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Autoria & Apresentação: Karen da Silva Figueiredo
Medeiros Ribeiro (karen@ic.ufmt.br)
A Gender
Analysis of
Interaction in
Online Work
Meeting Tools
Trilha: Ideias Inovadoras e
Resultados Emergentes em IHC
@karensfmribeiro @karensfmr
Introdução
 Reuniões de trabalho síncronas
com equipes distribuídas
geograficamente mediadas por
tecnologias são uma prática
realizada e estudada há décadas
 Entretanto, foi o pico da pandemia de
saúde da covid-19 em 2020 que
ampliou esta prática, popularizou
as ferramentas de webconferências
e videochamadas e intensificou seu
uso em diversas áreas, desde as
pequenas equipes de trabalho até a
organização de grandes eventos
Introdução
 Estes espaços de convívio social são onde
comportamentos de assédio e de
opressão social relacionadas às minorias
tendem a se manifestar – ex.: interrupções
indesejadas, roubo de protagonismo ou de
ideias e comentários inapropriados,
especialmente sob uma perspectiva das
relações de gênero
 Com a pandemia, pesquisas mostram
que o trabalho de mulheres teve sua
produtividade afetada pelo
desequilíbrio de gênero na divisão das
tarefas domésticas e dos cuidados de
familiares
Objetivo
Com a popularização do uso de
sistemas para apoio às reuniões de
trabalho online, esta pesquisa tem
como objetivo realizar uma análise de
gênero da interação via ferramentas
de webconferências e
videochamadas no contexto do uso
para reuniões de trabalho síncronas
online.
Metodologia
 Pesquisa
preliminar do
tipo survey
research
 Questionário
online com
34 questões
 1 semana
em junho de
2020
 96
participante
s
1
25
14
2
01
28
14
7
11 1
0
5
10
15
20
25
30
Amarela Branca Parda Preta Indigena
Masculino Feminino Não binário
Participantes por raça x gênero
Áreas de atuação profissional:
Administração, Agronomia,
Arquitetura, Artes, Comunicação,
Contabilidade, Design, Educação,
Engenharias e Psicologia
 Não foi divulgada a
questão de gênero no
questionário
 A análise de gênero tem
como base teórica as
qualidades da IHC
Feminista, a fim de
identificar se e como são
constituídas as
diferenças de gênero
nas interações
IHC Feminista
 Teorias de Shaowen Bardzell (Indiana University) em 2010-2011
 Gênero como uma categoria de análise
 Inspirou centenas de pesquisas dentro da área de IHC
 Possui 6 qualidades de design de interação:
1. Pluralismo: a compreensão de que as pessoas são plurais e diversas e que
necessitam de design de interação que abarquem esta diversidade.
2. Participação: a valorização da participação das pessoas (plurais) no
processo de criação e avaliação do design de interação.
3. Ativismo: a adoção de uma postura política engajada no design de
interação na busca pela construção de uma sociedade melhor para todas as
pessoas.
4. Ecologia: a conscientização dos efeitos e impactos no contexto, individual e
coletivo, causados pelo design de interação.
5. Corporificação: a compreensão das pessoas por completo no design de
interação, incluindo aspectos sobre o seu corpo físico, suas emoções, raça
e etnia, sexualidade etc.
6. Revelação: a busca por explicitar no design de interação as escolhas
Análise dos Dados
Sobre as ferramentas e a escolha das
ferramentas:
 Ferramentas mais usadas: Google Meet
(39 preferem, 81 já usaram), Microsoft
Teams (20 preferem, 45 já usaram) e Zoom
(8 preferem, 61 já usaram)
 63 pessoas (74,1%) afirmou que a escolha
da ferramenta é feita por uma pessoa
líder da equipe de trabalho; 66 pessoas
(68,8%) informaram que não ocupam um
cargo de liderança – sem distinção de
gênero
Análise dos Dados
Sobre as características da interação nas ferramentas:
 Interações mais importantes: 1) áudio de participantes; 2)
compartilhamento de tela; e 3) gravar reunião
 Interações menos importantes: 12) enquetes/votações; e 13) envio de
emojis
 Diferenças de gênero:
 Mulheres e pessoas de gênero não binário valorizam mais as interações
de levantar a mão, sinalizar e gravar reunião que os homens
 Homens valorizam mais o compartilhamento de tela e o uso de chat privado
que as mulheres e pessoas de gênero não binário
Análise dos Dados
Sobre as características da interação nas ferramentas:
Análise dos Dados
Sobre as características da interação nas ferramentas:
 Maior concordância com as características: 1) participação e
colaboração e 2) atendimento às necessidades da equipe
 Menor concordância com as características: 9) realização das tarefas
usuais sem reproduzir as características negativas de reuniões de
trabalho presenciais e 10) sensação de presença física.
