SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
17º Simpósio do Programa de
Pós-graduação em Engenharia Mecânica
Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Engenharia Mecânica

UTILIZAÇÃO DE FLUÍDOS DIELÉTRICOS À BASE DE ÓLEOS
VEGETAIS NA USINAGEM POR DESCARGAS ELÉTRICAS POR
PENETRAÇÃO
Lima, R. M.
CEFET-MG / Campus IV - Avenida Amazonas, 807 -Bairro São Geraldo - Araxá - MG - CEP.: 38180-084
rmontandon@araxa.cefetmg.br

Raslan, A. A.
Universidade Federal de Uberlândia - Av. João Naves de Ávila, 2160 - Campus Santa Mônica - Bloco 1M – Uberlândia
MG - CEP: 38400-902
ltm-raslan@ufu.br

Resumo: Os fluídos dielétricos normalmente usados nos processos de usinagem por descargas
elétricas por penetração (EDM) têm, em geral, preços elevados, são tóxicos, além de apresentarem
dificuldades para armazenamento e descarte. Este trabalho tem por objetivo a utilização de cinco
óleos vegetais na EDM por penetração comparando os seus resultados com querosene e um fluido
mineral sintético específico para EDM. Os sete fluídos foram avaliados em regime operacional de
desbaste, usando eletrodos de cobre e grafite, com geometria e dimensões similares. No material
usinado, aço ABNT M2, foi medida a taxa de remoção de material (TRM) e avaliadas as
modificações superficiais por microscopia eletrônica de varredura e interferometria laser. Os
resultados mostraram a competitividade dos fluídos de origem vegetal, no regime de desbaste, em
comparação com fluídos tradicionais, tanto nas usinagens com eletrodo de cobre quanto de grafite.
Palavras-chave: EDM, óleos vegetais, fluidos dielétricos, TRM, topografia.
1. INTRODUÇÃO
A usinagem por descargas elétricas (EDM) é um dos processos de remoção de material não
convencional mais extensivamente usado. Sua característica única de empregar a energia térmica
para usinar peças condutoras eletricamente independentemente da dureza tem sido sua vantagem
distintiva na fabricação de moldes, matrizes componentes automotivos, aeroespaciais e cirúrgicos
(Ho et al, 2003).
A usinagem por descargas elétricas é um processo de conformação em que o eletrodo ou
ferramenta de usinagem reproduz a sua imagem ou geometria na peça. Na obtenção desta imagem,
remove-se o material por descargas elétricas. Em geral, a remoção é feita sob um líquido não
condutor de eletricidade, denominado dielétrico. A peça e a ferramenta são posicionadas de forma
que, entre ambos, situa-se a fenda de trabalho. Ao aplicar-se uma tensão elevada tem-se uma
descarga de uma faísca. Ocorre transmissão de calor que provoca a fusão e a evaporação de
volumes de material. Assim a usinagem por descargas elétricas se caracteriza por ser um processo
térmico, essencialmente (Pires et al, 2002).
A preservação do meio ambiente, as rigorosas leis de proteção ao trabalhador e a preocupação
das empresas em baixarem os seus custos, mostra que este processo necessita de mais avanços
tecnológicos no que diz respeito aos fluidos dielétricos derivados de petróleo. Estes fluidos querosenes e os fluidos hidrocarbonados - , são tóxicos, além de apresentarem dificuldades para
armazenamento e descarte.
17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007.

2. METODOLOGIA
Os ensaios foram realizados numa máquina de usinagem por descargas elétricas da marca
Engemaq, modelo EDM 440 NC que possui um gerador de controle de pulso. Ela opera de forma
automática após a seleção dos níveis de operações possíveis, mediante prévia seleção das funções
disponíveis no painel gerador.
Todos os experimentos foram realizados dentro de uma cuba, desenvolvida no LTM (Rodrigues
1999), com capacidade para 10 litros. Nesta cuba não ocorreu a movimentação e filtragem dos
fluidos testados. O reservatório da máquina possui capacidade para 420 litros de fluido, o que
praticamente inviabilizaria os ensaios devido à grande quantidade de fluido a ser adquirido, trocado,
limpeza para remoção do fluido testado e do alto custo. Desta forma, utilizou-se uma cuba menor,
fixada dentro da cuba da máquina para a realização dos ensaios. A figura 1 mostra a cuba de 10
litros utilizada nos ensaios posicionada dentro da cuba da Engemq.

(a)

(b)

Figura 1: Cuba com capacidade para 10 litros utilizada nos ensaios. (a) – vista frontal e (b) - vista lateral.

O regime de usinagem utilizado nos ensaios foi o de desbaste. Na tabela 1 são mostrados os
parâmetros usados para o regime de usinagem. No ensaio, foi cronometrado o tempo necessário
para se usinar uma profundidade de 2 mm.
Tabela 1: Parâmetros utilizados para usinagens no regime de Desbaste.
PARÂMETROS
Tempo de duração de cada descarga (µs) ⇒ Ton
Percentual relativo entre Ton e Toff ⇒ (%) DT
Intensidade de corrente ajustável da máquina ⇒ Ts
Tempo de erosão (s)
Afastamento (mm)
Intervalo
gap
Sensibilidade do gap
Tempo de usinagem
Profundidade de usinagem

DESBASTE
450
70
8
15
3
0
8
7
Cronometrado após cada 2 mm de
usinagem
2 mm Padrão)

O regime e parâmetros de usinagem utilizados neste trabalho foram selecionados a partir de
trabalhos prévios desenvolvidos no LTM (Fernandes, 1999; Arantes, 2001). Esta medida permite a
comparação de resultados obtidos por diferentes pesquisadores.

2
17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007.

Nos ensaios realizados com os fluidos, a corrente e a tensão não foram pré-determinadas, e
sim os parâmetros de usinagem.
Neste trabalho foi usinado o aço ferramenta ABNT M2. As amostras usinadas tem a forma de
uma barra de seção quadrada (bits) com dimensões de 3/8” x 4”, conforme a figura 2. De acordo
com o CIMM (2007), a densidade deste aço é 0,00768 [g/mm3] e composição química , % em peso,
é dada na tabela 2.

