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DIAGNÓSTICO DA MATA ATLÂNTICA
RELATÓRIO FINAL DO PROJETO – ABRIL DE 2015
CARACTERÍSTICAS
DA PARTICIPAÇÃO
165 PESSOAS DE 139
ORGANIZAÇÕES DE
PARTICIPARAM DO
DIAGNÓSTICO ATRAVÉS DE
ENTREVISTAS DIRETAS OU
RESPONDENDO AO
QUESTIONÁRIO ONLINE.
PARTICIPAÇÃO POR SETOR DE ATIVIDADE
Valores acumulativos – Uma mesma pessoa pode escolher dois setores de atividade distintos
1
2
3
5
9
9
14
16
31
73
SETOR FINANCEIRO
AGÊNCIA DE COOPERAÇÃO
SINDICATOS E/OU ASSOCIAÇÕES DE CLASSE
MÍDIA
CONSULTORIA
REDE DE ORGANIZAÇÕES
ACADEMIA
SETOR PRODUTIVO
SETOR PÚBLICO
ONG
TERRITÓRIOS COM MAIOR INCIDÊNCIA DE ATUAÇÃO
Valores acumulativos – Uma mesma pessoa pode escolher vários territórios distintos
14
15
17
20
22
23
26
30
32
33
ES
RJ
AIMORÉS
BACIA DO RIO DOCE
MG
PR
BA
SUL DA BAHIA
BRASIL
SP
ANÁLISE SEMÂNTICA
METODOLOGIA
E VISÃO GERAL
CONSTITUIÇÃO DA BASE DE DADOS
O conteúdo das entrevistas passa por um processo de análise semântica que lastreia as
falas das pessoas em categorias. Essas categorias são tratadas como nós de rede. A
estrutura da base de dados se funda na relação das pessoas com essas categorias e na
relação entre as próprias categorias, identificadas também nas falas das pessoas. Veja o
exemplo abaixo:
Autor: Severino Rodrigo
Texto Bruto: Formar pessoas
capacitadas para governos,
iniciativa privada e tomadores de
decisões sobre uma agenda
estratégica de conservação para o
bioma Mata Atlântica que passa por
economia, restauração e serviços
ambientais.
Temas Estruturantes:
• formar pessoas capacitadas
• governos, iniciativa privada e
tomadores de decisões
• agenda estratégica de
conservação
• economia
• restauração
• serviços ambientais
Categorização
• Capacitação e Formação
• Capacidade Técnica
• Intersetorialidade
• Conservação
• Restauração
• Desenvolvimento Econômico
• Serviços Ambientais
 
CONSTITUIÇÃO DA BASE DE DADOS
Grafo resultante
CONSTITUIÇÃO DO GRAFO
Essa é a primeira visão da relação existente entre os nós. Por aqui é possível apenas ver a densidade
das relações. Quando mais poluída a imagem, mais densa ou seja, maior o número de relações
existentes no sistema. O grafo resultante das entrevistas externas possui uma densidade elevada,
porém não exaustiva. Isso indica uma alta relevância do tema e uma diversidade de subtemas elevada,
ou seja, um ambiente bastante fértil para orientar um plano estratégico.
CONSTITUIÇÃO DO GRAFO
O algoritmo utilizado para que fosse alcançada a configuração de distribuição de rede utilizada no
processo de análise foi o Force Atlas. Esse algoritmo organiza os nós pela força da relação entre eles,
procurando separar os chamados "small worlds", núcleos super conectados, da "free scale network", a
dimensão mais periférica da rede. O que se pretende com isso é ter-se maior visibilidade de redes dentro
de redes, tomar-se conhecimento de padrões de agrupamento menores que possibilitam o entendimento
do padrão macro da rede.
CENTRALIDADE
CENTRALIDADE
A centralidade do nó pode ser vista como uma medida da influência ou importância num modelo de rede.
Como aqui lidamos com um modelo que relaciona pessoas e elementos inanimados, não podemos falar
de influência e sim de importância. O tamanho dos nós nesse contexto mostra a sua importância no
componente conectado.
CENTRALIDADE
A centralidade do nó pode ser vista como uma medida da influência ou importância num modelo de rede.
Como aqui lidamos com um modelo que relaciona pessoas e elementos inanimados, não podemos falar
de influência e sim de importância. O tamanho dos nós nesse contexto mostra a sua importância no
componente conectado.
CENTRALIDADE
Aqui os nós destacados com a percepção de centralidade. As cores e o tamanho da letra ajudam nessa
percepção. Quanto mais escura a cor, mais central o nó. Da mesma forma, quanto maior a letra, mais
central.
CENTRALIDADE – TOP 10
A lista abaixo mostra os 10 nós com maior capacidade estruturante no grafo originado pelas entrevistas
externas. No exercício de modelagem, seria possível compor um cenário a partir da combinação entre
eles. Compare com os top 10 das entrevistas com o público interno e os top 10 temas encontrados pelo
Webcrawling:
1. Desenvolvimento Econômico
2. Serviços Ambientais
3. Corredores Ecológicos
4. Criação de Novas UCs
5. Economia Sustentável
6. Gestão de UCs
7. Agricultura
8. Biodiversidade
9. Relação com Comunidades
10. Proteção de Mananciais
1. Crise Hídrica
2. Economia Forte
3. Turismo
4. Engajamento de Pessoas
5. Modelo de Desenvolvimento
6. Turismo Ecológico
7. Agricultura
8. Mapa de Áreas Prioritárias
9. Diversidade
10. Capacidade Associativa
1. Desmatamento
2. Bacia Hidrográfica
3. Mangues
4. Responsabilidade Social
5. Doenças
6. Contaminação
7. Ecologia
8. Fauna
9. Economia
10. Florestas
EXTERNAS INTERNAS WEBCRAWLING
CENTRALIDADE – TOP 10 – RELAÇÕES DIRETAS
Veja as conexões diretas entre os top 10 temas nas diferentes camadas de dados coletadas. Cores
iguais em colunas diferentes representam a recorrência do tema em camadas de dados distintas. As
células cinzas representam os temas que não têm conexão direta.
Entrevistas Externa Entrevistas Internas Webcrawling
Desenvolvimento Econômico Crise Hídrica Desmatamento
Serviços Ambientais Economia Forte Bacia Hidrográfica
Corredores Ecológicos Turismo Mangues
Criação de Novas UCs Engajamento de Pessoas Responsabilidade Social
Economia Sustentável Modelo de Desenvolvimento Doenças
Gestão de UCs Turismo Ecológico Contaminação
Agricultura Agricultura Ecologia
Biodiversidade Mapa de Áreas Prioritárias Fauna
Relação com Comunidades Biodiversidade Economia
Proteção de Mananciais Capacidade Associativa Florestas
CENTRALIDADE – TOP 10 - RELAÇÕES INDIRETAS
Veja as conexões diretas e indiretas entre os top 10 temas nas diferentes camadas de dados coletadas.
Cores iguais em colunas diferentes representam a recorrência do tema direta ou indiretamente em
camadas de dados distintas.
Entrevistas Externa Entrevistas Internas Webcrawling
Desenvolvimento Econômico Crise Hídrica Desmatamento
Serviços Ambientais Economia Forte Bacia Hidrográfica
Corredores Ecológicos Turismo Mangues
Criação de Novas UCs Engajamento de Pessoas Responsabilidade Social
Economia Sustentável Modelo de Desenvolvimento Doenças
Gestão de UCs Turismo Ecológico Contaminação
Agricultura Agricultura Ecologia
Biodiversidade Mapa de Áreas Prioritárias Fauna
Relação com Comunidades Biodiversidade Economia
Proteção de Mananciais Capacidade Associativa Florestas
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Como caracterizado anteriormente, o desenvolvimento econômico aparece como um ponto crítico, hora
apontado como uma virtude, um ponto em favor de um horizonte favorável ao bioma, hora como vilão, causa
do estado atual de desmatamento. Há um consenso, no entanto no sentido de que essa é uma variável que
não pode ser desconsiderada em qualquer estratégia que vise desde a preservação de remanescentes, até a
restauração do bioma. Muito além de negar a necessidade do vetor econômico, há um alerta para a revisão
do modelo mental que orienta o padrão atual de desenvolvimento.
Nesse sentido, os discurso apontam para uma ampla gama de novos caminhos para o desenvolvimento que
não externalizam custos ambientais, pelo contrário, aliam o resultado econômico à preservação, conservação
e até restauração do Bioma. Todos esses caminhos derivam da Economia Sustentável e se relacionam
sobretudo a um novo padrão produtivo. São eles:
• Serviços Ambientais
• Economia da Madeira
• Economia de Plantas Medicinais e Cosméticas
• Economia de Frutíferas
• Economia Criativa
• Agricultura Ecológica
• Ecoturismo
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO – EGO-REDE
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
SERVIÇOS AMBIENTAIS
Tema intrinsecamente ligado ao desenvolvimento econômico, é visto como um caminho para a
conservação dos remanescentes do Bioma. O tema também está diretamente conectado à Crise Hídrica, o
que pode de alguma forma justificar a alta relevância com que aparece no sistema pesquisado.
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
SERVIÇOS AMBIENTAIS – EGO-REDE
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
CORREDORES BIOLÓGICOS
Foram mencionados como a principal metodologia de restauração e como uma resposta imediata ao
problema da fragmentação dos remanescentes do Bioma. Aparecem também muito próximos da
problematização da Agricultura, sobretudo da monocultura.
Há um consenso no sentido de que uma política pública específica sobre o tema deve ser implementada
para que a arquitetura de corredores possa ser feita em uma escala que produza resultados sobre os
serviços ambientais prestados pelo Bioma, um maior fluxo genético de espécies. Hoje os corredores são
definidos pelo SNUC e seu reconhecimento depende do Ministério do Meio Ambiente.
Outro ponto apontado pelos participantes como uma condicionante para a implementação dos corredores
ecológicos é o engajamento de comunidades do entorno de áreas protegidas e também dos proprietários
de terras e produtores.
Os corredores são uma medida de gestão e ordenamento territorial.
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
CORREDORES BIOLÓGICOS – EGO-REDE
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
CRIAÇÃO DE NOVAS UCs
Diante do baixo nível de remanescentes do Bioma, há uma preocupação latente entre os entrevistados
com a conservação de áreas não protegidas, principalmente se considerada a meta do Índice Mínimo de
Cobertura Vegetal e a meta de restauração do Bioma de 8 para 35%.
Há uma preocupação localizada com os remanescentes do Sul da Bahia, que sofrem com a ação indireta
da monocultura. Pequenos proprietários que arrendam suas propriedades para o cultivo de Eucalipto e
invadem áreas de remanescentes para o cultivo de produtos não madeireiros.
A criação de novas áreas de conservação também teria de ser parte de uma política pública integrada de
planejamento florestal, como atestam alguns participantes.
Assim como ocorre com os Corredores Biológicos, a componente de relação com a comunidade e
produtores rurais aparece como uma condicionante para a criação de novas unidades, principalmente no
que se refere à garantia da não limitação do desenvolvimento econômico, o que seria um risco para o
sucesso da empreitada.
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
CRIAÇÃO DE NOVAS UCs - EGO-REDE
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
ECONOMIA SUSTENTÁVEL
Principal vetor de alteração do modelo de desenvolvimento econômico atual, como mencionado
anteriormente. A economia sustentável afeta sobretudo o setor produtivo e depende, segundo os
entrevistados, de uma política pública que garanta incentivos fiscais para que a competitividade das
empresas não seja prejudicada.
Há também um indício de que o sucesso do desenvolvimento do mercado de produtos sustentáveis
depende de um processo de conscientização que só pode ser alcançado através da educação
ambiental que alcance todos os setores da sociedade.
A economia sustentável também está associada à atividade agrícola. Com a evidência revelada pela
crise hídrica do grande consumo de água pelo atual modelo produtivo, ganha força a agenda da
produção orgânica e ecológica.
Pontos apontados como fundamentais para esse novo modelo produtivo são o acesso ao conhecimento
técnico e à tecnologia que possibilitem uma maior eficiência produtiva principalmente para os
produtores de pequena escala.
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
ECONOMIA SUSTENTÁVEL - EGO-REDE
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
GESTÃO DE UCs
A gestão de unidades de conservação, como já foi mencionado anteriormente, se associa diretamente
com a relação com as comunidades do entorno, considerados stakeholders de primeira ordem para a
manutenção das áreas de remanescentes. Esse processo, além de depender de um trabalho árdua de
educação ambiental, depende também da garantia de geração de emprego e renda à essa população.
A educação ambiental também figura como elemento fundamental para o engajamento do público em
geral. Isso seria possível através do uso público de unidades de conservação através da criação de
infraestrutura para o ecoturismo.
Outro ponto fundamental, associado à capacidade de fiscalização das áreas de conservação, é o
fortalecimento da capacidade de gestão dos municípios do entorno dessas áreas, o que depende da
disponibilidade de recursos públicos destinados para essa finalidade.
Um último ponto mencionado pelos entrevistados como um fator favorável à gestão de unidades de
conservação é a adoção massiva dos mosaicos de áreas protegidas.
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
GESTÃO DE UCs - EGO-REDE
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
AGRICULTURA
Sem dúvida um dos pontos que requerem maior atenção. Nos resultados trazidos pelo Webcrawling
foi apontada como a grande vilã no que se refere à conservação dos remanescentes do bioma. Não só
o desmatamento está associado como um problema de primeira ordem relacionado à Agricultura. O
uso de pesticidas e fertilizantes de maneira indiscriminada é listado como principal fator de
contaminação de recursos hídricos.
Além disso, como mencionado anteriormente, o elevado uso de recursos hídricos no processo
produtivo propriamente dito tem sido colocado em cheque diante do cenário de escassez hídrica que
se configurou no Sudeste ao longo dos últimos meses.
Também como mencionado anteriormente, a monocultura se apresenta como um risco às áreas de
remanescentes não protegidas do Bioma diante da ocupação irregular por parte de pequenos
produtores.
Além da agricultura orgânica, outra solução que figura no discurso dos entrevistados como um vetor
de um novo modelo produtivo é o conceito de Sistemas Agroflorestais.
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
AGRICULTURA - EGO-REDE
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
BIODIVERSIDADE
A Biodiversidade, ou a perda dela, é o tema que remonta ao desmatamento que aparece com tanta
frequência nos resultados obtidos através do Webcrawling.
Na camada de dados obtida através das entrevistas externas, aparece relacionada com a necessidade
de criação de corredores ecológicos e a possibilidade do incremento fluxo genético de espécies
provocado pelo aumento da cobertura vegetal.
