Ta ai a apresentação de amanha, quem vai falar oq:
Daisy Tamashiro - marca e capa, agadman
Fernando Imai - elementos de apoio
Leonardo Deusdado - chapéus, tipografia e cores
Marina Thobias - layout e master pages, poema visual
Pedro Andrade - style sheets até editorial, coluna assinada
Vitor Artigas - do sumário até a sua diagramação
se vcs não gostaram, podem mudar.
acho que dá pra baixar a apresentação por aki, não tava dando pra enviar por email não sei pq :/
3. Capa
R$ 8,90
Nº 1 06/2011
Craft+Design
Tendências para 2011
A intimidade do
artista-artesão
piauiense AGADMAN,
em entrevista exclusiva
Mercado
Inovação é a chave
para o sucesso
5. Elementos de Apoio
De seu ateliê, em frente à exuberância da
Serra da Bocaina, Mieko Ukeseki avista a
bela paisagem montanhosa de Cunha, a
227 quilômetros de São Paulo. É ali, dian-
te do torno, que suas mãos untadas com
água dão forma ao barro. Com a técnica
- aperfeiçoada há quase 40 anos - e paci-
ência oriental, ela deixa sua marca nas
peças. Mieko é pioneira na produção de
cerâmicas em forno noborigama na cida-
de. Ao chegar ao Brasil, em 1975, se ins-
talou na capital paulista, no apartamento
de uns amigos, até encontrar um lugar
para realizar seu trabalho.
Em um mês descobriu a Estância Cli-
mática de Cunha, um lugar bastante sos-
segado, com extensa área verde, locali-
zado entre os contrafortes das Serras da
Quebra Cangalha e do Mar, próximo a
Paraty, RJ. Decidiu ficar. Convidou mais
artistas, entre eles o ceramista português
Alberto Cidraes, que também veio ao Bra-
sil para trabalhar com o noborigama. Eles Mieko Ukeseki foi quem
transformaram um galpão, cedido pela
iniciou a produção de
prefeitura, no primeiro ateliê de Cunha.
"Éramos um grupo de seis pessoas, muito cerâmica em Cunha
unido e que se ajudava e ensinava uns
aos outros", diz Mieko. Em janeiro de
1976 fizeram a primeira queima.
Quando foram para Cunha, a cidade lecimentos de hospedagem e alimentação
tinha apenas um hotel e nenhum res- e pouco mais de 20 ateliês com 30 cera-
taurante. Por meio da cerâmica surgiu a mistas.
possibilidade de desenvolvimento para a O forno noborigama é uma técnica mi-
região. Devido ao crescimento dos ateliês lenar chinesa, incorporada e aperfeiço-
e à divulgação que ela e outros artistas fa- ada pelos japoneses. Em japonês, numa
ziam em palestras sobre cerâmicas além tradução literal, noboro significa rampa e
dos limites de São Paulo, aos poucos os gama forno. O forno, de alta temperatura,
turistas foram chegando, e a necessidade é construído em degraus, em declive na-
de ter infraestrutura para atender toda tural, e pode chegar a 1.400 graus célsius
essa gente também au- (ºC). As câmaras interliga-
mentou. das proporcionam o apro-
Mãos de argila
Com 26 mil habitantes, A cerâmica tem veitamento do calor - que,
divididos entre a área ur- ao ser produzido na for-
bana e o campo, o municí- bastante espaço na nalha, sobe gradualmente
pio tem sua economia ba- melhoria da economia para as câmaras.
