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MÓDULO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Permacultura
Habilidades básicas:
· Reconhecer alguns problemas socioambientais, suas causas e conseqüências.
· Conhecer idéias e práticas da Permacultura.
· Perceber-se como co-responsável pela manutenção das condições de vida no planeta.
Introdução
A humanidade vem enfrentando muitos problemas socioambientais, que decorrem da busca por um crescimento acelerado e por poder. Várias
pessoas buscam maneiras de minimizar ou resolver os problemas sócioambientais para que as conseqüências sejam mais amenas para o
planeta Terra e para a humanidade.
A Permacultura oferece ferramentas para o planejamento, a implantação e a manutenção de ecossistemas no campo e nas cidades. A
Permacultura propõe criar ecossistemas que tenham a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. A meta é que uma
alimentação saudável, habitação e energia sejam providos para a comunidade local de forma sustentável.
Neste módulo serão apresentados os principais problemas socioambientais que estão sendo enfrentados na atualidade. Também
apresentaremos a proposta da Permacultura, que pode ajudar a resolver estes problemas.
Problemas socioambientais da atualidade
Os problemas socioambientais estão sendo cada vez mais freqüentes e intensos. Um exemplo disso é o que vem ocorrendo na Floresta
Amazônica e no Cerrado brasileiro, os dois maiores biomas do Brasil. Grandes áreas vêm sendo desmatadas para servirem de pasto ou para o
plantio de culturas, principalmente a soja. Segundo especialistas, o plantio de soja na Amazônia pode alterar o padrão de chuvas e aumentar as
secas na Floresta. Isto porque os campos de soja são de cor clara, o que significa que refletem muita radiação solar. Como resultado, a
superfície do campo é menos aquecida, reduzindo o volume de ar quente que evapora do solo. Desta forma, menos nuvens se formam e chove
menos. Isto é grave, pois nossa floresta tropical tem um papel crítico no clima global e abriga um imenso patrimônio biológico, com milhões de
espécies de organismos, tendo sido somente uma parcela identificada cientificamente.
Outro problema relacionado à produção agrícola e à pecuária é o esgotamento do
solo. As erosões resultam da forma equivocada como o plantio é desenvolvido por
muitos agricultores. Essas práticas têm transformado grandes áreas produtivas em
solos inférteis. Dependendo de como é praticada, a agricultura pode tanto aumentar
como diminuir a produtividade do solo. Mas, ao invés de tentar solucionar o
problema do solo, muitos agricultores optam simplesmente por abandonar aquela
área e começar o plantio em outro lugar, e assim, criam um ciclo de degradação e
esgotamento do solo.
Os problemas não se restringem à produção de alimentos, eles acompanham todo
o processo e se multiplicam nas últimas etapas devido ao consumo excessivo e à
produção de lixo.
Após problemas na etapa de produção, muitos alimentos vão para fábricas para
serem processados, e industrializados, como o leite e os grãos, que geram diversos
derivados, como manteigas, requeijões e farinhas.
Quando falamos de
indústrias, geralmente associamos à poluição do ar, da água, do solo e, algumas
vezes, a danos à saúde do ser humano que ali trabalha e vive. Muitas indústrias
ainda têm ações irresponsáveis em relação ao meio ambiente, jogando seus
esgotos nos cursos d’água, seus resíduos sólidos no solo, e os resíduos gasosos
que vão para o ar, todos sem tratamento adequado.
Os problemas se estendem, causam danos também aos operários dessas
indústrias que muitas vezes trabalham diretamente com matéria-prima ou máquinas
perigosas ou estão sujeitos a ruídos (poluição sonora), e condições de trabalho que
podem causar problemas psíquicos decorrentes do estresse.
Os produtos chegam ao mercado do consumo e, nessa etapa, encontramos a
chave de grandes problemas, o consumismo exagerado. O consumo é incentivado
pelo governo, que visa o dinamismo econômico, e pela mídia, com lindas e perfeitas
propagandas. Este consumo que pede cada vez mais produção, gerando mais
poluição e desmatamentos e, mais tarde, uma quantidade exagerada de lixo.
Não há como não produzir lixo, mas podemos diminuir essa
produção.
Como? Reduzindo o desperdício, reutilizando sempre que possível
e separando os materiais recicláveis para a coleta seletiva. No
entanto, o que fazemos é consumir e rapidamente jogar fora, como
se a lixeira fosse um desintegrador mágico da matéria. Mas isso
não acontece, o lixo continua existindo depois que jogamos na
lixeira. Sem nenhum tratamento o lixo se acumula em lixões e
aterros, cujas capacidades já estão bastante reduzidas ou
encerradas. Você pode obter mais informações no módulo que
trata a questão do lixo.
Algumas pessoas tentam conscientizar outras através de imagens,
textos, músicas, poemas, etc. A seguir, leremos uma poesia de
Cordel retirado do site www.planetaeducacao, que diz respeito à
questão do lixo.
