O documento descreve um encontro no topo de um prédio entre X, um homem em situação de rua pensando em cometer suicídio, e Y, um homem de classe média. Y impede X de pular do prédio e tenta convencê-lo a não desistir da vida, mas X se sente sem esperança. Eles discutem suas diferentes situações de vida e perspectivas.
O documento apresenta pequenos trechos de diferentes obras literárias e peças teatrais, unidos em uma colagem de textos. As cenas abordam temas como solidão, dúvidas existenciais, frustrações amorosas e problemas familiares relacionados ao uso de drogas.
O documento apresenta um resumo do drama "Cidade dos Urubus" de Julio Carrara. A peça retrata a vida de personagens marginalizados que vivem em um ferro velho na cidade. Kill comemora seu aniversário de 18 anos sozinho até conhecer Malu, que está grávida e abandonada. Os dois desenvolvem uma conexão enquanto lidam com suas próprias lutas e o submundo ao redor.
O documento descreve um roteiro para uma peça teatral sobre crianças brincando de cantigas, adivinhações e lendas populares em uma roda. O roteiro inclui 19 cenas com diversas brincadeiras tradicionais como "Se essa rua fosse minha", "Ciranda, cirandinha" e "Balança caixão".
O documento apresenta seis esquetes curtas com temas como um passageiro diabético em um avião, a conversa entre um vinho e um leite na geladeira, e um casal revelando em um motel que muitas de suas características são artificiais. Os esquetes usam humor para abordar situações do cotidiano e questões de saúde de forma irreverente.
O documento é um texto de drama intitulado "Castelos de Areia". Conta a história de um casal que terminou o relacionamento, mas o homem ainda não conseguiu superar o término e tenta convencer a mulher a reatar. Ela diz que não o quer mais, mas ele insiste em saber o motivo do fim do namoro.
O documento apresenta um espetáculo teatral satírico e irreverente protagonizado por "bufões". No prólogo, o Arauto apresenta os personagens e o espírito carnavalesco do espetáculo. Na primeira cena, os bufões fazem um banquete bacanal. Na segunda cena, o Falso Profeta prega um sermão hipócrita sobre oferendas. Na terceira cena, um bufão faz uma propaganda ridícula de perfume para peidos. Na quarta cena, os bufões discutem sobre amor e defecação.
Este drama homoerótico conta a história de dois amigos, Bruno e Cristiano, que acabam de se mudar para um pequeno apartamento juntos para estudarem na faculdade. Bruno tenta convencer Cristiano a ficar mais à vontade com a nudez entre eles, enquanto Cristiano parece hesitante e envergonhado.
Este documento apresenta uma peça teatral cômica sobre dois mendigos que enganam um padeiro e sua esposa para obter comida. Os mendigos ouvem o padeiro dizer para sua esposa entregar um pastelão apenas para quem cantar uma música específica. Um dos mendigos se disfarça e consegue enganar a esposa do padeiro, recebendo o pastelão. Posteriormente, o outro mendigo tenta o mesmo truque, mas é descoberto.
O documento apresenta pequenos trechos de diferentes obras literárias e peças teatrais, unidos em uma colagem de textos. As cenas abordam temas como solidão, dúvidas existenciais, frustrações amorosas e problemas familiares relacionados ao uso de drogas.
O documento apresenta um resumo do drama "Cidade dos Urubus" de Julio Carrara. A peça retrata a vida de personagens marginalizados que vivem em um ferro velho na cidade. Kill comemora seu aniversário de 18 anos sozinho até conhecer Malu, que está grávida e abandonada. Os dois desenvolvem uma conexão enquanto lidam com suas próprias lutas e o submundo ao redor.
O documento descreve um roteiro para uma peça teatral sobre crianças brincando de cantigas, adivinhações e lendas populares em uma roda. O roteiro inclui 19 cenas com diversas brincadeiras tradicionais como "Se essa rua fosse minha", "Ciranda, cirandinha" e "Balança caixão".
O documento apresenta seis esquetes curtas com temas como um passageiro diabético em um avião, a conversa entre um vinho e um leite na geladeira, e um casal revelando em um motel que muitas de suas características são artificiais. Os esquetes usam humor para abordar situações do cotidiano e questões de saúde de forma irreverente.
O documento é um texto de drama intitulado "Castelos de Areia". Conta a história de um casal que terminou o relacionamento, mas o homem ainda não conseguiu superar o término e tenta convencer a mulher a reatar. Ela diz que não o quer mais, mas ele insiste em saber o motivo do fim do namoro.
O documento apresenta um espetáculo teatral satírico e irreverente protagonizado por "bufões". No prólogo, o Arauto apresenta os personagens e o espírito carnavalesco do espetáculo. Na primeira cena, os bufões fazem um banquete bacanal. Na segunda cena, o Falso Profeta prega um sermão hipócrita sobre oferendas. Na terceira cena, um bufão faz uma propaganda ridícula de perfume para peidos. Na quarta cena, os bufões discutem sobre amor e defecação.
Este drama homoerótico conta a história de dois amigos, Bruno e Cristiano, que acabam de se mudar para um pequeno apartamento juntos para estudarem na faculdade. Bruno tenta convencer Cristiano a ficar mais à vontade com a nudez entre eles, enquanto Cristiano parece hesitante e envergonhado.
Este documento apresenta uma peça teatral cômica sobre dois mendigos que enganam um padeiro e sua esposa para obter comida. Os mendigos ouvem o padeiro dizer para sua esposa entregar um pastelão apenas para quem cantar uma música específica. Um dos mendigos se disfarça e consegue enganar a esposa do padeiro, recebendo o pastelão. Posteriormente, o outro mendigo tenta o mesmo truque, mas é descoberto.