 Diferenças de Gênero:
 Mulheres: nível de concordância menor sobre a transparência durante
a tomada de decisões
 Pessoas de gênero não binário: nível de concordância baixo sobre
privacidade
Análise dos Dados
Sobre as características da interação nas ferramentas:
Privacidade: “Sinto que
minha privacidade é
respeitada ao utilizar a
ferramenta na realização de
reuniões de trabalho
online.”
Pessoas de gênero não
binário discordam
“parcialmente” e “totalmente”.
Concordância média de “1,5”,
bem abaixo da concordância
média geral e dos gêneros
binários (3,729).
Transparência nas decisões: “A ferramenta
oferece transparência durante a tomada de
decisões em reuniões de trabalho online.”
Análise dos Dados
Sobre as experiências sociais vivenciadas durante reuniões de trabalho online:
 Experiências mais recorrentes: 1) interrupções; 2) presença de crianças e
familiares em reuniões por meio da transmissão e colegas; e 3) vontade de
falar e não conseguir.
 Experiências menos recorrentes: Apesar de terem somente uma
ocorrência cada, a imitação e a discriminação e o bullying com colegas foram
selecionadas por homens, que praticaram tais atitudes em reuniões com
outras pessoas
 Todas as pessoas que foram imitadas são de gênero feminino (3) e de
gênero não binário (1). A afirmação de ter sofrido discriminação e bullying
foi feita por uma mulher (1) e uma pessoa de gênero não binário (1).
Análise dos Dados
Afirmação Total
Fui interrompido(a) durante uma fala 79
Interrompi alguém durante uma fala 71
Uma pessoa adulta que vive com um(a) colega apareceu no vídeo/áudio da reunião 49
Uma criança que vive com um(a) colega apareceu no vídeo/áudio da reunião 44
Desejei falar, mas não consegui falar ou manifestar o meu desejo de falar 42
Uma pessoa adulta que vive comigo apareceu no vídeo/áudio da reunião 38
Não percebi que alguém desejava falar 36
Comentei sobre a roupa de um colega na reunião 33
Comentei sobre o local de fundo do vídeo de um colega 33
Manifestei a minha intenção em falar, mas a pessoa que conduzia a reunião não me passou a fala/palavra 28
Uma criança que vive comigo apareceu no vídeo/áudio da reunião 25
Recebi uma tarefa que não desejava assumir 24
Tive dificuldades ao negociar o dia ou horário da próxima reunião online 20
Ignorei ou esqueci da vez de fala de uma pessoa 18
Comentaram sobre a minha roupa na reunião 17
Não recebi crédito por uma ideia que eu compartilhei 14
Comentaram sobre o local de fundo do meu vídeo 14
Alguém assumiu a autoria de uma ideia que eu compartilhei primeiro 11
Alguém fez uma imitação minha 4
Sofri discriminação ou bullying por alguma característica (gênero, raça, idade etc) 2
Imitei um(a) colega 1
Discriminei alguém ou pratiquei bullying sobre alguém 1
Sobre as experiências sociais vivenciadas durante reuniões de trabalho online:
Análise dos Dados
Sobre as experiências sociais vivenciadas durante reuniões de trabalho online:
 Diferenças de Gênero:
 Afirmaram não terem recebido o crédito por uma ideia: 17,65% das
mulheres, 11,6% dos homens e uma das pessoas de gênero não binário
 Alguém assumiu a autoria de uma ideia minha: 15,65% das mulheres,
6,9% dos homens e uma das pessoas de gênero não binário
 Dificuldade na hora de negociar datas de reuniões futuras: 25,5% das
mulheres e 16,28% dos homens
 Ocorrências de crianças na sua transmissão de reuniões: 31,37% das
mulheres e 20,9% dos homens.
