pode vir a desempenhar um papel fundamental
numa transição rumo a uma sociedade que tenha como meta a satisfação das
necessidades humanas.
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 14
No que diz respeito à sua contribuição, o engenheiro pode agir em projetos de reparos de
vazios construídos para uso de interesse social, bem como avaliação técnica das áreas
em que essas ocupações ocorrem. Já que, muitas dessas ocupações informais estão
situadas em áreas de riscos ambientais, os quais comprometem a estrutura da
construção, bem como toda a comunidade.
4 Conclusões
Hoje os moradores ‘sem teto’ da Ocupação Toster sobrevivem em condições
completamente desfavoráveis quanto à dignidade humana. Os mesmos carecem de
saneamento básico, lazer, saúde, educação e etc. Vale salientar que o espaço ocupado
não foi cedido para o movimento, portanto a instalação deles na fábrica e no entorno da
mesma se dá de forma ilegal. Diante disso, as “lutas” na ocupação da Toster precisam ser
analisadas, compreendidas e tendo uma colaboração por meio do estado e também por
esferas da sociedade detentoras do conhecimento, pois, para além da resolução imediata
do problema do “teto”, a luta não se encerra na consequência, que é a falta de moradia.
Diante disso, o engenheiro civil deve estar inserido neste e em projetos que visam atender
essa minoria que sofre com o descaso político, propondo soluções engenhosas e práticas
que auxiliem numa nova configuração da sociedade. Configuração essa em que
engenheiros deixem de atender somente ao capital e passem a olhar para as
comunidades que vivem em situação de vulnerabilidade social.
O projeto piloto que está sendo realizado na Ocupação da Toster traz como proposta uma
intervenção participativa, que envolve professores, estudantes, pesquisadores e
profissionais de Arquitetura e Engenharia, a fim de executar planos de reparos em vazios
construídos arruinados, os quais servem como refúgio e habitação para muitos moradores
sem teto. Tal projeto visa dar dignidade para estas pessoas, assegurando-as de seus
direitos enquanto cidadãos e tornando possível a realização do sonho da moradia digna,
onde haja acesso ao saneamento básico, lazer, saúde, educação e demais demandas já
citadas no presente trabalho.
Com a análise realizada na antiga fábrica da Toster, verificou-se que a mesma necessita
de manutenções emergenciais, podendo ser utilizado para a implantação de um Centro
Comunitário, com o dimensionamento apresentado neste trabalho.
Diante do que foi abordado, fica como proposta a abertura deste debate para dentro do
ambiente acadêmico, no intuito de envolver estudantes, professores e pesquisadores em
projetos eficazes com a participação da sociedade, Empresas Júnior, Empresas privadas
e Estado.
5 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 16001:
Responsabilidade social – Diretrizes para execução de auditorias. Rio de Janeiro,
2004.
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 15
BAZZO, W. A. Ciência, Tecnologia e Sociedade e o Contexto da Educação
tecnológica. Editora da UFSC, Santa Catarina, 1998.
CLOUX, R. F. MSTS: A trajetória do Movimento dos Sem Teto de Salvador. Salvador.
Ed. Do Autor, 2008.
CREMASCO, M. A.. A responsabilidade social na formação de engenheiros. In:
Instituto Ethos de Empresa e Responsabilidade Social. (Org.). Responsabilidade
social das empresas. 1 ed. São Paulo: Editora Peirópolis, v. 7, p. 17-42. 2009.
FERNANDES, A. Coerção, Solidariedade, Hibridez: a ação pública sobre o centro de
Salvador (BA) no prelo. In: Urpi Montoya Uriarte; Milton Júlio Carvalho. (Org.).
Panoramas Urbanos: usar, viver e construir a cidade. 1º ed. Salvador BA: EDUFBA, v., p.
55-72, 2013.
MELLO JUNIOR, B. C. Direito à moradia e o Movimento dos Sem Teto. Fundação
Visconde de Cairu. Salvador, 2007.
PINHEIRO, P. F. Implantação da responsabilidade social empresarial na gestão de
fornecedores da construção civil – análise do programa TEAR. 2008. Dissertação
(Mestrado em engenharia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, USP, São
Paulo, 2008.
RELATÓRIO ANUAL DE PESQUISA. Regeneração de vazios construídos em áreas
urbanas centrais. Uma tecnologia social aplicada ao caso de Salvador. Programa
Ciência sem Fronteiras - CAPES. Salvador, 2017.
REGENERAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS EM ÁREAS URBANAS CENTRAIS.
