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Apresentação
	 2
1. Introdução	 4
2. A construção civil e o desenvolvimento sustentável	 7
3. Impacto ambiental da cadeia produtiva da construção	 10
3.1 Consumo de Recursos Naturais	 10
3.2 Resíduos e Poluição	 12
3.3 Alternativas para Redução do Impacto Ambiental	 15
4. A construção civil e as perdas	 17
4.1 Entendendo o Conceito de Perdas	 17
4.2 Classificação das Perdas	 20
4.3 Perdas x Geração de Resíduos	 26
5. Diretrizes para gerenciamento de resíduos da construção	 28
5.1 A Resolução 307 do CONAMA	 28
5.2 Organização, Limpeza e Segregação de Resíduos	 32
5.3 Acondicionamento dos Resíduos	 35
5.4 Sinalização dos Dispositivos	 42
5.5 Transporte Interno dos Resíduos	 43
5.6 Destinação Responsável	 44
5.7 Normas Brasileiras para a Gestão de Resíduos	 48
5.8 Envolvimento das Pessoas para uma Gestão Eficiente	 51
6. A racionalização como ferramenta para a redução da geração de resíduos	 53
6.1 Procedimentos Gerais	 56
6.2 Os Times de Racionalização	 57
6.3 Desenvolvimento da Metodologia	 58
6.4 Exemplo de Racionalização R1 em um Canteiro de Obras	 66
6.5 Projeto e Planejamento	 76
6.6 Organização do Canteiro	 77
7. A reciclagem na cadeia produtiva da construção	 80
7.1 Vantagens da Reciclagem	 81
7.2 Barreiras da Reciclagem de RCD no Brasil	 81
7.3 Exemplos da Reciclagem de RCD no Brasil	 81
8. Metodologia para implantação da gestão de resíduos no canteiro	 84
8.1 Objetivos do Programa	 84
8.2 Seqüência das Atividades	 85
8.3 Qualificação dos Agentes Envolvidos	 96
9. Considerações finais	 99
Apresentação
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1. Introdução	 4
2. A construção civil e o desenvolvimento sustentável	 7
3. Impacto ambiental da cadeia produtiva da construção	 10
3.1 Consumo de Recursos Naturais	 10
3.2 Resíduos e Poluição	 12
3.3 Alternativas para Redução do Impacto Ambiental	 15
4. A construção civil e as perdas	 17
4.1 Entendendo o Conceito de Perdas	 17
4.2 Classificação das Perdas	 20
4.3 Perdas x Geração de Resíduos	 26
5. Diretrizes para gerenciamento de resíduos da construção	 28
5.1 A Resolução 307 do CONAMA	 28
5.2 Organização, Limpeza e Segregação de Resíduos	 32
5.3 Acondicionamento dos Resíduos	 35
5.4 Sinalização dos Dispositivos	 42
5.5 Transporte Interno dos Resíduos	 43
5.6 Destinação Responsável	 44
5.7 Normas Brasileiras para a Gestão de Resíduos	 48
5.8 Envolvimento das Pessoas para uma Gestão Eficiente	 51
6. A racionalização como ferramenta para a redução da geração de resíduos	 53
6.1 Procedimentos Gerais	 56
6.2 Os Times de Racionalização	 57
6.3 Desenvolvimento da Metodologia	 58
6.4 Exemplo de Racionalização R1 em um Canteiro de Obras	 66
6.5 Projeto e Planejamento	 76
6.6 Organização do Canteiro	 77
7. A reciclagem na cadeia produtiva da construção	 80
7.1 Vantagens da Reciclagem	 81
7.2 Barreiras da Reciclagem de RCD no Brasil	 81
7.3 Exemplos da Reciclagem de RCD no Brasil	 81
8. Metodologia para implantação da gestão de resíduos no canteiro	 84
8.1 Objetivos do Programa	 84
8.2 Seqüência das Atividades	 85
8.3 Qualificação dos Agentes Envolvidos	 96
9. Considerações finais	 99
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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Apresentação
O Projeto Competir, oriundo de um Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Técnica entre os Governos do
Brasil e da Alemanha, foi aprovado para ajudar a transformar a realidade das empresas de pequeno porte, tornando-
as mais produtivas e com maior competitividade, influindo no desenvolvimento econômico da Região Nordeste. A
execução do Projeto foi delegada, pelo lado brasileiro ao SENAI e ao SEBRAE e, pelo lado alemão a GTZ (Deutsche
Gesellschaft Technische Zusammenarbeit).
A primeira fase do projeto, iniciada em 1996 e concluída em 2000, teve como foco a qualificação de técnicos do
SENAI e do SEBRAE visando o atendimento às empresas na introdução de programas de qualidade de vários
setores industriais. Já na segunda fase, que durou de 2001 a 2005, o Projeto passou a assessorar Cadeias e
Arranjos Produtivos, sob uma visão regional da competitividade, abrangendo os 9 estados do Nordeste. Procurou-
se apoiar o desenvolvimento produtivo regional através da promoção do diálogo e da cooperação entre os agentes
locais e regionais relevantes, buscando a sinergia entre fornecedores, prestadores de serviços, entidades de apoio,
produtores finais e o comércio.
Desde janeiro de 2005 o Projeto Competir integra o Programa “Desenvolvimento Regional no Nordeste do Brasil,
voltado para o Combate à Pobreza” e, mais especificamente, o componente “Fomento Regional à Geração de
Emprego e Renda”.
Dentre os diversos produtos do Projeto Competir, que estão à disposição da comunidade empresarial nos
Departamentos Regionais do SENAI do Nordeste, bem como no SEBRAE, encontra-se o Programa de Gestão de
Resíduos na Construção Civil, do qual faz parte este material.
Vale ressaltar que este material foi desenvolvido no âmbito do Projeto Estratégico PJ-NE 0597 “Gerenciamento
Integrado de Resíduos da Construção Civil: Redução, Reciclagem e Reutilização como Alternativa Sustentável para
Gestão dos Resíduos Classe A” do SENAI - Departamento Nacional. Este projeto contou com a participação dos
Departamentos Regionais do SENAI da Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe.
Esta publicação foi preparada para ser utilizada como instrumento de consulta. Possui informações que são
aplicáveis de forma prática, no dia-a-dia do profissional ligado à construção civil, apresentada através de uma
linguagem simples e de fácil assimilação. Possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento dos profissionais do
setor no que se refere à gestão dos resíduos resultantes da atividade construtiva.
Este trabalho apresenta diversos temas e aspectos relacionados à gestão de resíduos na construção civil, ao longo
de seus nove capítulos. O primeiro capítulo introduz o tema; o capítulo 2 aborda a questão do desenvolvimento
sustentável atrelado à construção civil e o terceiro capítulo trata da forma como a indústria da construção impacta
o meio ambiente.
No capítulo 4 são abordadas as perdas geradas pelos processos de construção, salientando-se como estas perdas
podem ser classificadas. No quinto capítulo, apresentam-se as diretrizes para se promover o gerenciamento
de resíduos na construção, dando destaque à Resolução 307 do CONAMA, que estabelece diretrizes, critérios
e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. São citadas algumas normas brasileiras que
tratam especificamente dos resíduos sólidos da construção no tocante às áreas de transbordo, triagem, aterro e
reciclagem e uso dos agregados reciclados. Ainda nesse capítulo, é mencionada a necessidade de se promover o
envolvimento das pessoas para se conseguir uma gestão eficiente.
No sexto capítulo são apresentadas algumas ferramentas que podem ser aplicadas de forma simples e eficaz para
auxiliar o processo de redução da geração de resíduos e de forma mais específica a racionalização no canteiro
de obras. Já no sétimo capítulo, aborda-se a reciclagem na cadeia produtiva da construção civil, as principais
vantagens, as barreiras encontradas e boas práticas de reciclagem existentes no Brasil. No penúltimo capítulo é
apresentada a metodologia implementada no âmbito do Projeto Competir para implantação da gestão de resíduos
nos canteiros de obra.
O último capítulo sintetiza as principais idéias do Programa: a importância da não geração de resíduos, da gestão
diferenciada dos resíduos nos canteiros de obra e da necessidade de minimizar os impactos sócio-ambientais,
preservar recursos naturais e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas.
Com esta publicação, o Projeto Competir objetiva contribuir com a melhoria da qualidade e da competitividade das
empresas de pequeno porte do Nordeste e, conseqüentemente, com o desenvolvimento da Região.
SENAI SEBRAE GTZ
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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Apresentação
O Projeto Competir, oriundo de um Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Técnica entre os Governos do
Brasil e da Alemanha, foi aprovado para ajudar a transformar a realidade das empresas de pequeno porte, tornando-
as mais produtivas e com maior competitividade, influindo no desenvolvimento econômico da Região Nordeste. A
execução do Projeto foi delegada, pelo lado brasileiro ao SENAI e ao SEBRAE e, pelo lado alemão a GTZ (Deutsche
Gesellschaft Technische Zusammenarbeit).
A primeira fase do projeto, iniciada em 1996 e concluída em 2000, teve como foco a qualificação de técnicos do
SENAI e do SEBRAE visando o atendimento às empresas na introdução de programas de qualidade de vários
setores industriais. Já na segunda fase, que durou de 2001 a 2005, o Projeto passou a assessorar Cadeias e
Arranjos Produtivos, sob uma visão regional da competitividade, abrangendo os 9 estados do Nordeste. Procurou-
se apoiar o desenvolvimento produtivo regional através da promoção do diálogo e da cooperação entre os agentes
locais e regionais relevantes, buscando a sinergia entre fornecedores, prestadores de serviços, entidades de apoio,
produtores finais e o comércio.
Desde janeiro de 2005 o Projeto Competir integra o Programa “Desenvolvimento Regional no Nordeste do Brasil,
voltado para o Combate à Pobreza” e, mais especificamente, o componente “Fomento Regional à Geração de
Emprego e Renda”.
Dentre os diversos produtos do Projeto Competir, que estão à disposição da comunidade empresarial nos
Departamentos Regionais do SENAI do Nordeste, bem como no SEBRAE, encontra-se o Programa de Gestão de
Resíduos na Construção Civil, do qual faz parte este material.
Vale ressaltar que este material foi desenvolvido no âmbito do Projeto Estratégico PJ-NE 0597 “Gerenciamento
Integrado de Resíduos da Construção Civil: Redução, Reciclagem e Reutilização como Alternativa Sustentável para
Gestão dos Resíduos Classe A” do SENAI - Departamento Nacional. Este projeto contou com a participação dos
Departamentos Regionais do SENAI da Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe.
Esta publicação foi preparada para ser utilizada como instrumento de consulta. Possui informações que são
aplicáveis de forma prática, no dia-a-dia do profissional ligado à construção civil, apresentada através de uma
linguagem simples e de fácil assimilação. Possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento dos profissionais do
setor no que se refere à gestão dos resíduos resultantes da atividade construtiva.
Este trabalho apresenta diversos temas e aspectos relacionados à gestão de resíduos na construção civil, ao longo
de seus nove capítulos. O primeiro capítulo introduz o tema; o capítulo 2 aborda a questão do desenvolvimento
sustentável atrelado à construção civil e o terceiro capítulo trata da forma como a indústria da construção impacta
o meio ambiente.
No capítulo 4 são abordadas as perdas geradas pelos processos de construção, salientando-se como estas perdas
podem ser classificadas. No quinto capítulo, apresentam-se as diretrizes para se promover o gerenciamento
de resíduos na construção, dando destaque à Resolução 307 do CONAMA, que estabelece diretrizes, critérios
e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. São citadas algumas normas brasileiras que
tratam especificamente dos resíduos sólidos da construção no tocante às áreas de transbordo, triagem, aterro e
reciclagem e uso dos agregados reciclados. Ainda nesse capítulo, é mencionada a necessidade de se promover o
envolvimento das pessoas para se conseguir uma gestão eficiente.
No sexto capítulo são apresentadas algumas ferramentas que podem ser aplicadas de forma simples e eficaz para
auxiliar o processo de redução da geração de resíduos e de forma mais específica a racionalização no canteiro
de obras. Já no sétimo capítulo, aborda-se a reciclagem na cadeia produtiva da construção civil, as principais
vantagens, as barreiras encontradas e boas práticas de reciclagem existentes no Brasil. No penúltimo capítulo é
apresentada a metodologia implementada no âmbito do Projeto Competir para implantação da gestão de resíduos
nos canteiros de obra.
O último capítulo sintetiza as principais idéias do Programa: a importância da não geração de resíduos, da gestão
diferenciada dos resíduos nos canteiros de obra e da necessidade de minimizar os impactos sócio-ambientais,
preservar recursos naturais e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas.
Com esta publicação, o Projeto Competir objetiva contribuir com a melhoria da qualidade e da competitividade das
empresas de pequeno porte do Nordeste e, conseqüentemente, com o desenvolvimento da Região.
SENAI SEBRAE GTZ
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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1.	Introdução
Ao longo das últimas décadas diversas tecnologias vêm sendo desenvolvidas de modo a auxiliar e melhorar a
qualidade de vida dos seres humanos. Porém, apesar de todos os benefícios, estas mudanças também trazem
seu lado negativo, muitas delas são grandes geradoras de impactos ambientais, como é o caso, por exemplo, das
embalagens descartáveis que vêm causando grandes transtornos nas grandes cidades.
A indústria da construção civil ocupa posição de destaque na economia nacional, quando considerada a significativa
parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país pela qual é responsável e também pelo contingente de pessoas que,
direta ou indiretamente, emprega. Por outro lado, esta indústria é responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na
atmosfera e por quase metade da quantidade dos resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000).
Por todos estes motivos, a construção civil é um dos grandes vilões ao se falar em impactos ambientais, aparecendo
como o principal gerador de resíduos de toda a sociedade (estimativas apontam para uma produção mundial entre
2 e 3 bilhões de toneladas/ano).
Estima-se que a construção civil é responsável por algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos
pela sociedade (SJÖSTRÖM, 1992). Para citar um exemplo, em uma cidade como São Paulo, o esgotamento das
reservas próximas da capital faz com que a areia natural seja transportada de distâncias superiores a 100km,
gerando consumos de energia, além de poluição (JOHN, 2006) .
A produção de quantidades significativas de resíduos de construção civil é um dos principais problemas enfrentados
em áreas urbanas. Em alguns países europeus (Finlândia, Holanda, etc.), o volume de entulho produzido é o dobro
do lixo sólido urbano (SJÖSTRÖM, 1992). Dados levantados entre 1995 e 1997 em cinco cidades do interior de
São Paulo indicam que a geração dos Resíduos de Construção e Demolição (RCD) variava entre 54% e 70% dos
Resíduos Sólidos Urbanos (PINTO, 1999). Na cidade de Salvador, por exemplo, os RCD representam cerca da
metade dos resíduos sólidos urbanos e correspondem à geração diária de aproximadamente 2.000t (LIMPURB,
2004). O crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias inadequadas têm
contribuído para que esta quantidade aumente cada vez mais.
Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade expressiva do entulho e o seu descarte
inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e eficazes para a sua gestão adequada. Daí decorre a
prioridade de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade
civilorganizada–naelaboraçãoeconsolidaçãodeprogramasespecíficosquevisemàminimizaçãodessesimpactos.
As políticas ambientais relacionadas ao tema devem voltar-se para o adequado manuseio, redução, reutilização,
reciclagem e disposição desses resíduos (CASSA et al, 2001).
No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) buscam
impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura gerencial e implementar medidas
que visem a redução da quantidade de resíduos produzidos. Estas medidas, via de regra, ainda são consideradas
como não usuais ou mesmo como desconhecidas no setor.
A principal ação efetivada em termos legais visando à mudança deste quadro foi a publicação da Resolução nº307 do
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Em vigor desde janeiro de 2003, a referida Resolução estabelece
obrigações para os geradores e para os municípios. Para o gerador, salienta que ele deve ter como objetivo prioritário
a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Além
disso, o gerador é responsável pela implantação de programas de gerenciamento de resíduos da construção
civil nos seus empreendimentos. Isto envolve o estabelecimento de procedimentos necessários para o manejo e
destinação ambientalmente adequados dos resíduos.
Já para os municípios, determina que estes devem implementar a gestão dos resíduos da construção civil através da
elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Assim, os gestores municipais
e as empresas construtoras necessitam adaptar seus processos de modo a garantir a destinação ambientalmente
correta dos resíduos de construção civil.
Na cidade de Salvador, por exemplo, o poder público, através da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador
(LIMPURB), vem buscando implantar desde 1997 o Plano de Gestão Diferenciada de Entulho. Este Plano promove
medidas para a redução do descarte clandestino, convertendo-o em deposição correta, seja pela implantação de
Postos de Descarga de Entulho – PDEs ou pela implantação de Bases de Descarga de Entulho – BDEs para uso de
pequenos e grandes geradores, respectivamente (LIMPURB, 2005).
No Brasil, é incipiente a quantidade de empresas de construção civil que fazem a gestão de resíduos em canteiro
de obra e desenvolvem ações planejadas para redução da geração de resíduos. A segregação, acondicionamento
e disposição final qualificada dos resíduos ainda não são r ealizados de forma adequada e integrada às atividades
produtivas do canteiro de obra.
A criação e manutenção de parâmetros e procedimentos em obra para a gestão diferenciada dos resíduos são
fundamentais para assegurar o descarte adequado. Estas ações, quando executadas amplamente por empresas do
setor, promovem a minimização substancial dos impactos ambientais que a disposição inadequada dos resíduos
gera e contribuem para evitar a necessidade de soluções emergenciais. A Gestão Corretiva é a situação típica da
maioria dos municípios brasileiros, com ações de caráter não preventivo, repetitivo, custoso e, principalmente,
ineficiente.
Ao longo deste trabalho, são apresentados e discutidos alguns assuntos relacionados à Gestão de Resíduos de
Construção de modo a estabelecer um referencial teórico a respeito do tema, além de apresentar a metodologia
para implantação do Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil desenvolvida no âmbito do Projeto
Competir e utilizada pelo SENAI e SEBRAE. A sua concepção baseia-se na segregação dos resíduos no canteiro, de
forma a reaproveitá-los ou conduzi-los à destinação adequada. Como resultados parciais do programa, destacam-
se: maior limpeza e organização da obra, segregação e destinação ambientalmente responsáveis dos resíduos,
controle do transporte e disposição final.
De acordo com Souza (2005) estudos mostram que o Construbusiness – cadeia em que se insere a Construção – responde por valores superiores a 15% do PIB nacional.
Informações disponíveis em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/des_sustentavel.htm>. Acesso em 20 fev. 2006.
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1.	Introdução
Ao longo das últimas décadas diversas tecnologias vêm sendo desenvolvidas de modo a auxiliar e melhorar a
qualidade de vida dos seres humanos. Porém, apesar de todos os benefícios, estas mudanças também trazem
seu lado negativo, muitas delas são grandes geradoras de impactos ambientais, como é o caso, por exemplo, das
embalagens descartáveis que vêm causando grandes transtornos nas grandes cidades.
A indústria da construção civil ocupa posição de destaque na economia nacional, quando considerada a significativa
parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país pela qual é responsável e também pelo contingente de pessoas que,
direta ou indiretamente, emprega. Por outro lado, esta indústria é responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na
atmosfera e por quase metade da quantidade dos resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000).
Por todos estes motivos, a construção civil é um dos grandes vilões ao se falar em impactos ambientais, aparecendo
como o principal gerador de resíduos de toda a sociedade (estimativas apontam para uma produção mundial entre
2 e 3 bilhões de toneladas/ano).
Estima-se que a construção civil é responsável por algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos
pela sociedade (SJÖSTRÖM, 1992). Para citar um exemplo, em uma cidade como São Paulo, o esgotamento das
reservas próximas da capital faz com que a areia natural seja transportada de distâncias superiores a 100km,
gerando consumos de energia, além de poluição (JOHN, 2006) .
A produção de quantidades significativas de resíduos de construção civil é um dos principais problemas enfrentados
em áreas urbanas. Em alguns países europeus (Finlândia, Holanda, etc.), o volume de entulho produzido é o dobro
do lixo sólido urbano (SJÖSTRÖM, 1992). Dados levantados entre 1995 e 1997 em cinco cidades do interior de
São Paulo indicam que a geração dos Resíduos de Construção e Demolição (RCD) variava entre 54% e 70% dos
Resíduos Sólidos Urbanos (PINTO, 1999). Na cidade de Salvador, por exemplo, os RCD representam cerca da
metade dos resíduos sólidos urbanos e correspondem à geração diária de aproximadamente 2.000t (LIMPURB,
2004). O crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias inadequadas têm
contribuído para que esta quantidade aumente cada vez mais.
Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade expressiva do entulho e o seu descarte
inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e eficazes para a sua gestão adequada. Daí decorre a
prioridade de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade
civilorganizada–naelaboraçãoeconsolidaçãodeprogramasespecíficosquevisemàminimizaçãodessesimpactos.
As políticas ambientais relacionadas ao tema devem voltar-se para o adequado manuseio, redução, reutilização,
reciclagem e disposição desses resíduos (CASSA et al, 2001).
No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) buscam
impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura gerencial e implementar medidas
que visem a redução da quantidade de resíduos produzidos. Estas medidas, via de regra, ainda são consideradas
como não usuais ou mesmo como desconhecidas no setor.
A principal ação efetivada em termos legais visando à mudança deste quadro foi a publicação da Resolução nº307 do
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Em vigor desde janeiro de 2003, a referida Resolução estabelece
obrigações para os geradores e para os municípios. Para o gerador, salienta que ele deve ter como objetivo prioritário
a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Além
disso, o gerador é responsável pela implantação de programas de gerenciamento de resíduos da construção
civil nos seus empreendimentos. Isto envolve o estabelecimento de procedimentos necessários para o manejo e
destinação ambientalmente adequados dos resíduos.
Já para os municípios, determina que estes devem implementar a gestão dos resíduos da construção civil através da
elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Assim, os gestores municipais
e as empresas construtoras necessitam adaptar seus processos de modo a garantir a destinação ambientalmente
correta dos resíduos de construção civil.
