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MANUAL DE PROCEDIMENTOS CINEGÉTICOS
Do Regime Jurídico
O ordenamento cinegético rege-se pelas normas constantes no diploma em vigor e
regulamentação, por planos de ordenamento e exploração cinegética (POEC), por planos
de gestão (PG) e por planos anuais de exploração (PAE), os quais são submetidos, para
aprovação, ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
Refere se que segundo o artigo 8º do Decreto-lei n.º 202/2004, de 18 de Agosto sua atual
redação existe a figura do Plano Global de Gestão. Este documento promove o
ordenamento e a exploração de uma unidade biológica para uma determinada
população cinegética. De acordo com o mesmo Decreto-lei na sua atual redação os
planos PAE e POEC, devem garantir, na área a que se aplicam, a gestão sustentável dos
recursos cinegéticos, através da conservação, fomento e exploração da caça.
Gestão Profissional…excelência de resultados
De forma a preservar, fomentar e otimizar as condições de reprodução do coelho
bravo e da perdiz vermelha, estão definidos locais onde não é permitida a caça,
designado por décimo, representando esta 10% dá área da Zona de Caça Municipal. A
localização destas áreas serão de caracter temporário (e não permanente como acontece
atualmente), geralmente com a duração de dois anos e a sua relocalização ou não
dependerá de estudos a efectuar. Esta área pode ser aumentada se verificar que tal será
útil ao funcionamento
da ZCM.
Sempre que, após a realização de sensos populacionais, se verifique decréscimos ou
ausência nas espécies de caça menor, coelho bravo e perdiz vermelha, torna-se assim
necessário efectuar repovoamentos. Estes repovoamentos são feitos com espécies
indígenas preferencialmente oriundas da mesma área geográfica, evitando assim
alterações no património genético existente. Promoveremos igualmente a captura de
indivíduos selvagens, em colaboração com as entidades competentes, para que no futuro
os repovoamentos possam ser feitos sem contaminação genética das populações
selvagens. Todo o processo de repovoamentos efectuados é de acordo com a legislação
em vigor.
Medidas de gestão de habitat.
A meta fundamental é elevar a capacidade de carga, satisfazendo os requisitos
ecológicos das espécies e possibilitando o aumento da sua abundância e posterior
expansão para áreas circundantes. As medidas de gestão focam-se na reprodução das
paisagens tradicionais, i.e mosaicos agrícolas interpenetrados por vegetação natural,
providenciando alimentação e abrigo. Assim, as medidas de gestão de habitat
geralmente consistem em:
1. Execução de sementeiras, abertura de clareiras, desmatações, instalação de
bosquetes, sebes e galerias ripícolas, para servirem de refúgio às espécies cinegéticas.
1.1 - Clareiras
De uma forma genérica, as áreas de vegetação rasteira, nomeadamente os pousios
dominados por gramíneas ou outras espécies de herbáceas, constituem melhores
áreas de alimento, comparativamente com as manchas de mato. No entanto, falham
muitas vezes, pela limitação de locais de abrigo, implicando elevada exposição aos
predadores sendo, por isso, as zonas centrais das manchas de grande dimensão, geralmente
evitadas.
De uma forma geral, os matos apresentam uma fraca disponibilidade alimentar, pela
baixa diversidade ao nível da vegetação que aí ocorre, a qual é, muitas vezes, homogénea.
Assim, os matos em consonância com as culturas de rotação cereal-pousio constituem
biótopos ótimos para a implementação de fomento de coelho bravo e perdiz-vermelha,
permitindo melhoria ao nível do principal fator limitante (alimento), bem como das
condições de refúgio e reprodução. Prevê-se, desta forma, ser possível aumentar a
robustez das populações das várias espécies cinegéticas mas em realce da perdiz
vermelha e do coelho bravo, permitindo, assim, aumentar a capacidade de suporte dos
ecossistemas e aumentar o valor cinegético da nossa zona de caça.
Deverá ser dada prioridade à execução da gestão de habitat em manchas de matos.
Assim, a criação de manchas de clareiras onde se promove a limpezas de matos permitirá
o aumento de zonas de alimentação, pelo crescimento de plântulas provenientes da
regeneração da vegetação herbácea natural.
Nos locais identificados para a execução de ações de desmatação deve ter-se em conta
o cuidado de manter algumas manchas de matos intactas, para garantir áreas de refúgio
dos predadores.
As desmatações deverão resultar na criação de parcelas alongadas e estreitas, de
formato irregular ou em faixas lineares (efeito de orla máximo), uma vez que o coelho-
bravo e a perdiz-vermelha tenderão a não utilizar as áreas centrais. A área de cada parcela
deverá ser adequada às características dos terrenos, salientando-se, contudo, que cada
parcela deverá ocupar, entre 0,3-0,5 ha.
1.2 - Sementeiras
A realização de sementeiras é um elemento chave na eficiente gestão de áreas
cinegéticas, sendo conhecida a sua contribuição para aumentar as populações de coelho-
bravo e perdiz-vermelha, entre outras espécies cinegéticas.
A criação de sementeiras deverá ser articulada com as de clareiras para que seja
atingido um mosaico de heterogeneidade de habitats. As sementeiras deverão constituir
pequenas parcelas de faixas retangulares, preferencialmente de forma irregular, de área
média próxima de 0,2 hectares. Deverá ser tido em atenção o efeito de orla, sendo
desejável uma distribuição ao longo de parcelas lineares, intercaladas com manchas de
matos.
Para a seleção das culturas e misturas de espécies vegetais a semear, deverá ter- se em
atenção as necessidades ecológicas das espécies a beneficiar, bem como a fertilidade dos
solos. Sugere-se que sejam semeadas culturas estremes ou consociações de culturas
consideradas mais atraentes para o coelho-bravo e para a perdiz-vermelha, nomeadamente
forragens de misturas de leguminosas (e.g., feijão-frade, lentilha, luzerna, tremocilha,
ervilhaca) e de gramíneas (trigo, aveia, centeio).
As culturas deverão ser semeadas bianualmente, (rotação da cultura de cereal e pousio),
no período outonal ou na primavera, consoante as características das espécies vegetais
selecionadas. As sementeiras não deverão ser colhidas, permitindo assim continuar a
proporcionar alimento e, em especial, coberto de proteção para as espécies. Locais de
alimento com disponibilidade de abrigo. As intervenções têm de ter uma durabilidade no
mínimo de 10 anos para se conseguir obter resultados.
As sementeiras terão de ser realizadas com cereais de trigo, aveia, centeio e ainda
sementeiras de primavera com feijão-frade. A sua configuração terá de ser o mais irregular
possível criando um efeito de orla maior, a escolha do cereal para cada local dependerá do
tipo de solo, mas também é benéfico fazer uma mistura, criando uma disponibilidade de
alimento ao longo do tempo (Figura 1 e 2).
Figura 1
Figura 2
1.1 - Unidades de Bebedouro e Comedouro
O objetivo é instalar bebedouros, como suplemento hídrico no período de estio e
instalar comedouros como suplemento alimentar. Este tipo de infraestruturas poderá
também ser importante para o controlo sanitário das espécies e para a realização de
inventários.
A existência de uma boa rede de recursos hídricos, desempenha um papel
fundamental no sucesso do número de exemplares das populações, especialmente de
perdiz-vermelha, a qual é particularmente suscetível à escassez deste recurso durante as
primeiras semanas de vida.
De um modo geral, o coelho-bravo consome água a partir da vegetação ou das gotas de
orvalho, em determinados períodos do dia. No entanto, em zonas mais áridas, os
períodos mais críticos (verão) em que a vegetação está seca, é recomendável a distribuição
de água e alimento suplementar em áreas estratégicas.
Para que as populações das espécies que se pretendem beneficiar sejam viáveis, devem
ser assegurados, pontos de água e alimento acessíveis, distribuídos de forma homogénea
no território e em rede com os pontos de água naturais.
Os UBC´s (figura 3) deverão ser instalados no início do período de estio,
recomendando-se que sejam retirados no fim desse período, no sentido de
minimizar a probabilidade de furtos, vandalismo e o desgaste desnecessário de material,
por ficar exposto a condições climáticas adversas no inverno. Este procedimento deverá
ser repetido em todos os verões, devendo ter-se especial atenção na manutenção destes
equipamentos para colocação de água e alimento, com uma regularidade normalmente de
15 em 15 dias.
Figura 3
Estas estruturas, poderão tornar-se mais equilibradas na paisagem colocando pedras,
ramos, ou outros materiais naturais de cada local, reduzindo o impacto visual desta
estrutura e evitando a destruição e o vandalismo a que podem estar sujeitas (figura 4)
FIGURA 4
1.4- Merouços
Estas estruturas são um abrigo essencial para a manutenção dos espécimes de coelho
bravo que ainda existe no concelho, mas ainda proporcionam a criação de ninhadas,
protegidas dos predadores naturais.