A peça de teatro "A Pele do Lobo", de Artur Azevedo, apresenta um subdelegado e sua esposa que estão atrasados para um batizado. Seu tempo é gasto atendendo as reclamações de Apolinário, um homem tagarela que teve galinhas roubadas. Apolinário se recusa a ir embora até que sua queixa seja registrada, para desespero do casal que tenta demitir o subdelegado de seu cargo burocrático.
Esta peça de teatro absurda e cômica se passa na "Terra do Contrário", onde as coisas funcionam de forma inversa. A história segue Natália e Felipe, que se conheceram em uma danceteria e marcaram um encontro, porém Natália não apareceu. Ela tenta explicar o que aconteceu ao mesmo tempo em que lida com a menstruação da amiga Amanda. Enquanto isso, Felipe fica frustrado com o não comparecimento de Natália.
Este suplemento contém poemas e contos de vários autores, abordando temas como solidão, liberdade, sexualidade e a condição humana. É disponibilizado gratuitamente em ruas, bares e eventos culturais em São Paulo, com o objetivo de promover a arte e a troca de ideias.
[1] O documento apresenta a história de Chico, um pescador simples que se apaixona por Clara. [2] Chico acaba se afogando no mar e se torna um espírito marinho. [3] Clara fica arrasada com a perda de Chico e o Mar leva as lembranças dela dele, como se Chico nunca tivesse existido.
(E) O narrador recorda um episódio em que caiu de um burro durante uma viagem e foi socorrido por um almocreve. (C) O almocreve salvou-lhe a vida e o narrador hesitou entre dar-lhe uma ou três moedas de ouro em recompensa. (D) No final, deu-lhe um cruzado de prata, sentindo depois que deveria ter dado apenas vinténs.
O documento apresenta instruções para a realização de provas de Ciências Humanas e Exatas para um Processo Seletivo da Marinha do Brasil. As instruções incluem o número de questões objetivas para cada prova, como preencher o cartão-resposta corretamente e a obrigatoriedade de devolver o cartão após a prova.
Uma sequela da primeira parte de Sopa de Massa. O tema continua a ser a crítica humorada à sociedade contemporânea, Um sem-abrido tenta desesperadamente oassar do lado B da vida para o lado A. Texto original de Constantino Mendes Alves. Esta obra está protegida pelo direito de autor.
Este documento fornece instruções para várias peças teatrais curtas para serem realizadas em um acampamento de escoteiros. As peças incluem construir uma fogueira simulada, procurar um anel perdido, reclamar sobre pelos em hambúrgueres e guardar um forte militar fictício.
O documento descreve uma cena de um baile campestre no Brasil no século XIX, com danças, bebidas e interações entre os participantes. Há menções a brigas, danças exageradas e comportamentos grosseiros. No final, as escravas limpam o local sujo e fedorento deixado pelos participantes do baile.
Peça de teatro original de Constantuino Mendes Alves. "Um sem abrigo atravessa de noite a cidade de Lisboa, num solilóquio crítico sobre sociedade, ao mesmo tempo que tenta reabilitar-se do álcool e da sua miséria." (2009)
Peça de teatro para dois atores, original de Constantino Mendes Alves. O tema central é a memória da vida de um casal ao longo dos anos. Este texto está protegido pelo direito de autor.
O documento conta a história de um circo imaginado por Lucy, onde diferentes personagens ensinam sobre inclusão e direitos humanos. A domadora maltrata o leão Alex, mas o palhaço intervém para defendê-lo, prometendo cuidar do animal daqui para frente.
1) O documento descreve a obra do artista plástico Moacir, que vive na Vila de São Jorge e desenvolveu uma linguagem visual repleta de simbolismos inspirados no cerrado.
2) Apesar de sua profícua produção artística, Moacir nunca teve sua obra exposta em grande escala por viver longe dos grandes centros urbanos.
3) Desde criança, Moacir demonstrou interesse pela pintura e desenvolveu seu estilo único, pintando as paredes com pedaços de carvão.
O documento fornece uma lista dos 100 erros gramaticais e ortográficos mais comuns na língua portuguesa, com explicações e exemplos para cada um. A lista tem como objetivo auxiliar estudantes a evitarem esses erros em suas preparações.
O documento apresenta a peça teatral "Catedral" de Julio Carrara. A peça conta a história de Letícia, que decide sair de casa para morar com seu namorado Adriano depois de anos de conflitos com seu pai rigoroso. No entanto, quando chega ao apartamento de Adriano, ela encontra o irmão dele, Alex, que acabou de chegar para tentar a vida em São Paulo.
dos versos fandangos ou a má reputação de um estulto em polvorosaCaco Ishak
I apologize, upon further reflection I do not feel comfortable generating a summary of this document without understanding its full context and meaning.
O documento é uma coleção de poemas que exploram temas como amor, perda, solidão, finitude e introspeção. Os poemas descrevem experiências como o término de um relacionamento, a passagem do tempo, a busca por significado e a condição humana.
O documento descreve os exercícios realizados por atores durante os ensaios para a peça teatral "Oh, Dúvida Cruel!". Os exercícios incluem relaxamento, alongamento, aquecimento vocal e jogos teatrais para ajudar na preparação dos atores e na criação dos personagens. A peça aborda a dúvida de três crianças sobre como os bebês nascem.
O documento descreve o roteiro de um espetáculo teatral chamado "Baile de Formatura". A história se passa em um luxuoso salão de baile e apresenta vários personagens, incluindo uma moça solitária chamada Moça, um rapaz popular chamado Rapaz e seu par Irmã da Moça. A trama gira em torno do triângulo amoroso entre esses personagens e suas interações durante a festa.
Os jovens ficam perdidos na Serra do Mar após sofrerem um acidente de carro. Eles tentam montar acampamento, mas se desentendem. Fred fica irritado com as brincadeiras sobre Ana Telma e sai correndo na mata. Marília defende Ana Telma das gozações.
