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MECÂNICA DOS SOLOS
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS
1
Prof. MSc. Eric Ribeiro da Silva
Profª MSc. Kamila Rodrigues Cassares Seko
Prof. MSc. Paulo Afonso C. Luz
Solo
“A necessidade do homem de trabalhar com os solos encontra
sua origem nos tempos mais remotos, podendo-se mesmo
afirmar ser tão antiga quanto a civilização (CAPUTO, 2016)”.
“Todas as obras de Engenharia Civil assentam-se sobre o
terreno e inevitavelmente requerem que o comportamento do
solo seja devidamente considerado (PINTO, 2006)”.
2
A Mecânica dos Solos
Os primeiros trabalhos sobre o comportamento dos solos
datam do século XVII. Em tais trabalhos, os solos eram
admitidos como “massas ideais de fragmentos”, atribuindo-lhes
propriedades de material homogêneo e estudando-os mais de
um ponto de vista matemático do que físico.
Todavia, um acúmulo de insucessos em obras de Engenharia
Civil no início do século XX, dos quais se destacam o
rompimento do canal do Panamá e rompimentos de grandes
taludes em estradas e canais em construção nos EUA e Europa,
mostrou a necessidade de revisão dos procedimentos de
cálculo.
3
A Mecânica dos Solos
No ano de 1925, com a publicação do
famoso livro Erdbaumechanik pelo Prof.
KARL TERZAGHI, nascia a Mecânica dos
Solos, ou seja, a mecânica constituída por
uma fase sólida granular e uma fase fluida.
4
Karl von Terzaghi
(1883 – 1963)
Fonte: Imagem da
internet
Em 1936 foi realizado o Primeiro Congresso
Internacional de Mecânica dos Solos e
Fundações que, consagrou de maneira
definitiva essa ciência aplicada.
Investigações
Geotécnicas
O solo é um material extremamente complexo, que varia de
lugar para lugar e que, em geral, não pode ser observado em
sua totalidade, mas, tão somente, através de amostras.
“É verdade conhecida que, em se tratando de solos e rochas, a
heterogeneidade é a regra, a homogeneidade, a exceção
(CAPUTO, 2016)”.
Os custos de uma investigação geotécnica, em geral são
desprezíveis em valor (entre 0,2 e 0,5% do valor da obra),
mas tal investigação é indispensável para a definição do tipo de
fundação mais adequado.
5
Definições
Os solos são materiais que recobrem a crosta terrestre (acima ou abaixo
do mar) e resultam do intemperismo das rochas, por desintegração
mecânica ou decomposição química, podendo ou não conter matéria
orgânica.
“A Mecânica dos Solos é a aplicação das leis da mecânica e da hidráulica
aos problemas de engenharia relacionados com os sedimentos e outros
depósitos não consolidados de partículas sólidas produzidas pela
desintegração mecânica ou química das rochas (TERZAGHI, 1945).”
Na Engenharia Civil, solos são definidos como todo material da crosta
terrestre que pode ser escavado mecanicamente e que perde
totalmente sua resistência quando está em contato prolongado com a
água (VARGAS, 1977).
6
Origem e Formação
dos Solos
7
Por desintegração mecânica (física) das rochas, através de
agentes como água, vento, temperatura e vegetação, formam-se
os solos de partículas grossas.
Exemplos: pedregulhos, areia grossa e média.
Por decomposição química das rochas, ocorrem reações
químicas, como hidrólise (reação de decomposição ou
alteração de uma substância pela água), hidratação, carbo-
natação e oxidação, e ação de micro-organismos que conduzem
à decomposição das rochas e levam à formação de solos de
partículas finas.
Exemplos: areias finas, siltes e argilas.
Intemperismo
8
Desintegração mecânica devida a agentes físicos:
➢ Água
Fragmentação por ação do gelo. (a) a água em estado líquido
ocupa as fissuras da rocha, (b) após congelamento expande
exercendo pressão nas paredes.
Fonte: Decifrando a Terra
Intemperismo
9
Desintegração mecânica devida a agentes físicos:
Bloco de gnaisse fraturado pela ação do gelo nas
fissuras (Antártica). Fonte: Decifrando a Terra.
Intemperismo
10
Desintegração mecânica devida a agentes físicos:
➢ Vento
Aspectos produzidos pela ação do vento e consequente erosão
do material transportado.
Fonte: Imagem da Internet
Intemperismo
11
Desintegração mecânica devida a agentes físicos:
➢ Vegetação
As raízes da arvore penetram
nas fraturas da rocha, produ-
zindo ainda mais fraturas
(intemperismo físico). Sua
decomposição, devido a ação
dos microrganismos presentes
nas raízes, causa intempe-
rismo químico.