seada na pecuária leiteira, A fornalha, também
no plantio de feijão, milho conhecida como boca, é
e batata e, desde o final da década de alimentada com madeira de eucalipto re-
Artesãos de Cunha, SP, criam peças de 1980, no turismo rural. "A cerâmica tem florestado. A primeira queima, chamada
bastante espaço na melhoria da econo- de biscoito, é levada de 800 ºC a 900 ºC
beleza singular e transformam a mia. A atividade fez muito bem à cidade, por 24 horas. Essa pré-queima serve para
cerâmica em atração turística porque causou essa vinda de turistas", diz dar resistência e porosidade à peça, tiran-
Mieko. Hoje, existem mais de 50 estabe- do toda a água e dando mais aderência
9. Layout
Nº 1
06/2011
R$ 8,90
Craft+Design
Tendências para 2011
Entrevista
A intimidade do atista-artesão
piauiense, Agadman
Mercado
Inovação é a chave
para o sucesso
10. Master Pages
36 mm
14 mm 20 mm
23 mm
12,7 mm
12,7 mm
12. Nº 1
06/2011
R$ 8,90
Craft+Design
Tendências para 2011
Entrevista
A intimidade do atista-artesão
piauiense, Agadman
Mercado
Inovação é a chave
para o sucesso
14. apresentando
artesanato | cultura
Escola supErior dE pro- Quando se trata de artesanato, cada peça é única. Ela carrega
paganda E MarkEting
consigo um pouco do artista, um pouco das ferramentas que
curso dE graduação EM dEsign
coM Habilitação EM coMunica- foram usadas e um pouco da matéria-prima. Por mais que sejam
ção E ênfasE EM MarkEting
semelhantes, duas peças nunca são iguais, cada peça é única:
projeto integrado do 3º semestre das
disciplinas: ímpar. A nossa revista que tem como objetivo principal trazer
Projeto III - Cultura e Informação Prof. Ma-
rise De Chirico e Prof. Dr. Marcello Montore uma visão abrangente do universo do artesanato, focando essen-
Língua Portuguesa III Prof. Regina Fer-
reira da Silva cialmente na sua relação com a cultura, também é ímpar.
Marketing II Prof. Vivian Iara Strehlau
Módulo de Atividades Habilitação/ Cor Dentro desse tema, sentimos a necessidade de construir uma
Prof. Paula Csillag
Produção Gráfica Prof. Antonio Celso Collaro identidade forte do artesão brasileiro que é pouco valorizado,
Edição de imagens, Projeto gráfico, mesmo tendo uma forte influência sobre a cultura brasileira
diagramação, tratamento de imagens,
revisão, Editores: em geral. Na seção “conversando” há uma entrevista com o
Daisy Kyoko Tamashiro
Fernando Imai Hoshiko artista e artesão Agadman, que divide conosco um pouco de
Leonardo Broglio Deusdado
Marina Valentin Thobias sua vida e sua ideologia. Ainda reforçando a importância de
Pedro Vincente de Andrade
Vitor Mello Artigas se reverenciar o artesanato brasileiro, na seção “viajando”, há
um completo panorama sobre a influência do artesanato da
cidade de Cunha, interior de São Paulo, atualmente a maior
produtora de peças de cerâmica do Brasil.
Na seção “visualizando”, última página desta edição, há um poe-
ma visual, que dialoga com o tema e a identidade da publicação.
boa leitura!
Acompanhe nossas novidades
pela internet:
www revistaimpar.com.br
@revistaimpar
facebook.com/revistaimpar
15. Sumário
Fique por dentro Saiba mais sobre Como tornar Erick Renan Conheça melhor
de cursos, eventos Cunha, interior seus produtos fala sobre o que o artesão-artista
e o Craft Design de São Paulo, artesanais mais achou da Feira de Agadman e suas
2011 famoso por seus sustentáveis? Jequitinhonha obras incríveis
artesanatos
08 10 14 17 20
Cerâmica de Aprenda a criar Inovação no Confira os Poema visual:
Santarém ou com crochê essa artesanato, saiba bastidores e as relaciona com o
Tapajônica, mas o linda pulseira de como desenvolver fotos do desfile tema e sempre
que é isso? corrente e expandir seus Dragão Fashion fecha nossa revista
negócios 2011
27 30 32 36 38
16. acontecendo acontecendo
conversando
Craft+Design Modelagem O Brasil na
Idealizada há mais de 10 anos, a Craft Design é uma
feira de negócios que apresenta tendências na área de
de cerâmica arte popular
decoração, design e arte.