Na cidade de Salvador, por exemplo, o poder público, através da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador
(LIMPURB), vem buscando implantar desde 1997 o Plano de Gestão Diferenciada de Entulho. Este Plano promove
medidas para a redução do descarte clandestino, convertendo-o em deposição correta, seja pela implantação de
Postos de Descarga de Entulho – PDEs ou pela implantação de Bases de Descarga de Entulho – BDEs para uso de
pequenos e grandes geradores, respectivamente (LIMPURB, 2005).
No Brasil, é incipiente a quantidade de empresas de construção civil que fazem a gestão de resíduos em canteiro
de obra e desenvolvem ações planejadas para redução da geração de resíduos. A segregação, acondicionamento
e disposição final qualificada dos resíduos ainda não são r ealizados de forma adequada e integrada às atividades
produtivas do canteiro de obra.
A criação e manutenção de parâmetros e procedimentos em obra para a gestão diferenciada dos resíduos são
fundamentais para assegurar o descarte adequado. Estas ações, quando executadas amplamente por empresas do
setor, promovem a minimização substancial dos impactos ambientais que a disposição inadequada dos resíduos
gera e contribuem para evitar a necessidade de soluções emergenciais. A Gestão Corretiva é a situação típica da
maioria dos municípios brasileiros, com ações de caráter não preventivo, repetitivo, custoso e, principalmente,
ineficiente.
Ao longo deste trabalho, são apresentados e discutidos alguns assuntos relacionados à Gestão de Resíduos de
Construção de modo a estabelecer um referencial teórico a respeito do tema, além de apresentar a metodologia
para implantação do Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil desenvolvida no âmbito do Projeto
Competir e utilizada pelo SENAI e SEBRAE. A sua concepção baseia-se na segregação dos resíduos no canteiro, de
forma a reaproveitá-los ou conduzi-los à destinação adequada. Como resultados parciais do programa, destacam-
se: maior limpeza e organização da obra, segregação e destinação ambientalmente responsáveis dos resíduos,
controle do transporte e disposição final.
De acordo com Souza (2005) estudos mostram que o Construbusiness – cadeia em que se insere a Construção – responde por valores superiores a 15% do PIB nacional.
Informações disponíveis em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/des_sustentavel.htm>. Acesso em 20 fev. 2006.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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2.	A	CONSTRUÇÃO	CIVIL	E	O	DESENVOLVIMENTO	SUSTENTÁVEL
Até os anos 50, a natureza era vista somente como um pano de fundo para toda discussão que envolvesse a atividade
humana e suas relações com o meio. Acreditava-se que a natureza existia para ser compreendida, explorada e
catalogada, desde que fosse utilizada em benefício da humanidade (SCHENINI et al, 2004) .
Segundo estes autores, os movimentos sociais que se iniciaram nos anos 70 representaram um marco na
humanidadeeemparticularparaaformaçãodeumaconsciênciapreservacionistafundamentada,naquelemomento,
nos princípios da harmonia com a natureza. Assim, o termo ecologia passa a ser bastante utilizado.
Tais discussões ganharam tanta intensidade que em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma
Conferência sobre Ambiente Humano que ficou conhecida como Conferência de Estocolmo. Como resultado deste
evento, foi criado o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas – UNEP, encarregado de monitorar o avanço
dos problemas ambientais no mundo (SANTOS, 2005) .
Neste mesmo ano é publicado um estudo sobre os Limites do Crescimento. Este estudo concluía que, mantido o
ritmo de crescimento, os alimentos e a produção industrial iriam declinar até o ano 2010 e, a partir daí, provocar
automaticamente uma diminuição da população por penúria, falta de alimentos e poluição. Várias críticas foram
feitas a esse estudo por parte dos intelectuais do primeiro mundo, por acreditarem que isso representaria o fim do
crescimento da sociedade industrial, e pelos países subdesenvolvidos, pois julgavam que os países desenvolvidos
estavam barrando o desenvolvimento dos países pobres com uma justificativa ecológica.
De acordo com Santos (2005)2, a década de 1970 foi marcada pelo “rompimento do círculo virtuoso de crescimento
da economia mundial desde o pós-guerra, lançando dúvidas sobre a validade dos instrumentos políticos disponíveis
para a regulação das relações econômicas internacionais, assim como os mecanismos internos de promoção do
desenvolvimento”. Junto a isso, a situação de pobreza em que se encontrava a maior parte da população mundial
revelava que o estilo de desenvolvimento também era insustentável do ponto de vista social pela falta de acesso à
educação, à saúde e à água tratada, e, pelo ponto de vista humano, frente à fome e à desnutrição. Dessa maneira,
a crise ambiental colocava em xeque o modelo de desenvolvimento vigente, isto é, desenvolvimento calcado na
exploração irracional e predatória dos recursos naturais e moldado em relações sociais de produção injustas e
excludentes.
Em 1973 novas tentativas de se repensar o futuro foram apresentadas pelo canadense Maurice Strong que lançou
o conceito de ecodesenvolvimento: um estilo de desenvolvimento adaptado às áreas rurais do Terceiro Mundo,
baseado na utilização criteriosa dos recursos locais, sem comprometer o esgotamento da natureza. Na década de
80 Ignacy Sachs se apropria do termo e estabelece que os caminhos do desenvolvimento seriam seis3:
• satisfação das necessidades básicas;
• solidariedade com as gerações futuras;
• participação da população envolvida;
• preservação dos recursos naturais e do meio ambiente;
• elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e
• programas de educação.
Com a evolução da problemática econômica e deterioração das políticas regionais e nacionais, a Comissão Mundial
de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU cria a expressão desenvolvimento sustentável, que começou a circular
efetivamente em 1987, a partir da publicação do documento chamado Nosso Futuro Comum, mais conhecido por
Relatório Brundtland. Segundo este documento o desenvolvimento sustentável foi assim definido:
Informações disponíveis em: <http://www.única.com.br/pages/sociedade_desenvolv2.asp>. Acesso em 10 mar. 2006.
Informações disponíveis em: http://geodesia.ufsc.br/Geodesia-online/arquivo/cobrac_2004/092.pdf. Acesso em 13 mar. 2006.
Informações disponíveis em: <http://www.senac.br/informativo/BTS/301/boltec301c.htm>. Acesso em 15 mar. 2006.
Informações disponíveis em: <http://www.economiabr.net/economia/3_desenvolvimento_sustentavel_historico. Html>. Acesso em 10 mar. 2006.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
“Desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”3
Chen e Chambers (1999), complementam esta definição considerando ainda a necessidade de satisfazer as
aspirações de todos por uma vida melhor.
Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro,
a Rio-92, demonstrou um aumento do interesse mundial pelo futuro do planeta. Muitos países passam a valorizar
as relações entre desenvolvimento sócio-econômico e modificações no meio ambiente. A Agenda 21 foi um dos
principais resultados da Rio-92. Este documento, resultado de um acordo firmado entre 179 (cento e setenta e
nove) países, reforça a necessidade e a importância de cada país se comprometer a refletir, global e localmente,
sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações e todos os demais setores da sociedade poderiam
cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais.
De acordo com Schenini et al (2004), a Agenda 21 foi responsável pelo despertar de uma consciência ambiental,
sobre a necessidade da conservação da natureza para o bem estar e sobrevivência das espécies, inclusive a
humana. “O documento propunha que a sociedade assumisse uma atitude ética entre a conservação ambiental e o
desenvolvimento. Denunciava a forma perdulária com que até então eram tratados os recursos naturais e propunha
uma sociedade justa e economicamente responsável, produtora e produto do desenvolvimento sustentável”.
Até então, não existia por parte da indústria da construção civil uma preocupação com o esgotamento dos recursos
naturais não renováveis que eram utilizados ao longo de todo o seu processo de produção, nem tão pouco com o
destino dado aos resíduos gerados pela atividade construtiva.
Com o passar dos anos, a definição de desenvolvimento sustentável sofre múltiplas derivações e interpretações,
deixando de ser uma bandeira defendida apenas pelos ecologistas idealizadores, para ser um assunto amplamente
discutido inclusive por toda a cadeia da construção. Um exemplo disso são as normas da família ISO 14000,
que estão sendo utilizadas cada vez mais por organizações que buscam ter seus sistemas de gestão ambiental
certificados.
Se compararmos a realidade que vive a construção civil com as definições de desenvolvimento sustentável,
preocupadas com a manutenção dos recursos para as gerações futuras, vê-se que ainda têm-se muito por fazer,
não só com relação aos processos construtivos, como também em relação ao uso e manutenção das edificações.
Jáexistem,noentanto,algumasaçõesnaconstruçãocivilvoltadasaodesenvolvimentosustentável.Comoexemplos
pode-se citar: o reuso de água em edifícios, a utilização de iluminação e ventilação natural, o reuso e reciclagem de
resíduos e a racionalização dos processos construtivos.
Mas, por que falar em desenvolvimento sustentável para a construção? A razão desta preocupação decorre de
alguns fatores bem objetivos, como poderá ser visto na seqüência.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
8
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
9
2.	A	CONSTRUÇÃO	CIVIL	E	O	DESENVOLVIMENTO	SUSTENTÁVEL
Até os anos 50, a natureza era vista somente como um pano de fundo para toda discussão que envolvesse a atividade
humana e suas relações com o meio. Acreditava-se que a natureza existia para ser compreendida, explorada e
catalogada, desde que fosse utilizada em benefício da humanidade (SCHENINI et al, 2004) .
Segundo estes autores, os movimentos sociais que se iniciaram nos anos 70 representaram um marco na
humanidadeeemparticularparaaformaçãodeumaconsciênciapreservacionistafundamentada,naquelemomento,
nos princípios da harmonia com a natureza. Assim, o termo ecologia passa a ser bastante utilizado.
Tais discussões ganharam tanta intensidade que em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma
Conferência sobre Ambiente Humano que ficou conhecida como Conferência de Estocolmo. Como resultado deste
evento, foi criado o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas – UNEP, encarregado de monitorar o avanço
dos problemas ambientais no mundo (SANTOS, 2005) .
Neste mesmo ano é publicado um estudo sobre os Limites do Crescimento. Este estudo concluía que, mantido o
ritmo de crescimento, os alimentos e a produção industrial iriam declinar até o ano 2010 e, a partir daí, provocar
automaticamente uma diminuição da população por penúria, falta de alimentos e poluição. Várias críticas foram
feitas a esse estudo por parte dos intelectuais do primeiro mundo, por acreditarem que isso representaria o fim do
crescimento da sociedade industrial, e pelos países subdesenvolvidos, pois julgavam que os países desenvolvidos
estavam barrando o desenvolvimento dos países pobres com uma justificativa ecológica.
De acordo com Santos (2005)2, a década de 1970 foi marcada pelo “rompimento do círculo virtuoso de crescimento
da economia mundial desde o pós-guerra, lançando dúvidas sobre a validade dos instrumentos políticos disponíveis
para a regulação das relações econômicas internacionais, assim como os mecanismos internos de promoção do
desenvolvimento”. Junto a isso, a situação de pobreza em que se encontrava a maior parte da população mundial
revelava que o estilo de desenvolvimento também era insustentável do ponto de vista social pela falta de acesso à
educação, à saúde e à água tratada, e, pelo ponto de vista humano, frente à fome e à desnutrição. Dessa maneira,
a crise ambiental colocava em xeque o modelo de desenvolvimento vigente, isto é, desenvolvimento calcado na
exploração irracional e predatória dos recursos naturais e moldado em relações sociais de produção injustas e
excludentes.
Em 1973 novas tentativas de se repensar o futuro foram apresentadas pelo canadense Maurice Strong que lançou
o conceito de ecodesenvolvimento: um estilo de desenvolvimento adaptado às áreas rurais do Terceiro Mundo,
baseado na utilização criteriosa dos recursos locais, sem comprometer o esgotamento da natureza. Na década de
80 Ignacy Sachs se apropria do termo e estabelece que os caminhos do desenvolvimento seriam seis3:
• satisfação das necessidades básicas;
• solidariedade com as gerações futuras;
• participação da população envolvida;
• preservação dos recursos naturais e do meio ambiente;
• elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e
• programas de educação.
Com a evolução da problemática econômica e deterioração das políticas regionais e nacionais, a Comissão Mundial
de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU cria a expressão desenvolvimento sustentável, que começou a circular
efetivamente em 1987, a partir da publicação do documento chamado Nosso Futuro Comum, mais conhecido por
Relatório Brundtland. Segundo este documento o desenvolvimento sustentável foi assim definido:
Informações disponíveis em: <http://www.única.com.br/pages/sociedade_desenvolv2.asp>. Acesso em 10 mar. 2006.
Informações disponíveis em: http://geodesia.ufsc.br/Geodesia-online/arquivo/cobrac_2004/092.pdf. Acesso em 13 mar. 2006.
Informações disponíveis em: <http://www.senac.br/informativo/BTS/301/boltec301c.htm>. Acesso em 15 mar. 2006.
Informações disponíveis em: <http://www.economiabr.net/economia/3_desenvolvimento_sustentavel_historico. Html>. Acesso em 10 mar. 2006.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
“Desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”3
Chen e Chambers (1999), complementam esta definição considerando ainda a necessidade de satisfazer as
aspirações de todos por uma vida melhor.
Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro,
a Rio-92, demonstrou um aumento do interesse mundial pelo futuro do planeta. Muitos países passam a valorizar
as relações entre desenvolvimento sócio-econômico e modificações no meio ambiente. A Agenda 21 foi um dos
principais resultados da Rio-92. Este documento, resultado de um acordo firmado entre 179 (cento e setenta e
nove) países, reforça a necessidade e a importância de cada país se comprometer a refletir, global e localmente,
sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações e todos os demais setores da sociedade poderiam
cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais.
De acordo com Schenini et al (2004), a Agenda 21 foi responsável pelo despertar de uma consciência ambiental,
sobre a necessidade da conservação da natureza para o bem estar e sobrevivência das espécies, inclusive a
humana. “O documento propunha que a sociedade assumisse uma atitude ética entre a conservação ambiental e o
desenvolvimento. Denunciava a forma perdulária com que até então eram tratados os recursos naturais e propunha
uma sociedade justa e economicamente responsável, produtora e produto do desenvolvimento sustentável”.
Até então, não existia por parte da indústria da construção civil uma preocupação com o esgotamento dos recursos
naturais não renováveis que eram utilizados ao longo de todo o seu processo de produção, nem tão pouco com o
destino dado aos resíduos gerados pela atividade construtiva.
Com o passar dos anos, a definição de desenvolvimento sustentável sofre múltiplas derivações e interpretações,
deixando de ser uma bandeira defendida apenas pelos ecologistas idealizadores, para ser um assunto amplamente
discutido inclusive por toda a cadeia da construção. Um exemplo disso são as normas da família ISO 14000,
que estão sendo utilizadas cada vez mais por organizações que buscam ter seus sistemas de gestão ambiental
certificados.
Se compararmos a realidade que vive a construção civil com as definições de desenvolvimento sustentável,
preocupadas com a manutenção dos recursos para as gerações futuras, vê-se que ainda têm-se muito por fazer,
não só com relação aos processos construtivos, como também em relação ao uso e manutenção das edificações.
Jáexistem,noentanto,algumasaçõesnaconstruçãocivilvoltadasaodesenvolvimentosustentável.Comoexemplos
pode-se citar: o reuso de água em edifícios, a utilização de iluminação e ventilação natural, o reuso e reciclagem de
resíduos e a racionalização dos processos construtivos.
Mas, por que falar em desenvolvimento sustentável para a construção? A razão desta preocupação decorre de
alguns fatores bem objetivos, como poderá ser visto na seqüência.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
10
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
11
Mineração de areia
Sjöström (1992)
DETR - Department of the Environment, Transport and the Regions.
ELEVADO CONSUMO DE MADEIRA
A construção civil consome cerca de 2/3 da madeira natural extraída.
A maioria das florestas não é remanejada adequadamente.
66% da madeira
MATÉRIAS PRIMAS ESCASSAS
Algumas matérias primas tradicionais da construção possuem reservas
mapeadas escassas. O cobre e o zinco, por exemplo, possuem reservas
suficientes para durarem cerca de 60 anos.
Cobre - reserva por 60 anos
Pode-se dizer ainda que o consumo de recursos naturais é maior do que o necessário devido ao elevado volume
de perdas incorporadas às construções ou eliminadas como resíduos. De acordo com John (2000) é inevitável que
ocorra um determinado volume de perdas. Porém a fração das perdas que excede ao limite mínimo característico
da tecnologia empregada é considerada desperdício. Segundo este mesmo autor “os limites entre perda inevitável
e o desperdício são difíceis de estabelecer e para uma mesma tecnologia variam com características regionais e no
tempo”. A perda incorporada apesar de na maioria das vezes ser menos perceptível que a perda que saí da obra na
forma de resíduos é causadora de consumo excessivo de recursos e geração de desperdício.
Para a construção civil o grande desafio é alcançar uma melhoria e ampliação do ambiente construído com o
emprego de um volume inferior de recursos naturais, principalmente nos países não desenvolvidos devido à
necessidade de se construir uma quantidade maior de bens.
3.2	Resíduos	e	Poluição
Os resíduos gerados, provenientes das perdas ocorridas durante o processo de construção ou de demolições, são
responsáveis por aumentar ainda mais o impacto ambiental provocado por este setor.
A excessiva geração de resíduos e seu descarte irregular, em grande parte das cidades brasileiras, causam a
poluição do ambiente urbano. Como exemplo, pode-se citar a obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais,
o comprometimento do tráfego em vias públicas e a degradação da paisagem das cidades, além da poluição do ar
com gás carbônico liberado pelos veículos necessários para realizar o transporte dos resíduos.
Figura 1 - Impactos Ambientais Causados pela Disposição Irregular dos Resíduos (obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais).
3.	IMPACTO	AMBIENTAL	DA	CADEIA	PRODUTIVA	DA	CONSTRUÇÃO
3.1	Consumo	de	Recursos	Naturais
O setor da construção civil “além de ser um dos maiores da economia ele produz os bens de maiores dimensões
físicas do planeta, sendo conseqüentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer economia”
(JOHN, 2000). Segundo este mesmo autor, o consumo de recursos naturais na construção civil é variável de acordo
com cada região, isso dependendo de fatores como:
• taxa de resíduos gerados;
• vida útil ou taxa de reposição das estruturas construídas;
• necessidades de manutenção, inclusive as que visam corrigir falhas construtivas;
• perdas incorporadas nos edifícios; e
• tecnologia empregada.
Como citado na introdução, a construção civil é responsável pelo consumo de parte significativa dos recursos
naturais do planeta. Para John (2000) a estimativa é um consumo de 9,4 ton/hab.ano de materiais de construção.
O DETR (1998) menciona que, no Reino Unido, a construção consome algo em torno de 6 ton/hab.ano e 250 a 300
milhões de toneladas de agregados por ano.
CONSTRUÇÃO CIVIL
O maior consumidor de recursos naturais
20 a 50% dos recursos naturais
Para John (2000), considerando que no Brasil são produzidas por ano cerca de 35 milhões de toneladas de cimento
Portland e que este cimento é misturado com agregados a um traço médio de 1:6, pode-se estimar que 210 milhões
de toneladas de agregados são consumidos anualmente somente na produção de concretos e argamassas, sem
considerar o volume de agregados que são utilizados em pavimentação e as perdas.
ELEVADO CONSUMO DE AGREGADOS NATURAIS
O consumo de agregados naturais varia entre
1 e 8 toneladas/habitante/ano.
No Brasil, o consumo de agregados naturais
somente na produção de concreto e argamassa
é de 220 milhões de toneladas.
Ao redor de grandes cidades, a areia e outros
agregados naturais começam a ficar escassos,
influenciado também pelo controle ambiental
da extração que vem se intensificando.
1 e 8 toneladas/habitante/ano.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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Mineração de areia
Sjöström (1992)
DETR - Department of the Environment, Transport and the Regions.
ELEVADO CONSUMO DE MADEIRA
A construção civil consome cerca de 2/3 da madeira natural extraída.
A maioria das florestas não é remanejada adequadamente.
66% da madeira
MATÉRIAS PRIMAS ESCASSAS
Algumas matérias primas tradicionais da construção possuem reservas
mapeadas escassas. O cobre e o zinco, por exemplo, possuem reservas
suficientes para durarem cerca de 60 anos.
Cobre - reserva por 60 anos
Pode-se dizer ainda que o consumo de recursos naturais é maior do que o necessário devido ao elevado volume
de perdas incorporadas às construções ou eliminadas como resíduos. De acordo com John (2000) é inevitável que
ocorra um determinado volume de perdas. Porém a fração das perdas que excede ao limite mínimo característico
da tecnologia empregada é considerada desperdício. Segundo este mesmo autor “os limites entre perda inevitável
e o desperdício são difíceis de estabelecer e para uma mesma tecnologia variam com características regionais e no
tempo”. A perda incorporada apesar de na maioria das vezes ser menos perceptível que a perda que saí da obra na
forma de resíduos é causadora de consumo excessivo de recursos e geração de desperdício.
Para a construção civil o grande desafio é alcançar uma melhoria e ampliação do ambiente construído com o
emprego de um volume inferior de recursos naturais, principalmente nos países não desenvolvidos devido à
necessidade de se construir uma quantidade maior de bens.
3.2	Resíduos	e	Poluição
Os resíduos gerados, provenientes das perdas ocorridas durante o processo de construção ou de demolições, são
responsáveis por aumentar ainda mais o impacto ambiental provocado por este setor.
A excessiva geração de resíduos e seu descarte irregular, em grande parte das cidades brasileiras, causam a
poluição do ambiente urbano. Como exemplo, pode-se citar a obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais,
o comprometimento do tráfego em vias públicas e a degradação da paisagem das cidades, além da poluição do ar
com gás carbônico liberado pelos veículos necessários para realizar o transporte dos resíduos.