Figura 2: Dimensões (pol) da barra de aço ABNT M2 usado nos ensaios.
Tabela 2: Composição aproximada do aço ferramenta ABNT M2 em (%) (CIMM-2007)
C
0,78 - 0,88
0,095 - 1,05

Mn
0,15
0,40

Si
0,20
0,45

Cr
3,75
4,50

Ni
0,30
max

Mo
4,50
5,50

W
5,50
6,75

V
1,75
2,20

As ferramentas utilizadas nos ensaios foram de cobre e de grafite com a mesma geometria e
dimensões. Estas ferramentas são cilíndricas com furos passantes conforme pode ser vista na figura
3.

Figura 3: Dimensões (mm) das ferramentas de cobre e grafite utilizadas nos ensaios.
Na tabela 3 são apresentadas características físicas do cobre e da grafite.
Tabela 3: Características físicas do cobre e da grafite.
FERRAMENTA
COBRE
GRAFITE

Ponto de
fusão [ºC]
1083
3727

Densidade
[g/cm³]
8,9
1,77

Resistividade
[µΩcm]
2
910

3
17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007.

Nos ensaios foram utilizados cinco fluidos de origem vegetal com a seguinte nomenclatura:
LTM
Sigla do Laboratório de Tribologia e Materiais

02
Número do fluido

Os fluidos vegetais utilizados nos ensaios foram:
LTM 02

LTM 03

LTM 04

LTM 05

LTM 07

Os fluidos derivados do petróleo utilizados nos ensaios e que serão usados para comparação
com os fluidos vegetais foram o querosene e um óleo mineral sintético. Todos os fluidos não foram
substituídos durante a realização dos ensaios, mesmo ocorrendo a mudança de ferramentas. Os
resultados da TRM foram obtidos a partir de uma média de 3 testes.
A topografia das superfícies usinadas no regime de desbaste foi analisada via microscopia
eletrônica de varredura e por interferometria laser.
Para a análise da morfologia da superfície usinada, foi usado um microscópio eletrônico de
varredura Zeiss, modelo Leo 940 A. As amostras foram cortadas ao centro do furo (gerado pelo
processo EDM) com disco abrasivo 01 TRE (Arotec) em equipamento Discotom. Foram realizados
micrografias com aumento de 100x buscando uma topografia que melhor representasse a superfície
analisada.
Para a análise dos parâmetros da superfície, foi utilizado um interferômetro óptico a laser marca
“UBM Microfocus Expert IV”. Foi escolhida uma parte da superfície usinada medindo 2 por 2 mm
para levantamento da rugosidade, com varredura de 1000 x 50. A análise da superfície foi realizada
utilizando o programa MountainsMap Universal.
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da TRM dos fluidos dielétricos testados no regime de desbaste com ferramenta de
cobre e grafites são mostradas na tabela 4 e no gráfico da figura 4.
Tabela 4: Valores da TRM obtidos no regime de desbaste com ferramentas de cobre e grafite.
FLUIDOS

LTM 02
LTM 03
LTM 04
LTM 05
LTM 07
MINERAL
QUEROSENE

TRM
(mm³/min)
COBRE
GRAFITE
183,8 ± 1,6
145,6 ± 1,8
151,2 ± 1,1
117,4 ± 1,0
158,4 ± 3,6
132,8 ± 1,3
205,3 ± 3,1
139,1 ± 2,0
181,8 ± 1,6
149,5 ± 3,3
159,6 ± 2,7
101,2 ± 1,8
183,0 ± 0,9
119,9 ± 2,2

4
17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007.

18
3,
0

1,
8
14
9,
5

1
13
9,

2,
8

10
1,
2

11

11
9

,9

13

15
9,
6

8,
4
15
7,
4

150

15
1,
2

6

18

18
3,
14
5,

TRM (mm³/min)

200

8

20
5,

3

250

100

50

0
M
LT

02

M
LT

03

M
LT

04

M
LT

05

M
LT

07

AL
ER
IN
M

S
RO
UE
Q

E
EN

FLUIDOS
COBRE

GRAFITE

Figura 4: TRM’s obtidas através do processo EDM em regime de desbaste com ferramenta de cobre
e grafite.
Nota-se que alguns fluidos vegetais obtiveram desempenho semelhante e, em alguns casos,
superior aos fluidos derivados do petróleo tanto com ferramenta de cobre, quanto com ferramenta
de grafite. Observa-se ainda que os resultados obtidos com ferramenta de cobre foram superiores
aos resultados obtidos com ferramenta de grafite.
Segundo Arantes (2003), a porosidade da grafite afeta o desempenho devido à contaminação por
partículas de água, ar e dos próprios fluidos testados. O cobre apresenta melhor condutividade
elétrica, já o grafite possui maior resistividade elétrica, o que proporciona ao cobre melhor
desempenho.
O bom desempenho dos fluidos vegetais pode estar relacionado às suas características físicoquímicas que precisam ser melhor investigadas.
Em trabalho realizado por Costa Brasil e outros (2006), na usinagem do aço M2 com ferramenta
de cobre, no regime de desbaste, utilizando o fluido LTM 07, querosene e um fluido mineral
sintético, foram observados que não há diferença significativa de desempenho entre estes fluidos em
termos de TRM.
Além de mostrar a viabilidade do uso de fluidos vegetais no regime de desbaste estes resultados
mostram que, sob o ponto de vista de TRM, os fluidos vegetais são vantajosos em relação aos
fluidos derivados do petróleo.
Uma visão geral da morfologia das superfícies usinadas com os fluidos, utilizando ferramentas
de cobre e grafite respectivamente no regime desbaste, é mostrada nas figuras 5 a 7.

5
17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007.

(a)
(b)
Figura 5: Imagens obtidas via MEV das superfícies usinadas por EDM com fluido LTM 02
utilizando ferramenta de: (a) cobre e (b) grafite.

(a)
(b)
Figura 6: Imagens obtidas via MEV das superfícies usinadas por EDM com fluido mineral sintético
utilizando ferramenta de: (a) cobre e (b) grafite.

(a)
(b)
Figura 7: Imagens obtidas via MEV das superfícies usinadas por EDM com querosene utilizando
ferramenta de: (a) cobre e (b) grafite.
6
17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007.