Direcionada a lojistas, fabricantes, arquitetos, deco-
radores e profissionais do setor em geral, a Feira pro-
move, semestralmente, a integração tanto de novos
talentos, quanto de designers consagrados, com o se-
tor produtivo e seus canais de distribuição.
O talento e a idoneidade dos expositores, somados a
um excelente clima para negócios e um eficiente tra-
balho de divulgação, tem trazido para o evento, a cada
edição, empresários e profissionais de todo o Brasil e
do exterior. Neste ano, o evento acontece dos dias 25 a 28
de agosto em São Paulo, SP.
Das 10h às 20h
Terraço Villa Daslu
Av. Juscelino Kubitschek, 2.041
Vila Olímpia - São Paulo - SP
Feincartes – CE
Realizada na maior região de comercio do Ceará – a ave-
nida Mosenhor Tabosa em Fortaleza, a Feincartes – CE Para quem procura aplicar técnicas va-
chega a sua terceira edição com enorme sucesso. Reali- riadas de modelagem em argila.
zada no Moderno e bem localizado Centro de Negócios Serão demonstradas técnicas para a mo-
do Sebrae, em ambiente totalmente climatizado, a feira delagem peças decorativas e utilitárias:
tem sido uma ótima oportunidade de negócios e vendas vasos, cachepôs, travessas e cinzeiros.
aos expositores. O publico cearense tem uma ligação Além de técnicas para secagem, utilização Foi aberta no último dia 17 de maio/11 a exposição de
muito forte com o artesanato, além disso, Fortaleza é adequada do forno e técnicas de queima. obras de arte popular brasileira no Museu Nacional em
destino turístico certo durante todo o ano, fazendo com Brasília. A exposição com 1.500 obras de 70 artistas popu-
que a feira tenha uma grande variedade de público com lares pertence ao acervo Museu Casa do Pontal do Rio de
um ótimo perder de compra. Tudo isso aliado a um am- Rua Bom Pastor, 654 - Ipiranga Janeiro, e fica aberta ao público até o dia 26 de junho/11.
plo plano de divulgação e mídia. São Paulo - SP Muito bem organizada, é muito mais que apenas apresen-
Tel: (11) 2065-0150 tar obras de artistas populares brasileiros, é uma viagem
www.sesisp.org.br/ipiranga pela cultura e folclore de todos os estados do país, numa
Data: de 17 à 26 de junho de 2011 riqueza de valores que merece uma visita. O Museu Na-
Local: Centro de Negócios do Sebrae. cional de Brasília fica na Esplanada dos Ministérios, Setor
Entrada: R$ 06 (seis reais). Cultural Sul e a exposição está aberta ao público de terça
Horário: das 15h00min às 22h00min a domingo, das 9h às 18h30. Imperdível.
Pessoas acima de 60 anos pagam meia-entrada e
crianças até 12 anos de idade, acompanhadas por Mais informações: http://www.popular.art.br/
responsável, tem entrada liberada.
5 6
17. De seu ateliê, em frente à exuberância da
Serra da Bocaina, Mieko Ukeseki avista a
bela paisagem montanhosa de Cunha, a
227 quilômetros de São Paulo. É ali, dian-
te do torno, que suas mãos untadas com
água dão forma ao barro. Com a técnica
- aperfeiçoada há quase 40 anos - e paci-
ência oriental, ela deixa sua marca nas
peças. Mieko é pioneira na produção de
cerâmicas em forno noborigama na cida-
de. Ao chegar ao Brasil, em 1975, se ins-
talou na capital paulista, no apartamento
de uns amigos, até encontrar um lugar
para realizar seu trabalho.