Análise dos Dados
Sobre situações constrangedoras:
 Das 96 participantes, 27 passaram por uma ou mais situação(ões)
constrangedora(s). 18 são mulheres: 35,3% das mulheres já passaram por
situações constrangedoras em reuniões de trabalho online.
 Opcional: 17 mulheres e 7 homens compartilharam situações. Cada relato,
continha uma ou mais situações que foram analisadas e agrupadas por
temas: ruídos em áudios (8), casa e família (8), nudez parcial ou total (6),
questões de gênero (6), pessoa ignorada (3), falhas de conexão (2), pessoa
grosseira (2), interrupção (2), assunto não relacionado a trabalho (1), atraso
(1), compartilhamento de tela (1), compartilhamento de vídeo (1) e questões
raciais (1).
Análise dos Dados
“Tive que amamentar minha
filha bebê durante a
reunião.”
Relato A (gênero feminino)
“Uma pessoa adulta, de gênero
masculino, apareceu sem camisa
no vídeo de colega presenta na
reunião”
“Liguei a câmera
sem querer e estava
sem camisa rsrs”
Relato B (gênero feminino)
Relato C (gênero masculino)
Análise dos Dados
“O antigo coordenador se exaltou, me chamou
de anti ética e desrespeitosa por causa da minha
fala em que eu não citei nomes.”
Relato D (gênero feminino)
“Quando dei a opinião o diretor no meu setor disse
que a minha opinião não era relevante naquele
momento”
“Comentários acerca do meu penteado/
cabelo - o qual é um black-power”
Relato E (gênero feminino)
Relato F (gênero não binário, parda)
Considerações Finais
 Há diferenças nas formas e características da interação de acordo
com os gêneros, nas quais mulheres e pessoas não binárias estão
mais vulneráveis a interações sociais opressoras e situações
constrangedoras;
 As ferramentas utilizadas para reuniões de trabalho podem ajudar a
perpetuar comportamentos inapropriados ou a proteger as
pessoas destes comportamentos indesejados caso repensem o
design da interação com as qualidades da IHC Feminista;
 Apesar da análise racial estar fora do escopo deste trabalho, uma das
situações citadas no estudo sugere que pessoas negras (pretas e
pardas) também estariam vulneráveis.
Considerações Finais
Há a necessidade de incorporar novas
formas de interação como a gravação de
reuniões, a possibilidade de inscrever-se
para falar e sinalizar respostas positivas e
negativas de forma pública para elevar a
transparência das decisões e promover
maior pluralismo de ideias e revelação
sobre as reuniões.
Dar maior poder para as pessoas se
protegerem contra interrupções e
comentários indesejados, ou até mesmo
denunciarem a líderes via ferramenta
estes comportamentos, é assumir uma
postura de ativismo além de promover a
participação ativa nas reuniões.
Novas formas de interação também
podem ajudar a promover maior
privacidade e ecologia, como a opção
de borrar fundo do vídeo e a atribuição
de perfis de controles diferenciados
para a equipe de trabalho, como no
exemplo do controle de áudio.
Questiona-se ainda como
estas ferramentas podem
trabalhar aspectos de
corporificação na
interação para aumentar a
sensação de presença
física?
CREDITS: This presentation template was created by Slidesgo, including
icons by Flaticon, and infographics & images by Freepik.
Please keep this slide for attribution.
Trabalhos Futuros
 Continuação da pesquisa sobre a
ótica de gênero e diversidade da
interação em reuniões de trabalho
online:
 Análise das necessidades de
interação neste cenário/ferramentas
por gênero;
 Aprofundando as análises e a
discussões crítica sobre o tema;
 41 pessoas se inscreveram para
continuar participando em etapas
futuras da pesquisa, apontando que
A Gender
Analysis of
Interaction in
Online Work
Meeting Tools
Trilha: Ideias Inovadoras e
Resultados Emergentes em IHC
@karensfmribeiro @karensfmr
Dúvidas e informações:
Drª Karen Ribeiro
(karen@ic.ufmt.br)
Muito Obrigada!