Os merouços normalmente são feitos com paletes de madeira tubos de PVC, material
vegetal e pedras para a fixação da estrutura (Figuras 5).
Figura 5
Junto a estes abrigos, deverá incluir-se uma unidade bebedouro e comedouro (UBC), para
melhor harmonizar o habitat do coelho bravo.
A construção dos merouços deverão ser efetuados com uma técnica mais
adequada à biologia do coelho bravo (figura 6).
Figura 6
Existe um valor mínimo e um valor máximo para cada tipo de intervenção, conforme a
disponibilidade dos recursos existentes em cada zona de caça, assim será prevista a
execução.
No caso das clareiras e sementeiras, o valor de referência é 5 ha e o valor máximo
é de 10 ha para 1000 hectares.
1. - REPOVOAMENTO DA PERDIZ VERMELHA
Perante a degradação sistemática do seu habitat natural a perdiz vermelha tem vindo
a apresentar uma degradação progressiva do seu índice reprodutivo.
Por forma a contrariar esta situação, torna-se essencial dominar e possuir capacidade
para implementar técnicas que promovam as condições necessárias à sobrevivência da
perdiz vermelha e garantam a qualidade das mesmas.
Acreditamos que, para ser eficaz, o repovoamento de perdiz vermelha deve, desde logo,
ter uma perspetiva (estratégia) de médio/longo prazo e ser realizado, anualmente, a
três tempos:
 1º Tempo: Inverno (janeiro)
 2º Tempo: Verão (junho)
 3º Tempo: Outono (outubro/dezembro)
No 1º Tempo, o Repovoamento (de Inverno) deve ser feito com aves adultas e
maturidade sexual propícia a um eficaz acasalamento, nidificação e eclosão de
perdigotos a partir de maio e junho.
No 2º Tempo, o Repovoamento (de Verão) deve ser realizado com perdigotos de idade
adequada a formação de bandos próprios ou integração nos bandos já existentes de
perdizes nascidas no terreno.
No 3º Tempo, o Repovoamento (de Outono) deve garantir a reposição das perdizes
abatidas pelos caçadores; e mais importante, é que as perdizes colocadas nesta altura no
terreno, por serem mais vulneráveis aos caçadores, desviem a atenção destes das
perdizes objeto do repovoamento de Inverno (incluindo as perdizes já nascidas no
terreno) e de Verão, menos vulneráveis e perfeitamente adaptadas e conhecedoras do
terreno, comportando-se como autênticas perdizes bravas.
Nota: Os locais de repovoamentos são previamente escolhidos com alimentação e água
disponíveis em quantidade e de preferência abrigado do vento e exposto a sul. Para que
as perdizes se possam adaptar e fixar melhor ao local é necessário instalar previamente
pequenos parques de largadas com 4x5x0,70 m, onde as perdizes ficam cerca de 4-5 dias.
A densidade não deve ultrapassar as duas perdizes por m2. Dentro das jaulas e nas
redondezas deverão ser colocados comedouros e bebedouros. A largada das aves pode
fazer-se em duas vezes, espaçadas 24 a 48 horas. É conveniente conservar 1 a 2 casais
dentro dos parques durante 15 dias para que as aves já largadas se fixem mais facilmente
na zona.
Algumas das principais medidas para se fazer um repovoamento eficaz da Perdiz
Vermelha são:
 Adotar procedimentos que assegurem as melhores condições de sobrevivência das
perdizes durante o ano;
 Melhorar o seu habitat, fornecendo abrigos, zonas de alimentação suplementar,
bebedouros, manutenção das sebes e arbustos e ausência de perturbação;
 Controlar os predadores;
 Estudar as zonas de repovoamento e libertar as aves nas áreas mais adequadas (p.e.
soalheiras);
 Tomar medidas que garantam o acasalamento, a nidificação e o nascimento dos
perdigotos;
1.1 – Da Água
A disponibilidade de água é vital para as perdizes. E a nossa reserva é rica. Falta
organizá-la.
Para evitar que as perdizes façam deslocações desnecessárias saindo da nossa reserva
em busca de água e comida fixando-se noutro local - com o risco aumentado de
predação que isso acarreta – a reserva deve ter pontos de água e comida facilmente
acessíveis e abastecidos todo o ano.
1.2 - Dos abrigos
Em zonas de planície, é comum que a terra seja mais utilizada para as atividades
agrícolas ou pecuárias, deixando grandes áreas sem qualquer vegetação. Nessas áreas
sempre que possível, e se o dono da terra e o gado permitirem, devemos instalar
pequenos “teepees” feitos de galhos ou paletes para que as perdizes possam ter abrigo.
Coloque se um destes abrigos a cada quatro ou cinco hectares, sempre em zonas onde
localizamos casais formados e de preferência perto de bebedouros ou comedouros,
perto de searas ou junto a restolhos e pousio. A forma mais económica e durável de os
fazer é usar duas paletes apoiadas uma sobre a outra amarradas com arame
preenchendo os buracos com ramos entrelaçados ou amarrados com arame por causa do
vento. A ideia é que seja o menos permeável possível de forma a permitir o abrigo dos
perdigotos nos dias de maior pluviosidade.
1.3- Fazer boinas
Uma reserva de sonho deve ter a presença de culturas herbáceas - cereais, girassóis,
leguminosas ... - e uma paisagem muito homogênea, medidas de manejo agrícola muito
eficazes para valorizar a diversidade da flora, onde as perdizes encontram facilmente
alimento e abrigo. Nesse caso, onde tudo já é bom, a criação de “boinas” - pequenos
montes de solo em forma longitudinal onde a vegetação cresce espontaneamente - ou
limites artificiais sem colheita ou sem tratamento, é a cereja no topo do bolo.
1.4. – Conhecer os hábitos da perdiz
hábitos durante o ano inteiro num determinado território.
Onde criam - Quem nunca ouviu “naquele cabeço todos os anos criam ali perdizes”. Por
norma, a perdiz costuma criar todos os anos no mesmo sítio. Por vezes a diferença situa-
se apenas a uns escassos metros do ninho do ano anterior. Entre março e abril, um
pouco antes da postura, a perdiz vai experimentando a segurança do sítio, enquanto o
macho vai tentando guardar a sua companheira. Nesta fase, a fêmea tenta passar ao
máximo despercebida, raramente levanta voo do sítio que pensa fazer o ninho.
Normalmente é nessa zona que vemos os perdigotos nas primeiras semanas e
depois “desaparecem”. Durante o resto do ano é pouco frequentado por elas, fica como
que esquecido.
Onde comem – estas zonas podem variar consoante a época do ano e disponibilidade de
comida mas é onde são mais frequentemente vistas pois estão mais expostas. Por isso,
são por norma zonas mais abertas, que permitem às perdizes observar os predadores
atempadamente. São zonas que fazem parte da rotina diária e costumam entrar sempre
pelo mesmo lado e sair sempre pelo lado oposto.
Onde descansam durante o dia e tratam das penas/parasitas – esta zona quase que se
confunde com a anterior mas é bem distinta. É aí que no verão procuram a sombra e
fazem os seus “espojeiros” e no inverno procuram apanhar algum sol. Geralmente é
perto de alguma cobertura vegetal que lhes possa dar proteção.
Onde dormem – Ao final da tarde a perdiz volta a procurar algum alimento para
aguentar a noite e mesmo ao lusco-fusco levanta voo para a sua dormida. Num voo
curto, que pode ser apenas de um cabeço para o outro. É uma tática para tentar evitar
que os predadores sigam o seu rasto. Normalmente são zonas abertas, com boa
visibilidade. Por norma essa zona costuma estar voltada para nascente, para apanharem
os primeiros raios de sol no inverno.
As perdizes, quer sejam autóctones ou em esforço de repovoamento apenas se fixam se
tiverem os 3 A's. Quando falta um deles vão à procura de melhores condições noutro
lado. Na altura dos ninhos a perdiz vai escolher o sitio que lhe dá melhores condições
para criar os seus filhotes. Por isso, o alimento deve ser disponibilizado durante todo o
ano e, principlamente, na altura do acasalamento. Claro está que, quando há erva a
perdiz come menos grão seco e pode-se reduzir as visitas aos comedouros artficiais no
entanto nunca se deve deixar que fiquem vazios e muito menos que o grão apodreça. O
ideal é que entre a totalidade dos comedouros da reserva, se escolha aqueles que ficam
mais no centro e esses serem abastecidos durante todo o ano.
Na altura em que já há perdigotos é importante que seja espalhado grão nas estradas
ou perto dos locais com água disponível. As formigas carregam o grão mas os perdigotos
também comem as formigas. Por outro lado, quando uma águia tem a barriga cheia com
uma rola turca oportunista já não vai caçar um perdigoto ou um coelho.