Como pano de fundo, está associada ao desenvolvimento econômico, mais especificamente às novas
alternativas mencionadas pelos entrevistados, já que que atividades como a economia de frutíferas,
economia da madeira e a economia de plantas medicinais e de uso cosmético dependem do potencial
da biodiversidade.
Por conta do potencial econômico da biodiversidade, se conecta também ao tema da Floresta em Pé e
aos Sistemas Agroflorestais.
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
BIODIVERSIDADE - EGO-REDE
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
RELAÇÃO COM COMUNIDADES
Tanto nas entrevistas internas quanto nas externas, o tema apareceu de forma pronunciada. Como o
bioma da Mata Atlântica é altamente povoado, as poucas áreas de remanescentes estão cercadas de
adensamentos populacionais de naturezas distintas.
Uma boa parte dos entrevistados considera que o sucesso das estratégias de conservação e
restauração dependem de um bom relacionamento com essas populações do entorno dessas áreas,
pautada sobretudo por um processo consistente de educação ambiental e pagamento por serviços
ambientais.
O PSA é ainda mais relevante para a restauração em áreas privadas, na medida em que muitos
produtores enxergam a relação com o meio ambiente como empecilho e confiam muito pouco nessa
pouca lógica.
A relação com comunidades tem reflexo também em áreas urbanas, vetor imediato de pressão sobre
remanescentes e áreas de mananciais.
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
RELAÇÃO COM COMUNIDADES - EGO-REDE
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
PROTEÇÃO DE MANANCIAIS
Maior reflexo da Crise Hídrica no universo de dados coletado, a proteção dos mananciais se associa
ao impacto provocado pelo crescimento das cidades, a chamada mancha urbana e à pressão
provocada pelo fenômeno nas áreas de remanescentes do Bioma.
O Impacto gerado pelo aumento da mancha urbana se relaciona com o ordenamento territorial, mais
especificamente com as políticas de uso do solo e à ocupação irregular, fruto do crescimento
desordenado.
Além da conservação de remanescentes nesses territórios, há um consenso no sentido de que nos
próximos anos uma ação focada na restauração de áreas de entorno dos mananciais deverá ser
levada à sério não só pelo Poder Público, como também por todas as outras camadas de atores,
demandando uma abordagem Intersetorial que seja capaz de lidar com a complexidade do tema.
A complexidade se manifesta também na necessidade de uma política integrada que leva em
consideração, na gestão de recursos hídricos, a relação íntima existente entre o tema e a conservação
e demanda por restauração do Bioma.
TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS
BIODIVERSIDADE - EGO-REDE
PARTIÇÃO
METODOLOGIA
PARTIÇÃO – METODOLOGIA
Particionar ou clusterizar uma rede tem como objetivo tentar separá-la em partes para
que possam ser entendidos os seus padrões. Isso pode ser feito através de algoritmos ou
atributos definidos por quem faz a análise. Uma não exclui a outra e por isso nesse caso
consideramos importante experimentar as duas vias, proporcionando pontos de vista
distintos.
A partição por meio de atributos foi orientada para a emulação de cenários de futuro, já
que era esse o objetivo do Workshop com parceiros externos. Para esse fim, foram
criadas algumas categorias, principalmente pontos críticos, problemas e viabilizadores. A
lógica por trás desse método é: entender os problemas e pontos críticos encontrados no
passado e hoje, desenhar o futuro desejado e identificar os elementos que viabilizam
esse futuro.
No caso da partição matemática, o algoritmo utilizado é chamado modularidade. A
modularidade é uma medida da força de divisão de uma rede em módulos. A lógica que
um módulo é constituído por um triângulo de nós: quanto mais triângulo juntos, maior é
um grupo e mais perfis o constitui. As redes com alta modularidade têm conexões
densas entre os nós dentro de módulos, mas conexões esparsas entre nós em diferentes
módulos.
PARTIÇÃO
TIPOS DE NÓS
PARTIÇÃO – MODULARIDADE
O grafo mostra a rede particionada pelos tipos atribuídos aos nós. Esse tipo de participação serve
sobretudo para que possa ser analisada a localização de nós de uma determinada categoria em relação
às outras. Para isso, veremos a relação das 3 categorias principais criadas (pontos críticos, problemas e
viabilizadores) em relação à outras: territórios, pessoas, organizações e objetivos estratégicos. Nos
próximos slides veremos essas categorias separadas.
PARTIÇÃO – TIPOS DE NÓS
PONTOS CRÍTICOS
TOP 10 PONTOS CRÍTICOS
Desenvolvimento Econômico
Serviços Ambientais
Biodiversidade
Uso dos Recursos Hídricos
Agricultura
Uso do Solo
Proteção de Mananciais
Mudança de Modelo Mental
Lei da Mata Atlântica
Zonas de Transição
PARTIÇÃO – TIPOS DE NÓS
PROBLEMAS
TOP 10 PROBLEMAS
Crise Hídrica
Uso de Agrotóxicos
Contaminação de Recursos Hídricos
Contenção de Encostas
Obras de Infraestrutura
Mudanças Climáticas
Monocultura
Ocupação Irregular
Mancha Urbana
Fragmentação de Remanescentes
PARTIÇÃO – TIPOS DE NÓS
VIABILIZADORES
TOP 10 VIABILIZADORES
Educação Ambiental
Criação de Novas UCs
Relação com Comunidades
Gestão de UCs
Corredores Biológicos
Economia Sustentável
Intersetorialidade
Fiscalização de Áreas Protegidas
Manejo Sustentável
Ecoturismo
PARTIÇÃO
MODULARIDADE
PARTIÇÃO – MODULARIDADE
O grafo mostra a rede particionada pelo algoritmo de modularidade. Na modelagem foram encontradas 8
comunidades, compostas matematicamente pela triangulação de nós explicadas anteriormente. Nos
slides seguintes, é possível ver as quatro principais comunidades de maneira isolada e com maior
proximidade. O que significa essa partição? Que os nós de cada cluster podem ser tratados como um
grupo de afinidade que deve ser tratado estrategicamente de maneira integrada.
PARTIÇÃO – MODULARIDADE
Esse cluster mostra o subsistema que se conecta com o objetivo estratégico restauração. Significa que
qualquer estratégia voltada para esse fim tem que levar em conta, de acordo com os dados levantados
pelas entrevistas externas, todos os nós que aparecem no grafo, com maior ou menor prioridade. Essa
prioridade pode sim ser definida de acordo com o tamanho dos nós mas isso não é fundamental. O que
sim é fundamental, repetindo, é que a estratégia leve em consideração todo o conjunto.
PARTIÇÃO – MODULARIDADE
Esse cluster mostra o subsistema que se
conecta com o território de Aimorés.
Significa que qualquer estratégia voltada
para esse território tem que levar em conta,
de acordo com os dados levantados pelas
entrevistas externas, todos os nós que
aparecem no grafo, com maior ou menor
prioridade. Essa prioridade pode sim ser
definida de acordo com o tamanho dos nós
mas isso não é fundamental. O que sim é
fundamental, repetindo, é que a estratégia
leve em consideração todo o conjunto.
PARTIÇÃO – MODULARIDADE
Esse cluster mostra o subsistema que se conecta com o objetivo estratégico conservação. Significa que
qualquer estratégia voltada para esse fim tem que levar em conta, de acordo com os dados levantados
pelas entrevistas externas, todos os nós que aparecem no grafo, com maior ou menor prioridade. Essa
prioridade pode sim ser definida de acordo com o tamanho dos nós mas isso não é fundamental. O que
sim é fundamental, repetindo, é que a estratégia leve em consideração todo o conjunto.
PARTIÇÃO – MODULARIDADE
Esse cluster mostra o subsistema que se
conecta com o território de do Sul da Bahia.
Significa que qualquer estratégia voltada
para esse território tem que levar em conta,
de acordo com os dados levantados pelas
entrevistas externas, todos os nós que
aparecem no grafo, com maior ou menor
prioridade. Essa prioridade pode sim ser
definida de acordo com o tamanho dos nós
mas isso não é fundamental. O que sim é
fundamental, repetindo, é que a estratégia
leve em consideração todo o conjunto.
PARTIÇÃO
DESCRIÇÃO DOS CLUSTERS
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO - CARACTERIZAÇÃO
Assim como ocorreu com o público interno, as entrevistas realizadas com o público externo mostram a componente
econômica como um fator estruturante. O tema já havia aparecido com força também no Webcrawling, figurando
como um dos dez mais relevantes no universo pesquisado. Essa ocorrência pode ser facilmente entendida quando
lembramos que 70% da população do país vive em áreas ocupadas pelo Bioma.
Tanto nas entrevistas externas quanto no Webcrawling a ocorrência está relacionada ao impacto do modelo de
desenvolvimento atual sobre o bioma. A Agricultura tem um papel preponderante nesse cenário, seja através do
chamado desmatamento formiga, caracterizado pelo avanço sobre remanescentes em pequenas propriedades,
como também da monocultura, que através do arrendamento de áreas de cultivo de pequenos proprietários, força a
ocupação de áreas de remanescentes.
Outro elemento relacionado a essa variável crítica é a expansão de grandes centros urbanos e a pressão que o
fenômeno exerce sobre áreas remanescentes e principalmente sobre áreas de mananciais. Essa pressão ocorre
também em zonas turísticas, principalmente na costa, onde a expansão imobiliária gera uma demanda por serviços,
atraindo mão de obra e via de consequência a ocupação de áreas de remanescentes, muitas vezes de forma
irregular.
Um último fator de pressão relevante diz respeito à grandes obras de infraestrutura. O investimento na extração do
Pré-Sal por exemplo, levou à ampliação do Porto de São Sebastião, em São Paulo, instalado em uma área de
incidência do Bioma. Além da expansão do porto em si, que gera um impacto na Zona de Transição para o Bioma
Marinho, outras obras como o gasoduto e a ampliação da Rodovia dos Tamoios ampliam o território impactado e
causam efeitos de segundo nível como a ocupação que deriva de uma nova demanda por serviços.
O cenário descrito nas entrevistas internas é mais endêmico. O público entrevistado não tem a preocupação com o
bioma como uma questão crítica de fato. O que está em pauta é a resolução do conflito decorrente da construção
da Usina de Aimorés e a qualidade da relação do público afetado com a Vale. Nesse contexto, o desenvolvimento
econômico é visto como ferramenta para apaziguar ânimos.
ORDENAMENTO TERRITORIAL - CARACTERIZAÇÃO
A necessidade de uma visão territorial foi amplamente mencionada nas entrevistas externas. O Webcrawling já
havia mostrado que a visão de territórios preponderante está intrinsecamente ligada às Bacias Hidrográficas
compreendidas pelo Bioma. Essa necessidade de adoção de uma visão mais ampla de territórios se dá sobretudo
em detrimento de uma visão tradicionalista marcada por fronteiras políticas.
Problemas como a crise hídrica mostram que uma abordagem mais ampla e a integração de políticas se faz
necessária para que o bioma continue sendo o provedor de serviços ambientais às 110 milhões de pessoas que
habitam seu território. Retomando a questão da crise hídrica, já existe hoje um entendimento de que o avanço da
fronteira agrícola no Norte do Mato Grosso e a quase extinção do Cerrado levaram à diminuição da faixa contínua
de umidade que garante o ciclo hídrico no Sudeste. Esse fator, somado ao avanço sobre áreas de remanescentes e
áreas de mananciais em virtude de atividades produtivas e da expansão da mancha urbana provocaram a crise
vivida nesse momento. Apesar disso, muitas das respostas ainda estão marcadas pela divisão política ou seja,
quando perguntadas sobre o território de incidência de seu trabalho, muitas pessoas se limitaram a mencionar o
Estado no qual trabalham.
Outro ponto importante a respeito do Ordenamento Territorial é a priorização. A existência ou necessidade de um
mapa que aponte os territórios prioritários para a ação. O IBGE elaborou um caracterizando o território de
aplicação da Lei da Mata Atlântica. Esse mapa foi mencionado como o território oficial da Mata Atlântica, a zona
legal de incidência. Há uma preocupação no entanto com a integração de esforços em áreas prioritárias que ainda
não estão definidas. Essa priorização é simples se a territorialidade estiver atrelada às Bacias Hidrográficas, como
sugere o resultado do Webcrawling. Esse foco daria conta das grandes obras de infraestrutura, já que a
preocupação com o fenômeno ocorre sobretudo quando se dá em áreas de remanescentes. Essa priorização
inclusive já acontece no âmbito dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Nas outras áreas de remanescentes que
ainda sofrem pressão, essa incidência não é tão evidente. A zona ocupada pela agricultura é dispersa demais e
abrange subclassificações do Bioma que requerem abordagem distintas, como as Florestas Estacionárias e outras
áreas como as Zonas de Transição entre Biomas.
ÁREAS PROTEGIDAS - CARACTERIZAÇÃO
Nos 10 anos de ocorrências pesquisados pelo Webcrawling, o Desmatamento deu a tônica, ocupando o topo da
lista dos temas mais recorrentes no conteúdo relacionado com a Mata Atlântica. Essa ocorrência não se confirmou
nas entrevistas internas e externas. Apesar de ter sido mencionado algumas vezes, o olhar tanto do público interno
como externo parece não estar voltado à problematização e sim à busca de soluções. Nesse sentido, dois dos
pontos mais relevantes no sistema mapeado foram Restauração e Conservação. Esses pontos aparecem de
maneira distinta nos ambientes interno e externo.
No ambiente interno, figuram em clusters diferentes, não como forças opostas, mas como ações de natureza
distintas que requerem esforços e competências distintas. No ambiente externo esse modus operandi não se
confirma. A maioria das pessoas reconhece que, apesar de serem sim ações de natureza distinta, devem caminhar
de maneira conjunta.
Como decorrência desses dois vetores de ação principais, dois pontos aparecem com bastante relevância: a gestão
das unidades de conservação existente e a criação de novas áreas. Há um consenso, principalmente em relação à
fragmentação de remanescentes, reportada como um problema de primeira ordem, que a criação de novas
unidades de conservação para a constituição de corredores ecológicos é uma prioridade. Por outro lado, há um
consenso também no sentido de que, um projeto eficiente de conservação das unidades existentes depende de
uma ação também eficiente de engajamento das comunidades do entorno das áreas protegidas.
Outro ponto relevante apontado pelo público externo como preponderante principalmente para a gestão das
unidades de conservação existentes é um trabalho intenso de educação ambiental com a sociedade de maneira
geral. Uma maior flexibilidade para a interação do público com essas áreas, através de ferramentas como o
Ecoturismo são vistas como ações essenciais.
LEGISLAÇÃO - CARACTERIZAÇÃO
Apesar da existência de um conjunto legal destinado ao Bioma, principalmente da chamada Lei da Mata Atlântica, o
público externo aponta para a necessidade principalmente de um esforço maior na aplicação do conjunto existente.