Créditos template e ilustrações:
PAINEL
Diversidade de Gênero e IHC:
Meninas Digitais e outros
possíveis diálogos sobre
gênero na área
Participantes:
Luciana Bolan Frigo (UFSC e MD-SBC) -
moderadora
Sílvia Amélia Bim (UTFPR)
Karen Ribeiro (UFMT)
Cristiano Maciel (UFMT e MD-SBC)
Sexta-feira às 16:15h
Sala JK

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Análise de Gênero da Interação em Ferramentas de Reuniões Online

  • 1. Autoria & Apresentação: Karen da Silva Figueiredo Medeiros Ribeiro (karen@ic.ufmt.br) A Gender Analysis of Interaction in Online Work Meeting Tools Trilha: Ideias Inovadoras e Resultados Emergentes em IHC @karensfmribeiro @karensfmr
  • 2. Introdução  Reuniões de trabalho síncronas com equipes distribuídas geograficamente mediadas por tecnologias são uma prática realizada e estudada há décadas  Entretanto, foi o pico da pandemia de saúde da covid-19 em 2020 que ampliou esta prática, popularizou as ferramentas de webconferências e videochamadas e intensificou seu uso em diversas áreas, desde as pequenas equipes de trabalho até a organização de grandes eventos
  • 3. Introdução  Estes espaços de convívio social são onde comportamentos de assédio e de opressão social relacionadas às minorias tendem a se manifestar – ex.: interrupções indesejadas, roubo de protagonismo ou de ideias e comentários inapropriados, especialmente sob uma perspectiva das relações de gênero  Com a pandemia, pesquisas mostram que o trabalho de mulheres teve sua produtividade afetada pelo desequilíbrio de gênero na divisão das tarefas domésticas e dos cuidados de familiares
  • 4. Objetivo Com a popularização do uso de sistemas para apoio às reuniões de trabalho online, esta pesquisa tem como objetivo realizar uma análise de gênero da interação via ferramentas de webconferências e videochamadas no contexto do uso para reuniões de trabalho síncronas online.
  • 5. Metodologia  Pesquisa preliminar do tipo survey research  Questionário online com 34 questões  1 semana em junho de 2020  96 participante s 1 25 14 2 01 28 14 7 11 1 0 5 10 15 20 25 30 Amarela Branca Parda Preta Indigena Masculino Feminino Não binário Participantes por raça x gênero Áreas de atuação profissional: Administração, Agronomia, Arquitetura, Artes, Comunicação, Contabilidade, Design, Educação, Engenharias e Psicologia  Não foi divulgada a questão de gênero no questionário  A análise de gênero tem como base teórica as qualidades da IHC Feminista, a fim de identificar se e como são constituídas as diferenças de gênero nas interações
  • 6. IHC Feminista  Teorias de Shaowen Bardzell (Indiana University) em 2010-2011  Gênero como uma categoria de análise  Inspirou centenas de pesquisas dentro da área de IHC  Possui 6 qualidades de design de interação: 1. Pluralismo: a compreensão de que as pessoas são plurais e diversas e que necessitam de design de interação que abarquem esta diversidade. 2. Participação: a valorização da participação das pessoas (plurais) no processo de criação e avaliação do design de interação. 3. Ativismo: a adoção de uma postura política engajada no design de interação na busca pela construção de uma sociedade melhor para todas as pessoas. 4. Ecologia: a conscientização dos efeitos e impactos no contexto, individual e coletivo, causados pelo design de interação. 5. Corporificação: a compreensão das pessoas por completo no design de interação, incluindo aspectos sobre o seu corpo físico, suas emoções, raça e etnia, sexualidade etc. 6. Revelação: a busca por explicitar no design de interação as escolhas
  • 7. Análise dos Dados Sobre as ferramentas e a escolha das ferramentas:  Ferramentas mais usadas: Google Meet (39 preferem, 81 já usaram), Microsoft Teams (20 preferem, 45 já usaram) e Zoom (8 preferem, 61 já usaram)  63 pessoas (74,1%) afirmou que a escolha da ferramenta é feita por uma pessoa líder da equipe de trabalho; 66 pessoas (68,8%) informaram que não ocupam um cargo de liderança – sem distinção de gênero
  • 8. Análise dos Dados Sobre as características da interação nas ferramentas:  Interações mais importantes: 1) áudio de participantes; 2) compartilhamento de tela; e 3) gravar reunião  Interações menos importantes: 12) enquetes/votações; e 13) envio de emojis  Diferenças de gênero:  Mulheres e pessoas de gênero não binário valorizam mais as interações de levantar a mão, sinalizar e gravar reunião que os homens  Homens valorizam mais o compartilhamento de tela e o uso de chat privado que as mulheres e pessoas de gênero não binário
  • 9. Análise dos Dados Sobre as características da interação nas ferramentas:
  • 10. Análise dos Dados Sobre as características da interação nas ferramentas:  Maior concordância com as características: 1) participação e colaboração e 2) atendimento às necessidades da equipe  Menor concordância com as características: 9) realização das tarefas usuais sem reproduzir as características negativas de reuniões de trabalho presenciais e 10) sensação de presença física.  Diferenças de Gênero:  Mulheres: nível de concordância menor sobre a transparência durante a tomada de decisões  Pessoas de gênero não binário: nível de concordância baixo sobre privacidade
  • 11. Análise dos Dados Sobre as características da interação nas ferramentas: Privacidade: “Sinto que minha privacidade é respeitada ao utilizar a ferramenta na realização de reuniões de trabalho online.” Pessoas de gênero não binário discordam “parcialmente” e “totalmente”. Concordância média de “1,5”, bem abaixo da concordância média geral e dos gêneros binários (3,729). Transparência nas decisões: “A ferramenta oferece transparência durante a tomada de decisões em reuniões de trabalho online.”
