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17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.



    EFEITO DA PRECIPITAÇÃO DE CEMENTITA NA FORMAÇÃO DE CONTORNOS
                         DE ALTO ÂNGULO E REFINO DE GRÃO FERRÍTICO




                         Otávio Villar da Silva Neto(a) e Oscar Balancin(b)
         (a, b)
                Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia de
      Materiais, Rodovia Washington Luiz, Km 235, 13565-905, São Carlos - SP, Brasil.
                    e-mail: (a)pvillar@iris.ufscar.br; (b)balancin@power.ufscar.br




                                                         RESUMO

       Atualmente, têm-se destinado grandes esforços para obter aços com grãos
   ultrafinos através de rotas industrialmente viáveis. As microestruturas de grãos finos
   são invariavelmente instáveis, o que torna necessário promover mecanismos que
   restrinjam o movimento dos contornos de grão. A presença de partículas de
   cementita contribui para estabilidade e homogeneização microestrutural. Neste
   trabalho, foi investigada a influência da precipitação de cementita no refino da
   microestrutura de um aço baixo carbono, bem como na geração de contornos de alto
   ângulo, durante o processamento subcrítico. A deformação foi imposta mediante
   ensaios de torção em amostras previamente temperadas e revenidas. A técnica de
   difração de elétrons retroespalhados (EBSD) foi utilizada para medir o ângulo de
   desorientação entre os grãos resultantes. Ensaios interrompidos em diferentes
   níveis de deformação permitiram acompanhar a evolução microestrutural. Foi
   verificada a influência das partículas de cementita no refino de grão e na geração de
   contornos de alto ângulo.

   Palavras-chave: grãos ultrafinos; cementita; torção a morno; ebsd.


   INTRODUÇÃO


        Os aços com baixo carbono e baixa liga são as ligas de aço com menor custo e
   maior volume de produção industrial. Esses materiais têm uma vasta gama de
   aplicações, mas sempre limitados a solicitações em que não são exigidos altos
   níveis de resistência mecânica, resistência ao calor ou a meios químicos agressivos,
   por exemplo. Em geral, os procedimentos utilizados para adequar esses materiais a
   solicitações mais drásticas envolvem a adição de elementos de ligas e a aplicação
   de tratamentos térmicos, como é feito com aços estruturais, aços ferramenta, aços
   inoxidáveis e demais aços ligados. A adição de elementos de liga exige processos




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   de fabricação com maior densidade tecnológica e eleva o custo desses materiais.
   Uma outra forma de aumentar a resistência mecânica sem fragilizar as ligas
   metálicas é o refino da microestrutura; os contornos de grãos atuam como barreiras
   ao deslizamento de discordâncias e ao processo de maclagem que operam dentro
   dos grãos. Assim, fundamentado no fato de que a obtenção de microestruturas
   ultrafinas aumentaria significativamente a resistência mecânica desses aços, o
   campo de aplicações dos mesmos seria consideravelmente expandido.

        Nas últimas décadas tem-se destinado grandes esforços para criar novos
   métodos capazes de produzirem grão ferríticos ultrafinos, particularmente, utilizando
   a tecnologia disponível atualmente. Uma série de descobertas científicas e de
   inovações tecnológicas foi conseguida em função do grande volume de pesquisas
   realizadas em materiais metálicos para obtenção de grãos ultrafinos. Apoiados em
   fenômenos e mecanismos recentemente descobertos, como a formação de
   subgrão/grão por deformações severas à temperatura ambiente, a transformação
   dinâmica de fase induzida por deformação, a recristalização dinâmica contínua da
   ferrita em altas temperaturas, vários pesquisadores têm investigado nos últimos anos
   a formação de grãos ultrafinos na ferrita em aços carbono baixa-liga.
        Dentre outras, uma das possíveis rotas de processamento que permite alcançar
   esta meta é o trabalho a morno. Esta técnica possui melhor precisão dimensional
   que o trabalho a quente, a oxidação superficial é moderada e há melhoria nas
   características mecânicas do material, permitindo que em alguns casos as etapas de
   usinagem e tratamentos térmicos posteriores sejam suprimidas. Contudo, o
   processamento a morno requer conhecimento mais profundo dos processos de
   conformação e do comportamento dos materiais, visto que estas operações induzem
   maiores esforços mecânicos e freqüentemente são realizadas em estruturas não
   estáveis (1).