Esse cluster tem uma intersecção bastante evidente com o cluster do desenvolvimento econômico, mostrando uma
relação de força ou da falta dela em relação à capacidade de resiliência de áreas protegidas ou da necessidade de
restauração frente ao modelo de desenvolvimento atual.
Apesar da necessidade de uma visão integral da territorialidade da Mata Atlântica, o discurso aponta para uma
tensão saudável entre essa ampliação do foco e a necessidade de regionalização de políticas públicas. Isso se
deve sobretudo ao fato de o Bioma apresentar peculiaridades regionais que aparentemente requerem metodologias
de abordagem diferentes, caso das já mencionadas Floresta Estacionária e Zonas de Transição.
Outro ponto relevante identificado é o Código Florestal. Com uma intersecção bem clara com o ponto crítico da
Agricultura, a discussão sobre o Código ganhou força novamente com a crise hídrica do Sudeste. Nesse aspecto,
os participantes apontam para a necessidade de uma ação integrada entre setores para a constituição de um
conjunto de políticas públicas capazes de lidar com a complexidade da abordagem necessária.
Como vetores de força decorrentes desse ponto, estão a execução dos Planos de Manejo da Mata Atlântica e a
necessidade de fortalecimento da capacidade de gestão dos municípios existentes na área do Bioma, vista como
um elemento fundamental para a aplicação da lei e de um mecanismo eficaz de fiscalização de áreas protegidas.
ANÁLISE SINTÁTICA
METODOLOGIA
BUSCANDO PALAVRAS RELEVANTES
Um dos passos importantes da Análise Semântica é a Análise Sintática, a busca de palavras mais utilizadas que
levam à criação das categorias do segundo passo de análise, mais sofisticado. A Análise Sintática é simples,
impulsionada por um algoritmo que elimina palavras comuns e revela outras que são mencionadas de forma
recorrente nos discursos das pessoas.
Ainda assim, tem um valor muito grande em termos de análise, pois permite identificar o jargão mais comumente
utilizado pelas pessoas na descrição de contexto pelas pessoas. Assim, permite a apropriação de uma ontologia
sobre determinado tema.
Aqui separamos as perguntas do questionário, buscando identificar essa recorrência em cada uma delas. A seguir,
identificamos as cinco palavras mais relevantes em cada um desses cenários e buscamos manualmente exemplos
que trouxessem usos diferentes dessas palavras no mesmo contexto. Os slides seguintes mostram essa
segmentação.
EIXO VISÃO DE FUTURO
EIXO VISÃO DE FUTURO - ÁREAS
• Expansão ao máximo das áreas de recuperação desses ecossistemas.
• Aquisição de territórios que podem ser ligadas a outras áreas, criando novas zonas de
preservação.
• Áreas isoladamente são muito fragmentadas.
• Trazer para visitação, abrir uma parte das áreas, ter educação ambiental, e viver mais
isso.
• O ponto de maior tensão para a Vale não pega nem tanto as áreas de restauração,
mas as áreas que tem que ser conservadas.
• Capacitação dos municípios pra trabalhar com as áreas verdes do município.
EIXO VISÃO DE FUTURO - CONSERVAÇÃO
• Iniciativas que consigam conjugar 3 elementos: geração de renda,
proteção/conservação ambiental e desenvolvimento/proteção social.
• Importante termos os fundos para Mata Atlântica e unidades de conservação
implementados.
• A conservação do meio ambiente pode até promover o desenvolvimento econômico,
não implica em atraso econômico nem em exclusão social.
• Formar pessoas capacitadas para governos, iniciativa privada e tomadores de
decisões sobre uma agenda estratégica de conservação para o bioma.
• Conservação e restauração florestal de Mata Atlântica em áreas privadas como um
importante vetor de atuação, com dividendos climáticos importantes.
• Não há como se trabalhar, hoje em dia, somente com proteção, somente com criação
de Unidades de Conservação, o grande desafio é trabalhar com os pequenos
produtores rurais.
EIXO VISÃO DE FUTURO - BIOMA
• Ações no bioma que estejam relacionados a água.
• Criação de Unidades Federais de proteção integral tanto na mata atlântica quanto no
mar, que já que tem conexões entre os biomas marinho e mata atlântica.
• Atingir um índice mínimo de cobertura vegetal no bioma, no caso, a meta da
Convenção sobre Bodiversidade Biológicas.
• Maior valorização financeira dos produtos da biodiversidade e valorização social dos
serviços associados à biodiversidade do bioma.
• Estima-se que metade dos municípios localizados no bioma Mata Atlântica, são
vulneráveis às mudanças climáticas, seja por conta das questões relacionadas a
elevação do nível do mar, seja relacionada a questões de enchentes, deslizamentos,
alagamentos, seja em questão de deslocamento de atividades agrícola por mudanças
climáticas
• Fundamental que os proprietários rurais olhem com outros olhos o bioma, como uma
estratégia de composição de renda, estimulado a produção de frutos nativos ou mesmo
através de pagamento de serviços ambientais.
EIXO VISÃO DE FUTURO - DESENVOLVIMENTO
• O ideal para ter desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica é, primeiro, ter o
zoneamento das áreas, e depois um planejamento a partir deste diagnóstico.
• Áreas degradadas passarão a ser vistas como locais com potencial de promover o
desenvolvimento sustentável por meio do retorno da floresta, uma floresta que pode
ter utilização com retorno financeiro.
• Desenvolvimento de Políticas Públicas inteligentes para dar escala a projetos.
• Desenvolvimento sustentável deve passar por um trabalho de educação ambiental,
mostrar a importância do bioma para a sobrevivência das pessoas, a importância de
preservação dos mananciais.
• Temos que rever o modelo de desenvolvimento global, no nosso país e nesse bioma
especificamente. Acho que tem muitos empreendimentos que não levam em conta a
conservação dos remanescentes que existem e a possibilidade de restauração
• Desenvolvimento coordenado entre todos os estados, respeitando a vocação de cada
estado/região.
EIXO VISÃO DE FUTURO - REGIÃO
• Criar florestas econômicas é uma solução. E certamente uma floresta econômica,
madeira é cada vez um produto mais nobre e caro, e é a vocação da região.
• Teria que ser feito um trabalho muito grande de conscientização, de tentar atrair
negócios para a região, fazer um estudo socioeconômico pra saber o que é possível,
pra tentar fazer as pessoas ficarem na região.
• O desafio é estar na região mais desenvolvida do pais, aonde a pressão entrópica é
maior, e preservar esses ambientes onde eles prestam serviços ambientais pra gente
funcionar
• A paisagem de pastagens e de monoculturas ainda é muito forte nos entornos das
Unidades de Conservação, então o desenvolvimento sustentável também passa por
melhorar a tecnologia de uso do solo nessas regiões.
• Parques abertos ao público, criando uma relação direta com a população para que
passem a entender a importância dessas áreas e sintam-se envolvidos com o tema,
revertendo a ideia de que são áreas improdutivas que atrapalham o desenvolvimento
da região.
• Instalação de corredores para reconectar os fragmentos que restaram, sobretudo nas
regiões mais críticas do país.
EIXO PONTOS POSITIVOS
EIXO PONTOS POSITIVOS - ÁREAS
• Temos que refletir e ponderar sobre as ultimas áreas naturais que estão caindo e
precisam de alguma ação emergencial em escala.
• Só no sul da Bahia, tem 53 mil hectares de áreas degradadas, só no litoral, no sul da
Bahia. Então recuperar mata atlântica é uma tarefa imensa, enorme, importantíssima.
• Tem também manter áreas naturais em propriedade privadas, sem enfrentamento.
• Estabelecer uma agenda de popularização da Mata Atlântica perante as populações
urbanas, que também inclua ações de preservação dos remanescentes de Mata
Atlântica nas áreas sob influência urbana.
• As áreas preservadas com vegetação nativa devem gerar interesse nos proprietários
em preservá-las, e isso passa por numa compensação financeira e valorização das
áreas remanescentes.
• Constante interlocução com o poder público. Nós do setor privado e do terceiro setor
precisamos estar sempre presente nesta interlocução, cobrando o estado para que ele
exerça sua função de guardião também destas áreas.
EIXO PONTOS POSITIVOS - RECURSOS
• Importância de manutenção ao menos dessa vegetação próxima de recursos hídricos.
• Turismo é forma de atração de recursos e engajamento da sociedade, sobretudo no
domínio da mata atlântica que é onde está a maior concentração da população
brasileira.
• Criar um fundo onde os recursos sejam utilizados para melhorar as condições de vida
das comunidades tradicionais.
• Governo atua mais nos cenários de integração, coordenação e não como agente de
colocação de recursos para restauração ou conservação de áreas prioritárias, então
teremos que fazer uma ampla aliança com universidades, empresas e com o próprio
governo na questão de politicas públicas.
• Outra oportunidade que está aí é o CAR, não só com o cadastramento das
propriedades rurais, mas depois com a elaboração do PRA nas propriedades, isso está
na Lei mas precisa de recursos.
EIXO PONTOS POSITIVOS - PESSOAS
• Por mais que tenha pessoas, instituições, muitos agentes atuando, não há, do ponto
de vista do estado e da sociedade civil, pessoas que tenham capacidade de criar
espaços de discussão sobre o processo de produção mais sustentável.
• Pessoas que trabalham e militam na área de Meio Ambiente passaram a entender que
têm que envolver o proprietário rural e entender as suas necessidades para ajudá-lo a
utilizar melhor a área produtiva de sua propriedade.
• Ensinar o manejo sustentável é um bom caminho para proteção do bioma, não só
fechar o local e proibir o uso, ensinar o manejo é um excelente caminho, a Mata
Atlântica tem todas as condições para produzir uma relação sustentável entre as
pessoas e o bioma.
• Outra questão é a capacitação dessas pessoas e das comunidades para
gerenciamento de projetos, talvez seja o maior gargalo que encontramos hoje é isso.
• Primeiramente a sociedade tem que abraçar essa causa. Quando falamos em
voluntariado, poucas pessoas querem ajudar. Fica difícil da gente conseguir parceria e
entender nosso objetivo.
EIXO PONTOS POSITIVOS - VALE
• O Governo do Estado sempre tem interesse em recuperar cobertura vegetal, e a Vale
por causa de Linhares é o parceiro ideal. Então o governo sempre lembra da Vale
nesses momentos.
• O investimento de grandes empresas como Votorantim no Vale do Ribeira, AES e a
própria Vale do Rio Doce, visando a própria sustentabilidade do negócio
• Oportunidade de atuação no Quadrilátero Ferrífero: remanescentes florestais de Mata
Atlântica e presença da Vale com suas atividades produtivas.
• As áreas que foram conservadas pela Vale não foram devastadas depois. As
oportunidades é tentar consorciar a produção econômica, com preservação do bioma:
espécie nativa com espécies comerciais.
• Nós precisamos pensar num turismo de um dia ou final de semana. É uma
possibilidade de trabalhar junto com a Vale, Instituto Terra, população ribeirinha.
EIXO PONTOS POSITIVOS - OPORTUNIDADE
• A oportunidade que temos é a de se antecipar para se adaptar para as mudanças
geradas por eventos climáticos extremos. Por exemplo a Embrapa. Ela trabalha na
questão da agricultura com a ideia de criar tecnologias para as culturas.
• A oportunidade existe, porque está prevista em Lei, mas precisamos estruturar este
mecanismo e isso depende não só do Governo Federal, mas de toda a sociedade, das
empresas se engajarem nesta questão.
• Incentivo ao plantio da madeiras da Mata Atlântica, porque a gente perdeu a
oportunidade de usar a madeira justamente porque a gente não plantou Mata
Atlântica, não houve manejo sustentável (só extração).
• Acho que a oportunidade colocada no momento é a crise hídrica. A água ou os
recursos hídricos como vetor ou âncora para o desenvolvimento sustentável é uma
oportunidade enorme para a recuperação da MA.
• Atores em busca de água, em busca de criar oportunidades sociais e econômicas para
populações marginalizadas, oportunidades para algumas atividades produtivas de
baixíssima rentabilidade, como é a pecuária em várias áreas de Mata Atlântica.
• Possibilidade de concretização de um novo acordo climático global na Conferência em
Paris, em 2015. E a Mata Atlântica oferece muitas oportunidades em termos de
projetos climáticos, relacionados ao uso da terra, porque ela foi floresta e isso vai
continuar a existir como potencialidade.
EIXO PONTOS NEGATIVOS
EIXO PONTOS NEGATIVOS - PESSOAS
• Radicalismo ambiental. As pessoas têm uma imagem muito negativa de mineração,
um preconceito, não sabem que para atuar com isso é preciso seguir uma série de
normas, procedimentos, tem multas muito altas e os grandes são os mais visados.
• O principal aspecto negativo que enfrentamos é a legislação, não há punição, as
pessoas que cometem crimes não sofrem sanções.
• Falta de uma planejamento, que é algo comum no nosso país. Falta de visão médio,
longo prazo, que é essa visão mais imediatista e que também é comum. Algo que não
é só do governo também, mas também uma questão das pessoas que não olham
muito longe e que não conseguem perceber que precisam preservar e cuidar.
• Falta de conhecimento das pessoas sobre espécies da Mata Atlântica, a Mata
Atlântica se distanciou muito da vista das pessoas nas cidades.
• Outra coisa complicada é que hoje em dia você não tem grandes desmatamentos de
mata atlântica, hoje em dia é um desmatamento de formiguinha: as pessoas vão
derrubando, queimando, aumentando a sua plantação de mandioca, de cana e sem
grandes desmatamentos com incêndios, que os satélites pegam. Isto se torna uma
coisa difícil de ser tratada.
EIXO PONTOS NEGATIVOS - VALE
• Manter a atuação e a imagem do Fundo Vale ainda desvinculada da Vale. Existem
vários projetos de restauração que não funcionam aqui.
• O segundo desafio é o que a gente chama de silvicultura de florestas nativas, o plantio
de florestas nativas. A gente sabe plantar eucalipto e não sabe plantar floresta nativa.
Não temos conhecimento e o que sabemos não está totalmente consolidado. Mas se
por um lado é um obstáculo, por outro é uma mega oportunidade para universidades,
empresas da área e Fundo Vale.
• Em nível de território, uma questão fundamental é a ausência do poder publico, e
essas cobranças que recaem em cima da Vale e do consorcio. Estamos sempre sendo
demandado por coisas que não tem nada a ver com o consorcio, mas somos
chamados pra resolver. Isso esta muito associado um problema que é comum em
Aimorés, e no Brasil todo, que é a ausência de poder publico local.
• A expectativa é muito alta em cima dessa conversa. A Vale é o caixa de tudo, a Vale
gera uma expectativa enorme em cima da Vale. Qualquer movimento gera reações
positivas e negativas.