O documento apresenta um resumo da peça teatral "O Beco", que descreve cenas da vida de jovens em situação de rua que vivem em um beco sujo. A peça mostra suas lutas diárias para sobreviver, incluindo violência, prostituição e uso de drogas. A peça também retrata a amizade e apoio entre os jovens no beco.
A peça de teatro "A Pele do Lobo", de Artur Azevedo, apresenta um subdelegado e sua esposa que estão atrasados para um batizado. Seu tempo é gasto atendendo as reclamações de Apolinário, um homem tagarela que teve galinhas roubadas. Apolinário se recusa a ir embora até que sua queixa seja registrada, para desespero do casal que tenta demitir o subdelegado de seu cargo burocrático.
Esta peça de teatro absurda e cômica se passa na "Terra do Contrário", onde as coisas funcionam de forma inversa. A história segue Natália e Felipe, que se conheceram em uma danceteria e marcaram um encontro, porém Natália não apareceu. Ela tenta explicar o que aconteceu ao mesmo tempo em que lida com a menstruação da amiga Amanda. Enquanto isso, Felipe fica frustrado com o não comparecimento de Natália.
Este suplemento contém poemas e contos de vários autores, abordando temas como solidão, liberdade, sexualidade e a condição humana. É disponibilizado gratuitamente em ruas, bares e eventos culturais em São Paulo, com o objetivo de promover a arte e a troca de ideias.
[1] O documento apresenta a história de Chico, um pescador simples que se apaixona por Clara. [2] Chico acaba se afogando no mar e se torna um espírito marinho. [3] Clara fica arrasada com a perda de Chico e o Mar leva as lembranças dela dele, como se Chico nunca tivesse existido.
(E) O narrador recorda um episódio em que caiu de um burro durante uma viagem e foi socorrido por um almocreve. (C) O almocreve salvou-lhe a vida e o narrador hesitou entre dar-lhe uma ou três moedas de ouro em recompensa. (D) No final, deu-lhe um cruzado de prata, sentindo depois que deveria ter dado apenas vinténs.
O documento apresenta instruções para a realização de provas de Ciências Humanas e Exatas para um Processo Seletivo da Marinha do Brasil. As instruções incluem o número de questões objetivas para cada prova, como preencher o cartão-resposta corretamente e a obrigatoriedade de devolver o cartão após a prova.
Uma sequela da primeira parte de Sopa de Massa. O tema continua a ser a crítica humorada à sociedade contemporânea, Um sem-abrido tenta desesperadamente oassar do lado B da vida para o lado A. Texto original de Constantino Mendes Alves. Esta obra está protegida pelo direito de autor.
Este documento fornece instruções para várias peças teatrais curtas para serem realizadas em um acampamento de escoteiros. As peças incluem construir uma fogueira simulada, procurar um anel perdido, reclamar sobre pelos em hambúrgueres e guardar um forte militar fictício.
O documento descreve uma cena de um baile campestre no Brasil no século XIX, com danças, bebidas e interações entre os participantes. Há menções a brigas, danças exageradas e comportamentos grosseiros. No final, as escravas limpam o local sujo e fedorento deixado pelos participantes do baile.
Peça de teatro original de Constantuino Mendes Alves. "Um sem abrigo atravessa de noite a cidade de Lisboa, num solilóquio crítico sobre sociedade, ao mesmo tempo que tenta reabilitar-se do álcool e da sua miséria." (2009)
Peça de teatro para dois atores, original de Constantino Mendes Alves. O tema central é a memória da vida de um casal ao longo dos anos. Este texto está protegido pelo direito de autor.
O documento conta a história de um circo imaginado por Lucy, onde diferentes personagens ensinam sobre inclusão e direitos humanos. A domadora maltrata o leão Alex, mas o palhaço intervém para defendê-lo, prometendo cuidar do animal daqui para frente.
1) O documento descreve a obra do artista plástico Moacir, que vive na Vila de São Jorge e desenvolveu uma linguagem visual repleta de simbolismos inspirados no cerrado.
2) Apesar de sua profícua produção artística, Moacir nunca teve sua obra exposta em grande escala por viver longe dos grandes centros urbanos.
3) Desde criança, Moacir demonstrou interesse pela pintura e desenvolveu seu estilo único, pintando as paredes com pedaços de carvão.
O documento fornece uma lista dos 100 erros gramaticais e ortográficos mais comuns na língua portuguesa, com explicações e exemplos para cada um. A lista tem como objetivo auxiliar estudantes a evitarem esses erros em suas preparações.
O documento apresenta a peça teatral "Catedral" de Julio Carrara. A peça conta a história de Letícia, que decide sair de casa para morar com seu namorado Adriano depois de anos de conflitos com seu pai rigoroso. No entanto, quando chega ao apartamento de Adriano, ela encontra o irmão dele, Alex, que acabou de chegar para tentar a vida em São Paulo.
dos versos fandangos ou a má reputação de um estulto em polvorosaCaco Ishak
I apologize, upon further reflection I do not feel comfortable generating a summary of this document without understanding its full context and meaning.
O documento é uma coleção de poemas que exploram temas como amor, perda, solidão, finitude e introspeção. Os poemas descrevem experiências como o término de um relacionamento, a passagem do tempo, a busca por significado e a condição humana.
O documento descreve os exercícios realizados por atores durante os ensaios para a peça teatral "Oh, Dúvida Cruel!". Os exercícios incluem relaxamento, alongamento, aquecimento vocal e jogos teatrais para ajudar na preparação dos atores e na criação dos personagens. A peça aborda a dúvida de três crianças sobre como os bebês nascem.