Nas figuras 5 a 7 não se observa diferenças significativas na morfologia, mas apenas uma
tendência de melhor acabamento quando se usa eletrodo de grafite. As morfologias são típicas de
processos usando regime de desbaste, ou seja, apresentam maiores irregularidades devido às altas
correntes aplicadas gerando bolhas, crateras, trincas, etc. Ghanem, 2003, afirma que superfícies
obtidas via EDM exibem um aspecto características que consiste de superposição de crateras devido
à evaporação do metal durante a usinagem. O mesmo autor afirma também que o material erodido é
resolidificado e redepositado na superfície na forma de partículas esferoidais de diferentes
tamanhos.
Os resultados da rugosidade das amostras usinadas com eletrodos de cobre e grafite no regime
de desbaste são mostrados na tabela 5 e na figura 8.
Tabela 5: Valores da rugosidade superficial obtido no regime de desbaste.
Sa (µm)
COBRE
GRAFITE
19,7
16,9
16,6
24,1
22,4
22,2
20,2
20,5
19,7
20,3
18,4
19,3
11,5
13,7

FLUIDOS
LTM 02
LTM 03
LTM 04
LTM 05
LTM 07
MINERAL
QUEROSENE

,3
19

18
,4

19
,7
20
,3

13
,7

16
,6

16
,9

20

20
,5

20
,2

22

22
,4
19
,7

15
11
,5

RUGOSIDADE Sa (um)

25

,2

24
,1

30

10

5

0
LT

M

02

LT

M

03

M
LT

04

LT

M

05

LT

M

07

AL
ER
IN
M

QU

E
EN
OS
ER

FLUIDOS
COBRE

GRAFITE

Figura 8: Rugosidades geradas no processo EDM no regime de desbaste utilizando ferramentas
de cobre e grafite.

7
17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007.

Observa-se que não houve uma diferença significativa entre as rugosidades obtidas com
ferramentas de cobre e grafite. Entre os fluidos, o querosene se destacou por apresentar as melhores
rugosidades. Estes resultados estão em concordância razoável com a morfologia observada no
MEV, figuras 5 a 7.
Pode-se concluir, portanto, que os fluidos vegetais, quando usinados no regime de desbaste,
apresentam topografias de superfície muito próximas dos fluidos derivados do petróleo.
4 - CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos com usinagem por descargas elétricas por penetração em regime
de desbaste de um aço M2 usando eletrodos de cobre e grafite, além de diferentes fluidos dielétricos
vegetais, pode concluir que:
- A TRM dos fluidos vegetais apresentou desempenho semelhante ao dos fluidos derivados do
petróleo.
- A usinagem com ferramenta de cobre, comparada com a de grafite, apresentou melhor
desempenho em termos de TRM.
- A topografia das superfícies usinadas com fluidos vegetais apresentou resultados semelhantes
aos dos fluidos derivados de petróleo, tanto na morfologia quanto na rugosidade.
No geral, pode-se constatar que os fluidos dielétricos de origem vegetal mostraram-se
competitivos com os fluidos derivados do petróleo, tradicionalmente usados em processos de
usinagem EDM por penetração em regime de desbaste.
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Fapemig pelo suporte financeiro. O autor Renato Montandon de Lima
agradece ao CEFET-MG e a Capes pela bolsa de estudos.
6 - REFERÊNCIAS
Arantes, L. J., 2001, “Avaliação do Desempenho de Fluidos Dielétricos no Processo de Usinagem
por Descargas Elétricas”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia.
Arantes, L. J., 2003, “Estudo da Influência da Geometria e Material da Ferramenta na Taxa de
Remoção de Material no Processo de Usinagem por Descargas Elétricas", Revista Máquinas e
Metais, Sao Paulo, v. 448, n. Maio, p. 57-52.
Arantes, L. J., Raslan, A.A., 2006, “Case Study for Conventional and Vegetal Dielectric Fluids
Influence on EDM Processes”, CIRP, Journal of Manufacturing Systems, Vol 35, Nº5.
CIMM,
2007,
Centro
de
Informação
Metal
Mecânica,
Disponível
em:
<http://www.cimm.com.br/portal/cimm/iframe/?pagina=/cimm/construtordepaginas/htm/3_24_
10247.htmhttp://www.cimm.com.br/portal/cimm/iframe/?pagina=/cimm/construtordepaginas/ht
m/3_24_10247.htm>. Acesso em: 15 dez 2007.
Costa Brasil, J. F., Arantes, L. J., Raslan, A. A., 2006, “Uso de fluidos dielétricos à base de óleos
vegetais na usinagem por descargas elétricas”, Revista Máquinas e Metais, nº 480, p. 122-131,
São Paulo.
Fernandes, L. A., 1999, “Efeito da Adição de Pó de Carboneto de Silício nos Fluidos Dielétricos
sobre o Desempenho da Usinagem por Descargas Elétricas do Aço-Rápido ABNT M2”,
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia.
Ghanem F., Braham C., Sidhom H., 2003, “Influence of steel type on electrical discharge machined
surface integrity”, Journal of Materials Processing Technology 142,163–173.
Ho K.H., Newman S.T., 2003, “State of the Art Electrical Discharge Machining (EDM)”,
International Journal of Machine Tools & Manufacture 43 - 1287–1300.
Pires, M.S.T. e Raslan, A. A., 2002, “Modificações Superficiais em Aços Usinados por
Eletroerosão na presença de Carbeto”, Universidade Federal de Uberlândia.

8
17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007.

Rodrigues, J. R. P., 1999, “Efeito da Adição de Carboneto de Silício em Pó na Geração de
Microtrincas e na Topografia da Superfície Usinada por Descargas Elétricas do Aço-rápido
ABNT M2”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia.

CASE STUDY FOR THE USE OF VEGETABLE DIELECTRIC FLUIDS IN
DIE-SINK ELECTRICAL DISCHARGE MACHINING
Lima, R. M.
CEFET-MG / Campus IV - Avenida Amazonas, 807 -Bairro
São Geraldo - Araxá - M.G. - CEP.: 38180-084
rmontandon@araxa.cefetmg.br

Raslan, A. A.
Universidade Federal de Uberlândia - Av. João Naves de
Ávila, 2160 - Campus Santa Mônica - Bloco 1M –
Uberlândia MG - CEP: 38400-902
ltm-raslan@ufu.br

Abstract: Dielectric fluids usually used for die-sink EDM processes are in general expensive, toxic
and demands special storage and discard procedures. This paper has as objective the comparative
study of five vegetal based oils with kerosene and a specific synthetic fluid in terms of performance
on the EDM processes. Those seven fluids were evaluated in operational rough regimen, using
copper and graphite electrodes, with similar geometry and dimensions. The material removal rate
(MRR) of the machined material, high speed steel (ABNT M2), was measured and the superficial
modifications evaluated by scanning electron microscope (SEM) and laser interferometry. The
results showed the competitiviness of vegetal based dielectric fluids, on rough regimen, comparing
to traditional EDM fluids, using both copper and graphite electrode.
Keywords: EDM, vegetal oils, dielectric fluids, MRR, topography.

