O governador Marconi Perillo descreve os desafios financeiros e problemas de infraestrutura que encontrou ao assumir o governo de Goiás, incluindo rombos fiscais e estradas danificadas pelas chuvas. Ele promete trabalhar dia e noite para resolver esses problemas, colocar as finanças em ordem e honrar seus compromissos com os funcionários públicos, como pagar duas folhas salariais no mesmo mês. Perillo também pede apoio para aumentar a arrecadação tributária de forma justa e defender a autonomia financeira de Goi
1. Marconi Perillo - Artigo
Mãos à obra
Os que me conhecem, sabem: não sou de ficar parado. Mas estou obrigado a começar esta
administração em ritmo ainda mais veloz. Temos de correr para dar soluções já, ao menos
paliativas, para o problema local das enchentes, que prejudicam nossa malha viária. Nossas
estradas estavam mal e deterioraram-se ainda mais com as chuvas.
Encontro-me também cercado de problemas de ordem financeira e administrativa. Vencida a
eleição e montada uma equipe de transição, o mais pessimista de nós não podia imaginar o
tamanho do rombo e os demais estragos que teríamos de assumir. Até a última hora o
governo nomeou à vontade e gastou dinheiro público de forma no mínimo leviana. Das contas
que não fecham no aspecto formal ou ético, a pior delas foi ter preferido pagar empreiteiras
em vez de quitar a folha de pagamentos do funcionalismo público.
Mas não vou ficar lamentando pelos cantos nem me esquivar de problemas. Vou à luta para
enfrentá-los, um a um. Fé e otimismo sempre me moveram. E já avisei à minha equipe que não
há tempo a perder. Temos muitos compromissos a cumprir. É preciso arrumar a casa, colocar
as finanças em ordem, buscar novas formas de recursos.
Na recente cerimônia de posse das novas diretorias de duas das mais importantes entidades
goianas, o Sindifisco e a Affego, tive ocasião de reafirmar o pacto que mantenho com o
funcionalismo público de Goiás desde 1998.
Nunca vi, e continuo não vendo, o funcionalismo como um problema, mas como parte
inequívoca da solução. Coloco-me, e ao funcionalismo, na missão de construir a cada dia um
Estado melhor, mais justo, mais dinâmico e eficiente na prestação de seus serviços, mais
centrado no desenvolvimento econômico, com geração de empregos e distribuição de renda.
Sei que aflige a muitos a quebra da tradição que criamos, de pagar o funcionalismo dentro do
mês trabalhado e o 13º salário no mês de aniversário do servidor. Custou-nos muito esforço
implantar este calendário. Em 1999 tivemos de, praticamente, pagar duas folhas no mesmo
mês para dar este passo. Uma vez alcançado esse patamar, cumprimos ao longo de dois
mandatos o compromisso. Infelizmente meu antecessor deu passos atrás e, tristeza maior,
preteriu a maioria do funcionalismo para pagar empreiteiras. Paciência. Já acionei as esferas
possíveis para que tudo fique claro e transparente.
Reafirmo todos os meus compromissos com o funcionalismo. Vou continuar valorizando e
qualificando meus colegas funcionários públicos para a prestação de serviços cada vez
melhores. E garanto que estou empenhado, dia e noite, como missão primeira, em repetir o
que foi feito no passado: quitar duas folhas de pagamento dos servidores no mesmo mês.
Há duas frentes de luta em que preciso muito de ajuda. Uma é a de um esforço extra para o
aumento da arrecadação. Para este ano, prevemos uma injeção de até R$ 10 bilhões em
investimentos privados no Estado. E ao crescimento da economia deve seguir o trabalho de,
2. sem escorchar ou fazer terrorismo fiscal, recolher os tributos devidos de forma justa e
tranquila.
Por outro lado, vemos iniciativas em nível federal para uma nova reforma tributária na qual,
mais uma vez, o tema principal é a retirada da autonomia dos Estados em relação ao ICMS.
Não se fala no que deveria ser o fulcro de uma verdadeira reforma: a redução da penosa carga
tributária que recai sobre a produção. E a redistribuição da receita, com a União abrindo mão
de renda em prol do caixa de Estados e municípios.
Com o esforço de todos, vamos reerguer Goiás e colocá-lo em um novo patamar, bem mais
alto.
Marconi Perillo é governador de Goiás