Este documento fornece informações sobre a exposição "Tiqqun - A Libertação do Pecado" da artista plástica Maria Sobral Mendonça. A exposição apresenta 30 obras que exploram o tema da libertação do pecado com base na visão do rabino judeu Isaac Luria do século XVI. As obras retratam principalmente figuras femininas com vestes coloridas que representam a libertação dos pecados do passado. A exposição teve lugar em Lisboa em 2007 e recebeu elogios do prefeito da cidade.
5. Ficha Técnica Filme da Exposição
Comissária da Exposição Lauro António
Rosa Oom
Captação de Imagem
Relações Internacionais Frederico Corrado
Luísa Alberto
Fotografia de Cena
Marketing e Comunicação Maria Eduarda Colares
Maria Abreu de Carvalho A fotografia de atelier utilizada na divulgação
do evento nos meios, foi gentilmente cedida
Coordenação, Secretariado e Promoção pela fotógrafa de cena.
da Exposição
Real Associação de Lisboa O DVD é parte integrante do Catálogo,
sendo proibida a sua reprodução.
Direcção de Imagem e Design Gráfico As imagens foram rodadas no Alentejo -
Francisca Mendonça Montemor-o-Novo e Serra de Ossa -,
em Portugal no ano de 2007.
Tradução do Catálogo
Joana Filipe Exposição realizada em Lisboa
Praça do Município
Fotografia das Obras Publicadas no Catálogo Ed. Paços do Concelho
Bernardo Oom Saraiva Lobo
De 12 de Outubro a 30 de Novembro
Concepção Cénica
Luís Cardoso e Cunha e Nadia Ghemri
6.
7. Tiqqun
A actual exposição apresenta 30 Obras inéditas (acrílico S/Tela),
as quais abordam o tema da “libertação do pecado” com o título
de Tiqqun (Hebraico). A abordagem artística resulta da pesquisa
efectuada ao mote “pecado/libertação”, nas suas diversas interpre-
tações que determinam as regras espirituais existentes na História
da Humanidade. Este estudo incide na visão do Judeu “Isaac
Luria” (séc. XVI), em que as personagens representadas nas obras
são remetidas à época em que este viveu. A mensagem contida nesta
exposição aborda a relação “corpo/vestes” e “pecado/libertação”,
cujas personagens abrem--se e estendem-se para fora da tela em mil
cores quando a luz do espírito assim lhes pede. Criada a teoria
que “a cor dos trajes liberta”, deixam de existir corpos esvaziados
de alma mutilada pela culpa, pois o pecado coage por dentro
e por fora de cada Ser. É, como que a sua libertação processasse
através das vestes coloridas e não pelo corpo de cada Ser exposto.
A exposição é na sua grande parte, constituída por figuras
femininas cujas vestes transbordam múltiplos vultos de cores
fortes, como que se as vestes libertassem ou exaltassem pecados
cometidos no passado, e que circulam á flor-da-pele. Há em todos
eles uma sombra negra que recorta ou salienta essa atmosfera
afectiva provocando estímulos de passividade, euforia, indiferença,
rendição. Cabe a cada um interpretar, seleccionar, acolher
ou escolher o modo como as figuras se aninham e encarnam
na superfície plástica, representadas ora em estado de euforia,
ora em estado letárgico.
Maria Sobral Mendonça
8.
9. Tiqqun
The exposition presents 30 unedited works of art (acrylics on
canvas), in which the subject is the theme of “liberation from
sin” with the title of Tiqqun (Hebrew). The artistic approach is
resultant of a research on the area of “sin/liberation”, in its most
diverse interpretations which determine the spiritual rules existent
in the history of humanity. This study incites on the Jewish belief
of “Isaac Lúria” (XVI century) and in which the characters
represented in the pieces of are, cast back into the time they lived
in. The message behind the exposition is the relationship bodies/
vestments, and sin/freedom in which the characters open and
extend themselves out of the canvas in a thousand colors of light
when the spirit thus asks for it. Created the theory of “The color
of the vestments free”, the emptied bodies mutilated by guilt seize
to exist because sin works in and out in of each being. It is as if
the liberation is progressed through the colored vestments and not
through the body of each being exposed. The exposition is in the
majority made up of feminine figures whose vestments transpire
multiple vaults of strong colors as if they freed or exulted sins
committed in the past and which flash in ones´ consciouness.
In all of them is the black shadow which recuts or makes relevant
the affective atmosphere provoking passiveness, euphoria,
indigerence and resignation. It is up to each individual person
to interpret; select; choose and aculeate the way the figures live out
on the plastic surfaces represented be in euphoria be it in lethargic.
Maria Sobral Mendonça
10. p. 54 - kavanot - 2007 - Acrílico s/ tela (146 x 114 cm)
p. 56 - Quebrar das Embarcações - 2007 - Acrílico s/ tela
(162 x 114 cm)
p. 58 - TzimTzum - 2007 - Acrílico s/ tela (146 x 114 cm)
p. 60 - Safed - 2007 - Acrílico s/ tela (146 x 114 cm)
p. 62 - Missa na Aldeia - 2007 - Acrílico s/ tela (116 x 89 cm)
p. 64 - A Sinceridade do Sincero - 2007 - Acrílico s/ tela
(116 x 89 cm)
p. 66 - Casamento - 2007 - Acrílico s/ tela (146 x 114 cm)
p. 68 - Por Dizer - 2007 - Acrílico s/ tela (116 x 89 cm)
p. 70 - Recados Guardados em Pecados Exilados - 2007
Acrílico s/ tela (116 x 89 cm)
p. 72- Iniciar o Tiqqun - 2007 - Acrílico s/ tela (130 x 97 cm)
11. p. 94 - Além do Eu - 2007 - Acrílico s/ tela (117 x 98 cm) p. 74 - Há Musicalidade em Todos os Trajes - 2007
Acrílico s/ tela (116 x 89 cm)
p. 96 - Restaurar a Harmonia - 2007 - Acrílico s/ tela p. 76- Rodopiar as Emoções - 2007 - Acrílico s/ tela
(117 x 98 cm) (116 x 89 cm)
p. 98 - A Caminhada - 2007 - Acrílico s/ tela (117 x 98 cm) p. 78 - Transfigurar a Tristeza - 2007 - Acrílico s/ tela
(116 x 89 cm)
p. 100 - Expiar a Culpa - 2007 - Acrílico s/ tela (116 x 89 cm) p. 80 - Para Lá das Vestes - 2007 - Acrílico s/ tela
(130 x 97 cm)
p. 102- Negligência - 2007 - Acrílico s/ tela (130 x 97 cm) p. 82 - Mulheres de Asmara - 2007 - Acrílico s/ tela
(116 x 89 cm)
p. 104 - Libertação da Alma - 2007 - Acrílico s/ tela p. 84 - AR-HAT - 2007 - Acrílico s/ tela (116 x 89 cm)
(116 x 89 cm)
p. 106 - O Véu do Pecado - 2007 - Acrílico s/ tela p. 86 - Sublimação dos Sentidos - 2007 - Acrílico s/ tela
(116 x 89 cm) (130 x 97 cm)
p. 108 - Não Sofrer É Não Querer Não Ser - 2007 p. 88 - Maternidade - 2007 - Acrílico s/ tela (130 x 97 cm)
Acrílico s/ tela (130 x 97 cm)
p.110 - Nesfed - Alma - 2007 - Acrílico s/ tela (130 x 97 cm) p. 90 - Luxuria - 2007 - Acrílico s/ tela (116 x 89 cm)
p.112 - A Culpa - 2007 - Acrílico s/ tela - díptico p. 92 - O Manto dos Sentidos - 2007 - Acrílico s/ tela
(130 x 174 cm) (130 x 97 cm)
12. Receber a Libertação do Pecado, a exposição da pintora Maria Sobral Mendonça,
nos Paços do Conselho de Lisboa, tem o sentido de abrir casa de todos os lisboetas
à Cultura e à Arte e fazer dela um ponto de partida para o Mundo, dado de Lisboa
esta exposição partir para o Brasil, depois Espanha e mais tarde Ásia. Dir-se-ia, pois,
tratar-se, mais uma vez, de confirmar a vocação histórica desta luminosa cidade
do Tejo para ser cidade do Mundo.
Uma cidade livre e libertadora de todos os sentidos e de onde faz todo o sentido
partir a Libertação do Pecado que Maria Sobral Mendonça nos propõe. Como na
praia de Sophia, “Aqui o tempo apaixonadamente/Encontra a própria liberdade”.
E várias vezes Lisboa soube afirmar a Liberdade, sem sombra de pecado,
superando todas as opressões que lhe quiseram impor.
As mil cores das vestes das figuras das telas de Maria Sobral Mendonça são elas próprias
um símbolo da Libertação, superadoras da escuridão que invariavelmente lhes serve
de fundo. Pecado, convém afirmá-lo sempre que possível, é não ser livre.
O resto fica à nossa imaginação, ela que é a maior das liberdades.
António Costa
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
12
13. To receive Maria Sobral Mendonça´s exposition Liberation from Sin in Paços
de Conselho in Lisbon, was to open the houses of all Lisboners to Culture
and Art and from then make a departure point to the world, being that
the exposition then goes to Brazil, to Spain, and later to Asia. One can say
that once more the historic vocation of this luminous city of the Tagus is to be
city of the World.
A free city that frees all senses, and where the departure of the exposition
Liberation from Sin by Maria Sobral Mendonça makes all sense. As in Sophia’s
Beach “Here time passionately/finds its own liberty”. Lisbon was able to affirm
its Liberty several times, without the shadow of sin, surpassing all the oppressions
that were attempted.
The thousand colors of the vestments in Maria Sobral Mendonças´ characters are
themselves the symbol of freedom, surpassores of darkness, which invariably serves
as background.
The rest is up to our imagination, which is the biggest of freedoms.
António Costa
Mayor of Lisbon
13
14. O Pecãtum, a desobediência a um princípio religioso, é muito antigo, tão antigo
como o homem. Com o tempo, o Pecado, por todos percorrido, reformou-se,
moldou-se por gravidades. Como tudo na vida. O perdão, a outra face, ao alcance
de todos os justos, ajudou a libertar a culpa. E ajuda. Mas a Libertação veste uma
aspiração que vem de longe, desde a sobrevivência aos elementos da natureza,
das escravaturas, as mais diversas, e encaminha para o encontro com o outro,
ou com Deus. Tempo houve e há que Pecado, como acto consciente de desobediência
a um determinismo condenatório – um “destino” –, pode romper as amarras e fazer
voar. Criar. Libertar. Só em liberdade pode alguém pesar o Pecado. Tarefa árdua, essa.