Em um mundo cada vez mais consumista, o “ser” vai cedendo lugar ao
“ter”, ou seja, os seus valores e os seus sentimentos vão perdendo
importância quando comparados com seu poder de compra, com o que
você é capaz de adquirir. Quantos carros, celulares, computadores ou
jogos de videogames você pode comprar. Desta maneira, quem não tem
condições para ter as coisas, muitas vezes, é excluído da sociedade.
Essa exclusão social tem várias conseqüências para o excluído e também
para o que exclui. Por exemplo, uma conhecida conseqüência da exclusão
social é a violência. Muitas vezes as pessoas que não tem poder
aquisitivo, por serem rejeitadas, fazem uso da força física para obtenção
de resultado ilícito como forma de tentar mudar a situação, obtendo as
coisas ou simplesmente tirando-as de quem tem. A violência atinge todas
as camadas de uma população, do mais rico ao mais pobre.
Os problemas socioambientais são inúmeros e resolvê-los não é tarefa
fácil. Mas a proposta da Permacultura muito tem a ver com a resolução ou
minimização desses problemas. Então vale a pena conhecer.
Mas afinal, o que é Permacultura?
As possibilidades de realização de atividades nos sete campos citados na figura são inúmeras, e o maior objetivo desse sistema é interligar
estes campos visando a preservação do meio ambiente como um todo.
A Permacultura é um sistema de planejamento para a criação de ambientes humanos sustentáveis. Ela torna possível, entre outras coisas, a
utilização da terra sem desperdício ou poluição, a restauração de paisagens degradadas e o consumo mínimo de energia.
Ela trata as plantas, animais, construções, infra-estruturas (água, energia, comunicações) não apenas como elementos isolados, mas como
partes de um grande sistema relacionado.
Este sistema aproveita todos os recursos disponíveis, e faz uso da maior quantidade de formas funções possíveis de se aproveitar de cada
elemento presente na composição natural do lugar. Mesmo os excedentes e dejetos produzidos por plantas, animais e atividades humanas são
utilizados para beneficiar outras partes do sistema. As plantações são organizadas de modo que se aproveite da melhor maneira possível toda a
água e a luz disponível.
A proposta da Permacultura também objetiva a formação do cidadão, a promoção da saúde, da ética e da cultura, evitando os fenômenos de
marginalização e exclusão sociais.
Veremos com mais detalhes as diversas possibilidades que a Permacultura propõe.
Os princípios éticos da Permacultura
Ética é um conjunto de princípios morais que são usados para guiar ações para resultados bons e corretos e para longe de resultados ruins e
errados. A ética tem um valor central no desenvolvimento de uma cultura sustentável. Pensando na construção desse tipo de cultura, a
Permacultura segue três princípios éticos principais:
- Cuidar da Terra: é preciso respeitar todas as coisas do planeta, sejam estas vivas ou não.
Permitir e incentivar que todos os sistemas vivos possam continuar e se multiplicar. Cuidando
dos ecossistemas, das espécies, das águas, dos solos e da atmosfera em todos os momentos de
nossa vida, teremos assim um mundo mais saudável por mais tempo. Esse cuidado, esse
respeito deve se refletir em nossa rotina diária, com decisões responsáveis, que são atitudes que
valorizam a vida. Devemos usar os recursos de forma adequada não apelando ao consumismo
exagerado e ao desperdício.
- Cuidar das Pessoas:Apesar da espécie humana não ser a mais populosa do planeta, é a que
mais causa danos e mais rapidamente. Portanto, se ao cuidarmos das pessoas conseguirmos
que todas recebam o básico para suas vidas, teremos um planeta com mais chances de se tornar
sustentável. Essas necessidades básicas podem ser abrigo, alimento, tratamento de resíduos,
educação, trabalho e relações humanas saudáveis.
- Partilhar os excedentes e definir limites para o consumo e reprodução: são atitudes que
estão ligadas aos princípios anteriores. No caso da reprodução humana, este princípio nos
coloca o desafio da paternidade responsável. E se estende à reprodução de animais para
consumo, que hoje está além do que o planeta pode suportar. Partilhar os excedentes significa
redistribuir os recursos que temos além de nossas necessidades, como alimento, dinheiro, tempo
e compartilhar recursos como máquinas e ferramentas de forma cooperativa. Sempre priorizando
o fluxo em vez do acúmulo. Definir limites para o consumo é a base do consumo responsável.
Partindo desses três princípios conheceremos as alternativas propostas pela Permacultura.
Aproveitando a energia que vem do Sol
Os sistemas de Permacultura são tipicamente energizados com a luz
do Sol, os ventos, e/ou as águas, produzindo energia suficiente para
suas próprias necessidades. O aquecimento solar é o uso de energia
solar para o aquecimento de água para banho, piscina e processos
industriais. É interessante porque o Sol é uma fonte energética
abundante e gratuita.
