Pelo estado entrevista pres celesc cléverson siewert 08 07-13 duas pag
1. PeloEstado
Entrevista
“Não se muda 60 anos em seis meses”
O atual presidente das Centrais Elétricas de Santa Catarina
(Celesc)assumiuocargoemjaneirodesteanoejáestápromovendo
uma verdadeira transformação na empresa. Com o corte de
despesas e a busca pelo aumento da receita, ele propõe uma série
de medidas calcadas nos princípios da administração pública,
envolvendo nas decisões os empregados e as entidades sindicais
que os representam. Siewert passou oito anos na Secretaria de
Estado da Fazenda e durante nove meses chegou a ser o titular da
pasta. Experiência que está sendo usada agora, na reestruturação
da Celesc. Nesta entrevista exclusiva concedida em seu gabinete
à CNR-SC/ADI-SC/Central de Diários, o presidente da maior
empresa pública de Santa Catarina e terceira maior entre todas
as empresas instaladas no estado fala sobre as primeiras ações, o
futuro da Celesc e de como os princípios da gestão privada podem
ser aplicados - com sucesso - em uma empresa pública. Bem-
humorado, recebeu a equipe de reportagem com um efusivo “Luz e
Força”, numa referência às atividades da empresa que comanda.
[PeloEstado] - Como será a re-
estruturação da Celesc?
Cléverson Siewert - O setor
de energia é extremamente
complexo, cerne do desenvol-
vimento do país e fator de com-
petitividade. Isso faz com que
ele seja muito dinâmico, esteja
em constante inovação e tenha
muitos desafios. O nosso prin-
cipal desafio é a modicidade
tarifária, da Medida Provisória
579, convertida em lei no início
desse ano, que é a captura, por
meio do órgão regulador, dos
ganhos e da produtividade que
a companhia teve ao longo do
ano para entregar isso à socie-
dade, sempre buscando dimi-
nuir a tarifa. Temos, em 2013,
um valor para fazer custeio e
investimentos que é o mesmo
de dez anos atrás, sendo que
nesse mesmo período houve
65% de inflação e 40% de cresci-
mento de sistema. Então, fica a
pergunta: como iremos tocar a
Celesc, a maior empresa públi-
ca de Santa Catarina e a terceira
maior empresa do estado, com
os mesmos valores de dez anos
atrás? Esse processo todo fez
com que interpretássemos essa
mudança e aí a empresa teve
consciência da necessidade de
reestruturação. Queremos ace-
lerar o processo para recuperar
o tempo perdido.
[PE] - Qual a principal necessi-
dade da empresa?
CS - Nossos custos operacio-
nais de 2013 são em torno de R$
150 milhões acima da receita re-
colhida com tarifa. Esse custo a
mais é acumulado dos últimos
dez anos. Então, em função da
modicidade tarifária e desse
custo acima do normal, nós to-
mamos a decisão de fazer um
novo planejamento. Constru-
ímos um novo estatuto social
para a Celesc, com regras para
investimento, administração
e até mesmo no setor pessoal.
Também tivemos que estabele-
cer o nosso Plano Diretor, com
metas físicas, financeiras e com
20 iniciativas estratégicas que
nos permitirão levar a empresa
de forma sustentável até 2030.
Outro foco importante foi o pla-
no de adequação de quadros,
reduzindo despesas com Pro-
grama de Demissão Voluntária
(PDV), reposicionamento de
pessoal e, agora, com o Plano de
Eficiência Operacional, com no-
vos procedimentos e processos.
[PE] - O que já foi feito?
CS - Reduzimos duas direto-
rias. A Celesc possui cerca de 3
milservidoresefetivosesomen-
te oito cargos comissionados. E
mesmo assim cortamos quatro
deles. Estamos definindo cortes
em outros setores. Na última
semana, definimos o corte de
30% dos cargos gerenciais da
empresa, um número bastante
significativo. Isso representa-
rá cerca de R$ 3,5 milhões de
economia ao ano. Mais do que
o valor, trata-se de um indica-
tivo para a sociedade e para o
próprio corpo funcional de que
precisamos fazer mais com me-
nos. Esses funcionários não dei-
xam de ser efetivos da Celesc,
mas deixam de receber um va-
lor extra por ser chefe de depar-
tamento, assessor ou chefe de
divisão. O plano foi construído
pelos funcionários da empresa
em parceria com a diretoria. Fi-
zemos tudo isso trocando infor-
mações com as forças sindicais,
mostrando para eles os planos e
tirando todas as dúvidas.