De um lado desafia coragens e corajosos. De outro estiola meninges carregadas do bolor
que cresceu em cima do pecado. Vidas inteiras. Organizações. Praxes.
“Tiqqun” a Libertação do Pecado expõe-se. Submerge o olhar, inunda a alma
que o anima e dissolve o tempo. Conjuga, em todos os tempos, o velho e o novo.
Mostra a artista sem compromissos de calendário histórico, cuja fronteira criativa
anuncia territórios novos entre o perdão e a culpa. Abate, como tiro de bala, o mito
do perfeito. Foge das analogias. Rompe a globalização do comum, corta a ordenação
ritmada, cadenciada, de todos como iguais, enunciando a diferença. Ser pode. Ser
age. Ser é essente. Mesmo se antes tinha um destino, espoja o seu devir. São os fios
apertados, desordenados, mas cortados por dedos inspirados em mentes cheias
de sonhos. Mesmo se o olhar é triste vislumbra-se a cor da fé na justiça, o fulgor
na conquista dos direitos. São olhos que jorram luz como quem canta um refrão.
Sim, contra as vidas que não são! Mas são poses também no feminino. Cantam
a Mátria de que falava Natália Correia. Doçura. Suavidade. Perdão. Sem culpas. Linhas
de ligações insistentes. Entrelaçados curiosos, da curiosidade feminina. Pintura.
Na cor, matizada pelo Alentejo, ilumina-se o fulgor de uma pintora. Expor é
a superação de uma prova dura, anterior, que consistiu em criar. Expor é largar
ao outro uma hermenêutica particular e articular com ela o risco de ser. De ter.
Há uma mundivisão e um tempo que partem daqui, do lugar da língua portuguesa,
que Maria Sobral Mendonça nos sugere na tela. Uma portuguesa no mundo não é
novidade. Entrevê-se a diáspora, num mundo partilhado cujo tamanho está agora
na cabeça de cada um. Não vejo fronteiras. Mas o tempo, outra vez, vai moldar mais
telas, deixar novos recados. Afinal, uma exposição é sempre um início.
António Braga
14 Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas
15. Pecãtum, the disobedience to a specific religion, is very aged, as aged as man.
With time, Sin, by all of us done, reformed, and molded itself through gravities.
As everything in life. Forgiveness, on the other hand, at the reach of any just person,
helped free one from guilt. And help. But liberation dresses an aspiration that comes
from long ago, since the survival of the elements of nature, of slavery, the most
diverse, and puts one on the right track towards others or towards God. Time had and
has it that Sin, as a conscious act of disobedience towards a condemning determinism-
a “destiny”- can be torn from its cuffs and make one fly. Create. Free. Only in liberty
can one weigh Sin. Arduous task. On one hand it challenges courage and courageous
ones. On the other hand it shrivels the mind. Entire lives. Organizations. Praxes.
“Tiqquun” Liberation from Sin is exposed. Drowns the look, submerges the soul
which makes one happy and dissolves time. It conjugates all the tenses, old and
new. The artist shows new territories between forgiveness and guilt through creative
borders in an uncompromised historical calendar. She puts to sleep as with a bullet,
the myth of perfection. Runs off analogies. Tears with the common globalization,
cuts rhythmic order, cadence, of all-equal, enunciating the difference. To be is
to able to. To be is to act. To be is assent. Even if before one had a destiny, one
gives up ones duty. They are tightened strings, unordered, but cut by the inspiring
fingers in minds full of dreams. Even if the look is a sad one, one can see the color
of faith in justice, the might in the conquest of rights. They are eyes that pour
out light as if singing a refrain.Yes, against the lives that are not! But they are also
feminine gifts. They sing the Matria of which spoke Natalia Correia. Sweetness.
Softness. Forgiveness. Without fault. Lines of insistent liaisons. Curious interlinks,
of feminine curiosity. Painting.
In its color, mazed by Alentejo, illuminated in the might of a painter. Exposing is the
leaping over of a tough obstacle, which beforehand constituted in creating. Exposing
is letting go of a particular hermeneutic and articulating with it the risk of being.
There is a worldly vision and time that comes from here, from the origin of the
Portuguese language that Maria Sobral Mendonça suggests on the canvas.
A Portuguese in the world is not new. The Diaspora is seen, in a shared world whose
size is in the head of each person. I don’t see borders. But time, again, will shape
more canvasses, leave new messages. After all an exposition is always just a beginning.
António Braga
Secretary of State and Portuguese Communities 15
16. A arte de Maria é muito mais que uma exposição de pintura, é um enredo,
um texto, um enigma, que vamos desvendando, quando saltamos de quadro
em quadro entre o primeiro e o ultimo.
É a tese de “TIQQUN” são trinta passos para a libertação.
A nossa atitude seguinte é certamente parar para pensar, é voltar a traz para rever
e rever-nos a nós próprios, é confirmar que já estamos envolvidos e apaixonados
por esta forma de arte.
Maria envolve-nos nesta caminhada num véu de mistério, e enigma que vamos
tentar decifrar e ficamos indecisos por qual dos quadros mais gostamos.
Maria Sobral Mendonça recusa adjectivos, é uma realidade do nosso Portugal
Cultural é já uma referência
Ricardo d’Abranches
Presidente da Real Associação de Lisboa
16
17. Maria’s art is much more than a simple gallery of paintings; it is a web, a text,
an enigma, that we unfold as we jump from painting to painting.
It’s the thesis of “TIQQUN”, thirty steps towards liberty.
Our following attitude is certainly to stop and think, it’s going back,
re-contemplating seeing our reflection, its certifying that we are involved
and in love with this type of art.
Maria wraps us, in this journey, within a veil of mystery, an enigma that we try
making out, in which we stay undecided over which painting we like best one.
Maria Sobral Mendonça is not describable through adjectives, she is a reality in our
Cultural Portugal, she is a reference.
Ricardo d’Abranches
President of the Royal Association of Lisbon
17
18. Falar sobre, de, ou por Maria Sobral Mendonça é fácil em termos humanos.
Todos os que aqui, no Monte Azul, vivemos sabemos isso.
As pessoas, as plantas e os animais adoram-na.
O seu retrato de mulher está no que faz, como e porquê.
A sua arte, que é bela, é o seu reflexo.
Seria presunçoso falar dela; “Que sei eu de Maria mais que Maria de si própria”.
Para mim que sou livre e verdadeiramente cristão, neste mundo onde vivo pelo
pecado não me perco. Sei o caminho; Faço-lhe o mesmo que à barba.
Muito dos pecados mortais não passam de mentiras que apenas visam vendar
os olhos e criar remorsos.
Ele está principalmente em quem o procura nos outros.
Aqueles que dizem que Deus nos promete para depois de mortos o que o diabo
nos dá em vida, não sabem nada de nada, apenas exploram essa ciência.
Pecado grave é a estupidez. Estupidez não é falta de inteligência é a resistência
a ela.
Se Deus tivesse que ouvir uma mulher confessar pecados de amor ouvi-la-ia
sorrindo.
Paço Bandeira
Compositor, Músico e Cantor; Mecenas do espaço Monte Azul “Artistas Residentes”
que acolheu a artista para desenvolver este projecto de Dezembro 2006 a Julho de 2007.
18
19. Speaking about, regarding to, or for Maria Sobral Mendonça is an easy task in
simple human terms.
All of us, who live here, in Monte Azul, know just that.
Her portrait as a woman is in everything she does, how she does it and why
she does it.
Her art, which is striking, is her reflection.
It would be pretentious to talk about her; “That her Maria ego is more than she is
Maria of herself.”
For me being free and a true Christian, within this world I live in, through sin I do
not lose myself. I know the way; I treat it like the stubble of a growing beard.
Many mortal sins are not much more than lies whose only purpose is to seal eyes
and create regret.
It is especially in those who look for it in others.
Those who say God promises for after death, that which the Devil gives us in life,
don’t know a thing about anything, they simply explore that science.
A grave sin is foolishness. Foolishness is not lack of intelligence, its resisting it.
If God had to hear a woman confessing sins of love, He would listen smiling.
Paco Bandeira
Composer, Musician and Singer; Patron of Espaço Monte Azul “Resident Artists” that
accepted Maria Sobral Mendonça for de development of this project from December 2006
to July de 2007.
19
20. Para um sacerdote católico o tema da Libertação do Pecado não é um mero
conceito teológico. Está-lhe na batina, na estola roxa, está-lhe no ritual romano
da confissão, está-lhe no ouvido atento às irmãs e irmãos. Está-lhe no segredo sacro
que há-de guardar usque ad effusionem sanguinis. O segredo, o secreto, sacratum,
sacramentum! Miserere mei Deus secundum magnam misericordiam tuam...Haneni Adonai!
A Maria decidiu tratar artisticamente um grande problema da história da
humanidade: o pecado. O maior pecado é não reconhecer o pecado, a hybris.
Há uma libertação e um Libertador. Há um Goel. O poder de perdoar vem-lhe
da sua rahamim, da sua hesed, da sua misericórdia. Qual a cor da sua misericórdia?
Não sei. Só os artistas a podem definir.
Essa é uma tarefa para a Maria, pois Deus deu-lhe esse talento. As cores são
como as vogais da poesia. Para ler as vogais são necessárias matres lectionis, “mães
de leitura”. De certeza que as cores das telas da Maria Sobral Mendonça serão
inspiradoras para muitos olhares cativos e atentos. Quais as cores do “i” e do “u”
de Tiqqun? São duas vogais radicais do sistema vocálico humano. Eu não saberia
pintá-las, mas a Maria sim!
Eu vejo essas vogais no Yod e no Waw de tiqqun, e consigo lê-las num nome:
Yeshu’a. Sei o que esse Nome representa para a Maria e é pela força de esse Nome
que eu peço que a sua exposição seja uma obra de arte, uma manifestação bela
do seu talento criador.
Pe Gabriel Amandi.
Sacerdote da Prelatura do Opus Dei
20
21. For a catholic priest, the theme of liberation from sin is not a mere theological
concept. It’s in the cassock, in the purple stole, in the roman rite of confession,
and it’s in the close listening to the brothers and sisters. It’s in the secret that one
must keep usque ad effusionem sanguinis. The secret, secrecy, sacratum, sacramentum!