Fonte: geonoemancipa
Intemperismo
12
Intemperismo das rochas devido à decomposição química:
➢ Oxidação: mudança que sofre um mineral em decorrência
da penetração de oxigênio na rocha;
➢ Hidratação: moléculas de água entram na estrutura de um
mineral, enfraquecendo-a e podendo formar um novo
mineral com características distintas;
➢ Hidrólise: esta reação destrói a estrutura do mineral, ou
seja, quebra as ligações químicas entre os elementos
químicos que constituem cada mineral atingido e os libera
na água, em forma de cátions (+) e ânions (-).
➢ Carbonatação: o CO2 dissolvido na água forma ácido
carbônico, contribuindo para a decomposição da rocha.
Intemperismo
13
Aumento da superfície de exposição aos agentes do
intemperismo:
Fonte: Maria Cristina Motta de Toledo
Aumento da superfície
específica de um bloco de
rocha, mostrando como a
fragmentação pode aumentar
intensamente a abertura de
caminhos para a água promo-
ver as reações químicas de
intemperismo.
Denomina-se superfície específica a soma das superfícies de todas as
partículas contidas na unidade de volume (ou de peso) do solo.
Pedologia
14
Pedologia é a ciência que tem por objetivo o estudo das
camadas superficiais da crosta terrestre, em particular sua
formação e classificação, levando-se em conta a ação de
agentes climatológicos.
Segundo os pedologistas, a formação de um solo é função da
rocha de origem, da ação dos organismos vivos, do clima, da
fisiografia (Geografia física) e do tempo.
Em pedologia, as camadas que constituem um perfil são
denominadas horizontes e designam-se pelas letras A
(camada superficial), B (subsolo) e C (camada profunda).
Perfil de Formação
do Solo
15
Fonte: Imagem da Internet
Perfil de Formação
do Solo
16
Fonte: Adaptado de imagem da
Internet
É mais homogêneo e não apresenta
nenhuma relação com a rocha mãe.
Resistência
Deformabilidade
Solo residual
maduro
Solo residual
jovem
Saprólito
Rocha alterada
Rocha sã
Grande quantidade de pedregulho,
é bastante heterogêneo.
Guarda características da rocha sã
e tem basicamente os mesmos
minerais, porém sua resistência é
bem reduzida.
Preserva parte da estrutura e dos
minerais da rocha mãe, porém com
dureza inferior (muito fraturada).
Rocha inalterada.
Classificação dos solos
quanto à sua origem
17
Solos residuais (ou autóctones)
➢ São formados a partir da decomposição das rochas pelo
intemperismo, sendo que os materiais intemperizados ficam
no próprio local de origem, in situ.
Solos sedimentares ou transportados (ou alotóctones)
➢ São formados a partir do transporte dos solos residuais ou
de outros materiais, por qualquer meio de transporte, para
regiões diferentes à região de origem.
➢ Aluvionares – quando transportados pela água;
➢ Eólicos – quando o agente de transporte é o vento;
➢ Coluvionares – transportados pela ação da gravidade;
➢ Glaciais – transportados por geleiras.
Classificação dos solos
quanto à sua origem
18
Solos de formação orgânica
➢ São os de origem essencialmente orgânica, seja de natureza
vegetal (plantas, raízes), seja animal (conchas);
➢ Possuem alto teor de matéria orgânica em decomposição e
são de cor escura;
➢ Turfa (solo com alto teor orgânico, com raízes).
Solos de evolução pedogenética
➢ São solos que após o processo de formação são alterados por
processos físico-químicos, como lixiviação, laterização,
cimentação, etc.
Exemplo: solos lateríticos (solos vermelhos de zonas úmidas e
quentes, compostos por hidróxidos de alumínio e ferro)
Tamanho das Partículas
19
A primeira característica que diferencia os solos é o tamanho
das partículas que os compõem.
Solo
Fração grossa
Fração fina
Tamanho das Partículas
20
Matacão – fragmento de rocha transportado ou não, comu-
mente arredondado por intemperismo ou abrasão.
Pedra de mão – idem ao anterior, com dimensões menores.
Pedregulho – solos formados por minerais ou partículas de
rocha. Quando arredondados ou semiarredondados, são deno-
minados cascalhos ou seixos.
Areia – origina-se da alteração de rochas que contém quartzo e
outros silicatos. Solo inerte, não coesivo e não plástico formado
por minerais ou partículas de rochas, com formato aproxi-
madamente esférico.
