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Luís de Camões
Os Lusíadas
Texto analisado
Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse
A quem ao bem comum e do seu Rei
Antepuser seu próprio interesse,
Imigo da divina e humana Lei.
Nenhum ambicioso que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercícios
Usar mais largamente de seus vícios;
[…]
Aqueles sós direi que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,
Onde, perdendo-a, em fama a dilataram,
Tão bem de suas obras merecida.
Apolo e as Musas, que me acompanharam,
Me dobrarão a fúria concedida,
Enquanto eu tomo alento, descansado,
Por tornar ao trabalho, mais folgado.
Luís de Camões, Os Lusíadas, leitura, prefácio e notas de Álvaro
Júlio da Costa Pimpão, apresentação de Aníbal Pinto de Castro,
Lisboa, Ministério da Educação, 1989 [p. 196]
Qual é o ASSUNTO
das estâncias?
Interpelação do
poeta às Ninfas
(cf. apóstrofe)
Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
Explicitação,
por parte do poeta,
de alguns critérios
de seleção dos que
merecem ou não
ser cantados
O poeta não
cantará os que
ambicionam
altos cargos
O poeta
interpela
as Ninfas
O poeta cantará
os que deram a
vida pela Fé cristã
e pela pátria
Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse
A quem ao bem comum e do seu Rei
Antepuser seu próprio interesse,
Imigo da divina e humana Lei.
Nenhum ambicioso que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercícios
Usar mais largamente de seus vícios;
[…]
Aqueles sós direi que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,
Onde, perdendo-a, em fama a dilataram,
Tão bem de suas obras merecida.
Apolo e as Musas, que me acompanharam,
Me dobrarão a fúria concedida,
Enquanto eu tomo alento, descansado,
Por tornar ao trabalho, mais folgado.
Em que parte da
ESTRUTURA INTERNA da epopeia
se integra o excerto?
Narração (4ª parte da epopeia)
• Plano das reflexões do poeta
• Invocação às Ninfas
O poeta interrompe a narrativa
(no momento em que, já na Índia,
o Catual visita a armada dos
portugueses e pede a Paulo da Gama
que lhe explique o significado das
bandeiras) para tecer algumas
considerações sobre assuntos diversos
a propósito dos factos narrados
Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse
A quem ao bem comum e do seu Rei
Antepuser seu próprio interesse,
Imigo da divina e humana Lei.
Nenhum ambicioso que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercícios
Usar mais largamente de seus vícios;
[…]
Aqueles sós direi que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,
Onde, perdendo-a, em fama a dilataram,
Tão bem de suas obras merecida.
Apolo e as Musas, que me acompanharam,
Me dobrarão a fúria concedida,
Enquanto eu tomo alento, descansado,
Por tornar ao trabalho, mais folgado.
Como se caracteriza a
ESTRUTURA EXTERNA?
Canto VII
Estâncias 84 e 87
Canto VII
Estâncias 84 e 87
Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse
A quem ao bem comum e do seu Rei
Antepuser seu próprio interesse,
Imigo da divina e humana Lei.
Nenhum ambicioso que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercícios
Usar mais largamente de seus vícios;
[…]
Aqueles sós direi que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,
Onde, perdendo-a, em fama a dilataram,
Tão bem de suas obras merecida.
Apolo e as Musas, que me acompanharam,
Me dobrarão a fúria concedida,
Enquanto eu tomo alento, descansado,
Por tornar ao trabalho, mais folgado.
Como se caracteriza a
ESTRUTURA EXTERNA?
Duas oitavas
Estância com
8 versos
=
Oitava
Estância com
8 versos
=
Oitava
Estrutura estrófica
Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
Aqueles sós direi que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,
Onde, perdendo-a, em fama a dilataram,
Tão bem de suas obras merecida.
Apolo e as Musas, que me acompanharam,
Me dobrarão a fúria concedida,
Enquanto eu tomo alento, descansado,
Por tornar ao trabalho, mais folgado.