9

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Nbr 13277 1995 - argamassa para assentamento - retenção de
Nbr 13277   1995 - argamassa para assentamento - retenção deNbr 13277   1995 - argamassa para assentamento - retenção de
Nbr 13277 1995 - argamassa para assentamento - retenção deRosângela Silva Pinto
 
SCAC - Lactec 2011
SCAC - Lactec 2011SCAC - Lactec 2011
SCAC - Lactec 2011SCAC
 
Nbr 5628 determinação de resistência ao fogo
Nbr 5628 determinação de resistência ao fogoNbr 5628 determinação de resistência ao fogo
Nbr 5628 determinação de resistência ao fogoAlexandre Horsth
 
Material manutenção
Material manutençãoMaterial manutenção
Material manutençãoCarlos Martim
 
056 haikai 俳句 tempera martempera.rv01
056 haikai 俳句 tempera martempera.rv01056 haikai 俳句 tempera martempera.rv01
056 haikai 俳句 tempera martempera.rv01João Carmo Vendramim
 
Procedimento de medição de espessura abendi completo
Procedimento de medição de espessura   abendi completoProcedimento de medição de espessura   abendi completo
Procedimento de medição de espessura abendi completoLucas Zarpelon
 
Potências de corte artigo
Potências de corte   artigoPotências de corte   artigo
Potências de corte artigoStéfano Bellote
 
Apostila de metalografia preparação de amostras - colpaert
Apostila de metalografia   preparação de amostras - colpaertApostila de metalografia   preparação de amostras - colpaert
Apostila de metalografia preparação de amostras - colpaertRafael Bressiani
 

Mais procurados (20)

Nbr 13281 2005
Nbr 13281 2005Nbr 13281 2005
Nbr 13281 2005
 
Análise do e7018
Análise do e7018Análise do e7018
Análise do e7018
 
Nbr 13277 1995 - argamassa para assentamento - retenção de
Nbr 13277   1995 - argamassa para assentamento - retenção deNbr 13277   1995 - argamassa para assentamento - retenção de
Nbr 13277 1995 - argamassa para assentamento - retenção de
 
Flow table e ica
Flow table e icaFlow table e ica
Flow table e ica
 
SCAC - Lactec 2011
SCAC - Lactec 2011SCAC - Lactec 2011
SCAC - Lactec 2011
 
Usinagem prof daniel aula 10
Usinagem  prof daniel   aula 10Usinagem  prof daniel   aula 10
Usinagem prof daniel aula 10
 
Nbr 5628 determinação de resistência ao fogo
Nbr 5628 determinação de resistência ao fogoNbr 5628 determinação de resistência ao fogo
Nbr 5628 determinação de resistência ao fogo
 
1 lista de exercícios
1 lista de exercícios1 lista de exercícios
1 lista de exercícios
 
Material manutenção
Material manutençãoMaterial manutenção
Material manutenção
 
056 haikai 俳句 tempera martempera.rv01
056 haikai 俳句 tempera martempera.rv01056 haikai 俳句 tempera martempera.rv01
056 haikai 俳句 tempera martempera.rv01
 
Nitretacao
NitretacaoNitretacao
Nitretacao
 
Revestimentos Protetores Obtidos a Plasma na Indústria Metal-Mecânica
Revestimentos Protetores Obtidos a Plasma na Indústria Metal-MecânicaRevestimentos Protetores Obtidos a Plasma na Indústria Metal-Mecânica
Revestimentos Protetores Obtidos a Plasma na Indústria Metal-Mecânica
 
Procedimento de medição de espessura abendi completo
Procedimento de medição de espessura   abendi completoProcedimento de medição de espessura   abendi completo
Procedimento de medição de espessura abendi completo
 
Nitretação Iônica por Plasma
Nitretação Iônica por PlasmaNitretação Iônica por Plasma
Nitretação Iônica por Plasma
 
Apostila de soldagem 2007
Apostila de soldagem 2007Apostila de soldagem 2007
Apostila de soldagem 2007
 
Potências de corte artigo
Potências de corte   artigoPotências de corte   artigo
Potências de corte artigo
 
Artigo metal duro2
Artigo metal duro2Artigo metal duro2
Artigo metal duro2
 
Abnt nbr 7175 cal hidratada para argamassas
Abnt nbr 7175   cal hidratada para argamassasAbnt nbr 7175   cal hidratada para argamassas
Abnt nbr 7175 cal hidratada para argamassas
 
Apostila de metalografia preparação de amostras - colpaert
Apostila de metalografia   preparação de amostras - colpaertApostila de metalografia   preparação de amostras - colpaert
Apostila de metalografia preparação de amostras - colpaert
 
Estudo galling
Estudo gallingEstudo galling
Estudo galling
 

Destaque (20)

Tema1
Tema1Tema1
Tema1
 
Tema4
Tema4Tema4
Tema4
 
Tema2
Tema2Tema2
Tema2
 
Tema3
Tema3Tema3
Tema3
 
Tema6
Tema6Tema6
Tema6
 
3 lista de exercícios
3 lista de exercícios3 lista de exercícios
3 lista de exercícios
 
09 - mandriladoras
09  - mandriladoras09  - mandriladoras
09 - mandriladoras
 
Plano de aula
Plano de aulaPlano de aula
Plano de aula
 
02 -introducao_a_metrologia
02  -introducao_a_metrologia02  -introducao_a_metrologia
02 -introducao_a_metrologia
 
07 - plainas
07  - plainas07  - plainas
07 - plainas
 
Ensaios de usinabilidade dos metais
Ensaios de usinabilidade dos metaisEnsaios de usinabilidade dos metais
Ensaios de usinabilidade dos metais
 
