1. ESCOLA SECUNDÁRIA DE SAMPAIO
CURSOS E.F.A. – Nível III
CEGADEFA
HÁ CEGADA NA ESCOLA, SEXTA_FEIRA, DIA 12.02.2010
Antes de mais, um pouco sobre a história das cegadas:
Cegadas
Já ouviste os teus pais ou os teus avós dizerem para te
portares bem e não te meteres em «cegadas»?
Ora essa expressão vem de uma tradição do Entrudo
(Carnaval) português em que as pessoas faziam cegadas para
se divertirem.
A característica mais importante da cegada é o facto de
ser uma oportunidade para, estando disfarçado dos pés à
cabeça, «gozar» com pessoas (importantes) que
normalmente se respeitam, mas são irritantes, pregar
partidas e até mesmo criticar o governo ou os governantes.
Como deves calcular, as pessoas que são criticadas
não gostam mesmo nada e, no caso das tais «pessoas
importantes» ou dos políticos, às vezes havia
confusões com a polícia do antigo regime.
Por isso, nos anos 60 do século XX, o nosso governo
proibiu as cegadas (por causa das críticas políticas,
que na altura não se podiam fazer). Este foi o tempo
das «grandes cegadas», porque, apesar de serem
proibidas, muitas pessoas continuaram a fazê-las.
Claro que a tradição acabou por se perder um pouco, pois
hoje já não se vai preso por criticar os «grandes», mas,
mesmo assim, vamos explicar-te como tudo funcionava.
As cegadas eram uma forma de crítica que revelava o
sentido humorístico malicioso do nosso povo. A melhor
altura para o fazer era sempre o Carnaval - quando
«ninguém leva a mal».
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2. São uma tradição mais típica do sul de Portugal e as que ainda se mantêm são as
de Sesimbra, Ourique, Odemira, entre outras.
Normalmente, acabam por se tornar até o tema do Carnaval desse ano,
figurando alguns acontecimentos cómicos ocorridos durante o ano. E aí toda a
gente se diverte!
Sabias que as cegadas também são uma
representação, como as do teatro, mas são
consideradas brejeiras (com piadas fáceis e
maliciosas)?
São feitas por grupos de quatro, cinco ou seis
elementos e duram aproximadamente uma
hora.
Os textos são encomendados a pessoas de fora que normalmente fazem
(escrevem) cegadas ou então são feitos por pessoas do próprio grupo.
In Júnior, www.junior.TE.pt, adaptado.
As cegadas são tão antigas em Sesimbra, tanto quanto a memória dos
vivos permite recordar, havendo mesmo quem admita que as primeiras
cegadas se realizaram há mais de cem anos.
A nossa cegada tem como tema: “o
casamento entre pessoas do mesmo sexo”
Esta É a Forma como os alunos E professores dos cursos nocturnos de
educação E formação DE ADULTOS Resolvem contribuir, através da
revitalização desta tradição, para mais uma abordagem do tema integrador
Do presente ano lectivo:
“Todos diferentes, todos iguais”
ESPERAMOS QUE SE DIVIRTAM !!!!!
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3. FICHA TÉCNICA:
Cegantes – Manuela Pinhal – 1º TAG
Ana Rosa – 2º TAG
Ensaiador – Prof. Nuno Salgado e alunos
Elenco, por ordem de entrada:
1º Ministro – Sónia Cruz – 1º TAG
Maldizente – Ana Rosa – 2º TAG
Mãe do rapaz – Rui Pedro – 2º TAG
Pai do rapaz – Manuela Pinhal – 1º TAG
Rapaz – Jaqueline Almeida - 1º TAE 1
Noiva do rapaz – Licínio Polido – 1º TIGR
Amigo do rapaz – Vanessa Gomes - 1º TAE 1
Padre – Henrique Soares - 1º TIGR
Beata 1 – Dora Mestre – 1º TAE 1
Beata 2 – Aida Neves - 1º TAE 2
Polícia – Ana Ganga – 2º TAE
Moça 1 – Carlos Mata – 2º TAE
Moça 2 – Nuno Salgado – Professor
Santo António – Tânia Silva - 1º TAG
Menino das alianças – Soraia Cruz - 1º TAE 1
Operações técnicas: Mário Fonseca – 2º TIGR
Mordomo – Conceição Guilherme – 2º TAG
Ponto – Carina Filipe – 2º TAG
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4. Entrada da cegada (musicada)
Vamos entrar!
Rapaziada!
Vamos brincar
Com a nossa cegada!
Ninguém é profissional,
Nem tão pouco amador.
Vamos brincar o Carnaval,
E dar o nosso melhor.
Andamos todos a estudar,
Foi tudo feito a correr.
Não houve tempo para ensaiar.
Mas seja o que Deus quiser…
Somos gente bem formada,
Não queremos ofender ninguém.
Assistam à nossa cegada,
E brinquem connosco também.
E brinquem connosco também…
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5. CEGADA:
1º Acto
Na Assembleia da República
1º Ministro – (em cima de um banco)
Fui eu que aprovei estas leis.
Para que se possam casar,
Todas as lésbicas e gays,
E estou aqui para vos acompanhar.
Entra a maldizente a correr
Maldizente – (olhando para o ministro e para o público)
Se isto já chegou ao parlamento,
Então já não há lei que aguente.
Isto não tem cabimento,
Ministros? Roubam tudo à gente!
Ele é lei para tudo,
Lei para gays, lésbicas e para adopção.
Mas para quê isto tudo?
Preocupe-se com a na nossa organização.