Como se caracteriza a
ESTRUTURA EXTERNA?
Rima cruzada nos seis primeiros
versos e emparelhada nos dois
últimos
a
aventuraram
vida
dilataram
acompanharam
merecida
concedida
descansado
folgado
Esquema rimático: abababcc
a
a
b
b
b
c
c
Estrutura
rimática
Rima
cruzada
Rima
empare-
lhada
Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse Como se caracteriza a
ESTRUTURA EXTERNA?
Decassílabos
Estrutura métrica
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Decassílabos
Apolo e as Musas, que me acompanharam
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
As estâncias 84 e 87 do Canto VII de Os Lusíadas apresentam as seguintes características:
Tópicos de análise
• quanto à estrutura externa, classificam-se como oitavas decassilábicas
(Nem/ crei/ais,/ Nin/fas,/ não/, que/ fa/ma/ de[sse]); a rima é cruzada nos seis
primeiros versos (ababab) e emparelhada nos dois últimos (cc);
• quanto à estrutura interna, localizam-se na narração (quarta e última parte da
epopeia), estando integradas no plano das reflexões do poeta:
– o poeta interrompe a narrativa (no momento em que, já na Índia, o Catual visita
a armada dos portugueses e pede a Paulo da Gama que lhe explique o significado
das bandeiras) para tecer algumas considerações sobre assuntos diversos a
propósito dos factos narrados; neste caso, os critérios de seleção dos que merecem
ser cantados no momento seguinte da epopeia são:
• não serão cantados os ambiciosos que apenas desejam satisfazer os seus vícios
e torpes desejos (est. 84, vv. 5-8);
• serão cantados os que arriscaram a vida por Deus e pelo seu rei e que,
perdendo-a, a aumentaram em fama (est. 87, vv. 1-4).
– o poeta dirige-se às Ninfas, invocando-as e interpelando-as através da apóstrofe
(“Ninfas”).

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  • 1. Luís de Camões Os Lusíadas Texto analisado
  • 2. Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse A quem ao bem comum e do seu Rei Antepuser seu próprio interesse, Imigo da divina e humana Lei. Nenhum ambicioso que quisesse Subir a grandes cargos, cantarei, Só por poder com torpes exercícios Usar mais largamente de seus vícios; […] Aqueles sós direi que aventuraram Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida, Onde, perdendo-a, em fama a dilataram, Tão bem de suas obras merecida. Apolo e as Musas, que me acompanharam, Me dobrarão a fúria concedida, Enquanto eu tomo alento, descansado, Por tornar ao trabalho, mais folgado. Luís de Camões, Os Lusíadas, leitura, prefácio e notas de Álvaro Júlio da Costa Pimpão, apresentação de Aníbal Pinto de Castro, Lisboa, Ministério da Educação, 1989 [p. 196] Qual é o ASSUNTO das estâncias? Interpelação do poeta às Ninfas (cf. apóstrofe) Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87) Explicitação, por parte do poeta, de alguns critérios de seleção dos que merecem ou não ser cantados O poeta não cantará os que ambicionam altos cargos O poeta interpela as Ninfas O poeta cantará os que deram a vida pela Fé cristã e pela pátria
  • 3. Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse A quem ao bem comum e do seu Rei Antepuser seu próprio interesse, Imigo da divina e humana Lei. Nenhum ambicioso que quisesse Subir a grandes cargos, cantarei, Só por poder com torpes exercícios Usar mais largamente de seus vícios; […] Aqueles sós direi que aventuraram Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida, Onde, perdendo-a, em fama a dilataram, Tão bem de suas obras merecida. Apolo e as Musas, que me acompanharam, Me dobrarão a fúria concedida, Enquanto eu tomo alento, descansado, Por tornar ao trabalho, mais folgado. Em que parte da ESTRUTURA INTERNA da epopeia se integra o excerto? Narração (4ª parte da epopeia) • Plano das reflexões do poeta • Invocação às Ninfas O poeta interrompe a narrativa (no momento em que, já na Índia, o Catual visita a armada dos portugueses e pede a Paulo da Gama que lhe explique o significado das bandeiras) para tecer algumas considerações sobre assuntos diversos a propósito dos factos narrados Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