[PE] - Por onde iniciou a rees-
truturação?
CS - Iniciamos nos Postos de
Atendimento a Subestações, os
PAS. A estrutura existente hoje
custa R$ 20 milhões por ano. A
nova estrutura, desenhada com
os funcionários, custará R$ 7
milhões ao ano. Para chegar a
esse valor, mudamos a quanti-
dade de pessoas que irão atu-
ar e a escala de atendimento,
com menos sobreaviso, menos
hora- extra, mantendo a quali-
dade do serviço e suprindo as
necessidades dos consumido-
res. Obviamente teve gente que
perdeu dinheiro nesse proces-
so, mas se não abrirem mão de
algo, a companhia pode sofrer.
Há ainda os Centros de Ope-
ração de Distribuição (COD),
que ficam em cada uma das
16 agências regionais. Existia a
ideia de transformá-los em um
só, mas estamos fazendo um
trabalho escalonado. Nossa
primeira ação é fazer com que
desses 16 COD, somente cin-
co funcionem no período no-
turno, das 22 às 6 horas. Com
isso, já economizamos escala e
hora-extra. Não vamos tirar R$
150 milhões de um ano para o
outro, mas precisamos mon-
tar a situação para isso ano a
ano, mostrando para a Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) que somos viáveis.
[PE] - Quando acontece a reno-
vação da concessão?
CS - No dia 15 de julho de 2015
encerra o contrato atual. Nossa
expectativa é que em três anos
recuperemos esses R$ 150 mi-
CLÉVERSON SIEWERT
lhões. Se conseguirmos antes,
ótimo, mas é um passo de cada
vez.Se,juntos,encontrarmosR$
50 milhões em ganho neste ano
já é muito. A Aneel é um órgão
regulador de controle externo
que está olhando nossas contas.
Imaginem no dia da reunião
para renovação da concessão
eles olharem nossas contas e
verem que gastamos R$ 150 mi-
lhões a mais do que arrecada-
mos em tarifa e sem indicado-
res adequados. Eles vão dar a
concessão para outro que possa
fazer melhor. Mas se eles anali-
sarem que estamos com indica-
dores positivos e recuperando o
valor gasto a mais, é mais fácil
renovaremaconcessãoparaque
continuemos fazendo um bom
trabalho. É esse sentimento que
precisamos mostrar ao órgão
regulador: de que sabemos nos-
sos problemas, diagnosticamos
e estamos sabendo recuperar.
A atual concessão foi dada em
1996 e a próxima, comentam,
deve ser entre 20 e 25 anos.
[PE] - Como está o relaciona-
mento com a Aneel?
CS - Melhorou muito e eles
têm as melhores impressões
da Celesc. Muito disso é pelo
tratamento que o ex-presiden-
te Gavazzoni (Antonio Marcos
Gavazzoni, hoje secretário es-
tadual da Fazenda) tem com
as pessoas e também porque
firmamos muitos compro-
missos nos últimos dois anos,
cumprindo todos eles, como
investimento em pesquisa e
desenvolvimento e redução de
custos. Isso dá confiança não só
ao órgão regulador, mas tam-
bém ao investidor, que quer a
valorização de suas ações.
[PE] - Essa situação de dese-
quilíbrio ocorre em outras con-
cessionárias?
CS - Em várias outras, por con-
ta da modicidade tarifária. Pro-
cedimentos semelhantes aos
que estamos implantando estão
sendo feitos na Copel (Compa-
nhia Paranaense de Energia) e
na Cemig (Companhia Ener-
gética de Minas Gerais). Qual o
futuro da Celesc? De um lado,
a renovação da concessão com
toda essa reestruturação interna
da empresa; do outro, o aumen-
to de receita. Assim, equilibra-
mos a balança.