(o ministro vai saindo devagar mas a maldizente persegue e insulta-o)
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6. 2º Acto
Na casa dos pais dos noivos
Entram a mãe, o pai, o rapaz e a noiva
Mãe –
Que noivo tão lindinho!
Vai se casar…
O meu querido filhinho,
Vai o meu sonho realizar.
Pai – (abraçado à mulher e a mexer nos bolsos)
Isto é demais!
Quanta dor e sofrimento,
Arruínam os bolsos dos pais.
Para pagar o casamento.
(pausa)
Rapaz – (virando-se para os pais)
Desculpem meu pai e minha mãe.
Como dizer-vos eu não sabia,
Não me sinto muito bem,
Eu não quero casar com a Maria.
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7. Noiva – (agarrando-se ao rapaz aos berros)
Manel o que se passa contigo?
Manel já não queres casar?
Eras tão meu amigo…
Ai! Vou-me jogar ao mar.
(saem de cena os pais, agarrados a noiva – ouve-se a música: joga-te ao mar e diz que te
empurrarem…)
Amigo do noivo - (cheio de ternura)
Eu é que vou casar com o Manel.
Que é o meu querido vizinho.
É filho do Sr. Daniel,
E tão bom rapazinho…
Noivo
Aquela gaja não me deixa saudade,
Anda, vamos falar com o padre
Selamos a nossa amizade
Antes que seja tarde.
Saem de cena
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8. 3º Acto
Na Igreja
O Padre está com as beatas a orar e entram os rapazes abraçados.
Beata 1 –
Oh Santo Deus o que é isto!
Já não há quem nos valha…
Cristo vem pôr ordem nisto!
Mas quem é esta maralha?
Padre –
Eles vieram comigo falar,
Meus filhos, não pode ser.
Eu não vos posso casar
Por vós, nada posso fazer…
Beata 2 –
Nós como fiéis beatas,
Viemos o Santo Padre abraçar.
Mesmo que nos chamem falsas,
Em pecado não podem casar.
(saem de cena as beatas e o padre)
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9. Polícia -
São para se cumprir as leis,
É o 1º Ministro que está a governar.
Podem casar lésbicas e gays.
Força com isto, toca tudo a casar.
(aparecem as raparigas a querem casar)
Maldizente –
Mas que grande rebaldaria,
Até a guarda não escapa à epidemia.
Já sei, vamos falar com o Santo António,
Se é pecado, morra o demónio!
Rapariga 1 –
Oh Santo António de Lisboa,
Vem nos abençoar.
Que agora a vida é boa,
Podemos todas casar.
Rapariga 2 –
Meu querido Santo Antoninho,
Santo casamenteiro.
Casa-nos já de fininho
Não vá a lei para o galheiro
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10. Rapazes, (juntos) -
Lutámos tanto por este momento,
Queremos esta união.
Celebra o nosso casamento,
E dai-nos a tua bênção.
Santo António, (virando-se para os dois casais)
Meus filhos e minhas filhas,
Com este casamento, acaba-se a geração.
Mas com tanto sofrimento,
Tomem a minha bênção.
Maldizente – (olhando para o público e apontando para o Santo)
Mas o que é que deu neste?
Oh Santo olha para o teu rebanho!
Ainda não percebes-te?
Isto está tudo sem amanho!
entra o menino da alianças e dirigindo-se ao público…
Menino das alianças –
Sou o menino das alianças,
Sofro com isto tudo.
Como sofrem as crianças
Destas mudanças no mundo.
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11. (entram as beatas)
Beata 1 –
Ele é gays, ele é lésbicas,
Oh meu Santo casamenteiro.
Mas que cenas tão dramáticas,
Isto vai tudo para o galheiro.
Beata 2 –
Não há mulher que aguente,
Vamos ter que nos virar.
Não nos dão razão à gente,
Também vamos querer casar.
(entra a noiva)
Noiva –
Eram duas, agora somos três,
Temos que pôr ordem nisto.
Temos que trabalhar à vez,
Se queremos dar conta disto.
Maldizente –
Eu cá não!
Mas não vou ficar sozinha…
Eu cá sim!
Filhas venham-me fazer companhia.
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12. 1º Ministro –
Já casadinhos
Vão o assinar papel
Já podem dar beijinhos
E ir em lua-de-mel.
E agora que fazer?
Tirem-me desta cegada
Já não há crianças para nascer,
Ai que me vão dar porrada.
Sai o resto do elenco atrás do ministro
(Menina das alianças, pedindo por entre o público)
- ”cinco réis, dê reis, tudo é dinheiro”
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13. Entra todo o elenco
Última parte da cegada:
É só palhaçada,
Estas novas leis.
É como a cegada,
Casam lésbicas e gays.
Foi a nossa cegada,
A nossa brincadeira.
Foi com esta rapaziada,
Desculpem qualquer asneira.
Brincamos com tudo isto,
Não queremos magoar ninguém.
É uma brincadeira de Entrudo
Fiquem todos muito bem.
Querem as crianças adoptar,
Dá vontade de rir.
Com esta gente a casar,
Quem é que os vai parir?
Deram volta a isto tudo,
Que se case homem com mulher.
Que vai ser o fim do mundo,
Não há crianças para nascer.
Brincamos o Carnaval,
Vamos ficar com saudades.
Foi o nosso pessoal,
Vivam as Novas Oportunidades!
Brincar assim é fixe,
Brincar o Carnaval.
A vida não é só chatice.
Viva Portugal! Viva Portugal!
FIM
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