EIXO PONTOS NEGATIVOS - QUESTÃO
• Falta de aplicação de políticas publicas. Falta de fiscalização. Obras de infraestrutura.
Tem uma estrada que corta uma floresta ao meio, a questão das hidrelétricas, lagos
para mineração, redes de alta tensão, essas coisas.
• Outra questão que é um risco evidente, e que também tem haver com as políticas
públicas e com a legislação, são alguns sinais que já percebemos vindo do Congresso
Nacional, do que será a próxima legislatura do Congresso Nacional (...) de alterações
da legislação, especialmente nas áreas protegidas e na legislação da Mata Atlântica.
• Quanto à questão da crise hídrica, acredito que, embora os cientistas, boa parte da
academia e boa parte das organizações de conservação já tenham alertado sobre este
risco, acho que ele bateu na nossa parte antes do que a gente esperava. Então
podemos correr um sério risco, pode levar por uma intensificação da busca por
recursos naturais, especificamente a água
• Falta apoio financeiro. A questão local também, politica é muito complicada de
trabalhar, não é seria na parceria. Falta compromisso de apoio local, estadual, federal,
é muito burocrático.
EIXO PONTOS NEGATIVOS - FALTA
• Falta de estruturação e integração entre os órgãos municipais e estaduais que lidam
com conservação ambiental.
• Falta de conscientização e educação do cidadão comum (e a vinculação na mídia não
contribui nesse sentido, muito pelo contrário).
• O quadro atual é bastante desesperador, sobretudo no Nordeste onde o que restou de
Mata Atlântica é ínfimo. Falta fiscalização das unidades que existem, e principalmente
da mata remanescente fora da área protegida.
• Falta de trabalho que ensine o pequeno produtor/pequeno proprietário a explorar a
Mata Atlântica de forma sustentável e equilibrada.
• Uso intenso de herbicidas e agrotóxicos em geral, que afetam demais a vegetação
nativa. Falta de fiscalização no campo, a fiscalização é feita apenas nas empresas,
mas não chega nas plantações que usam herbicidas muito nocivas para a flora nativa.
• Faltam pesquisas de silvicultura de nativa, sobretudo de longo prazo. Aumentar o
volume de informação e atualizá-las constantemente.
EIXO PONTOS NEGATIVOS - FAZER
• Estamos passando por um momento de grande investimento imobiliário, e acho
estranho que nas propagandas de lançamento dos loteamentos sempre é enfatizado a
existência de matas naturais, de mata atlântica nativa dentro dos loteamentos, mas as
pessoas esquecem que, para fazer o empreendimento foi devastada uma quantidade
enorme de mata.
• O grande desafio é obter escala em um território de tanta dispersão territorial,
diversidades culturais, fragmentos ambientais diferenciados. É preciso escolher qual
escala se quer, isso vai dar o norte do que se vai fazer: se é uma escala regional,
pontual ou de bioma.
• Há vários gargalos que a gente identifica nas políticas públicas, por exemplo o acesso
ao crédito. As populações que querem fazer algum negócio diferente do usual, que não
quer fazer plantio de arroz, soja, milho ou gado; elas tem muita dificuldade em acessar
o crédito.
• Na verdade é o que acontece hoje, o quadro atual. As comunidades e as empresas
não perceberem o valor da conservação destes recursos e fazerem uma exploração
insustentável na Mata Atlântica.
EIXO EXPECTATIVAS COM A
ATUAÇÃO DO FUNDO VALE
EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - CONSERVAÇÃO
• Através da conscientização da população e dos governantes sobre a situação do
bioma, possam evitar o que acontece hoje em São Paulo com a escassez de água,
considerado um exemplo de más políticas de conservação ambiental.
• A Vale demanda muita água em algumas atividades e o impacto que ocorre pode
sufocar os lençóis freáticos e demais recursos hídricos. Para conservação, pensar em
plantar árvores significa “plantar água”. E são poucas as iniciativas que associam
recursos hídricos com a preservação da Mata Atlântica.
• Fomento para planos de preservação da Mata Atlântica. Criar editais para os
municípios fazerem seus planos nesse tipo de linha mais de conservação e para
aplicação dessas ferramentas de gestão que já existem.
• Política de incentivos com uma percepção mais íntima dos movimentos e organizações
sociais, que aqui são muitos, que trabalham nessa linha de preservação da Mata
Atlântica, incluindo os atores que trabalham com a conservação produtiva do cacau e
universidades que trabalham na região com sistemas agroflorestais e agricultura
familiar.
• Trazer algo novo. Conseguir levantar, por exemplo, as experiências no Brasil e fora do
Brasil com relação a enxergar a conservação como ativo e propor projetos novos, que
envolvam as comunidades tradicionais, as comunidades locais, os interesses todos.
Temos muitos interesses divergentes no mesmo espaço geográfico.
EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - PROJETOS
• Alocação de recursos, tendo como referências para aprovação dos projetos, essa
vinculação com os Planos de Recuperação da e com os programas de regulamentação
ambiental na área rural, dando prioridade para as áreas de APP.
• O Fundo Vale já tem uma expertise nem promover a gestão compartilhada de projetos
de restauração florestal. Uma contribuição que acho que poderia é justamente na área
de conservação e restauração florestal, bem como em pesquisa, educação ambiental.
Com ênfase nas iniciativas da sociedade civil, do terceiro setor que é mais ágil e está
na frente dos governos.
• Muitas vezes se busca projetos de curto prazos, é preciso retorno, mas quando se trata
de serviços ecossistêmicos ou de questões ambientais em termos mais gerais, a
reconstrução é lenta e envolve um processo longo, e é preciso garantir recursos ao
longo desse caminho, se não pode-se perder anos de trabalho
• Financiar projetos em que se tenha a certeza de que os recursos estão bem
investidos e chegam na ponta e realizar monitoramento constante. Alcançar um nível
de eficiência como o dos PDAs, onde o recurso não se perde no caminho e chegam de
fato até a ponta.
EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - ÁREAS
• Sugestão de áreas de atuação: Manutenção dos remanescentes florestais, conexão
destes remanescentes, ajuda na fiscalização e monitoramento dessas áreas e
pesquisa.
• Criar editais e leis de financiamento que ultrapassem o diagnóstico e o planejamento
estratégico. Para muitas áreas já existem informações consolidadas e planos de ação
definidos (manejo de espécies em extinção, restauração ecológica etc.). Linhas de
atuação que não exigem grandes planejamentos, podem ter início imediato.
• Ações efetivas de recuperação ambiental da Atlântica, principalmente nas áreas de
influência urbana – então uma coisa é essa questão dos telhados verdes de Atlântica.
• Contribuir contra a crise hídrica, que é uma grande ameaça ao nosso
futuro: recuperação das áreas ao redor das represas e mananciais, proteger áreas de
beira de rio, recuperação de ciliar etc.
• Direcionar ações para a criação de novas reservas e áreas de proteção, inclusive a
compra de territórios para a criação de RPPNs
• Fazer algo parecido com a iniciativa BNDES atlântica: lançar editais para recuperação
de áreas degradas e empenhar recursos para a recuperação e conservação. A
iniciativa BNDES é um exemplo.
EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - RECURSOS
• Escolher uma região no Brasil para atuar isso gera mais efetividade nos recursos
investidos. Os cases que eles apresentariam incentivariam a outros financiadores a
investirem em outras regiões. Pensando que ele irá concentrar o recurso, eu pensaria
em investir no Extremo Sul da Bahia. Essa região possui manguezais maravilhosos,
mata atlântica, restinga e recife de coral. Focaria nesta região, pensando que não tem
muita gente trabalhando lá. Além de que o extremo sul da Bahia é uma das regiões
mais biodversas do mundo.
• Criação e implantação de programas e projetos de comunicação e educação
ambientais, com foco em aspectos de percepção sobre a Floresta Atlântica, sua
constituição e importância, e ações de prevenção, conservação e preservação, com
vistas a equilibrar a exploração dos seus recursos naturais.
• Criar laços e unir os diferentes atores que contribuirão para a evolução da Mata
Atlântica. Além do mais, o Fundo Vale tem a informações de ações que estão sendo
realizadas e que serão implementadas em um futuro próximo. Isso tudo é uma
importante fonte de dados que contribui com a organização dos projetos e com a
otimização de utilização dos recursos disponíveis.
• Acho que o poderia selecionar melhor territórios, ao contrario de dispersar os
recursos. Selecionar territórios na Mata Atlântica aonde, de fato, possa se um efeito
escalonado. Existem hoje estudos que podem embasar isto no Bioma.
EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - RESTAURAÇÃO
• É preciso, com muita inteligência, eliminar o impacto, principalmente gado e fogo, para
que a restauração possa acontecer de forma espontânea – particularmente nas áreas
de nascentes e ao redor de córregos e rios.
• Cada propriedade rural deve estabelecer de forma auto-declaratória quais são seus
limites, o que tem de reserva legal, o que tem de déficit de cobertura florestal e quais
são as implicações disso em termos de estratégia de restauração florestal.
• Apoiar a implementação modelos de produção que sirvam de exemplo/vitrine:
propriedade que tenha a sua produção baseada em serviços da biodiversidade
(produtos e subprodutos da biodiversidade). Lugar onde as pessoas possam visitar e
ver como um modelo de negócio, voltado principalmente para áreas degradadas que
precisam de restauração.
• Pensar conservação e restauração dentro das cidades é uma oportunidade bacana. E
isso se você pensar em mudança do clima, o que acontece em área de encosta, os
desastres, é uma oportunidade também.
• Pesquisas que são desenvolvidas na reserva natural da Vale. Participação mais efetiva
dentro do Pacto para Restauração da Atlântica, promover espaços para dialogo entre
diferentes instituições.
OPORTUNIDADES
ALTA DENSIDADE
Tanto os resultados obtidos através do Webcrawling quanto das entrevistas externas resultaram em um
alto volume de dados coletados e os grafos obtidos no processo de inteligência de redes mostraram uma
alta densidade, o que representa não só o fato de que há muita energia vinda de muitas partes para o
trabalho com o bioma, como também o fato de que há uma alta conectividade entre iniciativas.
Essa conectividade, no entanto não ocorre necessariamente por um alto grau de colaboração entre as
organizações. Há esforços louváveis de interlocução de atores com a finalidade de unir forças diante de
uma alta complexidade, natural pelo fato de o Bioma abrigar 70% da população do país. Vale observar se
esse esforço não encontra entraves no ego organizacional, o já conhecido padrão competitivo deflagrado
pelo instinto de sobrevivência das organizações e a disputa por recursos.
Outro ponto importante sobre a conectividade é a sua capacidade de transcender setores de atividade.
Muitas vezes, principalmente nas entrevistas externas, fica claro que não há de fato uma dinâmica
Intersetorial orientada para a manutenção e restauração do Bioma.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O fato de 70% da população do país estar inserida na zona de influência do Bioma explica o fato de essa
ser uma variável crítica que se repete em todas acamadas de dados coletadas. Como mencionado
anteriormente nesse documento, não há uma um sentimento de contrariedade à atividade econômica,
mas sim um desejo coletivo de que o modelo de desenvolvimento seja revisto.
O modelo de crescimento do país baseado na economia de commodities é um grande vilão para o esforço
de conservação de remanescentes e restauração do Bioma. A discurso aponta para a Agricultura como o
principal protagonista nesse cenário, principalmente a monocultura e seus efeitos colaterais, como a
invasão de áreas de remanescentes por pequenos produtores que arrendam suas propriedades para o
monocultivo, o uso indiscriminado de agrotóxicos que gera contaminação de cursos de água e a pressão
gerada pela demanda de infraestrutura necessária para o escoamento da produção.
O discurso aponta como caminho a chamada economia sustentável, que induz ao questionamento da
escala de produção e também a novos meios que integram a floresta à produtividade. Esse novo modelo,
no entanto carece de incentivos e meios que garantam à competitividade necessária para que futuramente
o velho modelo possa ser substituído.
COBERTURA VEGETAL
A crise hídrica vivida no Sudeste e em outras partes chama a atenção para o padrão de ocupação urbana,
e clama por um olhar territorial integrado que seja capaz de trazer soluções tão complexas quanto o
problema em si. A área total de remanescentes, estimada em 8% da cobertura original, é muito baixa para
garantir que os serviços ambientais que até então eram prestados pelo Bioma sigma existindo de maneira
regular.
A perspectiva de uma desestruturação do setor produtivo e do êxodo urbano em função da falta d’água
clama por uma planejamento de médio e longo prazo que se conduz por um único caminho, o da
restauração. Nesse sentido, entra aqui também a questão territorial. Há um consenso no sentido de se
reconhecer que as áreas protegidas no Bioma têm uma gestão eficaz, o que volta a atenção para as áreas
de remanescentes não protegidas e outras passíveis de restauração.
O discurso aponta para o fato de que o modelo mais adequado para que essa restauração surta efeitos
principalmente sobre a capacidade de o Bioma continuar prestando serviços ambientais aos 110 milhões
de brasileiros que vivem em sua zona de influência é através da criação de corredores ecológicos. Há
muitos esforços nesse sentido, mas a sensação de impotência diante de um baixo nível de compreensão
principalmente do setor produtivo, detentor das terras que seriam destinadas para tanto.
CARACTERIZAÇÃO DE USO DE UCs
Ainda na esfera da educação ambiental, existe um consenso no sentido de que o distanciamento
provocado pela restrição de acesso do público às unidades de conservação é um inimigo da conservação
e um limitador da capacidade de compreensão do público em geral a respeito da necessidade de
conservação e até restauração do Bioma.
O uso de forma sustentável dessas áreas através do ecoturismo é visto como uma alternativa saudável
para o engajamento de comunidades do entorno e para a educação ambiental, além de ser um elemento
transformador do modelo de desenvolvimento, capaz de gerar emprego e renda para as comunidades
próximas das UCs.
Países como a Costa Rica puseram em prática planos que têm como eixo estruturante a boa relação com
as florestas e o resultado em termos de conservação tem sido notáveis, servindo de exemplo para outros
países.
Existem organizações como a ABETA, ocupadas de defender a agenda do uso público sustentável de
UCs, mas a legislação rígida restritiva é fator limitante. A alteração dessa política de forma integrada, com
a criação da infraestrutura necessária para que o acesso ocorra de forma sustentável, é uma oportunidade
de criação de um paradigma que pode substituir o modelo predatório de crescimento baseado no
exaurimento de recursos naturais.
Para tanto, é necessário um esforço Intersetorial que provoque o surgimento de uma política pública
favorável
ATIVAÇÃO DE REDES
Como mencionado anteriormente, há esforços louváveis de ativação de redes já em curso, mas o dia a dia
das organizações deixa pouco tempo apara o exercício da colaboração e da construção coletiva. Esse
cenário acaba provocando um padrão caracterizado bem mais pela coordenação do que pela colaboração
propriamente dita.