Figura 1 - Impactos Ambientais Causados pela Disposição Irregular dos Resíduos (obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais).
3.	IMPACTO	AMBIENTAL	DA	CADEIA	PRODUTIVA	DA	CONSTRUÇÃO
3.1	Consumo	de	Recursos	Naturais
O setor da construção civil “além de ser um dos maiores da economia ele produz os bens de maiores dimensões
físicas do planeta, sendo conseqüentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer economia”
(JOHN, 2000). Segundo este mesmo autor, o consumo de recursos naturais na construção civil é variável de acordo
com cada região, isso dependendo de fatores como:
• taxa de resíduos gerados;
• vida útil ou taxa de reposição das estruturas construídas;
• necessidades de manutenção, inclusive as que visam corrigir falhas construtivas;
• perdas incorporadas nos edifícios; e
• tecnologia empregada.
Como citado na introdução, a construção civil é responsável pelo consumo de parte significativa dos recursos
naturais do planeta. Para John (2000) a estimativa é um consumo de 9,4 ton/hab.ano de materiais de construção.
O DETR (1998) menciona que, no Reino Unido, a construção consome algo em torno de 6 ton/hab.ano e 250 a 300
milhões de toneladas de agregados por ano.
CONSTRUÇÃO CIVIL
O maior consumidor de recursos naturais
20 a 50% dos recursos naturais
Para John (2000), considerando que no Brasil são produzidas por ano cerca de 35 milhões de toneladas de cimento
Portland e que este cimento é misturado com agregados a um traço médio de 1:6, pode-se estimar que 210 milhões
de toneladas de agregados são consumidos anualmente somente na produção de concretos e argamassas, sem
considerar o volume de agregados que são utilizados em pavimentação e as perdas.
ELEVADO CONSUMO DE AGREGADOS NATURAIS
O consumo de agregados naturais varia entre
1 e 8 toneladas/habitante/ano.
No Brasil, o consumo de agregados naturais
somente na produção de concreto e argamassa
é de 220 milhões de toneladas.
Ao redor de grandes cidades, a areia e outros
agregados naturais começam a ficar escassos,
influenciado também pelo controle ambiental
da extração que vem se intensificando.
1 e 8 toneladas/habitante/ano.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
13
Figura 2 - Resíduos de Obra Dispostos de Forma Irregular no Centro de Grande Cidade Degradando a Paisagem.
Figura 3 – Resíduos de Obra Dispostos no Passeio em Bairro de Classe Média Comprometendo o Tráfego na Via Pública.
O MAIOR GERADOR DE RESÍDUOS
O volume de entulho de construção
e demolição gerado é até duas vezes
maior que o volume de lixo sólido urbano3.
Entulho = 2x lixo sólido urbano
A etapa de produção de materiais de construção também contribui para o impacto ambiental provocado pelo
setor devido à quantidade de poluição (poeira, CO¬¬2, etc.) que é gerada. A liberação de partículas de poeira está
presente em quase todas as atividades da construção civil, desde a extração da matéria-prima, passando pelo
transporte, produção de materiais de construção, até a execução das atividades em canteiro.
GERAÇÃO DE POLUIÇÃO DO AR
Para cada tonelada de clínquer produzido
mais de 600 kg de CO2
são gerados.
1 ton clínquer = 600 kg de CO2
Vale a pena salientar que a fase de uso dos edifícios também gera impacto ambiental significativo. E boa parte
deste impacto é definida ainda no momento do projeto da edificação. Energia é consumida para iluminação e
condicionamento do ar, pois não existe o aproveitamento da ventilação e iluminação natural, principalmente nos
edifícios comerciais. A manutenção, que durante a vida útil de um edifício vai consumir recursos em volume
aproximadamente igual aos despendidos na fase de produção, também gera poluição.
3.3	Alternativas	para	Redução	do	Impacto	Ambiental
Nos itens anteriores foram citados diversos exemplos de impactos ambientais gerados pela atividade construtiva.
Soma-se a estes, o impacto ambiental gerado durante o uso. Reduzir este impacto é um desejo para a engenharia
e soluções simples, como os exemplos citados a seguir, devem ser estudadas e implementadas:
• Alteração em projeto visando à redução do consumo de recursos na fase de utilização
Exemplo: Aproveitamento da iluminação e ventilação natural, promovendo uma redução no consumo de energia
elétrica, principalmente nos edifícios comerciais;
• Substituição de equipamentos e sistemas descartáveis por outros de maior durabilidade.
Exemplo: Substituição das escoras de madeira por escoras metálicas, auxiliando na redução da extração de
madeira;
• Reciclagem dos resíduos gerados nas obras e uso de materiais reciclados.
Exemplo 1: Segregação de resíduos de plástico, papel e metal nas obras e encaminhamento para reciclagem.
Exemplo 2: Utilização de agregados reciclados em substituição aos agregados naturais, evitando a extração de
novos recursos naturais e reduzindo o descarte dos resíduos;
• Projeto do produto e planejamento dos sistemas de produção visando evitar perdas
Exemplo 1: Planejamento da aquisição e do sistema de transporte e armazenamento dos materiais, evitando
desperdícios por quebra ou perda das propriedades dos materiais.
Exemplo2:Compatibilizaçãodeprojetosepaginaçãodaalvenaria,possibilitandoousomaisracionaldosmateriais,
evitando quebra de blocos.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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Figura 2 - Resíduos de Obra Dispostos de Forma Irregular no Centro de Grande Cidade Degradando a Paisagem.
Figura 3 – Resíduos de Obra Dispostos no Passeio em Bairro de Classe Média Comprometendo o Tráfego na Via Pública.
O MAIOR GERADOR DE RESÍDUOS
O volume de entulho de construção
e demolição gerado é até duas vezes
maior que o volume de lixo sólido urbano3.
Entulho = 2x lixo sólido urbano
A etapa de produção de materiais de construção também contribui para o impacto ambiental provocado pelo
setor devido à quantidade de poluição (poeira, CO¬¬2, etc.) que é gerada. A liberação de partículas de poeira está
presente em quase todas as atividades da construção civil, desde a extração da matéria-prima, passando pelo
transporte, produção de materiais de construção, até a execução das atividades em canteiro.
GERAÇÃO DE POLUIÇÃO DO AR
Para cada tonelada de clínquer produzido
mais de 600 kg de CO2
são gerados.
1 ton clínquer = 600 kg de CO2
Vale a pena salientar que a fase de uso dos edifícios também gera impacto ambiental significativo. E boa parte
deste impacto é definida ainda no momento do projeto da edificação. Energia é consumida para iluminação e
condicionamento do ar, pois não existe o aproveitamento da ventilação e iluminação natural, principalmente nos
edifícios comerciais. A manutenção, que durante a vida útil de um edifício vai consumir recursos em volume
aproximadamente igual aos despendidos na fase de produção, também gera poluição.
3.3	Alternativas	para	Redução	do	Impacto	Ambiental
Nos itens anteriores foram citados diversos exemplos de impactos ambientais gerados pela atividade construtiva.
Soma-se a estes, o impacto ambiental gerado durante o uso. Reduzir este impacto é um desejo para a engenharia
e soluções simples, como os exemplos citados a seguir, devem ser estudadas e implementadas:
• Alteração em projeto visando à redução do consumo de recursos na fase de utilização
Exemplo: Aproveitamento da iluminação e ventilação natural, promovendo uma redução no consumo de energia
elétrica, principalmente nos edifícios comerciais;
• Substituição de equipamentos e sistemas descartáveis por outros de maior durabilidade.
Exemplo: Substituição das escoras de madeira por escoras metálicas, auxiliando na redução da extração de
madeira;
• Reciclagem dos resíduos gerados nas obras e uso de materiais reciclados.
Exemplo 1: Segregação de resíduos de plástico, papel e metal nas obras e encaminhamento para reciclagem.
Exemplo 2: Utilização de agregados reciclados em substituição aos agregados naturais, evitando a extração de
novos recursos naturais e reduzindo o descarte dos resíduos;
• Projeto do produto e planejamento dos sistemas de produção visando evitar perdas
Exemplo 1: Planejamento da aquisição e do sistema de transporte e armazenamento dos materiais, evitando
desperdícios por quebra ou perda das propriedades dos materiais.
Exemplo2:Compatibilizaçãodeprojetosepaginaçãodaalvenaria,possibilitandoousomaisracionaldosmateriais,
evitando quebra de blocos.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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4.	A	CONSTRUÇÃO	CIVIL	E	AS	PERDAS
4.1	Entendendo	o	Conceito	de	Perdas
O setor da construção civil está passando por um processo de reestruturação. Os recursos financeiros são cada
vez menores, o mercado consumidor está cada vez mais exigente, os trabalhadores, por sua vez, têm buscado
melhores condições de trabalho. Todos estes fatores têm exigido uma nova postura das empresas. Estas estão
sendo obrigadas a adotar estratégias empresariais mais modernas, focadas na qualidade, na racionalização e na
produtividade, possibilitando a obtenção de um produto final de melhor qualidade e mais barato (COSTA; FORMOSO,
1998).
Diante deste contexto, as perdas geradas ao longo do processo de produção se tornam o centro das atenções, pois
cada vez mais as empresas são obrigadas a produzir apenas o necessário com a mínima força de trabalho, ou seja,
eliminando desperdícios.
De acordo com Formoso et al (1996) perda é qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais,
mão-de-obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias a produção da edificação. Sendo assim, as
perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que
geram custos adicionais e não agregam valor.
Para Jaques (1998) apud John (2000) as perdas têm origens nas mais diversas etapas do ciclo de vida do edifício.
Desde a fase de projeto, uma decisão equivocada pode ser responsável por desperdícios ou por gastos com
retrabalho. Porém, é na fase de execução onde acontece a parcela mais visível das perdas, pois todas as decisões
tomadas na fase anterior ganham dimensão física.
Uma pesquisa desenvolvida no Brasil que contou com a participação de 18 (dezoito) Universidades e 52 (cinqüenta
e duas) empresas mostrou como um de seus principais resultados que as variações na perda chegaram a ordem
de 100 vezes. Em alguns casos estas variações aconteceram entre diferentes empresas e em outros, entre canteiros
de uma mesma empresa. Essas variações revelam que é possível reduzir enormemente as perdas sem mudança na
tecnologia utilizada (AGOPYAN, et al., 1998).
Para que as perdas sejam eliminadas é preciso que as empresas saibam diferenciar, dentre as várias atividades que
fazem parte do processo produtivo, as que efetivamente contribuem para a obtenção do produto final daquelas que
são complementares (que têm possibilidade de serem melhoradas ou eliminadas sem o prejuízo do processo).
Os esforços direcionados para evitar as perdas devem ser relacionados com certa cautela, pois algumas atividades
tais como planejamento, contabilidade e prevenção de acidentes, não agregam valor ao produto, porém produzem
valor para os clientes internos.
Apesar das várias definições encontradas para perdas nas bibliografias, neste material será adotada a seguinte
definição:
Perdas são todos as tarefas desnecessárias que elevam os custos sem adicionar
valor ao produto, podendo ser eliminadas sem prejudicar o trabalho efetivo.
Para Ohno (1988) é necessário dividir o movimento dos trabalhadores nas suas atividades em duas diferentes
dimensões: a do trabalho e a das perdas. O trabalho constitui-se do trabalho real, necessário nas empresas, e pode
ser dividido em dois tipos:
• o que adiciona valor (ou efetivo) g corresponde à ocorrência de algum tipo de processamento, ou seja,
transformação de matéria-prima ou partes em produtos; e
• o que não adiciona valor (ou adicional) g é necessário para viabilizar o trabalho que adiciona valor. Este não deve
ser confundido com perda, embora deva ser minimizado como se fosse, pois também gera custos.
A figura a seguir, adaptada de Ohno (1988), ajuda a compreender a concepção de trabalho, na qual parte dos
movimentos dos trabalhadores é considerada como perda.
Figura 4 – Divisão dos Movimentos dos Trabalhadores: Trabalho e Perdas
(adaptado de OHNO, 1988).
Similarmente à classificação de Ohno, Fritz Gehbauer no seu livro Racionalização na Construção Civil: como
melhorar processos de produção e de gestão apresenta uma metodologia, baseada na simples observação aleatória
dos trabalhadores no canteiro, para medir o grau de efetividade dos trabalhos em operação. O modo como realizar
esta observação será descrita posteriormente no capítulo 6, item 6.3.2 deste trabalho.
Apesar da importância das perdas relacionadas aos movimentos dos trabalhadores, neste trabalho será dado
mais destaque às perdas de material que, como comentado anteriormente, podem estar incorporadas ou serem
eliminadas como resíduos.
As perdas incorporadas são muito comuns nas atividades moldadas “in loco” quando são utilizadas quantidades
de materiais superiores à teoricamente prevista. Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar um revestimento
interno de parede com argamassa que estava previsto ser realizado com 1 cm e ao término do serviço alcançou
mais de 3 cm (Figura 5). Neste caso, por exemplo, tem-se uma perda incorporada superior a 200%.
Figura 5 – Perda Incorporada.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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4.	A	CONSTRUÇÃO	CIVIL	E	AS	PERDAS
4.1	Entendendo	o	Conceito	de	Perdas
O setor da construção civil está passando por um processo de reestruturação. Os recursos financeiros são cada
vez menores, o mercado consumidor está cada vez mais exigente, os trabalhadores, por sua vez, têm buscado
melhores condições de trabalho. Todos estes fatores têm exigido uma nova postura das empresas. Estas estão
sendo obrigadas a adotar estratégias empresariais mais modernas, focadas na qualidade, na racionalização e na
produtividade, possibilitando a obtenção de um produto final de melhor qualidade e mais barato (COSTA; FORMOSO,
1998).
Diante deste contexto, as perdas geradas ao longo do processo de produção se tornam o centro das atenções, pois
cada vez mais as empresas são obrigadas a produzir apenas o necessário com a mínima força de trabalho, ou seja,
eliminando desperdícios.
De acordo com Formoso et al (1996) perda é qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais,
mão-de-obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias a produção da edificação. Sendo assim, as
perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que
geram custos adicionais e não agregam valor.
Para Jaques (1998) apud John (2000) as perdas têm origens nas mais diversas etapas do ciclo de vida do edifício.
Desde a fase de projeto, uma decisão equivocada pode ser responsável por desperdícios ou por gastos com
retrabalho. Porém, é na fase de execução onde acontece a parcela mais visível das perdas, pois todas as decisões
tomadas na fase anterior ganham dimensão física.
Uma pesquisa desenvolvida no Brasil que contou com a participação de 18 (dezoito) Universidades e 52 (cinqüenta
e duas) empresas mostrou como um de seus principais resultados que as variações na perda chegaram a ordem
de 100 vezes. Em alguns casos estas variações aconteceram entre diferentes empresas e em outros, entre canteiros
de uma mesma empresa. Essas variações revelam que é possível reduzir enormemente as perdas sem mudança na
tecnologia utilizada (AGOPYAN, et al., 1998).
Para que as perdas sejam eliminadas é preciso que as empresas saibam diferenciar, dentre as várias atividades que
fazem parte do processo produtivo, as que efetivamente contribuem para a obtenção do produto final daquelas que
são complementares (que têm possibilidade de serem melhoradas ou eliminadas sem o prejuízo do processo).
Os esforços direcionados para evitar as perdas devem ser relacionados com certa cautela, pois algumas atividades
tais como planejamento, contabilidade e prevenção de acidentes, não agregam valor ao produto, porém produzem
valor para os clientes internos.
Apesar das várias definições encontradas para perdas nas bibliografias, neste material será adotada a seguinte
definição:
Perdas são todos as tarefas desnecessárias que elevam os custos sem adicionar
valor ao produto, podendo ser eliminadas sem prejudicar o trabalho efetivo.
Para Ohno (1988) é necessário dividir o movimento dos trabalhadores nas suas atividades em duas diferentes
dimensões: a do trabalho e a das perdas. O trabalho constitui-se do trabalho real, necessário nas empresas, e pode
ser dividido em dois tipos:
• o que adiciona valor (ou efetivo) g corresponde à ocorrência de algum tipo de processamento, ou seja,
transformação de matéria-prima ou partes em produtos; e
• o que não adiciona valor (ou adicional) g é necessário para viabilizar o trabalho que adiciona valor. Este não deve
ser confundido com perda, embora deva ser minimizado como se fosse, pois também gera custos.
A figura a seguir, adaptada de Ohno (1988), ajuda a compreender a concepção de trabalho, na qual parte dos
movimentos dos trabalhadores é considerada como perda.
Figura 4 – Divisão dos Movimentos dos Trabalhadores: Trabalho e Perdas
(adaptado de OHNO, 1988).
Similarmente à classificação de Ohno, Fritz Gehbauer no seu livro Racionalização na Construção Civil: como
melhorar processos de produção e de gestão apresenta uma metodologia, baseada na simples observação aleatória
dos trabalhadores no canteiro, para medir o grau de efetividade dos trabalhos em operação. O modo como realizar
esta observação será descrita posteriormente no capítulo 6, item 6.3.2 deste trabalho.
Apesar da importância das perdas relacionadas aos movimentos dos trabalhadores, neste trabalho será dado
mais destaque às perdas de material que, como comentado anteriormente, podem estar incorporadas ou serem
eliminadas como resíduos.
As perdas incorporadas são muito comuns nas atividades moldadas “in loco” quando são utilizadas quantidades
de materiais superiores à teoricamente prevista. Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar um revestimento
interno de parede com argamassa que estava previsto ser realizado com 1 cm e ao término do serviço alcançou
mais de 3 cm (Figura 5). Neste caso, por exemplo, tem-se uma perda incorporada superior a 200%.
Figura 5 – Perda Incorporada.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
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Tendo como base estudos em diversas obras8, pode-se citar como outro exemplo que as perdas de argamassa no
serviço de revestimento interno de paredes podem chegar aos seguintes indicadores percentuais:
Incorporação - 79%
Resíduos - 21%
4.2	Classifi	cação	das	Perdas
Levando em consideração a necessidade de se ter uma classificação de perdas melhor estruturada, dentre as várias
sugeridas por diversos outros autores, as perdas ficaram definidas e classificadas da seguinte maneira:
• perdas por superprodução;
• perdas por manutenção de estoques;
• perdas por transporte;
• perdas no movimento;
• perdas por espera;
• perdas por fabricação de produtos defeituosos;
• perdas no processamento em si;
• perdas por substituição; e
• outras perdas.
4.2.1	Perdas	por	Superprodução
As perdas por superprodução estão relacionadas com a produção de componentes ou processamento de materiais
perecíveis, em quantidades superiores às necessárias (quantitativa) ou antecipadamente (fazendo antes que seja
necessário), possibilitando a ocorrência de perdas de materiais, mão-de-obra e equipamentos.
Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar a produção de argamassa em quantidade superior à necessária para
um dia de trabalho (quantitativa) ou a confecção de armaduras em quantidades superiores a necessária gerando
problemas com relação à necessidade de armazenamento além de correr o risco desta ser danificada.
4.2.2	Perdas	por	Manutenção	de	Estoques
As perdas por manutenção de estoques resultam da existência de estoques elevados de materiais, produtos em
processo ou produtos inacabados, que podem ser originados por erros de planejamento ou programação, gerando
possíveis perdas de mão-de-obra e equipamentos.
Para Costa (1999), estoques em elevadas quantidades podem gerar perdas diretas e indiretas de materiais, pois
normalmente estes são depositados sem os cuidados necessários, ficando muitas vezes expostos a intempéries,
roubos, danos físicos e até mesmo, obsolescência, para o caso de materiais que possuem maior tecnologia
agregada.
Segundo este mesmo autor “a manutenção de estoques nos canteiros se justifica, de uma forma geral, pelo
fato de que os gerentes sentem-se mais seguros quando podem contar com grandes quantidades de materiais
armazenados, garantindo assim a continuidade da produção (evitar paradas), o que torna evidente os problemas
gerenciais que existem em muitas empresas desse setor, tais como a falta de planejamento, erros em orçamentos
ou programação inadequada de entrega dos materiais no canteiro”. Para ele ainda existe um outro ponto negativo
associado à manutenção de grandes estoques: a indução dos trabalhadores ao desperdício. Isso porque os
funcionários tendem a reduzir seu cuidado com os materiais, pois sabem que estes estão disponíveis em grande
quantidade no canteiro.
Figura 6 – Exemplo de Perda por Manutenção de Estoque (elevada quantidade de argamassa sendo estocada
desnecessariamente).
4.2.3	Perdas	por	Transporte
Este tipo de perda está relacionado a todas as atividades de movimentação de materiais que geram custos e não
adicionam valor, e que, além disso, podem ser eliminadas em um curto prazo de tempo (MEIRA et al, 1998).
Para que se consiga aumentar a eficiência da produção, as empresas construtoras devem evitar o transporte, ao
invés de simplesmente mecanizá-lo. Assim sendo, melhorias podem ser conseguidas através: do aprimoramento
do layout dos canteiros, da manutenção da limpeza nos canteiros, melhoramento na programação dos serviços,
maior precisão no sistema de informações, etc.
Cabe salientar que, além do tempo que é gasto no transporte em si, ainda existe o tempo e o esforço empregado no
carregamento e na descarga dos materiais, muitas vezes superior ao gasto com a atividade de transportar.
Este tipo de perda pode estar diretamente associado à gestão de resíduos. Um transporte inadequado aumenta
bastante a quantidade de resíduos gerados. Como exemplo pode-se citar a excessiva quebra de blocos cerâmicos
por serem transportados de forma inadequada.
Figura 7 – Blocos Cerâmicos Transportados de Forma Inadequada Favorecendo Quebra.