Programa Ciência sem Fronteiras. PPGAU – UFBA / PVE CAPES. Salvador, 2015.
SANTOS, E.; AFONSO, R. Atlas do Direito de Morar em Salvador. UFBA, Escola de
Administração, CIAGS: Faculdade 2 de Julho, 2012. 196 p.: il.
SILVA, L. L. Breve relato histórico da luta por moradia em Salvador: o caso da
ocupação Quilombo de Escada. Universidade Federal da Bahia, 2008.

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Papel social do engenheiro na ocupação Toster do MSTB

  • 1. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 1 O PAPEL SOCIAL DO ENGENHEIRO CIVIL. ESTUDO DE CASO NA OCUPAÇÃO TOSTER DO MSTB EM SALVADOR/BA. THE SOCIAL ROLE OF THE CIVIL ENGINEER. MSTB OCCUPATION STUDY TOSTER IN SALVADOR / BA. VARJÃO, Marcelo Leonardo Morais de J. (1); CERQUEIRA, Milena Borges dos Santos (2); BRITO JUNIOR, João Antônio (3); GONÇALVES, Jardel Pereira (4); SILVA, Francisco Gabriel Santos (5). (1) Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia; (2) Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPEC) pela Universidade Federal da Bahia, Brasil; (3) Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia; (4) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia, Brasil; (5) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia, Brasil. Rua Prof. Aristídes Novis, 2 – Federação, Salvador, BA, 40210-630. fgabriel.ufba@gmail.com Resumo Ao pensar em seu papel na sociedade, é de extrema importância que o engenheiro civil considere tanto a formação na área técnica quanto na área social. Tais conhecimentos permitem-no desenvolver bases científicas e tecnológicas com respaldo da ética, além de contribuir para o aperfeiçoamento do trabalho em grupo, de organizar ideias, de argumentar, de interpretar, de apresentar projetos e de contribuir com soluções práticas e objetivas para minimizar os efeitos da desigualdade social. Diante disto, o objetivo deste trabalho é estudar a Ocupação Toster do MSTB em Salvador/BA, analisando os problemas de moradia enfrentados pelos ocupantes e a partir desse estudo discutir o papel social do engenheiro civil, analisar os problemas estruturais encontrados na edificação e apresentar o trabalho que está sendo realizado pelo projeto Vazios Construídos na ocupação. Para isso foram realizadas visitas técnicas no local, com o intuito de avaliar a situação da ocupação, bem como a situação do edifício da Toster. Tais visitas, associadas ao envolvimento com o Projeto Vazios Construídos, permitiram que fossem feitos estudos de tomadas de decisões quanto ao futuro da edificação e também discussões sociais e políticas acerca da ocupação, sinalizando problemáticas e apontando caminhos mediante o projeto piloto que está sendo realizado na Toster. O valor deste objetivo está na abertura de discussões técnicas e políticas, pautadas na necessidade de o engenheiro civil contribuir para a melhoria de comunidades em situação de vulnerabilidade social. Palavra-Chave: MSTB. Direito à moradia. Papel social do engenheiro. Ocupação. Abstract When thinking about its role in society, it is extremely important that the civil engineer consider both training in the technical area and the social area. Such knowledge enables us to develop scientific and technological bases with ethical support, as well as to contribute to the improvement of group work, to organize ideas, to argue, to interpret, to present projects and to contribute with practical and objective solutions to minimize The effects of social inequality. The objective of this work is to study the Toster Occupation of the MSTB in Salvador / BA, analyzing the housing problems faced by the occupants and from this study to discuss the civil role of the civil engineer, analyze the structural problems found in the building And present the work being carried out by the project Vacuums Built on the occupation. Technical visits were carried out in order to assess the situation of the occupation as well as the situation of the Toster building. These visits, associated to the involvement with the Vazios Construidos Project, allowed for the study of decision-making regarding the future of the building, as well as social and political discussions about the occupation, signaling problems and pointing ways through the pilot project being carried out in Toster. The value of this objective lies in the opening of technical and political discussions, based on the need for the civil engineer to contribute to the improvement of communities in situations of social vulnerability. Keywords: MSTB. Right to housing. Social role of the engineer. Ocupacion.