Tamanho das Partículas
21
Silte – solo que apresenta baixa ou
nenhuma plasticidade e baixa resis-
tência quando seco ao ar.
Argila – origina-se dos argilomine-
rais. Apresenta características mar-
cantes de plasticidade; quando
suficientemente úmido, molda-se
facilmente em diferentes formas;
quando seco, apresenta coesão
suficiente para construir torrões
dificilmente desagregáveis por
pressão dos dedos. Caracteriza-se
pela sua plasticidade, textura e
consistência em seu estado e
umidade naturais.
Adaptado de: ctahr.hawaii.edu
Constituição
mineralógica
22
Entre os solos finos, as argilas apresentam uma complexa
constituição química, sendo constituídas de pequeníssimos
minerais cristalinos, denominados de argilo-minerais (ou
minerias-argila). Sua estrutura compõe-se do agrupamento de
duas unidades cristalográficas fundamentais:
Tetraedros justapostos com
átomos de silício ligados a
quatro átomos de oxigênio (SiO2).
Fonte: CAPUTO (2016)
Octaedros em que átomos de
alumínio são circundados por
oxigênio ou hidroxila [Al(OH)3].
Representação
simbólica
Constituição
mineralógica
23
Dentre os argilo-minerais, distinguem-se três grupos
principais, a saber:
➢ Caulinitas (𝑨𝒍𝟐𝑶𝟑 ∙ 𝟐𝑺𝒊𝑶𝟐 ∙ 𝟐𝑯𝟐𝑶 𝒐𝒖 𝑯𝟒𝑨𝒍𝟐𝑺𝒊𝟐𝑶𝟗): São forma-
das por unidades de silício e alumínio, que se unem
alternadamente, conferindo-lhes uma estrutura rígida e altamente
estáveis em presença de água;
➢ Montmorilonitas (𝑶𝑯)𝟒𝑺𝒊𝟖𝑨𝒍𝟒𝑶𝟐𝟎𝒏𝑯𝟐𝑶 : São formadas por
unidades alumínio entre duas unidades de silício. A ligação entre
essas unidades, por não ser suficientemente firme para impedir a
passagem de moléculas de água, torna as argilas montmorilonitas
expansíveis e instáveis em presença de água;
➢ Ilitas 𝑶𝑯 𝟒𝑲𝒚(𝑺𝒊𝟖−𝒚 ∙ 𝑨𝒍𝒚)(𝑨𝒍𝟒𝑭𝒆𝟒𝑴𝒈𝟒𝑴𝒈𝟔)𝑶𝟐𝟎 : São estru-
turalmente análogas às montmorilonitas, porém menos expan-
sivas. Na sua fórmula química, geralmente y é igual a 1,5. Para as
micas, y = 2.
Caulinitas
24
Alguns argilo-minerais são formados por uma camada
tetraédrica e uma octaédrica, que determinam uma espessura
de aproximadamente 7 Å, como a caulinita.
Nota: 1 Angstron = 1 Å = 10-10 m
Estrutura de uma camada de caulinita;
(a) atômica, (b) simbólica
As camadas assim construídas
encontram-se firmemente
empacotadas, com ligações de
hidrogênio que impedem sua
separação e a introdução de
moléculas de água entre elas.
A partícula resultante fica com
uma espessura da ordem de
1.000 Å e dimensão longitudinal
da ordem de 10.000 Å.
Fonte: PINTO (2006)
Montmorilonitas e
Ilitas
25
As montmorilonitas e ilitas são formadas por arranjos octaédricos
entre duas estruturas de arranjos tetraédricos. Nesses minerais, a
ligação entre as camadas ocorrem por íons dos arranjos tetraédricos.
As camadas ficam livres e as partículas ficam com a espessura da
própria camada estrutural.
Fonte: PINTO (2006)
Estrutura simbólica da ilita
Fonte: PINTO (2006)
Estrutura simbólica da
montmorilonita (esmectita)
Superfície específica
26
Denomina-se superfície específica de um solo a soma das
superfícies de todas as partículas contidas na unidade de
volume (ou de peso) do solo.