Miserere mei Deus secundum magnam misericordiam tuam...Haneni Adonai!
Maria decided to pick up and develop artistically one of human history’s biggest
problems: sin. The greatest sin is not recognizing it, the hybris. There is liberation
and a Redeemer. There is a Goel. The power to forgive comes from His rahamim,
from his hased, from His mercy. What is the color of mercy? I don’t know. Only
artists can define that.
This is Maria’s mission, for God gave her that talent. The colores are like vowels
in poetry. The matres lecciones “mothers of reading” are needed to read them.
The colors on Maria Sobral Mendonça´s canvases are surely inspiring for many
attentive and captivating eyes. Which are the colors of the “i” and the “u”
in TIQQUN? They are two radical vowels in human phonetics. I wouldn’t know
how to paint them but Maria does!
I see the vowels in Yod and in the Waw of Tiqqun, and I can read them in the name:
Yeshu´a. I know what this Name means for Maria and it’s through the intercession of
that Name that I pray her exposition be more than a work of art, that it be
a manifesto of the beauty of her talent to create.
Fr. Gabriel Amandi.
Opus Dei Priest
21
22. Sefardistas através da Pintura
A artista Maria Sobral Mendonça retratou, vestes, cores e personagens, de uma das
épocas mais dramáticas do Judaísmo, o século XVI na Península Ibérica. Portugal
contava 1,5 milhão de habitantes dos quais cerca de 250.000 eram Judeus dispersos
por 150 Judearias.
Os Judeus Sefarditas (Sefarad significa Espanha em Hebraico): Isaac Abrabanel
(1437-1508), Tesoureiro do Rei D. Afonso V, Abrão Zacutto (1450-1510), arquiteto
naval, astrónomo e historiador do Rei D. João II, Samuel Gacon, primeiro livro
impresso em Portugal, em Faro, em 1487, Garcia da Orta, médico pesquisador
(1501-1568), Pedro Nunes, matemático (1502-1578), Baruch Spinoza, controverso
pensador ortodoxo, nascido em Amsterdão de pais portugueses (1632-1677), Ribeiro
Sanches, médico pesquisador, faleceu em Goa, queimado nas fogueiras do auto-da fé
com sua irmã Catarina (1699-1782), Beatriz Mendes Nassi Benveniste, ‘La Señora’, deu
a Portugal o monopólio do comércio das especiarias e financiou as cortes, adiando
assim os éditos de expulsão, conversões forçadas e auto-da-fés. Faleceu em Tiberiadas
(1510-1579), então Palestina sob ocupação Turca (1516-1917).
Muitos outros Judeus Sefarditas contribuiram para a grandeza da Peninsula Iberica.
A grande maioria foram expulsos, convertidos, ou queimados nas fogueiras
da Inquisição.
Joseph Alkastiel de Játiva em Espanha, foi quem mais influenciou Isaac Luria,
pensador e grande Cabalista nascido em Jerusalém em 1534. Faleceu em Sfad
na Galileia, o maior centro dos estudos da Cabala, em 1572. Os grandes centros
da Cabala no século XVI foram Sfad (hoje Israel), Istambul na Turquia e Ferrara
na Italia, paises onde se refugiaram uma grande parte das vitimas da Inquisição.
Maria Sobral Mendonça, relembra através das suas telas, uma época negra
da História da Humanidade.
José Oulman Bensaúde Carp
Presidente da CIL-Comunidade Israelita de Lisboa
22
23. Sephardites through Painting
The artist Maria Sobral Mendonça echoed, gowns, colors and characters of one
of the most dramatic times in Jewish History, the XVI century in the Iberia Peninsula.
In Portugal there was 1, 5 million inhabitations of whom around 25,000 were Jews
spread out through 150 synagogues.
The Sephardite Jews( which means Spain in Hebrew): Isaac Abrabanel
(1437-1508), Treasurer of King Afonso V, Abraham Zacutto(1450-1510), Naval
architect, astronomer and historian of King João II, Samuel Gacon, first book
printed in Portugal, in Faro, in 1487, Garcia da Orta, Doctor and medical
investigator(1501-1568) Pedro Nunes, mathematician (1502-1578), Baruch
Spinoza, controversial orthodox thinker, born in Amsterdam to Portuguese
parents (1632-1677), Ribeiro Sanches, Doctor and medical investigator, died in
Goa, burned at the stake due of his faith as well as his sister Catarina(1699-1782),
Beatriz Mendes Nassi Benvieste, gave Portugal commercial monopolization from
spices and financed courts, put off the expulsion edicts, forced conversions and
burnings. She died in Tiberiedes, then Palestine (1510-1579).
Many other Sephardite Jews contributed to the greatness of the Iberia Peninsula.
The majority were expelled, converted or burned at the stake because of
the Inquisition.
Joseph Alkastiel of Jativa in Spain, which most influenced Isaac Luria, great thinker
and great Cabalist born in Jerusalem in 1534, died in Sfad in Galilee the biggest
center of cabala studies in 1572. The big centers of the Cabala in the XVI were Sfad
(today Israel), Istanbul in Turkey and Ferrera in Italy, countries where many of the
Inquisition victims refugeed themselves.
Maria Sobral Mendonça, take one back, through her canvases, of this dark age in the
history of Humanity.
José Oulman Bensaúde Carp
President of the ICL-Israeli community of Lisbon
23
24. A criação manifesta ou material é uma imagem da criação não manifesta
ou espiritual. É sabido pela ciência que o universo explodiu e contínua,
por enquanto, em expansão. Assim, sendo deverá num momento muito
longínquo estar em impulsão sendo o universo uma esfera em pulsação
tal como no outro extremo o electrão.
Na criação não manifesta ou espiritual, Deus ao criar “explodiu” para posteri-
ormente “implodir”, eventualmente em simultâneo. Nas duas acções manifesta
o Seu Amor. Na impulsão Divina todas as criaturas, entre as quais os humanos,
colaboram no regresso ao Criador. Isto chama-se “Tiqqun” segundo a Kabala
de Luria.
A sensibilidade e intuição da artista entraram em contacto com o mistério
de “Tiqqun” assim como faria um Kabalista em meditação.
Dom Miguel de Bragança
Duque de Viseu - Pintor
24
25. The manifest or material creation is the image of a non manifest or spiritual
creation. It is known through science that the universe exploded and continues
to do so even now, in expansion. Thus, in a distant time from now, it will be
in implosion being that the universe is a sphere in pulsation just as in the other
extreme an electron.
In the non manifest or spiritual creation, God, in creating, “exploded” to later
“implode”, eventually simultaneously. In both actions He manifests His Love.
In the Divine Impulsion all creatures, among which- Humans, collaborate in
returning to the Creator. This is “Tiqqunn” according to the Kabala of the Lurid.
The sensibility and intuition of the artist got in touch with the mystery of the
“Tiqqunn just as a Cabalist in Meditation.
Dom Miguel de Bragança
Duke of Viseu - Paintor
25
26. Texto introdutório à exposição de Maria Sobral Mendonça
Tiqqun “Libertação do pecado”
O pecado está na nossa espécie muito ligado à culpa. O Homem tem muitas vezes
a sensação de culpa e através dela, de pecado. Tal acontece porque as “naturais”
negligencias afectivas geram mais culpa que acusação. Desde cedo que o Homem
suspeita que a falta de afecto tem a ver com o seu pecado e culpabiliza-se por isso.
A tristeza surge de forma a apelar ao abraço. Por vezes este não surge e fixa-se
no Homem um sentimento de precariedade afectiva. A culpa gerada, está fixada
no passado e tem de ser exorcizada. Tal culpa por ter pecado, gera uma inquietação
que leva o artista a uma necessidade de “movimentos” psicológicos que restaurem
a auto-estima. Tais movimentos irão determinar a personalidade. Esta, determina
o modo como o Homem comunica com os outros e consigo mesmo. Determina
a forma como veste. Sobretudo na mulher, a cor usada está ligada à necessidade
da resolução da angustia. A tristeza pode transfigurar-se em euforia pela deslocação
da culpa para os outros. É em qualquer caso, um apelo.
De facto, a arte é muitas vezes a sublimação do pecado fantasiado. Contudo, vai
para além da personalidade e revela a individualidade. O artista, muitas vezes
de forma surpreendente, gera o “retrato” da alma, não apenas da sua mas
também das que, o mais influenciaram. Acontece aí um momento de paixão,
justamente porque revela a individualidade da qual emana a personalidade.
Defronte do verdadeiro “eu” o artista diz-nos que o pecado está muito mais
ligado à personalidade que à individualidade.
A obra “libertação do pecado” de Maria Sobral Mendonça, apela a uma introspec-
ção pessoal, no confronto entre a alma e o corpo, entre a individualidade
e a personalidade. Denuncia em cada um de nós o movimento compensatório
que a personalidade realmente é, em relação a uma individualidade
que quase desconhecemos.
A “libertação do pecado”, de Maria Sobral Mendonça, convida-nos a vermos
em cada um de nós e nos outros, para lá das “vestes” e da pele. Consubstancia
um verdadeiro momento psicoterapeutico.
António Sampaio
26 Psiquiatra
27. Intoductory text to Maria Sobral Mendonça’s exhibition
tiqqun (“freedom from sin”)
Sin and guilt are closely connected in our species. Very often Man has a sensation
of guilt, and through guilt, a sensation of sin. This is so because “natural” affection
neglect brings about more guilt than accusation. Since early times, Man suspects
that lack of affection has to do with his sin and he blames himself for it. Sadness
emerges so as to evoke a hug. At times, there is no hug and a feeling that affection
is precarious sets in. The generated guilt is fixed in the past and has to be exorcised.
Such guilt for having sinned brings about an uneasiness that leads the artist to
a need for psychological “movements” which will restore his self-esteem. Such
“movements” will determine the personality. The latter determines the way in which
Man communicates with others and with himself. It determines the manner in
which He dresses. For women especially, the colour worn is associated to the need
to overcome anguish. Sadness can be turned into euphoria when guilt is placed
onto others. It is, in any case, a plea.
Indeed, art is, in many instances, the sublimation of fantasized sin. However,
it goes beyond personality and reveals individualism. Often in a surprising
manner, the artist creates the “portrait” of not only his soul but also of those who
influenced him the most. Then there is a moment of passion, precisely because it
reveals individualism from which personality emanates. Confronted with his own
“self”, the artist tells us that sin is much more connected to personality than it is
to individualism.