  • 2. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 2 1 Introdução Ao pensar nas funções do engenheiro frente à resolução das problemáticas recorrentes na sociedade, é fundamental compreender a importância da relação entre o saber técnico/científico e a sensibilidade social. Segundo Cremasco (2009): “O ponto essencial é, quanto mais investir no indivíduo como ser humano, maiores são as oportunidades de sucesso num ambiente de trabalho em que a capacidade de se relacionar é uma prioridade”. O engenheiro deve buscar soluções práticas e objetivas para minimizar os efeitos das desigualdades. Países com alta desigualdade coincidem com menores investimentos em capital humano, criando, desta forma, um ambiente com entraves à mobilidade social que impedem parte da população de empreender e ter trabalhos com melhor remuneração em razão da deficiência na educação, saúde, acesso ao capital produtivo e etc. Diante disso, Bazzo (1998) mostra que praticar a engenharia é participar de sua comunidade de profissionais e, acima de tudo, lidar com seu ensino que se configuram tarefas de grande responsabilidade, em um mundo que é movido pelos feitos da ciência e tecnologia. Neste sentido, é necessário repensar a engenharia, a qual pode também influenciar na organização da sociedade. Dessa forma, o engenheiro pode contribuir com sua intelectualidade e bom senso, engendrando ideias, processos, produtos e serviços que atenuam o sofrimento de pessoas. Segundo a legislação brasileira (Resolução 11/2002, da Câmara de Educação Superior) a formação do engenheiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício de todas as suas competências e habilidades, avaliando o impacto de suas atividades no contexto social. Ainda nessa ótica, Tinoco (2013) afirma ser vital que as empresas de construção civil, apontadas como as que menos investem em ações sociais, estejam dispostas a oferecer produtos e serviços de qualidade, mas que preservem o meio ambiente e contribuam para o desenvolvimento social. A própria percepção empresarial provou que quanto mais se investe na sociedade, maior o comprometimento e maior é a redução de custos com encargos sociais, uma vez que há, comprovadamente, um melhor resultado operacional. A responsabilidade social é definida pela ABNT NBR 16001:2004 como a relação ética e transparente da organização com todas as suas partes interessadas, visando o desenvolvimento sustentável. Este conceito foi amplamente difundido e aceito pela conferência da Organização das Nações Unidas, no Rio de Janeiro em 1992. De acordo com Pinheiro (2008), a responsabilidade social surgiu como consequência de diversos movimentos que nasceram com o intuito de atender à nova demanda de necessidade da sociedade. Desde outros séculos, um fator social que tem trazido fortes discussões é o acesso à moradia digna. A moradia é, desde os tempos remotos, uma necessidade fundamental dos seres humanos de baixa renda. O quadro de demanda reprimida e falta de alternativas claras que apontassem para resolução do problema histórico do déficit habitacional em Salvador, levou a formação, no dia 20 de julho de 2003, do Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB), que foi se expandindo ao longo dos anos, numa dinâmica de ocupações bastante intensa e com inúmeras conquistas significativas (SILVA, 2008).
  • 3. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 3 A fundação do Movimento dos Sem Teto da Bahia foi fruto de um movimento ocorrido no bairro de Mussurunga em Salvador/BA. Iniciado pela ocupação de um imóvel naquele bairro para ser sede de um centro comunitário para uma associação de bairros. Em paralelo, ocorreram ocupações de terrenos por outros grupos de pessoas em Mussurunga, que acabaram por estabelecer contato com aquele primeiro coletivo de pessoas (CLOUX, 2008). De acordo com Melo Júnior (2007), os Movimentos Sem Teto apoiam-se no movimento dos Sem Terra que conseguiram se firmarem. E embora sejam organizações diferenciadas com áreas de atuação distintas, as estratégias para lutarem são as mesmas, com táticas de ocupações. Para eles a ocupação dos espaços urbanos vazios é uma forma de mostrarem para a população os seus sofrimentos e para mostrarem às autoridades que não suportam mais conviverem com o descaso. No Brasil, assim como em muitos países da América Latina, estima-se que apenas 30% da população tenha acesso à moradia através do mercado privado. Restando à população excluída, a ocupação de áreas de risco, ambientalmente instáveis, como córregos, mangues, beira de rios, fundo de vales e áreas alagáveis, sendo estas mais atingidas por enchentes, deslizamentos, poluição de recursos hídricos e epidemias (SANTOS E AFONSO, 2012). O Movimento dos Sem Teto surgiu no final da década de 90, sendo a representação da política habitacional