A colocação dos comedouros
A escolha do local deve ser estudada de forma a que tudo esteja o máximo de tempo
possível à sombra. Por isso, os comedouros/bebedouros artificiais devem ser colocados
debaixo de uma árvore que faça uma boa sombra e sempre posicionado a nascente.
Assim só apanha sol pela manhã passando o resto do dia à sombra da copa/ tronco da
árvore. Ao pôr do sol irá apanhar algum sol mas pouco significativo. As vantagens são
muitas. No inverno o comedouro está logo exposto ao sol pela manhã e as perdizes
adoram esse calor.
Deve-se evitar colocar comedouros junto a ribeiras ou pegos de água uma vez que estas
disponibilidades de água no verão são extremamente visitadas por predadores. As
perdizes bebem rápido mas a alimentar-se demoram mais tempo e todo o tempo de
exposição aos predadores é demais. Para além disso, no inverno, esses pontos são frios
e húmidos e a perdiz evita-os aos máximo. Por tudo isto, basta colocar o comedouro no
cabeço mais próximo à "soalheira".
Há um fator que contribui para o sucesso ainda maior do comedouro, que é o facto da
nossa aproximação ser possível de ver de longe. Assim, de forma natural damos tempo
para que as perdizes se afastem calmamente até uma distância segura e assim no
momento de se realizar o trabalho de reabastecimento do comedouro, estão calmas e
seguras. Podemos não as ver mas elas agradecem. Muitas vezes, mal abalamos e elas
voltam calmamente para comer ou beber. Por isso, colocar o comedouro num cabeço
com boa visibilidade. A colocação dos comedouros em cabeços é também importante
porque geralmente cresce menos erva e, como tal, são mais fáceis de limpar.
Todos nós gostamos de ver as perdizes mas elas não gostam de ser surpreendidas.
Lembrem-se que apesar de associarem a nossa presença com disponibilidade de comida
para elas seremos sempre um predador. Por isso, um péssimo local é sempre aquele em
que se chega ao comedouro, sem elas nos sentirem e levantarem assustadas. Elas voltam
mas nunca é a mesma coisa.
Quando se faz um comedouro artificial, há uma trilogia muito importante,
que é Caminho - Acesso - Comedouro. Depois de feito, devemos espalhar comida no
caminho principal durante uns 20mts, ao longo do acesso ao comedouro e em volta do
comedouro, num raio de 5mts. Aos poucos vamos eliminando a comida no caminho,
depois no acesso e quando o comedouro é regularmente visitado, apenas um
metro à volta do comedouro. Assim, vamos encaminhando as perdizes para o
comedouro e ao mesmo tempo mantemos as formigas ativas. Quando chegar a altura de
limparem o celeiro…podemos tirar uma folga no abastecimento dos comedouros.
Para além disso é importante que a terra seja mexida pelo menos 1 ou 2 vezes por ano. A
perdiz gosta de terra mexida, de bichos, de formigas...
1.5- Controlo de predadores
É mais uma forma de garantir a manutenção de populações estáveis de perdiz na sua
reserva. É claro que a autorização para o controlo dependerá dos serviços
desconcentrados do ICNF. Em Portugal o método autorizado mais comum são as caixas
armadilhas, contudo há que insistir que método de espera ou até a caça em madrigueira
sejam autorizados. O controlo de predadores fora da época de caça é sempre
considerado uma medida excecional e, geralmente, os serviços do ICNF não conhecem a
realidade das reservas que o solicitam recorrendo à informação que têm – os números
de abate comunicados no ano anterior. Ora, se houve poucos abates no período normal
de caça é porque a gestão não se preocupou com os predadores.
Embora a raposa e os sacarrabos sejam sempre os primeiros predadores que vem à
mente, não deixemos os corvídeos de lado.
De igual forma pode ser solicitado o seu controlo fora da época normal de caça.
1.6 - Dos javalis na reserva
Se houver muitos javalis na reserva será muito difícil ter uma boa densidade de perdizes.
Apesar do javali não ser um caçador por natureza é um animal omnívoro que se alimenta
de vegetais, animais e até carne em putrefação. Os ovos de perdiz são um verdadeiro
petisco. E claro, quanto mais cevadouros houver, mais javalis vamos atrair e menos
perdizes vamos ter. Há que fazer escolhas ou então encontrar o equilíbrio...
Devido a sua alta taxa de natalidade se a densidade de javalis não for controlada eles vão
encarregar-se de "administrar" a população de perdizes. O ideal será colocar os cevadouros
nas zonas limite da reserva e os comedouros das perdizes no centro. Claro que o javali fará
incursões em toda a reserva mas acaba-se por limitar os locais de comida fácil às extremas.
As esperas na água no verão devem ser incentivadas juntos dos sócios como uma ação de
caça mas também de vigilância e manutenção.
2. - Repovoamento de coelhos bravos
Com a mortalidade elevada que se tem verificado nos últimos anos reduziu se
fortemente a população de coelho bravo. Apesar de ser uma espécie de fácil recuperação
com 2/3 ninhadas no ano prevê-se na época de defeso a largada de coelhos como forma de
permitir uma recuperação mais rápida em locais onde o grau de abundância seja muito
inferior ao desejável.
Ao abrigo da legislação vigente (decreto-lei. 202/04, de 18 de Agosto, alterado através
do Decreto-lei n.º 201/05, de 24 de Novembro), a Câmara Municipal, gestor da Zona de
Caça Municipal, construiu um cercado, em Travassos, para criação de coelho bravo para
repovoamento exclusivo da Zona de Caça, de forma a garantir a sustentabilidade desta
espécie cinegética dentro da zona de caça. Nunca soubemos dos resultados obtidos.
Esperemos reativar esse cercado, ou outro, o mais rapidamente possível.
2.1 - auto-repovoamento
Caso os coelhos tenham desaparecido em algumas áreas da nossa reserva mas ainda
existam alguns noutros lados, podemos tentar um auto-repovoamento com animais
capturados nas proximidades e alojamento prévio em merouços ou parques instalados no
campo. Duas fêmeas e um macho são suficientes para iniciar esta ação, e aqui podemos
aplicar a vacinação e marcação dos espécimes capturados, tanto para mixomatose quanto
para DHV.
Em muitas ocasiões será necessário construir novos merouços ou parques de criação,
perto das áreas de alimentação e com abrigo suficiente para se protegerem dos
predadores.
Criaremos parques de reprodução, recorrendo à instalação de merouços artificiais pré-
fabricados ou improvisados com materiais naturais funcionando como maternidade e
abrigo permitindo, também, a captura dos indivíduos para a sua vacinação. Para tanto, que
seja garantida a introdução de coelho-bravo geneticamente adequado (subespécie
O. cuniculus algirus) em bom estado sanitário, reforços populacionais ou introdução de
novos efetivos e a solicitação ao criador, no momento da aquisição, do certificado sanitário
e genético dos coelhos-bravos antes da sua introdução para fins de repovoamentos ou
largadas.
3 - Abrigo
Garantir abrigo para a caça é, presentemente, o maior desafio de qualquer gestor. Como
é sabido a agricultura atual ou não existe de todo ou é intensiva e, como tal, prejudicial à
caça com a aplicação de produtos fitofarmacêuticos a toda a hora, mecanização, colheitas
na época da nidificação, colheitas ainda em verde para o gado, gado a pastar em verde,
entre tantas outras práticas que em nada favorecem a caça. A acrescer a tudo isto há
também os subsídios para desmatar e não semear nada (o tal emparcelamento).
Compreensivelmente, o dono da terra não tem a mínima preocupação com a caça. O lucro
que a caça possa ter para o proprietário da terra é uma gota de água em comparação com o
que recebe em subsídios.
É aqui que deve entrar o gestor ou a direção. É necessário em primeiro lugar saber quem
são os proprietários da terra. Travar boas relações com eles. Convidá-los para almoçar no
monte e saber quais são as suas intenções para a terra. Não custa nada pedir ao
proprietário de um projeto (financiado) que mande lavrar em junho em vez de março ou
abril. E porque não falar com o seareiro para semear umas tiras de trigo ou aveia em
determinadas zonas? A entidade gestora paga a semente e comparticipa no gasóleo e o
seareiro dá o trabalho e colhe o grão ou mete lá o gado só em seco. As perdizes não fazem
ninho nos torrões e sem abrigo não conseguem proteger os perdigotos dos predadores. O
mesmo acontece com os coelhos. Uma vegetação rasteira dificulta a vida às aves de
rapina.
Por outro lado, o mato excessivo também é prejudicial. É difícil de caçar e é mais difícil
de controlar os predadores. É fundamental conhecer a terra e os seus donos e, sempre que
possível saber quais as suas intenções.