        Durante o reaquecimento dentro do domínio ferrítico de amostras de aços
   carbono temperadas ocorre a transformação da estrutura martensítica em uma
   matriz ferrítica com partículas de cementita finamente dispersas. Esta transformação
                                                  (2)
   se dá em três estágios distintos                     : (i) inicialmente tem-se a formação de carbonetos
   de transição – carbonetos epsilon ou eta - e o decréscimo do teor de carbono da
   matriz martensítica para valores próximos a 0,25. (ii) a transformação da austenita
   retida em ferrita e cementita, e (iii) a transformação dos carbonetos de transição e da




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   martensita de baixo carbono em ferrita e cementita. Durante essas transformações,
   tem-se um decréscimo na densidade de discordâncias com o rearranjo das
   discordâncias dentro das ripas de martensita e com a eliminação dos contornos de
   baixo ângulo entre ripas. Após longos tempos de revenimento a matriz ferrítica tem a
   sua subestrutura de discordâncias recuperada. Outros fenômenos são bem
   conhecidos, tal como o fato de que o aumento da energia livre com a formação de
   uma       subestrutura          de     discordâncias          em      um      aço     deformado          acelera       as
                                                               (3-4)
   transformações controladas por difusão                            . E que as transformações (dinâmicas)
   que ocorrem durante a deformação plástica são aceleradas com o aumento da
                                                               (5)
   energia armazenada com a deformação                           . Assim, pode-se esperar que a aplicação
   de grandes deformações a morno em uma estrutura não estável acelere os
   mecanismos de transformação, conduzindo o material a um estado de equilíbrio
   mais estável.

        Dois caminhos distintos podem ser seguidos para a produção de cementita em
   aços estruturais; partindo do recozimento de uma estrutura perlítica deformada ou
   promovendo o revenimento de uma microestrutura martensítica. Nos dois casos, a
   cinética de precipitação de cementita é bastante similar, ambos dependem da
   supersaturação de carbono e da densidade de discordâncias. No entanto, para
   trabalhar com aços com baixos teores de carbono resta apenas o segundo caminho
   a ser seguido. No processamento termomecânico, a microestrutura supersaturada
   de carbono irá precipitar partículas de cementita tanto durante o revenimento
   (aquecimento), quanto na etapa de deformação (6-7).

        Devido à baixa energia de formação da cementita e à energia de interação
   existente entre a cementita e as discordâncias (~0,5 eV), a precipitação da cementita
                                                                                                                          (6)
   é favorecida pela interação com as tensões internas geradas pelas discordâncias                                           .
   A elevada densidade de discordância oriunda da têmpera é determinante para a
   precipitação de carboneto durante o revenimento. Com o reaquecimento durante o
   revenimento e a aplicação da deformação, o carbono da microestrutura
   supersaturada irá difundir para as discordâncias e precipitarão nos contornos de
   grão da ferrita, que acima de 500oC já começou a recristalizar. Competitivamente,
   partículas menores precipitam no interior dos grãos ferríticos. Com o com o decorrer
   do tempo de revenimento, os carbonetos precipitados nos contornos recristalizados




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   irão coalescer e atuarão como barreiras para a movimentação de discordâncias
   ancorando o crescimento destes contornos (7-8).
        Para que ocorra grande refino na microestrutura, é necessário promover um
   aumento nos sítios preferenciais de nucleação da ferrita, os quais são sensivelmente
   maximizados com os defeitos produzidos durante a deformação. Grandes
   deformações criam um estado complexo de defeitos cristalinos, os quais aumentam
   a densidade de discordâncias de forma a favorecer a nucleação de novos grãos.
   Assim, tanto a deformação plástica pesada como as altas taxas de deformação
   promovem aumentos na quantidade de defeitos e bandas de deformação, os quais
   contribuem para ocorrência da recristalização dinâmica e para formação da ferrita
                 (9)
   ultrafina           . Diante destes fenômenos, espera-se que a recristalização dinâmica
   contínua refina a microestrutura e as partículas finamente dispersas exercem o
   efeito de ancoramento dos contornos de grão (10-11).