  • 4. Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse A quem ao bem comum e do seu Rei Antepuser seu próprio interesse, Imigo da divina e humana Lei. Nenhum ambicioso que quisesse Subir a grandes cargos, cantarei, Só por poder com torpes exercícios Usar mais largamente de seus vícios; […] Aqueles sós direi que aventuraram Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida, Onde, perdendo-a, em fama a dilataram, Tão bem de suas obras merecida. Apolo e as Musas, que me acompanharam, Me dobrarão a fúria concedida, Enquanto eu tomo alento, descansado, Por tornar ao trabalho, mais folgado. Como se caracteriza a ESTRUTURA EXTERNA? Canto VII Estâncias 84 e 87 Canto VII Estâncias 84 e 87 Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
  • 5. Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse A quem ao bem comum e do seu Rei Antepuser seu próprio interesse, Imigo da divina e humana Lei. Nenhum ambicioso que quisesse Subir a grandes cargos, cantarei, Só por poder com torpes exercícios Usar mais largamente de seus vícios; […] Aqueles sós direi que aventuraram Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida, Onde, perdendo-a, em fama a dilataram, Tão bem de suas obras merecida. Apolo e as Musas, que me acompanharam, Me dobrarão a fúria concedida, Enquanto eu tomo alento, descansado, Por tornar ao trabalho, mais folgado. Como se caracteriza a ESTRUTURA EXTERNA? Duas oitavas Estância com 8 versos = Oitava Estância com 8 versos = Oitava Estrutura estrófica Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
  • 6. Aqueles sós direi que aventuraram Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida, Onde, perdendo-a, em fama a dilataram, Tão bem de suas obras merecida. Apolo e as Musas, que me acompanharam, Me dobrarão a fúria concedida, Enquanto eu tomo alento, descansado, Por tornar ao trabalho, mais folgado. Como se caracteriza a ESTRUTURA EXTERNA? Rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos a aventuraram vida dilataram acompanharam merecida concedida descansado folgado Esquema rimático: abababcc a a b b b c c Estrutura rimática Rima cruzada Rima empare- lhada Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
  • 7. Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse Como se caracteriza a ESTRUTURA EXTERNA? Decassílabos Estrutura métrica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Decassílabos Apolo e as Musas, que me acompanharam 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Nem creiais, Ninfas… (VII, 84 e 87)
  • 8. As estâncias 84 e 87 do Canto VII de Os Lusíadas apresentam as seguintes características: Tópicos de análise • quanto à estrutura externa, classificam-se como oitavas decassilábicas (Nem/ crei/ais,/ Nin/fas,/ não/, que/ fa/ma/ de[sse]); a rima é cruzada nos seis primeiros versos (ababab) e emparelhada nos dois últimos (cc); • quanto à estrutura interna, localizam-se na narração (quarta e última parte da epopeia), estando integradas no plano das reflexões do poeta: – o poeta interrompe a narrativa (no momento em que, já na Índia, o Catual visita a armada dos portugueses e pede a Paulo da Gama que lhe explique o significado das bandeiras) para tecer algumas considerações sobre assuntos diversos a propósito dos factos narrados; neste caso, os critérios de seleção dos que merecem ser cantados no momento seguinte da epopeia são: • não serão cantados os ambiciosos que apenas desejam satisfazer os seus vícios e torpes desejos (est. 84, vv. 5-8); • serão cantados os que arriscaram a vida por Deus e pelo seu rei e que, perdendo-a, a aumentaram em fama (est. 87, vv. 1-4). – o poeta dirige-se às Ninfas, invocando-as e interpelando-as através da apóstrofe (“Ninfas”).