O fluxo desse trabalho havia considerado a criação coletiva de cenários de futuro para a Mata Atlântica.
Esse tipo de trabalho não existe e é de extrema importância para o engajamento de atores influentes em
direção a uma estratégia comum, na qual os esforços individuais estejam conectados a objetivos
palpáveis e não a termos generalistas como conservação e restauração.
A retomada desse trabalho é uma enorme contribuição ao ecossistema de pessoas e organizações que
trabalham em prol do Bioma.
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Diagnóstico da Mata Atlântica revela desafios e oportunidades para conservação

  • 1. DIAGNÓSTICO DA MATA ATLÂNTICA RELATÓRIO FINAL DO PROJETO – ABRIL DE 2015
  • 3. 165 PESSOAS DE 139 ORGANIZAÇÕES DE PARTICIPARAM DO DIAGNÓSTICO ATRAVÉS DE ENTREVISTAS DIRETAS OU RESPONDENDO AO QUESTIONÁRIO ONLINE.
  • 4. PARTICIPAÇÃO POR SETOR DE ATIVIDADE Valores acumulativos – Uma mesma pessoa pode escolher dois setores de atividade distintos 1 2 3 5 9 9 14 16 31 73 SETOR FINANCEIRO AGÊNCIA DE COOPERAÇÃO SINDICATOS E/OU ASSOCIAÇÕES DE CLASSE MÍDIA CONSULTORIA REDE DE ORGANIZAÇÕES ACADEMIA SETOR PRODUTIVO SETOR PÚBLICO ONG
  • 5. TERRITÓRIOS COM MAIOR INCIDÊNCIA DE ATUAÇÃO Valores acumulativos – Uma mesma pessoa pode escolher vários territórios distintos 14 15 17 20 22 23 26 30 32 33 ES RJ AIMORÉS BACIA DO RIO DOCE MG PR BA SUL DA BAHIA BRASIL SP
  • 8. CONSTITUIÇÃO DA BASE DE DADOS O conteúdo das entrevistas passa por um processo de análise semântica que lastreia as falas das pessoas em categorias. Essas categorias são tratadas como nós de rede. A estrutura da base de dados se funda na relação das pessoas com essas categorias e na relação entre as próprias categorias, identificadas também nas falas das pessoas. Veja o exemplo abaixo: Autor: Severino Rodrigo Texto Bruto: Formar pessoas capacitadas para governos, iniciativa privada e tomadores de decisões sobre uma agenda estratégica de conservação para o bioma Mata Atlântica que passa por economia, restauração e serviços ambientais. Temas Estruturantes: • formar pessoas capacitadas • governos, iniciativa privada e tomadores de decisões • agenda estratégica de conservação • economia • restauração • serviços ambientais Categorização • Capacitação e Formação • Capacidade Técnica • Intersetorialidade • Conservação • Restauração • Desenvolvimento Econômico • Serviços Ambientais  
  • 9. CONSTITUIÇÃO DA BASE DE DADOS Grafo resultante
  • 10. CONSTITUIÇÃO DO GRAFO Essa é a primeira visão da relação existente entre os nós. Por aqui é possível apenas ver a densidade das relações. Quando mais poluída a imagem, mais densa ou seja, maior o número de relações existentes no sistema. O grafo resultante das entrevistas externas possui uma densidade elevada, porém não exaustiva. Isso indica uma alta relevância do tema e uma diversidade de subtemas elevada, ou seja, um ambiente bastante fértil para orientar um plano estratégico.
  • 11. CONSTITUIÇÃO DO GRAFO O algoritmo utilizado para que fosse alcançada a configuração de distribuição de rede utilizada no processo de análise foi o Force Atlas. Esse algoritmo organiza os nós pela força da relação entre eles, procurando separar os chamados "small worlds", núcleos super conectados, da "free scale network", a dimensão mais periférica da rede. O que se pretende com isso é ter-se maior visibilidade de redes dentro de redes, tomar-se conhecimento de padrões de agrupamento menores que possibilitam o entendimento do padrão macro da rede.
  • 13. CENTRALIDADE A centralidade do nó pode ser vista como uma medida da influência ou importância num modelo de rede. Como aqui lidamos com um modelo que relaciona pessoas e elementos inanimados, não podemos falar de influência e sim de importância. O tamanho dos nós nesse contexto mostra a sua importância no componente conectado.
  • 14. CENTRALIDADE A centralidade do nó pode ser vista como uma medida da influência ou importância num modelo de rede. Como aqui lidamos com um modelo que relaciona pessoas e elementos inanimados, não podemos falar de influência e sim de importância. O tamanho dos nós nesse contexto mostra a sua importância no componente conectado.
  • 15. CENTRALIDADE Aqui os nós destacados com a percepção de centralidade. As cores e o tamanho da letra ajudam nessa percepção. Quanto mais escura a cor, mais central o nó. Da mesma forma, quanto maior a letra, mais central.
  • 16. CENTRALIDADE – TOP 10 A lista abaixo mostra os 10 nós com maior capacidade estruturante no grafo originado pelas entrevistas externas. No exercício de modelagem, seria possível compor um cenário a partir da combinação entre eles. Compare com os top 10 das entrevistas com o público interno e os top 10 temas encontrados pelo Webcrawling: 1. Desenvolvimento Econômico 2. Serviços Ambientais 3. Corredores Ecológicos 4. Criação de Novas UCs 5. Economia Sustentável 6. Gestão de UCs 7. Agricultura 8. Biodiversidade 9. Relação com Comunidades 10. Proteção de Mananciais 1. Crise Hídrica 2. Economia Forte 3. Turismo 4. Engajamento de Pessoas 5. Modelo de Desenvolvimento 6. Turismo Ecológico 7. Agricultura 8. Mapa de Áreas Prioritárias 9. Diversidade 10. Capacidade Associativa 1. Desmatamento 2. Bacia Hidrográfica 3. Mangues 4. Responsabilidade Social 5. Doenças 6. Contaminação 7. Ecologia 8. Fauna 9. Economia 10. Florestas EXTERNAS INTERNAS WEBCRAWLING
  • 17. CENTRALIDADE – TOP 10 – RELAÇÕES DIRETAS Veja as conexões diretas entre os top 10 temas nas diferentes camadas de dados coletadas. Cores iguais em colunas diferentes representam a recorrência do tema em camadas de dados distintas. As células cinzas representam os temas que não têm conexão direta. Entrevistas Externa Entrevistas Internas Webcrawling Desenvolvimento Econômico Crise Hídrica Desmatamento Serviços Ambientais Economia Forte Bacia Hidrográfica Corredores Ecológicos Turismo Mangues Criação de Novas UCs Engajamento de Pessoas Responsabilidade Social Economia Sustentável Modelo de Desenvolvimento Doenças Gestão de UCs Turismo Ecológico Contaminação Agricultura Agricultura Ecologia Biodiversidade Mapa de Áreas Prioritárias Fauna Relação com Comunidades Biodiversidade Economia Proteção de Mananciais Capacidade Associativa Florestas
  • 18. CENTRALIDADE – TOP 10 - RELAÇÕES INDIRETAS Veja as conexões diretas e indiretas entre os top 10 temas nas diferentes camadas de dados coletadas. Cores iguais em colunas diferentes representam a recorrência do tema direta ou indiretamente em camadas de dados distintas. Entrevistas Externa Entrevistas Internas Webcrawling Desenvolvimento Econômico Crise Hídrica Desmatamento Serviços Ambientais Economia Forte Bacia Hidrográfica Corredores Ecológicos Turismo Mangues Criação de Novas UCs Engajamento de Pessoas Responsabilidade Social Economia Sustentável Modelo de Desenvolvimento Doenças Gestão de UCs Turismo Ecológico Contaminação Agricultura Agricultura Ecologia Biodiversidade Mapa de Áreas Prioritárias Fauna Relação com Comunidades Biodiversidade Economia Proteção de Mananciais Capacidade Associativa Florestas
  • 19. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Como caracterizado anteriormente, o desenvolvimento econômico aparece como um ponto crítico, hora apontado como uma virtude, um ponto em favor de um horizonte favorável ao bioma, hora como vilão, causa do estado atual de desmatamento. Há um consenso, no entanto no sentido de que essa é uma variável que não pode ser desconsiderada em qualquer estratégia que vise desde a preservação de remanescentes, até a restauração do bioma. Muito além de negar a necessidade do vetor econômico, há um alerta para a revisão do modelo mental que orienta o padrão atual de desenvolvimento. Nesse sentido, os discurso apontam para uma ampla gama de novos caminhos para o desenvolvimento que não externalizam custos ambientais, pelo contrário, aliam o resultado econômico à preservação, conservação e até restauração do Bioma. Todos esses caminhos derivam da Economia Sustentável e se relacionam sobretudo a um novo padrão produtivo. São eles: • Serviços Ambientais • Economia da Madeira • Economia de Plantas Medicinais e Cosméticas • Economia de Frutíferas • Economia Criativa • Agricultura Ecológica • Ecoturismo
  • 20. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO – EGO-REDE
  • 21. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS SERVIÇOS AMBIENTAIS Tema intrinsecamente ligado ao desenvolvimento econômico, é visto como um caminho para a conservação dos remanescentes do Bioma. O tema também está diretamente conectado à Crise Hídrica, o que pode de alguma forma justificar a alta relevância com que aparece no sistema pesquisado.
  • 22. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS SERVIÇOS AMBIENTAIS – EGO-REDE
  • 23. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS CORREDORES BIOLÓGICOS Foram mencionados como a principal metodologia de restauração e como uma resposta imediata ao problema da fragmentação dos remanescentes do Bioma. Aparecem também muito próximos da problematização da Agricultura, sobretudo da monocultura. Há um consenso no sentido de que uma política pública específica sobre o tema deve ser implementada para que a arquitetura de corredores possa ser feita em uma escala que produza resultados sobre os serviços ambientais prestados pelo Bioma, um maior fluxo genético de espécies. Hoje os corredores são definidos pelo SNUC e seu reconhecimento depende do Ministério do Meio Ambiente. Outro ponto apontado pelos participantes como uma condicionante para a implementação dos corredores ecológicos é o engajamento de comunidades do entorno de áreas protegidas e também dos proprietários de terras e produtores. Os corredores são uma medida de gestão e ordenamento territorial.
  • 24. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS CORREDORES BIOLÓGICOS – EGO-REDE
  • 25. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS CRIAÇÃO DE NOVAS UCs Diante do baixo nível de remanescentes do Bioma, há uma preocupação latente entre os entrevistados com a conservação de áreas não protegidas, principalmente se considerada a meta do Índice Mínimo de Cobertura Vegetal e a meta de restauração do Bioma de 8 para 35%. Há uma preocupação localizada com os remanescentes do Sul da Bahia, que sofrem com a ação indireta da monocultura. Pequenos proprietários que arrendam suas propriedades para o cultivo de Eucalipto e invadem áreas de remanescentes para o cultivo de produtos não madeireiros. A criação de novas áreas de conservação também teria de ser parte de uma política pública integrada de planejamento florestal, como atestam alguns participantes. Assim como ocorre com os Corredores Biológicos, a componente de relação com a comunidade e produtores rurais aparece como uma condicionante para a criação de novas unidades, principalmente no que se refere à garantia da não limitação do desenvolvimento econômico, o que seria um risco para o sucesso da empreitada.
  • 26. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS CRIAÇÃO DE NOVAS UCs - EGO-REDE
  • 27. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS ECONOMIA SUSTENTÁVEL Principal vetor de alteração do modelo de desenvolvimento econômico atual, como mencionado anteriormente. A economia sustentável afeta sobretudo o setor produtivo e depende, segundo os entrevistados, de uma política pública que garanta incentivos fiscais para que a competitividade das empresas não seja prejudicada. Há também um indício de que o sucesso do desenvolvimento do mercado de produtos sustentáveis depende de um processo de conscientização que só pode ser alcançado através da educação ambiental que alcance todos os setores da sociedade. A economia sustentável também está associada à atividade agrícola. Com a evidência revelada pela crise hídrica do grande consumo de água pelo atual modelo produtivo, ganha força a agenda da produção orgânica e ecológica. Pontos apontados como fundamentais para esse novo modelo produtivo são o acesso ao conhecimento técnico e à tecnologia que possibilitem uma maior eficiência produtiva principalmente para os produtores de pequena escala.
  • 28. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS ECONOMIA SUSTENTÁVEL - EGO-REDE
  • 29. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS GESTÃO DE UCs A gestão de unidades de conservação, como já foi mencionado anteriormente, se associa diretamente com a relação com as comunidades do entorno, considerados stakeholders de primeira ordem para a manutenção das áreas de remanescentes. Esse processo, além de depender de um trabalho árdua de educação ambiental, depende também da garantia de geração de emprego e renda à essa população. A educação ambiental também figura como elemento fundamental para o engajamento do público em geral. Isso seria possível através do uso público de unidades de conservação através da criação de infraestrutura para o ecoturismo. Outro ponto fundamental, associado à capacidade de fiscalização das áreas de conservação, é o fortalecimento da capacidade de gestão dos municípios do entorno dessas áreas, o que depende da disponibilidade de recursos públicos destinados para essa finalidade. Um último ponto mencionado pelos entrevistados como um fator favorável à gestão de unidades de conservação é a adoção massiva dos mosaicos de áreas protegidas.
  • 30. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS GESTÃO DE UCs - EGO-REDE
  • 31. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS AGRICULTURA Sem dúvida um dos pontos que requerem maior atenção. Nos resultados trazidos pelo Webcrawling foi apontada como a grande vilã no que se refere à conservação dos remanescentes do bioma. Não só o desmatamento está associado como um problema de primeira ordem relacionado à Agricultura. O uso de pesticidas e fertilizantes de maneira indiscriminada é listado como principal fator de contaminação de recursos hídricos. Além disso, como mencionado anteriormente, o elevado uso de recursos hídricos no processo produtivo propriamente dito tem sido colocado em cheque diante do cenário de escassez hídrica que se configurou no Sudeste ao longo dos últimos meses. Também como mencionado anteriormente, a monocultura se apresenta como um risco às áreas de remanescentes não protegidas do Bioma diante da ocupação irregular por parte de pequenos produtores. Além da agricultura orgânica, outra solução que figura no discurso dos entrevistados como um vetor de um novo modelo produtivo é o conceito de Sistemas Agroflorestais.