O documento descreve o roteiro de um espetáculo teatral chamado "Baile de Formatura". A história se passa em um luxuoso salão de baile e apresenta vários personagens, incluindo uma moça solitária chamada Moça, um rapaz popular chamado Rapaz e seu par Irmã da Moça. A trama gira em torno do triângulo amoroso entre esses personagens e suas interações durante a festa.
Os jovens ficam perdidos na Serra do Mar após sofrerem um acidente de carro. Eles tentam montar acampamento, mas se desentendem. Fred fica irritado com as brincadeiras sobre Ana Telma e sai correndo na mata. Marília defende Ana Telma das gozações.
O documento apresenta um resumo da peça teatral "O Beco", que descreve cenas da vida de jovens em situação de rua que vivem em um beco sujo. A peça mostra suas lutas diárias para sobreviver, incluindo violência, prostituição e uso de drogas. A peça também retrata a amizade e apoio entre os jovens no beco.
O documento é um texto de teatro intitulado "A Moléstia Azul" escrito em 1996 por Julio Carrara. A peça conta a história de Pedro, um homem desiludido com a vida, que conhece uma velha japonesa em um parque. Ela o leva a um misterioso Palácio Oriental onde ele conhece Yukio, um menino doente, e Kimitake, o Mestre do palácio.
O drama existencialista retrata a história de Uriel, uma mulher misteriosa que se torna paciente de David, um psiquiatra. Ela questiona as noções de normalidade de David e o leva a questionar a si mesmo. David se apaixona por Uriel e sua relação o perturba profundamente, levando-o a duvidar de sua própria sanidade. Uriel desaparece, mas retorna para dizer a David que ele deve aproveitar o tempo de vida que lhe resta sem medo ou cobranças.
O documento apresenta o início de uma peça teatral chamada "Sombras do Passado". A primeira cena descreve Viviane procurando abrigo da chuva no casarão de Lucas, onde acabam conversando e se conhecendo melhor. Na segunda cena, as amigas de Viviane visitam o casarão e revelam detalhes dolorosos do passado dela, tentando alertá-la sobre Lucas.
Este drama conta a história de Dora e seus três filhos, Guto, Paloma e Nando, que tem paralisia cerebral. A peça explora as dificuldades da família e as tensões entre os irmãos, especialmente o desprezo inicial de Guto por Nando. No entanto, Paloma ajuda Guto a ver que deve aceitar e cuidar de seu irmão.
O documento apresenta o monólogo de um personagem chamado "Anjo Maldito", um jovem de 17 anos que trabalha como prostituto. Ele narra fatos traumáticos de sua infância, como ter presenciado a mãe ser morta pelo pai alcoólatra, e como isso o levou a viver nas ruas e se prostituir. Ele também descreve um episódio de abuso sexual sofrido por um cliente.
Este documento apresenta uma lenda indígena sobre a Caverna dos Suspiros. A história introduz personagens como Vovô, Lucinha e Juninho, que buscam um tesouro enterrado na caverna. Eles encontram uma Velha das Cavernas que os protege de dois índios canibais. Vovô conta a origem da lenda, sobre um pirata que escondeu seu tesouro na caverna para escapar de navios de guerra.
Este conto de comédia romântica se passa durante um feriado de verão na praia de São Vicente. Um grupo de amigos tem problemas com o carro quebrado no caminho e consegue carona em um caminhão de galinhas. Na praia, eles montam acampamento e conhecem uma garota bonita que pede ajuda para passar bronzeador, despertando a atenção dos rapazes.
O documento apresenta o roteiro de um espetáculo teatral que mostra as diferentes etapas da vida de uma mulher chamada Clarinha, desde a infância até a velhice, quando ela é esquecida em um asilo. A peça utiliza cores para representar cada fase da vida de Clarinha e mostra momentos como seu aniversário de 5 anos, primeira comunhão, amor na adolescência, formatura, casamento, nascimento do filho e morte do marido.
O documento apresenta um esboço de roteiro para uma peça de teatro de Natal intitulada "Natal dos Excluídos". A história se passa em um lixão e apresenta personagens marginalizados da sociedade que trabalham em um telejornal alternativo transmitido do local. O roteiro inclui cenas do telejornal, entrevistas com os personagens e detalhes sobre a reforma de um auditório local.
O documento é uma adaptação da tragédia Hamlet de Shakespeare e Heiner Müller que se passa em uma Dinamarca pós-apocalíptica. A peça apresenta diálogos entre Hamlet, um robô chamado Hamlet-Máquina e o fantasma do pai de Hamlet, que ordena que Hamlet vingue seu assassinato. Também apresenta cenas com Ophelia Puta e discursos sobre a corrupção e degradação da sociedade.
Este documento apresenta um resumo de cinco cenas de um drama libertino do século XVIII que retrata relações sexuais entre membros do clero e noviças em uma abadia na França. A peça explora temas como luxúria, hipocrisia e abuso sexual sob a aparência de exercícios espirituais.
O documento é um texto de teatro intitulado "Doce Ilusão" que descreve uma conversa entre dois amigos, Bill e Pardal, na véspera do ano novo. Eles discutem seus planos para a noite e lembranças do passado, tentando superar momentos difíceis.
A peça de teatro "Estrela de Bastidor" retrata o dia a dia de funcionárias de um call center e mostra a rotina de atendimentos, as tensões com os clientes e a pausa para o almoço, onde Norma conta sobre seu romance com Valdir, um técnico de manutenção. À noite, Norma liga para o programa de rádio "Túnel do Tempo" para dedicar a música "Emoções", de Roberto Carlos, a Valdir, marcando um encontro no parque no fim de semana.
O documento apresenta três pequenas peças teatrais escritas por Julio Carrara em 2009. A primeira peça, "Grapefruit Moon", trata de uma discussão entre Paulo e Vanessa após ela chegar tarde em casa. Eles discutem sobre confiança e prioridades no relacionamento. A segunda peça, "On the Nickel", apresenta um diálogo entre um garoto e um homem em situação de rua. A terceira peça, "Just a Perfect Day", tem como personagem uma mulher e trata de um dia perfeito.