Aresta
Volume
total
N° de
cubos
Área total
Superfície
específica
1 cm 1 cm³ 1 6 cm² 6 cm²/cm³
1 mm = 10-1
cm 1 cm³ 10³ 60 cm² 60 cm²/cm³
0,1 mm = 10-2
cm 1 cm³ 106
600 cm² 600 cm²/cm³
0,01 mm = 10-3
cm 1 cm³ 109
6.000 cm² 6.000 cm²/cm³
0,001 mm = 1 μ =10-4
cm 1 cm³ 1012
60.000 cm² = 6 m² 60.000 cm²/cm³
Para o caso de uma partícula esférica, teríamos:
𝑠 =
4𝜋𝑟2
4
3
𝜋𝑟3
=
3
𝑟
( Τ
𝑐𝑚² 𝑐𝑚³)
Superfície específica
27
Para os argilo-minerais, as superfícies específicas assumem os
valores:
Caulinita 10 m²/g
Ilita 80 m²/g
Montmorilonita 800 m²/g
Logo, quanto mais fino o solo → maior sua superfície
específica, o que constitui uma das diferenças entre as
propriedades físicas dos solos arenosos e argilosos.
Forma das partículas
28
➢ Partículas arredondadas ou, mais exatamente, com forma
poliédrica. São as que predominam nos pedregulhos,
areias e siltes.
A forma das partículas de solo tem grande influência sobre
suas propriedades.
Distinguem-se principalmente as seguintes formas:
➢ Partículas lamelares semelhantes a lamelas ou escamas.
São as que se encontram nas argilas.
➢ Partículas fibrilares característica dos solos altamente
orgânicos e das turfas.
Sistema solo-água
29
A água contida no solo pode ser
classificada em:
➢ Água de constituição – é a que faz parte
da estrutura molecular da partícula
sólida;
➢ Água adsorvida (ou adesiva) – é a
película de água que envolve e adere
fortemente a partícula sólida;
➢ Água livre – é a que se encontra em uma
determinada região do terreno, enchendo
todos os seus vazios; seu estudo rege-se
pelas leis da hidráulica;
➢ Água higroscópica – é a que ainda se
encontra em um solo seco ao ar livre;
➢ Água capilar – é a que nos solos de grãos
finos sobe pelos interstícios capilares
deixados pelas partículas sólidas. Fonte: CAPUTO (2016)
Podem ser totalmente evaporadas pelo efeito
do calor, a uma temperatura maior que 100°C.
Sistema solo-água
30
A água atua como um bipolo, orientando-se em relação às
cargas externas.
Fonte: CAPUTO (2016)
➢ Em contato com a água, cujas
moléculas são polarizadas, as
partículas de argila (que possuem
carga elétrica negativa) atraem
seus íons positivos, formando
assim uma película de água
adsorvida, denominada camada
adsorvida.
➢ As propriedades da água adsorvida são diferentes da água comum, em
vista da grande pressão (da ordem de 2.000 MPa) que está submetida
pelas forças eletrostáticas de adsorção. Apresenta-se num estado
semissólido e com espessuras médias da ordem de 0,005 μ (CAPUTO
2016).
Estrutura dos solos
finos
31
Quando duas partículas de argilo-minerais, na água, estão
muito próximas ocorrem forças de atração e de repulsão
entre elas.
A combinação das forças de atração e repulsão entre as
partículas irá determinar a forma de contato entre as diversas
partículas de argila, resultando em diferentes estruturas
para os solos finos.
Considera-se a existência de dois tipos básicos de estruturas:
➢ Floculada – quando os contatos se fazem entre as faces e
arestas, ainda que através da água adsorvida;
➢ Dispersa – quando as partículas se posicionam parale-
lamente, face a face.
Estrutura dos solos
finos
32
Predominam os contatos entre
faces e arestas.
Fonte: PINTO (2006)
floculada em água salgada
floculada em água não salgada
dispersa
Exemplo de estrutura de solos sedimentares
Predominam os contatos face a
face.
Sistema solo-água-ar
33
Quando o solo não se encontra saturado, o ar pode se apresentar em forma
de bolhas oclusas ou em forma de canalículos intercomunicados, inclusive
com o meio externo.
A água na superfície se comporta como se fosse uma membrana.
As moléculas de água, no contato com o ar, orientam-se em virtude da
diferença de atração química das moléculas adjacentes. Sendo esse
comportamento medido pela tensão superficial.
Em virtude desta tensão, a superfície de contato entre a água e o solo nos
vazios pequenos das partículas apresenta uma curvatura, indicando que a
pressão nos fluídos não é a mesma.
Essa diferença de pressão, denominada tensão de sucção, é responsável
por diversos fenômenos referentes ao comportamento mecânico dos solos.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
6502 - rochas e solos. Rio de janeiro, 1995.
CAPUTO, H. P., CAPUTO, A. N. Mecânica dos Solos e suas
aplicações. 7. ed., V1 – Fundamentos. Editora LTC, Rio de
Janeiro, 2016.
PINTO, Carlos de Souza. Curso básico de Mecânica dos
Solos. 3. ed. Oficina de Textos, São Paulo, 2006.