  • 32. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS AGRICULTURA - EGO-REDE
  • 33. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS BIODIVERSIDADE A Biodiversidade, ou a perda dela, é o tema que remonta ao desmatamento que aparece com tanta frequência nos resultados obtidos através do Webcrawling. Na camada de dados obtida através das entrevistas externas, aparece relacionada com a necessidade de criação de corredores ecológicos e a possibilidade do incremento fluxo genético de espécies provocado pelo aumento da cobertura vegetal. Como pano de fundo, está associada ao desenvolvimento econômico, mais especificamente às novas alternativas mencionadas pelos entrevistados, já que que atividades como a economia de frutíferas, economia da madeira e a economia de plantas medicinais e de uso cosmético dependem do potencial da biodiversidade. Por conta do potencial econômico da biodiversidade, se conecta também ao tema da Floresta em Pé e aos Sistemas Agroflorestais.
  • 34. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS BIODIVERSIDADE - EGO-REDE
  • 35. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS RELAÇÃO COM COMUNIDADES Tanto nas entrevistas internas quanto nas externas, o tema apareceu de forma pronunciada. Como o bioma da Mata Atlântica é altamente povoado, as poucas áreas de remanescentes estão cercadas de adensamentos populacionais de naturezas distintas. Uma boa parte dos entrevistados considera que o sucesso das estratégias de conservação e restauração dependem de um bom relacionamento com essas populações do entorno dessas áreas, pautada sobretudo por um processo consistente de educação ambiental e pagamento por serviços ambientais. O PSA é ainda mais relevante para a restauração em áreas privadas, na medida em que muitos produtores enxergam a relação com o meio ambiente como empecilho e confiam muito pouco nessa pouca lógica. A relação com comunidades tem reflexo também em áreas urbanas, vetor imediato de pressão sobre remanescentes e áreas de mananciais.
  • 36. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS RELAÇÃO COM COMUNIDADES - EGO-REDE
  • 37. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS PROTEÇÃO DE MANANCIAIS Maior reflexo da Crise Hídrica no universo de dados coletado, a proteção dos mananciais se associa ao impacto provocado pelo crescimento das cidades, a chamada mancha urbana e à pressão provocada pelo fenômeno nas áreas de remanescentes do Bioma. O Impacto gerado pelo aumento da mancha urbana se relaciona com o ordenamento territorial, mais especificamente com as políticas de uso do solo e à ocupação irregular, fruto do crescimento desordenado. Além da conservação de remanescentes nesses territórios, há um consenso no sentido de que nos próximos anos uma ação focada na restauração de áreas de entorno dos mananciais deverá ser levada à sério não só pelo Poder Público, como também por todas as outras camadas de atores, demandando uma abordagem Intersetorial que seja capaz de lidar com a complexidade do tema. A complexidade se manifesta também na necessidade de uma política integrada que leva em consideração, na gestão de recursos hídricos, a relação íntima existente entre o tema e a conservação e demanda por restauração do Bioma.
  • 38. TOP 10 – DESCRIÇÃO DOS TEMAS BIODIVERSIDADE - EGO-REDE
  • 40. PARTIÇÃO – METODOLOGIA Particionar ou clusterizar uma rede tem como objetivo tentar separá-la em partes para que possam ser entendidos os seus padrões. Isso pode ser feito através de algoritmos ou atributos definidos por quem faz a análise. Uma não exclui a outra e por isso nesse caso consideramos importante experimentar as duas vias, proporcionando pontos de vista distintos. A partição por meio de atributos foi orientada para a emulação de cenários de futuro, já que era esse o objetivo do Workshop com parceiros externos. Para esse fim, foram criadas algumas categorias, principalmente pontos críticos, problemas e viabilizadores. A lógica por trás desse método é: entender os problemas e pontos críticos encontrados no passado e hoje, desenhar o futuro desejado e identificar os elementos que viabilizam esse futuro. No caso da partição matemática, o algoritmo utilizado é chamado modularidade. A modularidade é uma medida da força de divisão de uma rede em módulos. A lógica que um módulo é constituído por um triângulo de nós: quanto mais triângulo juntos, maior é um grupo e mais perfis o constitui. As redes com alta modularidade têm conexões densas entre os nós dentro de módulos, mas conexões esparsas entre nós em diferentes módulos.
  • 42. PARTIÇÃO – MODULARIDADE O grafo mostra a rede particionada pelos tipos atribuídos aos nós. Esse tipo de participação serve sobretudo para que possa ser analisada a localização de nós de uma determinada categoria em relação às outras. Para isso, veremos a relação das 3 categorias principais criadas (pontos críticos, problemas e viabilizadores) em relação à outras: territórios, pessoas, organizações e objetivos estratégicos. Nos próximos slides veremos essas categorias separadas.
  • 43. PARTIÇÃO – TIPOS DE NÓS PONTOS CRÍTICOS
  • 44. TOP 10 PONTOS CRÍTICOS Desenvolvimento Econômico Serviços Ambientais Biodiversidade Uso dos Recursos Hídricos Agricultura Uso do Solo Proteção de Mananciais Mudança de Modelo Mental Lei da Mata Atlântica Zonas de Transição
  • 45. PARTIÇÃO – TIPOS DE NÓS PROBLEMAS
  • 46. TOP 10 PROBLEMAS Crise Hídrica Uso de Agrotóxicos Contaminação de Recursos Hídricos Contenção de Encostas Obras de Infraestrutura Mudanças Climáticas Monocultura Ocupação Irregular Mancha Urbana Fragmentação de Remanescentes
  • 47. PARTIÇÃO – TIPOS DE NÓS VIABILIZADORES
  • 48. TOP 10 VIABILIZADORES Educação Ambiental Criação de Novas UCs Relação com Comunidades Gestão de UCs Corredores Biológicos Economia Sustentável Intersetorialidade Fiscalização de Áreas Protegidas Manejo Sustentável Ecoturismo
  • 50. PARTIÇÃO – MODULARIDADE O grafo mostra a rede particionada pelo algoritmo de modularidade. Na modelagem foram encontradas 8 comunidades, compostas matematicamente pela triangulação de nós explicadas anteriormente. Nos slides seguintes, é possível ver as quatro principais comunidades de maneira isolada e com maior proximidade. O que significa essa partição? Que os nós de cada cluster podem ser tratados como um grupo de afinidade que deve ser tratado estrategicamente de maneira integrada.
  • 51. PARTIÇÃO – MODULARIDADE Esse cluster mostra o subsistema que se conecta com o objetivo estratégico restauração. Significa que qualquer estratégia voltada para esse fim tem que levar em conta, de acordo com os dados levantados pelas entrevistas externas, todos os nós que aparecem no grafo, com maior ou menor prioridade. Essa prioridade pode sim ser definida de acordo com o tamanho dos nós mas isso não é fundamental. O que sim é fundamental, repetindo, é que a estratégia leve em consideração todo o conjunto.
  • 52. PARTIÇÃO – MODULARIDADE Esse cluster mostra o subsistema que se conecta com o território de Aimorés. Significa que qualquer estratégia voltada para esse território tem que levar em conta, de acordo com os dados levantados pelas entrevistas externas, todos os nós que aparecem no grafo, com maior ou menor prioridade. Essa prioridade pode sim ser definida de acordo com o tamanho dos nós mas isso não é fundamental. O que sim é fundamental, repetindo, é que a estratégia leve em consideração todo o conjunto.
  • 53. PARTIÇÃO – MODULARIDADE Esse cluster mostra o subsistema que se conecta com o objetivo estratégico conservação. Significa que qualquer estratégia voltada para esse fim tem que levar em conta, de acordo com os dados levantados pelas entrevistas externas, todos os nós que aparecem no grafo, com maior ou menor prioridade. Essa prioridade pode sim ser definida de acordo com o tamanho dos nós mas isso não é fundamental. O que sim é fundamental, repetindo, é que a estratégia leve em consideração todo o conjunto.
  • 54. PARTIÇÃO – MODULARIDADE Esse cluster mostra o subsistema que se conecta com o território de do Sul da Bahia. Significa que qualquer estratégia voltada para esse território tem que levar em conta, de acordo com os dados levantados pelas entrevistas externas, todos os nós que aparecem no grafo, com maior ou menor prioridade. Essa prioridade pode sim ser definida de acordo com o tamanho dos nós mas isso não é fundamental. O que sim é fundamental, repetindo, é que a estratégia leve em consideração todo o conjunto.
  • 56. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO - CARACTERIZAÇÃO Assim como ocorreu com o público interno, as entrevistas realizadas com o público externo mostram a componente econômica como um fator estruturante. O tema já havia aparecido com força também no Webcrawling, figurando como um dos dez mais relevantes no universo pesquisado. Essa ocorrência pode ser facilmente entendida quando lembramos que 70% da população do país vive em áreas ocupadas pelo Bioma. Tanto nas entrevistas externas quanto no Webcrawling a ocorrência está relacionada ao impacto do modelo de desenvolvimento atual sobre o bioma. A Agricultura tem um papel preponderante nesse cenário, seja através do chamado desmatamento formiga, caracterizado pelo avanço sobre remanescentes em pequenas propriedades, como também da monocultura, que através do arrendamento de áreas de cultivo de pequenos proprietários, força a ocupação de áreas de remanescentes. Outro elemento relacionado a essa variável crítica é a expansão de grandes centros urbanos e a pressão que o fenômeno exerce sobre áreas remanescentes e principalmente sobre áreas de mananciais. Essa pressão ocorre também em zonas turísticas, principalmente na costa, onde a expansão imobiliária gera uma demanda por serviços, atraindo mão de obra e via de consequência a ocupação de áreas de remanescentes, muitas vezes de forma irregular. Um último fator de pressão relevante diz respeito à grandes obras de infraestrutura. O investimento na extração do Pré-Sal por exemplo, levou à ampliação do Porto de São Sebastião, em São Paulo, instalado em uma área de incidência do Bioma. Além da expansão do porto em si, que gera um impacto na Zona de Transição para o Bioma Marinho, outras obras como o gasoduto e a ampliação da Rodovia dos Tamoios ampliam o território impactado e causam efeitos de segundo nível como a ocupação que deriva de uma nova demanda por serviços. O cenário descrito nas entrevistas internas é mais endêmico. O público entrevistado não tem a preocupação com o bioma como uma questão crítica de fato. O que está em pauta é a resolução do conflito decorrente da construção da Usina de Aimorés e a qualidade da relação do público afetado com a Vale. Nesse contexto, o desenvolvimento econômico é visto como ferramenta para apaziguar ânimos.
  • 57. ORDENAMENTO TERRITORIAL - CARACTERIZAÇÃO A necessidade de uma visão territorial foi amplamente mencionada nas entrevistas externas. O Webcrawling já havia mostrado que a visão de territórios preponderante está intrinsecamente ligada às Bacias Hidrográficas compreendidas pelo Bioma. Essa necessidade de adoção de uma visão mais ampla de territórios se dá sobretudo em detrimento de uma visão tradicionalista marcada por fronteiras políticas. Problemas como a crise hídrica mostram que uma abordagem mais ampla e a integração de políticas se faz necessária para que o bioma continue sendo o provedor de serviços ambientais às 110 milhões de pessoas que habitam seu território. Retomando a questão da crise hídrica, já existe hoje um entendimento de que o avanço da fronteira agrícola no Norte do Mato Grosso e a quase extinção do Cerrado levaram à diminuição da faixa contínua de umidade que garante o ciclo hídrico no Sudeste. Esse fator, somado ao avanço sobre áreas de remanescentes e áreas de mananciais em virtude de atividades produtivas e da expansão da mancha urbana provocaram a crise vivida nesse momento. Apesar disso, muitas das respostas ainda estão marcadas pela divisão política ou seja, quando perguntadas sobre o território de incidência de seu trabalho, muitas pessoas se limitaram a mencionar o Estado no qual trabalham. Outro ponto importante a respeito do Ordenamento Territorial é a priorização. A existência ou necessidade de um mapa que aponte os territórios prioritários para a ação. O IBGE elaborou um caracterizando o território de aplicação da Lei da Mata Atlântica. Esse mapa foi mencionado como o território oficial da Mata Atlântica, a zona legal de incidência. Há uma preocupação no entanto com a integração de esforços em áreas prioritárias que ainda não estão definidas. Essa priorização é simples se a territorialidade estiver atrelada às Bacias Hidrográficas, como sugere o resultado do Webcrawling. Esse foco daria conta das grandes obras de infraestrutura, já que a preocupação com o fenômeno ocorre sobretudo quando se dá em áreas de remanescentes. Essa priorização inclusive já acontece no âmbito dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Nas outras áreas de remanescentes que ainda sofrem pressão, essa incidência não é tão evidente. A zona ocupada pela agricultura é dispersa demais e abrange subclassificações do Bioma que requerem abordagem distintas, como as Florestas Estacionárias e outras áreas como as Zonas de Transição entre Biomas.
  • 58. ÁREAS PROTEGIDAS - CARACTERIZAÇÃO Nos 10 anos de ocorrências pesquisados pelo Webcrawling, o Desmatamento deu a tônica, ocupando o topo da lista dos temas mais recorrentes no conteúdo relacionado com a Mata Atlântica. Essa ocorrência não se confirmou nas entrevistas internas e externas. Apesar de ter sido mencionado algumas vezes, o olhar tanto do público interno como externo parece não estar voltado à problematização e sim à busca de soluções. Nesse sentido, dois dos pontos mais relevantes no sistema mapeado foram Restauração e Conservação. Esses pontos aparecem de maneira distinta nos ambientes interno e externo. No ambiente interno, figuram em clusters diferentes, não como forças opostas, mas como ações de natureza distintas que requerem esforços e competências distintas. No ambiente externo esse modus operandi não se confirma. A maioria das pessoas reconhece que, apesar de serem sim ações de natureza distinta, devem caminhar de maneira conjunta. Como decorrência desses dois vetores de ação principais, dois pontos aparecem com bastante relevância: a gestão das unidades de conservação existente e a criação de novas áreas. Há um consenso, principalmente em relação à fragmentação de remanescentes, reportada como um problema de primeira ordem, que a criação de novas unidades de conservação para a constituição de corredores ecológicos é uma prioridade. Por outro lado, há um consenso também no sentido de que, um projeto eficiente de conservação das unidades existentes depende de uma ação também eficiente de engajamento das comunidades do entorno das áreas protegidas. Outro ponto relevante apontado pelo público externo como preponderante principalmente para a gestão das unidades de conservação existentes é um trabalho intenso de educação ambiental com a sociedade de maneira geral. Uma maior flexibilidade para a interação do público com essas áreas, através de ferramentas como o Ecoturismo são vistas como ações essenciais.