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Tendo como base estudos em diversas obras8, pode-se citar como outro exemplo que as perdas de argamassa no
serviço de revestimento interno de paredes podem chegar aos seguintes indicadores percentuais:
Incorporação - 79%
Resíduos - 21%
4.2	Classifi	cação	das	Perdas
Levando em consideração a necessidade de se ter uma classificação de perdas melhor estruturada, dentre as várias
sugeridas por diversos outros autores, as perdas ficaram definidas e classificadas da seguinte maneira:
• perdas por superprodução;
• perdas por manutenção de estoques;
• perdas por transporte;
• perdas no movimento;
• perdas por espera;
• perdas por fabricação de produtos defeituosos;
• perdas no processamento em si;
• perdas por substituição; e
• outras perdas.
4.2.1	Perdas	por	Superprodução
As perdas por superprodução estão relacionadas com a produção de componentes ou processamento de materiais
perecíveis, em quantidades superiores às necessárias (quantitativa) ou antecipadamente (fazendo antes que seja
necessário), possibilitando a ocorrência de perdas de materiais, mão-de-obra e equipamentos.
Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar a produção de argamassa em quantidade superior à necessária para
um dia de trabalho (quantitativa) ou a confecção de armaduras em quantidades superiores a necessária gerando
problemas com relação à necessidade de armazenamento além de correr o risco desta ser danificada.
4.2.2	Perdas	por	Manutenção	de	Estoques
As perdas por manutenção de estoques resultam da existência de estoques elevados de materiais, produtos em
processo ou produtos inacabados, que podem ser originados por erros de planejamento ou programação, gerando
possíveis perdas de mão-de-obra e equipamentos.
Para Costa (1999), estoques em elevadas quantidades podem gerar perdas diretas e indiretas de materiais, pois
normalmente estes são depositados sem os cuidados necessários, ficando muitas vezes expostos a intempéries,
roubos, danos físicos e até mesmo, obsolescência, para o caso de materiais que possuem maior tecnologia
agregada.
Segundo este mesmo autor “a manutenção de estoques nos canteiros se justifica, de uma forma geral, pelo
fato de que os gerentes sentem-se mais seguros quando podem contar com grandes quantidades de materiais
armazenados, garantindo assim a continuidade da produção (evitar paradas), o que torna evidente os problemas
gerenciais que existem em muitas empresas desse setor, tais como a falta de planejamento, erros em orçamentos
ou programação inadequada de entrega dos materiais no canteiro”. Para ele ainda existe um outro ponto negativo
associado à manutenção de grandes estoques: a indução dos trabalhadores ao desperdício. Isso porque os
funcionários tendem a reduzir seu cuidado com os materiais, pois sabem que estes estão disponíveis em grande
quantidade no canteiro.
Figura 6 – Exemplo de Perda por Manutenção de Estoque (elevada quantidade de argamassa sendo estocada
desnecessariamente).
4.2.3	Perdas	por	Transporte
Este tipo de perda está relacionado a todas as atividades de movimentação de materiais que geram custos e não
adicionam valor, e que, além disso, podem ser eliminadas em um curto prazo de tempo (MEIRA et al, 1998).
Para que se consiga aumentar a eficiência da produção, as empresas construtoras devem evitar o transporte, ao
invés de simplesmente mecanizá-lo. Assim sendo, melhorias podem ser conseguidas através: do aprimoramento
do layout dos canteiros, da manutenção da limpeza nos canteiros, melhoramento na programação dos serviços,
maior precisão no sistema de informações, etc.
Cabe salientar que, além do tempo que é gasto no transporte em si, ainda existe o tempo e o esforço empregado no
carregamento e na descarga dos materiais, muitas vezes superior ao gasto com a atividade de transportar.
Este tipo de perda pode estar diretamente associado à gestão de resíduos. Um transporte inadequado aumenta
bastante a quantidade de resíduos gerados. Como exemplo pode-se citar a excessiva quebra de blocos cerâmicos
por serem transportados de forma inadequada.
Figura 7 – Blocos Cerâmicos Transportados de Forma Inadequada Favorecendo Quebra.
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4.2.4	Perdas	no	Movimento
As perdas no movimento estão relacionadas a todos os esforços e movimentos realizados pelos trabalhadores
desnecessariamente durante a execução de operações, interferindo negativamente na produtividade.
Para Costa (1999), nos canteiros de obra estas perdas são originadas por diversos fatores, a saber:
• falta de organização dos postos de trabalho;
• falta de método de trabalho;
• falta de arranjo no layout do canteiro;
• inexistência de equipamentos para efetuar as tarefas ou emprego de equipamentos inadequados; e
• outras condições insatisfatórias de trabalho, relacionadas principalmente aos esforços e às necessidades dos
operários (ergonomia, necessidades fisiológicas, descanso e segurança).
4.2.5	Perdas	por	Espera
As perdas por espera estão associadas aos períodos de tempo nos quais os trabalhadores e os equipamentos não
estão sendo usados produtivamente, agregando valor, embora seus custos continuem sendo despendidos.
De acordo com Costa (1999) as perdas por espera são provenientes da falta de planejamento da produção, que
ocasiona problemas de sincronismo entre as diversas atividades realizadas por diferentes trabalhadores ou entre
as atividades dos trabalhadores e o fluxo de materiais. Além disso, um outro fator que pode ocasionar perdas por
espera é o desbalanceamento entre a quantidade de trabalhadores e a capacidade de operação dos equipamentos
disponíveis no canteiro.
Um exemplo deste tipo de perda pode ser a interrupção de um serviço por falta de material para a execução de uma
determinada atividade (perda por espera de mão-de-obra) ou mesmo uma betoneira parada por falta de cimento
(perda por espera do equipamento e também de mão-de-obra, se esta não for alocada para a execução de uma
outra atividade).
4.2.6	Perdas	por	Fabricação	de	Produtos	Defeituosos
Estas perdas ocorrem quando são fabricados produtos que não estão de acordo com os requisitos de qualidade
especificados em projeto.
De acordo com Costa (1999), na construção civil estas perdas estão associadas normalmente a uma inspeção
deficiente do processo, à falta de especificações ou de detalhamento na documentação (projetos, manuais de
procedimentos), à utilização de materiais defeituosos ou de qualidade inferior, à falta de capacitação dos operários,
além de outras.
Entre as principais conseqüências de se produzir com defeito, destacam-se: a redução do desempenho do produto
final e os retrabalhos, ainda muito freqüentes no setor da construção civil. Estes, além de gerarem perda física dos
materiais utilizados, ainda causam: perdas no transporte, perdas no processamento (trabalho adicionado) e perda
das inspeções que foram necessárias quando o produto estava sendo executado pela primeira vez.
Figura 8 – Exemplo de Perda por Retrabalho (quebra de alvenaria por alteração no projeto).
4.2.7	Perdas	no	Processamento	em	Si
Para Meira et al (1998) estas perdas “originam-se na natureza das atividades do processo ou na execução
inadequada dos mesmos, decorrentes da falta de procedimentos padronizados e ineficiências nos métodos de
trabalho, da falta de treinamento dos operários ou deficiências no detalhamento e construtividade dos projetos”.
Ou seja, são oriundas da realização de atividades de processamento desnecessárias, ou realização das atividades
necessárias de maneira inadequada.
De acordo com Costa (1999) “as perdas no processamento em si estão relacionadas com as características básicas
de qualidade do produto e, de uma forma geral, associam-se ao patamar tecnológico ou à técnica construtiva
adotada pela empresa”.
Como exemplo pode-se citar: quebra manual de blocos devido à falta de blocos em tamanhos diferenciados para
locais onde não é viável a colocação de blocos inteiros e recortes nas pedras cerâmicas para ajustes às áreas a
serem revestidas.
Figura 9 – Exemplo de Perda no Processamento (sobra de cerâmica após execução de recortes para arremates).
Figura 10 – Perda Incorporada de Materiais Causada pela Espessura Excessiva de Revestimento Devido a uma Má
Especificação de Projeto.
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4.2.4	Perdas	no	Movimento
As perdas no movimento estão relacionadas a todos os esforços e movimentos realizados pelos trabalhadores
desnecessariamente durante a execução de operações, interferindo negativamente na produtividade.
Para Costa (1999), nos canteiros de obra estas perdas são originadas por diversos fatores, a saber:
• falta de organização dos postos de trabalho;
• falta de método de trabalho;
• falta de arranjo no layout do canteiro;
• inexistência de equipamentos para efetuar as tarefas ou emprego de equipamentos inadequados; e
• outras condições insatisfatórias de trabalho, relacionadas principalmente aos esforços e às necessidades dos
operários (ergonomia, necessidades fisiológicas, descanso e segurança).
4.2.5	Perdas	por	Espera
As perdas por espera estão associadas aos períodos de tempo nos quais os trabalhadores e os equipamentos não
estão sendo usados produtivamente, agregando valor, embora seus custos continuem sendo despendidos.
De acordo com Costa (1999) as perdas por espera são provenientes da falta de planejamento da produção, que
ocasiona problemas de sincronismo entre as diversas atividades realizadas por diferentes trabalhadores ou entre
as atividades dos trabalhadores e o fluxo de materiais. Além disso, um outro fator que pode ocasionar perdas por
espera é o desbalanceamento entre a quantidade de trabalhadores e a capacidade de operação dos equipamentos
disponíveis no canteiro.
Um exemplo deste tipo de perda pode ser a interrupção de um serviço por falta de material para a execução de uma
determinada atividade (perda por espera de mão-de-obra) ou mesmo uma betoneira parada por falta de cimento
(perda por espera do equipamento e também de mão-de-obra, se esta não for alocada para a execução de uma
outra atividade).
4.2.6	Perdas	por	Fabricação	de	Produtos	Defeituosos
Estas perdas ocorrem quando são fabricados produtos que não estão de acordo com os requisitos de qualidade
especificados em projeto.
De acordo com Costa (1999), na construção civil estas perdas estão associadas normalmente a uma inspeção
deficiente do processo, à falta de especificações ou de detalhamento na documentação (projetos, manuais de
procedimentos), à utilização de materiais defeituosos ou de qualidade inferior, à falta de capacitação dos operários,
além de outras.
Entre as principais conseqüências de se produzir com defeito, destacam-se: a redução do desempenho do produto
final e os retrabalhos, ainda muito freqüentes no setor da construção civil. Estes, além de gerarem perda física dos
materiais utilizados, ainda causam: perdas no transporte, perdas no processamento (trabalho adicionado) e perda
das inspeções que foram necessárias quando o produto estava sendo executado pela primeira vez.
Figura 8 – Exemplo de Perda por Retrabalho (quebra de alvenaria por alteração no projeto).
4.2.7	Perdas	no	Processamento	em	Si
Para Meira et al (1998) estas perdas “originam-se na natureza das atividades do processo ou na execução
inadequada dos mesmos, decorrentes da falta de procedimentos padronizados e ineficiências nos métodos de
trabalho, da falta de treinamento dos operários ou deficiências no detalhamento e construtividade dos projetos”.
Ou seja, são oriundas da realização de atividades de processamento desnecessárias, ou realização das atividades
necessárias de maneira inadequada.
De acordo com Costa (1999) “as perdas no processamento em si estão relacionadas com as características básicas
de qualidade do produto e, de uma forma geral, associam-se ao patamar tecnológico ou à técnica construtiva
adotada pela empresa”.
Como exemplo pode-se citar: quebra manual de blocos devido à falta de blocos em tamanhos diferenciados para
locais onde não é viável a colocação de blocos inteiros e recortes nas pedras cerâmicas para ajustes às áreas a
serem revestidas.
Figura 9 – Exemplo de Perda no Processamento (sobra de cerâmica após execução de recortes para arremates).
Figura 10 – Perda Incorporada de Materiais Causada pela Espessura Excessiva de Revestimento Devido a uma Má
Especificação de Projeto.
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4.2.8	Perdas	por	Substituição
Consistem na utilização de materiais com características de desempenho superiores ao especificado em projeto, no
emprego de mão-de-obra com melhor qualificação que a necessária ou no emprego de equipamentos com avanços
tecnológicos onde equipamentos mais simples poderiam ser utilizados.
São exemplos de perda por substituição: oficiais (pedreiros, carpinteiros, etc) transportando materiais ou limpando
o canteiro de obras, tarefas que de modo geral são realizadas por serventes; substituição do acabamento em
pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica, entre outros.
4.2.9	Outras	Perdas
Nesta categoria de perdas estão inclusas todas as perdas de natureza diferentes das descritas nas categorias
anteriores, mas que causam prejuízos para as empresas. Neste tipo de perdas relacionam-se: roubos, vandalismos,
acidentes, condições climáticas adversas, entre outras.
Cabe esclarecer que estes tipos de perda afetam cada obra de maneira diferente, uma vez que podem variar devido a
alguns fatores, como o local (bairro, cidade ou país), onde a edificação está sendo construída, a situação econômica
do país, os costumes dos trabalhadores e habitantes da região, a forma como a empresa gerencia o empreendimento
e outros. Sendo assim, um tipo de perda qualquer pode originar uma nova categoria dentro da classificação, em
função da sua relevância ou da freqüência com que ocorrem nas obras de uma determinada localidade ou país.
A seguir, na tabela 1, são apresentados exemplos de perdas segundo sua natureza, momento de incidência e
origem.
Tabela 1 – Exemplos de Perdas Segundo sua Natureza, Momento de Incidência e
Origem (adaptada de SEBRAE, 1996).
4.3	Perdas	x	Geração	de	Resíduos
Com base na classificação, pode-se dividir as perdas em dois tipos: as que englobam os desperdícios de materiais
e as que englobam a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor.
No primeiro grupo estão as perdas responsáveis pela geração de resíduos e, de acordo com a classificação
estabelecida no item 4.2, estas perdas seriam:
• perdas por superprodução;
• perdas por manutenção de estoques;
• perdas por transporte;
• perdas por fabricação de produtos defeituosos; e
• perdas no processamento em si.
Os outros tipos de perdas (perdas nos movimentos e perdas por espera), apesar de não serem responsáveis por
gerarem resíduos devem ser cuidadas para serem eliminadas, pois geram desperdícios de tempo, além de perdas
financeiras.
Na indústria da construção civil alguns fatores contribuem negativamente para o aumento no volume de resíduos
gerados. É uma indústria antiga, na qual, diferentemente de outros ramos industriais, as máquinas foram inseridas
em pequena escala, o trabalho manual é a base da atividade produtiva e o trabalho se organiza em torno de
especializações. Além desses agravantes, Meseguer (1991) ainda destaca algumas outras peculiaridades:
• cada produto é único e normalmente não seriado;
• o produto é fixo e os operários são móveis, ao contrário da produção seriada, dificultando a organização e
controle; e
• trata-se de uma indústria muito tradicional, que apresenta muita inércia às alterações;
Por todas estas especificidades nota-se o grande problema vivido pela indústria da construção no tocante às
perdas e geração de resíduos. Assim, no capítulo a seguir, serão apresentadas algumas diretrizes para gerenciar os
resíduos de construção.
Natureza Exemplo Momento de
Incidência
Origem
Superprodução Produção de argamassa em
quantidade superior à
necessária para um dia de
trabalho.
Produção Planejamento: falta de
procedimentos de controle.
Manutenção de Estoques Deterioração da argamassa
estocada.
Armazenamento Planejamento: falta de
procedimentos referentes às
condições adequadas de
armazenamento.
Transporte Condições inadequadas para
transporte.
Recebimento, transporte,
produção
Gerência da obra: falha no
planejamento de meios para
executar o transporte de
materiais.
Movimentos Tempo excessivo de
deslocamento devido às
grandes distâncias entre os
postos de trabalho.
Produção Gerência da obra: falta de
planejamento das seqüências
de atividades e dos postos de
trabalho.
Espera Parada na execução dos
serviços por falta de material.
Produção Suprimentos: falha na
programação de compras.
Fabricação de Produtos
Defeituosos
Espessura de lajes e vigas
diferentes das especificadas
em projeto.
Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de
fôrmas utilizado.
Processamento em si Necessidade de quebrar uma
laje depois de pronta para
passagem de instalações.
Produção Planejamento: falhas no
sistema de controles.
Recursos humanos: falta de
treinamento dos funcionários.
Substituição Substituição do acabamento
em pintura especificado em
projeto por acabamento em
pastilha cerâmica
Produção Suprimentos: falha na
programação de compras.
Planejamento: falhas no
sistema de controles.
executar o transporte de
materiais.
Movimentos Tempo excessivo de
deslocamento devido às
grandes distâncias entre os
postos de trabalho.
Produção Gerência da obra: falta de
planejamento das seqüências
de atividades e dos postos de
trabalho.
Espera Parada na execução dos
serviços por falta de material.
Produção Suprimentos: falha na
programação de compras.
Fabricação de Produtos
Defeituosos
Espessura de lajes e vigas
diferentes das especificadas
em projeto.
Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de
fôrmas utilizado.
Processamento em si Necessidade de quebrar uma
laje depois de pronta para
passagem de instalações.
Produção Planejamento: falhas no
sistema de controles.
Recursos humanos: falta de
treinamento dos funcionários.
Substituição Substituição do acabamento
em pintura especificado em
projeto por acabamento em
pastilha cerâmica
Produção Suprimentos: falha na
programação de compras.
Planejamento: falhas no
sistema de controles.
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4.2.8	Perdas	por	Substituição
Consistem na utilização de materiais com características de desempenho superiores ao especificado em projeto, no
emprego de mão-de-obra com melhor qualificação que a necessária ou no emprego de equipamentos com avanços
tecnológicos onde equipamentos mais simples poderiam ser utilizados.
São exemplos de perda por substituição: oficiais (pedreiros, carpinteiros, etc) transportando materiais ou limpando
o canteiro de obras, tarefas que de modo geral são realizadas por serventes; substituição do acabamento em
pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica, entre outros.
4.2.9	Outras	Perdas
Nesta categoria de perdas estão inclusas todas as perdas de natureza diferentes das descritas nas categorias
anteriores, mas que causam prejuízos para as empresas. Neste tipo de perdas relacionam-se: roubos, vandalismos,
acidentes, condições climáticas adversas, entre outras.
Cabe esclarecer que estes tipos de perda afetam cada obra de maneira diferente, uma vez que podem variar devido a
alguns fatores, como o local (bairro, cidade ou país), onde a edificação está sendo construída, a situação econômica
do país, os costumes dos trabalhadores e habitantes da região, a forma como a empresa gerencia o empreendimento
e outros. Sendo assim, um tipo de perda qualquer pode originar uma nova categoria dentro da classificação, em
função da sua relevância ou da freqüência com que ocorrem nas obras de uma determinada localidade ou país.
A seguir, na tabela 1, são apresentados exemplos de perdas segundo sua natureza, momento de incidência e
origem.
Tabela 1 – Exemplos de Perdas Segundo sua Natureza, Momento de Incidência e
Origem (adaptada de SEBRAE, 1996).
4.3	Perdas	x	Geração	de	Resíduos
Com base na classificação, pode-se dividir as perdas em dois tipos: as que englobam os desperdícios de materiais
e as que englobam a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor.
No primeiro grupo estão as perdas responsáveis pela geração de resíduos e, de acordo com a classificação
estabelecida no item 4.2, estas perdas seriam:
• perdas por superprodução;
• perdas por manutenção de estoques;
• perdas por transporte;
• perdas por fabricação de produtos defeituosos; e
• perdas no processamento em si.
Os outros tipos de perdas (perdas nos movimentos e perdas por espera), apesar de não serem responsáveis por
gerarem resíduos devem ser cuidadas para serem eliminadas, pois geram desperdícios de tempo, além de perdas
financeiras.
Na indústria da construção civil alguns fatores contribuem negativamente para o aumento no volume de resíduos
gerados. É uma indústria antiga, na qual, diferentemente de outros ramos industriais, as máquinas foram inseridas
em pequena escala, o trabalho manual é a base da atividade produtiva e o trabalho se organiza em torno de
especializações. Além desses agravantes, Meseguer (1991) ainda destaca algumas outras peculiaridades:
• cada produto é único e normalmente não seriado;
• o produto é fixo e os operários são móveis, ao contrário da produção seriada, dificultando a organização e
controle; e
• trata-se de uma indústria muito tradicional, que apresenta muita inércia às alterações;
Por todas estas especificidades nota-se o grande problema vivido pela indústria da construção no tocante às
perdas e geração de resíduos. Assim, no capítulo a seguir, serão apresentadas algumas diretrizes para gerenciar os
resíduos de construção.
Natureza Exemplo Momento de
Incidência
Origem
Superprodução Produção de argamassa em
quantidade superior à
necessária para um dia de
trabalho.
Produção Planejamento: falta de
procedimentos de controle.
Manutenção de Estoques Deterioração da argamassa
estocada.
Armazenamento Planejamento: falta de
procedimentos referentes às
condições adequadas de
armazenamento.
Transporte Condições inadequadas para
transporte.
Recebimento, transporte,
produção
Gerência da obra: falha no
planejamento de meios para
executar o transporte de
materiais.
Movimentos Tempo excessivo de
deslocamento devido às
grandes distâncias entre os
postos de trabalho.
Produção Gerência da obra: falta de
planejamento das seqüências
de atividades e dos postos de
trabalho.
Espera Parada na execução dos
serviços por falta de material.
Produção Suprimentos: falha na
programação de compras.
Fabricação de Produtos
Defeituosos
Espessura de lajes e vigas
diferentes das especificadas
em projeto.
Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de
fôrmas utilizado.
Processamento em si Necessidade de quebrar uma
laje depois de pronta para
passagem de instalações.
Produção Planejamento: falhas no
sistema de controles.
Recursos humanos: falta de
treinamento dos funcionários.
Substituição Substituição do acabamento
em pintura especificado em
projeto por acabamento em
pastilha cerâmica
Produção Suprimentos: falha na
programação de compras.
Planejamento: falhas no
sistema de controles.
executar o transporte de
materiais.
Movimentos Tempo excessivo de
deslocamento devido às
grandes distâncias entre os
postos de trabalho.
Produção Gerência da obra: falta de
planejamento das seqüências
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trabalho.
Espera Parada na execução dos
serviços por falta de material.
Produção Suprimentos: falha na
programação de compras.
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Defeituosos
Espessura de lajes e vigas
diferentes das especificadas
em projeto.
Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de
fôrmas utilizado.
Processamento em si Necessidade de quebrar uma
laje depois de pronta para
passagem de instalações.
Produção Planejamento: falhas no
sistema de controles.
Recursos humanos: falta de
treinamento dos funcionários.
Substituição Substituição do acabamento
em pintura especificado em
projeto por acabamento em
pastilha cerâmica
Produção Suprimentos: falha na
programação de compras.
Planejamento: falhas no
sistema de controles.
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
22
GESTÃO	DE	RESÍDUOS	NA	CONSTRUÇÃO	CIVIL
23
5.	DIRETRIZES	PARA	GERENCIAMENTO	DE	RESÍDUOS	DA	CONSTRUÇÃO
5.1	A	Resolução	307	do	CONAMA
Como já mencionado, é de extrema importância que sejam implantadas ações para a efetiva redução dos impactos
ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA,
preocupado com o aumento da disposição de resíduos da construção em locais inadequados, publicou em 5 de
julho de 2002 uma Resolução que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos
da construção civil, além de disciplinar as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais: a
Resolução n°307.
Esta Resolução, que entrou em vigor em 02 de janeiro de 2003, define como resíduos da construção civil aqueles
oriundos de atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como aqueles
resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos.
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Os provenientes de construções,
reformas, reparos e demolições
de obras de construção civil, e os
resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como:
tijolos, blocos, cerâmicos, concreto
em geral, solos, rochas, metais,
resinas, colas, tintas, madeiras e
compensados, forros, argamassa,
gesso, telhas, pavimento asfáltico,
vidors, plásticos, tubulações, fiação
elétrica etc., comumente chamados
de entulhos de obras, caliça ou
metralha.
NaResolução307sãoencontradasváriasdefiniçõesdetermosrelacionadosàgestãoderesíduos
da construção, além de estabelecer uma classificação para estes resíduos, a saber:
• Resíduos Classe A;
• Resíduos Classe B;
• Resíduos Classe C; e
• Resíduos Classe D.
RESÍDUOS CLASSE A - REUTILIZÁVEIS
OU RECICLÁVEIS COMO AGREGADOS
Os provenientes de construções,
reformas, reparos e demolições
de obras de construção civil, e os
resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como:
tijolos, blocos, cerâmicos, concreto
em geral, solos, rochas, metais,
resinas, colas, tintas, madeiras e
compensados, forros, argamassa,
gesso, telhas, pavimento asfáltico,
vidors, plásticos, tubulações, fiação
elétrica etc., comumente chamados
de entulhos de obras, caliça ou
metralha.
Destinação:
Deverão ser reutilizados ou reciclados na
forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo
a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.
RESÍDUOS CLASSE B - RECICLÁVEIS
PARA OUTRAS DESTINAÇÕES
Plásticos, papel/papelão,
metais, vidros, madeiras e outros.
Destinação:
Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de
modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.
GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
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GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

  • 1.
  • 2. Apresentação 2 1. Introdução 4 2. A construção civil e o desenvolvimento sustentável 7 3. Impacto ambiental da cadeia produtiva da construção 10 3.1 Consumo de Recursos Naturais 10 3.2 Resíduos e Poluição 12 3.3 Alternativas para Redução do Impacto Ambiental 15 4. A construção civil e as perdas 17 4.1 Entendendo o Conceito de Perdas 17 4.2 Classificação das Perdas 20 4.3 Perdas x Geração de Resíduos 26 5. Diretrizes para gerenciamento de resíduos da construção 28 5.1 A Resolução 307 do CONAMA 28 5.2 Organização, Limpeza e Segregação de Resíduos 32 5.3 Acondicionamento dos Resíduos 35 5.4 Sinalização dos Dispositivos 42 5.5 Transporte Interno dos Resíduos 43 5.6 Destinação Responsável 44 5.7 Normas Brasileiras para a Gestão de Resíduos 48 5.8 Envolvimento das Pessoas para uma Gestão Eficiente 51 6. A racionalização como ferramenta para a redução da geração de resíduos 53 6.1 Procedimentos Gerais 56 6.2 Os Times de Racionalização 57 6.3 Desenvolvimento da Metodologia 58 6.4 Exemplo de Racionalização R1 em um Canteiro de Obras 66 6.5 Projeto e Planejamento 76 6.6 Organização do Canteiro 77 7. A reciclagem na cadeia produtiva da construção 80 7.1 Vantagens da Reciclagem 81 7.2 Barreiras da Reciclagem de RCD no Brasil 81 7.3 Exemplos da Reciclagem de RCD no Brasil 81 8. Metodologia para implantação da gestão de resíduos no canteiro 84 8.1 Objetivos do Programa 84 8.2 Seqüência das Atividades 85 8.3 Qualificação dos Agentes Envolvidos 96 9. Considerações finais 99
  • 3. Apresentação 2 1. Introdução 4 2. A construção civil e o desenvolvimento sustentável 7 3. Impacto ambiental da cadeia produtiva da construção 10 3.1 Consumo de Recursos Naturais 10 3.2 Resíduos e Poluição 12 3.3 Alternativas para Redução do Impacto Ambiental 15 4. A construção civil e as perdas 17 4.1 Entendendo o Conceito de Perdas 17 4.2 Classificação das Perdas 20 4.3 Perdas x Geração de Resíduos 26 5. Diretrizes para gerenciamento de resíduos da construção 28 5.1 A Resolução 307 do CONAMA 28 5.2 Organização, Limpeza e Segregação de Resíduos 32 5.3 Acondicionamento dos Resíduos 35 5.4 Sinalização dos Dispositivos 42 5.5 Transporte Interno dos Resíduos 43 5.6 Destinação Responsável 44 5.7 Normas Brasileiras para a Gestão de Resíduos 48 5.8 Envolvimento das Pessoas para uma Gestão Eficiente 51 6. A racionalização como ferramenta para a redução da geração de resíduos 53 6.1 Procedimentos Gerais 56 6.2 Os Times de Racionalização 57 6.3 Desenvolvimento da Metodologia 58 6.4 Exemplo de Racionalização R1 em um Canteiro de Obras 66 6.5 Projeto e Planejamento 76 6.6 Organização do Canteiro 77 7. A reciclagem na cadeia produtiva da construção 80 7.1 Vantagens da Reciclagem 81 7.2 Barreiras da Reciclagem de RCD no Brasil 81 7.3 Exemplos da Reciclagem de RCD no Brasil 81 8. Metodologia para implantação da gestão de resíduos no canteiro 84 8.1 Objetivos do Programa 84 8.2 Seqüência das Atividades 85 8.3 Qualificação dos Agentes Envolvidos 96 9. Considerações finais 99
  • 4. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 4 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 5 Apresentação O Projeto Competir, oriundo de um Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Técnica entre os Governos do Brasil e da Alemanha, foi aprovado para ajudar a transformar a realidade das empresas de pequeno porte, tornando- as mais produtivas e com maior competitividade, influindo no desenvolvimento econômico da Região Nordeste. A execução do Projeto foi delegada, pelo lado brasileiro ao SENAI e ao SEBRAE e, pelo lado alemão a GTZ (Deutsche Gesellschaft Technische Zusammenarbeit). A primeira fase do projeto, iniciada em 1996 e concluída em 2000, teve como foco a qualificação de técnicos do SENAI e do SEBRAE visando o atendimento às empresas na introdução de programas de qualidade de vários setores industriais. Já na segunda fase, que durou de 2001 a 2005, o Projeto passou a assessorar Cadeias e Arranjos Produtivos, sob uma visão regional da competitividade, abrangendo os 9 estados do Nordeste. Procurou- se apoiar o desenvolvimento produtivo regional através da promoção do diálogo e da cooperação entre os agentes locais e regionais relevantes, buscando a sinergia entre fornecedores, prestadores de serviços, entidades de apoio, produtores finais e o comércio. Desde janeiro de 2005 o Projeto Competir integra o Programa “Desenvolvimento Regional no Nordeste do Brasil, voltado para o Combate à Pobreza” e, mais especificamente, o componente “Fomento Regional à Geração de Emprego e Renda”. Dentre os diversos produtos do Projeto Competir, que estão à disposição da comunidade empresarial nos Departamentos Regionais do SENAI do Nordeste, bem como no SEBRAE, encontra-se o Programa de Gestão de Resíduos na Construção Civil, do qual faz parte este material. Vale ressaltar que este material foi desenvolvido no âmbito do Projeto Estratégico PJ-NE 0597 “Gerenciamento Integrado de Resíduos da Construção Civil: Redução, Reciclagem e Reutilização como Alternativa Sustentável para Gestão dos Resíduos Classe A” do SENAI - Departamento Nacional. Este projeto contou com a participação dos Departamentos Regionais do SENAI da Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe. Esta publicação foi preparada para ser utilizada como instrumento de consulta. Possui informações que são aplicáveis de forma prática, no dia-a-dia do profissional ligado à construção civil, apresentada através de uma linguagem simples e de fácil assimilação. Possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento dos profissionais do setor no que se refere à gestão dos resíduos resultantes da atividade construtiva. Este trabalho apresenta diversos temas e aspectos relacionados à gestão de resíduos na construção civil, ao longo de seus nove capítulos. O primeiro capítulo introduz o tema; o capítulo 2 aborda a questão do desenvolvimento sustentável atrelado à construção civil e o terceiro capítulo trata da forma como a indústria da construção impacta o meio ambiente. No capítulo 4 são abordadas as perdas geradas pelos processos de construção, salientando-se como estas perdas podem ser classificadas. No quinto capítulo, apresentam-se as diretrizes para se promover o gerenciamento de resíduos na construção, dando destaque à Resolução 307 do CONAMA, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. São citadas algumas normas brasileiras que tratam especificamente dos resíduos sólidos da construção no tocante às áreas de transbordo, triagem, aterro e reciclagem e uso dos agregados reciclados. Ainda nesse capítulo, é mencionada a necessidade de se promover o envolvimento das pessoas para se conseguir uma gestão eficiente. No sexto capítulo são apresentadas algumas ferramentas que podem ser aplicadas de forma simples e eficaz para auxiliar o processo de redução da geração de resíduos e de forma mais específica a racionalização no canteiro de obras. Já no sétimo capítulo, aborda-se a reciclagem na cadeia produtiva da construção civil, as principais vantagens, as barreiras encontradas e boas práticas de reciclagem existentes no Brasil. No penúltimo capítulo é apresentada a metodologia implementada no âmbito do Projeto Competir para implantação da gestão de resíduos nos canteiros de obra. O último capítulo sintetiza as principais idéias do Programa: a importância da não geração de resíduos, da gestão diferenciada dos resíduos nos canteiros de obra e da necessidade de minimizar os impactos sócio-ambientais, preservar recursos naturais e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas. Com esta publicação, o Projeto Competir objetiva contribuir com a melhoria da qualidade e da competitividade das empresas de pequeno porte do Nordeste e, conseqüentemente, com o desenvolvimento da Região. SENAI SEBRAE GTZ
  • 5. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 4 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 5 Apresentação O Projeto Competir, oriundo de um Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Técnica entre os Governos do Brasil e da Alemanha, foi aprovado para ajudar a transformar a realidade das empresas de pequeno porte, tornando- as mais produtivas e com maior competitividade, influindo no desenvolvimento econômico da Região Nordeste. A execução do Projeto foi delegada, pelo lado brasileiro ao SENAI e ao SEBRAE e, pelo lado alemão a GTZ (Deutsche Gesellschaft Technische Zusammenarbeit). A primeira fase do projeto, iniciada em 1996 e concluída em 2000, teve como foco a qualificação de técnicos do SENAI e do SEBRAE visando o atendimento às empresas na introdução de programas de qualidade de vários setores industriais. Já na segunda fase, que durou de 2001 a 2005, o Projeto passou a assessorar Cadeias e Arranjos Produtivos, sob uma visão regional da competitividade, abrangendo os 9 estados do Nordeste. Procurou- se apoiar o desenvolvimento produtivo regional através da promoção do diálogo e da cooperação entre os agentes locais e regionais relevantes, buscando a sinergia entre fornecedores, prestadores de serviços, entidades de apoio, produtores finais e o comércio. Desde janeiro de 2005 o Projeto Competir integra o Programa “Desenvolvimento Regional no Nordeste do Brasil, voltado para o Combate à Pobreza” e, mais especificamente, o componente “Fomento Regional à Geração de Emprego e Renda”. Dentre os diversos produtos do Projeto Competir, que estão à disposição da comunidade empresarial nos Departamentos Regionais do SENAI do Nordeste, bem como no SEBRAE, encontra-se o Programa de Gestão de Resíduos na Construção Civil, do qual faz parte este material. Vale ressaltar que este material foi desenvolvido no âmbito do Projeto Estratégico PJ-NE 0597 “Gerenciamento Integrado de Resíduos da Construção Civil: Redução, Reciclagem e Reutilização como Alternativa Sustentável para Gestão dos Resíduos Classe A” do SENAI - Departamento Nacional. Este projeto contou com a participação dos Departamentos Regionais do SENAI da Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe. Esta publicação foi preparada para ser utilizada como instrumento de consulta. Possui informações que são aplicáveis de forma prática, no dia-a-dia do profissional ligado à construção civil, apresentada através de uma linguagem simples e de fácil assimilação. Possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento dos profissionais do setor no que se refere à gestão dos resíduos resultantes da atividade construtiva. Este trabalho apresenta diversos temas e aspectos relacionados à gestão de resíduos na construção civil, ao longo de seus nove capítulos. O primeiro capítulo introduz o tema; o capítulo 2 aborda a questão do desenvolvimento sustentável atrelado à construção civil e o terceiro capítulo trata da forma como a indústria da construção impacta o meio ambiente. No capítulo 4 são abordadas as perdas geradas pelos processos de construção, salientando-se como estas perdas podem ser classificadas. No quinto capítulo, apresentam-se as diretrizes para se promover o gerenciamento de resíduos na construção, dando destaque à Resolução 307 do CONAMA, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. São citadas algumas normas brasileiras que tratam especificamente dos resíduos sólidos da construção no tocante às áreas de transbordo, triagem, aterro e reciclagem e uso dos agregados reciclados. Ainda nesse capítulo, é mencionada a necessidade de se promover o envolvimento das pessoas para se conseguir uma gestão eficiente. No sexto capítulo são apresentadas algumas ferramentas que podem ser aplicadas de forma simples e eficaz para auxiliar o processo de redução da geração de resíduos e de forma mais específica a racionalização no canteiro de obras. Já no sétimo capítulo, aborda-se a reciclagem na cadeia produtiva da construção civil, as principais vantagens, as barreiras encontradas e boas práticas de reciclagem existentes no Brasil. No penúltimo capítulo é apresentada a metodologia implementada no âmbito do Projeto Competir para implantação da gestão de resíduos nos canteiros de obra. O último capítulo sintetiza as principais idéias do Programa: a importância da não geração de resíduos, da gestão diferenciada dos resíduos nos canteiros de obra e da necessidade de minimizar os impactos sócio-ambientais, preservar recursos naturais e melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas. Com esta publicação, o Projeto Competir objetiva contribuir com a melhoria da qualidade e da competitividade das empresas de pequeno porte do Nordeste e, conseqüentemente, com o desenvolvimento da Região. SENAI SEBRAE GTZ
  • 6. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 6 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 7 1. Introdução Ao longo das últimas décadas diversas tecnologias vêm sendo desenvolvidas de modo a auxiliar e melhorar a qualidade de vida dos seres humanos. Porém, apesar de todos os benefícios, estas mudanças também trazem seu lado negativo, muitas delas são grandes geradoras de impactos ambientais, como é o caso, por exemplo, das embalagens descartáveis que vêm causando grandes transtornos nas grandes cidades. A indústria da construção civil ocupa posição de destaque na economia nacional, quando considerada a significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país pela qual é responsável e também pelo contingente de pessoas que, direta ou indiretamente, emprega. Por outro lado, esta indústria é responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na atmosfera e por quase metade da quantidade dos resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000). Por todos estes motivos, a construção civil é um dos grandes vilões ao se falar em impactos ambientais, aparecendo como o principal gerador de resíduos de toda a sociedade (estimativas apontam para uma produção mundial entre 2 e 3 bilhões de toneladas/ano). Estima-se que a construção civil é responsável por algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade (SJÖSTRÖM, 1992). Para citar um exemplo, em uma cidade como São Paulo, o esgotamento das reservas próximas da capital faz com que a areia natural seja transportada de distâncias superiores a 100km, gerando consumos de energia, além de poluição (JOHN, 2006) . A produção de quantidades significativas de resíduos de construção civil é um dos principais problemas enfrentados em áreas urbanas. Em alguns países europeus (Finlândia, Holanda, etc.), o volume de entulho produzido é o dobro do lixo sólido urbano (SJÖSTRÖM, 1992). Dados levantados entre 1995 e 1997 em cinco cidades do interior de São Paulo indicam que a geração dos Resíduos de Construção e Demolição (RCD) variava entre 54% e 70% dos Resíduos Sólidos Urbanos (PINTO, 1999). Na cidade de Salvador, por exemplo, os RCD representam cerca da metade dos resíduos sólidos urbanos e correspondem à geração diária de aproximadamente 2.000t (LIMPURB, 2004). O crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias inadequadas têm contribuído para que esta quantidade aumente cada vez mais. Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade expressiva do entulho e o seu descarte inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e eficazes para a sua gestão adequada. Daí decorre a prioridade de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade civilorganizada–naelaboraçãoeconsolidaçãodeprogramasespecíficosquevisemàminimizaçãodessesimpactos. As políticas ambientais relacionadas ao tema devem voltar-se para o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição desses resíduos (CASSA et al, 2001). No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) buscam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura gerencial e implementar medidas que visem a redução da quantidade de resíduos produzidos. Estas medidas, via de regra, ainda são consideradas como não usuais ou mesmo como desconhecidas no setor. A principal ação efetivada em termos legais visando à mudança deste quadro foi a publicação da Resolução nº307 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Em vigor desde janeiro de 2003, a referida Resolução estabelece obrigações para os geradores e para os municípios. Para o gerador, salienta que ele deve ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Além disso, o gerador é responsável pela implantação de programas de gerenciamento de resíduos da construção civil nos seus empreendimentos. Isto envolve o estabelecimento de procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos. Já para os municípios, determina que estes devem implementar a gestão dos resíduos da construção civil através da elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Assim, os gestores municipais e as empresas construtoras necessitam adaptar seus processos de modo a garantir a destinação ambientalmente correta dos resíduos de construção civil. Na cidade de Salvador, por exemplo, o poder público, através da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (LIMPURB), vem buscando implantar desde 1997 o Plano de Gestão Diferenciada de Entulho. Este Plano promove medidas para a redução do descarte clandestino, convertendo-o em deposição correta, seja pela implantação de Postos de Descarga de Entulho – PDEs ou pela implantação de Bases de Descarga de Entulho – BDEs para uso de pequenos e grandes geradores, respectivamente (LIMPURB, 2005). No Brasil, é incipiente a quantidade de empresas de construção civil que fazem a gestão de resíduos em canteiro de obra e desenvolvem ações planejadas para redução da geração de resíduos. A segregação, acondicionamento e disposição final qualificada dos resíduos ainda não são r ealizados de forma adequada e integrada às atividades produtivas do canteiro de obra. A criação e manutenção de parâmetros e procedimentos em obra para a gestão diferenciada dos resíduos são fundamentais para assegurar o descarte adequado. Estas ações, quando executadas amplamente por empresas do setor, promovem a minimização substancial dos impactos ambientais que a disposição inadequada dos resíduos gera e contribuem para evitar a necessidade de soluções emergenciais. A Gestão Corretiva é a situação típica da maioria dos municípios brasileiros, com ações de caráter não preventivo, repetitivo, custoso e, principalmente, ineficiente. Ao longo deste trabalho, são apresentados e discutidos alguns assuntos relacionados à Gestão de Resíduos de Construção de modo a estabelecer um referencial teórico a respeito do tema, além de apresentar a metodologia para implantação do Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil desenvolvida no âmbito do Projeto Competir e utilizada pelo SENAI e SEBRAE. A sua concepção baseia-se na segregação dos resíduos no canteiro, de forma a reaproveitá-los ou conduzi-los à destinação adequada. Como resultados parciais do programa, destacam- se: maior limpeza e organização da obra, segregação e destinação ambientalmente responsáveis dos resíduos, controle do transporte e disposição final. De acordo com Souza (2005) estudos mostram que o Construbusiness – cadeia em que se insere a Construção – responde por valores superiores a 15% do PIB nacional. Informações disponíveis em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/des_sustentavel.htm>. Acesso em 20 fev. 2006.