deficitária do país. Com a população carente, sem emprego, sem saúde, sem educação, que vive à revelia das autoridades públicas, se agrupando para reagir ao descaso administrativo. Os Sem Teto são fruto do processo desordenando de urbanização e industrialização, que provocou um “inchaço urbano” causando sérios problemas sociais e ambientais, entre eles a escassez de moradia, fazendo surgir favelas, cortiços e loteamentos clandestinos (MELO JÚNIOR, 2007). Em Salvador, os sem teto são, em sua maioria, da cidade. Essa constatação contraria a tese de que os excluídos são constituídos de migrantes recém-chegados do campo ou de cidades do interior, do processo migratório que despeja na capital, pessoas que não conseguem inserção no mercado de trabalho. 60,49% dos Sem Tetos são originários da própria cidade de Salvador, 24,55% vieram do interior da Bahia, 6,02% de Ferira de Santana, 3,09% do entorno metropolitano, 5,85% vieram de Pernambuco, Sergipe, Alagoas e São Paulo. Dentre os que vieram de outro município ou estado 81,28% já residem há mais de 5 anos e afirmam ter se deslocado em direção a Salvador em busca de melhores condições de vida (SANTOS E AFONSO, 2012). As mesmas autoras ainda informam que, segundo pesquisa feita para o “Atlas do Direito de Morar”, existe uma configuração de prolongada moradia nas ocupações (mesmo havendo uma grande rotatividade) que deveria ter caráter provisório. A maioria das ocupações está situada em terrenos (em torno de 50,0%), cerca de 39,0% estão em prédios, 5,5% em galpões e 5,5% podem ser qualificadas como mista, por associarem a ocupação de terreno e prédios. Vale salientar que os prédios e galpões ocupados estão em área de ocupação consolidada, porém, degradadas (ATLAS DO DIREITO DE MORAR, 2012). Diante deste quadro, surge o Projeto Vazios Construídos que busca debater o tema dos vazios construídos situados na zona costeira frontispícia à Baia de Todos os Santos, área historicamente ligada às atividades comerciais, industriais e portuárias de Salvador/BA,
  • 4. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 4 desde uma ótica de sua regeneração para uso habitacional social e comunitário, entendendo que ali se concentram os edifícios, atualmente ociosos ou em ruínas (REGENERAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS EM ÁREAS URBANAS CENTRAIS, 2015). Para fins de definição, entende-se por vazios construídos, áreas urbanas inteiras esvaziadas de suas funções e de sua vitalidade, precocemente tomadas sem utilidades. Fundamentam essa obsolescência, as novas tecnologias da produção e especulação imobiliária, os requisitos tecnológicos e de cooperação das atividades econômicas e a incongruência entre o que se constrói e as carências sociais que existem (FERNANDES, 2013). O Projeto Vazios Construídos visa elaborar uma tática de ocupação e regeneração dos vazios construídos, situados desde a Avenida Contorno até os bairros de Plataforma e Paripe, onde se situam os antigos setores comerciais, portuários e industriais de Salvador, tendo como objetivo a otimização do tecido urbano já existente para uso habitacional e comunitário. Para isso, há um modo de agir que passa por um processo participativo e democrático de escuta e implicação da população. Um conjunto destes vazios será escolhido para a elaboração de uma proposta de intervenção e requalificação, buscando a adoção de métodos construtivos mais eficientes, tecnologias alternativas e eficazes para a produção habitacional, que levem em conta aspectos culturais, econômicos e participativos. Imaginando como um projeto piloto, que pouco a pouco possa se estender, integrando um processo de construção por etapas, para alcançar seu objetivo final: de um projeto de produção de espaço urbano, de produção de cidade (REGENERAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS EM ÁREAS URBANAS CENTRAIS, 2015). As edificações devem apresentar um desempenho adequado que apresente, dentre as diversas exigências dos usuários, segurança. Entende-se que as construções com inexistência ou ineficiência das manutenções acabam por apresentar alto nível de degradação. Já que, a durabilidade das estruturas de concreto requer cooperação e esforços coordenados de todos os envolvidos nos processos de projeto, construção e utilização. A exposição da estrutura de concreto, diante da ausência de manutenção ao longo de sua vida útil, à agressividade química por efeito da carbonatação e ação de cloretos, contribui para o processo de corrosão da armadura e segregação dos componentes do concreto, caracterizando falha de desempenho e requerendo uma intervenção técnica de imediato, de forma de reabilitar a estrutura. Dessa forma, este trabalho visa estudar a Ocupação Toster do Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB) em Salvador/BA, analisando os problemas de moradia enfrentados pelos ocupantes e aplicar o papel social do engenheiro civil. 2 Metodologia Neste trabalho foi realizado um estudo de caso. Segundo Yin (2005), o uso do estudo de caso é adequado quando se pretende investigar o como e o porquê de um conjunto de eventos contemporâneos. O autor afirma que o estudo de caso é uma investigação empírica que permite o estudo de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto
  • 5. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 5 da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. Para a realização deste trabalho foi necessária a confecção de um laudo técnico a fim de auxiliar na análise do objeto de estudo e na solução de melhorias para os problemas identificados. As informações do estudo de caso foram coletadas por meio de uma visita técnica feita ao local, em parceria com os envolvidos no projeto Vazios Construídos; e através de dados do Relatório Anual de Pesquisa - CAPES (2017). Durante a visita, foram realizados registros fotográficos do edifício, no intuito de identificar as condições de uso do prédio e entrevistas com os ocupantes, para coletar maiores informações a respeito das características do local. A partir das informações obtidas, foram apontados alguns problemas sociais enfrentados pelos ocupantes e a condição física do prédio ocupado. 3 Estudo de caso A Ocupação Toster/Lobato está localizada na Cidade Baixa em Salvador/BA, na antiga e desativada fábrica de confecções da Toster (Foto 1). Foto 1 - Vista da fábrica Toster (AUTORES, 2017) 3.1 Ocupação Toster A ocupação em questão teve início em 2006 e é fruto da impossibilidade dos seus moradores em arcar com o ônus da moradia, segundo informações obtidas com o líder da ocupação. Atualmente, no local, vivem 100 famílias e cerca de 400 pessoas. O ATLAS DO DIRETO DE MORAR (2012) apresenta os seguintes dados: Em torno de 75,36% dos responsáveis pela família não concluíram o ensino médio, 5,80% nunca estudaram e trabalham com serviços domésticos, ajudantes de obras civis, trabalhadores com serviços de manutenção de edificações ou catadores de materiais
  • 6. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 6 recicláveis. O contingente formado por esses trabalhadores integra, em sua maioria, o mercado informal, sendo que 93,94% deles não possuem carteira assinada. O tamanho médio por família na ocupação é de 2,83 pessoas por domicílio. O núcleo familiar é composto, em sua maioria, por negros, mulheres e jovens, na faixa etária entre 20 a 39 anos. A média da renda mensal por domicílio dos moradores da ocupação é de R$ 306,86 e a renda per capita é de R$ 108,48. O programa bolsa-auxílio contribuiu com 14,58% da renda total. Ao falar do direito à cidade e o que ela oferece em termos de equipamentos públicos os moradores se mostram bastante insatisfeitos. Em torno de 75,71% nunca foram ao teatro e 42,86% nunca foram ao cinema. No que diz respeito ao espaço de lazer, 89,55% dos responsáveis por domicílios afirmaram não haver nenhuma área de lazer na ocupação. 3.2 Projeto de intervenção na ocupação O trabalho que está sendo realizado nesta ocupação faz parte do Projeto Vazios Construídos. Antes da escolha do prédio da antiga fábrica Toster, foram feitas algumas mobilizações com os envolvidos no projeto e também consultas nas comunidades. Houve a necessidade de rever o conceito de vazio construído, levando em consideração as edificações parcialmente ocupadas, particularmente com moradias precárias, para trazer uma nova dimensão à pesquisa. Além do mapeamento físico, houve um trabalho junto com os atores sociais protagonistas desses espaços, ampliando estes contatos com o MSTB. Alguns imóveis em estado precário, ocupados por moradores sem teto ou de rua foram visitados pela equipe envolvida no projeto, assim, um trabalho de articulação com os principais movimentos presentes nesses espaços começou a ser feito, possibilitando evidenciar quais são as demandas existentes e como elas podem ser enfrentadas. Tendo escutado a demanda de cada ator social, a equipe se reuniu para considerar a pertinência de se trabalhar com um ou mais entre eles. A princípio, todas as solicitações se apresentaram como importantes e muitas como urgentes. Porém, a dificuldade em contar com uma equipe estável e suficientemente grande para abraçar mais de um projeto é real, e por esta razão decidiu-se escolher apenas um vazio para ser trabalhado junto a um destes atores sociais. Em visitas realizadas, junto aos representantes e lideranças de movimentos e acompanhadas por professores da Faculdade de Arquitetura bem como da Escola Politécnica da UFBA, foi conferida a estabilidade das estruturas existentes e avaliados os riscos e o potencial para intervenção. A partir destas visitas técnicas e avaliação foi escolhido o edifício da antiga Fábrica Toster como estudo de caso para um projeto piloto participativo a ser construído junto aos moradores que ocupam hoje o entorno da fábrica. A escolha deveu-se ao fato desta área está ocupada, há pelo menos oito anos, onde moram pessoas na área do entorno e também no prédio da fábrica. Ainda em setembro de 2016 a equipe deu início à uma série de oficinas comunitárias in situ. Desde então foi estabelecido um processo de interação ativa e direta com a comunidade em todas as fases dos trabalhos no intuito de evitar uma atuação verticalizada ou paternalista por parte da equipe. Foram realizadas algumas oficinas para