10 - maquinas_de_serrar_e_serras
10  - maquinas_de_serrar_e_serras10  - maquinas_de_serrar_e_serras
10 - maquinas_de_serrar_e_serras
 
Fluido de corte
Fluido de corteFluido de corte
Fluido de corte
 
08 - furadeiras
08  - furadeiras08  - furadeiras
08 - furadeiras
 
Materiais e ferramentas_de_corte
Materiais e ferramentas_de_corteMateriais e ferramentas_de_corte
Materiais e ferramentas_de_corte
 
Introdução à usinagem_dos_metais
Introdução à usinagem_dos_metaisIntrodução à usinagem_dos_metais
Introdução à usinagem_dos_metais
 
12 - brochadeiras
12  - brochadeiras12  - brochadeiras
12 - brochadeiras
 
06 - fresagem
06  - fresagem06  - fresagem
06 - fresagem
 
05 -tornearia
05  -tornearia05  -tornearia
05 -tornearia
 
Triangulación coello r
Triangulación coello rTriangulación coello r
Triangulación coello r
 

Mais de Maria Adrina Silva

1 lista de exercícios 2014 (parte2)
1 lista de exercícios 2014 (parte2)1 lista de exercícios 2014 (parte2)
1 lista de exercícios 2014 (parte2)Maria Adrina Silva
 
1 lista de exercícios 2014 (parte1)
1 lista de exercícios 2014 (parte1)1 lista de exercícios 2014 (parte1)
1 lista de exercícios 2014 (parte1)Maria Adrina Silva
 
Processos de conformação parte iii
Processos de conformação   parte iiiProcessos de conformação   parte iii
Processos de conformação parte iiiMaria Adrina Silva
 
Processos de conformação parte ii
Processos de conformação   parte iiProcessos de conformação   parte ii
Processos de conformação parte iiMaria Adrina Silva
 
Processos de conformação parte i
Processos de conformação   parte iProcessos de conformação   parte i
Processos de conformação parte iMaria Adrina Silva
 
Capítulo 3 metalurgia da conformação
Capítulo 3 metalurgia da conformaçãoCapítulo 3 metalurgia da conformação
Capítulo 3 metalurgia da conformaçãoMaria Adrina Silva
 
8 métodos de cálculo de tensões e deformações
8 métodos de cálculo de tensões e deformações8 métodos de cálculo de tensões e deformações
8 métodos de cálculo de tensões e deformaçõesMaria Adrina Silva
 
Capítulo 2 mecânica da conformação
Capítulo 2 mecânica da conformaçãoCapítulo 2 mecânica da conformação
Capítulo 2 mecânica da conformaçãoMaria Adrina Silva
 
Capítulo 1 introdução à conformação plástica
Capítulo 1 introdução à conformação plásticaCapítulo 1 introdução à conformação plástica
Capítulo 1 introdução à conformação plásticaMaria Adrina Silva
 
Capítulo 4 processos de conformação plástica
Capítulo 4  processos de conformação plásticaCapítulo 4  processos de conformação plástica
Capítulo 4 processos de conformação plásticaMaria Adrina Silva
 
Capítulo 3 metalurgia da conformação
Capítulo 3  metalurgia da conformaçãoCapítulo 3  metalurgia da conformação
Capítulo 3 metalurgia da conformaçãoMaria Adrina Silva
 
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metaisCapítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metaisMaria Adrina Silva
 
Capítulo 1 introdução à conformação plástica dos metais (1)
Capítulo 1 introdução à conformação plástica dos metais (1)Capítulo 1 introdução à conformação plástica dos metais (1)
Capítulo 1 introdução à conformação plástica dos metais (1)Maria Adrina Silva
 

Mais de Maria Adrina Silva (18)

2a lista 2014
2a lista 20142a lista 2014
2a lista 2014
 
1 lista de exercícios 2014 (parte2)
1 lista de exercícios 2014 (parte2)1 lista de exercícios 2014 (parte2)
1 lista de exercícios 2014 (parte2)
 
1 lista de exercícios 2014 (parte1)
1 lista de exercícios 2014 (parte1)1 lista de exercícios 2014 (parte1)
1 lista de exercícios 2014 (parte1)
 
3a lista
3a lista3a lista
3a lista
 
Processos de conformação parte iii
Processos de conformação   parte iiiProcessos de conformação   parte iii
Processos de conformação parte iii
 
Processos de conformação parte ii
Processos de conformação   parte iiProcessos de conformação   parte ii
Processos de conformação parte ii
 
Processos de conformação parte i
Processos de conformação   parte iProcessos de conformação   parte i
Processos de conformação parte i
 
2a lista
2a lista2a lista
2a lista
 
Capítulo 3 metalurgia da conformação
Capítulo 3 metalurgia da conformaçãoCapítulo 3 metalurgia da conformação
Capítulo 3 metalurgia da conformação
 
8 métodos de cálculo de tensões e deformações
8 métodos de cálculo de tensões e deformações8 métodos de cálculo de tensões e deformações
8 métodos de cálculo de tensões e deformações
 
Capítulo 2 mecânica da conformação
Capítulo 2 mecânica da conformaçãoCapítulo 2 mecânica da conformação
Capítulo 2 mecânica da conformação
 
Capítulo 1 introdução à conformação plástica
Capítulo 1 introdução à conformação plásticaCapítulo 1 introdução à conformação plástica
Capítulo 1 introdução à conformação plástica
 
Capítulo 4 processos de conformação plástica
Capítulo 4  processos de conformação plásticaCapítulo 4  processos de conformação plástica
Capítulo 4 processos de conformação plástica
 
Capítulo 3 metalurgia da conformação
Capítulo 3  metalurgia da conformaçãoCapítulo 3  metalurgia da conformação
Capítulo 3 metalurgia da conformação
 
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metaisCapítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
Capítulo 2 mecânica da conformação plástica dos metais
 
Capítulo 1 introdução à conformação plástica dos metais (1)
Capítulo 1 introdução à conformação plástica dos metais (1)Capítulo 1 introdução à conformação plástica dos metais (1)
Capítulo 1 introdução à conformação plástica dos metais (1)
 
