O documento discute os danos ecológicos causados por barragens, incluindo a degradação da qualidade da água, ameaças à biodiversidade de peixes e outros animais, e o impacto nas emissões de carbono. Embora barragens forneçam energia hidrelétrica, os custos ecológicos superam os benefícios energéticos, especialmente quando usadas para armazenar energia eólica variável. Investimentos em eficiência energética seriam uma alternativa mais sustentável para aumentar a produção
1. Cristiana Ficher , 9º1 , nº6
O desperdício de energia nas
barragens
Introdução :
A construção de barragens degrada consideravelmente a qualidade da água de um rio, como
consequência da sua retenção em reservatórios. Problemas de eutrofização (proliferação
de algas) e de contaminação da água são comuns em albufeiras. No Alqueva, por exemplo, a
água encontra-se contaminada com níveis elevados de pesticidas e herbicidas . Com grandes
barragens temos acesso a água, sim, mas de má qualidade.
As barragens são também más notícias para a preservação da biodiversidade. Os peixes
tendem a extinguir-se como consequência da criação de obstáculos à sua migração (apesar
das eclusas para peixes) e da degradação da qualidade da água. O habitat de muitas
espécies animais torna-se assim mais reduzido, aumentado o risco de extinção.
Outro grande inconveniente das barragens é o da redução do caudal sólido. Os rios
transportam grandes quantidades de sedimentos ao longo do seu trajeto. Quando desaguam
no mar, uma parte dos sedimentos irá fornecer nutrientes ao mar, essenciais para muitas
espécies piscícolas. Tudo isto se justifica, dizem os defensores da opção hidro elétrica ,
face à necessidade de combater o aquecimento global. Mas as barragens não são neutras
em carbono. Estudos científicos citados pela “ International Rivers ” concluem que 4% da
contribuição humana para o aquecimento global pode ser atribuída às barragens.
A magnitude dos danos ecológicos causados pela energia hidroeléctrica atinge o seu
expoente com as barragens construídas para aproveitar o excedente de produção das
eólicas. Neste caso, constroem-se duas barragens (a principal e uma mais pequena de apoio)
e a água é descarregada a montante em horas de elevada procura e bombeada de novo a
jusante em horas de baixa procura. O constante vai-e-vem da água até ao momento em que
finalmente é libertada para o rio agrava todos os problemas acima mencionados.
Em suma, o dilema ecológico desqualifica a energia hidro elétrica como uma opção “limpa” e
até como uma energia renovável, dado que há diferenças substanciais entre a água que
entra e a água que sai de uma barragem .
2. Cristiana Ficher , 9º1 , nº6
Desenvolvimento :
Estamos num país onde o desperdício de energia atinge os 60%. A execução do Plano
Nacional de Barragens levará a um acréscimo na produção de eletricidade que corresponde
a 3,3% do consumo final de 2006, um pequeno excedente que poderia facilmente ser obtido
de forma económica e ecológica investindo em medidas de eficiência e conservação
energética :
Reduzir a dependência face aos combustíveis fósseis e reduzir as importações de energia
são objetivos válidos, é claro. Mas fazê-lo à custa da degradação de um recurso comum tão
essencial à vida como a água dificilmente pode fazer sentido, mesmo de um ponto de vista
meramente geopolítico ou económico. O facto de não aproveitarmos plenamente o potencial
energético dos nossos rios não deve ser encarado como uma falha da política energética
mas como um investimento na sustentabilidade.
Mesmo se ignorarmos a gestão da procura, portanto, o investimento em barragens não
surge como uma alternativa defensável ao investimento em formas limpas de produção de
energia. A fiabilidade da energia hidro elétrica não é tão elevada quanto diz a EDP e será
cada vez mais reduzida à medida que as secas se tornarem cada vez mais frequentes devido
às alterações climáticas, conforme estimado pelo IPCC (International Plant Protection
Convention)
Conclusão :
Para aumentar um pouco a produção de energia, o governo pretende degradar ainda mais as
bacias hidrográficas dos rios Douro, Vouga, Mondego e Tejo. Entre outros crimes
ambientais, o PNB prevê a destruição do Sabor, o último rio selvagem da Península Ibérica
e o fim da linha férrea do Tua .
Imagens da barragem do Alqueva :