  • 7. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 7 tomada de decisões que realmente fossem consensuais e coletivas, para ajustar as demandas ao espaço disponível. No início do ano de 2017 foi solicitada à uma equipe da Escola Politécnica da UFBA uma colaboração para avaliação dos vazios trabalhados, particularmente da antiga fábrica Toster. A partir disso começou a ser feita uma perícia no local para serem trabalhadas as recomendações e soluções para os problemas encontrados na estrutura do edifício da Toster. O presente trabalho surge através dessa parceria. 3.3 Processos participativos Para a realização do trabalho junto aos moradores, contou-se com processos participativos, como oficinas, com objetivos diversificados. Os encontros foram realizados com objetivo de obter-se uma leitura técnico-participativa, além de se construírem em momentos que facilitavam o levantamento de propostas, a criação de espaços de discussão e possibilidade de delimitações geográficas ou conexões da área da fábrica e seu entorno. Nas oficinas foi possível ouvir dos moradores as mudanças que eles julgavam necessárias para aquele espaço. Notou-se que as demandas giravam em torno da necessidade de iluminação pública, saneamento básico, pavimentação, creche, escola em tempo integral para as crianças, jovens e adultos – centro cultural, capacitação – moradia, posto de saúde, segurança e lazer. Em outras palavras, eles buscam ter acesso à cidade. Porém, foi necessário analisar as demandas levantadas e discutir ponto a ponto cada um dos desejos, se caberiam e/ou se eram relativos ao edifício (e quais andares se adequariam melhor aos mesmos, além de buscar entender o que era possível ser realizado). As Figuras 1, 2 e 3 apresentam o pré-dimensionamento dos pavimentos, sendo elaborados por integrantes do projeto Vazios Construídos. Figura 1 - Pré-dimensionamento do pavimento térreo (RELATÓRIO ANUAL DE PESQUISA CAPES, 2017)
  • 8. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 8 Figura 2 - Pré-dimensionamento do primeiro pavimento (RELATÓRIO ANUAL DE PESQUISA CAPES, 2017) Figura 3 - Pré-dimensionamento do segundo pavimento (RELATÓRIO ANUAL DE PESQUISA CAPES, 2017) Nas oficinas de ajustes do pré-dimensionamento, o térreo e o primeiro pavimento foram consolidados, tendo o segundo pavimento sido complementado com um “espaço zen”. Avançou-se na discussão acerca da necessidade de a área ser completamente coberta e que além de ser pensado um salão de festas, deveria existir uma copa, um banheiro, um espaço para guardar mesas e cadeiras e um palco móvel.
  • 9. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 9 3.4 Manifestações patológicas identificadas A estrutura de concreto armado da antiga fábrica Toster (Figuras 5 e 6) possui uma idade de mais de 30 anos, sendo constituída por lajes, vigas e pilares de concreto armado aparente. Foto 2 - Vista lateral direita da fábrica Toster (AUTORES, 2017) Foto 3 - Vista lateral esquerda da fábrica Toster (AUTORES, 2017) Na vistoria realizada foram identificadas diversas manifestações patológicas, podendo ser observadas as presentes nas estruturas do pavimento térreo, nas fotos 4,5, 6 e 7.
  • 10. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 10 Foto 4 – Vista do pavimento térreo com corrosão generalizada das armaduras (AUTORES, 2017). Foto 5 – Armadura exposta em pilar em estado avançado de corrosão (AUTORES, 2017). Foto 6 – Armadura exposta em pilar em estado avançado de corrosão (AUTORES, 2017). Foto 7 – Armadura exposta em pilar em estado avançado de corrosão e presença de vegetação na estrutura (AUTORES, 2017). No pavimento térreo pode ser observada a deterioração avançada dos pilares, tendo as suas armaduras expostas e também arrancadas por vandalismo. Há também segregação do concreto nas vigas e lajes. A alta presença de umidade, juntamente com a localização da estrutura próxima ao mar colaboraram com a corrosão das armaduras, que por sua vez ocasionou o lascamento do concreto que recobre os elementos estruturais citados, deixando as mesmas expostas. As fotos 8, 9, 10 e 11 apresentam as manifestações patológicas identificadas no primeiro pavimento.