VARGAS, Milton. Introdução à Mecânica dos Solos.
McGraw-Hill do Brasil, São Paulo,1977.
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MECÂNICA DOS SOLOS: ORIGEM E FORMAÇÃO

  • 1. MECÂNICA DOS SOLOS ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS 1 Prof. MSc. Eric Ribeiro da Silva Profª MSc. Kamila Rodrigues Cassares Seko Prof. MSc. Paulo Afonso C. Luz
  • 2. Solo “A necessidade do homem de trabalhar com os solos encontra sua origem nos tempos mais remotos, podendo-se mesmo afirmar ser tão antiga quanto a civilização (CAPUTO, 2016)”. “Todas as obras de Engenharia Civil assentam-se sobre o terreno e inevitavelmente requerem que o comportamento do solo seja devidamente considerado (PINTO, 2006)”. 2
  • 3. A Mecânica dos Solos Os primeiros trabalhos sobre o comportamento dos solos datam do século XVII. Em tais trabalhos, os solos eram admitidos como “massas ideais de fragmentos”, atribuindo-lhes propriedades de material homogêneo e estudando-os mais de um ponto de vista matemático do que físico. Todavia, um acúmulo de insucessos em obras de Engenharia Civil no início do século XX, dos quais se destacam o rompimento do canal do Panamá e rompimentos de grandes taludes em estradas e canais em construção nos EUA e Europa, mostrou a necessidade de revisão dos procedimentos de cálculo. 3
  • 4. A Mecânica dos Solos No ano de 1925, com a publicação do famoso livro Erdbaumechanik pelo Prof. KARL TERZAGHI, nascia a Mecânica dos Solos, ou seja, a mecânica constituída por uma fase sólida granular e uma fase fluida. 4 Karl von Terzaghi (1883 – 1963) Fonte: Imagem da internet Em 1936 foi realizado o Primeiro Congresso Internacional de Mecânica dos Solos e Fundações que, consagrou de maneira definitiva essa ciência aplicada.
  • 5. Investigações Geotécnicas O solo é um material extremamente complexo, que varia de lugar para lugar e que, em geral, não pode ser observado em sua totalidade, mas, tão somente, através de amostras. “É verdade conhecida que, em se tratando de solos e rochas, a heterogeneidade é a regra, a homogeneidade, a exceção (CAPUTO, 2016)”. Os custos de uma investigação geotécnica, em geral são desprezíveis em valor (entre 0,2 e 0,5% do valor da obra), mas tal investigação é indispensável para a definição do tipo de fundação mais adequado. 5
  • 6. Definições Os solos são materiais que recobrem a crosta terrestre (acima ou abaixo do mar) e resultam do intemperismo das rochas, por desintegração mecânica ou decomposição química, podendo ou não conter matéria orgânica. “A Mecânica dos Solos é a aplicação das leis da mecânica e da hidráulica aos problemas de engenharia relacionados com os sedimentos e outros depósitos não consolidados de partículas sólidas produzidas pela desintegração mecânica ou química das rochas (TERZAGHI, 1945).” Na Engenharia Civil, solos são definidos como todo material da crosta terrestre que pode ser escavado mecanicamente e que perde totalmente sua resistência quando está em contato prolongado com a água (VARGAS, 1977). 6
  • 7. Origem e Formação dos Solos 7 Por desintegração mecânica (física) das rochas, através de agentes como água, vento, temperatura e vegetação, formam-se os solos de partículas grossas. Exemplos: pedregulhos, areia grossa e média. Por decomposição química das rochas, ocorrem reações químicas, como hidrólise (reação de decomposição ou alteração de uma substância pela água), hidratação, carbo- natação e oxidação, e ação de micro-organismos que conduzem à decomposição das rochas e levam à formação de solos de partículas finas. Exemplos: areias finas, siltes e argilas.
  • 8. Intemperismo 8 Desintegração mecânica devida a agentes físicos: ➢ Água Fragmentação por ação do gelo. (a) a água em estado líquido ocupa as fissuras da rocha, (b) após congelamento expande exercendo pressão nas paredes. Fonte: Decifrando a Terra
  • 9. Intemperismo 9 Desintegração mecânica devida a agentes físicos: Bloco de gnaisse fraturado pela ação do gelo nas fissuras (Antártica). Fonte: Decifrando a Terra.