Em um mês descobriu a Estância Cli-
mática de Cunha, um lugar bastante sos-
segado, com extensa área verde, locali-
zado entre os contrafortes das Serras da
Quebra Cangalha e do Mar, próximo a
Paraty, RJ. Decidiu ficar. Convidou mais
artistas, entre eles o ceramista português
Alberto Cidraes, que também veio ao Bra-
sil para trabalhar com o noborigama. Eles Mieko Ukeseki foi quem
transformaram um galpão, cedido pela
iniciou a produção de
prefeitura, no primeiro ateliê de Cunha.
"Éramos um grupo de seis pessoas, muito cerâmica em Cunha
unido e que se ajudava e ensinava uns
aos outros", diz Mieko. Em janeiro de
1976 fizeram a primeira queima.
Quando foram para Cunha, a cidade lecimentos de hospedagem e alimentação
tinha apenas um hotel e nenhum res- e pouco mais de 20 ateliês com 30 cera-
taurante. Por meio da cerâmica surgiu a mistas.
possibilidade de desenvolvimento para a O forno noborigama é uma técnica mi-
região. Devido ao crescimento dos ateliês lenar chinesa, incorporada e aperfeiço-
e à divulgação que ela e outros artistas fa- ada pelos japoneses. Em japonês, numa
ziam em palestras sobre cerâmicas além tradução literal, noboro significa rampa e
dos limites de São Paulo, aos poucos os gama forno. O forno, de alta temperatura,
turistas foram chegando, e a necessidade é construído em degraus, em declive na-
de ter infraestrutura para atender toda tural, e pode chegar a 1.400 graus célsius
essa gente também au- (ºC). As câmaras interliga-
mentou. das proporcionam o apro-
Mãos de argila
Com 26 mil habitantes, A cerâmica tem veitamento do calor - que,
divididos entre a área ur- ao ser produzido na for-
bana e o campo, o municí- bastante espaço na nalha, sobe gradualmente
pio tem sua economia ba- melhoria da economia para as câmaras.
seada na pecuária leiteira, A fornalha, também
no plantio de feijão, milho conhecida como boca, é
e batata e, desde o final da década de alimentada com madeira de eucalipto re-
Artesãos de Cunha, SP, criam peças de 1980, no turismo rural. "A cerâmica tem florestado. A primeira queima, chamada
bastante espaço na melhoria da econo- de biscoito, é levada de 800 ºC a 900 ºC
beleza singular e transformam a mia. A atividade fez muito bem à cidade, por 24 horas. Essa pré-queima serve para
cerâmica em atração turística porque causou essa vinda de turistas", diz dar resistência e porosidade à peça, tiran-
Mieko. Hoje, existem mais de 50 estabe- do toda a água e dando mais aderência
18. utilitários como xícaras, pratos, ca- trabalho conhecido, além de atrair como definir a forma final das
necas, vasilhas. Outros gostam de turismo para a cidade. A abertura peças.”A cerâmica é um enigma:
objetos de decoração. O tipo de for- dos fornos deu um outro significado você só vai saber o resultado do
no também diferencia: dos 20 for- às peças. “A cerâmica tem de fazer trabalho quando abrir o forno”, diz
nos existentes em Cunha, cinco são parte da vida das pessoas. É para ser Jardineiro ao tirar uma caneca cor
noborigama. Os outros ateliês usam usada”, diz. creme, esmaltada com argila, cinza
forno elétrico e a gás. A singulari- A cada dois meses, abrem-se no- de lenha, cinza de casca de arroz e
dade e a criatividade dos ceramistas vas fornadas. É sempre uma surpre- feldspato do forno recém-aberto.