  • 7. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 6 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 7 1. Introdução Ao longo das últimas décadas diversas tecnologias vêm sendo desenvolvidas de modo a auxiliar e melhorar a qualidade de vida dos seres humanos. Porém, apesar de todos os benefícios, estas mudanças também trazem seu lado negativo, muitas delas são grandes geradoras de impactos ambientais, como é o caso, por exemplo, das embalagens descartáveis que vêm causando grandes transtornos nas grandes cidades. A indústria da construção civil ocupa posição de destaque na economia nacional, quando considerada a significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país pela qual é responsável e também pelo contingente de pessoas que, direta ou indiretamente, emprega. Por outro lado, esta indústria é responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na atmosfera e por quase metade da quantidade dos resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000). Por todos estes motivos, a construção civil é um dos grandes vilões ao se falar em impactos ambientais, aparecendo como o principal gerador de resíduos de toda a sociedade (estimativas apontam para uma produção mundial entre 2 e 3 bilhões de toneladas/ano). Estima-se que a construção civil é responsável por algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade (SJÖSTRÖM, 1992). Para citar um exemplo, em uma cidade como São Paulo, o esgotamento das reservas próximas da capital faz com que a areia natural seja transportada de distâncias superiores a 100km, gerando consumos de energia, além de poluição (JOHN, 2006) . A produção de quantidades significativas de resíduos de construção civil é um dos principais problemas enfrentados em áreas urbanas. Em alguns países europeus (Finlândia, Holanda, etc.), o volume de entulho produzido é o dobro do lixo sólido urbano (SJÖSTRÖM, 1992). Dados levantados entre 1995 e 1997 em cinco cidades do interior de São Paulo indicam que a geração dos Resíduos de Construção e Demolição (RCD) variava entre 54% e 70% dos Resíduos Sólidos Urbanos (PINTO, 1999). Na cidade de Salvador, por exemplo, os RCD representam cerca da metade dos resíduos sólidos urbanos e correspondem à geração diária de aproximadamente 2.000t (LIMPURB, 2004). O crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias inadequadas têm contribuído para que esta quantidade aumente cada vez mais. Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade expressiva do entulho e o seu descarte inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e eficazes para a sua gestão adequada. Daí decorre a prioridade de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da construção civil e sociedade civilorganizada–naelaboraçãoeconsolidaçãodeprogramasespecíficosquevisemàminimizaçãodessesimpactos. As políticas ambientais relacionadas ao tema devem voltar-se para o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição desses resíduos (CASSA et al, 2001). No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC) buscam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura gerencial e implementar medidas que visem a redução da quantidade de resíduos produzidos. Estas medidas, via de regra, ainda são consideradas como não usuais ou mesmo como desconhecidas no setor. A principal ação efetivada em termos legais visando à mudança deste quadro foi a publicação da Resolução nº307 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Em vigor desde janeiro de 2003, a referida Resolução estabelece obrigações para os geradores e para os municípios. Para o gerador, salienta que ele deve ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Além disso, o gerador é responsável pela implantação de programas de gerenciamento de resíduos da construção civil nos seus empreendimentos. Isto envolve o estabelecimento de procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos. Já para os municípios, determina que estes devem implementar a gestão dos resíduos da construção civil através da elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Assim, os gestores municipais e as empresas construtoras necessitam adaptar seus processos de modo a garantir a destinação ambientalmente correta dos resíduos de construção civil. Na cidade de Salvador, por exemplo, o poder público, através da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (LIMPURB), vem buscando implantar desde 1997 o Plano de Gestão Diferenciada de Entulho. Este Plano promove medidas para a redução do descarte clandestino, convertendo-o em deposição correta, seja pela implantação de Postos de Descarga de Entulho – PDEs ou pela implantação de Bases de Descarga de Entulho – BDEs para uso de pequenos e grandes geradores, respectivamente (LIMPURB, 2005). No Brasil, é incipiente a quantidade de empresas de construção civil que fazem a gestão de resíduos em canteiro de obra e desenvolvem ações planejadas para redução da geração de resíduos. A segregação, acondicionamento e disposição final qualificada dos resíduos ainda não são r ealizados de forma adequada e integrada às atividades produtivas do canteiro de obra. A criação e manutenção de parâmetros e procedimentos em obra para a gestão diferenciada dos resíduos são fundamentais para assegurar o descarte adequado. Estas ações, quando executadas amplamente por empresas do setor, promovem a minimização substancial dos impactos ambientais que a disposição inadequada dos resíduos gera e contribuem para evitar a necessidade de soluções emergenciais. A Gestão Corretiva é a situação típica da maioria dos municípios brasileiros, com ações de caráter não preventivo, repetitivo, custoso e, principalmente, ineficiente. Ao longo deste trabalho, são apresentados e discutidos alguns assuntos relacionados à Gestão de Resíduos de Construção de modo a estabelecer um referencial teórico a respeito do tema, além de apresentar a metodologia para implantação do Programa de Gestão de Resíduos da Construção Civil desenvolvida no âmbito do Projeto Competir e utilizada pelo SENAI e SEBRAE. A sua concepção baseia-se na segregação dos resíduos no canteiro, de forma a reaproveitá-los ou conduzi-los à destinação adequada. Como resultados parciais do programa, destacam- se: maior limpeza e organização da obra, segregação e destinação ambientalmente responsáveis dos resíduos, controle do transporte e disposição final. De acordo com Souza (2005) estudos mostram que o Construbusiness – cadeia em que se insere a Construção – responde por valores superiores a 15% do PIB nacional. Informações disponíveis em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/des_sustentavel.htm>. Acesso em 20 fev. 2006.
  • 8. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 8 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 9 2. A CONSTRUÇÃO CIVIL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Até os anos 50, a natureza era vista somente como um pano de fundo para toda discussão que envolvesse a atividade humana e suas relações com o meio. Acreditava-se que a natureza existia para ser compreendida, explorada e catalogada, desde que fosse utilizada em benefício da humanidade (SCHENINI et al, 2004) . Segundo estes autores, os movimentos sociais que se iniciaram nos anos 70 representaram um marco na humanidadeeemparticularparaaformaçãodeumaconsciênciapreservacionistafundamentada,naquelemomento, nos princípios da harmonia com a natureza. Assim, o termo ecologia passa a ser bastante utilizado. Tais discussões ganharam tanta intensidade que em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma Conferência sobre Ambiente Humano que ficou conhecida como Conferência de Estocolmo. Como resultado deste evento, foi criado o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas – UNEP, encarregado de monitorar o avanço dos problemas ambientais no mundo (SANTOS, 2005) . Neste mesmo ano é publicado um estudo sobre os Limites do Crescimento. Este estudo concluía que, mantido o ritmo de crescimento, os alimentos e a produção industrial iriam declinar até o ano 2010 e, a partir daí, provocar automaticamente uma diminuição da população por penúria, falta de alimentos e poluição. Várias críticas foram feitas a esse estudo por parte dos intelectuais do primeiro mundo, por acreditarem que isso representaria o fim do crescimento da sociedade industrial, e pelos países subdesenvolvidos, pois julgavam que os países desenvolvidos estavam barrando o desenvolvimento dos países pobres com uma justificativa ecológica. De acordo com Santos (2005)2, a década de 1970 foi marcada pelo “rompimento do círculo virtuoso de crescimento da economia mundial desde o pós-guerra, lançando dúvidas sobre a validade dos instrumentos políticos disponíveis para a regulação das relações econômicas internacionais, assim como os mecanismos internos de promoção do desenvolvimento”. Junto a isso, a situação de pobreza em que se encontrava a maior parte da população mundial revelava que o estilo de desenvolvimento também era insustentável do ponto de vista social pela falta de acesso à educação, à saúde e à água tratada, e, pelo ponto de vista humano, frente à fome e à desnutrição. Dessa maneira, a crise ambiental colocava em xeque o modelo de desenvolvimento vigente, isto é, desenvolvimento calcado na exploração irracional e predatória dos recursos naturais e moldado em relações sociais de produção injustas e excludentes. Em 1973 novas tentativas de se repensar o futuro foram apresentadas pelo canadense Maurice Strong que lançou o conceito de ecodesenvolvimento: um estilo de desenvolvimento adaptado às áreas rurais do Terceiro Mundo, baseado na utilização criteriosa dos recursos locais, sem comprometer o esgotamento da natureza. Na década de 80 Ignacy Sachs se apropria do termo e estabelece que os caminhos do desenvolvimento seriam seis3: • satisfação das necessidades básicas; • solidariedade com as gerações futuras; • participação da população envolvida; • preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; • elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e • programas de educação. Com a evolução da problemática econômica e deterioração das políticas regionais e nacionais, a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU cria a expressão desenvolvimento sustentável, que começou a circular efetivamente em 1987, a partir da publicação do documento chamado Nosso Futuro Comum, mais conhecido por Relatório Brundtland. Segundo este documento o desenvolvimento sustentável foi assim definido: Informações disponíveis em: <http://www.única.com.br/pages/sociedade_desenvolv2.asp>. Acesso em 10 mar. 2006. Informações disponíveis em: http://geodesia.ufsc.br/Geodesia-online/arquivo/cobrac_2004/092.pdf. Acesso em 13 mar. 2006. Informações disponíveis em: <http://www.senac.br/informativo/BTS/301/boltec301c.htm>. Acesso em 15 mar. 2006. Informações disponíveis em: <http://www.economiabr.net/economia/3_desenvolvimento_sustentavel_historico. Html>. Acesso em 10 mar. 2006. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL “Desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”3 Chen e Chambers (1999), complementam esta definição considerando ainda a necessidade de satisfazer as aspirações de todos por uma vida melhor. Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, a Rio-92, demonstrou um aumento do interesse mundial pelo futuro do planeta. Muitos países passam a valorizar as relações entre desenvolvimento sócio-econômico e modificações no meio ambiente. A Agenda 21 foi um dos principais resultados da Rio-92. Este documento, resultado de um acordo firmado entre 179 (cento e setenta e nove) países, reforça a necessidade e a importância de cada país se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações e todos os demais setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais. De acordo com Schenini et al (2004), a Agenda 21 foi responsável pelo despertar de uma consciência ambiental, sobre a necessidade da conservação da natureza para o bem estar e sobrevivência das espécies, inclusive a humana. “O documento propunha que a sociedade assumisse uma atitude ética entre a conservação ambiental e o desenvolvimento. Denunciava a forma perdulária com que até então eram tratados os recursos naturais e propunha uma sociedade justa e economicamente responsável, produtora e produto do desenvolvimento sustentável”. Até então, não existia por parte da indústria da construção civil uma preocupação com o esgotamento dos recursos naturais não renováveis que eram utilizados ao longo de todo o seu processo de produção, nem tão pouco com o destino dado aos resíduos gerados pela atividade construtiva. Com o passar dos anos, a definição de desenvolvimento sustentável sofre múltiplas derivações e interpretações, deixando de ser uma bandeira defendida apenas pelos ecologistas idealizadores, para ser um assunto amplamente discutido inclusive por toda a cadeia da construção. Um exemplo disso são as normas da família ISO 14000, que estão sendo utilizadas cada vez mais por organizações que buscam ter seus sistemas de gestão ambiental certificados. Se compararmos a realidade que vive a construção civil com as definições de desenvolvimento sustentável, preocupadas com a manutenção dos recursos para as gerações futuras, vê-se que ainda têm-se muito por fazer, não só com relação aos processos construtivos, como também em relação ao uso e manutenção das edificações. Jáexistem,noentanto,algumasaçõesnaconstruçãocivilvoltadasaodesenvolvimentosustentável.Comoexemplos pode-se citar: o reuso de água em edifícios, a utilização de iluminação e ventilação natural, o reuso e reciclagem de resíduos e a racionalização dos processos construtivos. Mas, por que falar em desenvolvimento sustentável para a construção? A razão desta preocupação decorre de alguns fatores bem objetivos, como poderá ser visto na seqüência.
  • 9. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 8 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 9 2. A CONSTRUÇÃO CIVIL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Até os anos 50, a natureza era vista somente como um pano de fundo para toda discussão que envolvesse a atividade humana e suas relações com o meio. Acreditava-se que a natureza existia para ser compreendida, explorada e catalogada, desde que fosse utilizada em benefício da humanidade (SCHENINI et al, 2004) . Segundo estes autores, os movimentos sociais que se iniciaram nos anos 70 representaram um marco na humanidadeeemparticularparaaformaçãodeumaconsciênciapreservacionistafundamentada,naquelemomento, nos princípios da harmonia com a natureza. Assim, o termo ecologia passa a ser bastante utilizado. Tais discussões ganharam tanta intensidade que em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma Conferência sobre Ambiente Humano que ficou conhecida como Conferência de Estocolmo. Como resultado deste evento, foi criado o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas – UNEP, encarregado de monitorar o avanço dos problemas ambientais no mundo (SANTOS, 2005) . Neste mesmo ano é publicado um estudo sobre os Limites do Crescimento. Este estudo concluía que, mantido o ritmo de crescimento, os alimentos e a produção industrial iriam declinar até o ano 2010 e, a partir daí, provocar automaticamente uma diminuição da população por penúria, falta de alimentos e poluição. Várias críticas foram feitas a esse estudo por parte dos intelectuais do primeiro mundo, por acreditarem que isso representaria o fim do crescimento da sociedade industrial, e pelos países subdesenvolvidos, pois julgavam que os países desenvolvidos estavam barrando o desenvolvimento dos países pobres com uma justificativa ecológica. De acordo com Santos (2005)2, a década de 1970 foi marcada pelo “rompimento do círculo virtuoso de crescimento da economia mundial desde o pós-guerra, lançando dúvidas sobre a validade dos instrumentos políticos disponíveis para a regulação das relações econômicas internacionais, assim como os mecanismos internos de promoção do desenvolvimento”. Junto a isso, a situação de pobreza em que se encontrava a maior parte da população mundial revelava que o estilo de desenvolvimento também era insustentável do ponto de vista social pela falta de acesso à educação, à saúde e à água tratada, e, pelo ponto de vista humano, frente à fome e à desnutrição. Dessa maneira, a crise ambiental colocava em xeque o modelo de desenvolvimento vigente, isto é, desenvolvimento calcado na exploração irracional e predatória dos recursos naturais e moldado em relações sociais de produção injustas e excludentes. Em 1973 novas tentativas de se repensar o futuro foram apresentadas pelo canadense Maurice Strong que lançou o conceito de ecodesenvolvimento: um estilo de desenvolvimento adaptado às áreas rurais do Terceiro Mundo, baseado na utilização criteriosa dos recursos locais, sem comprometer o esgotamento da natureza. Na década de 80 Ignacy Sachs se apropria do termo e estabelece que os caminhos do desenvolvimento seriam seis3: • satisfação das necessidades básicas; • solidariedade com as gerações futuras; • participação da população envolvida; • preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; • elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e • programas de educação. Com a evolução da problemática econômica e deterioração das políticas regionais e nacionais, a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU cria a expressão desenvolvimento sustentável, que começou a circular efetivamente em 1987, a partir da publicação do documento chamado Nosso Futuro Comum, mais conhecido por Relatório Brundtland. Segundo este documento o desenvolvimento sustentável foi assim definido: Informações disponíveis em: <http://www.única.com.br/pages/sociedade_desenvolv2.asp>. Acesso em 10 mar. 2006. Informações disponíveis em: http://geodesia.ufsc.br/Geodesia-online/arquivo/cobrac_2004/092.pdf. Acesso em 13 mar. 2006. Informações disponíveis em: <http://www.senac.br/informativo/BTS/301/boltec301c.htm>. Acesso em 15 mar. 2006. Informações disponíveis em: <http://www.economiabr.net/economia/3_desenvolvimento_sustentavel_historico. Html>. Acesso em 10 mar. 2006. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL “Desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”3 Chen e Chambers (1999), complementam esta definição considerando ainda a necessidade de satisfazer as aspirações de todos por uma vida melhor. Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, a Rio-92, demonstrou um aumento do interesse mundial pelo futuro do planeta. Muitos países passam a valorizar as relações entre desenvolvimento sócio-econômico e modificações no meio ambiente. A Agenda 21 foi um dos principais resultados da Rio-92. Este documento, resultado de um acordo firmado entre 179 (cento e setenta e nove) países, reforça a necessidade e a importância de cada país se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações e todos os demais setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais. De acordo com Schenini et al (2004), a Agenda 21 foi responsável pelo despertar de uma consciência ambiental, sobre a necessidade da conservação da natureza para o bem estar e sobrevivência das espécies, inclusive a humana. “O documento propunha que a sociedade assumisse uma atitude ética entre a conservação ambiental e o desenvolvimento. Denunciava a forma perdulária com que até então eram tratados os recursos naturais e propunha uma sociedade justa e economicamente responsável, produtora e produto do desenvolvimento sustentável”. Até então, não existia por parte da indústria da construção civil uma preocupação com o esgotamento dos recursos naturais não renováveis que eram utilizados ao longo de todo o seu processo de produção, nem tão pouco com o destino dado aos resíduos gerados pela atividade construtiva. Com o passar dos anos, a definição de desenvolvimento sustentável sofre múltiplas derivações e interpretações, deixando de ser uma bandeira defendida apenas pelos ecologistas idealizadores, para ser um assunto amplamente discutido inclusive por toda a cadeia da construção. Um exemplo disso são as normas da família ISO 14000, que estão sendo utilizadas cada vez mais por organizações que buscam ter seus sistemas de gestão ambiental certificados. Se compararmos a realidade que vive a construção civil com as definições de desenvolvimento sustentável, preocupadas com a manutenção dos recursos para as gerações futuras, vê-se que ainda têm-se muito por fazer, não só com relação aos processos construtivos, como também em relação ao uso e manutenção das edificações. Jáexistem,noentanto,algumasaçõesnaconstruçãocivilvoltadasaodesenvolvimentosustentável.Comoexemplos pode-se citar: o reuso de água em edifícios, a utilização de iluminação e ventilação natural, o reuso e reciclagem de resíduos e a racionalização dos processos construtivos. Mas, por que falar em desenvolvimento sustentável para a construção? A razão desta preocupação decorre de alguns fatores bem objetivos, como poderá ser visto na seqüência.
  • 10. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 10 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 11 Mineração de areia Sjöström (1992) DETR - Department of the Environment, Transport and the Regions. ELEVADO CONSUMO DE MADEIRA A construção civil consome cerca de 2/3 da madeira natural extraída. A maioria das florestas não é remanejada adequadamente. 66% da madeira MATÉRIAS PRIMAS ESCASSAS Algumas matérias primas tradicionais da construção possuem reservas mapeadas escassas. O cobre e o zinco, por exemplo, possuem reservas suficientes para durarem cerca de 60 anos. Cobre - reserva por 60 anos Pode-se dizer ainda que o consumo de recursos naturais é maior do que o necessário devido ao elevado volume de perdas incorporadas às construções ou eliminadas como resíduos. De acordo com John (2000) é inevitável que ocorra um determinado volume de perdas. Porém a fração das perdas que excede ao limite mínimo característico da tecnologia empregada é considerada desperdício. Segundo este mesmo autor “os limites entre perda inevitável e o desperdício são difíceis de estabelecer e para uma mesma tecnologia variam com características regionais e no tempo”. A perda incorporada apesar de na maioria das vezes ser menos perceptível que a perda que saí da obra na forma de resíduos é causadora de consumo excessivo de recursos e geração de desperdício. Para a construção civil o grande desafio é alcançar uma melhoria e ampliação do ambiente construído com o emprego de um volume inferior de recursos naturais, principalmente nos países não desenvolvidos devido à necessidade de se construir uma quantidade maior de bens. 3.2 Resíduos e Poluição Os resíduos gerados, provenientes das perdas ocorridas durante o processo de construção ou de demolições, são responsáveis por aumentar ainda mais o impacto ambiental provocado por este setor. A excessiva geração de resíduos e seu descarte irregular, em grande parte das cidades brasileiras, causam a poluição do ambiente urbano. Como exemplo, pode-se citar a obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais, o comprometimento do tráfego em vias públicas e a degradação da paisagem das cidades, além da poluição do ar com gás carbônico liberado pelos veículos necessários para realizar o transporte dos resíduos. Figura 1 - Impactos Ambientais Causados pela Disposição Irregular dos Resíduos (obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais). 3. IMPACTO AMBIENTAL DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO 3.1 Consumo de Recursos Naturais O setor da construção civil “além de ser um dos maiores da economia ele produz os bens de maiores dimensões físicas do planeta, sendo conseqüentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer economia” (JOHN, 2000). Segundo este mesmo autor, o consumo de recursos naturais na construção civil é variável de acordo com cada região, isso dependendo de fatores como: • taxa de resíduos gerados; • vida útil ou taxa de reposição das estruturas construídas; • necessidades de manutenção, inclusive as que visam corrigir falhas construtivas; • perdas incorporadas nos edifícios; e • tecnologia empregada. Como citado na introdução, a construção civil é responsável pelo consumo de parte significativa dos recursos naturais do planeta. Para John (2000) a estimativa é um consumo de 9,4 ton/hab.ano de materiais de construção. O DETR (1998) menciona que, no Reino Unido, a construção consome algo em torno de 6 ton/hab.ano e 250 a 300 milhões de toneladas de agregados por ano. CONSTRUÇÃO CIVIL O maior consumidor de recursos naturais 20 a 50% dos recursos naturais Para John (2000), considerando que no Brasil são produzidas por ano cerca de 35 milhões de toneladas de cimento Portland e que este cimento é misturado com agregados a um traço médio de 1:6, pode-se estimar que 210 milhões de toneladas de agregados são consumidos anualmente somente na produção de concretos e argamassas, sem considerar o volume de agregados que são utilizados em pavimentação e as perdas. ELEVADO CONSUMO DE AGREGADOS NATURAIS O consumo de agregados naturais varia entre 1 e 8 toneladas/habitante/ano. No Brasil, o consumo de agregados naturais somente na produção de concreto e argamassa é de 220 milhões de toneladas. Ao redor de grandes cidades, a areia e outros agregados naturais começam a ficar escassos, influenciado também pelo controle ambiental da extração que vem se intensificando. 1 e 8 toneladas/habitante/ano.