Como funciona um aquecedor solar?
Há vários tipos de aquecedores que utilizam a energia solar para
geração de energia para uma casa, escola, indústria, etc. Algumas
vezes esse recurso apesar de muitas vantagens apresenta um alto
custo, o que impossibilita o uso do mesmo em larga escala. Porém,
muitas alternativas viáveis vêm surgindo no mercado, principalmente
devido ao cuidado e à preocupação com o meio ambiente, deixando
os aquecedores mais baratos, sem perder em eficiência nem em
qualidade.
O funcionamento de um aquecedor solar de baixo custo se inicia
quando a energia solar irradiante, ou seja, luz e infravermelho, incide
sobre a superfície preta de coletores. A energia absorvida
transforma-se em calor e aquece a água que está no interior dos
coletores. A água aquecida diminui a sua densidade e começa a se movimentar em direção à caixa, dando início a um processo natural de
circulação da água, chamado de termo-sifão. Para tanto, o reservatório deve estar mais alto que os coletores. Esse processo é contínuo,
enquanto houver uma boa irradiação solar ou até quando toda água do circuito atingir a mesma temperatura.
água aquecida fica armazenada num reservatório termicamente isolado que evita perda de calor para o ambiente. A tubulação que interliga os
coletores, o reservatório e o chuveiro elétrico, pode ser montada com os tubos tradicionais de PVC utilizados normalmente em instalações
hidráulicas residenciais.
Veja abaixo um exemplo de aquecedor solar. Acessando o link: http://vidasustentavel.perus.com/meio-ambiente/461, você mesmo pode montar
seu próprio aquecedor solar.
Nos locais onde se pratica a Permacultura é muito comum encontrar Aquecedores solares artesanais que atendem às necessidades das
residências e escolas locais. A figura ao lado é de um aquecedor que foi instalado em uma vila de Permacultura. Seus sistemas, tanto de
construção como de utilização, são simples.
Aproveitando o espaço e o ecossistema locais para a plantação
Toda a flora local é aproveitada no sistema de Permacultura, associando árvores, ervas,
arbustos e plantas rasteiras, que não desgastam o soloe se protegem mutuamente.
Para o plantio de verduras, legumes e outras hortaliças na Permacultura é muito comum a
construção de uma horta em formato circular chamado, na maioria das vezes, de horta
mandala. Esse tipo de horta foi criado pelo ambientalista Bill Mollison, na Austrália, na
década de 1970. Ele queria criar outra forma de dispor as espécies vegetais, que estivesse
mais de acordo com o ecossistema.
Com a crescente preocupação envolvendo a natureza, esse conceito se espalhou entre os
agrônomos. Eles alegam que esse tipo de horta economiza água, trabalha com a diversidade
de plantas, aproveita melhor o espaço, usa apenas fertilizantes orgânicos e poupa o solo.
Além disso, a horta pode ser um meio de complementação da renda familiar.
Pode-se ter um tanque de irrigação no centro (figura ao lado). Por meio de linhas de
drenagem, a água escorre para o meio e é novamente captada para o sistema. Sendo
assim, uma das vantagens da horta mandala em relação aos canteiros convencionais é a
economia de água, pois a irrigação circular acaba evitando o desperdício de água que
ocorre nos canteiros retos. Na agricultura convencional, água que, muitas vezes, gera
erosão ao escorrer pelos sistemas convencionais, na horta mandala é capatada e
aproveitada.
A mistura de espécies tem um papel fundamental. Quanto maior a diversidade,
maior o equilíbrio ambiental e menor o índice de pragas e a necessidade de
intervenção. Para isso, é necessário observar o que dá e o que não dá na região.
Há plantas companheiras e outras que não se toleram.
A rotatividade de plantas contribui para a saúde do solo, pois cada espécie precisa
mais de um determinado nutriente. Se plantarmos sempre a mesma coisa, logo o
solo vai ficar sem este nutriente. Mas se alternamos o plantio das espécies, ele
permanece rico em todos os nutrientes no decorrer do tempo. Isso se chama
rotação de culturas que consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais, numa
mesma área agrícola. As vantagens da rotação de culturas são inúmeras. Além de
proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, se
adotada e conduzida de modo adequado e por um período suficientemente longo,
essa prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia
no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e
protege o solo da ação dos agentes climáticos.
A horta mandala prevê ainda a inclusão de animais. Se for construído um tanque de
água no centro, é possível introduzir peixes e galinhas em cercados ao redor. Dos
animais, utiliza-se o esterco como fertilizante. E o ciclo de sustentabilidade continua
seu caminho.
Projeto: Permacultura na Escola – Parte I
Você pode fazer uma horta na sua escola ou em sua casa seguindo alguns dos
princípios da mandala. Para isso, siga os passos abaixo:
1. Para escolher o local da construção da horta, pesquise sobre a influência
da luz solar na plantação, verifique também se, no espaço escolhido, há fonte
de água disponível.