  • 10. Intemperismo 10 Desintegração mecânica devida a agentes físicos: ➢ Vento Aspectos produzidos pela ação do vento e consequente erosão do material transportado. Fonte: Imagem da Internet
  • 11. Intemperismo 11 Desintegração mecânica devida a agentes físicos: ➢ Vegetação As raízes da arvore penetram nas fraturas da rocha, produ- zindo ainda mais fraturas (intemperismo físico). Sua decomposição, devido a ação dos microrganismos presentes nas raízes, causa intempe- rismo químico. Fonte: geonoemancipa
  • 12. Intemperismo 12 Intemperismo das rochas devido à decomposição química: ➢ Oxidação: mudança que sofre um mineral em decorrência da penetração de oxigênio na rocha; ➢ Hidratação: moléculas de água entram na estrutura de um mineral, enfraquecendo-a e podendo formar um novo mineral com características distintas; ➢ Hidrólise: esta reação destrói a estrutura do mineral, ou seja, quebra as ligações químicas entre os elementos químicos que constituem cada mineral atingido e os libera na água, em forma de cátions (+) e ânions (-). ➢ Carbonatação: o CO2 dissolvido na água forma ácido carbônico, contribuindo para a decomposição da rocha.
  • 13. Intemperismo 13 Aumento da superfície de exposição aos agentes do intemperismo: Fonte: Maria Cristina Motta de Toledo Aumento da superfície específica de um bloco de rocha, mostrando como a fragmentação pode aumentar intensamente a abertura de caminhos para a água promo- ver as reações químicas de intemperismo. Denomina-se superfície específica a soma das superfícies de todas as partículas contidas na unidade de volume (ou de peso) do solo.
  • 14. Pedologia 14 Pedologia é a ciência que tem por objetivo o estudo das camadas superficiais da crosta terrestre, em particular sua formação e classificação, levando-se em conta a ação de agentes climatológicos. Segundo os pedologistas, a formação de um solo é função da rocha de origem, da ação dos organismos vivos, do clima, da fisiografia (Geografia física) e do tempo. Em pedologia, as camadas que constituem um perfil são denominadas horizontes e designam-se pelas letras A (camada superficial), B (subsolo) e C (camada profunda).
  • 15. Perfil de Formação do Solo 15 Fonte: Imagem da Internet
  • 16. Perfil de Formação do Solo 16 Fonte: Adaptado de imagem da Internet É mais homogêneo e não apresenta nenhuma relação com a rocha mãe. Resistência Deformabilidade Solo residual maduro Solo residual jovem Saprólito Rocha alterada Rocha sã Grande quantidade de pedregulho, é bastante heterogêneo. Guarda características da rocha sã e tem basicamente os mesmos minerais, porém sua resistência é bem reduzida. Preserva parte da estrutura e dos minerais da rocha mãe, porém com dureza inferior (muito fraturada). Rocha inalterada.
  • 17. Classificação dos solos quanto à sua origem 17 Solos residuais (ou autóctones) ➢ São formados a partir da decomposição das rochas pelo intemperismo, sendo que os materiais intemperizados ficam no próprio local de origem, in situ. Solos sedimentares ou transportados (ou alotóctones) ➢ São formados a partir do transporte dos solos residuais ou de outros materiais, por qualquer meio de transporte, para regiões diferentes à região de origem. ➢ Aluvionares – quando transportados pela água; ➢ Eólicos – quando o agente de transporte é o vento; ➢ Coluvionares – transportados pela ação da gravidade; ➢ Glaciais – transportados por geleiras.
  • 18. Classificação dos solos quanto à sua origem 18 Solos de formação orgânica ➢ São os de origem essencialmente orgânica, seja de natureza vegetal (plantas, raízes), seja animal (conchas); ➢ Possuem alto teor de matéria orgânica em decomposição e são de cor escura; ➢ Turfa (solo com alto teor orgânico, com raízes). Solos de evolução pedogenética ➢ São solos que após o processo de formação são alterados por processos físico-químicos, como lixiviação, laterização, cimentação, etc. Exemplo: solos lateríticos (solos vermelhos de zonas úmidas e quentes, compostos por hidróxidos de alumínio e ferro)
  • 19. Tamanho das Partículas 19 A primeira característica que diferencia os solos é o tamanho das partículas que os compõem. Solo Fração grossa Fração fina
  • 20. Tamanho das Partículas 20 Matacão – fragmento de rocha transportado ou não, comu- mente arredondado por intemperismo ou abrasão. Pedra de mão – idem ao anterior, com dimensões menores. Pedregulho – solos formados por minerais ou partículas de rocha. Quando arredondados ou semiarredondados, são deno- minados cascalhos ou seixos. Areia – origina-se da alteração de rochas que contém quartzo e outros silicatos. Solo inerte, não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas, com formato aproxi- madamente esférico.