  • 11. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 10 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 11 Mineração de areia Sjöström (1992) DETR - Department of the Environment, Transport and the Regions. ELEVADO CONSUMO DE MADEIRA A construção civil consome cerca de 2/3 da madeira natural extraída. A maioria das florestas não é remanejada adequadamente. 66% da madeira MATÉRIAS PRIMAS ESCASSAS Algumas matérias primas tradicionais da construção possuem reservas mapeadas escassas. O cobre e o zinco, por exemplo, possuem reservas suficientes para durarem cerca de 60 anos. Cobre - reserva por 60 anos Pode-se dizer ainda que o consumo de recursos naturais é maior do que o necessário devido ao elevado volume de perdas incorporadas às construções ou eliminadas como resíduos. De acordo com John (2000) é inevitável que ocorra um determinado volume de perdas. Porém a fração das perdas que excede ao limite mínimo característico da tecnologia empregada é considerada desperdício. Segundo este mesmo autor “os limites entre perda inevitável e o desperdício são difíceis de estabelecer e para uma mesma tecnologia variam com características regionais e no tempo”. A perda incorporada apesar de na maioria das vezes ser menos perceptível que a perda que saí da obra na forma de resíduos é causadora de consumo excessivo de recursos e geração de desperdício. Para a construção civil o grande desafio é alcançar uma melhoria e ampliação do ambiente construído com o emprego de um volume inferior de recursos naturais, principalmente nos países não desenvolvidos devido à necessidade de se construir uma quantidade maior de bens. 3.2 Resíduos e Poluição Os resíduos gerados, provenientes das perdas ocorridas durante o processo de construção ou de demolições, são responsáveis por aumentar ainda mais o impacto ambiental provocado por este setor. A excessiva geração de resíduos e seu descarte irregular, em grande parte das cidades brasileiras, causam a poluição do ambiente urbano. Como exemplo, pode-se citar a obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais, o comprometimento do tráfego em vias públicas e a degradação da paisagem das cidades, além da poluição do ar com gás carbônico liberado pelos veículos necessários para realizar o transporte dos resíduos. Figura 1 - Impactos Ambientais Causados pela Disposição Irregular dos Resíduos (obstrução e contaminação dos leitos de rios e canais). 3. IMPACTO AMBIENTAL DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO 3.1 Consumo de Recursos Naturais O setor da construção civil “além de ser um dos maiores da economia ele produz os bens de maiores dimensões físicas do planeta, sendo conseqüentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer economia” (JOHN, 2000). Segundo este mesmo autor, o consumo de recursos naturais na construção civil é variável de acordo com cada região, isso dependendo de fatores como: • taxa de resíduos gerados; • vida útil ou taxa de reposição das estruturas construídas; • necessidades de manutenção, inclusive as que visam corrigir falhas construtivas; • perdas incorporadas nos edifícios; e • tecnologia empregada. Como citado na introdução, a construção civil é responsável pelo consumo de parte significativa dos recursos naturais do planeta. Para John (2000) a estimativa é um consumo de 9,4 ton/hab.ano de materiais de construção. O DETR (1998) menciona que, no Reino Unido, a construção consome algo em torno de 6 ton/hab.ano e 250 a 300 milhões de toneladas de agregados por ano. CONSTRUÇÃO CIVIL O maior consumidor de recursos naturais 20 a 50% dos recursos naturais Para John (2000), considerando que no Brasil são produzidas por ano cerca de 35 milhões de toneladas de cimento Portland e que este cimento é misturado com agregados a um traço médio de 1:6, pode-se estimar que 210 milhões de toneladas de agregados são consumidos anualmente somente na produção de concretos e argamassas, sem considerar o volume de agregados que são utilizados em pavimentação e as perdas. ELEVADO CONSUMO DE AGREGADOS NATURAIS O consumo de agregados naturais varia entre 1 e 8 toneladas/habitante/ano. No Brasil, o consumo de agregados naturais somente na produção de concreto e argamassa é de 220 milhões de toneladas. Ao redor de grandes cidades, a areia e outros agregados naturais começam a ficar escassos, influenciado também pelo controle ambiental da extração que vem se intensificando. 1 e 8 toneladas/habitante/ano.
  • 12. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 12 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 13 Figura 2 - Resíduos de Obra Dispostos de Forma Irregular no Centro de Grande Cidade Degradando a Paisagem. Figura 3 – Resíduos de Obra Dispostos no Passeio em Bairro de Classe Média Comprometendo o Tráfego na Via Pública. O MAIOR GERADOR DE RESÍDUOS O volume de entulho de construção e demolição gerado é até duas vezes maior que o volume de lixo sólido urbano3. Entulho = 2x lixo sólido urbano A etapa de produção de materiais de construção também contribui para o impacto ambiental provocado pelo setor devido à quantidade de poluição (poeira, CO¬¬2, etc.) que é gerada. A liberação de partículas de poeira está presente em quase todas as atividades da construção civil, desde a extração da matéria-prima, passando pelo transporte, produção de materiais de construção, até a execução das atividades em canteiro. GERAÇÃO DE POLUIÇÃO DO AR Para cada tonelada de clínquer produzido mais de 600 kg de CO2 são gerados. 1 ton clínquer = 600 kg de CO2 Vale a pena salientar que a fase de uso dos edifícios também gera impacto ambiental significativo. E boa parte deste impacto é definida ainda no momento do projeto da edificação. Energia é consumida para iluminação e condicionamento do ar, pois não existe o aproveitamento da ventilação e iluminação natural, principalmente nos edifícios comerciais. A manutenção, que durante a vida útil de um edifício vai consumir recursos em volume aproximadamente igual aos despendidos na fase de produção, também gera poluição. 3.3 Alternativas para Redução do Impacto Ambiental Nos itens anteriores foram citados diversos exemplos de impactos ambientais gerados pela atividade construtiva. Soma-se a estes, o impacto ambiental gerado durante o uso. Reduzir este impacto é um desejo para a engenharia e soluções simples, como os exemplos citados a seguir, devem ser estudadas e implementadas: • Alteração em projeto visando à redução do consumo de recursos na fase de utilização Exemplo: Aproveitamento da iluminação e ventilação natural, promovendo uma redução no consumo de energia elétrica, principalmente nos edifícios comerciais; • Substituição de equipamentos e sistemas descartáveis por outros de maior durabilidade. Exemplo: Substituição das escoras de madeira por escoras metálicas, auxiliando na redução da extração de madeira; • Reciclagem dos resíduos gerados nas obras e uso de materiais reciclados. Exemplo 1: Segregação de resíduos de plástico, papel e metal nas obras e encaminhamento para reciclagem. Exemplo 2: Utilização de agregados reciclados em substituição aos agregados naturais, evitando a extração de novos recursos naturais e reduzindo o descarte dos resíduos; • Projeto do produto e planejamento dos sistemas de produção visando evitar perdas Exemplo 1: Planejamento da aquisição e do sistema de transporte e armazenamento dos materiais, evitando desperdícios por quebra ou perda das propriedades dos materiais. Exemplo2:Compatibilizaçãodeprojetosepaginaçãodaalvenaria,possibilitandoousomaisracionaldosmateriais, evitando quebra de blocos.
  • 13. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 12 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 13 Figura 2 - Resíduos de Obra Dispostos de Forma Irregular no Centro de Grande Cidade Degradando a Paisagem. Figura 3 – Resíduos de Obra Dispostos no Passeio em Bairro de Classe Média Comprometendo o Tráfego na Via Pública. O MAIOR GERADOR DE RESÍDUOS O volume de entulho de construção e demolição gerado é até duas vezes maior que o volume de lixo sólido urbano3. Entulho = 2x lixo sólido urbano A etapa de produção de materiais de construção também contribui para o impacto ambiental provocado pelo setor devido à quantidade de poluição (poeira, CO¬¬2, etc.) que é gerada. A liberação de partículas de poeira está presente em quase todas as atividades da construção civil, desde a extração da matéria-prima, passando pelo transporte, produção de materiais de construção, até a execução das atividades em canteiro. GERAÇÃO DE POLUIÇÃO DO AR Para cada tonelada de clínquer produzido mais de 600 kg de CO2 são gerados. 1 ton clínquer = 600 kg de CO2 Vale a pena salientar que a fase de uso dos edifícios também gera impacto ambiental significativo. E boa parte deste impacto é definida ainda no momento do projeto da edificação. Energia é consumida para iluminação e condicionamento do ar, pois não existe o aproveitamento da ventilação e iluminação natural, principalmente nos edifícios comerciais. A manutenção, que durante a vida útil de um edifício vai consumir recursos em volume aproximadamente igual aos despendidos na fase de produção, também gera poluição. 3.3 Alternativas para Redução do Impacto Ambiental Nos itens anteriores foram citados diversos exemplos de impactos ambientais gerados pela atividade construtiva. Soma-se a estes, o impacto ambiental gerado durante o uso. Reduzir este impacto é um desejo para a engenharia e soluções simples, como os exemplos citados a seguir, devem ser estudadas e implementadas: • Alteração em projeto visando à redução do consumo de recursos na fase de utilização Exemplo: Aproveitamento da iluminação e ventilação natural, promovendo uma redução no consumo de energia elétrica, principalmente nos edifícios comerciais; • Substituição de equipamentos e sistemas descartáveis por outros de maior durabilidade. Exemplo: Substituição das escoras de madeira por escoras metálicas, auxiliando na redução da extração de madeira; • Reciclagem dos resíduos gerados nas obras e uso de materiais reciclados. Exemplo 1: Segregação de resíduos de plástico, papel e metal nas obras e encaminhamento para reciclagem. Exemplo 2: Utilização de agregados reciclados em substituição aos agregados naturais, evitando a extração de novos recursos naturais e reduzindo o descarte dos resíduos; • Projeto do produto e planejamento dos sistemas de produção visando evitar perdas Exemplo 1: Planejamento da aquisição e do sistema de transporte e armazenamento dos materiais, evitando desperdícios por quebra ou perda das propriedades dos materiais. Exemplo2:Compatibilizaçãodeprojetosepaginaçãodaalvenaria,possibilitandoousomaisracionaldosmateriais, evitando quebra de blocos.
  • 14. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 14 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 15 4. A CONSTRUÇÃO CIVIL E AS PERDAS 4.1 Entendendo o Conceito de Perdas O setor da construção civil está passando por um processo de reestruturação. Os recursos financeiros são cada vez menores, o mercado consumidor está cada vez mais exigente, os trabalhadores, por sua vez, têm buscado melhores condições de trabalho. Todos estes fatores têm exigido uma nova postura das empresas. Estas estão sendo obrigadas a adotar estratégias empresariais mais modernas, focadas na qualidade, na racionalização e na produtividade, possibilitando a obtenção de um produto final de melhor qualidade e mais barato (COSTA; FORMOSO, 1998). Diante deste contexto, as perdas geradas ao longo do processo de produção se tornam o centro das atenções, pois cada vez mais as empresas são obrigadas a produzir apenas o necessário com a mínima força de trabalho, ou seja, eliminando desperdícios. De acordo com Formoso et al (1996) perda é qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão-de-obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias a produção da edificação. Sendo assim, as perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor. Para Jaques (1998) apud John (2000) as perdas têm origens nas mais diversas etapas do ciclo de vida do edifício. Desde a fase de projeto, uma decisão equivocada pode ser responsável por desperdícios ou por gastos com retrabalho. Porém, é na fase de execução onde acontece a parcela mais visível das perdas, pois todas as decisões tomadas na fase anterior ganham dimensão física. Uma pesquisa desenvolvida no Brasil que contou com a participação de 18 (dezoito) Universidades e 52 (cinqüenta e duas) empresas mostrou como um de seus principais resultados que as variações na perda chegaram a ordem de 100 vezes. Em alguns casos estas variações aconteceram entre diferentes empresas e em outros, entre canteiros de uma mesma empresa. Essas variações revelam que é possível reduzir enormemente as perdas sem mudança na tecnologia utilizada (AGOPYAN, et al., 1998). Para que as perdas sejam eliminadas é preciso que as empresas saibam diferenciar, dentre as várias atividades que fazem parte do processo produtivo, as que efetivamente contribuem para a obtenção do produto final daquelas que são complementares (que têm possibilidade de serem melhoradas ou eliminadas sem o prejuízo do processo). Os esforços direcionados para evitar as perdas devem ser relacionados com certa cautela, pois algumas atividades tais como planejamento, contabilidade e prevenção de acidentes, não agregam valor ao produto, porém produzem valor para os clientes internos. Apesar das várias definições encontradas para perdas nas bibliografias, neste material será adotada a seguinte definição: Perdas são todos as tarefas desnecessárias que elevam os custos sem adicionar valor ao produto, podendo ser eliminadas sem prejudicar o trabalho efetivo. Para Ohno (1988) é necessário dividir o movimento dos trabalhadores nas suas atividades em duas diferentes dimensões: a do trabalho e a das perdas. O trabalho constitui-se do trabalho real, necessário nas empresas, e pode ser dividido em dois tipos: • o que adiciona valor (ou efetivo) g corresponde à ocorrência de algum tipo de processamento, ou seja, transformação de matéria-prima ou partes em produtos; e • o que não adiciona valor (ou adicional) g é necessário para viabilizar o trabalho que adiciona valor. Este não deve ser confundido com perda, embora deva ser minimizado como se fosse, pois também gera custos. A figura a seguir, adaptada de Ohno (1988), ajuda a compreender a concepção de trabalho, na qual parte dos movimentos dos trabalhadores é considerada como perda. Figura 4 – Divisão dos Movimentos dos Trabalhadores: Trabalho e Perdas (adaptado de OHNO, 1988). Similarmente à classificação de Ohno, Fritz Gehbauer no seu livro Racionalização na Construção Civil: como melhorar processos de produção e de gestão apresenta uma metodologia, baseada na simples observação aleatória dos trabalhadores no canteiro, para medir o grau de efetividade dos trabalhos em operação. O modo como realizar esta observação será descrita posteriormente no capítulo 6, item 6.3.2 deste trabalho. Apesar da importância das perdas relacionadas aos movimentos dos trabalhadores, neste trabalho será dado mais destaque às perdas de material que, como comentado anteriormente, podem estar incorporadas ou serem eliminadas como resíduos. As perdas incorporadas são muito comuns nas atividades moldadas “in loco” quando são utilizadas quantidades de materiais superiores à teoricamente prevista. Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar um revestimento interno de parede com argamassa que estava previsto ser realizado com 1 cm e ao término do serviço alcançou mais de 3 cm (Figura 5). Neste caso, por exemplo, tem-se uma perda incorporada superior a 200%. Figura 5 – Perda Incorporada.
  • 15. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 14 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 15 4. A CONSTRUÇÃO CIVIL E AS PERDAS 4.1 Entendendo o Conceito de Perdas O setor da construção civil está passando por um processo de reestruturação. Os recursos financeiros são cada vez menores, o mercado consumidor está cada vez mais exigente, os trabalhadores, por sua vez, têm buscado melhores condições de trabalho. Todos estes fatores têm exigido uma nova postura das empresas. Estas estão sendo obrigadas a adotar estratégias empresariais mais modernas, focadas na qualidade, na racionalização e na produtividade, possibilitando a obtenção de um produto final de melhor qualidade e mais barato (COSTA; FORMOSO, 1998). Diante deste contexto, as perdas geradas ao longo do processo de produção se tornam o centro das atenções, pois cada vez mais as empresas são obrigadas a produzir apenas o necessário com a mínima força de trabalho, ou seja, eliminando desperdícios. De acordo com Formoso et al (1996) perda é qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão-de-obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias a produção da edificação. Sendo assim, as perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor. Para Jaques (1998) apud John (2000) as perdas têm origens nas mais diversas etapas do ciclo de vida do edifício. Desde a fase de projeto, uma decisão equivocada pode ser responsável por desperdícios ou por gastos com retrabalho. Porém, é na fase de execução onde acontece a parcela mais visível das perdas, pois todas as decisões tomadas na fase anterior ganham dimensão física. Uma pesquisa desenvolvida no Brasil que contou com a participação de 18 (dezoito) Universidades e 52 (cinqüenta e duas) empresas mostrou como um de seus principais resultados que as variações na perda chegaram a ordem de 100 vezes. Em alguns casos estas variações aconteceram entre diferentes empresas e em outros, entre canteiros de uma mesma empresa. Essas variações revelam que é possível reduzir enormemente as perdas sem mudança na tecnologia utilizada (AGOPYAN, et al., 1998). Para que as perdas sejam eliminadas é preciso que as empresas saibam diferenciar, dentre as várias atividades que fazem parte do processo produtivo, as que efetivamente contribuem para a obtenção do produto final daquelas que são complementares (que têm possibilidade de serem melhoradas ou eliminadas sem o prejuízo do processo). Os esforços direcionados para evitar as perdas devem ser relacionados com certa cautela, pois algumas atividades tais como planejamento, contabilidade e prevenção de acidentes, não agregam valor ao produto, porém produzem valor para os clientes internos. Apesar das várias definições encontradas para perdas nas bibliografias, neste material será adotada a seguinte definição: Perdas são todos as tarefas desnecessárias que elevam os custos sem adicionar valor ao produto, podendo ser eliminadas sem prejudicar o trabalho efetivo. Para Ohno (1988) é necessário dividir o movimento dos trabalhadores nas suas atividades em duas diferentes dimensões: a do trabalho e a das perdas. O trabalho constitui-se do trabalho real, necessário nas empresas, e pode ser dividido em dois tipos: • o que adiciona valor (ou efetivo) g corresponde à ocorrência de algum tipo de processamento, ou seja, transformação de matéria-prima ou partes em produtos; e • o que não adiciona valor (ou adicional) g é necessário para viabilizar o trabalho que adiciona valor. Este não deve ser confundido com perda, embora deva ser minimizado como se fosse, pois também gera custos. A figura a seguir, adaptada de Ohno (1988), ajuda a compreender a concepção de trabalho, na qual parte dos movimentos dos trabalhadores é considerada como perda. Figura 4 – Divisão dos Movimentos dos Trabalhadores: Trabalho e Perdas (adaptado de OHNO, 1988). Similarmente à classificação de Ohno, Fritz Gehbauer no seu livro Racionalização na Construção Civil: como melhorar processos de produção e de gestão apresenta uma metodologia, baseada na simples observação aleatória dos trabalhadores no canteiro, para medir o grau de efetividade dos trabalhos em operação. O modo como realizar esta observação será descrita posteriormente no capítulo 6, item 6.3.2 deste trabalho. Apesar da importância das perdas relacionadas aos movimentos dos trabalhadores, neste trabalho será dado mais destaque às perdas de material que, como comentado anteriormente, podem estar incorporadas ou serem eliminadas como resíduos. As perdas incorporadas são muito comuns nas atividades moldadas “in loco” quando são utilizadas quantidades de materiais superiores à teoricamente prevista. Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar um revestimento interno de parede com argamassa que estava previsto ser realizado com 1 cm e ao término do serviço alcançou mais de 3 cm (Figura 5). Neste caso, por exemplo, tem-se uma perda incorporada superior a 200%. Figura 5 – Perda Incorporada.
  • 16. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 16 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 17 Tendo como base estudos em diversas obras8, pode-se citar como outro exemplo que as perdas de argamassa no serviço de revestimento interno de paredes podem chegar aos seguintes indicadores percentuais: Incorporação - 79% Resíduos - 21% 4.2 Classifi cação das Perdas Levando em consideração a necessidade de se ter uma classificação de perdas melhor estruturada, dentre as várias sugeridas por diversos outros autores, as perdas ficaram definidas e classificadas da seguinte maneira: • perdas por superprodução; • perdas por manutenção de estoques; • perdas por transporte; • perdas no movimento; • perdas por espera; • perdas por fabricação de produtos defeituosos; • perdas no processamento em si; • perdas por substituição; e • outras perdas. 4.2.1 Perdas por Superprodução As perdas por superprodução estão relacionadas com a produção de componentes ou processamento de materiais perecíveis, em quantidades superiores às necessárias (quantitativa) ou antecipadamente (fazendo antes que seja necessário), possibilitando a ocorrência de perdas de materiais, mão-de-obra e equipamentos. Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar a produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho (quantitativa) ou a confecção de armaduras em quantidades superiores a necessária gerando problemas com relação à necessidade de armazenamento além de correr o risco desta ser danificada. 4.2.2 Perdas por Manutenção de Estoques As perdas por manutenção de estoques resultam da existência de estoques elevados de materiais, produtos em processo ou produtos inacabados, que podem ser originados por erros de planejamento ou programação, gerando possíveis perdas de mão-de-obra e equipamentos. Para Costa (1999), estoques em elevadas quantidades podem gerar perdas diretas e indiretas de materiais, pois normalmente estes são depositados sem os cuidados necessários, ficando muitas vezes expostos a intempéries, roubos, danos físicos e até mesmo, obsolescência, para o caso de materiais que possuem maior tecnologia agregada. Segundo este mesmo autor “a manutenção de estoques nos canteiros se justifica, de uma forma geral, pelo fato de que os gerentes sentem-se mais seguros quando podem contar com grandes quantidades de materiais armazenados, garantindo assim a continuidade da produção (evitar paradas), o que torna evidente os problemas gerenciais que existem em muitas empresas desse setor, tais como a falta de planejamento, erros em orçamentos ou programação inadequada de entrega dos materiais no canteiro”. Para ele ainda existe um outro ponto negativo associado à manutenção de grandes estoques: a indução dos trabalhadores ao desperdício. Isso porque os funcionários tendem a reduzir seu cuidado com os materiais, pois sabem que estes estão disponíveis em grande quantidade no canteiro. Figura 6 – Exemplo de Perda por Manutenção de Estoque (elevada quantidade de argamassa sendo estocada desnecessariamente). 4.2.3 Perdas por Transporte Este tipo de perda está relacionado a todas as atividades de movimentação de materiais que geram custos e não adicionam valor, e que, além disso, podem ser eliminadas em um curto prazo de tempo (MEIRA et al, 1998). Para que se consiga aumentar a eficiência da produção, as empresas construtoras devem evitar o transporte, ao invés de simplesmente mecanizá-lo. Assim sendo, melhorias podem ser conseguidas através: do aprimoramento do layout dos canteiros, da manutenção da limpeza nos canteiros, melhoramento na programação dos serviços, maior precisão no sistema de informações, etc. Cabe salientar que, além do tempo que é gasto no transporte em si, ainda existe o tempo e o esforço empregado no carregamento e na descarga dos materiais, muitas vezes superior ao gasto com a atividade de transportar. Este tipo de perda pode estar diretamente associado à gestão de resíduos. Um transporte inadequado aumenta bastante a quantidade de resíduos gerados. Como exemplo pode-se citar a excessiva quebra de blocos cerâmicos por serem transportados de forma inadequada. Figura 7 – Blocos Cerâmicos Transportados de Forma Inadequada Favorecendo Quebra.