  • 12. Análise dos Dados Sobre as experiências sociais vivenciadas durante reuniões de trabalho online:  Experiências mais recorrentes: 1) interrupções; 2) presença de crianças e familiares em reuniões por meio da transmissão e colegas; e 3) vontade de falar e não conseguir.  Experiências menos recorrentes: Apesar de terem somente uma ocorrência cada, a imitação e a discriminação e o bullying com colegas foram selecionadas por homens, que praticaram tais atitudes em reuniões com outras pessoas  Todas as pessoas que foram imitadas são de gênero feminino (3) e de gênero não binário (1). A afirmação de ter sofrido discriminação e bullying foi feita por uma mulher (1) e uma pessoa de gênero não binário (1).
  • 13. Análise dos Dados Afirmação Total Fui interrompido(a) durante uma fala 79 Interrompi alguém durante uma fala 71 Uma pessoa adulta que vive com um(a) colega apareceu no vídeo/áudio da reunião 49 Uma criança que vive com um(a) colega apareceu no vídeo/áudio da reunião 44 Desejei falar, mas não consegui falar ou manifestar o meu desejo de falar 42 Uma pessoa adulta que vive comigo apareceu no vídeo/áudio da reunião 38 Não percebi que alguém desejava falar 36 Comentei sobre a roupa de um colega na reunião 33 Comentei sobre o local de fundo do vídeo de um colega 33 Manifestei a minha intenção em falar, mas a pessoa que conduzia a reunião não me passou a fala/palavra 28 Uma criança que vive comigo apareceu no vídeo/áudio da reunião 25 Recebi uma tarefa que não desejava assumir 24 Tive dificuldades ao negociar o dia ou horário da próxima reunião online 20 Ignorei ou esqueci da vez de fala de uma pessoa 18 Comentaram sobre a minha roupa na reunião 17 Não recebi crédito por uma ideia que eu compartilhei 14 Comentaram sobre o local de fundo do meu vídeo 14 Alguém assumiu a autoria de uma ideia que eu compartilhei primeiro 11 Alguém fez uma imitação minha 4 Sofri discriminação ou bullying por alguma característica (gênero, raça, idade etc) 2 Imitei um(a) colega 1 Discriminei alguém ou pratiquei bullying sobre alguém 1 Sobre as experiências sociais vivenciadas durante reuniões de trabalho online:
  • 14. Análise dos Dados Sobre as experiências sociais vivenciadas durante reuniões de trabalho online:  Diferenças de Gênero:  Afirmaram não terem recebido o crédito por uma ideia: 17,65% das mulheres, 11,6% dos homens e uma das pessoas de gênero não binário  Alguém assumiu a autoria de uma ideia minha: 15,65% das mulheres, 6,9% dos homens e uma das pessoas de gênero não binário  Dificuldade na hora de negociar datas de reuniões futuras: 25,5% das mulheres e 16,28% dos homens  Ocorrências de crianças na sua transmissão de reuniões: 31,37% das mulheres e 20,9% dos homens.