  • 59. LEGISLAÇÃO - CARACTERIZAÇÃO Apesar da existência de um conjunto legal destinado ao Bioma, principalmente da chamada Lei da Mata Atlântica, o público externo aponta para a necessidade principalmente de um esforço maior na aplicação do conjunto existente. Esse cluster tem uma intersecção bastante evidente com o cluster do desenvolvimento econômico, mostrando uma relação de força ou da falta dela em relação à capacidade de resiliência de áreas protegidas ou da necessidade de restauração frente ao modelo de desenvolvimento atual. Apesar da necessidade de uma visão integral da territorialidade da Mata Atlântica, o discurso aponta para uma tensão saudável entre essa ampliação do foco e a necessidade de regionalização de políticas públicas. Isso se deve sobretudo ao fato de o Bioma apresentar peculiaridades regionais que aparentemente requerem metodologias de abordagem diferentes, caso das já mencionadas Floresta Estacionária e Zonas de Transição. Outro ponto relevante identificado é o Código Florestal. Com uma intersecção bem clara com o ponto crítico da Agricultura, a discussão sobre o Código ganhou força novamente com a crise hídrica do Sudeste. Nesse aspecto, os participantes apontam para a necessidade de uma ação integrada entre setores para a constituição de um conjunto de políticas públicas capazes de lidar com a complexidade da abordagem necessária. Como vetores de força decorrentes desse ponto, estão a execução dos Planos de Manejo da Mata Atlântica e a necessidade de fortalecimento da capacidade de gestão dos municípios existentes na área do Bioma, vista como um elemento fundamental para a aplicação da lei e de um mecanismo eficaz de fiscalização de áreas protegidas.
  • 62. BUSCANDO PALAVRAS RELEVANTES Um dos passos importantes da Análise Semântica é a Análise Sintática, a busca de palavras mais utilizadas que levam à criação das categorias do segundo passo de análise, mais sofisticado. A Análise Sintática é simples, impulsionada por um algoritmo que elimina palavras comuns e revela outras que são mencionadas de forma recorrente nos discursos das pessoas. Ainda assim, tem um valor muito grande em termos de análise, pois permite identificar o jargão mais comumente utilizado pelas pessoas na descrição de contexto pelas pessoas. Assim, permite a apropriação de uma ontologia sobre determinado tema. Aqui separamos as perguntas do questionário, buscando identificar essa recorrência em cada uma delas. A seguir, identificamos as cinco palavras mais relevantes em cada um desses cenários e buscamos manualmente exemplos que trouxessem usos diferentes dessas palavras no mesmo contexto. Os slides seguintes mostram essa segmentação.
  • 63. EIXO VISÃO DE FUTURO
  • 64.
  • 65. EIXO VISÃO DE FUTURO - ÁREAS • Expansão ao máximo das áreas de recuperação desses ecossistemas. • Aquisição de territórios que podem ser ligadas a outras áreas, criando novas zonas de preservação. • Áreas isoladamente são muito fragmentadas. • Trazer para visitação, abrir uma parte das áreas, ter educação ambiental, e viver mais isso. • O ponto de maior tensão para a Vale não pega nem tanto as áreas de restauração, mas as áreas que tem que ser conservadas. • Capacitação dos municípios pra trabalhar com as áreas verdes do município.
  • 66. EIXO VISÃO DE FUTURO - CONSERVAÇÃO • Iniciativas que consigam conjugar 3 elementos: geração de renda, proteção/conservação ambiental e desenvolvimento/proteção social. • Importante termos os fundos para Mata Atlântica e unidades de conservação implementados. • A conservação do meio ambiente pode até promover o desenvolvimento econômico, não implica em atraso econômico nem em exclusão social. • Formar pessoas capacitadas para governos, iniciativa privada e tomadores de decisões sobre uma agenda estratégica de conservação para o bioma. • Conservação e restauração florestal de Mata Atlântica em áreas privadas como um importante vetor de atuação, com dividendos climáticos importantes. • Não há como se trabalhar, hoje em dia, somente com proteção, somente com criação de Unidades de Conservação, o grande desafio é trabalhar com os pequenos produtores rurais.
  • 67. EIXO VISÃO DE FUTURO - BIOMA • Ações no bioma que estejam relacionados a água. • Criação de Unidades Federais de proteção integral tanto na mata atlântica quanto no mar, que já que tem conexões entre os biomas marinho e mata atlântica. • Atingir um índice mínimo de cobertura vegetal no bioma, no caso, a meta da Convenção sobre Bodiversidade Biológicas. • Maior valorização financeira dos produtos da biodiversidade e valorização social dos serviços associados à biodiversidade do bioma. • Estima-se que metade dos municípios localizados no bioma Mata Atlântica, são vulneráveis às mudanças climáticas, seja por conta das questões relacionadas a elevação do nível do mar, seja relacionada a questões de enchentes, deslizamentos, alagamentos, seja em questão de deslocamento de atividades agrícola por mudanças climáticas • Fundamental que os proprietários rurais olhem com outros olhos o bioma, como uma estratégia de composição de renda, estimulado a produção de frutos nativos ou mesmo através de pagamento de serviços ambientais.
  • 68. EIXO VISÃO DE FUTURO - DESENVOLVIMENTO • O ideal para ter desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica é, primeiro, ter o zoneamento das áreas, e depois um planejamento a partir deste diagnóstico. • Áreas degradadas passarão a ser vistas como locais com potencial de promover o desenvolvimento sustentável por meio do retorno da floresta, uma floresta que pode ter utilização com retorno financeiro. • Desenvolvimento de Políticas Públicas inteligentes para dar escala a projetos. • Desenvolvimento sustentável deve passar por um trabalho de educação ambiental, mostrar a importância do bioma para a sobrevivência das pessoas, a importância de preservação dos mananciais. • Temos que rever o modelo de desenvolvimento global, no nosso país e nesse bioma especificamente. Acho que tem muitos empreendimentos que não levam em conta a conservação dos remanescentes que existem e a possibilidade de restauração • Desenvolvimento coordenado entre todos os estados, respeitando a vocação de cada estado/região.
  • 69. EIXO VISÃO DE FUTURO - REGIÃO • Criar florestas econômicas é uma solução. E certamente uma floresta econômica, madeira é cada vez um produto mais nobre e caro, e é a vocação da região. • Teria que ser feito um trabalho muito grande de conscientização, de tentar atrair negócios para a região, fazer um estudo socioeconômico pra saber o que é possível, pra tentar fazer as pessoas ficarem na região. • O desafio é estar na região mais desenvolvida do pais, aonde a pressão entrópica é maior, e preservar esses ambientes onde eles prestam serviços ambientais pra gente funcionar • A paisagem de pastagens e de monoculturas ainda é muito forte nos entornos das Unidades de Conservação, então o desenvolvimento sustentável também passa por melhorar a tecnologia de uso do solo nessas regiões. • Parques abertos ao público, criando uma relação direta com a população para que passem a entender a importância dessas áreas e sintam-se envolvidos com o tema, revertendo a ideia de que são áreas improdutivas que atrapalham o desenvolvimento da região. • Instalação de corredores para reconectar os fragmentos que restaram, sobretudo nas regiões mais críticas do país.
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  • 72. EIXO PONTOS POSITIVOS - ÁREAS • Temos que refletir e ponderar sobre as ultimas áreas naturais que estão caindo e precisam de alguma ação emergencial em escala. • Só no sul da Bahia, tem 53 mil hectares de áreas degradadas, só no litoral, no sul da Bahia. Então recuperar mata atlântica é uma tarefa imensa, enorme, importantíssima. • Tem também manter áreas naturais em propriedade privadas, sem enfrentamento. • Estabelecer uma agenda de popularização da Mata Atlântica perante as populações urbanas, que também inclua ações de preservação dos remanescentes de Mata Atlântica nas áreas sob influência urbana. • As áreas preservadas com vegetação nativa devem gerar interesse nos proprietários em preservá-las, e isso passa por numa compensação financeira e valorização das áreas remanescentes. • Constante interlocução com o poder público. Nós do setor privado e do terceiro setor precisamos estar sempre presente nesta interlocução, cobrando o estado para que ele exerça sua função de guardião também destas áreas.
  • 73. EIXO PONTOS POSITIVOS - RECURSOS • Importância de manutenção ao menos dessa vegetação próxima de recursos hídricos. • Turismo é forma de atração de recursos e engajamento da sociedade, sobretudo no domínio da mata atlântica que é onde está a maior concentração da população brasileira. • Criar um fundo onde os recursos sejam utilizados para melhorar as condições de vida das comunidades tradicionais. • Governo atua mais nos cenários de integração, coordenação e não como agente de colocação de recursos para restauração ou conservação de áreas prioritárias, então teremos que fazer uma ampla aliança com universidades, empresas e com o próprio governo na questão de politicas públicas. • Outra oportunidade que está aí é o CAR, não só com o cadastramento das propriedades rurais, mas depois com a elaboração do PRA nas propriedades, isso está na Lei mas precisa de recursos.
  • 74. EIXO PONTOS POSITIVOS - PESSOAS • Por mais que tenha pessoas, instituições, muitos agentes atuando, não há, do ponto de vista do estado e da sociedade civil, pessoas que tenham capacidade de criar espaços de discussão sobre o processo de produção mais sustentável. • Pessoas que trabalham e militam na área de Meio Ambiente passaram a entender que têm que envolver o proprietário rural e entender as suas necessidades para ajudá-lo a utilizar melhor a área produtiva de sua propriedade. • Ensinar o manejo sustentável é um bom caminho para proteção do bioma, não só fechar o local e proibir o uso, ensinar o manejo é um excelente caminho, a Mata Atlântica tem todas as condições para produzir uma relação sustentável entre as pessoas e o bioma. • Outra questão é a capacitação dessas pessoas e das comunidades para gerenciamento de projetos, talvez seja o maior gargalo que encontramos hoje é isso. • Primeiramente a sociedade tem que abraçar essa causa. Quando falamos em voluntariado, poucas pessoas querem ajudar. Fica difícil da gente conseguir parceria e entender nosso objetivo.
  • 75. EIXO PONTOS POSITIVOS - VALE • O Governo do Estado sempre tem interesse em recuperar cobertura vegetal, e a Vale por causa de Linhares é o parceiro ideal. Então o governo sempre lembra da Vale nesses momentos. • O investimento de grandes empresas como Votorantim no Vale do Ribeira, AES e a própria Vale do Rio Doce, visando a própria sustentabilidade do negócio • Oportunidade de atuação no Quadrilátero Ferrífero: remanescentes florestais de Mata Atlântica e presença da Vale com suas atividades produtivas. • As áreas que foram conservadas pela Vale não foram devastadas depois. As oportunidades é tentar consorciar a produção econômica, com preservação do bioma: espécie nativa com espécies comerciais. • Nós precisamos pensar num turismo de um dia ou final de semana. É uma possibilidade de trabalhar junto com a Vale, Instituto Terra, população ribeirinha.
  • 76. EIXO PONTOS POSITIVOS - OPORTUNIDADE • A oportunidade que temos é a de se antecipar para se adaptar para as mudanças geradas por eventos climáticos extremos. Por exemplo a Embrapa. Ela trabalha na questão da agricultura com a ideia de criar tecnologias para as culturas. • A oportunidade existe, porque está prevista em Lei, mas precisamos estruturar este mecanismo e isso depende não só do Governo Federal, mas de toda a sociedade, das empresas se engajarem nesta questão. • Incentivo ao plantio da madeiras da Mata Atlântica, porque a gente perdeu a oportunidade de usar a madeira justamente porque a gente não plantou Mata Atlântica, não houve manejo sustentável (só extração). • Acho que a oportunidade colocada no momento é a crise hídrica. A água ou os recursos hídricos como vetor ou âncora para o desenvolvimento sustentável é uma oportunidade enorme para a recuperação da MA. • Atores em busca de água, em busca de criar oportunidades sociais e econômicas para populações marginalizadas, oportunidades para algumas atividades produtivas de baixíssima rentabilidade, como é a pecuária em várias áreas de Mata Atlântica. • Possibilidade de concretização de um novo acordo climático global na Conferência em Paris, em 2015. E a Mata Atlântica oferece muitas oportunidades em termos de projetos climáticos, relacionados ao uso da terra, porque ela foi floresta e isso vai continuar a existir como potencialidade.
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  • 79. EIXO PONTOS NEGATIVOS - PESSOAS • Radicalismo ambiental. As pessoas têm uma imagem muito negativa de mineração, um preconceito, não sabem que para atuar com isso é preciso seguir uma série de normas, procedimentos, tem multas muito altas e os grandes são os mais visados. • O principal aspecto negativo que enfrentamos é a legislação, não há punição, as pessoas que cometem crimes não sofrem sanções. • Falta de uma planejamento, que é algo comum no nosso país. Falta de visão médio, longo prazo, que é essa visão mais imediatista e que também é comum. Algo que não é só do governo também, mas também uma questão das pessoas que não olham muito longe e que não conseguem perceber que precisam preservar e cuidar. • Falta de conhecimento das pessoas sobre espécies da Mata Atlântica, a Mata Atlântica se distanciou muito da vista das pessoas nas cidades. • Outra coisa complicada é que hoje em dia você não tem grandes desmatamentos de mata atlântica, hoje em dia é um desmatamento de formiguinha: as pessoas vão derrubando, queimando, aumentando a sua plantação de mandioca, de cana e sem grandes desmatamentos com incêndios, que os satélites pegam. Isto se torna uma coisa difícil de ser tratada.
  • 80. EIXO PONTOS NEGATIVOS - VALE • Manter a atuação e a imagem do Fundo Vale ainda desvinculada da Vale. Existem vários projetos de restauração que não funcionam aqui. • O segundo desafio é o que a gente chama de silvicultura de florestas nativas, o plantio de florestas nativas. A gente sabe plantar eucalipto e não sabe plantar floresta nativa. Não temos conhecimento e o que sabemos não está totalmente consolidado. Mas se por um lado é um obstáculo, por outro é uma mega oportunidade para universidades, empresas da área e Fundo Vale. • Em nível de território, uma questão fundamental é a ausência do poder publico, e essas cobranças que recaem em cima da Vale e do consorcio. Estamos sempre sendo demandado por coisas que não tem nada a ver com o consorcio, mas somos chamados pra resolver. Isso esta muito associado um problema que é comum em Aimorés, e no Brasil todo, que é a ausência de poder publico local. • A expectativa é muito alta em cima dessa conversa. A Vale é o caixa de tudo, a Vale gera uma expectativa enorme em cima da Vale. Qualquer movimento gera reações positivas e negativas.