2. Escolhido o local, prepare o terreno deixando-o sem entulhos.
3. Prepare o solo com compostos orgânicos ou esterco animal curtido.
4. Trace com um barbante o raio de sua mandala - o tamanho depende da
área disponível na sua escola. Tanques no centro são utilizados em hortas
maiores, com raio acima de 20 metros (neste caso, o tanque pode ter 6 metros
de raio). Em áreas menores utilize no centro uma espiral de ervas com
temperos. A idéia é que sejam degraus. A espécie que precisa de mais água
deve estar na parte mais baixa. Comece com alecrim, manjericão, melissa e
hortelã. Alecrim na parte alta, pois precisa de menos água.
5. Em volta da espiral, crie um canteiro (1 metro de largura) circular de alface intercalado com cenoura e outra faixa de rabanete. Deixe espaço
entre a espiral e o canteiro para circulação. O ideal é que a cada 80 centímetros de canteiro exista uma passagem. Renove a combinação de
plantas com salsa e cebolinha, por exemplo. A rotatividade é para não esgotar os nutrientes.
Mais uma idéia... construir um minhocário
Mas, o que é um minhocário?
Minhocário é um sistema de reciclagem do lixo orgânico caseiro, com minhocas transformando restos de alimento em adubo.
O minhocário é muito utilizado nos sistemas de Permacultura, pois produz o húmus necessário para manutenção das hortas feitas no local.
Esse processo - chamado de vermicompostagem - acontece dentro de caixas cheias de terra, onde as "operárias" (minhocas) digerem material
orgânico gerando um húmus superfértil no lugar. Para se ter uma idéia do potencial ecológico dos minhocários, dados do Ministério da
Agricultura revelam que, diariamente, o Brasil produz cerca de 144 mil toneladas de lixo orgânico, o que corresponde a 60% do lixo urbano.
Essa sujeira toda acaba indo para aterros e lixões, onde, muitas vezes, acaba poluindo os lençóis freáticos, entre outras mazelas. Se esse
material entrasse na dieta das minhocas domésticas, por dia teríamos nada menos que 86 mil toneladas fresquinhas de húmus!
Projeto: Permacultura na Escola – Parte II
1. Para manutenção da horta mandala, pesquise maneiras de construção de um minhocário para que o húmus produzido possa ser utilizado na
manutenção da horta, garantindo uma produção forte e saudável.
a) Liste os materiais necessários e as etapas do processo;
b) Procure substituir materiais novos por materiais reciclados;
c) Junte os materiais e comece a montar o seu minhocário.
2. Para iniciar a plantação, leia o texto abaixo e, a seguir, faça um calendário estipulando as datas para preparação do solo, plantio
(observando qual época é melhor para plantar determinadas espécies), adubação, colheita, etc.
Espiral de ervas: uma opção de plantio para pouco espaço
As espirais de ervas podem se adequar perfeitamente às nossas necessidades. Elas podem ser exclusivamente de plantas medicinais, assim
como de plantas aromáticas e condimentares. As espirais também podem ser de flores e forrações ou uma mistura de suas plantas preferidas,
sejam elas medicinais, aromáticas, comestíveis ou flores delicadas e coloridas.
Elas propiciam a criação de diversos microclimas em um pequeno espaço, para o cultivo de plantas com necessidades diversas. No alto da
espiral geralmente temos um ambiente mais seco e ensolarado, próprio para alecrim, lavanda, babosa, entre outras plantas adaptadas a essas
condições. No percurso curvo até a base, podemos ter cantinhos sombreados e mais úmidos, para plantas mais exigentes como tomate,
moranguinho, malva, cebolinha, salsa, etc. Na base, que pode terminar ao nível do solo ou até mesmo em um laguinho, podemos plantar
espécies apreciadoras de umidade, como manjericão, tomilho.
As espirais podem ser de qualquer tamanho e são perfeitas para espaços pequenos.
Aproveitando a água que vem da chuva
Na Permacultura, a água da chuva também é aproveitada
através da instalação de captadores, que faz com que a água
seja armazenada e utilizada para diversos fins, como a descarga
do vaso sanitário, por exemplo.
Projeto: Permacultura na Escola – Parte III
1. Chegou o momento de aproveitar a água que vem da chuva
para algumas atividades na escola.
a) Pesquise e liste atividades em que a água da chuva pode ser
utilizada como maneira de economizar a água do nosso planeta.
Não se esqueça de pesquisar e considerar os riscos de
contaminação que esta água pode oferecer.
b) Discuta com os professores e colegas a possibilidade de
aplicação da sua idéia na prática escolar.
c) Junte os materiais necessários para que isso seja feito na
escola e coloque em prática suas idéias.
É com todas essas ações descritas e muitas outras que ainda
estão em desenvolvimento que a Permacultura pretende
solucionar muitos problemas socioambientais da atualidade,
visando um planeta mais sustentável composto por pessoas
mais comprometidas com as relações sociais e ambientais.