  • 15. Análise dos Dados Sobre situações constrangedoras:  Das 96 participantes, 27 passaram por uma ou mais situação(ões) constrangedora(s). 18 são mulheres: 35,3% das mulheres já passaram por situações constrangedoras em reuniões de trabalho online.  Opcional: 17 mulheres e 7 homens compartilharam situações. Cada relato, continha uma ou mais situações que foram analisadas e agrupadas por temas: ruídos em áudios (8), casa e família (8), nudez parcial ou total (6), questões de gênero (6), pessoa ignorada (3), falhas de conexão (2), pessoa grosseira (2), interrupção (2), assunto não relacionado a trabalho (1), atraso (1), compartilhamento de tela (1), compartilhamento de vídeo (1) e questões raciais (1).
  • 16. Análise dos Dados “Tive que amamentar minha filha bebê durante a reunião.” Relato A (gênero feminino) “Uma pessoa adulta, de gênero masculino, apareceu sem camisa no vídeo de colega presenta na reunião” “Liguei a câmera sem querer e estava sem camisa rsrs” Relato B (gênero feminino) Relato C (gênero masculino)
  • 17. Análise dos Dados “O antigo coordenador se exaltou, me chamou de anti ética e desrespeitosa por causa da minha fala em que eu não citei nomes.” Relato D (gênero feminino) “Quando dei a opinião o diretor no meu setor disse que a minha opinião não era relevante naquele momento” “Comentários acerca do meu penteado/ cabelo - o qual é um black-power” Relato E (gênero feminino) Relato F (gênero não binário, parda)
  • 18. Considerações Finais  Há diferenças nas formas e características da interação de acordo com os gêneros, nas quais mulheres e pessoas não binárias estão mais vulneráveis a interações sociais opressoras e situações constrangedoras;  As ferramentas utilizadas para reuniões de trabalho podem ajudar a perpetuar comportamentos inapropriados ou a proteger as pessoas destes comportamentos indesejados caso repensem o design da interação com as qualidades da IHC Feminista;  Apesar da análise racial estar fora do escopo deste trabalho, uma das situações citadas no estudo sugere que pessoas negras (pretas e pardas) também estariam vulneráveis.
  • 19. Considerações Finais Há a necessidade de incorporar novas formas de interação como a gravação de reuniões, a possibilidade de inscrever-se para falar e sinalizar respostas positivas e negativas de forma pública para elevar a transparência das decisões e promover maior pluralismo de ideias e revelação sobre as reuniões. Dar maior poder para as pessoas se protegerem contra interrupções e comentários indesejados, ou até mesmo denunciarem a líderes via ferramenta estes comportamentos, é assumir uma postura de ativismo além de promover a participação ativa nas reuniões. Novas formas de interação também podem ajudar a promover maior privacidade e ecologia, como a opção de borrar fundo do vídeo e a atribuição de perfis de controles diferenciados para a equipe de trabalho, como no exemplo do controle de áudio. Questiona-se ainda como estas ferramentas podem trabalhar aspectos de corporificação na interação para aumentar a sensação de presença física?
  • 20. CREDITS: This presentation template was created by Slidesgo, including icons by Flaticon, and infographics & images by Freepik. Please keep this slide for attribution. Trabalhos Futuros  Continuação da pesquisa sobre a ótica de gênero e diversidade da interação em reuniões de trabalho online:  Análise das necessidades de interação neste cenário/ferramentas por gênero;  Aprofundando as análises e a discussões crítica sobre o tema;  41 pessoas se inscreveram para continuar participando em etapas futuras da pesquisa, apontando que
  • 21. A Gender Analysis of Interaction in Online Work Meeting Tools Trilha: Ideias Inovadoras e Resultados Emergentes em IHC @karensfmribeiro @karensfmr Dúvidas e informações: Drª Karen Ribeiro (karen@ic.ufmt.br) Muito Obrigada! Créditos template e ilustrações:
  • 22. PAINEL Diversidade de Gênero e IHC: Meninas Digitais e outros possíveis diálogos sobre gênero na área Participantes: Luciana Bolan Frigo (UFSC e MD-SBC) - moderadora Sílvia Amélia Bim (UTFPR) Karen Ribeiro (UFMT) Cristiano Maciel (UFMT e MD-SBC) Sexta-feira às 16:15h Sala JK