4 - Gestão de Zonas de Caça
Gerir não é só soltar coelhos e perdizes de véspera! O trabalho é feito durante todo o
ano. Uma reserva bem gerida é garantia de boas jornadas.
4.1- O conhecimento da zona de caça
Para bem gerir é fundamental conhecer bem a zona de caça e as suas extremas. A
melhor forma de o fazer é recorrendo ao software Google earth. Com a ajuda da planta e
dos sócios que conheçam bem as extremas da reserva deve-se assinalar não só os limites da
reserva para efeitos de verificação da sinalização, como a localização dos bebedouros ou
comedouros, pontos de referência, bem como tudo o mais que for necessário. Quem não
conhece a zona ou não sabe onde está o comedouro X ou Y basta pegar no mapa e já não
há desculpa. Os comedouros/bebedouros ou outros locais que devem ser visitados por
quem vai tratar (no caso de não ser a mesma pessoa) devem ser numerados e assinalados
no mapa (armadilhas para predadores, comedouros para migratórias de verão, morouços
dos coelhos, portas, etc.) O mapa eletrónico pode ser enviado por email, descarregado para
o telemóvel, impresso e pode ser alterado/complementado sempre que for preciso.
O mapa é também importante para assinalar a localização e número de indivíduos dos
bandos de perdigotos que se vai avistando durante as jornadas de trabalho. Com esta
ferramenta é possível ter uma noção no mapa das zonas mais fortes e mais fracas, onde se
pode caçar mais ou menos, a pressão que é exercida pelos predadores em determinadas
zonas, a evolução das criações no caso de repovoamento, e tomar decisões para melhorar
um ou outro aspeto da gestão. O mapa é interativo e está sempre em permanente
atualização.
A numeração dos comedouros/bebedouros/locais a visitar não necessita de ser seguida. O
que é importante é que seja intuitiva pelo caminho normal que é seguido de forma a que,
depois de 3 ou 4 voltas já toda a gente saiba onde está tudo. Depois é só assinalar as
alterações.
1- Georreferenciar todas as informações de campo e construir um Geoportal para a cinegética
nomeadamente, zonas de caça disponíveis, áreas de refúgio, campos de treino de caça e as
intervenções preconizadas neste plano de trabalho.
2- Efetuar ações de sensibilização para agricultores e caçadores, relativamente às
práticas agrícolas, nomeadamente ao uso em excesso dos fitofármacos.
3- Incluir nas reuniões do conselho cinegético, a GNR (Sepna), por forma a estarem
atualizados dos problemas da caça, das melhorias que se pretendem implementar e também
salientar-se a importância da fiscalização.
4- Censos e monitorização da sanidade das espécies cinegéticas, por forma a obter-se um
valor mais aproximado da realidade no que diz respeito ao número de indivíduos existentes
nas zonas de caça.
5 - Contabilizar os caçadores, de forma a sabermos quem são e preferencialmente o que
capturaram em cada dia de caça. Estes dados são muito importantes para termos noção da
pressão venatória ou seja, do número de caçadores por área de zona de caça.
5 - A tabela informativa da jornada
Partindo do pressuposto que a reserva dispõe de um determinado número de
comedouros/bebedouros todos numerados e assinalados no mapa é necessário conhecer a
evolução da forma como estão a ser visitados pelos animais. É importante que se
estabeleça uma periodicidade para a visita aos comedouros/bebedouros e se aponte como
é que eles estão (vazio, 50%, partido, roubado). Assim é possível saber quais os que são
mais visitados, que gastam mais comida, os que devem ser vistos mais vezes e, estando
partido ou a precisar de manutenção que não é possível fazer de imediato, alertar para isso
no próximo dia.
Cada entidade gestora saberá qual a informação que precisa. A existência de uma tabela
conforme o exemplo ou de qualquer outro tipo e o seu preenchimento por quem trata da
reserva é fundamental para controlar os consumos e gastos. Como se sabe, junto aos
comedouros/bebedouros é onde se vê os bandos de perdizes no verão. Também se pode
apontar os avistamentos para mais tarde se assinalar no mapa.
6. - Modernização da Reserva
6.1 - Despesas elegíveis que podem ser comparticipadas (através de candidaturas):
I - Custos relacionados com a melhoria e recuperação de habitats:
a) Abertura de clareiras, desmatações;
b) Instalação de campos de alimentação, incluindo custos com aquisição de plantas,
materiais, e sementes;
c) Criação de zonas de refúgio, tais como bosquetes, sebes, galerias ripícolas e ilhas
artificiais;
d) Aquisição e instalação de morouços e tocas artificiais;
e) Limpeza de pontos de água, reabilitação de charcas e açudes;
II - Custos relacionados com a compatibilização da atividade cinegética com outras
atividades:
a) Aquisição e instalação de cercas elétricas para a proteção de culturas bem como de
outros mecanismos (sonoros, mecânicos) para afugentar as espécies cinegéticas das
culturas agrícolas e florestais;
b) Proteções individuais de plantas;
III - Custos com infraestruturas de apoio ao desenvolvimento da fauna:
a) Aquisição de comedouros e bebedouros;
b) Aquisição de armadilhas para controlo de predadores;
c) Instalação de parques de reprodução e adaptação das espécies;
IV - Custos com ações, equipamentos ou infraestruturas de monitorização:
a) Aquisição e instalação de palanques ou torres de observação;
b) Aquisição de equipamentos de deteção e captura de espécies cinegéticas;
c) Ações de monitorização ou caracterização das populações cinegéticas e ou dos seus
predadores;
V - Custos relacionados com a salvaguarda de aspetos sanitários:
a) Instalação de infraestruturas para exame inicial de caça abatida, incluindo custos com
materiais;
b) Aquisição de equipamentos para exame inicial de caça abatida;
c) Aquisição e instalação de cercados de contenção de caça maior;
d) Infraestruturas de isolamento de espécies cinegéticas;
e) Ações de captura de espécies cinegéticas;
VI - Custos relacionados com a diversificação da oferta de serviços relacionados com a
atividade da caça:
a) Aquisição de equipamento associado à instalação de observatórios e percursos;
b) Aquisição e instalação de sinalização;
c) Produção e disponibilização de conteúdos destinados a divulgar os planos de gestão,
boas práticas de gestão cinegética e boas práticas sanitárias;
d) Implementação, por meios convencionais ou eletrónicos através de aplicações,
plataformas ou páginas web, de ferramentas para a disponibilização e o reporte de
informação sobre a caça e os recursos cinegéticos, incluindo a aquisição ou
desenvolvimento de programas informáticos e licenças;
VII - Custos com estudos:
a)Recolha e sistematização de informação sobre a caça e os recursos cinegéticos,
nomeadamente com base em informação fornecida pelos caçadores ou pelas zonas de
caça;
b) Conceção de aplicações informáticas para a disponibilização e o reporte de informação
sobre a caça e os recursos cinegéticos.
VIII - Custos com elaboração e acompanhamento do projeto:
a) Elaboração e acompanhamento do projeto de investimento ou outros estudos prévios
necessários ao investimento, incluindo a cartografia digital, até 3 % da despesa elegível e ao
limite máximo de (euro) 2500, desde que as despesas tenham sido efetuadas até seis
meses antes da data de apresentação da candidatura.
6.2 - Despesas não elegíveis
Não são elegíveis despesas com bens de equipamento em estado de uso; Substituição de
equipamentos, exceto se esta substituição incluir a compra de equipamentos diferentes,
quer na tecnologia utilizada, quer na capacidade absoluta horária, bem como na aquisição
de espécimes vivos ou ovos.
Nos critérios de seleção entre as várias candidaturas é aplicada uma pontuação superior
às candidaturas inseridas na Rede Natura 2000 ou na Rede Nacional de Áreas Protegidas.
Beneficiam também de maior pontuação as candidaturas de Zonas de Caça com dimensões
inferiores as 1500ha face às de maiores dimensões, bem como os investimentos inseridos
em regiões desfavorecidas conforme a Portaria n.º 22/2015, de 5 de fevereiro, bem como
candidaturas respeitantes a investimentos que se situem em regiões de montanha.
O futuro da caça pertence aos caçadores e àquilo que fizerem por ela. Criticar não conta! A
pró atividade é o melhor caminho e é o caminho da recuperação e da abundância. Quando
tivermos caçadores imbuídos desta cultura, estamos garantidos.
Referências bibliográficas:
- Gonçalves, Guilherme Cunha, Gestão de populações de Coelho-bravo: um caso de
estudo - a Herdade da Espadaneira. Lisboa, FACULDADE DE CIÊNCIAS 2015.
- Livreiro, Dominique, Mestrado em Gestão e Conservação de Recursos Naturais.
Évora 2012.
- Teixeira, João da Costa, Gestão da Zona de Caça Municipal de Jou e Valongo de
Milhais
- Mirandela, Conselho Cinegético, Estratégia de Gestão Cinegética e Piscícola do
Concelho de Mirandela.