Maria Sobral Mendonça’s “Freedom from Sin” evokes self-introspection,
confronting soul and body, individualism and personality. It reveals the
compensatory movement, in each one of us, that personality really is, in relation
to an individualism which is almost unknown to us.
Maria Sobral Mendonça’s “Freedom from Sin” invites each and every one of us to
look at ourselves and others, beyond the clothing and the skin. It consubstantiates
a true psychotherapeutic moment.
António Sampaio
Psychiatrist
27
28. Brinda-nos a Pintora Maria Sobral Mendonça com uma magnífica exposição
de 30 Obras inéditas que abordam o tema de “Libertação do Pecado” muito forte
e presente na cultura Judaico – Cristã.
Em resultado de um significativo trabalho de pesquisa, foi produzido um conjunto
de quadros muito belos, em fundo negro ou escuro, sobre o qual evoluem figuras
na sua maioria femininas com vestes de cores fortes e em movimento, produzindo
um impacto visual impressivo, que nos toca profundamente na Alma
e nos sentimentos.
Estou certo que a maioria dos visitantes da exposição gostará de ter em suas casas
para poder usufruir da sua companhia diária, quer sobe o ponto de vista estático
quer filosófico.
Trata-se de uma exposição que representa o que de melhor se faz na pintura
portuguesa contemporânea e que se dignifica Portugal e os Portugueses.
Qualquer destes quadros constitui, igualmente uma reserva de valor ou de
investimento para o seu comprador, atendendo não só à sua qualidade intrínseca
como também ao prestígio artístico de Maria Sobral.
Arte e economia andam muitas vezes de mãos dadas. O mundo da arte, estático,
ligado aos sentidos e à mente, interage fortemente com múltiplas actividades
económicas constituindo as boas obras ao longo dos tempos, aplicações seguras
e criadoras de valor.
Gostaria de desejar a Maria Sobral felicidades, inspiração e força de vontade,
para continuar a trilhar o caminho já iniciado há alguns anos.
Diogo Faria
Economista
28
29. Maria Sobral Mendonça´s dazes us with a magnificent exposition of thirty unedited
pieces of art that touch the theme of “Liberation of Sin” very strongly present in
Jewish- Christian culture.
As a result of a deep research, a combination of beautiful paintings were produced,
in a black and dark background in which figures evolve, the majority being
feminine with gowns made up of strong colors and in movement, producing an
impressive visual impact, that touch ones´ soul and feelings greatly.
I’m sure the majority of the visitors of the exposition will be fond of having one of
the pieces in their home for daily enjoyment and company, not only aesthetically
but as well as philosophically.
The exposition represents what is best done in Portuguese contemporary painting
and dignifies Portugal as well as the Portuguese as a people.
Whichever one of these paintings, equally compose a reserve of value or investment
for the buyer or seller, having in mind not only the quality but also the artistic
prestige of Maria Sobral.
Art and economy walk hand in hand many times. The world of art, static, linked to
the senses and the mind, interact strongly in multiple economic activities making
great works along time, secure applications and value creators.
I would like to wish Maria Sobral much happiness , inspiration and strong will
to continue tracing the way that’s been started years ago.
Diogo Faria
Econmist
29
30. Por mais que se queira conceptualizar a arte atravez de uma tematica,
Que não é mais que um tenue pretexto para se começar um quadro, não se
consegue nunca que essa tematica condicione a criatividade estetica e cromatica,
impedindo a sua leitura de uma forma individual, sempre diferenciada.
A sinfonia cromatica dos quadros da Maria Sobral Mendonça, não só nos mostra
a alegria da sua pintura, como nos leva a pensar nas formas que lhe são inerentes.
Pecados, quem os não tem, libertá-los, todos queremos. Para atingir a alegria que
ambicionamos, com estes quadros a alegria volta e nos ensina que é bom viver
assim.
Henrique Leotte
Presidente da Fundação Henrique Leotte
30
31. Even if one arduously tries to conceptualize art through a specific theme, which
is no more than a simple excuse to start a painting, that theme can never condi-
tion aesthetic and chromatic creativity, by hindering its individual reading, always
differentiated.
The chromatic symphony of Maria’s works of art, not only shows happiness
through painting, but also leads us to think about its inherent forms.
Sins, who doesn’t have them, redemption, we all want it to obtain the happiness
we long for. With these paintings happiness comes back and teaches us that it is
good to live like this.
Henrique Leotte
President of Foundation Herique Leotte
31
32. Mulheres de Asmara na Pintura de Maria Sobral Mendonça
ó Maria que concebeste pela pintura o pecado
ondulado nos panos que cobrem as imaculadas mulheres
esperamos contigo a Salvação Universal nas cores
nos gestos infinitamente pacientes da pintora
roga por nos ó Maria que nos socorremos de vós…
ó Maria elas que eram de condição divina, despojadas do pecado
tomam a atitude de servas semelhantes ao homem
humilhadas… obedientes
entregam-se à morte à sedução dos pés, das mão…
pertence-lhes o Nome que está acima de todos os nomes
as vestes das pecadoras propõem a Vontade
a nossa e a das mulheres que se sucedem
em ritos confessionais trazendo a ruptura
a uma visão patriarcal do pecado
bem aventuradas vós ó pecadoras
sois o vastíssimo sacramento dos bons
a partilha indispensável dos justos
o poder da palavra… o jejum de pão dos infelizes
nas vossas vestes
estabelecestes os
olhos de toda a invocação
o encontro do amor na morte clara
mutua entre crentes…
vós mulheres que partilhais a fé
sem nunca encontrar o sentido da oração
do culto sois a amargura a alegria
a desgraça obstinada dos impuros
a construção Dei Verbum
32
33. A pintura de Maria Sobral Mendonça impressiona pelo exílio a que a pintora
se votou num monte alentejano. Fácil seria imagina-la em Asmara. Onde as mulheres
se cobrem de panos, debruçadas sobre o Mar Vermelho. Na foz dos rios lavam
as vestes. Nuas ao clarear do dia. Voltam a envolver-se imaculadas, sorridentes,
nos tecidos perfumados pela terra ocre que o sol oblíquo ilumina.
Nas mãos a artista aperta o pincel. Escolhe a cor. Pinta, primeiro, as palavras
desoladas de vida, Solidão. Humildade. Pão. Pinta-as de um branco alvo quase
quente que estremece ao tomar forma, luz e cor. As mulheres viúvas de Asmara
transportam leões. Não são visíveis as vestes! As casadas, sorridentes pecadoras.
As solteiras sentam-se à sombra de grandes muros de lama seca. Pés descalços, na
areia, dançam o alívio do pecado afastado pelos olhos dos homens que as desejam.
Na tela deuses, pela mão de Maria, criam um mundo feminino. Exilado na tradição
das mulheres de Asmara. Na planície alentejana reacendem-se os mesmos rituais
femininos da distante Eritreia. A pintora atenta, sensível, captou a realidade de longe.
Trouxe-a até nós… Numa festa revelada pela luz do país que a abraça e conta histórias.
Não há paz no coração das mulheres de Asmara. Choram o barro quebrado
nos fornos de terra cotta. Os filhos perdidos nas ruas de Adis Abeba… As lágrimas
enxugam às longas vestes que contam as alegorias das filhas de Asmara.
Henrique Levy
Escritor e Poeta
33
34. Asmara Women in the Painting of Maria Sobral Mendonça
Oh Maria, you, that conceived, by painting,
waving sin stretched over the immaculate women
With you, we long for the Universal Salvation in the colours,
in the infinitely patient gestures of the painter
Pray for us, Oh Mary, who beg for your mercy…
Oh Mary, they, who were of divine condition, free of sin,
adopt the attitude of slaves similar to men
humiliated…subservient
They abandon themselves to the seduction of the feet, the hands
To them belongs the Name which stands above all names
The garments of the sinners offer the Will,
ours, and that of the women,
guardians of the confessional ceremonies,
bringing rupture to a patriarchal conception of sin
Fortunate, oh sinners
You are the greatest sacrament of the holly
the indispensable partition of the righteous
the power of speech…the fasting of bread of the unfortunate
In your garments
you laid eyes of all evocation
the encounter of love in radiant death
mutual among believers
You, women who share faith
without ever finding the meaning of prayer
You are the bitterness, the joy of cult
the stubborn misfortune of the unclean
the Dei Verbum construction
34
35. The painting of Maria Sobral Mendonça impresses by the painter’s confinement to
a solitary spot in Alentejo. It would be easy to imagine her in Asmara where women
cover themselves in cloths, leaning over the Red Sea. At break of day, naked, they
wash their garments in the mouth of the rivers. Immaculate, smiling, they wrap
themselves once more in those cloths, perfumed by the sent of the brown ochre soil
illuminated by an oblique sun.
With her hands, the painter squeezes the brush, chooses a colour. First, she
paints the desolate words of life, solitude, humility, living. She paints them in an
immaculate, almost warm white, which vibrates while gaining shape, light and
colour. The widows of Asmara are accompanied by lions, their garments are not
visible. The married ones are smiling sinners, the single sit by the shade of the great
dried mud walls, bare foot, and on the sand, they dance, relieved of the remote sin
laid upon them by the eyes of the men who long for them.
On the canvas, through Maria’s hand, the gods create a feminine universe, exiled
in the tradition of the Asmara women. In the plains of Alentejo, the same feminine
rituals of the distant Eritrea regain light.
The painter, observant and sensitive, captured reality from afar, brought it to us in
a festival revealed by the light of a country, which embraces her and tells her stories.
There is no peace in the heart of the Asmara women. They cry for the broken
clay in the terra-cotta furnaces, for the wandering children in the streets of Addis-
Ababa…their tears, they dry in the long garments that tell allegories of the female
natives of Asmara.
Henrique Levy
Writer and Poet
Tradução de Ângela Prestes
35
36. A Libertação do Pecado – a libertação do que nos prende
como povo
Do Decálogo que Deus entregou a Moisés, e que Judeus e Cristãos partilham,
o primeiro mandamento convida-nos ao amor incondicional ao Criador e o quarto
pede-nos para “Honrar Pai e Mãe”.
Como refere o Papa João Paulo II em Memória e Identidade deste quarto prin-
cipio moral, que estava inscrito no coração do Homem desde sempre, podemos
descobrir, pois como Deus nada é findável, outros valores como o Patriotismo.
O PECADO. O Pecado é uma falta de amor que vai contra a razão, contra a verdade.
Contra a Pátria, contra Portugal vemos que se pecou e se peca de constante.