Módulo Didático: Permacultura
Educação Ambiental
Autor(as): Priscilla Zanella, Marina Fonseca e Junia Freguglia
Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG / setembro 2010

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Permacultura: soluções sustentáveis para problemas socioambientais

  • 1. MÓDULO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Permacultura Habilidades básicas: · Reconhecer alguns problemas socioambientais, suas causas e conseqüências. · Conhecer idéias e práticas da Permacultura. · Perceber-se como co-responsável pela manutenção das condições de vida no planeta. Introdução A humanidade vem enfrentando muitos problemas socioambientais, que decorrem da busca por um crescimento acelerado e por poder. Várias pessoas buscam maneiras de minimizar ou resolver os problemas sócioambientais para que as conseqüências sejam mais amenas para o planeta Terra e para a humanidade. A Permacultura oferece ferramentas para o planejamento, a implantação e a manutenção de ecossistemas no campo e nas cidades. A Permacultura propõe criar ecossistemas que tenham a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. A meta é que uma alimentação saudável, habitação e energia sejam providos para a comunidade local de forma sustentável. Neste módulo serão apresentados os principais problemas socioambientais que estão sendo enfrentados na atualidade. Também apresentaremos a proposta da Permacultura, que pode ajudar a resolver estes problemas. Problemas socioambientais da atualidade Os problemas socioambientais estão sendo cada vez mais freqüentes e intensos. Um exemplo disso é o que vem ocorrendo na Floresta Amazônica e no Cerrado brasileiro, os dois maiores biomas do Brasil. Grandes áreas vêm sendo desmatadas para servirem de pasto ou para o plantio de culturas, principalmente a soja. Segundo especialistas, o plantio de soja na Amazônia pode alterar o padrão de chuvas e aumentar as secas na Floresta. Isto porque os campos de soja são de cor clara, o que significa que refletem muita radiação solar. Como resultado, a
  • 2. superfície do campo é menos aquecida, reduzindo o volume de ar quente que evapora do solo. Desta forma, menos nuvens se formam e chove menos. Isto é grave, pois nossa floresta tropical tem um papel crítico no clima global e abriga um imenso patrimônio biológico, com milhões de espécies de organismos, tendo sido somente uma parcela identificada cientificamente. Outro problema relacionado à produção agrícola e à pecuária é o esgotamento do solo. As erosões resultam da forma equivocada como o plantio é desenvolvido por muitos agricultores. Essas práticas têm transformado grandes áreas produtivas em solos inférteis. Dependendo de como é praticada, a agricultura pode tanto aumentar como diminuir a produtividade do solo. Mas, ao invés de tentar solucionar o problema do solo, muitos agricultores optam simplesmente por abandonar aquela área e começar o plantio em outro lugar, e assim, criam um ciclo de degradação e esgotamento do solo. Os problemas não se restringem à produção de alimentos, eles acompanham todo o processo e se multiplicam nas últimas etapas devido ao consumo excessivo e à produção de lixo. Após problemas na etapa de produção, muitos alimentos vão para fábricas para serem processados, e industrializados, como o leite e os grãos, que geram diversos derivados, como manteigas, requeijões e farinhas. Quando falamos de indústrias, geralmente associamos à poluição do ar, da água, do solo e, algumas vezes, a danos à saúde do ser humano que ali trabalha e vive. Muitas indústrias ainda têm ações irresponsáveis em relação ao meio ambiente, jogando seus esgotos nos cursos d’água, seus resíduos sólidos no solo, e os resíduos gasosos que vão para o ar, todos sem tratamento adequado. Os problemas se estendem, causam danos também aos operários dessas indústrias que muitas vezes trabalham diretamente com matéria-prima ou máquinas perigosas ou estão sujeitos a ruídos (poluição sonora), e condições de trabalho que podem causar problemas psíquicos decorrentes do estresse. Os produtos chegam ao mercado do consumo e, nessa etapa, encontramos a chave de grandes problemas, o consumismo exagerado. O consumo é incentivado pelo governo, que visa o dinamismo econômico, e pela mídia, com lindas e perfeitas propagandas. Este consumo que pede cada vez mais produção, gerando mais poluição e desmatamentos e, mais tarde, uma quantidade exagerada de lixo.
  • 3. Não há como não produzir lixo, mas podemos diminuir essa produção. Como? Reduzindo o desperdício, reutilizando sempre que possível e separando os materiais recicláveis para a coleta seletiva. No entanto, o que fazemos é consumir e rapidamente jogar fora, como se a lixeira fosse um desintegrador mágico da matéria. Mas isso não acontece, o lixo continua existindo depois que jogamos na lixeira. Sem nenhum tratamento o lixo se acumula em lixões e aterros, cujas capacidades já estão bastante reduzidas ou encerradas. Você pode obter mais informações no módulo que trata a questão do lixo. Algumas pessoas tentam conscientizar outras através de imagens, textos, músicas, poemas, etc. A seguir, leremos uma poesia de Cordel retirado do site www.planetaeducacao, que diz respeito à questão do lixo.