Plano de aula
Plano de aulaPlano de aula
Plano de aula
 
Notas manha
Notas manhaNotas manha
Notas manha
 

Tema8

  • 1. 17º Simpósio do Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Mecânica UTILIZAÇÃO DE FLUÍDOS DIELÉTRICOS À BASE DE ÓLEOS VEGETAIS NA USINAGEM POR DESCARGAS ELÉTRICAS POR PENETRAÇÃO Lima, R. M. CEFET-MG / Campus IV - Avenida Amazonas, 807 -Bairro São Geraldo - Araxá - MG - CEP.: 38180-084 rmontandon@araxa.cefetmg.br Raslan, A. A. Universidade Federal de Uberlândia - Av. João Naves de Ávila, 2160 - Campus Santa Mônica - Bloco 1M – Uberlândia MG - CEP: 38400-902 ltm-raslan@ufu.br Resumo: Os fluídos dielétricos normalmente usados nos processos de usinagem por descargas elétricas por penetração (EDM) têm, em geral, preços elevados, são tóxicos, além de apresentarem dificuldades para armazenamento e descarte. Este trabalho tem por objetivo a utilização de cinco óleos vegetais na EDM por penetração comparando os seus resultados com querosene e um fluido mineral sintético específico para EDM. Os sete fluídos foram avaliados em regime operacional de desbaste, usando eletrodos de cobre e grafite, com geometria e dimensões similares. No material usinado, aço ABNT M2, foi medida a taxa de remoção de material (TRM) e avaliadas as modificações superficiais por microscopia eletrônica de varredura e interferometria laser. Os resultados mostraram a competitividade dos fluídos de origem vegetal, no regime de desbaste, em comparação com fluídos tradicionais, tanto nas usinagens com eletrodo de cobre quanto de grafite. Palavras-chave: EDM, óleos vegetais, fluidos dielétricos, TRM, topografia. 1. INTRODUÇÃO A usinagem por descargas elétricas (EDM) é um dos processos de remoção de material não convencional mais extensivamente usado. Sua característica única de empregar a energia térmica para usinar peças condutoras eletricamente independentemente da dureza tem sido sua vantagem distintiva na fabricação de moldes, matrizes componentes automotivos, aeroespaciais e cirúrgicos (Ho et al, 2003). A usinagem por descargas elétricas é um processo de conformação em que o eletrodo ou ferramenta de usinagem reproduz a sua imagem ou geometria na peça. Na obtenção desta imagem, remove-se o material por descargas elétricas. Em geral, a remoção é feita sob um líquido não condutor de eletricidade, denominado dielétrico. A peça e a ferramenta são posicionadas de forma que, entre ambos, situa-se a fenda de trabalho. Ao aplicar-se uma tensão elevada tem-se uma descarga de uma faísca. Ocorre transmissão de calor que provoca a fusão e a evaporação de volumes de material. Assim a usinagem por descargas elétricas se caracteriza por ser um processo térmico, essencialmente (Pires et al, 2002). A preservação do meio ambiente, as rigorosas leis de proteção ao trabalhador e a preocupação das empresas em baixarem os seus custos, mostra que este processo necessita de mais avanços tecnológicos no que diz respeito aos fluidos dielétricos derivados de petróleo. Estes fluidos querosenes e os fluidos hidrocarbonados - , são tóxicos, além de apresentarem dificuldades para armazenamento e descarte.
  • 2. 17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007. 2. METODOLOGIA Os ensaios foram realizados numa máquina de usinagem por descargas elétricas da marca Engemaq, modelo EDM 440 NC que possui um gerador de controle de pulso. Ela opera de forma automática após a seleção dos níveis de operações possíveis, mediante prévia seleção das funções disponíveis no painel gerador. Todos os experimentos foram realizados dentro de uma cuba, desenvolvida no LTM (Rodrigues 1999), com capacidade para 10 litros. Nesta cuba não ocorreu a movimentação e filtragem dos fluidos testados. O reservatório da máquina possui capacidade para 420 litros de fluido, o que praticamente inviabilizaria os ensaios devido à grande quantidade de fluido a ser adquirido, trocado, limpeza para remoção do fluido testado e do alto custo. Desta forma, utilizou-se uma cuba menor, fixada dentro da cuba da máquina para a realização dos ensaios. A figura 1 mostra a cuba de 10 litros utilizada nos ensaios posicionada dentro da cuba da Engemq. (a) (b) Figura 1: Cuba com capacidade para 10 litros utilizada nos ensaios. (a) – vista frontal e (b) - vista lateral. O regime de usinagem utilizado nos ensaios foi o de desbaste. Na tabela 1 são mostrados os parâmetros usados para o regime de usinagem. No ensaio, foi cronometrado o tempo necessário para se usinar uma profundidade de 2 mm. Tabela 1: Parâmetros utilizados para usinagens no regime de Desbaste. PARÂMETROS Tempo de duração de cada descarga (µs) ⇒ Ton Percentual relativo entre Ton e Toff ⇒ (%) DT Intensidade de corrente ajustável da máquina ⇒ Ts Tempo de erosão (s) Afastamento (mm) Intervalo gap Sensibilidade do gap Tempo de usinagem Profundidade de usinagem DESBASTE 450 70 8 15 3 0 8 7 Cronometrado após cada 2 mm de usinagem 2 mm Padrão) O regime e parâmetros de usinagem utilizados neste trabalho foram selecionados a partir de trabalhos prévios desenvolvidos no LTM (Fernandes, 1999; Arantes, 2001). Esta medida permite a comparação de resultados obtidos por diferentes pesquisadores. 2