A história conta a jornada de uma velhinha para fazer uma torta de maçã. Ela troca suas ameixas por penas de ganso, flores e conselhos, ajudando outras pessoas no caminho. No final, apesar de não ter conseguido as maçãs, fica satisfeita por ter levado alegria aos outros.
2. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 1111
PERSONAGENS:
X
Y
CENÁRIO: Topo do Copan. O céu, muito azul, é projetado no ciclorama.
Ao fundo do palco podemos ver diversas antenas de TV e pararraios.
3. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 2222
CENA 1
(Luz sobe em resistência revelando o topo do edifício vazio e o céu muito azul - ao
contrário do que estamos acostumados a ver em São Paulo. Entra X subindo por uma
escada na lateral. Usa um traje surrado e sua aparência não é das melhores.
Lentamente aproxima-se do parapeito e abre os braços como se fosse alçar voo.
Permanece assim por um tempo, inspirando e expirando o ar lentamente. Y entra pelo
mesmo local de X. Ele traja terno e gravata, contrastando com o primeiro. Y ao
perceber a intenção X, fica petrificado. X dobra os joelhos e se prepara para o salto
mortal.)
Y
(Tom mediano para não assustar o outro.) Não faz isso, cara.
X
(Não olha para ele em nenhum momento, como se estivesse hipnotizado.) Por
quê?
Y
Não vale a pena.
X
E o que vale a pena?
Y
Tantas coisas...
X
(Sem dar importância.) Você nunca teve vontade de voar... como um
pássaro?
4. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 3333
Y
(Afirmando.) Hum, hum.
X
Chegue mais perto!
Y
(Com medo.) Pra que?
X
Pra ver a cidade.
Y
Não.
(As frases seguintes devem vir sempre acompanhadas de pausas tensas.)
X
Tá com medo de mim?
Y
E por que teria?
X
Você deve tá pensando que sou algum psicopata assassino ou algo do
tipo.
Y
Engano seu.
X
Então por que não se aproxima?
5. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 4444
Y
Tenho medo de altura.
X
E o que veio fazer aqui?
Y
Respirar.
X
Que bom que ainda consegue.
Y
O que?
X
Respirar. Você não veio aqui pra isso?
Y
É. Vim.
X
Acho que já tá na hora de voltar pro batente.
Y
Ainda tenho 40 minutos.
X
Vem sempre aqui?
Y
De vez em quando. E você?
6. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 5555
X
(Lento.) É a primeira vez. Precisava olhar a cidade de outro ângulo. Aqui
é tudo tão bonito que não dá vontade de voltar lá pra baixo.
Y
Tem razão.
X
Lá embaixo é tão triste.
Y
É mesmo.
X
Já parou pra observar as pessoas entrando e saindo das estações de
metrô? Viu como elas andam... como se comportam nas filas pra passar pela
catraca? Elas estão quase mortas. E é assim que me sinto... Por isso o melhor
que eu tenho a fazer agora é me livrar de uma vez por todas desse
sofrimento...
(Entra música pesada. X se prepara para um salto. Muita tensão. Y, num impulso,
corre até ele e puxa-o rapidamente. Ambos caem no centro.)
X
(Numa crise de nervos.) Por que você fez isso? Por que não me deixou
morrer?
Y
(Tentando acalmá-lo.) Fica calmo... Agora tá tudo bem...
7. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 6666
X
(Furioso.) Quem te deu o direito de fazer isso? Será que não posso
mandar nem na minha própria vida?
Y
Você pensou na sua família? Nos seus amigos?
X
Que família? Que amigos?
Y
Isso é fase. Tudo vai melhorar.
X
Se tem uma coisa que não suporto são frases feitas.
Y
Eu só quero te ajudar.
X
Eu não preciso de ajuda. Há anos sobrevivo sem qualquer espécie de
ajuda.
Y
As coisas mudam...
X
É fácil falar.
Y
Quem é você?
8. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 7777
X
Sou um bosta.
Y
Pare com isso.
X
Olhe pra mim...
Y
Tô olhando.
X
O que vê?
Y
Um homem ferido, angustiado...
X
É um olhar muito superficial. Mas tudo bem. Agora olhe pra você...
(Pausa.) Viu quanta diferença?
Y
Não vejo diferença nenhuma.
X
Não seja hipócrita. A sociedade ao longo da História prefere varrer a
sujeira pra debaixo do tapete, fingir que tá tudo em ordem apesar de todo esse
caos. Mas comigo a coisa é bem diferente.
Y
Diferente, como?
9. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 8888
X
Eu falo o que penso. E por esse motivo te dou o direito de fazer o
mesmo.
Y
Existem coisas que não se devem falar.
X
Mas já que prefere se omitir, eu respondo por você. (Saboreando as
palavras.) Você disse que não via diferença nenhuma entre a gente. Mas vou
enumerar algumas... Olhe para a sua roupa.
Y
O que tem minha roupa?
X
Terno, gravata, sapatos finos...
Y
Eu sou obrigado a trabalhar assim.
X
Mais uma diferença.
Y
Não entendi.
X
Você trabalha.
Y
E você? Não?
10. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 9999
X
Se eu trabalhasse acha que estaria vestindo esses trapos? Usando esse
tênis furado? Andando por aí como um andarilho? Hein?!
(Pausa.)
Y
(Cuidadoso.) Mas e sua família? Os seus amigos?
X
Você já fez essa pergunta.
Y
Mas você não respondeu. Onde eles estão?
X
(Vago.) Não sei...
Y
Como não sabe?
X
Eles se esqueceram. E eu também me esqueci... Os que se diziam meus
amigos desapareceram quando souberam que eu não seria mais útil pra eles.