  • 4.
  • 5. Em um mundo cada vez mais consumista, o “ser” vai cedendo lugar ao “ter”, ou seja, os seus valores e os seus sentimentos vão perdendo importância quando comparados com seu poder de compra, com o que você é capaz de adquirir. Quantos carros, celulares, computadores ou jogos de videogames você pode comprar. Desta maneira, quem não tem condições para ter as coisas, muitas vezes, é excluído da sociedade. Essa exclusão social tem várias conseqüências para o excluído e também para o que exclui. Por exemplo, uma conhecida conseqüência da exclusão social é a violência. Muitas vezes as pessoas que não tem poder aquisitivo, por serem rejeitadas, fazem uso da força física para obtenção de resultado ilícito como forma de tentar mudar a situação, obtendo as coisas ou simplesmente tirando-as de quem tem. A violência atinge todas as camadas de uma população, do mais rico ao mais pobre. Os problemas socioambientais são inúmeros e resolvê-los não é tarefa fácil. Mas a proposta da Permacultura muito tem a ver com a resolução ou minimização desses problemas. Então vale a pena conhecer. Mas afinal, o que é Permacultura?
  • 6. As possibilidades de realização de atividades nos sete campos citados na figura são inúmeras, e o maior objetivo desse sistema é interligar estes campos visando a preservação do meio ambiente como um todo. A Permacultura é um sistema de planejamento para a criação de ambientes humanos sustentáveis. Ela torna possível, entre outras coisas, a utilização da terra sem desperdício ou poluição, a restauração de paisagens degradadas e o consumo mínimo de energia. Ela trata as plantas, animais, construções, infra-estruturas (água, energia, comunicações) não apenas como elementos isolados, mas como partes de um grande sistema relacionado. Este sistema aproveita todos os recursos disponíveis, e faz uso da maior quantidade de formas funções possíveis de se aproveitar de cada elemento presente na composição natural do lugar. Mesmo os excedentes e dejetos produzidos por plantas, animais e atividades humanas são utilizados para beneficiar outras partes do sistema. As plantações são organizadas de modo que se aproveite da melhor maneira possível toda a água e a luz disponível. A proposta da Permacultura também objetiva a formação do cidadão, a promoção da saúde, da ética e da cultura, evitando os fenômenos de marginalização e exclusão sociais. Veremos com mais detalhes as diversas possibilidades que a Permacultura propõe. Os princípios éticos da Permacultura Ética é um conjunto de princípios morais que são usados para guiar ações para resultados bons e corretos e para longe de resultados ruins e errados. A ética tem um valor central no desenvolvimento de uma cultura sustentável. Pensando na construção desse tipo de cultura, a Permacultura segue três princípios éticos principais: - Cuidar da Terra: é preciso respeitar todas as coisas do planeta, sejam estas vivas ou não. Permitir e incentivar que todos os sistemas vivos possam continuar e se multiplicar. Cuidando dos ecossistemas, das espécies, das águas, dos solos e da atmosfera em todos os momentos de nossa vida, teremos assim um mundo mais saudável por mais tempo. Esse cuidado, esse respeito deve se refletir em nossa rotina diária, com decisões responsáveis, que são atitudes que valorizam a vida. Devemos usar os recursos de forma adequada não apelando ao consumismo exagerado e ao desperdício. - Cuidar das Pessoas:Apesar da espécie humana não ser a mais populosa do planeta, é a que mais causa danos e mais rapidamente. Portanto, se ao cuidarmos das pessoas conseguirmos que todas recebam o básico para suas vidas, teremos um planeta com mais chances de se tornar sustentável. Essas necessidades básicas podem ser abrigo, alimento, tratamento de resíduos, educação, trabalho e relações humanas saudáveis. - Partilhar os excedentes e definir limites para o consumo e reprodução: são atitudes que estão ligadas aos princípios anteriores. No caso da reprodução humana, este princípio nos coloca o desafio da paternidade responsável. E se estende à reprodução de animais para consumo, que hoje está além do que o planeta pode suportar. Partilhar os excedentes significa redistribuir os recursos que temos além de nossas necessidades, como alimento, dinheiro, tempo e compartilhar recursos como máquinas e ferramentas de forma cooperativa. Sempre priorizando o fluxo em vez do acúmulo. Definir limites para o consumo é a base do consumo responsável. Partindo desses três princípios conheceremos as alternativas propostas pela Permacultura. Aproveitando a energia que vem do Sol
  • 7. Os sistemas de Permacultura são tipicamente energizados com a luz do Sol, os ventos, e/ou as águas, produzindo energia suficiente para suas próprias necessidades. O aquecimento solar é o uso de energia solar para o aquecimento de água para banho, piscina e processos industriais. É interessante porque o Sol é uma fonte energética abundante e gratuita. Como funciona um aquecedor solar? Há vários tipos de aquecedores que utilizam a energia solar para geração de energia para uma casa, escola, indústria, etc. Algumas vezes esse recurso apesar de muitas vantagens apresenta um alto custo, o que impossibilita o uso do mesmo em larga escala. Porém, muitas alternativas viáveis vêm surgindo no mercado, principalmente devido ao cuidado e à preocupação com o meio ambiente, deixando os aquecedores mais baratos, sem perder em eficiência nem em qualidade. O funcionamento de um aquecedor solar de baixo