  • 3. 17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007. Nos ensaios realizados com os fluidos, a corrente e a tensão não foram pré-determinadas, e sim os parâmetros de usinagem. Neste trabalho foi usinado o aço ferramenta ABNT M2. As amostras usinadas tem a forma de uma barra de seção quadrada (bits) com dimensões de 3/8” x 4”, conforme a figura 2. De acordo com o CIMM (2007), a densidade deste aço é 0,00768 [g/mm3] e composição química , % em peso, é dada na tabela 2. Figura 2: Dimensões (pol) da barra de aço ABNT M2 usado nos ensaios. Tabela 2: Composição aproximada do aço ferramenta ABNT M2 em (%) (CIMM-2007) C 0,78 - 0,88 0,095 - 1,05 Mn 0,15 0,40 Si 0,20 0,45 Cr 3,75 4,50 Ni 0,30 max Mo 4,50 5,50 W 5,50 6,75 V 1,75 2,20 As ferramentas utilizadas nos ensaios foram de cobre e de grafite com a mesma geometria e dimensões. Estas ferramentas são cilíndricas com furos passantes conforme pode ser vista na figura 3. Figura 3: Dimensões (mm) das ferramentas de cobre e grafite utilizadas nos ensaios. Na tabela 3 são apresentadas características físicas do cobre e da grafite. Tabela 3: Características físicas do cobre e da grafite. FERRAMENTA COBRE GRAFITE Ponto de fusão [ºC] 1083 3727 Densidade [g/cm³] 8,9 1,77 Resistividade [µΩcm] 2 910 3
  • 4. 17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007. Nos ensaios foram utilizados cinco fluidos de origem vegetal com a seguinte nomenclatura: LTM Sigla do Laboratório de Tribologia e Materiais 02 Número do fluido Os fluidos vegetais utilizados nos ensaios foram: LTM 02 LTM 03 LTM 04 LTM 05 LTM 07 Os fluidos derivados do petróleo utilizados nos ensaios e que serão usados para comparação com os fluidos vegetais foram o querosene e um óleo mineral sintético. Todos os fluidos não foram substituídos durante a realização dos ensaios, mesmo ocorrendo a mudança de ferramentas. Os resultados da TRM foram obtidos a partir de uma média de 3 testes. A topografia das superfícies usinadas no regime de desbaste foi analisada via microscopia eletrônica de varredura e por interferometria laser. Para a análise da morfologia da superfície usinada, foi usado um microscópio eletrônico de varredura Zeiss, modelo Leo 940 A. As amostras foram cortadas ao centro do furo (gerado pelo processo EDM) com disco abrasivo 01 TRE (Arotec) em equipamento Discotom. Foram realizados micrografias com aumento de 100x buscando uma topografia que melhor representasse a superfície analisada. Para a análise dos parâmetros da superfície, foi utilizado um interferômetro óptico a laser marca “UBM Microfocus Expert IV”. Foi escolhida uma parte da superfície usinada medindo 2 por 2 mm para levantamento da rugosidade, com varredura de 1000 x 50. A análise da superfície foi realizada utilizando o programa MountainsMap Universal. 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da TRM dos fluidos dielétricos testados no regime de desbaste com ferramenta de cobre e grafites são mostradas na tabela 4 e no gráfico da figura 4. Tabela 4: Valores da TRM obtidos no regime de desbaste com ferramentas de cobre e grafite. FLUIDOS LTM 02 LTM 03 LTM 04 LTM 05 LTM 07 MINERAL QUEROSENE TRM (mm³/min) COBRE GRAFITE 183,8 ± 1,6 145,6 ± 1,8 151,2 ± 1,1 117,4 ± 1,0 158,4 ± 3,6 132,8 ± 1,3 205,3 ± 3,1 139,1 ± 2,0 181,8 ± 1,6 149,5 ± 3,3 159,6 ± 2,7 101,2 ± 1,8 183,0 ± 0,9 119,9 ± 2,2 4
  • 5. 17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007. 18 3, 0 1, 8 14 9, 5 1 13 9, 2, 8 10 1, 2 11 11 9 ,9 13 15 9, 6 8, 4 15 7, 4 150 15 1, 2 6 18 18 3, 14 5, TRM (mm³/min) 200 8 20 5, 3 250 100 50 0 M LT 02 M LT 03 M LT 04 M LT 05 M LT 07 AL ER IN M S RO UE Q E EN FLUIDOS COBRE GRAFITE Figura 4: TRM’s obtidas através do processo EDM em regime de desbaste com ferramenta de cobre e grafite. Nota-se que alguns fluidos vegetais obtiveram desempenho semelhante e, em alguns casos, superior aos fluidos derivados do petróleo tanto com ferramenta de cobre, quanto com ferramenta de grafite. Observa-se ainda que os resultados obtidos com ferramenta de cobre foram superiores aos resultados obtidos com ferramenta de grafite. Segundo Arantes (2003), a porosidade da grafite afeta o desempenho devido à contaminação por partículas de água, ar e dos próprios fluidos testados. O cobre apresenta melhor condutividade elétrica, já o grafite possui maior resistividade elétrica, o que proporciona ao cobre melhor desempenho. O bom desempenho dos fluidos vegetais pode estar relacionado às suas características físicoquímicas que precisam ser melhor investigadas. Em trabalho realizado por Costa Brasil e outros (2006), na usinagem do aço M2 com ferramenta de cobre, no regime de desbaste, utilizando o fluido LTM 07, querosene e um fluido mineral sintético, foram observados que não há diferença significativa de desempenho entre estes fluidos em termos de TRM. Além de mostrar a viabilidade do uso de fluidos vegetais no regime de desbaste estes resultados mostram que, sob o ponto de vista de TRM, os fluidos vegetais são vantajosos em relação aos fluidos derivados do petróleo. Uma visão geral da morfologia das superfícies usinadas com os fluidos, utilizando ferramentas de cobre e grafite respectivamente no regime desbaste, é mostrada nas figuras 5 a 7. 5
  • 6. 17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007. (a) (b) Figura 5: Imagens obtidas via MEV das superfícies usinadas por EDM com fluido LTM 02 utilizando ferramenta de: (a) cobre e (b) grafite. (a) (b) Figura 6: Imagens obtidas via MEV das superfícies usinadas por EDM com fluido mineral sintético utilizando ferramenta de: (a) cobre e (b) grafite. (a) (b) Figura 7: Imagens obtidas via MEV das superfícies usinadas por EDM com querosene utilizando ferramenta de: (a) cobre e (b) grafite. 6