  • 11. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 11 Foto 8 – Armadura exposta em laje da escada em estado avançado de corrosão (AUTORES, 2017). Foto 9 – Armadura exposta em pilar em estado avançado de corrosão (AUTORES, 2017). Foto 10 – Armadura exposta em laje, vigas e pilares em estado avançado de corrosão (AUTORES, 2017). Foto 11 – Manchas de eflorescência (AUTORES, 2017). Assim como no pavimento térreo, no primeiro pavimento pode ser observada a deterioração dos pilares, tendo as suas armaduras expostas e também arrancadas. Há também segregação nas vigas e lajes, podendo ser vista a armadura das mesmas. Manchas de umidade presentes neste pavimento evidenciam a presença de infiltração. Pode ser observada a corrosão nas armaduras dos elementos estruturais. Observa-se na foto 11 sinais de eflorescência na viga, devido à infiltração da água que vem do último andar, o qual está passivo à ação de intempéries.
  • 12. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 12 As fotos 12, 13, 14 e 15 apresentam as manifestações patológicas identificadas no segundo pavimento. Foto 12 – Armadura exposta em laje da escada em estado avançado de corrosão (AUTORES, 2017). Foto 13 – Armadura exposta em laje da escada em estado avançado de corrosão (AUTORES, 2017). Foto 14 – Armadura exposta em pilares e vigas em estado avançado de corrosão (AUTORES, 2017). Foto 15 – Armadura exposta em pilar em estado avançado de corrosão (AUTORES, 2017). No segundo pavimento observa-se a deterioração avançada dos pilares, tendo as suas armaduras expostas e também arrancadas. Há também segregação do concreto nas vigas, e pilares. Como não há cobertura no prédio, o mesmo fica exposto à ação da
  • 13. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 13 chuva, o que causa a infiltração para os andares inferiores. A presença de umidade acentua o processo de corrosão nos elementos estruturais. Em resumo, dentre as anomalias e falhas de manutenção da estrutura de concreto armado identificadas tem-se: • Nichos de segregação e exposição das armaduras em vigas, lajes e pilares, com cobrimento insuficiente em processo de corrosão avançada e com perda de seção; • Evidências de infiltração de água; • Presença de vegetação nas estruturas; • Segregação do concreto nas lajes, vigas e pilares; • Eflorescência; • Último pavimento descoberto, exposto à chuva, causando infiltração nas lajes; • Pilares sem Barras de aço, devido ao vandalismo. 3.5 Discussões A maior parte da área da Toster pertence à companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e representa uma área de conflitos de interesses, especialmente, a especulação imobiliária, afinal a área coincide com aquela na qual estão previstas Operações Urbanas Consorciadas (OUC). A ocupação deste trabalho está inserida na OUC da Península de Itapagipe, também conhecida como Nova Cidade Baixa. Esse projeto foi lançado em 2010, dentro do programa Salvador Capital Mundial propondo a requalificação urbana, ambiental e paisagística do trecho entre o Campo Grande e Ribeira. A proposta estava atrelada à implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) anunciado em 2015, como proposta de substituição dos trens do subúrbio. Sendo assim, a apropriação e o uso do espaço na esfera da realização da vida humana dão-se por meio do uso. Para a realização da vida das pessoas no seu cotidiano; apropriação como finalidade da vida social, contrapondo-se à dominação (SORBRAZO, 2006; LEFEBVRE, 1975). Em concordância com os autores, todo o trabalho que está sendo realizado na Toster está sendo feito de maneira participativa, em contraposição à dominação e aproximando-se ao máximo da apropriação como finalidade da vida social. O desempenho apresentado pelo prédio é resultado do processo de degradação natural dos materiais, juntamente com a falta de manutenções do mesmo, já que se trata de um espaço vazio. É necessária recuperação imediata da estrutura de concreto, tendo em vista o agravamento do potencial de risco, sendo constatada uma perda acentuada do desempenho do sistema. É importante destacar que a estrutura, antes de qualquer intervenção, deve possuir um projeto de escoramento para que os procedimentos a serem feitos sejam executados com segurança e sem gerar movimentação dos elementos em processo de reparo. Acredita-se, portanto, que o engenheiro pode vir a desempenhar um papel fundamental numa transição rumo a uma sociedade que tenha como meta a satisfação das necessidades humanas.