Pecou-se quando o amor por interesses particulares foi maior que o amor ao país,
quando fugimos à missão que Portugal tinha para consigo próprio, para com
as outras nações, para com o Mundo. Esse pecado mortal deu-se com a instauração
da república em 1910. Não foi uma simples troca de regime. Não foi também uma
morte física, mas sim um morte da alma, da sua essência, da sua razão de existir.
No 5 de Outubro foi esquecida a missão que esteve na origem da formação do país.
Esta negação fez-se quando Portugal se afastou da sua essência e tentou implantar
formas de governo, filosofias politicas, completamente inadaptáveis ao que é
a originária forma de governo e organização do povo português. Tentativa de subs-
tituir o insubstituível. Tentativa de substituir o património cultural e espiritual
que definem qualquer nação por outras culturas e espiritualidades que nada têm
que ver com a alma portuguesa.
Para além deste pecado que foi mortal, não deixando assim a alma lusa viver
e crescer, existem vários pecados que se cometem todos os dias. Quando não nos
respeitamos uns aos outros, membros de um mesma comunidade, quando se nega
a nossa cultura passada ou presente, preferindo o que não é nacional, quando
se importam produtos estrangeiros em detrimento dos de origem portuguesa,
quando preferimos outras línguas à nossa; ou seja, quando relativizamos e auto-
-negamos a nossa identidade estamos a amar Portugal?
A LIBERTAÇÃO. O pecado escraviza e Portugal está escravizado, não por culpa
alheia, mas porque não soube usar a sua liberdade. A Libertação do Pecado
far-se-á quando, depois do arrependimento, os portugueses lutarem contra esse
36 pecado de forma positiva, ou seja, amarem mais o seu país, com actos concre-
37. tos. E esse restabelecimento da verdadeira alma portuguesa só será conseguido
quando se optar pela instituição que está na origem do país e que sempre soube
interpretar a vontade e o espírito do seu povo de uma forma mais autentica
e democrática. Se era designado livre aquele que era súbdito do Rei, que acedia
directamente a ele, sem intermediários, Portugal libertar-se-á do pecado quando
assumir de uma vez por todas o que está na sua génese restaurando assim
a pureza da sua alma.
A vocação lusitana que enche a alma e o coração de Maria Sobral Mendonça
reflecte-se na sua vida e nos seus quadros que são uma prova de amor a Portugal.
Joel Moedas Miguel
Historiador
37
38. Freedom from sin-liberation from what holds us back as a people
From the Decalogue God gave Moses, which Jews and Christians share, the first
commandment invites us to have unconditional love for the Creator and the
fourth to “honor father and mother”.
As Pope John Paul II refers in-Memory and Identity: Conversations at the Dawn of
a Millennium, in this fourth moral principal, that has been inscribed in Man’s
heart for all time, we can discover, as God is infinite, values such as Patriotism.
SIN. Sin is the lack of love that goes against all reason, all truth. We can see how sin
has worked its way in the past and in the present against our nation, against Portugal.
Sin was present when love was greater for particular interests rather than love for our
country, when we ran away from the mission Portugal had for itself, towards other
nations, and towards the world. That mortal sin took place with the founding of
the Republic in 1910. It wasn’t a simple regime swap. It wasn’t also a physical death;
it was the death of a soul, its essence, and its reason for living. On the 5th of October
the mission that was in the origin of this country was forgotten. This denial took
place when Portugal stepped away from its fundamental nature and tried to establish
other types of governments, philosophical politics, completely inadaptable to the
original form of government and organization of the Portuguese nation. An attempt
to substitute the unsubstitutable; an attempt to substitute cultural and spiritual patri-
mony with other nation’s cultural and spiritual patrimonies, that don’t have anything
to do with the Portuguese soul.
Besides this mortal sin, that didn’t let the lusa soul live and grow, there are sins
we make and commit everyday. When we don’t respect each other, members of the
same community, when we deny our past and present culture, preferring what’s
not national when we import other countries products in favour of ours, when we
prefer other languages to ours; meaning, when we deny and give up our identity
for another are we loving Portugal?
REDEMPTION. Sin enslaves and Portugal is enslaved, not by someone else’s fault,
but because as a people we do not know how to use our freedom. Redemption
from sin would come, after repentance, if the Portuguese were to fight against it
in a positive way, in loving their country, with concrete acts. This re-establishing of
38 the true Portuguese soul can only take place when we return to the institution
39. at the origin of our country; that which knew how to interpret the will and spirit
of our people in the most authentic and democratic way. If those who were sub-
jects to the King were considered free, and were to reach him directly, without
intermediaries, Portugal would be free from sin and would assume once and for
all what was its foundation and this way would return to the pureness of its soul.
The Lusitanian vocation that fills Maria Sobral Mendonça´s heart and soul is reflected
in her life and in her paintings which are proves of her love for Portugal.
Joel Moedas Miguel
Historian
39
40. O sublime saber
O que leva um homem a retirar-se para um vida de reclusão, nas margens
de um qualquer Nilo desta vida, para em confinamento e tendo-se a si só como
companhia, meditar, em segredo, na sublime ciência oculta que lhe restituirá
a chave da vida? E, no entanto, Isaac Luria fê-lo.
Que salvífica doutrina é esta, em que um estreito círculo de cabalistas se confes-
sam em cada sexta-feira o impuro viver da semana mundana, como se purificassem
assim o espírito, iniciado para receber o Inefável Nome? Eis o que aquele a quem
chamam também como Yitzhak Ari experimentou na cumplicidade mútua
de imperfeitos congregados, em busca do fraterno perdão.
Que complexa formulação essa que ainda hoje nos surpreende, em que à unidade
da alma interiorizada pela nossa catequese infantil se contrapõe a doutrina das cinco
almas oriundas dos órgãos de Adão, a própria noção de alma como a ligação entre
o infinito e o finito, como se o ser mais não fosse do que a materialização de um
momento, a corporização em espírito de um acaso? Eis o Sefiroth e seus círculos
de Luz Infinita, o apelo à hipnótica radiação, o retorno ao eterno começar!
E quanto eu encontro neste vaguear de almas errantes, incarnadas em tudo o que
vive e nas flores viçosas também, e ainda na vivacidade das pedras e em tudo o que
pela Terra encontro, de semente a fóssil, da poética essencial que tudo espiritualiza,
e o múltiplo reduz afinal ao Um?
Maria Sobral Medonça foi capaz, através da sua figuração de me transmitir
este apelo a vêr tudo isto, e pelas suas cores mais do que isto sentir.
Encontrei-a um dia, a força interior de quem tem na vida uma causa e no cumpri-la
um destino, radiosa de entusiasmo. Foi pelos jardins da Gulbenkian, ali mesmo onde
a Natureza interrompe, amiga, a cidade, a Arte dá carinhoso abrigo aos nómadas submer-
sos pelo real e por ele esgotados. Falou-me no estranho nome de Ari Ashkenazi, o “Leão”.
Prometi-lhe, sem cumprir, que iria saber mais. Ela, paciente e amorosa, retribuiu o meu
silêncio trazendo-me estes quadros para que lhe escrevesse este bilhete. Refugiara-se
a pintá-los e embaraça-me sabê-la assim confiante de que a tenha conseguido entender.
José António Barreiros
40 Advogado
41. The sublime knowledge
What makes man withdraw into a life of seclusion, at the boarder of a Nile in this
life, into a confinement having oneself as the only company, meditating, in secret,
into the sublime hidden science that will give him back the key of life? Nevertheless
Isaac Luria did.
What saving doctrine is this, in which a strict circle of cabalists confess-every Friday
the impurity of living in a worldly week, as they purify the spirit, initiated to receive
the infavel name? Hence whom they also call Yitzhak Ari, experienced the mutual
complicity of congregated imperfections in search of fraternal forgiveness.
What a complex formulation that still surprises us, and in which the unity of the
soul interiorized by childhood catequism contrasts the doctrine that five souls came
from the organs of Adam, the actual notion of soul as the link between the finite
and infinite as if the being was but the materialization of a moment, the bodying in
spirit of a chance? Hence Sefiroth and his circles of infinite light, the appealing of
radiant hypnotics and the return of the eternal begins!
And what do I find in these vagabonding about of erroneous souls, incarnated in
what also lives in the fresh flowers, and in the living of rocks and in everything that
is on earth, from seed to fossil, from essential poeticness that spiritualizes everything
and the multiple reduces to the One?
Maria Sobral Mendonça was able, through her figuration, to transmit this appeal to
me in seeing all this, and through her colors more than feeling.
I found her one day, and her inner strength is of one who has a cause and in fulfilling
it- a destiny, radiant of enthusiasm. I was in the Gulbenkian gardens, where there
exactly nature erupts as a friend, a city an art giving a warm hosting to submerse
nomads through what is real and through what is sold out. She spoke of a strange
name of Ari Ashkenasi, the “Lion”, I promised, without fulfilling- that I would find out
more. She, patiently and amorously, reattributed my silence bringing these paintings
so I could write her this note. Refugeed in painting them- I’m embarrassed to think
her so confident in that I have been able to understand something.
José António Barreiros
Lawyer 41
42. Maria Sobral Mendonça, o Tikkun e a Pintura
Maria Sobral Mendonça, ao convidar-me para realizar um filme sobre a sua pintura,
disse-me que a sua próxima exposição seria sobre “Tikkun” ou “Tiqqun”, conceito
que quer dizer, entre outras coisas, “Restauração” ou “Reparação”, que um Rabi,
Isaac Luria, divulgara em meados do século XVI, e que se prende com uma multipli-
cidade de temas e assuntos, cuja pesquisa me conduziu à cabala e a dezenas de
doutrinas judaicas.
Seria impensável relacionar-me com o universo pictórico de Maria Sobral Mendonça
sem uma prévia aproximação do tema que a levou a desterrar-se para terras
de Montemor-o-Novo, para, no frio mais intenso e no calor tórrido de um casarão
sem nenhumas comodidades, executar em voluntária clausura, que durou um ano,
trinta telas que nos falam do pecado e da culpa, que nos mostram mulheres cujos
rostos apenas se adivinham, vestidas por coloridas vestimentas que escorrem passado,
personagens e situações de dramas e transgressões, de remorsos e libertações
que tendem para a purificação do corpo e, sobretudo, da alma.
Esta cabala é das antigas, das esotéricas, das que procuram descodificar os segredos
e os mistérios ocultos por detrás das letras e dos números dos livros sagrados,
da “árvore da vida”, do “livro da criação”. Saber a razão e o porquê de tudo.