  • 81. EIXO PONTOS NEGATIVOS - QUESTÃO • Falta de aplicação de políticas publicas. Falta de fiscalização. Obras de infraestrutura. Tem uma estrada que corta uma floresta ao meio, a questão das hidrelétricas, lagos para mineração, redes de alta tensão, essas coisas. • Outra questão que é um risco evidente, e que também tem haver com as políticas públicas e com a legislação, são alguns sinais que já percebemos vindo do Congresso Nacional, do que será a próxima legislatura do Congresso Nacional (...) de alterações da legislação, especialmente nas áreas protegidas e na legislação da Mata Atlântica. • Quanto à questão da crise hídrica, acredito que, embora os cientistas, boa parte da academia e boa parte das organizações de conservação já tenham alertado sobre este risco, acho que ele bateu na nossa parte antes do que a gente esperava. Então podemos correr um sério risco, pode levar por uma intensificação da busca por recursos naturais, especificamente a água • Falta apoio financeiro. A questão local também, politica é muito complicada de trabalhar, não é seria na parceria. Falta compromisso de apoio local, estadual, federal, é muito burocrático.
  • 82. EIXO PONTOS NEGATIVOS - FALTA • Falta de estruturação e integração entre os órgãos municipais e estaduais que lidam com conservação ambiental. • Falta de conscientização e educação do cidadão comum (e a vinculação na mídia não contribui nesse sentido, muito pelo contrário). • O quadro atual é bastante desesperador, sobretudo no Nordeste onde o que restou de Mata Atlântica é ínfimo. Falta fiscalização das unidades que existem, e principalmente da mata remanescente fora da área protegida. • Falta de trabalho que ensine o pequeno produtor/pequeno proprietário a explorar a Mata Atlântica de forma sustentável e equilibrada. • Uso intenso de herbicidas e agrotóxicos em geral, que afetam demais a vegetação nativa. Falta de fiscalização no campo, a fiscalização é feita apenas nas empresas, mas não chega nas plantações que usam herbicidas muito nocivas para a flora nativa. • Faltam pesquisas de silvicultura de nativa, sobretudo de longo prazo. Aumentar o volume de informação e atualizá-las constantemente.
  • 83. EIXO PONTOS NEGATIVOS - FAZER • Estamos passando por um momento de grande investimento imobiliário, e acho estranho que nas propagandas de lançamento dos loteamentos sempre é enfatizado a existência de matas naturais, de mata atlântica nativa dentro dos loteamentos, mas as pessoas esquecem que, para fazer o empreendimento foi devastada uma quantidade enorme de mata. • O grande desafio é obter escala em um território de tanta dispersão territorial, diversidades culturais, fragmentos ambientais diferenciados. É preciso escolher qual escala se quer, isso vai dar o norte do que se vai fazer: se é uma escala regional, pontual ou de bioma. • Há vários gargalos que a gente identifica nas políticas públicas, por exemplo o acesso ao crédito. As populações que querem fazer algum negócio diferente do usual, que não quer fazer plantio de arroz, soja, milho ou gado; elas tem muita dificuldade em acessar o crédito. • Na verdade é o que acontece hoje, o quadro atual. As comunidades e as empresas não perceberem o valor da conservação destes recursos e fazerem uma exploração insustentável na Mata Atlântica.
  • 84. EIXO EXPECTATIVAS COM A ATUAÇÃO DO FUNDO VALE
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  • 86. EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - CONSERVAÇÃO • Através da conscientização da população e dos governantes sobre a situação do bioma, possam evitar o que acontece hoje em São Paulo com a escassez de água, considerado um exemplo de más políticas de conservação ambiental. • A Vale demanda muita água em algumas atividades e o impacto que ocorre pode sufocar os lençóis freáticos e demais recursos hídricos. Para conservação, pensar em plantar árvores significa “plantar água”. E são poucas as iniciativas que associam recursos hídricos com a preservação da Mata Atlântica. • Fomento para planos de preservação da Mata Atlântica. Criar editais para os municípios fazerem seus planos nesse tipo de linha mais de conservação e para aplicação dessas ferramentas de gestão que já existem. • Política de incentivos com uma percepção mais íntima dos movimentos e organizações sociais, que aqui são muitos, que trabalham nessa linha de preservação da Mata Atlântica, incluindo os atores que trabalham com a conservação produtiva do cacau e universidades que trabalham na região com sistemas agroflorestais e agricultura familiar. • Trazer algo novo. Conseguir levantar, por exemplo, as experiências no Brasil e fora do Brasil com relação a enxergar a conservação como ativo e propor projetos novos, que envolvam as comunidades tradicionais, as comunidades locais, os interesses todos. Temos muitos interesses divergentes no mesmo espaço geográfico.
  • 87. EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - PROJETOS • Alocação de recursos, tendo como referências para aprovação dos projetos, essa vinculação com os Planos de Recuperação da e com os programas de regulamentação ambiental na área rural, dando prioridade para as áreas de APP. • O Fundo Vale já tem uma expertise nem promover a gestão compartilhada de projetos de restauração florestal. Uma contribuição que acho que poderia é justamente na área de conservação e restauração florestal, bem como em pesquisa, educação ambiental. Com ênfase nas iniciativas da sociedade civil, do terceiro setor que é mais ágil e está na frente dos governos. • Muitas vezes se busca projetos de curto prazos, é preciso retorno, mas quando se trata de serviços ecossistêmicos ou de questões ambientais em termos mais gerais, a reconstrução é lenta e envolve um processo longo, e é preciso garantir recursos ao longo desse caminho, se não pode-se perder anos de trabalho • Financiar projetos em que se tenha a certeza de que os recursos estão bem investidos e chegam na ponta e realizar monitoramento constante. Alcançar um nível de eficiência como o dos PDAs, onde o recurso não se perde no caminho e chegam de fato até a ponta.
  • 88. EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - ÁREAS • Sugestão de áreas de atuação: Manutenção dos remanescentes florestais, conexão destes remanescentes, ajuda na fiscalização e monitoramento dessas áreas e pesquisa. • Criar editais e leis de financiamento que ultrapassem o diagnóstico e o planejamento estratégico. Para muitas áreas já existem informações consolidadas e planos de ação definidos (manejo de espécies em extinção, restauração ecológica etc.). Linhas de atuação que não exigem grandes planejamentos, podem ter início imediato. • Ações efetivas de recuperação ambiental da Atlântica, principalmente nas áreas de influência urbana – então uma coisa é essa questão dos telhados verdes de Atlântica. • Contribuir contra a crise hídrica, que é uma grande ameaça ao nosso futuro: recuperação das áreas ao redor das represas e mananciais, proteger áreas de beira de rio, recuperação de ciliar etc. • Direcionar ações para a criação de novas reservas e áreas de proteção, inclusive a compra de territórios para a criação de RPPNs • Fazer algo parecido com a iniciativa BNDES atlântica: lançar editais para recuperação de áreas degradas e empenhar recursos para a recuperação e conservação. A iniciativa BNDES é um exemplo.
  • 89. EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - RECURSOS • Escolher uma região no Brasil para atuar isso gera mais efetividade nos recursos investidos. Os cases que eles apresentariam incentivariam a outros financiadores a investirem em outras regiões. Pensando que ele irá concentrar o recurso, eu pensaria em investir no Extremo Sul da Bahia. Essa região possui manguezais maravilhosos, mata atlântica, restinga e recife de coral. Focaria nesta região, pensando que não tem muita gente trabalhando lá. Além de que o extremo sul da Bahia é uma das regiões mais biodversas do mundo. • Criação e implantação de programas e projetos de comunicação e educação ambientais, com foco em aspectos de percepção sobre a Floresta Atlântica, sua constituição e importância, e ações de prevenção, conservação e preservação, com vistas a equilibrar a exploração dos seus recursos naturais. • Criar laços e unir os diferentes atores que contribuirão para a evolução da Mata Atlântica. Além do mais, o Fundo Vale tem a informações de ações que estão sendo realizadas e que serão implementadas em um futuro próximo. Isso tudo é uma importante fonte de dados que contribui com a organização dos projetos e com a otimização de utilização dos recursos disponíveis. • Acho que o poderia selecionar melhor territórios, ao contrario de dispersar os recursos. Selecionar territórios na Mata Atlântica aonde, de fato, possa se um efeito escalonado. Existem hoje estudos que podem embasar isto no Bioma.
  • 90. EIXO PONTOS EXPECTATIVAS - RESTAURAÇÃO • É preciso, com muita inteligência, eliminar o impacto, principalmente gado e fogo, para que a restauração possa acontecer de forma espontânea – particularmente nas áreas de nascentes e ao redor de córregos e rios. • Cada propriedade rural deve estabelecer de forma auto-declaratória quais são seus limites, o que tem de reserva legal, o que tem de déficit de cobertura florestal e quais são as implicações disso em termos de estratégia de restauração florestal. • Apoiar a implementação modelos de produção que sirvam de exemplo/vitrine: propriedade que tenha a sua produção baseada em serviços da biodiversidade (produtos e subprodutos da biodiversidade). Lugar onde as pessoas possam visitar e ver como um modelo de negócio, voltado principalmente para áreas degradadas que precisam de restauração. • Pensar conservação e restauração dentro das cidades é uma oportunidade bacana. E isso se você pensar em mudança do clima, o que acontece em área de encosta, os desastres, é uma oportunidade também. • Pesquisas que são desenvolvidas na reserva natural da Vale. Participação mais efetiva dentro do Pacto para Restauração da Atlântica, promover espaços para dialogo entre diferentes instituições.
  • 92. ALTA DENSIDADE Tanto os resultados obtidos através do Webcrawling quanto das entrevistas externas resultaram em um alto volume de dados coletados e os grafos obtidos no processo de inteligência de redes mostraram uma alta densidade, o que representa não só o fato de que há muita energia vinda de muitas partes para o trabalho com o bioma, como também o fato de que há uma alta conectividade entre iniciativas. Essa conectividade, no entanto não ocorre necessariamente por um alto grau de colaboração entre as organizações. Há esforços louváveis de interlocução de atores com a finalidade de unir forças diante de uma alta complexidade, natural pelo fato de o Bioma abrigar 70% da população do país. Vale observar se esse esforço não encontra entraves no ego organizacional, o já conhecido padrão competitivo deflagrado pelo instinto de sobrevivência das organizações e a disputa por recursos. Outro ponto importante sobre a conectividade é a sua capacidade de transcender setores de atividade. Muitas vezes, principalmente nas entrevistas externas, fica claro que não há de fato uma dinâmica Intersetorial orientada para a manutenção e restauração do Bioma.
  • 93. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO O fato de 70% da população do país estar inserida na zona de influência do Bioma explica o fato de essa ser uma variável crítica que se repete em todas acamadas de dados coletadas. Como mencionado anteriormente nesse documento, não há uma um sentimento de contrariedade à atividade econômica, mas sim um desejo coletivo de que o modelo de desenvolvimento seja revisto. O modelo de crescimento do país baseado na economia de commodities é um grande vilão para o esforço de conservação de remanescentes e restauração do Bioma. A discurso aponta para a Agricultura como o principal protagonista nesse cenário, principalmente a monocultura e seus efeitos colaterais, como a invasão de áreas de remanescentes por pequenos produtores que arrendam suas propriedades para o monocultivo, o uso indiscriminado de agrotóxicos que gera contaminação de cursos de água e a pressão gerada pela demanda de infraestrutura necessária para o escoamento da produção. O discurso aponta como caminho a chamada economia sustentável, que induz ao questionamento da escala de produção e também a novos meios que integram a floresta à produtividade. Esse novo modelo, no entanto carece de incentivos e meios que garantam à competitividade necessária para que futuramente o velho modelo possa ser substituído.
  • 94. COBERTURA VEGETAL A crise hídrica vivida no Sudeste e em outras partes chama a atenção para o padrão de ocupação urbana, e clama por um olhar territorial integrado que seja capaz de trazer soluções tão complexas quanto o problema em si. A área total de remanescentes, estimada em 8% da cobertura original, é muito baixa para garantir que os serviços ambientais que até então eram prestados pelo Bioma sigma existindo de maneira regular. A perspectiva de uma desestruturação do setor produtivo e do êxodo urbano em função da falta d’água clama por uma planejamento de médio e longo prazo que se conduz por um único caminho, o da restauração. Nesse sentido, entra aqui também a questão territorial. Há um consenso no sentido de se reconhecer que as áreas protegidas no Bioma têm uma gestão eficaz, o que volta a atenção para as áreas de remanescentes não protegidas e outras passíveis de restauração. O discurso aponta para o fato de que o modelo mais adequado para que essa restauração surta efeitos principalmente sobre a capacidade de o Bioma continuar prestando serviços ambientais aos 110 milhões de brasileiros que vivem em sua zona de influência é através da criação de corredores ecológicos. Há muitos esforços nesse sentido, mas a sensação de impotência diante de um baixo nível de compreensão principalmente do setor produtivo, detentor das terras que seriam destinadas para tanto.
  • 95. CARACTERIZAÇÃO DE USO DE UCs Ainda na esfera da educação ambiental, existe um consenso no sentido de que o distanciamento provocado pela restrição de acesso do público às unidades de conservação é um inimigo da conservação e um limitador da capacidade de compreensão do público em geral a respeito da necessidade de conservação e até restauração do Bioma. O uso de forma sustentável dessas áreas através do ecoturismo é visto como uma alternativa saudável para o engajamento de comunidades do entorno e para a educação ambiental, além de ser um elemento transformador do modelo de desenvolvimento, capaz de gerar emprego e renda para as comunidades próximas das UCs. Países como a Costa Rica puseram em prática planos que têm como eixo estruturante a boa relação com as florestas e o resultado em termos de conservação tem sido notáveis, servindo de exemplo para outros países. Existem organizações como a ABETA, ocupadas de defender a agenda do uso público sustentável de UCs, mas a legislação rígida restritiva é fator limitante. A alteração dessa política de forma integrada, com a criação da infraestrutura necessária para que o acesso ocorra de forma sustentável, é uma oportunidade de criação de um paradigma que pode substituir o modelo predatório de crescimento baseado no exaurimento de recursos naturais. Para tanto, é necessário um esforço Intersetorial que provoque o surgimento de uma política pública favorável
  • 96. ATIVAÇÃO DE REDES Como mencionado anteriormente, há esforços louváveis de ativação de redes já em curso, mas o dia a dia das organizações deixa pouco tempo apara o exercício da colaboração e da construção coletiva. Esse cenário acaba provocando um padrão caracterizado bem mais pela coordenação do que pela colaboração propriamente dita. O fluxo desse trabalho havia considerado a criação coletiva de cenários de futuro para a Mata Atlântica. Esse tipo de trabalho não existe e é de extrema importância para o engajamento de atores influentes em direção a uma estratégia comum, na qual os esforços individuais estejam conectados a objetivos palpáveis e não a termos generalistas como conservação e restauração. A retomada desse trabalho é uma enorme contribuição ao ecossistema de pessoas e organizações que trabalham em prol do Bioma.