[PE] - Como pretende aumen-
tar a receita?
CS - Novos negócios e Geração
são focos muito fortes para que
consigamos crescer mais, já que
o crescimento da Distribuição
é muito pequeno, porque o es-
tado cresce pouco também em
sua população. A Celesc nunca
foi agressiva nesse nicho. Não
temos praticamente nada. A
capacidade atual instalada é de
somente 81 megawatts (MW)
para um consumo anual gigan-
tesco, perto de 20 giga watts
(GW). Somos o oitavo maior
PIB (Produto Interno Bruto) do
país e o quinto maior consumi-
dor de energia elétrica. Diante
disso, lançamos uma chamada
públicaparanovosnegóciosem
Geração e já temos 1,1 mil MW
em estudo. Assim, poderemos
ser sócios em projetos de dife-
rentes fontes. O dinheiro não é
o principal problema, já que há
muitas pessoas querendo finan-
ciar projetos de Geração. Temos
é que tirá-los do papel por meio
de uma metodologia que está
sendo criada. Se o projeto en-
Não somos uma secretaria de Estado.
Precisamos de lucro para atender empregados e
sociedade adequadamente.
2. quadrar-se na metodologia, a
empresa investirá após aprova-
ção do Conselho. Se a Celesc for
sócia minoritária, com 49% de
um empreendimento de Gera-
ção, e comprar a energia desse
investimento, ela precisará ti-
rar “do bolso” apenas 10% de
todo o investimento. Então, se
a nossa metodologia der certo,
dos cerca de R$ 30 milhões que
a Celesc Geração tem por ano
parainvestir,podemosmultipli-
car por dez, transformando em
R$ 300 milhões. É uma questão
de gestão e uma grande sacada
para a empresa deslanchar.
[PE] - E os novos negócios?
CS - Esses se enquadram em
telefonia e a geração distribuí-
da, que é compra por parte da
Celesc da energia excedente
gerada a partir de geradores so-
lares residenciais ou até mesmo
tendo a Celesc como principal
ativo de uma empresa criada
para geração de energia. Po-
demos fazer negócio também
em iluminação pública, que é
responsabilidade da prefeitura,
mas sabemos da dificuldade
dos municípios. Uma série de
oportunidades que precisa-
mos tirar do papel. Precisamos
enxergar e superar as dificul-
dades. A Distribuição é nosso
ganha-pão, mas, para lucrar de
verdade, precisamos ir para a
Geração e para novos negócios,
já que 97% do faturamento é
Distribuição. Somos uma em-
presa pública que precisa atuar
com as premissas de mercado,
pois 80% do nosso capital é pri-
vado e 20% é público, mesmo
que 50,2% das ações da empre-
sa com direito a voto sejam do
Estado. Não somos uma secre-
taria de Estado. Precisamos de
lucro para atender empregados
e sociedade adequadamente.
[PE] - Como é a relação com o
setor produtivo, em especial
com a Federação das Indús-
trias (Fiesc)?
CS - Quanto mais transparente
e aberto formos, mais iremos
acertar. Na Fiesc, por exemplo,
fomos convocados para uma
reunião de emergência, já que
determinadas regiões estavam
com problemas sérios. De fato
eles existem, por mais que seja
robusto e bom o nosso sistema.
Fomos informados de proble-
mas como o de um frigorífico
de Santa Cecília. Outro proble-
ma que nos foi relatado era de
uma empresa de laticínio em
Treze Tílias. Isso me surpreen-
deu, pois recém havíamos feito
uma subestação. Estudamos
minuciosamente in loco e volta-
mos na última semana para dar
o resultado. A sociedade espera
isso,queCelescdêrespostascla-
ras e objetivas às demandas que
são trazidas. Em Santa Cecília,
já conversamos com o prefeito e
a construção da subestação que
estava agendada para 2015 será
feita neste ano. Em Treze Tílias,
durante os 15 dias que estive-
mos lá não houve nenhum pro-
blema. A equipe técnica disse
que não havia mais problema,
mas a gerência achou que tinha.