Um caminho que pode andar entre o ortodoxo e o herético, com variações
e flutuações de escolas e séculos. Algumas ramificações judaicas crêem que a era
messiânica não envolve necessariamente uma pessoa, mas sim que anuncia um
período de paz, prosperidade e justiça na Humanidade. Dão por isso particular
importância ao conceito de “tikkun olam”, “reparar o mundo”, ou seja, a prática
de uma série de actos que conduzem a um mundo socialmente mais justo. Quem
assim pregou foi, como já vimos, Luria, um dos maiores estudiosos e divulgadores
da “Kabbala”. Curiosamente, num à parte, mais uma vez se descobre, agora
nos judeus, a mesma importância concedida aos livros e à palavra impressa,
que se mantém inacessível aos gentios, e que se resguarda como fonte de poder
supremo na inatingível torre (“O Nome da Rosa”) ou na Kabbala (“O Pêndulo
de Foucault”). Umberto Eco em todas.
Mas, voltando à pintura, agora que a tentei “pensar” numa perspectiva e num
pensamento, sobretudo num “sentir” místico (que todavia pode ter entendimentos
42 tão diversos), devo sublinhar que o que mais me fascina na obra
43. de Maria Sobral Mendonça é a sua técnica, a busca de uma textura sólida,
o exercício dos pincéis, da espátula, dos próprios dedos, a misturar as tintas,
a desenhar uma sensualidade óbvia de cores e formas, a partir do figurativo
para atingir uma quase abstracção, que é a busca da “alma” da tela. Há nesta
pintora (e nesta mulher) uma complexidade de olhar e uma exigência de atitude
que mistura o prazer de viver e a sua recusa, que argamassa com as mesmas cores,
numa mesma tela, virtude e pecado, que reúne, contra natura, a presença
e a ausência, a vida e a morte, o branco e o negro, todas as cores e cores nenhumas,
para no final a sensação ser de exaltação da vida e nossa própria exaltação. Mesmo
quando nos quadros o negro domina e a viuvez impera. Na escuridão do luto,
as mãos e os pés rasgam com violência a sua própria imposição. Regeneração? Pois
seja. Todos os caminhos são caminhos de algum Senhor para chegar a um mundo
melhor. Cada um escolhe os seus caminhos e todos nos poderemos encontrar,
lá no fim, na mesma meta.
Procurar encontrar-me com os caminhos de Maria Sobral Mendonça foi
o que tentei ao aproximar-me dela através da objectiva de uma máquina de filmar.
Com todos os riscos que a proximidade e a diferença acarretam. Com o prazer
da descoberta, também.
Lauro António
(depois de ter passado pelo Convento de São Paulo, na Serra d’ Ossa, em Julho de 2007)
Cineasta
43
44. Maria Sobral Mendonça, Tikkun and Painting
When Maria Sobral invited me to make a movie about her painting, she told me her
next exposition would be on “Tikkun” or “Tiqunn” - a term that means “Restora-
tion” or “Reparation”. Rabbi Isaac Luria, made it known in the mid XVI century,
and it is linked with a multiplicity of themes and subjects which lead me to the Ka-
bala and dozens of Jewish doctrines.
It would be unthinkable to relate to Maria Sobral Mendoça´s pictorial world without
a previous approximation of the theme that lead her to move to Montemor and in
blistering cold and torrid heat without any accommodations in a voluntary cloister,
which took one year, produce thirty canvases speak of sin and guilt, and show us
women whose faces we can only guess, dressed in colourful vestments which seep
out the past, characters and situations of drama and transgressions , resentment and
liberation which lean towards the purification of the body and above all the soul.
This cabala belongs to the ancient esoterics and tries searching for meaning behind
the mysteries and secrets that lie beneath the sacred books of the “tree of life” and
the book of “the creation”. Finding out the reason and the meaning of things. A way
that can fluctuate between orthodox and heretic, with variations and floatation of
schools of centuries.. Some Jewish branches believe that the messianic era does not
necessarily involve a person, but instead a period of peace, prosperity, and justice
for Humanity. Therefore a particular attention is given to the concept of “tikkun
olam”, “fixing the world”, meaning the practice of a series of acts that conduct a
more socially just world. This was most preached by Isaac Luria which as mentioned
was one of the most studious envoys of the cabala. Intriguingly, and apart from this,
one discovers once more that Jews still give great importance to the book and the
printed words which they beat to keep from gentiles, and which is guarded as a
fountain of supreme power “The name of the Rose” or in the Kabala “The Pendant
of Foucault”. Umberto Eco in all of them.
Going back to painting, now that I’ve tried thinking based on a certain perspective
and thought especially with a mystic feeling (which will always have different under-
standings) I must outline that, what most fascinates me in Maria Sobral Mendonça´s
art is her technique, the search for a solid texture, the exercise of the paintbrushes,
the spatula, and fingers themselves, the mixing of the paints, drawing a sensuality of
44 obvious colours and shapes, starting figuratively to reach the abstract, in search of
45. the “soul” of the canvas. There is in this painter (and woman) a complexity
of contemplation and a demanding of attitude which mixes pleasure of living
and its refusal, which thickens with the same colores, on a same canvas, virtue
and sin, which gathers, against nature, presence and absence, life and death, white
and black, all the colores and no colores to finalize with the sensation of exulting
life in our own exultation. Even when black is the dominate color on the painting
and widowship reigns. In the darkness of mourning, hands and feet rip with
violence their own imposition. Regeneration ? Let it be. All ways are ways of some
Lord to reach a better world. One can choose his/her way and we can all meet in
the end, at the same finish line. Meeting up with Maria’s ways was what I tried doing
in coming close to her through the objective of my camera. With all the risks that
proximity and difference take. And with the pleasure of discovery too.
Lauro Antonio
(after passing by the Convent of Saint Paul, in Serra d´Ossa, July 2007
Film Director
45
46. O Homem espiritual tem a capacidade e a inteligência de entender que “a vida é
muito mais que a vivência de um corpo físico”.
O Pecado - a nossa tendência natural para o uso da maldade contra os outros
e do prazer pelos excessos - na simbólica original e nas escrituras mais imemoriais
é, desde sempre, referido como o grande Mal.
Assim, a sua libertação é intencional e um móbil sempre presente na vida terrena,
que resulta do amor a si e ao próximo, e que vem do incremento de valores éticos
e morais que induz em nobres condutas, numa busca última da Paz Interior.
Mas, essa libertação não é simplesmente a consequência directa da mortificação
do corpo e da negação dos seus vícios. Para que haja um verdadeiro despojamento
dessa escravidão, é também necessário despirmos as capas artificiais, que nos servem
de fachada, tão intrínsecas à nossa representação social que nos esconde por detrás
de máscaras. Essas são sobretudo necessárias para os que não conseguem individu-
alizar-se da amálgama do grupo, de serem eles próprios, e se deixam facilmente
conduzir pelo poder de outrém.
Bem-aventurados e felizes os que são corajosamente livres, verdadeiros e simples!!!
No Paraíso, antes de surgir a consciência do Bem e do Mal, não eram necessárias
roupas. O valor era intrínseco a cada um e não era medido pela indumentária
que exibiam ou pelos acessórios de moda. Estes servem o mundo actual, sobretudo
na utilização de certas marcas que, excluindo delas a arte criadora, apenas expressam
de forma fútil a ostentação do nosso complexo de superioridade perante os demais.
Muito do sentimento de culpa que quase todos acarretamos advém de não conseguirmos
essa libertação, da nossa incapacidade de vermos os outros como nossos semelhantes
e de, em sociedade, não «podermos» ser únicos e despojados dos véus exteriores.
Mesmo que seja um trajecto solitário e doloroso, há que ter a capacidade
de entender as Trevas, que nos encobrem e ensombram, e sair para a Luz, que
ilumina e traz consigo as várias cores interiores que a Maria Sobral tão bem usa
para se expressar. É aceitar incondicionalmente e sem medo que é na diversidade,
das várias almas, que nos podemos encontrar como fundamentais ao Todo.
Lourenço de Almada
Fotografo
46
47. The spiritual man has the capacity and the intelligence of understanding that “life is
more than the living of a physical body”.
Sin- is our natural use of evil against others and pleasure through extremes– in its
original symbolism in scriptures, it has been and is referred to as the great Evil.
This way being freed from it is intentional and mobile always present, in earthly life,
which results from love for oneself and for the other, and which comes from the
inscribed ethic and moral values which induce one in noble conducts, in search for
interior Peace.
This freedom, however, is not simply a direct consequence of the mortification of
the body and the denial of its vices. For a true freeing from this enslavement we
must also take off the artificial covers, which we use as disguise and that are so in-
trinsic to our social representation, by hiding us behind masks. They are especially
necessary to those who cannot be individuals within a group, cannot be themselves
and are easily led through others´ power.
Blessed and happy are those who are courageously free, truthful and simple!!!
In paradise, before conscience of good and evil existed, clothes were unnecessary.
Value was intrinsic in each individual and one was not estimated on what he/she
wore or by fashion accessories. These, nowadays, have the task, especially when
wearing certain brands that exclude any true creativity, of showing futile expression
of our supposed superiority over others. Much of the guilt we carry comes from
not being able to obtain this freedom, the incapacity to see others as our kin and,
society, not being able to be unique and ban ourselves from exterior veils.
Even if it be a lonesome and painful journey, one has to have the capacity of
understanding Darkness, that which encovers and enshadows us, and come out
onto the Light, which illuminates and brings with it various interior colours which
Maria Sobral uses so well to express herself. It is accepting unconditionally and
without fear, that which is diverse, of the various souls, that we can meet as a Whole
Lourenço de Almada
Photographer
47
48. A primeira vez que a Maria Sobral Mendonça me convidou para participar
numa exposição sua, foi para emprestar a minha voz lendo textos seus. Fi-lo
com o maior prazer, pois sendo atriz vivo da “palavra”.
Desta vez desafiou-me de novo, mas pediu-me que em vez de ler um texto seu,
fosse eu própria a escrever um texto. Fiquei três dias sem que me saísse uma
“palavra” escrita, não conseguia, e cada vez que olhava para os seus quadros
entrava quase em pânico.
A sua pintura tinha mudado, não existia textura, mas aparecia-me um título
“A libertação do pecado”, e eu bloqueava. Observava as doze mulheres pintadas
por ela, e deparava regularmente com dois tons o preto, o laranja e um outro
mais esbranqueado, que me pareceu de imediato a “libertação do pecado”.
