O poema descreve um sentimento de desilusão e cansaço existencial ao refletir sobre a vida e o mundo. O eu lírico se sente existindo sem propósito em um mundo repetitivo, experimentando uma angústia abstrata da condição humana. A música de artistas de rua momentaneamente alivia esse sentimento, reconhecendo que é cansaço que sente.

1. NÃO

2. Não, não é cansaço...

3. É uma quantidade de desilusão Que se me entranha na espécie de pensar, E um domingo às avessas Do sentimento, Um feriado passado no abismo...

4. Não, cansaço não é...

5. É eu estar existindo E também o mundo, Com tudo aquilo que contém, Como tudo aquilo que nele se desdobra E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

6. Não. Cansaço por quê?

7. É uma sensação abstrata Da vida concreta — Qualquer coisa como um grito Por dar, Qualquer coisa como uma angústia

8. Por sofrer, Ou por sofrer completamente, Ou por sofrer como... Sim, ou por sofrer como... Isso mesmo, como...

9. Como quê?... Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.

10. (Ai, cegos que cantam na rua, Que formidável realejo Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)

11. Porque oiço, vejo. Confesso: é cansaço!...

12. AUTORIA: Álvaro de Campos (Se a autoria estiver incorreta e você souber quem é o verdadeiro autor, não deixe de entrar em contato) FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan [email_address] MÚSICA: Bach - Brandenburg Concert nº 4 IMAGENS: da Internet (Repasse com os devidos créditos) BLOG: www.mimabadan.blogspot.com PPSs em: www.slideshare.net/mimabadan