- Palombar, Conservação da Natureza e do Património Rural, Guia Informativo Manual de
Instalação de Pastagens Biodiversas, 2021.
- http://www.icnf.pt
-
-
-
http://www.zcm-alijo.pt
- http://www.apaginadomonteiro.net/Um_pouco_de_Historia.htm

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Gestão Cinegética Habitat

  • 1. MANUAL DE PROCEDIMENTOS CINEGÉTICOS Do Regime Jurídico O ordenamento cinegético rege-se pelas normas constantes no diploma em vigor e regulamentação, por planos de ordenamento e exploração cinegética (POEC), por planos de gestão (PG) e por planos anuais de exploração (PAE), os quais são submetidos, para aprovação, ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Refere se que segundo o artigo 8º do Decreto-lei n.º 202/2004, de 18 de Agosto sua atual redação existe a figura do Plano Global de Gestão. Este documento promove o ordenamento e a exploração de uma unidade biológica para uma determinada população cinegética. De acordo com o mesmo Decreto-lei na sua atual redação os planos PAE e POEC, devem garantir, na área a que se aplicam, a gestão sustentável dos recursos cinegéticos, através da conservação, fomento e exploração da caça. Gestão Profissional…excelência de resultados De forma a preservar, fomentar e otimizar as condições de reprodução do coelho bravo e da perdiz vermelha, estão definidos locais onde não é permitida a caça, designado por décimo, representando esta 10% dá área da Zona de Caça Municipal. A localização destas áreas serão de caracter temporário (e não permanente como acontece atualmente), geralmente com a duração de dois anos e a sua relocalização ou não dependerá de estudos a efectuar. Esta área pode ser aumentada se verificar que tal será útil ao funcionamento da ZCM.
  • 2. Sempre que, após a realização de sensos populacionais, se verifique decréscimos ou ausência nas espécies de caça menor, coelho bravo e perdiz vermelha, torna-se assim necessário efectuar repovoamentos. Estes repovoamentos são feitos com espécies indígenas preferencialmente oriundas da mesma área geográfica, evitando assim alterações no património genético existente. Promoveremos igualmente a captura de indivíduos selvagens, em colaboração com as entidades competentes, para que no futuro os repovoamentos possam ser feitos sem contaminação genética das populações selvagens. Todo o processo de repovoamentos efectuados é de acordo com a legislação em vigor. Medidas de gestão de habitat. A meta fundamental é elevar a capacidade de carga, satisfazendo os requisitos ecológicos das espécies e possibilitando o aumento da sua abundância e posterior expansão para áreas circundantes. As medidas de gestão focam-se na reprodução das paisagens tradicionais, i.e mosaicos agrícolas interpenetrados por vegetação natural, providenciando alimentação e abrigo. Assim, as medidas de gestão de habitat geralmente consistem em: 1. Execução de sementeiras, abertura de clareiras, desmatações, instalação de bosquetes, sebes e galerias ripícolas, para servirem de refúgio às espécies cinegéticas. 1.1 - Clareiras De uma forma genérica, as áreas de vegetação rasteira, nomeadamente os pousios dominados por gramíneas ou outras espécies de herbáceas, constituem melhores áreas de alimento, comparativamente com as manchas de mato. No entanto, falham muitas vezes, pela limitação de locais de abrigo, implicando elevada exposição aos predadores sendo, por isso, as zonas centrais das manchas de grande dimensão, geralmente evitadas. De uma forma geral, os matos apresentam uma fraca disponibilidade alimentar, pela baixa diversidade ao nível da vegetação que aí ocorre, a qual é, muitas vezes, homogénea. Assim, os matos em consonância com as culturas de rotação cereal-pousio constituem biótopos ótimos para a implementação de fomento de coelho bravo e perdiz-vermelha, permitindo melhoria ao nível do principal fator limitante (alimento), bem como das condições de refúgio e reprodução. Prevê-se, desta forma, ser possível aumentar a robustez das populações das várias espécies cinegéticas mas em realce da perdiz vermelha e do coelho bravo, permitindo, assim, aumentar a capacidade de suporte dos
  • 3. ecossistemas e aumentar o valor cinegético da nossa zona de caça. Deverá ser dada prioridade à execução da gestão de habitat em manchas de matos. Assim, a criação de manchas de clareiras onde se promove a limpezas de matos permitirá o aumento de zonas de alimentação, pelo crescimento de plântulas provenientes da regeneração da vegetação herbácea natural. Nos locais identificados para a execução de ações de desmatação deve ter-se em conta o cuidado de manter algumas manchas de matos intactas, para garantir áreas de refúgio dos predadores. As desmatações deverão resultar na criação de parcelas alongadas e estreitas, de formato irregular ou em faixas lineares (efeito de orla máximo), uma vez que o coelho- bravo e a perdiz-vermelha tenderão a não utilizar as áreas centrais. A área de cada parcela deverá ser adequada às características dos terrenos, salientando-se, contudo, que cada parcela deverá ocupar, entre 0,3-0,5 ha. 1.2 - Sementeiras A realização de sementeiras é um elemento chave na eficiente gestão de áreas cinegéticas, sendo conhecida a sua contribuição para aumentar as populações de coelho- bravo e perdiz-vermelha, entre outras espécies cinegéticas. A criação de sementeiras deverá ser articulada com as de clareiras para que seja atingido um mosaico de heterogeneidade de habitats. As sementeiras deverão constituir pequenas parcelas de faixas retangulares, preferencialmente de forma irregular, de área média próxima de 0,2 hectares. Deverá ser tido em atenção o efeito de orla, sendo desejável uma distribuição ao longo de parcelas lineares, intercaladas com manchas de matos. Para a seleção das culturas e misturas de espécies vegetais a semear, deverá ter- se em atenção as necessidades ecológicas das espécies a beneficiar, bem como a fertilidade dos solos. Sugere-se que sejam semeadas culturas estremes ou consociações de culturas consideradas mais atraentes para o coelho-bravo e para a perdiz-vermelha, nomeadamente forragens de misturas de leguminosas (e.g., feijão-frade, lentilha, luzerna, tremocilha, ervilhaca) e de gramíneas (trigo, aveia, centeio). As culturas deverão ser semeadas bianualmente, (rotação da cultura de cereal e pousio), no período outonal ou na primavera, consoante as características das espécies vegetais selecionadas. As sementeiras não deverão ser colhidas, permitindo assim continuar a proporcionar alimento e, em especial, coberto de proteção para as espécies. Locais de alimento com disponibilidade de abrigo. As intervenções têm de ter uma durabilidade no
  • 4. mínimo de 10 anos para se conseguir obter resultados. As sementeiras terão de ser realizadas com cereais de trigo, aveia, centeio e ainda sementeiras de primavera com feijão-frade. A sua configuração terá de ser o mais irregular possível criando um efeito de orla maior, a escolha do cereal para cada local dependerá do tipo de solo, mas também é benéfico fazer uma mistura, criando uma disponibilidade de alimento ao longo do tempo (Figura 1 e 2). Figura 1 Figura 2 1.1 - Unidades de Bebedouro e Comedouro O objetivo é instalar bebedouros, como suplemento hídrico no período de estio e instalar comedouros como suplemento alimentar. Este tipo de infraestruturas poderá
  • 5. também ser importante para o controlo sanitário das espécies e para a realização de inventários. A existência de uma boa rede de recursos hídricos, desempenha um papel fundamental no sucesso do número de exemplares das populações, especialmente de perdiz-vermelha, a qual é particularmente suscetível à escassez deste recurso durante as primeiras semanas de vida. De um modo geral, o coelho-bravo consome água a partir da vegetação ou das gotas de orvalho, em determinados períodos do dia. No entanto, em zonas mais áridas, os períodos mais críticos (verão) em que a vegetação está seca, é recomendável a distribuição de água e alimento suplementar em áreas estratégicas. Para que as populações das espécies que se pretendem beneficiar sejam viáveis, devem ser assegurados, pontos de água e alimento acessíveis, distribuídos de forma homogénea no território e em rede com os pontos de água naturais. Os UBC´s (figura 3) deverão ser instalados no início do período de estio, recomendando-se que sejam retirados no fim desse período, no sentido de minimizar a probabilidade de furtos, vandalismo e o desgaste desnecessário de material, por ficar exposto a condições climáticas adversas no inverno. Este procedimento deverá ser repetido em todos os verões, devendo ter-se especial atenção na manutenção destes equipamentos para colocação de água e alimento, com uma regularidade normalmente de 15 em 15 dias. Figura 3 Estas estruturas, poderão tornar-se mais equilibradas na paisagem colocando pedras, ramos, ou outros materiais naturais de cada local, reduzindo o impacto visual desta
  • 6. estrutura e evitando a destruição e o vandalismo a que podem estar sujeitas (figura 4) FIGURA 4 1.4- Merouços Estas estruturas são um abrigo essencial para a manutenção dos espécimes de coelho bravo que ainda existe no concelho, mas ainda proporcionam a criação de ninhadas, protegidas dos predadores naturais. Os merouços normalmente são feitos com paletes de madeira tubos de PVC, material vegetal e pedras para a fixação da estrutura (Figuras 5). Figura 5
  • 7. Junto a estes abrigos, deverá incluir-se uma unidade bebedouro e comedouro (UBC), para melhor harmonizar o habitat do coelho bravo. A construção dos merouços deverão ser efetuados com uma técnica mais adequada à biologia do coelho bravo (figura 6). Figura 6 Existe um valor mínimo e um valor máximo para cada tipo de intervenção, conforme a disponibilidade dos recursos existentes em cada zona de caça, assim será prevista a execução. No caso das clareiras e sementeiras, o valor de referência é 5 ha e o valor máximo é de 10 ha para 1000 hectares.