Ou seja, o problema era de co-
municação interna.
[PE] - Isso será recorrente?
CS - Realizaremos mensal-
mente, na primeira sexta-fei-
ra de cada mês, uma reunião
entre Celesc e Fiesc para troca
de informações. A Federação é
responsável por colher as de-
mandas que serão repassadas
à companhia para análise. Na
mesma reunião, a Celesc repas-
sa as informações das deman-
das colhidas anteriormente.
[PE] - E a relação com as re-
gionais?
CS - Para que as demandas
sejam menores, estamos orien-
tando nossos gerentes regionais
que atuem de maneira pró-ati-
va.Issopareceóbvio,masnãoé.
Peço para os gerentes descobri-
rem seus 20 maiores consumi-
dores, ligarem para eles, verem
as demandas, necessidades e
dificuldades. É importante que
os gerentes visitem câmaras de
vereadores e associações em-
presariais. Muitas vezes o con-
sumidor só quer que o escutem.
Somos concessão de serviço
público e nossa primeira tare-
fa é atender bem à sociedade.
Não se muda 60 anos em seis
meses. É um processo que es-
tamos construindo aos poucos.
Todos que tiverem problemas
devem se comunicar com a Ce-
lesc, porque queremos ajudar e
acertar. Trabalhamos com três
premissas: que a Celesc seja
financeiramente forte, transpa-
rente em suas ações e decisões,
e seja adequada na prestação de
seu serviço. Tenho certeza de
que, se atuarmos assim, estare-
mos dinamizando a economia,
dando competitividade a nos-
sos negócios e trabalhando bem
para a sociedade.
[PE] - Mudar cultura organiza-
cional não é fácil.
CS - O que fazemos aqui em
4 ou 5 anos, poderíamos fazer
na iniciativa privada em um
ou dois. Mas é realmente pra-
zeroso ver os resultados. A Ce-
lesc, ao longo de seus 60 anos,
foi tratada como secretaria de
Estado e pouco se cobrava dos
seus funcionários. Hora-extra,
custeio e sobreaviso eram ques-
tões sazonais e não sistemati-
zadas. Como presidente, estou
cobrando dos meus diretores.
Conversei pessoalmente com
todos os gerentes e perguntei a
eles sobre custeio e horas-extras
feitas.Alguns disseram que não
sabiam. Como não sabem? Eu
sei e cobro que saibam também,
porque o Conselho da empresa
me cobra. São dados básicos
que não preciso pedir aos ge-
rentes, é tarefa deles saberem
isso. Estamos em processo de
profissionalização da Celesc.
[PE] - Na gestão de pessoas,
terá mais mudança?
CS - Para o profissional ser che-
fe de departamento precisará
ter requisitos mínimos. Isso não
existia na Celesc, nem mesmo
para a presidência da empre-
sa. Isso não quer dizer que não
possahaverindicaçãopolítica.É
claro que pode, desde que cum-
pram uma série de requisitos.
Somos uma empresa pública e
precisamosdessetrânsitopolíti-
co,queéabsolutamentenormal.
Quero deputados e governador
aqui dentro da empresa, mas,
como disse, respeitando regras.
Quando chega aqui um deputa-
do pedindo algo, respondemos
se pode ou não, de acordo com
as regras. Eles não ficam chate-
ados, porque o sim ou o não se-
guem os mesmos critérios para
todos. Sei disso porque traba-
lhei com concessão de recursos
por oito anos na Secretaria da
Fazenda. Se cabe na regra é con-
cedido, se não cabe não é, sob
pena de eu me prejudicar e de
o governador, como ordenador
primário, ser prejudicado tam-
bém. O que sai de “não” aqui
na Celesc é algo extraordinário,
massão“nãos”explicados,com
Andréa Leonora e Nícola Martins �������������� ��Florianópolis - 08Jul13
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coerência, lógica e embasamen-
to. No que dá para fazer, temos
o maior prazer em ajudar. Essa
blindagem é muito importante.
[PE] - O número de terceiriza-
dos cairá?