  • 21. Tamanho das Partículas 21 Silte – solo que apresenta baixa ou nenhuma plasticidade e baixa resis- tência quando seco ao ar. Argila – origina-se dos argilomine- rais. Apresenta características mar- cantes de plasticidade; quando suficientemente úmido, molda-se facilmente em diferentes formas; quando seco, apresenta coesão suficiente para construir torrões dificilmente desagregáveis por pressão dos dedos. Caracteriza-se pela sua plasticidade, textura e consistência em seu estado e umidade naturais. Adaptado de: ctahr.hawaii.edu
  • 22. Constituição mineralógica 22 Entre os solos finos, as argilas apresentam uma complexa constituição química, sendo constituídas de pequeníssimos minerais cristalinos, denominados de argilo-minerais (ou minerias-argila). Sua estrutura compõe-se do agrupamento de duas unidades cristalográficas fundamentais: Tetraedros justapostos com átomos de silício ligados a quatro átomos de oxigênio (SiO2). Fonte: CAPUTO (2016) Octaedros em que átomos de alumínio são circundados por oxigênio ou hidroxila [Al(OH)3]. Representação simbólica
  • 23. Constituição mineralógica 23 Dentre os argilo-minerais, distinguem-se três grupos principais, a saber: ➢ Caulinitas (𝑨𝒍𝟐𝑶𝟑 ∙ 𝟐𝑺𝒊𝑶𝟐 ∙ 𝟐𝑯𝟐𝑶 𝒐𝒖 𝑯𝟒𝑨𝒍𝟐𝑺𝒊𝟐𝑶𝟗): São forma- das por unidades de silício e alumínio, que se unem alternadamente, conferindo-lhes uma estrutura rígida e altamente estáveis em presença de água; ➢ Montmorilonitas (𝑶𝑯)𝟒𝑺𝒊𝟖𝑨𝒍𝟒𝑶𝟐𝟎𝒏𝑯𝟐𝑶 : São formadas por unidades alumínio entre duas unidades de silício. A ligação entre essas unidades, por não ser suficientemente firme para impedir a passagem de moléculas de água, torna as argilas montmorilonitas expansíveis e instáveis em presença de água; ➢ Ilitas 𝑶𝑯 𝟒𝑲𝒚(𝑺𝒊𝟖−𝒚 ∙ 𝑨𝒍𝒚)(𝑨𝒍𝟒𝑭𝒆𝟒𝑴𝒈𝟒𝑴𝒈𝟔)𝑶𝟐𝟎 : São estru- turalmente análogas às montmorilonitas, porém menos expan- sivas. Na sua fórmula química, geralmente y é igual a 1,5. Para as micas, y = 2.
  • 24. Caulinitas 24 Alguns argilo-minerais são formados por uma camada tetraédrica e uma octaédrica, que determinam uma espessura de aproximadamente 7 Å, como a caulinita. Nota: 1 Angstron = 1 Å = 10-10 m Estrutura de uma camada de caulinita; (a) atômica, (b) simbólica As camadas assim construídas encontram-se firmemente empacotadas, com ligações de hidrogênio que impedem sua separação e a introdução de moléculas de água entre elas. A partícula resultante fica com uma espessura da ordem de 1.000 Å e dimensão longitudinal da ordem de 10.000 Å. Fonte: PINTO (2006)
  • 25. Montmorilonitas e Ilitas 25 As montmorilonitas e ilitas são formadas por arranjos octaédricos entre duas estruturas de arranjos tetraédricos. Nesses minerais, a ligação entre as camadas ocorrem por íons dos arranjos tetraédricos. As camadas ficam livres e as partículas ficam com a espessura da própria camada estrutural. Fonte: PINTO (2006) Estrutura simbólica da ilita Fonte: PINTO (2006) Estrutura simbólica da montmorilonita (esmectita)
  • 26. Superfície específica 26 Denomina-se superfície específica de um solo a soma das superfícies de todas as partículas contidas na unidade de volume (ou de peso) do solo. Aresta Volume total N° de cubos Área total Superfície específica 1 cm 1 cm³ 1 6 cm² 6 cm²/cm³ 1 mm = 10-1 cm 1 cm³ 10³ 60 cm² 60 cm²/cm³ 0,1 mm = 10-2 cm 1 cm³ 106 600 cm² 600 cm²/cm³ 0,01 mm = 10-3 cm 1 cm³ 109 6.000 cm² 6.000 cm²/cm³ 0,001 mm = 1 μ =10-4 cm 1 cm³ 1012 60.000 cm² = 6 m² 60.000 cm²/cm³ Para o caso de uma partícula esférica, teríamos: 𝑠 = 4𝜋𝑟2 4 3 𝜋𝑟3 = 3 𝑟 ( Τ 𝑐𝑚² 𝑐𝑚³)
  • 27. Superfície específica 27 Para os argilo-minerais, as superfícies específicas assumem os valores: Caulinita 10 m²/g Ilita 80 m²/g Montmorilonita 800 m²/g Logo, quanto mais fino o solo → maior sua superfície específica, o que constitui uma das diferenças entre as propriedades físicas dos solos arenosos e argilosos.