  • 8. 1. - REPOVOAMENTO DA PERDIZ VERMELHA Perante a degradação sistemática do seu habitat natural a perdiz vermelha tem vindo a apresentar uma degradação progressiva do seu índice reprodutivo. Por forma a contrariar esta situação, torna-se essencial dominar e possuir capacidade para implementar técnicas que promovam as condições necessárias à sobrevivência da perdiz vermelha e garantam a qualidade das mesmas. Acreditamos que, para ser eficaz, o repovoamento de perdiz vermelha deve, desde logo, ter uma perspetiva (estratégia) de médio/longo prazo e ser realizado, anualmente, a três tempos:  1º Tempo: Inverno (janeiro)  2º Tempo: Verão (junho)  3º Tempo: Outono (outubro/dezembro) No 1º Tempo, o Repovoamento (de Inverno) deve ser feito com aves adultas e maturidade sexual propícia a um eficaz acasalamento, nidificação e eclosão de perdigotos a partir de maio e junho.
  • 9. No 2º Tempo, o Repovoamento (de Verão) deve ser realizado com perdigotos de idade adequada a formação de bandos próprios ou integração nos bandos já existentes de perdizes nascidas no terreno. No 3º Tempo, o Repovoamento (de Outono) deve garantir a reposição das perdizes abatidas pelos caçadores; e mais importante, é que as perdizes colocadas nesta altura no terreno, por serem mais vulneráveis aos caçadores, desviem a atenção destes das perdizes objeto do repovoamento de Inverno (incluindo as perdizes já nascidas no terreno) e de Verão, menos vulneráveis e perfeitamente adaptadas e conhecedoras do terreno, comportando-se como autênticas perdizes bravas. Nota: Os locais de repovoamentos são previamente escolhidos com alimentação e água disponíveis em quantidade e de preferência abrigado do vento e exposto a sul. Para que as perdizes se possam adaptar e fixar melhor ao local é necessário instalar previamente pequenos parques de largadas com 4x5x0,70 m, onde as perdizes ficam cerca de 4-5 dias. A densidade não deve ultrapassar as duas perdizes por m2. Dentro das jaulas e nas redondezas deverão ser colocados comedouros e bebedouros. A largada das aves pode fazer-se em duas vezes, espaçadas 24 a 48 horas. É conveniente conservar 1 a 2 casais dentro dos parques durante 15 dias para que as aves já largadas se fixem mais facilmente na zona. Algumas das principais medidas para se fazer um repovoamento eficaz da Perdiz Vermelha são:  Adotar procedimentos que assegurem as melhores condições de sobrevivência das perdizes durante o ano;  Melhorar o seu habitat, fornecendo abrigos, zonas de alimentação suplementar, bebedouros, manutenção das sebes e arbustos e ausência de perturbação;  Controlar os predadores;  Estudar as zonas de repovoamento e libertar as aves nas áreas mais adequadas (p.e. soalheiras);  Tomar medidas que garantam o acasalamento, a nidificação e o nascimento dos perdigotos; 1.1 – Da Água
  • 10. A disponibilidade de água é vital para as perdizes. E a nossa reserva é rica. Falta organizá-la. Para evitar que as perdizes façam deslocações desnecessárias saindo da nossa reserva em busca de água e comida fixando-se noutro local - com o risco aumentado de predação que isso acarreta – a reserva deve ter pontos de água e comida facilmente acessíveis e abastecidos todo o ano. 1.2 - Dos abrigos Em zonas de planície, é comum que a terra seja mais utilizada para as atividades agrícolas ou pecuárias, deixando grandes áreas sem qualquer vegetação. Nessas áreas sempre que possível, e se o dono da terra e o gado permitirem, devemos instalar pequenos “teepees” feitos de galhos ou paletes para que as perdizes possam ter abrigo. Coloque se um destes abrigos a cada quatro ou cinco hectares, sempre em zonas onde localizamos casais formados e de preferência perto de bebedouros ou comedouros, perto de searas ou junto a restolhos e pousio. A forma mais económica e durável de os fazer é usar duas paletes apoiadas uma sobre a outra amarradas com arame preenchendo os buracos com ramos entrelaçados ou amarrados com arame por causa do vento. A ideia é que seja o menos permeável possível de forma a permitir o abrigo dos perdigotos nos dias de maior pluviosidade.
  • 11. 1.3- Fazer boinas Uma reserva de sonho deve ter a presença de culturas herbáceas - cereais, girassóis, leguminosas ... - e uma paisagem muito homogênea, medidas de manejo agrícola muito eficazes para valorizar a diversidade da flora, onde as perdizes encontram facilmente alimento e abrigo. Nesse caso, onde tudo já é bom, a criação de “boinas” - pequenos montes de solo em forma longitudinal onde a vegetação cresce espontaneamente - ou limites artificiais sem colheita ou sem tratamento, é a cereja no topo do bolo. 1.4. – Conhecer os hábitos da perdiz hábitos durante o ano inteiro num determinado território. Onde criam - Quem nunca ouviu “naquele cabeço todos os anos criam ali perdizes”. Por norma, a perdiz costuma criar todos os anos no mesmo sítio. Por vezes a diferença situa- se apenas a uns escassos metros do ninho do ano anterior. Entre março e abril, um pouco antes da postura, a perdiz vai experimentando a segurança do sítio, enquanto o macho vai tentando guardar a sua companheira. Nesta fase, a fêmea tenta passar ao máximo despercebida, raramente levanta voo do sítio que pensa fazer o ninho. Normalmente é nessa zona que vemos os perdigotos nas primeiras semanas e depois “desaparecem”. Durante o resto do ano é pouco frequentado por elas, fica como que esquecido. Onde comem – estas zonas podem variar consoante a época do ano e disponibilidade de comida mas é onde são mais frequentemente vistas pois estão mais expostas. Por isso,
  • 12. são por norma zonas mais abertas, que permitem às perdizes observar os predadores atempadamente. São zonas que fazem parte da rotina diária e costumam entrar sempre pelo mesmo lado e sair sempre pelo lado oposto. Onde descansam durante o dia e tratam das penas/parasitas – esta zona quase que se confunde com a anterior mas é bem distinta. É aí que no verão procuram a sombra e fazem os seus “espojeiros” e no inverno procuram apanhar algum sol. Geralmente é perto de alguma cobertura vegetal que lhes possa dar proteção. Onde dormem – Ao final da tarde a perdiz volta a procurar algum alimento para aguentar a noite e mesmo ao lusco-fusco levanta voo para a sua dormida. Num voo curto, que pode ser apenas de um cabeço para o outro. É uma tática para tentar evitar que os predadores sigam o seu rasto. Normalmente são zonas abertas, com boa visibilidade. Por norma essa zona costuma estar voltada para nascente, para apanharem os primeiros raios de sol no inverno. As perdizes, quer sejam autóctones ou em esforço de repovoamento apenas se fixam se tiverem os 3 A's. Quando falta um deles vão à procura de melhores condições noutro lado. Na altura dos ninhos a perdiz vai escolher o sitio que lhe dá melhores condições para criar os seus filhotes. Por isso, o alimento deve ser disponibilizado durante todo o ano e, principlamente, na altura do acasalamento. Claro está que, quando há erva a perdiz come menos grão seco e pode-se reduzir as visitas aos comedouros artficiais no entanto nunca se deve deixar que fiquem vazios e muito menos que o grão apodreça. O ideal é que entre a totalidade dos comedouros da reserva, se escolha aqueles que ficam mais no centro e esses serem abastecidos durante todo o ano. Na altura em que já há perdigotos é importante que seja espalhado grão nas estradas ou perto dos locais com água disponível. As formigas carregam o grão mas os perdigotos também comem as formigas. Por outro lado, quando uma águia tem a barriga cheia com uma rola turca oportunista já não vai caçar um perdigoto ou um coelho. A colocação dos comedouros A escolha do local deve ser estudada de forma a que tudo esteja o máximo de tempo possível à sombra. Por isso, os comedouros/bebedouros artificiais devem ser colocados debaixo de uma árvore que faça uma boa sombra e sempre posicionado a nascente. Assim só apanha sol pela manhã passando o resto do dia à sombra da copa/ tronco da árvore. Ao pôr do sol irá apanhar algum sol mas pouco significativo. As vantagens são