de Cunha fazem com que cada um sa. A fusão do fogo com o esmalte As fortes chuvas que castigaram
a seu modo conquiste o público. “A a região de Cunha no começo des-
maleabilidade do barro permite a te ano prejudicaram o fluxo de tu-
você gerar qualquer tipo de forma. A cerâmica tem de ristas. Porém, eles voltaram com a
É um desafio transformar a terra, o abertura dos fornos e devem acorrer
chão que a gente pisa, em peças de fazer parte da vida novamente em grande número - é o
valor, seja artístico, seja econômico” que todos na cidade esperam - aos
diz Alberto Cidraes. das pessoas. É para eventos tradicionais do município,
Nos últimos 20 anos, a cidade fi- como o Festival de Pinhão, a expo-
cou conhecida como o polo criativo
ser usada sição em honra ao Dia do Ceramista
na produção de cerâmicas, princi- (28 de maio) e as festas de cunho
palmente depois da transformação produz efeitos inéditos, de beleza religioso.
da abertura dos fornos noborigama singular. A fuligem produzida pela
num grande evento, idealizado pelo queima da lenha também influencia
A queima ceramista Gilberto Jardineiro e sua no resultado final. Todas as peças
com forno esposa, Kimiko Suenaga. são únicas e exclusivas. Apesar de
Noborigama já Incorporados ao grupo de cera- o artista conhecer o funcionamento
era utilizada há mistas instalados no município, eles de todo o processo,
mais de mil anos vieram para o Brasil em 1984, quan- ele não tem
atrás no Japão do construíram seu primeiro forno
noborigama. Desde 1988, abrem
Gilberto Jardineiro iniciou seu
as fornadas para os turistas. Com
trabalho com cerâmica no Japão,
didática e paixão pelo que faz, Jar-
em 1980
ao esmalte. Ao fim da primeira do artista - que dá forma ao barro. dineiro explica o passo a passo da
queima, a peça é limpa e esmal- Os quatro elementos - terra, água, produção da cerâmica: da extração
tada. Após essa etapa, inicia-se fogo e ar - se unem durante a fa- da argila da natureza à queima final.
a queima definitiva, em que as bricação da cerâmica. O processo Jardineiro não queria ser um comer-
peças ficam no forno durante de transformação da argila em ciante de cerâmicas, muito menos
30 horas contínuas. Quando uma obra de arte é para muitos colocar suas peças em exposições;
todas as câmaras atingem a ceramistas algo que envolve ma- assim, convidar as pessoas para ir
temperatura desejada, ou gia e emoção. Ele acontece como ao seu ateliê foi a forma que ele en-
seja, 1.400 ºC, o processo um ritual, da extração da argila controu para tornar seu
está concluído. O fogo é da natureza à queima nos for-
extremamente importante nos noborigama.
nesse processo. É ele que Cada ceramista tem uma
vai determinar o resultado característica e um projeto
da fusão dos esmaltes e da artístico. Uns usam a es-
coloração do barro e dará a maltação, outros preferem
resistência à peça. a cerâmica rústica. Há os
E tudo começa pelas mãos que gostam de produzir
A qualidade e a variedade da argila
fazem de Cunha o local ideal para a
instalação dos ateliês de cerâmica
19.
20. Agadman
O atelier de formas do artista-
artesão, pintor e entalhador
além de confeccionador de
móveis, painéis circulares
em madeira, etc.
Eu me apaixonei
pelas formas, pelas cores
21. A beleza
Revista Ímpar - E essa coisa de você trabalhar com madeira?