custo se inicia quando a energia solar irradiante, ou seja, luz e infravermelho, incide sobre a superfície preta de coletores. A energia absorvida transforma-se em calor e aquece a água que está no interior dos coletores. A água aquecida diminui a sua densidade e começa a se movimentar em direção à caixa, dando início a um processo natural de circulação da água, chamado de termo-sifão. Para tanto, o reservatório deve estar mais alto que os coletores. Esse processo é contínuo, enquanto houver uma boa irradiação solar ou até quando toda água do circuito atingir a mesma temperatura. água aquecida fica armazenada num reservatório termicamente isolado que evita perda de calor para o ambiente. A tubulação que interliga os coletores, o reservatório e o chuveiro elétrico, pode ser montada com os tubos tradicionais de PVC utilizados normalmente em instalações hidráulicas residenciais. Veja abaixo um exemplo de aquecedor solar. Acessando o link: http://vidasustentavel.perus.com/meio-ambiente/461, você mesmo pode montar seu próprio aquecedor solar. Nos locais onde se pratica a Permacultura é muito comum encontrar Aquecedores solares artesanais que atendem às necessidades das residências e escolas locais. A figura ao lado é de um aquecedor que foi instalado em uma vila de Permacultura. Seus sistemas, tanto de construção como de utilização, são simples. Aproveitando o espaço e o ecossistema locais para a plantação
  • 8. Toda a flora local é aproveitada no sistema de Permacultura, associando árvores, ervas, arbustos e plantas rasteiras, que não desgastam o soloe se protegem mutuamente. Para o plantio de verduras, legumes e outras hortaliças na Permacultura é muito comum a construção de uma horta em formato circular chamado, na maioria das vezes, de horta mandala. Esse tipo de horta foi criado pelo ambientalista Bill Mollison, na Austrália, na década de 1970. Ele queria criar outra forma de dispor as espécies vegetais, que estivesse mais de acordo com o ecossistema. Com a crescente preocupação envolvendo a natureza, esse conceito se espalhou entre os agrônomos. Eles alegam que esse tipo de horta economiza água, trabalha com a diversidade de plantas, aproveita melhor o espaço, usa apenas fertilizantes orgânicos e poupa o solo. Além disso, a horta pode ser um meio de complementação da renda familiar. Pode-se ter um tanque de irrigação no centro (figura ao lado). Por meio de linhas de drenagem, a água escorre para o meio e é novamente captada para o sistema. Sendo assim, uma das vantagens da horta mandala em relação aos canteiros convencionais é a economia de água, pois a irrigação circular acaba evitando o desperdício de água que ocorre nos canteiros retos. Na agricultura convencional, água que, muitas vezes, gera erosão ao escorrer pelos sistemas convencionais, na horta mandala é capatada e aproveitada. A mistura de espécies tem um papel fundamental. Quanto maior a diversidade, maior o equilíbrio ambiental e menor o índice de pragas e a necessidade de intervenção. Para isso, é necessário observar o que dá e o que não dá na região. Há plantas companheiras e outras que não se toleram. A rotatividade de plantas contribui para a saúde do solo, pois cada espécie precisa mais de um determinado nutriente. Se plantarmos sempre a mesma coisa, logo o solo vai ficar sem este nutriente. Mas se alternamos o plantio das espécies, ele permanece rico em todos os nutrientes no decorrer do tempo. Isso se chama rotação de culturas que consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais, numa mesma área agrícola. As vantagens da rotação de culturas são inúmeras. Além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, se adotada e conduzida de modo adequado e por um período suficientemente longo, essa prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos. A horta mandala prevê ainda a inclusão de animais. Se for construído um tanque de água no centro, é possível introduzir peixes e galinhas em cercados ao redor. Dos animais, utiliza-se o esterco como fertilizante. E o ciclo de sustentabilidade continua seu caminho. Projeto: Permacultura na Escola – Parte I Você pode fazer uma horta na sua escola ou em sua casa seguindo alguns dos princípios da mandala. Para isso, siga os passos abaixo: 1. Para escolher o local da construção da horta, pesquise sobre a influência da luz solar na plantação, verifique também se, no espaço escolhido, há fonte de água disponível. 2. Escolhido o local, prepare o terreno deixando-o sem entulhos. 3. Prepare o solo com compostos orgânicos ou esterco animal curtido. 4. Trace com um barbante o raio de sua mandala - o tamanho depende da área disponível na sua escola. Tanques no centro são utilizados em hortas maiores, com raio acima de 20 metros (neste caso, o tanque pode ter 6 metros de raio). Em áreas menores utilize no centro uma espiral de ervas com temperos. A idéia é que sejam degraus. A espécie que precisa de mais água deve estar na parte mais baixa. Comece com alecrim, manjericão, melissa e hortelã. Alecrim na parte alta, pois precisa de menos água. 5. Em volta da espiral, crie um canteiro (1 metro de largura) circular de alface intercalado com cenoura e outra faixa de rabanete. Deixe espaço entre a espiral e o canteiro para circulação. O ideal é que a cada 80 centímetros de canteiro exista uma passagem. Renove a combinação de plantas com salsa e cebolinha, por exemplo. A rotatividade é para não esgotar os nutrientes. Mais uma idéia... construir um minhocário Mas, o que é um minhocário?