  • 13. muitas. No inverno o comedouro está logo exposto ao sol pela manhã e as perdizes adoram esse calor. Deve-se evitar colocar comedouros junto a ribeiras ou pegos de água uma vez que estas disponibilidades de água no verão são extremamente visitadas por predadores. As perdizes bebem rápido mas a alimentar-se demoram mais tempo e todo o tempo de exposição aos predadores é demais. Para além disso, no inverno, esses pontos são frios e húmidos e a perdiz evita-os aos máximo. Por tudo isto, basta colocar o comedouro no cabeço mais próximo à "soalheira". Há um fator que contribui para o sucesso ainda maior do comedouro, que é o facto da nossa aproximação ser possível de ver de longe. Assim, de forma natural damos tempo para que as perdizes se afastem calmamente até uma distância segura e assim no momento de se realizar o trabalho de reabastecimento do comedouro, estão calmas e seguras. Podemos não as ver mas elas agradecem. Muitas vezes, mal abalamos e elas voltam calmamente para comer ou beber. Por isso, colocar o comedouro num cabeço com boa visibilidade. A colocação dos comedouros em cabeços é também importante porque geralmente cresce menos erva e, como tal, são mais fáceis de limpar. Todos nós gostamos de ver as perdizes mas elas não gostam de ser surpreendidas. Lembrem-se que apesar de associarem a nossa presença com disponibilidade de comida para elas seremos sempre um predador. Por isso, um péssimo local é sempre aquele em que se chega ao comedouro, sem elas nos sentirem e levantarem assustadas. Elas voltam mas nunca é a mesma coisa. Quando se faz um comedouro artificial, há uma trilogia muito importante, que é Caminho - Acesso - Comedouro. Depois de feito, devemos espalhar comida no caminho principal durante uns 20mts, ao longo do acesso ao comedouro e em volta do comedouro, num raio de 5mts. Aos poucos vamos eliminando a comida no caminho, depois no acesso e quando o comedouro é regularmente visitado, apenas um metro à volta do comedouro. Assim, vamos encaminhando as perdizes para o comedouro e ao mesmo tempo mantemos as formigas ativas. Quando chegar a altura de limparem o celeiro…podemos tirar uma folga no abastecimento dos comedouros. Para além disso é importante que a terra seja mexida pelo menos 1 ou 2 vezes por ano. A perdiz gosta de terra mexida, de bichos, de formigas... 1.5- Controlo de predadores
  • 14. É mais uma forma de garantir a manutenção de populações estáveis de perdiz na sua reserva. É claro que a autorização para o controlo dependerá dos serviços desconcentrados do ICNF. Em Portugal o método autorizado mais comum são as caixas armadilhas, contudo há que insistir que método de espera ou até a caça em madrigueira sejam autorizados. O controlo de predadores fora da época de caça é sempre considerado uma medida excecional e, geralmente, os serviços do ICNF não conhecem a realidade das reservas que o solicitam recorrendo à informação que têm – os números de abate comunicados no ano anterior. Ora, se houve poucos abates no período normal de caça é porque a gestão não se preocupou com os predadores. Embora a raposa e os sacarrabos sejam sempre os primeiros predadores que vem à mente, não deixemos os corvídeos de lado. De igual forma pode ser solicitado o seu controlo fora da época normal de caça. 1.6 - Dos javalis na reserva Se houver muitos javalis na reserva será muito difícil ter uma boa densidade de perdizes. Apesar do javali não ser um caçador por natureza é um animal omnívoro que se alimenta de vegetais, animais e até carne em putrefação. Os ovos de perdiz são um verdadeiro petisco. E claro, quanto mais cevadouros houver, mais javalis vamos atrair e menos perdizes vamos ter. Há que fazer escolhas ou então encontrar o equilíbrio... Devido a sua alta taxa de natalidade se a densidade de javalis não for controlada eles vão encarregar-se de "administrar" a população de perdizes. O ideal será colocar os cevadouros nas zonas limite da reserva e os comedouros das perdizes no centro. Claro que o javali fará
  • 15. incursões em toda a reserva mas acaba-se por limitar os locais de comida fácil às extremas. As esperas na água no verão devem ser incentivadas juntos dos sócios como uma ação de caça mas também de vigilância e manutenção. 2. - Repovoamento de coelhos bravos Com a mortalidade elevada que se tem verificado nos últimos anos reduziu se fortemente a população de coelho bravo. Apesar de ser uma espécie de fácil recuperação com 2/3 ninhadas no ano prevê-se na época de defeso a largada de coelhos como forma de permitir uma recuperação mais rápida em locais onde o grau de abundância seja muito inferior ao desejável. Ao abrigo da legislação vigente (decreto-lei. 202/04, de 18 de Agosto, alterado através do Decreto-lei n.º 201/05, de 24 de Novembro), a Câmara Municipal, gestor da Zona de Caça Municipal, construiu um cercado, em Travassos, para criação de coelho bravo para repovoamento exclusivo da Zona de Caça, de forma a garantir a sustentabilidade desta espécie cinegética dentro da zona de caça. Nunca soubemos dos resultados obtidos. Esperemos reativar esse cercado, ou outro, o mais rapidamente possível.
  • 16. 2.1 - auto-repovoamento Caso os coelhos tenham desaparecido em algumas áreas da nossa reserva mas ainda existam alguns noutros lados, podemos tentar um auto-repovoamento com animais capturados nas proximidades e alojamento prévio em merouços ou parques instalados no campo. Duas fêmeas e um macho são suficientes para iniciar esta ação, e aqui podemos aplicar a vacinação e marcação dos espécimes capturados, tanto para mixomatose quanto para DHV. Em muitas ocasiões será necessário construir novos merouços ou parques de criação, perto das áreas de alimentação e com abrigo suficiente para se protegerem dos predadores. Criaremos parques de reprodução, recorrendo à instalação de merouços artificiais pré- fabricados ou improvisados com materiais naturais funcionando como maternidade e abrigo permitindo, também, a captura dos indivíduos para a sua vacinação. Para tanto, que seja garantida a introdução de coelho-bravo geneticamente adequado (subespécie O. cuniculus algirus) em bom estado sanitário, reforços populacionais ou introdução de novos efetivos e a solicitação ao criador, no momento da aquisição, do certificado sanitário e genético dos coelhos-bravos antes da sua introdução para fins de repovoamentos ou largadas. 3 - Abrigo Garantir abrigo para a caça é, presentemente, o maior desafio de qualquer gestor. Como é sabido a agricultura atual ou não existe de todo ou é intensiva e, como tal, prejudicial à caça com a aplicação de produtos fitofarmacêuticos a toda a hora, mecanização, colheitas na época da nidificação, colheitas ainda em verde para o gado, gado a pastar em verde,
  • 17. entre tantas outras práticas que em nada favorecem a caça. A acrescer a tudo isto há também os subsídios para desmatar e não semear nada (o tal emparcelamento). Compreensivelmente, o dono da terra não tem a mínima preocupação com a caça. O lucro que a caça possa ter para o proprietário da terra é uma gota de água em comparação com o que recebe em subsídios. É aqui que deve entrar o gestor ou a direção. É necessário em primeiro lugar saber quem são os proprietários da terra. Travar boas relações com eles. Convidá-los para almoçar no monte e saber quais são as suas intenções para a terra. Não custa nada pedir ao proprietário de um projeto (financiado) que mande lavrar em junho em vez de março ou abril. E porque não falar com o seareiro para semear umas tiras de trigo ou aveia em determinadas zonas? A entidade gestora paga a semente e comparticipa no gasóleo e o seareiro dá o trabalho e colhe o grão ou mete lá o gado só em seco. As perdizes não fazem ninho nos torrões e sem abrigo não conseguem proteger os perdigotos dos predadores. O mesmo acontece com os coelhos. Uma vegetação rasteira dificulta a vida às aves de rapina. Por outro lado, o mato excessivo também é prejudicial. É difícil de caçar e é mais difícil de controlar os predadores. É fundamental conhecer a terra e os seus donos e, sempre que possível saber quais as suas intenções. 4 - Gestão de Zonas de Caça Gerir não é só soltar coelhos e perdizes de véspera! O trabalho é feito durante todo o ano. Uma reserva bem gerida é garantia de boas jornadas. 4.1- O conhecimento da zona de caça Para bem gerir é fundamental conhecer bem a zona de caça e as suas extremas. A melhor forma de o fazer é recorrendo ao software Google earth. Com a ajuda da planta e dos sócios que conheçam bem as extremas da reserva deve-se assinalar não só os limites da reserva para efeitos de verificação da sinalização, como a localização dos bebedouros ou comedouros, pontos de referência, bem como tudo o mais que for necessário. Quem não conhece a zona ou não sabe onde está o comedouro X ou Y basta pegar no mapa e já não há desculpa. Os comedouros/bebedouros ou outros locais que devem ser visitados por quem vai tratar (no caso de não ser a mesma pessoa) devem ser numerados e assinalados no mapa (armadilhas para predadores, comedouros para migratórias de verão, morouços dos coelhos, portas, etc.) O mapa eletrónico pode ser enviado por email, descarregado para o telemóvel, impresso e pode ser alterado/complementado sempre que for preciso.