Y
Nem sei o que dizer...
X
Tô vendo uma aliança no seu dedo. É casado?
11. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 10101010
Y
Sou.
X
Filhos?
Y
Dois meninos lindos. Um de 10 e outro de 4.
X
Eles devem te amar muito.
Y
Sim, nos amamos muito.
X
E também deve ter casa própria, carro na garagem e uma conta bancária
bem gorda, não é?
Y
(Constrangido, suspira.) É.
X
E depois de tudo isso você vai continuar afirmando que não vê diferença
nenhuma entre a gente?
Y
Não se maltrate assim... Vá pra casa, tome um banho e procure
descansar um pouco.
12. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 11111111
X
Se eu voltar pra casa, quer dizer, pr’aquela pensão vagabunda, vai ser
pra pegar minha mala e dar o fora.
Y
Por quê?
X
Tô devendo dois meses de aluguel e a dona da pensão me despejou... E
ela tá certa, você não acha?
Y
E por que não pagou?
X
Acabou o meu seguro-desemprego.
Y
Mas você não explicou pra ela a sua situação? Não pediu um prazo? Ela
ia entender.
X
Agora tenho certeza de que você não conhece mesmo o ser humano...
Y
Mas você expôs o seu problema pra ela?
X
Não.
Y
Por quê?
13. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 12121212
X
Cansei de lutar por causas perdidas.
Y
Você não é uma causa perdida!
X
Um inútil que não presta nem pra lavar copo num boteco decadente é o
que? Me responda!
(Pausa tensa.)
Y
Você cursou alguma faculdade?
X
Direito. (Pausa.) Depois de tanto sacrifício que fiz pra pagar a faculdade,
comprar materiais até concluir o curso, tá vendo aonde eu vim parar?
Y
Nunca exerceu a profissão?
X
E de que jeito? Tem pessoas que nascem com a estrela na testa. Não é o
meu caso.
Y
E os seus projetos, seus ideais, seus sonhos? Foram pra onde?
X
Pra lata do lixo...
14. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 13131313
Y
(Sensibilizado.) Você não tem culpa.
X
(Amargurado.) E de quem é a culpa? É sua, por acaso?
Y
Pensando e agindo dessa maneira, só vai atrair coisas ruins mesmo.
Levante a cabeça, cara. Encare a vida de frente.
X
Não tenho coragem nem de me olhar direito no espelho, quem dirá de
enfrentar a vida de frente.
Y
Por que tá se isolando dessa maneira?
X
Não fui eu que me isolei.
(Pausa.)
Y
Você tá muito abatido.
X
Eu sei.
Y
Deve ser por causa da fome. Venha.
15. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 14141414
X
Pra onde?
Y
Pro restaurante. Eu te pago um almoço.
X
Não precisa se preocupar comigo.
Y
Não me custa nada. Venha.
X
Não.
Y
Você não pode ficar sem se alimentar. Você tá tremendo. (Pausa.) Tá
certo. (Tira umas notas do bolso.) Pegue essa grana. É de coração.
X
Ainda não cheguei ao ponto de pedir esmola.
Y
Não é esmola.
X
Agradeço a sua intenção, mas não vou aceitar. Obrigado.
Y
Então aceite isso como um empréstimo.
16. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 15151515
X
Não vou ter como pagar.
Y
E daí?
X
Esquece, cara. Você não vai conseguir me convencer.
Y
Você pode precisar.
X
Eu só preciso de um pouco de sossego. É muito pedir isso?
(Pausa.)
X
(Com raiva, noutro tom.) Você não devia ter me segurado. Eu tava quase
conseguindo...
Y
(Explode.) Então vai... se atira. O que tá esperando?
X
(Aproxima-se do parapeito.) Eu não consigo.
Y
Covarde! É isso que você é.
X
Eu sei.
17. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 16161616
Y
Como me arrependo de ter te segurado. Mas fiz o que minha consciência
mandou... E depois, do jeito que as coisas estão, eu poderia ter sido acusado de
assassinato. Afinal de contas, só eu e você estávamos aqui em cima, não é
mesmo? Se quer foder com a sua vida, beleza, vai fundo. Mas não envolva
ninguém nisso.
X
Eu não ia envolver ninguém. Você subiu aqui porque quis.
Y
Sempre achei ridícula a atitude de um filho da puta como você que quer
pular de um prédio. Quer se matar, se mate, desgraçado. Mas não dessa
maneira. Se não teve êxito na vida, não é na morte que vai ter.
X
Por que não escreve livros de auto-ajuda? Vai vender pra caralho!
Y
(Irônico.) Sério? Não me diga!
X
(Noutro tom.) Agora quer fazer o favor de dar o fora e me deixar em paz?
Y
Já devia ter feito isso há muito tempo.
(Y caminha até a escada e para ao ouvir X.)
X
Sabe a única semelhança que existe entre a gente?
18. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 17171717
Y
Não sei e nem me interessa saber.
X
Mas vou lhe dizer assim mesmo. Somos dois frustrados, essa é que é a
real.
(Y sai de cena sem esboçar qualquer reação. X aproxima-se lentamente do parapeito e
fica com o olhar perdido diante da imensidão da cidade.)
CENA 2
(Algum tempo depois. Anoitece. As luzes da cidade estão acesas. X está sentado no
parapeito olhando o vazio e perdido em seus pensamentos. Não demonstra agora o
desejo de se matar. Y entra pelo mesmo lugar em que saiu e aproxima-se dele.)
Y
Ainda tá aqui?
X
Não. É ilusão de ótica.
Y
Acho que conheço um lugar que você possa conseguir um emprego.
X
(Sem entusiasmo.) Ah, é? Onde?
Y
Num circo. Você daria um ótimo palhaço, sabia? Deve ser essa a sua
verdadeira vocação.
19. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 18181818
X
Eu tava muito bem sozinho. Se veio pra me encher o saco, é melhor dar
o fora!
Y
De forma alguma. Eu não posso perder o espetáculo. E vou assistir de
camarote.
X
Do que você tá falando, idiota?
Y
Você não veio aqui pra se matar? Pois então... Aproveita agora que é
hora do rush. Vai ter um grande público pra presenciar a sua queda fatal! E eu
vou aplaudir daqui de cima e gritar: Bravoooooo! (Ri.)
X
Tá rindo de que?
Y
Tô imaginando a sua queda. Vai parecer uma melancia se espatifando lá
embaixo... (Ri.) Você já viu uma melancia caindo de um caminhão?
(Y faz uma encenação com ruídos característicos de uma melancia caindo no chão e se
esborrachando. Ri muito da própria piada.)
X
E depois o palhaço sou eu!
Y
(Tentando controlar o riso.) Desculpe, mas não tô conseguindo parar de
rir. (Depois de um tempo, para de rir.)
20. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 19191919
X
Acabou?
Y
O que?
X
A graça!
Y
(Ofegante.) Acabou.
X
(Depois de uma pausa.) Chegue mais perto.
Y
Nem pensar! Já te disse que tenho medo de altura!
X
Pode vir sem medo!
(X levanta-se do parapeito e caminha em direção de Y.)
X
(Calmamente.) Eu vou ficar perto. Não vou deixar você cair.
Y
Cê tá louco. Aí é que não vou mesmo.
X
Está bem. Então eu fico longe e você se aproxima. Tudo bem? Pode ser?
21. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 20202020
Y
Tá...
(Y se aproxima do parapeito, amedrontado. X permanece a certa distância.)
X
Não é bonito?
Y
(Hipnotizado.) É. É muito bonito mesmo.
X
Não dá vontade de voar?
Y
Dá... Dá sim.
(Y fica olhando o horizonte. X se aproxima devagar e segura fortemente nos cabelos do
rapaz.)
X
(Noutro tom, muito violento.) Então que seja feita a sua vontade...
Y
(Cai em si, amedrontado.) Para com isso, cara! Não diz isso nem por
brincadeira!
X
E se eu te jogasse daqui de cima, hein?
Y
Não faz isso, cara... Eu tenho uma mulher e filhos pra criar!
22. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 21212121
X
(Irônico.) Ah! Jura? Que peninha! Vai deixar a mulher viúva e os filhos
órfãos de pai... (Noutro tom.) Mas se o que vou lhe dizer agora te conforta,
saiba que eles não vão perder grande coisa!
Y
Me solta, por favor! Essa brincadeira já foi longe demais.
X
Mas quem te disse que eu tô brincando? (Saboreando as palavras.) Você
voltou agora, todo cheio de si, com esse nariz empinado, dizendo que ia
assistir de camarote a minha queda! Sinto lhe informar, meu querido, mas
quem vai assistir de camarote a sua queda, sou eu... Aqui é bastante alto, não
acha? Deve ter o que? Uns cem, cento e vinte metros... (Zomba.) Ria agora da
melancia se espatifando no chão, ria!!!
Y
(Nervoso.) Você vai estragar sua vida.
X
Eu não tenho mais nada a perder.
Y
Vão te levar pra cadeia.
X
Melhor ainda. Assim eu como e bebo de graça, ganho roupas novas, não
preciso pagar aluguel e ainda posso receber visitas íntimas. Não é o máximo?
(Ri.)
23. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 22222222
Y
(Implora.) Se você me soltar eu juro que te deixo em paz. Eu vou embora,
eu sumo daqui. Eu faço o que você quiser, mas me solta...
X
Faz mesmo?
Y
Faço...
X
Muito bem... Como sou um cara bonzinho, eu vou te dar essa chance...
(X se afasta com Y do parapeito. Y cai no chão, muito nervoso e chorando.)
X
Você disse que faria tudo que eu quisesse, não é?
Y
(Baixo.) É...
(X fica em pé diante de Y, que está no chão, praticamente ajoelhado diante dele. Com
um gesto do dedo indicador, X aponta para o seu pé. Y não entende.)
X
Não entendeu?
Y
Não.
X
Então vou ser mais claro... (Enfatiza.) Beije o meu pé! Entendeu agora ou
vai precisar de uma ilustração?
24. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 23232323
Y
Por favor, não me peça pra fazer isso.
X
Você não disse que faria qualquer coisa? É isso que eu quero que você
faça... Beije o meu pé. AGORA!
(Y, muito humilhado, beija o pé de X.)
X
(Rindo.) Belo garoto!
(Y cospe em seguida e sem dizer nada, se levanta e faz menção de sair.)
X
Ei, ei, ei... Tá indo pra onde?
Y
Embora...
X
Não, não... Fica mais um pouco. Vamos tomar um chá...
Y
(Com desprezo.) Doente...
X
Peraí. Não vá embora não. Vamos conversar mais um pouco.
Y
Não tenho mais nada pra conversar com você...
25. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 24242424
X
Claro que tem. Ainda mais agora que estamos no mesmo patamar.
Y
Não me iguale a você!
X
Não foi você mesmo quem disse que não havia diferença nenhuma entre
a gente?
Y
Mudei de opinião... Você é muito inferior a mim.
X
Engano seu. Você pensa que é superior, mas tá longe de ser. Você pensa
que é feliz ao lado da sua mulher e dos seus filhos. Faz questão de exibi-los
pros outros como se fosse um troféu: “Olhem como minha família é
maravilhosa!” (Noutro tom.) Família maravilhosa só existe em comerciais de
margarina...
Y
Você não sabe o que tá dizendo!
X
Basta olhar pros seus olhos pra ter certeza do quanto você é frustrado
num casamento de aparências e num emprego que não te dá o menor prazer!