CS - Estamos trabalhando a
primarização da Celesc, que é
trabalhar com funcionários pró-
prios. A melhor empresa distri-
buidora de energia do Brasil é a
Coelce (Companhia Energética
do Ceará), que possui 85% de
terceirização. A segunda me-
lhor é a Elektro, de São Paulo,
com 0% de terceirização. O im-
portante é a boa gestão de pes-
soas. A Celesc, seus funcioná-
rios e sindicatos optaram pela
primarização e vamos fazer dar
certo,comnovoplanodesaúde,
de previdência e uma série de
benefícios. Fizemos, durante os
últimos nove meses, um Plano
de Demissão Voluntário (PDV),
que teve a saída de 750 funcio-
nários e estamos recompondo
no máximo 55% desse número,
todos em áreas fins.
[PE] - O atendimento mudará?
CS - Sei que a empresa não
atende adequadamente à socie-
dade, pois nosso call center não é
bom e a nossa ação na internet
ainda é ruim. Estamos contra-
tando um novo contact center,
saindo de 30 para 100 posições
de atendimento. Percebemos
que 90% do nosso estado têm
acesso à internet e 70% dos
atendimentos feitos nas lojas
da Celesc poderiam ser feitos
via internet. Portanto, estamos
fazendo um grande web site que
terá capacidade de receber toda
essa demanda por serviços via
internet. Com isso, diminuo o
trânsito nas lojas e facilito a vida
dos consumidores. Melhora-
remos também o atendimento
comercial, com mais atendentes
para dar o carinho e a atenção
que o nosso consumidor preci-
sa. O segundo semestre será de
revolução no atendimento.
[PE] - Como está a situação fi-
nanceira da empresa?
CS - Em 2012 tivemos um pre-
juízo de R$ 250 milhões, em
decorrência do PDV, contabili-
zado de uma só vez, ainda que
seja pago em parcelas. Somado
ao PDV, teve a questão da uti-
lização de térmicas, que no ano
passado não representou mui-
to em nossa contabilidade. Em
2013, no entanto, a energia das
térmicas, que é mais cara, foi
mais utilizada em função da es-
tiagem. Isso desequilibrou nos-
sas finanças e o reajuste tarifário
deve ter a incidência do valor
da compra de energia dessas
usinas, revertendo o resultado
da companhia para positivo.
[PE] - A repotenciação de Pery
II, em Curitibanos, representa
muito para a Celesc?
CS - Em 11 de julho estaremos
inaugurando essa obra, com o
maior investimento da história
da Celesc, cerca de R$ 125 mi-
lhões. É a retomada da Celesc
na área de Geração. A usina vai
sairde4,4MWpara30MW,um
aumento de 20% na Geração da
empresa como um todo. Quere-
mos mostrar que o investimen-
to em Geração não é somente
diretriz, mas que está realmente
acontecendo. Um momento ím-
par da Celesc.
[PE] - A capacidade energética
do interior catarinense é boa?
CS - Sim, mas há um projeto
muito importante, em parceria
com o Estado, para melhorar.
Vamos transformar os ramais
de monofásico para trifásico, o
que dará estrutura e segurança
energética para as cidades do
interior. Descobrimos que seria
interessante transformar 6 mil
quilômetros de ramais e linhas
a um custo de R$ 300 milhões.
Levei o projeto ao governador
Raimundo Colombo e ele se
propôs a estudar a viabiliza-
ção de parte disso por meio do
Pacto por SC. Classificamos três
regiões do estado como “vazios
elétricos”, pois não possuem
rede de alta tensão: Planalto
Norte, em Irineópolis, o entor-
no de Lages e o Extremo Oeste,
emAbelardo Luz.Ali há menos
oferta de energia elétrica, e, con-
sequentemente, são regiões me-
nos industrializadas. O próprio
governador, o vice-governador
Eduardo Moreira e o secretário
de Planejamento, Murilo Flores
(também secretário-executivo
do Pacto por SC) estudam fa-
zer um aumento de capital na
Celesc para que a empresa pos-
sa realizar esse investimento.
Nos últimos 25 anos, nenhum
governador se preocupou em
imaginar infraestrutura energé-
tica para Santa Catarina.