  • 18. O mapa é também importante para assinalar a localização e número de indivíduos dos bandos de perdigotos que se vai avistando durante as jornadas de trabalho. Com esta ferramenta é possível ter uma noção no mapa das zonas mais fortes e mais fracas, onde se pode caçar mais ou menos, a pressão que é exercida pelos predadores em determinadas zonas, a evolução das criações no caso de repovoamento, e tomar decisões para melhorar um ou outro aspeto da gestão. O mapa é interativo e está sempre em permanente atualização. A numeração dos comedouros/bebedouros/locais a visitar não necessita de ser seguida. O que é importante é que seja intuitiva pelo caminho normal que é seguido de forma a que, depois de 3 ou 4 voltas já toda a gente saiba onde está tudo. Depois é só assinalar as alterações. 1- Georreferenciar todas as informações de campo e construir um Geoportal para a cinegética nomeadamente, zonas de caça disponíveis, áreas de refúgio, campos de treino de caça e as intervenções preconizadas neste plano de trabalho. 2- Efetuar ações de sensibilização para agricultores e caçadores, relativamente às práticas agrícolas, nomeadamente ao uso em excesso dos fitofármacos. 3- Incluir nas reuniões do conselho cinegético, a GNR (Sepna), por forma a estarem atualizados dos problemas da caça, das melhorias que se pretendem implementar e também salientar-se a importância da fiscalização. 4- Censos e monitorização da sanidade das espécies cinegéticas, por forma a obter-se um valor mais aproximado da realidade no que diz respeito ao número de indivíduos existentes nas zonas de caça. 5 - Contabilizar os caçadores, de forma a sabermos quem são e preferencialmente o que capturaram em cada dia de caça. Estes dados são muito importantes para termos noção da pressão venatória ou seja, do número de caçadores por área de zona de caça. 5 - A tabela informativa da jornada Partindo do pressuposto que a reserva dispõe de um determinado número de comedouros/bebedouros todos numerados e assinalados no mapa é necessário conhecer a evolução da forma como estão a ser visitados pelos animais. É importante que se estabeleça uma periodicidade para a visita aos comedouros/bebedouros e se aponte como é que eles estão (vazio, 50%, partido, roubado). Assim é possível saber quais os que são mais visitados, que gastam mais comida, os que devem ser vistos mais vezes e, estando
  • 19. partido ou a precisar de manutenção que não é possível fazer de imediato, alertar para isso no próximo dia. Cada entidade gestora saberá qual a informação que precisa. A existência de uma tabela conforme o exemplo ou de qualquer outro tipo e o seu preenchimento por quem trata da reserva é fundamental para controlar os consumos e gastos. Como se sabe, junto aos comedouros/bebedouros é onde se vê os bandos de perdizes no verão. Também se pode apontar os avistamentos para mais tarde se assinalar no mapa. 6. - Modernização da Reserva 6.1 - Despesas elegíveis que podem ser comparticipadas (através de candidaturas): I - Custos relacionados com a melhoria e recuperação de habitats: a) Abertura de clareiras, desmatações; b) Instalação de campos de alimentação, incluindo custos com aquisição de plantas, materiais, e sementes; c) Criação de zonas de refúgio, tais como bosquetes, sebes, galerias ripícolas e ilhas artificiais; d) Aquisição e instalação de morouços e tocas artificiais; e) Limpeza de pontos de água, reabilitação de charcas e açudes; II - Custos relacionados com a compatibilização da atividade cinegética com outras atividades:
  • 20. a) Aquisição e instalação de cercas elétricas para a proteção de culturas bem como de outros mecanismos (sonoros, mecânicos) para afugentar as espécies cinegéticas das culturas agrícolas e florestais; b) Proteções individuais de plantas; III - Custos com infraestruturas de apoio ao desenvolvimento da fauna: a) Aquisição de comedouros e bebedouros; b) Aquisição de armadilhas para controlo de predadores; c) Instalação de parques de reprodução e adaptação das espécies; IV - Custos com ações, equipamentos ou infraestruturas de monitorização: a) Aquisição e instalação de palanques ou torres de observação; b) Aquisição de equipamentos de deteção e captura de espécies cinegéticas; c) Ações de monitorização ou caracterização das populações cinegéticas e ou dos seus predadores; V - Custos relacionados com a salvaguarda de aspetos sanitários: a) Instalação de infraestruturas para exame inicial de caça abatida, incluindo custos com materiais; b) Aquisição de equipamentos para exame inicial de caça abatida; c) Aquisição e instalação de cercados de contenção de caça maior; d) Infraestruturas de isolamento de espécies cinegéticas; e) Ações de captura de espécies cinegéticas; VI - Custos relacionados com a diversificação da oferta de serviços relacionados com a atividade da caça: a) Aquisição de equipamento associado à instalação de observatórios e percursos; b) Aquisição e instalação de sinalização; c) Produção e disponibilização de conteúdos destinados a divulgar os planos de gestão, boas práticas de gestão cinegética e boas práticas sanitárias; d) Implementação, por meios convencionais ou eletrónicos através de aplicações, plataformas ou páginas web, de ferramentas para a disponibilização e o reporte de informação sobre a caça e os recursos cinegéticos, incluindo a aquisição ou desenvolvimento de programas informáticos e licenças;
  • 21. VII - Custos com estudos: a)Recolha e sistematização de informação sobre a caça e os recursos cinegéticos, nomeadamente com base em informação fornecida pelos caçadores ou pelas zonas de caça; b) Conceção de aplicações informáticas para a disponibilização e o reporte de informação sobre a caça e os recursos cinegéticos. VIII - Custos com elaboração e acompanhamento do projeto: a) Elaboração e acompanhamento do projeto de investimento ou outros estudos prévios necessários ao investimento, incluindo a cartografia digital, até 3 % da despesa elegível e ao limite máximo de (euro) 2500, desde que as despesas tenham sido efetuadas até seis meses antes da data de apresentação da candidatura. 6.2 - Despesas não elegíveis Não são elegíveis despesas com bens de equipamento em estado de uso; Substituição de equipamentos, exceto se esta substituição incluir a compra de equipamentos diferentes, quer na tecnologia utilizada, quer na capacidade absoluta horária, bem como na aquisição de espécimes vivos ou ovos. Nos critérios de seleção entre as várias candidaturas é aplicada uma pontuação superior às candidaturas inseridas na Rede Natura 2000 ou na Rede Nacional de Áreas Protegidas. Beneficiam também de maior pontuação as candidaturas de Zonas de Caça com dimensões inferiores as 1500ha face às de maiores dimensões, bem como os investimentos inseridos em regiões desfavorecidas conforme a Portaria n.º 22/2015, de 5 de fevereiro, bem como candidaturas respeitantes a investimentos que se situem em regiões de montanha. O futuro da caça pertence aos caçadores e àquilo que fizerem por ela. Criticar não conta! A pró atividade é o melhor caminho e é o caminho da recuperação e da abundância. Quando tivermos caçadores imbuídos desta cultura, estamos garantidos. Referências bibliográficas: - Gonçalves, Guilherme Cunha, Gestão de populações de Coelho-bravo: um caso de estudo - a Herdade da Espadaneira. Lisboa, FACULDADE DE CIÊNCIAS 2015. - Livreiro, Dominique, Mestrado em Gestão e Conservação de Recursos Naturais. Évora 2012. - Teixeira, João da Costa, Gestão da Zona de Caça Municipal de Jou e Valongo de
  • 22. Milhais - Mirandela, Conselho Cinegético, Estratégia de Gestão Cinegética e Piscícola do Concelho de Mirandela. - Palombar, Conservação da Natureza e do Património Rural, Guia Informativo Manual de Instalação de Pastagens Biodiversas, 2021. - http://www.icnf.pt - - - http://www.zcm-alijo.pt - http://www.apaginadomonteiro.net/Um_pouco_de_Historia.htm