  • 28. Forma das partículas 28 ➢ Partículas arredondadas ou, mais exatamente, com forma poliédrica. São as que predominam nos pedregulhos, areias e siltes. A forma das partículas de solo tem grande influência sobre suas propriedades. Distinguem-se principalmente as seguintes formas: ➢ Partículas lamelares semelhantes a lamelas ou escamas. São as que se encontram nas argilas. ➢ Partículas fibrilares característica dos solos altamente orgânicos e das turfas.
  • 29. Sistema solo-água 29 A água contida no solo pode ser classificada em: ➢ Água de constituição – é a que faz parte da estrutura molecular da partícula sólida; ➢ Água adsorvida (ou adesiva) – é a película de água que envolve e adere fortemente a partícula sólida; ➢ Água livre – é a que se encontra em uma determinada região do terreno, enchendo todos os seus vazios; seu estudo rege-se pelas leis da hidráulica; ➢ Água higroscópica – é a que ainda se encontra em um solo seco ao ar livre; ➢ Água capilar – é a que nos solos de grãos finos sobe pelos interstícios capilares deixados pelas partículas sólidas. Fonte: CAPUTO (2016) Podem ser totalmente evaporadas pelo efeito do calor, a uma temperatura maior que 100°C.
  • 30. Sistema solo-água 30 A água atua como um bipolo, orientando-se em relação às cargas externas. Fonte: CAPUTO (2016) ➢ Em contato com a água, cujas moléculas são polarizadas, as partículas de argila (que possuem carga elétrica negativa) atraem seus íons positivos, formando assim uma película de água adsorvida, denominada camada adsorvida. ➢ As propriedades da água adsorvida são diferentes da água comum, em vista da grande pressão (da ordem de 2.000 MPa) que está submetida pelas forças eletrostáticas de adsorção. Apresenta-se num estado semissólido e com espessuras médias da ordem de 0,005 μ (CAPUTO 2016).
  • 31. Estrutura dos solos finos 31 Quando duas partículas de argilo-minerais, na água, estão muito próximas ocorrem forças de atração e de repulsão entre elas. A combinação das forças de atração e repulsão entre as partículas irá determinar a forma de contato entre as diversas partículas de argila, resultando em diferentes estruturas para os solos finos. Considera-se a existência de dois tipos básicos de estruturas: ➢ Floculada – quando os contatos se fazem entre as faces e arestas, ainda que através da água adsorvida; ➢ Dispersa – quando as partículas se posicionam parale- lamente, face a face.
  • 32. Estrutura dos solos finos 32 Predominam os contatos entre faces e arestas. Fonte: PINTO (2006) floculada em água salgada floculada em água não salgada dispersa Exemplo de estrutura de solos sedimentares Predominam os contatos face a face.
  • 33. Sistema solo-água-ar 33 Quando o solo não se encontra saturado, o ar pode se apresentar em forma de bolhas oclusas ou em forma de canalículos intercomunicados, inclusive com o meio externo. A água na superfície se comporta como se fosse uma membrana. As moléculas de água, no contato com o ar, orientam-se em virtude da diferença de atração química das moléculas adjacentes. Sendo esse comportamento medido pela tensão superficial. Em virtude desta tensão, a superfície de contato entre a água e o solo nos vazios pequenos das partículas apresenta uma curvatura, indicando que a pressão nos fluídos não é a mesma. Essa diferença de pressão, denominada tensão de sucção, é responsável por diversos fenômenos referentes ao comportamento mecânico dos solos.
  • 34. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502 - rochas e solos. Rio de janeiro, 1995. CAPUTO, H. P., CAPUTO, A. N. Mecânica dos Solos e suas aplicações. 7. ed., V1 – Fundamentos. Editora LTC, Rio de Janeiro, 2016. PINTO, Carlos de Souza. Curso básico de Mecânica dos Solos. 3. ed. Oficina de Textos, São Paulo, 2006. VARGAS, Milton. Introdução à Mecânica dos Solos. McGraw-Hill do Brasil, São Paulo,1977. 34 Referências Bibliográficas