Aí apercebi-me da beleza destas mulheres “pecando” e todo o movimento,
sensualidade libertação que a pintura lhes deu.
Fiquei fascinada e apercebi-me quão maravilhoso é ser-se mulher e possuir
o dom de pecar e ser-se libertada por uma pincelada pela mão de uma magnífica
pintora que é a Maria.
O meu obrigada.
Paula Guedes
Actriz
48
49. The first time Maria Sobral Mendonça invited me to participate in her exhibition,
was to lend my voice to read her texts. I did it with the greatest pleasure because
as an actress I live on “words”.
She challenged me again, but this time instead of asking me to read one
of her texts, she asked me to WRITE one. I stayed three days looking at the
paper unable to write one word, I couldn’t do it, and every time I looked at her
paintings I panicked.
Her paintings had changed, texture was inexistent, but a title appeared
“Freedom from sin”, and I blocked. As I observed the twelve women painted,
I found two relevant tones, black, orange and a lighter one, which for me
immediately seemed to be the “freedom from sin”.
I realized then, the beauty of these “sinning” women, all the movement, sensual-
ity and freedom the painting gave them.
I stayed fascinated with how marvellous it is to be a woman, possess the gift of
sinning and be freed from it through the simple paintbrush stroke of Maria’s
magnificent hand.
Paula Guedes
Actress
49
50. Os ensinamentos iniciáticos não deixam margem para hesitações sobre o estimado
futuro do Universo: a perfeição, por conjunção elementar de miríades factores
integrantes. Um Universo criado aos Olhos Sagrados de forma propositadamente
instável e a obrigar a um cuidado extremo e continuado, por quem, em simultâneo,
desfrutasse desse estado de Vida, tanto terrena como espiritual.
Só que há o Ser Humano e os seus actos desviantes. Os desequilíbrios perpetrados
ao longo de gerações vieram contrariar os sólidos, iluminados e ancestrais
textos em aramaico legados por Isaac Luria, o pensador judaísta do século XVI,
fundador da linha cabalística originada em Safed. Outrora como hoje, nos seus
fundamentos da Cabala, expressos e definidos no seu Sefiroth ou “Árvore
da Vida”, por obra dos agentes intermediários que permitem a ascensão
aos diferentes estados elevatórios em busca da perfeição, estão os princípios
doutrinários que devemos seguir, para devolver ao que nos rodeia o equilíbrio
permanente e o brilho resplandecente da Luz Divina.
Nesse trajecto complexo, impõe-se como base de partida a libertação do pecado
terreno – Tikkun Olam – em remissão dos desequilíbrios registados e reposição
dos valores originais, permitindo à Humanidade a integração plena no prometido
Universo Divino.
Nesta mostra expositiva da pintora Maria Sobral Mendonça é todo este percurso,
entre o expiar da Culpa e a consequente libertação da Alma e do Corpo,
que aqui se procura retratar. A Cor e o Movimento, entre jogos e elos cromáticos
ou sinérgicos, constituem-se como o tal passaporte eleito que nos vai permitir
a transição emocional para esse Estado de Perfeição que obrigatoriamente
buscamos na nossa Existência. Um percurso de sombras, cores, expressões, traços
e estados que nos traduzem tudo aquilo que a Vida deve Ser. Ou não-Ser…
Ruben Bensimon
Empresário de comunicação
50
51. The early teachings leave us no hesitation or doubt over the assessment of the
future of the Universe: perfection, as an elementary conjunction of integrant
myriad factors. A Universe that was created at the Eyes of the Sacred One- pur-
posely unstable and with a need for constant extreme care, from whom, simulta-
neously, enjoys that state of Life, spiritually as well as earthly.
However there is the human being and his acts of going astray. The perpetrated
unbalances that have passed down along the generations came to destroy the
solid, illuminated and ancestral Aramaic texts bequeath by Isaac Luria the Jew-
ish thinker of the XVI century, founder of the cabal stream originated in Safed.
In the past as now, in his foundations of the Cabal, expressed and defined in his
Sefiroth or “The Tree of Life2, by work of intermediary agents that permitted the
ascension of the different elevatory states in search of perfection, are the doctri-
nal principles that we should follow, to return to what surrounds the permanent
equilibrium and the radiance of the Divine Light.
In this complex journey, the base of redemption must first be a departure from
earthly sin-Tikkun Olam-in remission of the registered unbalances and the re-
placing of the original values, thus allowing humanity the full integration in the
promised Divine Universe.
In the painter Maria Sobral Mendonça exposition there is a whole voyage
between redeeming the guilt and consequently the liberation of the soul and
body, which she tries to show. The colour and the movement, between games
and synergic or chromatic links, make up the elected passport which allows us
an emotional transition from that state of perfection which we compulsory seek
in our Existence. A trip of shadows, expressions, traces, and states that translate
everything that which life should be. Or not…
Ruben Bensimon
Communications business manager
51
106. O Véu do Pecado - 2007 - Acrílico s/ tela (116 x 89 cm)
106/107
107.
108. Não Sofrer É Não Querer Não Ser - 2007 - Acrílico s/ tela (130 x 97 cm)
108/109
109.
110. Nesfed - 2007 - Acrílico s/ tela (130 x 97 cm)
110/111
111.
112. A Culpa - 2007 - Acrílico s/ tela - díptico (130 x 174 cm)
112/113
113.
114. Peça de porcelana fina - Detalhe de um quadro da exposição
“A Perda do Eu pelo Outro” 2001, Convento Sta Mónica
115.
116. Colecção de Chávenas - Detalhe de um quadro da exposição:
“Lapis exilis” 2005, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa
Colecção de Copos desenvolvidos para o IPM - Ministério da Cultura, 2002
Lojas dos Museus Nacionais
117.
118. Colecção de Caneca, Chávenas em porcelana e Copos de vidro com detalhes das exposições:
“O Branco no Branco” - Convento de São Paulo 2003, Alentejo
“A Dança dos Pássaros” - Palácio da Independência de Portugal 1999, Lisboa
119.
120. Colecção de Chávenas linha Castelo de São Jorge - Monodesign para Egeac.
Linha Pizzicato Polka - Monodesign em parcecia com Bordalo Pinheiro.
Lojas dos Museus; Fundações; Lojas de Monumentos Nacionais.
www.monodesign-arte.com
121.
122. Maria Sobral Mendonça - (Lisboa, 8 de Maio de 1963)
Frequentou o Curso de Design no IADE; o Curso de Pintura do ARCO, e o Curso de Multimédia no INESC, em Lisboa.
Maria Sobral Mendonça ocupa um lugar de referência no panorama de arte contemporânea portuguesa, destacando-
-se por um percurso marcado pela forte relação entre as suas obras e os espaços onde expõe. As suas exposições têm
sido invariavelmente realizadas em Monumentos e Igrejas, espaços de desafio abertos à sua criação artística. Iniciou em
1994, no Panteão Nacional em Lisboa, a sua intervenção plástica em monumentos. Nas suas intervenções culturais têm
colaborado artistas de diversas nacionalidades e de áreas distintas, procurando criar interdisciplinaridade artística.
Para o Instituto Português dos Museus destaca-se com o Design exclusivo de uma colecção de “copos de cerveja”
em vidro, com a concepção de imagem personalizada e temática dos respectivos Museus. A reprodução
de “quadros” seus, em porcelana e vidro encontram-se nos seguintes postas de venda: Museu do Chiado;
Real Associação de Lisboa; Loja da Fundação do Centro Cultural de Belém; Museu da Água; Lojas de Design
e Arquitectura de Interiores, e na rede das lojas do Instituto Português de Museus.
Recebe o”Certificat de Distinction” em 1999, pela Association Internacionale dês Arts Plastiques auprès
de L’Organisation dês Nations Unies pour l’ éducation, la science et la culture/UNESCO. É convidada para
membro da Comissão do Júri para a exposição internacional das comemorações do “V Centenário do Nascimento
e S. Francisco Xavier”, a decorrer nos anos 2005 e 2006, na Cordoaria Nacional em Lisboa. É membro juri
do V Festival de cinema e video - O castelo em imagens - Portel, 2007.
Exposições de pintura – Individuais e colectivas:
1994 - Panteão Nacional - “Tocar Com A Mente” - Lisboa.
1995 - Galeria Conventual - “Regresso a Pedro e Inês e Outras Histórias” - Alcobaça
1996 - Galeria Conventual - “O Conhecimento dos Anjos” - Alcobaça
1997 - Galeria Hexalfa - “Largar o Caís do Desconhecido”- Lisboa
1997 - Palácio de Independência de Portugal - “Amores de Pedro e Inês” - Lisboa
1998 - Galeria 65ª - “III Tempos de Duplicidade” - Lisboa
1998 - Mosteiro de Santa Cruz - “As Lágrimas de Pedro e Inês”- Organizada pela Quinta das Lágrimas - Coimbra.
1999 - Palácio de Independência de Portugal - “A Dança Dos Pássaros” - Lisboa
1999 - Galeria Conventual - “6 Artistas, 6º Aniversário” - Alcobaça
1999 - Pavilhão De Portugal - Retrospectiva de Colecção Privada - Lisboa
2000 - Galeria Bairro Alto -“I Bienal Pintura Domingos Sequeira” - Lisboa
2000 - Galeria Conventual - “Imagens Para a Poesia de Virgínia Vitorino”
2001 - Convento de Santa Mónica - “A Perda Do Eu Pelo Outro” - Lisboa
2001 - Museu da Água - Organizada pela Real Associação de Lisboa - Lisboa
2003 - Encontro Nacional de Cultura - Magic-X Cultura - Colectiva Nacional de Artes Plásticas - Alcobaça
2003 - Cadeia das Mónicas - Exposição colectiva dos Funcionários dos Serviços Prisionais - Lisboa
2003 - “PORTOARTE” - Feira Internacional de Arte Contemporânea - representada pela Galeria EmporioArte - Porto
2003 - USERDESIGN expõe os artigos de vidro e de porcelana na FIL-Lisboa.
2003 - Convento de São Paulo - “O Branco No Branco” - Fundação Henrique Leote - Alentejo.
2005 - Palácio Nacional da Ajuda – “Lápis Exilis” – Ministério da Cultura - Lisboa.
2007 - Ordem dos Médicos - Lisboa.