  • 14. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 14 No que diz respeito à sua contribuição, o engenheiro pode agir em projetos de reparos de vazios construídos para uso de interesse social, bem como avaliação técnica das áreas em que essas ocupações ocorrem. Já que, muitas dessas ocupações informais estão situadas em áreas de riscos ambientais, os quais comprometem a estrutura da construção, bem como toda a comunidade. 4 Conclusões Hoje os moradores ‘sem teto’ da Ocupação Toster sobrevivem em condições completamente desfavoráveis quanto à dignidade humana. Os mesmos carecem de saneamento básico, lazer, saúde, educação e etc. Vale salientar que o espaço ocupado não foi cedido para o movimento, portanto a instalação deles na fábrica e no entorno da mesma se dá de forma ilegal. Diante disso, as “lutas” na ocupação da Toster precisam ser analisadas, compreendidas e tendo uma colaboração por meio do estado e também por esferas da sociedade detentoras do conhecimento, pois, para além da resolução imediata do problema do “teto”, a luta não se encerra na consequência, que é a falta de moradia. Diante disso, o engenheiro civil deve estar inserido neste e em projetos que visam atender essa minoria que sofre com o descaso político, propondo soluções engenhosas e práticas que auxiliem numa nova configuração da sociedade. Configuração essa em que engenheiros deixem de atender somente ao capital e passem a olhar para as comunidades que vivem em situação de vulnerabilidade social. O projeto piloto que está sendo realizado na Ocupação da Toster traz como proposta uma intervenção participativa, que envolve professores, estudantes, pesquisadores e profissionais de Arquitetura e Engenharia, a fim de executar planos de reparos em vazios construídos arruinados, os quais servem como refúgio e habitação para muitos moradores sem teto. Tal projeto visa dar dignidade para estas pessoas, assegurando-as de seus direitos enquanto cidadãos e tornando possível a realização do sonho da moradia digna, onde haja acesso ao saneamento básico, lazer, saúde, educação e demais demandas já citadas no presente trabalho. Com a análise realizada na antiga fábrica da Toster, verificou-se que a mesma necessita de manutenções emergenciais, podendo ser utilizado para a implantação de um Centro Comunitário, com o dimensionamento apresentado neste trabalho. Diante do que foi abordado, fica como proposta a abertura deste debate para dentro do ambiente acadêmico, no intuito de envolver estudantes, professores e pesquisadores em projetos eficazes com a participação da sociedade, Empresas Júnior, Empresas privadas e Estado. 5 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 16001: Responsabilidade social – Diretrizes para execução de auditorias. Rio de Janeiro, 2004.
  • 15. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 15 BAZZO, W. A. Ciência, Tecnologia e Sociedade e o Contexto da Educação tecnológica. Editora da UFSC, Santa Catarina, 1998. CLOUX, R. F. MSTS: A trajetória do Movimento dos Sem Teto de Salvador. Salvador. Ed. Do Autor, 2008. CREMASCO, M. A.. A responsabilidade social na formação de engenheiros. In: Instituto Ethos de Empresa e Responsabilidade Social. (Org.). Responsabilidade social das empresas. 1 ed. São Paulo: Editora Peirópolis, v. 7, p. 17-42. 2009. FERNANDES, A. Coerção, Solidariedade, Hibridez: a ação pública sobre o centro de Salvador (BA) no prelo. In: Urpi Montoya Uriarte; Milton Júlio Carvalho. (Org.). Panoramas Urbanos: usar, viver e construir a cidade. 1º ed. Salvador BA: EDUFBA, v., p. 55-72, 2013. MELLO JUNIOR, B. C. Direito à moradia e o Movimento dos Sem Teto. Fundação Visconde de Cairu. Salvador, 2007. PINHEIRO, P. F. Implantação da responsabilidade social empresarial na gestão de fornecedores da construção civil – análise do programa TEAR. 2008. Dissertação (Mestrado em engenharia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, 2008. RELATÓRIO ANUAL DE PESQUISA. Regeneração de vazios construídos em áreas urbanas centrais. Uma tecnologia social aplicada ao caso de Salvador. Programa Ciência sem Fronteiras - CAPES. Salvador, 2017. REGENERAÇÃO DE VAZIOS CONSTRUÍDOS EM ÁREAS URBANAS CENTRAIS. Programa Ciência sem Fronteiras. PPGAU – UFBA / PVE CAPES. Salvador, 2015. SANTOS, E.; AFONSO, R. Atlas do Direito de Morar em Salvador. UFBA, Escola de Administração, CIAGS: Faculdade 2 de Julho, 2012. 196 p.: il. SILVA, L. L. Breve relato histórico da luta por moradia em Salvador: o caso da ocupação Quilombo de Escada. Universidade Federal da Bahia, 2008.