independe da Agadman - Em Brasília comecei a fazer artesanato, e olhando
aquela cidade toda com formas retas, as pessoas morando naqueles
política, inclusive prédios quadrados, etc., procurei fazer algo diferente, um
diferencial, então comecei a fazer entalhes em discos de madeira,
da cultura eu já mexia com madeira. Minha idéia era encher a cidade com
uma forma que não tinha lá. Aconteceu aí, olha - mostrando o
atelier - o trabalho de madeira é o seguinte: primeiramente eu
conquistei o desenho, até quando cheguei hoje numa forma, que
eu encontrei um símbolo universal de contorno de qualquer
imagem, no desenho, que uma criancinha aprende isso em
menos de meia hora, isso é o ápice da minha pesquisa no
desenho (...) A beleza independe da política, inclusive da
cultura, um cara sem cultura vê uma coisa que é linda, uma
Revista Ímpar - Quando começou a vez eu foi num sítio velho lá no Piauí, e encontrei na parede
trabalhar com madeira? de um caboclo, que nem nunca foi na cidade, levei uma revista
Agadman - Acho que, com vinte e velha e deixei pôr lá, tinha um clássico, uma mulher, uns
poucos anos, eu comecei esta brincadeira. banhistas e tal, e eu achei que aquele cidadão ia achar aquilo
É, com dezessete anos é que eu desenvolvi mais bonito, no entanto ele pegou um trabalho do Van Gogh,
mais isso, é que eu mexia com desenho com um bem doido lá, e fez uma moldurinha de graveto e colocou lá
pintura, modelagem em durepox. na parede, eu perguntei porque você escolheu isso? – “Porque isto
aqui é que é belo, não sei o que me deu, mas isso aqui é que é
belo, eu não entendo, mas eu gosto disso.” - então uma pessoa sem
Revista Ímpar - Qual é a sua escola, como você estudar faz isso.
aprendeu, como foi?
Agadman - Isso não tem escola não, é da
vontade que vem da alma- mexia com gado, Cores vivas e fortes fazem parte de seu estilo.
com fazenda, né, e criei uma paixão, o resto Revista Ímpar - Uma reprodução?
foi desenvolvendo no automático do meu Agadman - É uma reprodução, que ele
ser, uma vontade de ver o estranho de ver colocou sagradamente na parede dele, e tinha
a diferenciação, de mergulhar em outros um retrato de um cavalo, de um boi bonito,
espaços, que não fossem conhecidos pelas que pra mim, o que eu pensei daquela pessoa,
pessoas. Eu sempre acreditei em universos o que fosse satisfazer mais o indivíduo, mas
diferentes, eu vejo as pessoas que tem ele procurou aquilo, ele falou; “que não sabia
capacidade de exercer as faculdades, dirigidas o que era, mas me faz um bem.” - entendeu?
em qualquer sentido que quer ciência, então Então, a arte é essa magia.
eu me apaixonei pela formas, pelas cores.
Uma das belas criações de
Agadman.
4 5
22. Revista Ímpar - Você nasceu em que cidade do Piauí?
Agadman - Cidade Corrente.
Revista Ímpar - E lá nessa região tem tradição de
trabalhar com madeira, barro, artesanato?
Agadman - Tem não, só com enxada nas costas
mesmo, a gente plantava, feijão, batata...
Revista Ímpar - E hoje, você se considera um artesão
ou artista-artesão, como é isso?
Agadman - Todo artista deve ser um artesão, pra
poder desenvolver o jeito de fazer o que ele quer, o seu
jeito, a sua maneira. Eu já fui um artesão, hoje eu me
considero um artista e dou trabalho para os artesãos
que estão comigo.
Revista Ímpar - Então pra você, o que é artesanato,
o que é ser artesão?
Agadman - O artesão copia, às vezes, até algo que
ele mesmo criou, ou não, pode ser a obra de outro
artista, então ele repete aquilo inúmeras vezes, e ele
visa o mercado, vender o seu produto com um preço
acessível, e coisa e tal. E o artesanato pode ser feito
de muitas maneiras não é só com as mã os, hoje você
pode se utilizar dos recursos modernos, até o laser,
pôr exemplo, é mais uma ferramenta, e o artesão
sempre utilizou ferramentas.
Revista Ímpar - E o que é ser artista, o que é arte?
Agadman - O artista faz o novo, algo que nunca se
viu, faz o único, e com isso encontra o seu lugar no
mundo, o lugar só dele. É o indivíduo que criou um
diferencial, e a arte dá essa possibilidade, a arte é
isso, a oportunidade de se expressar, é comunicação, é
uma liberdade de expressão, e cada um procura a sua
linguagem o seu modo de falar, seu modo de expressar
o que esta dentro dele, o que muitas vezes não se pode
dizer com palavras, é uma espécie de presente, que o
homem primeiro dá a si próprio e depois compartilha
com o mundo, a arte salva muita gente da loucura.
