O documento discute como a fé em Deus é uma intuição e não um conhecimento racional, e critica atribuir a Deus responsabilidades por eventos negativos como desastres naturais ou acidentes. O autor argumenta que atribuir crueldade ou manipulação a Deus revela uma concepção equivocada de Deus, e que é preciso revisar nossas crenças.
2. São muitos os mistérios que nos
rodeiam. São muitas as coisas
que jamais serão explicadas.
Marcelo Gleiser, um dos
grandes astrônomos da
atualidade, ateu, declarou o
seguinte:
3. “Há três coisas que a Ciência
ainda não explicou e,
provavelmente, jamais
explicará: a origem do
Universo, o funcionamento da
mente humana e a
transformação da energia em
vida.” Isso na dimensão da
matéria. E na dimensão das
coisas que estão além da
matéria?
4. O Apóstolo João diz que
“Deus habita numa
dimensão inacessível, que
nenhum homem jamais viu a
Deus”. São Tomás de
Aquino, sem dúvida o maior
teólogo da Igreja, afirmou:
“É impossível saber a
natureza de Deus”.
5. Por isso é que a Fé não é fruto
de um conhecimento, mas de
um dom gratuito de Deus.
Atribuímos a Ele atributos
humanos (bom, justo,
compassivo, verdadeiro)
porque não temos outra
maneira de senti-lo dentro
de nós.
6. É mais uma intuição do que um
raciocínio. Podemos “intuir” sua
presença numa música, numa
poesia, num pôr de sol, no sorriso
de uma criança. É uma intuição
que nem sempre percebemos
porque nos falta silêncio interior.
A intuição de Moisés foi clara:
“Eu sou aquele que é”
e nada mais foi dito.
7. Infelizmente, por ignorância ou
por simplicidade, atribuímos a
Deus coisas absurdas, como se Ele
fosse responsável pelos nossos
males. Cito alguns exemplos para
que fique claro o que estou
afirmando.
8. Já faz algum tempo, fui
conhecer um santuário de
uma cidade de Goiás. Na sala
dos “milagres”, pendurado,
um quadro imenso
mostrando dois homens e
uma onça. Em baixo, a
explicação.
9. “Por ordem do patrão, eu e o
Jorge, fomos encarregados de
matar uma onça que estava
comendo os bezerros. De repente,
ela aparece na nossa frente e
pulou em cima de mim. Gritei:
‘Divino Padre Eterno, me ajude’.
10. Imediatamente, a onça me
largou e, pela graça de
Deus, pegou meu
companheiro e o matou.
Tive tempo de fugir.
Deus é fiel”. Meu leitor,
pense o que você quiser,
mas esse tipo de Deus não
existe.
11. Por que a onça escolheu o
outro, não sei. Só sei que
Deus não foi. Talvez o Jorge
fosse mais gordinho...
Outro fato: Há poucos
meses, um ônibus caiu
numa ribanceira
provocando a morte de 19
pessoas.
12. Um, dos que escaparam, fez a
seguinte declaração: “Graças
a Deus consegui sair vivo,
sem nenhum arranhão”. Por
que “graças a Deus?”. Por que
Deus não ajudou os outros 19
que morreram?
Esse Deus não existe.
13. Outro exemplo: “Bati a
penalidade máxima e, graças
Deus, fiz o gol”. Por que Deus não
ajudou o goleiro que estava em
situação muito pior? Por que não
rezou?
14. Mais um exemplo: Numa viagem de
Uberlândia para Uberaba, um carro
com um casal capotou. A esposa,
grávida, de vinte e poucos anos,
morreu. Fui ao velório. Enquanto
orava diante do corpo, uma senhora
se aproximou da mãe que estava em
frente e disse o seguinte:
15. “Tenha confiança, foi a vontade
de Deus, devemos aceitá-la”.
Mais uma vez, esse tipo de Deus
não existe. Foi Deus o
responsável? Por que não a
imprudência do motorista ou
algum defeito na máquina?
Atribuir a Deus tamanha
crueldade?
16. O homem vem, há tempos,
alterando e agredindo as leis da
Natureza. As consequências
estão aí: terremotos, furacões,
vendavais, enchentes, tsunamis,
doenças estranhas (câncer,
alzheimer, aids) se multiplicam.
Deus é o responsável?
17. Já não é tempo de revermos
nossas crenças? Que ideia
faço de Deus? Será que ando
pensando que Deus é
manipulável? Será que há
gente que pensa que Deus
bate pênalti? Será que você
pensa que Deus joga ônibus
no buraco.
Padre Prata
25/10/2015
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TEXTO: PADRE PRATA
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DATA : 07 DE NOVEMBRO DE 2015