  • 17. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 16 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 17 Tendo como base estudos em diversas obras8, pode-se citar como outro exemplo que as perdas de argamassa no serviço de revestimento interno de paredes podem chegar aos seguintes indicadores percentuais: Incorporação - 79% Resíduos - 21% 4.2 Classifi cação das Perdas Levando em consideração a necessidade de se ter uma classificação de perdas melhor estruturada, dentre as várias sugeridas por diversos outros autores, as perdas ficaram definidas e classificadas da seguinte maneira: • perdas por superprodução; • perdas por manutenção de estoques; • perdas por transporte; • perdas no movimento; • perdas por espera; • perdas por fabricação de produtos defeituosos; • perdas no processamento em si; • perdas por substituição; e • outras perdas. 4.2.1 Perdas por Superprodução As perdas por superprodução estão relacionadas com a produção de componentes ou processamento de materiais perecíveis, em quantidades superiores às necessárias (quantitativa) ou antecipadamente (fazendo antes que seja necessário), possibilitando a ocorrência de perdas de materiais, mão-de-obra e equipamentos. Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar a produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho (quantitativa) ou a confecção de armaduras em quantidades superiores a necessária gerando problemas com relação à necessidade de armazenamento além de correr o risco desta ser danificada. 4.2.2 Perdas por Manutenção de Estoques As perdas por manutenção de estoques resultam da existência de estoques elevados de materiais, produtos em processo ou produtos inacabados, que podem ser originados por erros de planejamento ou programação, gerando possíveis perdas de mão-de-obra e equipamentos. Para Costa (1999), estoques em elevadas quantidades podem gerar perdas diretas e indiretas de materiais, pois normalmente estes são depositados sem os cuidados necessários, ficando muitas vezes expostos a intempéries, roubos, danos físicos e até mesmo, obsolescência, para o caso de materiais que possuem maior tecnologia agregada. Segundo este mesmo autor “a manutenção de estoques nos canteiros se justifica, de uma forma geral, pelo fato de que os gerentes sentem-se mais seguros quando podem contar com grandes quantidades de materiais armazenados, garantindo assim a continuidade da produção (evitar paradas), o que torna evidente os problemas gerenciais que existem em muitas empresas desse setor, tais como a falta de planejamento, erros em orçamentos ou programação inadequada de entrega dos materiais no canteiro”. Para ele ainda existe um outro ponto negativo associado à manutenção de grandes estoques: a indução dos trabalhadores ao desperdício. Isso porque os funcionários tendem a reduzir seu cuidado com os materiais, pois sabem que estes estão disponíveis em grande quantidade no canteiro. Figura 6 – Exemplo de Perda por Manutenção de Estoque (elevada quantidade de argamassa sendo estocada desnecessariamente). 4.2.3 Perdas por Transporte Este tipo de perda está relacionado a todas as atividades de movimentação de materiais que geram custos e não adicionam valor, e que, além disso, podem ser eliminadas em um curto prazo de tempo (MEIRA et al, 1998). Para que se consiga aumentar a eficiência da produção, as empresas construtoras devem evitar o transporte, ao invés de simplesmente mecanizá-lo. Assim sendo, melhorias podem ser conseguidas através: do aprimoramento do layout dos canteiros, da manutenção da limpeza nos canteiros, melhoramento na programação dos serviços, maior precisão no sistema de informações, etc. Cabe salientar que, além do tempo que é gasto no transporte em si, ainda existe o tempo e o esforço empregado no carregamento e na descarga dos materiais, muitas vezes superior ao gasto com a atividade de transportar. Este tipo de perda pode estar diretamente associado à gestão de resíduos. Um transporte inadequado aumenta bastante a quantidade de resíduos gerados. Como exemplo pode-se citar a excessiva quebra de blocos cerâmicos por serem transportados de forma inadequada. Figura 7 – Blocos Cerâmicos Transportados de Forma Inadequada Favorecendo Quebra.
  • 18. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 18 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 19 4.2.4 Perdas no Movimento As perdas no movimento estão relacionadas a todos os esforços e movimentos realizados pelos trabalhadores desnecessariamente durante a execução de operações, interferindo negativamente na produtividade. Para Costa (1999), nos canteiros de obra estas perdas são originadas por diversos fatores, a saber: • falta de organização dos postos de trabalho; • falta de método de trabalho; • falta de arranjo no layout do canteiro; • inexistência de equipamentos para efetuar as tarefas ou emprego de equipamentos inadequados; e • outras condições insatisfatórias de trabalho, relacionadas principalmente aos esforços e às necessidades dos operários (ergonomia, necessidades fisiológicas, descanso e segurança). 4.2.5 Perdas por Espera As perdas por espera estão associadas aos períodos de tempo nos quais os trabalhadores e os equipamentos não estão sendo usados produtivamente, agregando valor, embora seus custos continuem sendo despendidos. De acordo com Costa (1999) as perdas por espera são provenientes da falta de planejamento da produção, que ocasiona problemas de sincronismo entre as diversas atividades realizadas por diferentes trabalhadores ou entre as atividades dos trabalhadores e o fluxo de materiais. Além disso, um outro fator que pode ocasionar perdas por espera é o desbalanceamento entre a quantidade de trabalhadores e a capacidade de operação dos equipamentos disponíveis no canteiro. Um exemplo deste tipo de perda pode ser a interrupção de um serviço por falta de material para a execução de uma determinada atividade (perda por espera de mão-de-obra) ou mesmo uma betoneira parada por falta de cimento (perda por espera do equipamento e também de mão-de-obra, se esta não for alocada para a execução de uma outra atividade). 4.2.6 Perdas por Fabricação de Produtos Defeituosos Estas perdas ocorrem quando são fabricados produtos que não estão de acordo com os requisitos de qualidade especificados em projeto. De acordo com Costa (1999), na construção civil estas perdas estão associadas normalmente a uma inspeção deficiente do processo, à falta de especificações ou de detalhamento na documentação (projetos, manuais de procedimentos), à utilização de materiais defeituosos ou de qualidade inferior, à falta de capacitação dos operários, além de outras. Entre as principais conseqüências de se produzir com defeito, destacam-se: a redução do desempenho do produto final e os retrabalhos, ainda muito freqüentes no setor da construção civil. Estes, além de gerarem perda física dos materiais utilizados, ainda causam: perdas no transporte, perdas no processamento (trabalho adicionado) e perda das inspeções que foram necessárias quando o produto estava sendo executado pela primeira vez. Figura 8 – Exemplo de Perda por Retrabalho (quebra de alvenaria por alteração no projeto). 4.2.7 Perdas no Processamento em Si Para Meira et al (1998) estas perdas “originam-se na natureza das atividades do processo ou na execução inadequada dos mesmos, decorrentes da falta de procedimentos padronizados e ineficiências nos métodos de trabalho, da falta de treinamento dos operários ou deficiências no detalhamento e construtividade dos projetos”. Ou seja, são oriundas da realização de atividades de processamento desnecessárias, ou realização das atividades necessárias de maneira inadequada. De acordo com Costa (1999) “as perdas no processamento em si estão relacionadas com as características básicas de qualidade do produto e, de uma forma geral, associam-se ao patamar tecnológico ou à técnica construtiva adotada pela empresa”. Como exemplo pode-se citar: quebra manual de blocos devido à falta de blocos em tamanhos diferenciados para locais onde não é viável a colocação de blocos inteiros e recortes nas pedras cerâmicas para ajustes às áreas a serem revestidas. Figura 9 – Exemplo de Perda no Processamento (sobra de cerâmica após execução de recortes para arremates). Figura 10 – Perda Incorporada de Materiais Causada pela Espessura Excessiva de Revestimento Devido a uma Má Especificação de Projeto.
  • 19. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 18 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 19 4.2.4 Perdas no Movimento As perdas no movimento estão relacionadas a todos os esforços e movimentos realizados pelos trabalhadores desnecessariamente durante a execução de operações, interferindo negativamente na produtividade. Para Costa (1999), nos canteiros de obra estas perdas são originadas por diversos fatores, a saber: • falta de organização dos postos de trabalho; • falta de método de trabalho; • falta de arranjo no layout do canteiro; • inexistência de equipamentos para efetuar as tarefas ou emprego de equipamentos inadequados; e • outras condições insatisfatórias de trabalho, relacionadas principalmente aos esforços e às necessidades dos operários (ergonomia, necessidades fisiológicas, descanso e segurança). 4.2.5 Perdas por Espera As perdas por espera estão associadas aos períodos de tempo nos quais os trabalhadores e os equipamentos não estão sendo usados produtivamente, agregando valor, embora seus custos continuem sendo despendidos. De acordo com Costa (1999) as perdas por espera são provenientes da falta de planejamento da produção, que ocasiona problemas de sincronismo entre as diversas atividades realizadas por diferentes trabalhadores ou entre as atividades dos trabalhadores e o fluxo de materiais. Além disso, um outro fator que pode ocasionar perdas por espera é o desbalanceamento entre a quantidade de trabalhadores e a capacidade de operação dos equipamentos disponíveis no canteiro. Um exemplo deste tipo de perda pode ser a interrupção de um serviço por falta de material para a execução de uma determinada atividade (perda por espera de mão-de-obra) ou mesmo uma betoneira parada por falta de cimento (perda por espera do equipamento e também de mão-de-obra, se esta não for alocada para a execução de uma outra atividade). 4.2.6 Perdas por Fabricação de Produtos Defeituosos Estas perdas ocorrem quando são fabricados produtos que não estão de acordo com os requisitos de qualidade especificados em projeto. De acordo com Costa (1999), na construção civil estas perdas estão associadas normalmente a uma inspeção deficiente do processo, à falta de especificações ou de detalhamento na documentação (projetos, manuais de procedimentos), à utilização de materiais defeituosos ou de qualidade inferior, à falta de capacitação dos operários, além de outras. Entre as principais conseqüências de se produzir com defeito, destacam-se: a redução do desempenho do produto final e os retrabalhos, ainda muito freqüentes no setor da construção civil. Estes, além de gerarem perda física dos materiais utilizados, ainda causam: perdas no transporte, perdas no processamento (trabalho adicionado) e perda das inspeções que foram necessárias quando o produto estava sendo executado pela primeira vez. Figura 8 – Exemplo de Perda por Retrabalho (quebra de alvenaria por alteração no projeto). 4.2.7 Perdas no Processamento em Si Para Meira et al (1998) estas perdas “originam-se na natureza das atividades do processo ou na execução inadequada dos mesmos, decorrentes da falta de procedimentos padronizados e ineficiências nos métodos de trabalho, da falta de treinamento dos operários ou deficiências no detalhamento e construtividade dos projetos”. Ou seja, são oriundas da realização de atividades de processamento desnecessárias, ou realização das atividades necessárias de maneira inadequada. De acordo com Costa (1999) “as perdas no processamento em si estão relacionadas com as características básicas de qualidade do produto e, de uma forma geral, associam-se ao patamar tecnológico ou à técnica construtiva adotada pela empresa”. Como exemplo pode-se citar: quebra manual de blocos devido à falta de blocos em tamanhos diferenciados para locais onde não é viável a colocação de blocos inteiros e recortes nas pedras cerâmicas para ajustes às áreas a serem revestidas. Figura 9 – Exemplo de Perda no Processamento (sobra de cerâmica após execução de recortes para arremates). Figura 10 – Perda Incorporada de Materiais Causada pela Espessura Excessiva de Revestimento Devido a uma Má Especificação de Projeto.
  • 20. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 20 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 21 4.2.8 Perdas por Substituição Consistem na utilização de materiais com características de desempenho superiores ao especificado em projeto, no emprego de mão-de-obra com melhor qualificação que a necessária ou no emprego de equipamentos com avanços tecnológicos onde equipamentos mais simples poderiam ser utilizados. São exemplos de perda por substituição: oficiais (pedreiros, carpinteiros, etc) transportando materiais ou limpando o canteiro de obras, tarefas que de modo geral são realizadas por serventes; substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica, entre outros. 4.2.9 Outras Perdas Nesta categoria de perdas estão inclusas todas as perdas de natureza diferentes das descritas nas categorias anteriores, mas que causam prejuízos para as empresas. Neste tipo de perdas relacionam-se: roubos, vandalismos, acidentes, condições climáticas adversas, entre outras. Cabe esclarecer que estes tipos de perda afetam cada obra de maneira diferente, uma vez que podem variar devido a alguns fatores, como o local (bairro, cidade ou país), onde a edificação está sendo construída, a situação econômica do país, os costumes dos trabalhadores e habitantes da região, a forma como a empresa gerencia o empreendimento e outros. Sendo assim, um tipo de perda qualquer pode originar uma nova categoria dentro da classificação, em função da sua relevância ou da freqüência com que ocorrem nas obras de uma determinada localidade ou país. A seguir, na tabela 1, são apresentados exemplos de perdas segundo sua natureza, momento de incidência e origem. Tabela 1 – Exemplos de Perdas Segundo sua Natureza, Momento de Incidência e Origem (adaptada de SEBRAE, 1996). 4.3 Perdas x Geração de Resíduos Com base na classificação, pode-se dividir as perdas em dois tipos: as que englobam os desperdícios de materiais e as que englobam a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor. No primeiro grupo estão as perdas responsáveis pela geração de resíduos e, de acordo com a classificação estabelecida no item 4.2, estas perdas seriam: • perdas por superprodução; • perdas por manutenção de estoques; • perdas por transporte; • perdas por fabricação de produtos defeituosos; e • perdas no processamento em si. Os outros tipos de perdas (perdas nos movimentos e perdas por espera), apesar de não serem responsáveis por gerarem resíduos devem ser cuidadas para serem eliminadas, pois geram desperdícios de tempo, além de perdas financeiras. Na indústria da construção civil alguns fatores contribuem negativamente para o aumento no volume de resíduos gerados. É uma indústria antiga, na qual, diferentemente de outros ramos industriais, as máquinas foram inseridas em pequena escala, o trabalho manual é a base da atividade produtiva e o trabalho se organiza em torno de especializações. Além desses agravantes, Meseguer (1991) ainda destaca algumas outras peculiaridades: • cada produto é único e normalmente não seriado; • o produto é fixo e os operários são móveis, ao contrário da produção seriada, dificultando a organização e controle; e • trata-se de uma indústria muito tradicional, que apresenta muita inércia às alterações; Por todas estas especificidades nota-se o grande problema vivido pela indústria da construção no tocante às perdas e geração de resíduos. Assim, no capítulo a seguir, serão apresentadas algumas diretrizes para gerenciar os resíduos de construção. Natureza Exemplo Momento de Incidência Origem Superprodução Produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho. Produção Planejamento: falta de procedimentos de controle. Manutenção de Estoques Deterioração da argamassa estocada. Armazenamento Planejamento: falta de procedimentos referentes às condições adequadas de armazenamento. Transporte Condições inadequadas para transporte. Recebimento, transporte, produção Gerência da obra: falha no planejamento de meios para executar o transporte de materiais. Movimentos Tempo excessivo de deslocamento devido às grandes distâncias entre os postos de trabalho. Produção Gerência da obra: falta de planejamento das seqüências de atividades e dos postos de trabalho. Espera Parada na execução dos serviços por falta de material. Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Fabricação de Produtos Defeituosos Espessura de lajes e vigas diferentes das especificadas em projeto. Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de fôrmas utilizado. Processamento em si Necessidade de quebrar uma laje depois de pronta para passagem de instalações. Produção Planejamento: falhas no sistema de controles. Recursos humanos: falta de treinamento dos funcionários. Substituição Substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Planejamento: falhas no sistema de controles. executar o transporte de materiais. Movimentos Tempo excessivo de deslocamento devido às grandes distâncias entre os postos de trabalho. Produção Gerência da obra: falta de planejamento das seqüências de atividades e dos postos de trabalho. Espera Parada na execução dos serviços por falta de material. Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Fabricação de Produtos Defeituosos Espessura de lajes e vigas diferentes das especificadas em projeto. Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de fôrmas utilizado. Processamento em si Necessidade de quebrar uma laje depois de pronta para passagem de instalações. Produção Planejamento: falhas no sistema de controles. Recursos humanos: falta de treinamento dos funcionários. Substituição Substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Planejamento: falhas no sistema de controles.
  • 21. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 20 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 21 4.2.8 Perdas por Substituição Consistem na utilização de materiais com características de desempenho superiores ao especificado em projeto, no emprego de mão-de-obra com melhor qualificação que a necessária ou no emprego de equipamentos com avanços tecnológicos onde equipamentos mais simples poderiam ser utilizados. São exemplos de perda por substituição: oficiais (pedreiros, carpinteiros, etc) transportando materiais ou limpando o canteiro de obras, tarefas que de modo geral são realizadas por serventes; substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica, entre outros. 4.2.9 Outras Perdas Nesta categoria de perdas estão inclusas todas as perdas de natureza diferentes das descritas nas categorias anteriores, mas que causam prejuízos para as empresas. Neste tipo de perdas relacionam-se: roubos, vandalismos, acidentes, condições climáticas adversas, entre outras. Cabe esclarecer que estes tipos de perda afetam cada obra de maneira diferente, uma vez que podem variar devido a alguns fatores, como o local (bairro, cidade ou país), onde a edificação está sendo construída, a situação econômica do país, os costumes dos trabalhadores e habitantes da região, a forma como a empresa gerencia o empreendimento e outros. Sendo assim, um tipo de perda qualquer pode originar uma nova categoria dentro da classificação, em função da sua relevância ou da freqüência com que ocorrem nas obras de uma determinada localidade ou país. A seguir, na tabela 1, são apresentados exemplos de perdas segundo sua natureza, momento de incidência e origem. Tabela 1 – Exemplos de Perdas Segundo sua Natureza, Momento de Incidência e Origem (adaptada de SEBRAE, 1996). 4.3 Perdas x Geração de Resíduos Com base na classificação, pode-se dividir as perdas em dois tipos: as que englobam os desperdícios de materiais e as que englobam a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor. No primeiro grupo estão as perdas responsáveis pela geração de resíduos e, de acordo com a classificação estabelecida no item 4.2, estas perdas seriam: • perdas por superprodução; • perdas por manutenção de estoques; • perdas por transporte; • perdas por fabricação de produtos defeituosos; e • perdas no processamento em si. Os outros tipos de perdas (perdas nos movimentos e perdas por espera), apesar de não serem responsáveis por gerarem resíduos devem ser cuidadas para serem eliminadas, pois geram desperdícios de tempo, além de perdas financeiras. Na indústria da construção civil alguns fatores contribuem negativamente para o aumento no volume de resíduos gerados. É uma indústria antiga, na qual, diferentemente de outros ramos industriais, as máquinas foram inseridas em pequena escala, o trabalho manual é a base da atividade produtiva e o trabalho se organiza em torno de especializações. Além desses agravantes, Meseguer (1991) ainda destaca algumas outras peculiaridades: • cada produto é único e normalmente não seriado; • o produto é fixo e os operários são móveis, ao contrário da produção seriada, dificultando a organização e controle; e • trata-se de uma indústria muito tradicional, que apresenta muita inércia às alterações; Por todas estas especificidades nota-se o grande problema vivido pela indústria da construção no tocante às perdas e geração de resíduos. Assim, no capítulo a seguir, serão apresentadas algumas diretrizes para gerenciar os resíduos de construção. Natureza Exemplo Momento de Incidência Origem Superprodução Produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho. Produção Planejamento: falta de procedimentos de controle. Manutenção de Estoques Deterioração da argamassa estocada. Armazenamento Planejamento: falta de procedimentos referentes às condições adequadas de armazenamento. Transporte Condições inadequadas para transporte. Recebimento, transporte, produção Gerência da obra: falha no planejamento de meios para executar o transporte de materiais. Movimentos Tempo excessivo de deslocamento devido às grandes distâncias entre os postos de trabalho. Produção Gerência da obra: falta de planejamento das seqüências de atividades e dos postos de trabalho. Espera Parada na execução dos serviços por falta de material. Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Fabricação de Produtos Defeituosos Espessura de lajes e vigas diferentes das especificadas em projeto. Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de fôrmas utilizado. Processamento em si Necessidade de quebrar uma laje depois de pronta para passagem de instalações. Produção Planejamento: falhas no sistema de controles. Recursos humanos: falta de treinamento dos funcionários. Substituição Substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Planejamento: falhas no sistema de controles. executar o transporte de materiais. Movimentos Tempo excessivo de deslocamento devido às grandes distâncias entre os postos de trabalho. Produção Gerência da obra: falta de planejamento das seqüências de atividades e dos postos de trabalho. Espera Parada na execução dos serviços por falta de material. Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Fabricação de Produtos Defeituosos Espessura de lajes e vigas diferentes das especificadas em projeto. Produção, inspeção. Projeto: falhas no sistema de fôrmas utilizado. Processamento em si Necessidade de quebrar uma laje depois de pronta para passagem de instalações. Produção Planejamento: falhas no sistema de controles. Recursos humanos: falta de treinamento dos funcionários. Substituição Substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica Produção Suprimentos: falha na programação de compras. Planejamento: falhas no sistema de controles.
  • 22. GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 22 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 23 5. DIRETRIZES PARA GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO 5.1 A Resolução 307 do CONAMA Como já mencionado, é de extrema importância que sejam implantadas ações para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, preocupado com o aumento da disposição de resíduos da construção em locais inadequados, publicou em 5 de julho de 2002 uma Resolução que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, além de disciplinar as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais: a Resolução n°307. Esta Resolução, que entrou em vigor em 02 de janeiro de 2003, define como resíduos da construção civil aqueles oriundos de atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos. RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos, cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidors, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. NaResolução307sãoencontradasváriasdefiniçõesdetermosrelacionadosàgestãoderesíduos da construção, além de estabelecer uma classificação para estes resíduos, a saber: • Resíduos Classe A; • Resíduos Classe B; • Resíduos Classe C; e • Resíduos Classe D. RESÍDUOS CLASSE A - REUTILIZÁVEIS OU RECICLÁVEIS COMO AGREGADOS Os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos, cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidors, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. Destinação: Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. RESÍDUOS CLASSE B - RECICLÁVEIS PARA OUTRAS DESTINAÇÕES Plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros. Destinação: Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.