6 7
23. conversando
Ação Cultural (DAC), reunindo, na
Praça de Serviços, 42 associações
de artesãos de 25 cidades do Vale.
Só no ano passado, os expositores
lucraram cerca de R$ 100 mil com
as vendas.
Dentre as novidades, destaque
para a participação de artesãos
de duas etnias indígenas, Aranã
e Pataxó-Pankararu, de Araçuaí.
“Isso dará visibilidade ao trabalho
artesanal realizado por eles, além
de reforçar a presença indígena no
campus”, afirma Terezinha Furiati,
Jequitinhonha
coordenadora do Artesanato Coop-
erativo, ligada ao Programa Polo,
e que trabalha na organização do
evento. Outra inovação da edição de
2011 é a montagem de um espaço
especial para artesãos reconhecidos
e sua feira por Eric Renan
do Vale. Entre os convidados, Ulisses Mendes, de Itinga, a família
de Dona Isabel, de Santana do Araçuaí, e Lira Marques, de Araçuaí.
O artesão João Alves, de Taiobeiras, é uma das estrelas da
Feira. Suas esculturas em argila já foram premiadas pela Unesco
e expostas em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. No caso da capi-
tal mineira, ele produziu 40 peças que ficaram em exposição
no Palácio da Liberdade. “Elas representam o folclore de
Minas, um retrato da nossa cultura”, conta o artesão, que
participa da feira desde a primeira edição e hoje integra a
Associarte, entidade que, segundo ele, tem papel importante
na valorização de seu trabalho. “Graças a ela faço vários con-
Reconhecida como um dos espaços que melhor acolhem tatos e aprendo muito com os outros artesãos”, argumenta.
a cultura do Norte de Minas, a tradicional Feira de Arte- Além do artesanato, a música do Jequitinhonha também
sanato do Vale do Jequitinhonha volta a ocupar a Praça invadirá a Praça de Serviços, com shows diários. Na segun-
de Serviços, no campus Pampulha, entre os dias 2 e 7 da feira, dia 2, haverá apresentação do Coral Água Branca,
de maio. Em sua 12ª edição, o evento abrigará peças de Itinga; na terça, 3, Volber e Gilmar; na quarta, 4, o Grupo
produzidas por artesãos de duas etnias indígenas e hom- Sarandeiros e, na sexta, 6, a Banda Terceira Margem, de
enageará a paneleira Dona Zizi e a fiandeira Dona Ger- Montes Claros, sempre às 12h30. Na quinta-feira, dia 5, às
alda, duas mestras que lutam para perpetuar seus ofícios. 17h30, haverá homenagem às mestras de ofício Elzi Gon-
A fama já ultrapassou – e muito – as fronteiras de- çalves Pereira e Geralda Leite Sena (veja abaixo) e show de
marcadas pelo Rio Jequitinhonha. Na mão de homens João di Souza e Chico Lobo. A entrada é franca.
e mulheres habilidosos, barro, taboa e madeira dão for-
ma a esculturas, trançados, cerâmicas, panelas, bone-
cas, moringas e tigelas, materializando uma das mais
belas expressões culturais da região. Mas, mesmo com
todo esse prestígio, os artesãos encontram dificuldades
para expor suas peças e vendê-las a um preço justo.
Uma exceção nesse cenário é a tradicional Feira de
Artesanato do Vale do Jequitinhonha, que este ano
chega à 12ª edição. Será realizada na próxima semana,
entre 2 e 7 de maio, numa promoção da Pró-reitoria
de Extensão (Proex), do Programa Polo de Integração
da UFMG no Vale do Jequitinhonha e da Diretoria de
2 3