  • 7. 17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007. Nas figuras 5 a 7 não se observa diferenças significativas na morfologia, mas apenas uma tendência de melhor acabamento quando se usa eletrodo de grafite. As morfologias são típicas de processos usando regime de desbaste, ou seja, apresentam maiores irregularidades devido às altas correntes aplicadas gerando bolhas, crateras, trincas, etc. Ghanem, 2003, afirma que superfícies obtidas via EDM exibem um aspecto características que consiste de superposição de crateras devido à evaporação do metal durante a usinagem. O mesmo autor afirma também que o material erodido é resolidificado e redepositado na superfície na forma de partículas esferoidais de diferentes tamanhos. Os resultados da rugosidade das amostras usinadas com eletrodos de cobre e grafite no regime de desbaste são mostrados na tabela 5 e na figura 8. Tabela 5: Valores da rugosidade superficial obtido no regime de desbaste. Sa (µm) COBRE GRAFITE 19,7 16,9 16,6 24,1 22,4 22,2 20,2 20,5 19,7 20,3 18,4 19,3 11,5 13,7 FLUIDOS LTM 02 LTM 03 LTM 04 LTM 05 LTM 07 MINERAL QUEROSENE ,3 19 18 ,4 19 ,7 20 ,3 13 ,7 16 ,6 16 ,9 20 20 ,5 20 ,2 22 22 ,4 19 ,7 15 11 ,5 RUGOSIDADE Sa (um) 25 ,2 24 ,1 30 10 5 0 LT M 02 LT M 03 M LT 04 LT M 05 LT M 07 AL ER IN M QU E EN OS ER FLUIDOS COBRE GRAFITE Figura 8: Rugosidades geradas no processo EDM no regime de desbaste utilizando ferramentas de cobre e grafite. 7
  • 8. 17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007. Observa-se que não houve uma diferença significativa entre as rugosidades obtidas com ferramentas de cobre e grafite. Entre os fluidos, o querosene se destacou por apresentar as melhores rugosidades. Estes resultados estão em concordância razoável com a morfologia observada no MEV, figuras 5 a 7. Pode-se concluir, portanto, que os fluidos vegetais, quando usinados no regime de desbaste, apresentam topografias de superfície muito próximas dos fluidos derivados do petróleo. 4 - CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos com usinagem por descargas elétricas por penetração em regime de desbaste de um aço M2 usando eletrodos de cobre e grafite, além de diferentes fluidos dielétricos vegetais, pode concluir que: - A TRM dos fluidos vegetais apresentou desempenho semelhante ao dos fluidos derivados do petróleo. - A usinagem com ferramenta de cobre, comparada com a de grafite, apresentou melhor desempenho em termos de TRM. - A topografia das superfícies usinadas com fluidos vegetais apresentou resultados semelhantes aos dos fluidos derivados de petróleo, tanto na morfologia quanto na rugosidade. No geral, pode-se constatar que os fluidos dielétricos de origem vegetal mostraram-se competitivos com os fluidos derivados do petróleo, tradicionalmente usados em processos de usinagem EDM por penetração em regime de desbaste. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Fapemig pelo suporte financeiro. O autor Renato Montandon de Lima agradece ao CEFET-MG e a Capes pela bolsa de estudos. 6 - REFERÊNCIAS Arantes, L. J., 2001, “Avaliação do Desempenho de Fluidos Dielétricos no Processo de Usinagem por Descargas Elétricas”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia. Arantes, L. J., 2003, “Estudo da Influência da Geometria e Material da Ferramenta na Taxa de Remoção de Material no Processo de Usinagem por Descargas Elétricas", Revista Máquinas e Metais, Sao Paulo, v. 448, n. Maio, p. 57-52. Arantes, L. J., Raslan, A.A., 2006, “Case Study for Conventional and Vegetal Dielectric Fluids Influence on EDM Processes”, CIRP, Journal of Manufacturing Systems, Vol 35, Nº5. CIMM, 2007, Centro de Informação Metal Mecânica, Disponível em: <http://www.cimm.com.br/portal/cimm/iframe/?pagina=/cimm/construtordepaginas/htm/3_24_ 10247.htmhttp://www.cimm.com.br/portal/cimm/iframe/?pagina=/cimm/construtordepaginas/ht m/3_24_10247.htm>. Acesso em: 15 dez 2007. Costa Brasil, J. F., Arantes, L. J., Raslan, A. A., 2006, “Uso de fluidos dielétricos à base de óleos vegetais na usinagem por descargas elétricas”, Revista Máquinas e Metais, nº 480, p. 122-131, São Paulo. Fernandes, L. A., 1999, “Efeito da Adição de Pó de Carboneto de Silício nos Fluidos Dielétricos sobre o Desempenho da Usinagem por Descargas Elétricas do Aço-Rápido ABNT M2”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia. Ghanem F., Braham C., Sidhom H., 2003, “Influence of steel type on electrical discharge machined surface integrity”, Journal of Materials Processing Technology 142,163–173. Ho K.H., Newman S.T., 2003, “State of the Art Electrical Discharge Machining (EDM)”, International Journal of Machine Tools & Manufacture 43 - 1287–1300. Pires, M.S.T. e Raslan, A. A., 2002, “Modificações Superficiais em Aços Usinados por Eletroerosão na presença de Carbeto”, Universidade Federal de Uberlândia. 8
  • 9. 17° POSMEC. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 2007. Rodrigues, J. R. P., 1999, “Efeito da Adição de Carboneto de Silício em Pó na Geração de Microtrincas e na Topografia da Superfície Usinada por Descargas Elétricas do Aço-rápido ABNT M2”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia. CASE STUDY FOR THE USE OF VEGETABLE DIELECTRIC FLUIDS IN DIE-SINK ELECTRICAL DISCHARGE MACHINING Lima, R. M. CEFET-MG / Campus IV - Avenida Amazonas, 807 -Bairro São Geraldo - Araxá - M.G. - CEP.: 38180-084 rmontandon@araxa.cefetmg.br Raslan, A. A. Universidade Federal de Uberlândia - Av. João Naves de Ávila, 2160 - Campus Santa Mônica - Bloco 1M – Uberlândia MG - CEP: 38400-902 ltm-raslan@ufu.br Abstract: Dielectric fluids usually used for die-sink EDM processes are in general expensive, toxic and demands special storage and discard procedures. This paper has as objective the comparative study of five vegetal based oils with kerosene and a specific synthetic fluid in terms of performance on the EDM processes. Those seven fluids were evaluated in operational rough regimen, using copper and graphite electrodes, with similar geometry and dimensions. The material removal rate (MRR) of the machined material, high speed steel (ABNT M2), was measured and the superficial modifications evaluated by scanning electron microscope (SEM) and laser interferometry. The results showed the competitiviness of vegetal based dielectric fluids, on rough regimen, comparing to traditional EDM fluids, using both copper and graphite electrode. Keywords: EDM, vegetal oils, dielectric fluids, MRR, topography. 9