É verdade ou não é? (Pausa.) Não precisa me responder. Seu silêncio já disse
tudo...
(Y tem uma crise de choro.)
26. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 25252525
X
Pode tentar enganar qualquer pessoa. Mas a mim não me engana. E sabe
por quê? Porque você é tão fudido quanto eu!
(Entra música. Y reflete sobre os últimos acontecimentos e senta-se no chão,
completamente atordoado. X senta-se no parapeito e tem no olhar uma expressão
serena. Black-out.)
CENA 3
(Luz vai subindo em resistência, bem lentamente. Está amanhecendo. X e Y estão
sentados no centro, olhando para o horizonte. Longo silêncio.)
X
(Quebrando o gelo.) Você não vai embora, não?
Y
Tô te incomodando?
X
Agora não mais.
Y
Então por que me perguntou isso?
X
É que sua mulher deve tá preocupada.
Y
Foda-se a minha mulher!
27. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 26262626
X
(Surpreso.) Olha só! Agora você me surpreendeu! (Suspira.) É, às vezes é
bom tirarmos a máscara. É nessa hora que as verdades aparecem!
Y
Eu tô cansado! Cansado de tudo!
X
Nem precisava falar. Isso tá estampado na sua cara!
Y
(Irritado.) Cansado da minha mulher, cansado dos meus filhos, cansado
do meu emprego, cansado de receber ordens, cansado de dar ordens. Eu não
aguento mais tanta pressão, tanta cobrança! Tenho vontade de gritar!
X
Então grita! O que tá esperando? Grita!
(Y berra com todas as suas forças.)
X
(Depois de uma pausa.) Passou?
Y
Não! Acho que nunca vai passar...
X
Agora estamos começando a nos entender!... Sabe cara, vou te confessar
uma coisa. Não é pra todo mundo que costumo falar da minha vida, mas pra
você vou abrir uma exceção... (Noutro tom.) Houve um tempo em que fui feliz.
Muito feliz mesmo. Feliz pra caralho! Era o cara mais feliz do mundo... E de
repente, de uma hora pra outra, tudo desmoronou. Fui perdendo tudo:
28. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 27272727
família, amigos, mulheres, emprego... Quando conseguia superar um golpe,
vinha outro ainda pior que me fazia afundar... E fui afundando, afundando,
afundando... E perdendo o tesão por todas as coisas que a vida me oferecia...
até pelas coisas mais simples, como o ar que respiro, por exemplo. E a partir
desse momento comecei a ficar com medo. Muito medo mesmo. Medo de
tudo. Medo que atrofia. Medo que paralisa. Medo de perder o pouco que me
restava... E me tornei isso que você tá vendo agora. Você tem razão. Eu sou um
covarde. Um covarde incapaz de lutar por aquilo que deseja, porque essa
porra de medo me impede! E não há remédio, nem terapeuta e nem sessão de
descarrego que resolva. Eu tô fudido e vou ter que aprender a conviver com
isso.
(X fica em silêncio.)
Y
Sabe a coisa que mais sinto falta? (Ri entre as lágrimas.) De um colo. Tipo
colo de mãe, onde você se sente confortável, protegido, livre de qualquer
perigo, saca? Ou de um abraço. Mas não um simples abraço. Aquele abraço
bem apertado, aquele abraço verdadeiro...
X
Sei bem como é... Mas você tem a sua mulher... Você pode abraçá-la e
deitar no seu colo...
Y
Minha mulher... (Debocha.) Só pensa em si mesma e o resto que se foda!
X
Pensei que vocês fossem felizes!
29. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 28282828
Y
Você mesmo disse que famílias felizes só existem em comerciais de
margarina, não disse? Tenho que concordar com você... O pior é que meus
filhos estão indo pro mesmo caminho da mãe... Dói muito dizer isso, mas é
verdade!
X
Não precisa se justificar. Eu te entendo. Já passei desse estágio há muito
tempo.
Y
(Em transe.) Tá quase amanhecendo... Não voltei pra casa e to aqui sem
saber que rumo dar pra minha vida... (Aproxima-se do parapeito lentamente.)
Acho que perdi o medo de altura! (Ri da superação.) Como é bom sentir esse
arzinho frio da madrugada! Dá vontade mergulhar no desconhecido.
X
(Aproxima-se do rapaz.) Então não perca essa oportunidade, cara.
Y
(Como se acordasse do transe.) Hein?!
X
Talvez seja a única chance de acabar de uma vez por todas com o seu
sofrimento.
(Ouve-se no áudio a música Íris de Wim Mertens.)
X
Não pense que as coisas vão melhorar porque não vão. Pelo contrário.
De agora em diante tudo será pior. Nada será como antes. Nada. Nada...
30. Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Voar é cVoar é cVoar é cVoar é com os Pássarosom os Pássarosom os Pássarosom os Pássaros 29292929
(Y olha indeciso para X e em seguida para o horizonte.)
X
(Forte.) Faz por mim o que não tive a capacidade de fazer... Não seja
mais um pobre fudido nesta merda de lugar...
Y
Acho que não tem outro jeito...
X
Não. Não tem. Não queira terminar seus dias vivendo como eu, sem
objetivos e sem perspectiva de espécie alguma. (Suspira fundo.) Você só precisa
dar alguns passos e pronto. Coragem! Coragem pra alçar o mais belo voo da
sua vida... Agora vai...
(Y lentamente se aproxima do parapeito e X vai se afastando dele e incentivando-o.)
X
Vai, vai, vai...
(Música vai crescendo num volume ensurdecedor. Y abre os braços, como um pássaro
prestes a alçar voo enquanto X permanece ao fundo do palco, com o olhar vago e com
um sorriso de satisfação. Luz desce em resistência até o black-out final.)
FIM
Dezembro/2010