1. A dívida da empresa SGU atingiu quarenta milhões de euros em 2013, obrigando ao pagamento de 1,6 milhões em juros.
2. Os gastos com pessoal e fornecedores aumentaram significativamente em 2013, enquanto os ativos fixos tangíveis diminuíram.
3. As contas da empresa continuam pouco claras, com alterações no capital próprio no valor de 10 milhões sem explicação adequada.
1. “ A Dança dos Números na SGU VRSA“
Recentemente foram apresentados os resultados de 2013 da empresa que tem como missão “
melhorar os índices de qualidade de vida da população do concelho, atuando com eficácia e
eficiência na gestão dos recursos públicos”. A estas lindas palavras missionárias sobrepõe-se
uma ação de delapidação dos recursos públicos que tentaremos explicar nos próximos
parágrafos com base nos números apresentados.
1. Em 31 de Dezembro de 2013, o valor dos empréstimos é de cerca de quarenta milhões de
euros. Este valor obrigou ao pagamento de juros, em 2013, de um milhão e seiscentos mil
euros. O BCP, por segurança, obrigou a uma hipoteca sobre os terrenos do parque de
campismo com o valor de 24,4 milhões de euros em 2011 e a uma nova hipoteca, em 2013,
sobre a “Casa da Câmara” de 2,8 milhões de euros. Assim sendo, já sabemos quem serão os
donos no caso de não ser possível pagar a dívida.
2. Os juros suportados em 2013, foram de um 1,6 milhões de euros. Valor que “come” 20,6%
das vendas e serviços prestados. Este valor tende a aumentar durante 2014, tendo em conta
que os fluxos de caixa operacionais continuam a ser negativos, 2,6 milhões de euros. A
empresa continua com consideráveis necessidades de financiamento. Em 2014, as
responsabilidades de reembolso de empréstimos será de 6,6 milhões de euros.
3. Os gastos com pessoal aumentaram 27% para 2,3 milhões de euros e já atingem 29% do
valor das vendas e serviços prestados. Ao mesmo tempo, os custos com fornecimentos e
serviços externos subiram 20% para 2,7 milhões de euros. As remunerações dos órgãos sociais
cresceram de 55 mil para 72 mil euros mais 31% que em 2013!!! Ao mesmo tempo, foi
contratada uma “empresa” para promover as vendas do património camarário por vinte e
quatro mil euros anuais.
4. Os ativos fixos tangíveis foram transformados em propriedades de investimento. Desceram
de 53 para 16 milhões (transferência dos terrenos do parque de campismo).
5. A contabilidade da SGU continua a ser criativa. Desta vez foram criadas alterações no capital
próprio através da rubrica “outras alterações reconhecidas no capital próprio” no valor
positivo de 10 milhões de euros, que na habitual transparência dos seus relatórios apenas
informam que “ são justificados com a contabilização de subsídios relacionados com ativos
fixos tangíveis que ainda não foram contabilizados como rendimento”. Curioso, quando
comparamos com a descida do valor dos ativos fixos tangíveis.
Os números apresentados pelo “filho” SGU são, infelizmente, acompanhados pelos números
do seu criador “Câmara” que até 31 de Maio de 2014 já comeu 80% do orçamento de
despesas para 2014. Será que andamos todos a dormir?