123. Filme - lauro antónio
Foto de cena -
maria eduarda colares
imagem e som -
frederico corado
rodagem de imagens -
Alentejo, Portugal
Tiqqun -
A libertação do Pecado
de Mulheres (ficção), A Paródia, Novo Elucidário
Madeirense (documentarismo), Cantando
Espalharei... (poesia). Presença em centenas
de Festivais e Semanas de Cinema Português. Diversos
prémios, nacionais e internacionais. Filmes vendidos
para circuitos comerciais e televisões de dezenas
de países - Europa, EUA, África e América Latina.
Lauro António: Crítico e ensaísta de cinema com mais de cinco
Licenciado em História, pela Faculdade de Letras dezenas de obras publicadas (O Cinema Entre Nós;
de Lisboa. Cinema e Censura em Portugal; Horror Film Show
Realizador de cinema (Manhã Submersa e O Vestido - O Cinema Fantástico nos Anos70; Jacques Tourneur;
Cor de Fogo), e de televisão (séries Histórias David Cronenberg; Figueira da Foz - 10 Anos
124. de Festival; Anuário Vídeo, anos de 86, 87, 90; Cinema Tomar; Valladolid; Troia; Avança; Festivideo;
e Comunicação Social; Lauro António Apresenta.., Budapeste (Prémio da Crítica Internacional);
Virgílio Ferreira, A Serra e o Cinema, José Viana, Cinanima, Aveiro, FIPA, Biarritz, FICA (Goias, Brasil),
50 Anos de Carreira, A Memória das Sombras, Ourense (Espanha), etc.).
O Ensino, o Cinema e o Audiovisual, E Depois Professor de cinema e audiovisual (IADE, ISCEM,
de Abril, ‘Tá-Se Bem? (A Juventude em Portugal Universidade Nova, Cine Forum do Funchal,
e no Mundo, depois de Abril de 1974). Cinema Universidade Moderna (I@T), etc). Professor
e Censura em Portugal, Citizen Kane (guião), das cadeiras de “Linguagem Audiovisual
O Vestido Cor de Fogo (guião), Educação Ambiental/ e Argumento” e “Produção e Realização”, no Curso
o Audiovisuais no Ensino, etc.), Colecção “Cine Clube” de Tecnologias de Comunicação Audiovisual,
(29 volumes). Director de diversas publicações do Instituto Politécnico do Porto.
de cinema e vídeo (Enquadramento; Isto é Coordenador do Forum Académico de Cinema
Espectáculo; Isto é Cinema e Vídeo Som). do Porto (no ISEP), das sessões de Cine Clube,
Tem exercido regularmente a crítica cinematográfica da Biblioteca Museu da República e Resistência e das
em numerosas publicações, destacando-se a sua sessões “The Wonderfull- Cinematógrafo”, São Luiz.
colaboração no Diário de Lisboa (1967-1975), Foi durante cinco anos conselheiro da TVI - Canal 4
Opção (1977-1978), Diário de Notícias (1976-198), para a área do cinema e autor e apresentador
A Capital, Diário Popular, Diário de Lisboa (2ª fase), do programa “Lauro António Apresenta...”.
e O Comércio do Porto, A Bola, Jornal do Fundão, Presentemente é autor de vários blogues, entre
Jornal do Sporting. Presentemente colabora na revista os quais “Lauro António Apresenta” (http://
História e noutros jornais e revistas. lauroantonioapresenta.blogspot.com/).
Autor de vários programas de cinema na rádio (RDP,
Rádio Comercial, Rádio Clube Português, Rádio
Geste, etc). Autor do programa O Musical no Cinema
(Antena 2, 1997-2000).
Autor e encenador de teatro (A Encenação, etc.).
Dirigente cineclubista (Cine Clube Universitário
de Lisboa, ABC Cine Clube de Lisboa, nos anos 60).
Director de programação das salas de cinemas de
arte e ensaio Estúdio Apolo 7O (entre l969 e l985);
Caleidoscópio (l973-l975) e Foco, no Porto (l972-
l974);
Director de diversos Festivais de Cinema (Festival
Internacional de Lisboa, 1966; Festroia, 1989;
FestiViana, Viana do Castelo, desde 1990; Video
Viana, desde 1995; Festival Internacional de
Portalegre, 1988-1990; FACE, 1990; Cine Eco, Seia,
Serra da Estrela, 1995-2007; Festival Escolar de Vídeo,
desde 1993, Forum Açoriano de Cinema, 1998/1999),
Famafest (Cinema e Literatura, Famalicão, 1999-
2007), Festival “O Castelo em Imagens” (Portel
– 2003-2007),
Coordenador do grupo “Cinema e Audiovisual”
do Ministério da Educação, entre 1990-93.
Membro de Júri de diversos Festivais de Cinema,
em Portugal e no Estrangeiro (Cine de Humor de
La Coruña; Santarém; Figueira da Foz; Fantasporto;
125. Francisca Mendonça - Designer Gráfica Luis Cardoso e Cunha - Nadia Ghemri Arquitectos
(Portugal – 1968) Luis Cardoso e Cunha (Lisboa – 1964)
ERG - École Recherche Graphique – Bruxelas, Concluiu o curso de Arquitectura no ISA Saint-Luc,
Bélgica. Bruxelas - Bélgica, onde exerceu até 1995.
Exposições e trabalhos gráficos selecionados: De regresso a Portugal, colaborou no gabinete
Théatre Varia - Bruxelas - Bélgica; Exposição do Arqo Troufa Real.
de Cartazes (Ciclo de Bernard Marie Koltés); Desenvolve vários projectos, individualmente
Triennale Européene de L’Affiche Politique e em co-autoria, no domínio
èmes
- Mons; 6 Recontres Internationnales da habitação, serviços e espaços urbanos.
des Artes Graphiques, Festival d’Affiches Lecciona na Universidade Lusófona de Humanidades
de Chaumont - França; Festival d’Hîver de Sarajevo; e Tecnologias como assistente da cadeira de Projecto
15th International Biennal of Warsaw - Polónia; no curso de Arquitectura.
Exposição van Dyck - Antuérpia. Criação Pós-Graduado em Arquitectura Bioclimática
de “Newsletters” e imagem para plataformas pela Faculdade de Arquitectura
de exposições de Arte Contemporânea. da Universidade Técnica de Lisboa FAUTL,
Exerce a sua actividade como freelancer no seu atelier desenvolvendo a sua tese no domínio da aplicação
em Lisboa. de duplas fachadas em vidro em edifícios.
Bernardo Saraiva Lobo - Fotografo (Portugal – 1966) Nadia Ghemri (Bruxelas – 1967)
Frequentou os institutos: Fondation Course in Diplomada pelo ISA Saint-Luc, Bruxelas – Bélgica.
Art & Design, Maidstone – Inglaterra. Course Colaborou no Atelier d’Architecture Paul Vincent
Environmental Portrait Photography and alternative em Bruxelas coordenando projectos de hospitais
Processes no Maryland College of Art, Baltimore e edifícios de escritórios para grandes multinacionais
– USA. Photographic studies – University of Derby até 1995.
– Inglaterra. Exerce a profissão em Portugal desde 1995,
Editada os seus trabalhos em livros de prestigio, colaborando em diversos ateliers.
revistas e catálogos. Possui larga experiência no domínio da habitação
Recentemente desenvolve o seu trabalho no desporto e infraestruturas desportivas e militares.
aquático - vela e regatas internacionais. Pós-Graduada em Coordenação de Segurança
e Higiene do Trabalho.
126. Agradecimentos Institucionais da inauguração da Exposição nos Paços do Município:
Câmara Municipal de Lisboa
Departamento de Apoio à Presidência,
Direcção Municipal de Cultura;
Iluminação
Departamento de Construção e Conservação de Instalações Eléctricas e Mecânicas
Seguros
Lusitânia Seguros
Os Especiais Agradecimentos:
Ao músico Paco Bandeira, pela cedência das suas instalações na Herdade Monte Azul, no Alentejo,
para a concepção e criação deste projecto, inserida no contexto de apoio como residência
de artistas, durante os anos de 2006 e 2007.
A João Nunes de Oliveira pela apresentação pessoal desta iniciativa cultural, ao proprietário
da Herdade Monte Azul.
À Real Associação de Lisboa, pelo apoio logístico desenvolvido desde o início da produção deste
evento até á sua realização.
À Fundação Henrique Leotte, pelo apoio e cedência de captação de imagens no Convento
de São Paulo em Serra de Ossa, para a realização do filme do Cineasta Lauro António.
127. Aos testemunhos pessoais das seguintes personalidades convidadas:
S.E. o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas - António Braga;
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa - António Costa;
Presidente da Real Associação de Lisboa - Ricardo D’Abranches;
Senhor Dom Miguel - Duque de Viseu;
Sacerdote Padre Amandi;
Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa - José Oulman Carp;
Director da Ordem dos Médicos de Lisboa - Psiquiatra António Sampaio;
Advogado e Escritor - José António Barreiros;
Professor de História - Joel Moedas Miguel;
Actriz - Paula Guedes;
Cineasta - Lauro António;
Economista - Diogo Faria;
Empresário de Comunicação - Ruben Bensimon;
Fotografo - Lourenço de Almada;
Escritor e Poeta - Henrique Levy.
Agradecimentos Pessoais.
Amílcar Castro; Ana Castro; Ana Nunes Pedro; António Eva Ferreira; António Carmona Rodrigues;
António e Flor Pinto Coelho; Armando Martins; Carlota Bandeiras dos Santos; Carla Freire;
Carlos Morisson; Carlos Rodrigues; César Rodrigues; Constança Bandeiras; Efraim Tavares;
Felicidade Quintas de Mendonça; Frederico Corrado; Frederico Trancoso; Filipa Mendonça;
Gi Borges; Graça Nunes da Silva; Gabriela Sousa Marques; Helena Mendonça; Helder Sobral Mendonça;
Irene Nunes Barata; Jorge Carvalho: José Amaral Lopes; José Domingos; José e Maria Mestrinho;
Luísa Castro Freire; Madalena Roquette; Maria Eduarda Colares; Maria Vasconcelos; Mário Bastos;
Matilde Ogando; Paula Bandeiras; Patrícia Silva; Paula de Carvalho; Pedro Cardiga; Pedro Vinagre;
Rita Rodrigues; Rosa Amora; Rosa Mira; Rosa Vasconcelos; Roseta Marialva; Rui Pereira; Sofia Arruda;
Teresa Liz Beirão; Tomaz Caldeira Cabral.