  • 9. Minhocário é um sistema de reciclagem do lixo orgânico caseiro, com minhocas transformando restos de alimento em adubo. O minhocário é muito utilizado nos sistemas de Permacultura, pois produz o húmus necessário para manutenção das hortas feitas no local. Esse processo - chamado de vermicompostagem - acontece dentro de caixas cheias de terra, onde as "operárias" (minhocas) digerem material orgânico gerando um húmus superfértil no lugar. Para se ter uma idéia do potencial ecológico dos minhocários, dados do Ministério da Agricultura revelam que, diariamente, o Brasil produz cerca de 144 mil toneladas de lixo orgânico, o que corresponde a 60% do lixo urbano. Essa sujeira toda acaba indo para aterros e lixões, onde, muitas vezes, acaba poluindo os lençóis freáticos, entre outras mazelas. Se esse material entrasse na dieta das minhocas domésticas, por dia teríamos nada menos que 86 mil toneladas fresquinhas de húmus! Projeto: Permacultura na Escola – Parte II 1. Para manutenção da horta mandala, pesquise maneiras de construção de um minhocário para que o húmus produzido possa ser utilizado na manutenção da horta, garantindo uma produção forte e saudável. a) Liste os materiais necessários e as etapas do processo; b) Procure substituir materiais novos por materiais reciclados; c) Junte os materiais e comece a montar o seu minhocário. 2. Para iniciar a plantação, leia o texto abaixo e, a seguir, faça um calendário estipulando as datas para preparação do solo, plantio (observando qual época é melhor para plantar determinadas espécies), adubação, colheita, etc. Espiral de ervas: uma opção de plantio para pouco espaço As espirais de ervas podem se adequar perfeitamente às nossas necessidades. Elas podem ser exclusivamente de plantas medicinais, assim como de plantas aromáticas e condimentares. As espirais também podem ser de flores e forrações ou uma mistura de suas plantas preferidas, sejam elas medicinais, aromáticas, comestíveis ou flores delicadas e coloridas. Elas propiciam a criação de diversos microclimas em um pequeno espaço, para o cultivo de plantas com necessidades diversas. No alto da espiral geralmente temos um ambiente mais seco e ensolarado, próprio para alecrim, lavanda, babosa, entre outras plantas adaptadas a essas condições. No percurso curvo até a base, podemos ter cantinhos sombreados e mais úmidos, para plantas mais exigentes como tomate, moranguinho, malva, cebolinha, salsa, etc. Na base, que pode terminar ao nível do solo ou até mesmo em um laguinho, podemos plantar espécies apreciadoras de umidade, como manjericão, tomilho. As espirais podem ser de qualquer tamanho e são perfeitas para espaços pequenos.
  • 10. Aproveitando a água que vem da chuva
  • 11. Na Permacultura, a água da chuva também é aproveitada através da instalação de captadores, que faz com que a água seja armazenada e utilizada para diversos fins, como a descarga do vaso sanitário, por exemplo. Projeto: Permacultura na Escola – Parte III 1. Chegou o momento de aproveitar a água que vem da chuva para algumas atividades na escola. a) Pesquise e liste atividades em que a água da chuva pode ser utilizada como maneira de economizar a água do nosso planeta. Não se esqueça de pesquisar e considerar os riscos de contaminação que esta água pode oferecer. b) Discuta com os professores e colegas a possibilidade de aplicação da sua idéia na prática escolar. c) Junte os materiais necessários para que isso seja feito na escola e coloque em prática suas idéias. É com todas essas ações descritas e muitas outras que ainda estão em desenvolvimento que a Permacultura pretende solucionar muitos problemas socioambientais da atualidade, visando um planeta mais sustentável composto por pessoas mais comprometidas com as relações sociais e ambientais. Módulo Didático: Permacultura Educação Ambiental Autor(as): Priscilla Zanella, Marina Fonseca e Junia Freguglia Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG / setembro 2010