   MATERIAL E MÉTODOS

        Dois diferentes aços foram investigados no desenvolvimento deste trabalho; o
   aço comercial denominado Cosar 60 que é um aço baixo carbono baixa liga e um
   aço ultrabaixo carbono, IF (Interstitial Free). Suas respectivas composições químicas
   são apresentadas na Tabela 1. Os dois aços foram doados pela Companhia
   Siderúrgica Paulista (Cosipa S/A).

                            Tabela 1. Composição química do aço investigado.
                                     Composição química (% em massa)
       C        Mn          Si        Al        S         P          V          Cr           B         Ni       Cu       Fe
    0,162 1,343 0,459 0,038 0,009 0,019 0,030                                0,011       0,0002 0,230 0,012 bal.



        Os materiais foram selecionados em função da necessidade de deformar uma
   matriz ferrítica com partículas de cementita esferoidizadas, aço Cosar 60, e de utilizar
   um aço como referência, IF, deformando uma estrutura ferrítica isentas de esferoiditas.

        Os materiais foram deformados a morno por uma máquina de torção equipada
   com forno aquecido por luz infravermelha. Antes dos ensaios de torção, as amostras
   foram tratadas termicamente, com a finalidade de condicionar a microestrutura de
   partida a ser deformada. Visando obter a precipitação de cementita e, ao mesmo




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   tempo evitando deformar austenita, tanto o condicionamento microestrutural quanto
   os ensaios de torção foram realizados em uma temperatura logo abaixo da
   temperatura de início de transformação de fase α→γ (Ae1).

        Os ensaios de torção a morno, em amostras previamente revenidas, tiveram a
   finalidade de conduzir o aço Cosar 60 a uma matriz ferrítica com partículas de
   cementita. Durante a etapa experimental foram almejados dois quesitos básicos: (i)
   o condicionamento da microestrutura de partida; adequada para promover a
   formação de grãos ultrafinos e (ii) o desenvolvimento de uma microestrutura inicial
   que pudesse ser submetida a grandes deformações sem falhar.

        O condicionamento microestrutural foi realizado através dos tratamentos térmicos
   de têmpera e revenimento. Amostras do aço Cosar 60 foram austenitizadas a 900oC,
   por 30 minutos, e em seguida resfriadas em água. O tratamento de esferoidização
   das partículas de cementita foi realizado com o reaquecimento das amostras em à
   temperatura de 685oC, logo abaixo de Ae1, por 1,0H, sendo em seguida resfriadas ao
   ar. Após este tratamento térmico, o material foi deformado por torção, também a
   685oC. Em todos os ensaios, o tempo de encharque foi de 15 minutos.

        As amostras foram submetidas a uma seqüência de deformação, denominada
   ensaios        isotérmicos        interrompidos,          na      qual    a    quantidade          de     deformação
   experimentada foi de 1,0, 2,0, 3,0, 4,0 e 5,0. Após a aplicação de cada deformação
   pré-estabelecida, os corpos de prova tiveram suas microestruturas congeladas -
   injetando água no interior do tubo de quartzo. Para mostrar a influência das
   partículas de cementita no refino de grão ferrítico, a evolução da estrutura de
   deformação do aço IF foi comparada com a do aço Cosar 60 – sob as mesmas
   condições de processamento. A taxa de deformação utilizada foi de 0,1 s-1.

        As análises microestruturais foram realizadas através de microscopias ótica (MO) e
   eletrônica. Através de microscopia ótica, com o auxílio de um sistema de análise de
   imagens analySIS PRO 3.1, foi medido o tamanho médio de grão. Com a
   microscopia eletrônica de varredura (MEV) pode-se comprovar o tamanho de grão
   medido por MO e utilizando a técnica EBSD (Electron Backscattering Diffraction)
   obteve-se dados relativos à desorientação entre grãos e/ou subgrãos. Foi utilizado um
   MEV da marca Philips, modelo XL30-FEG (30KV) acoplado a um sistema de EBSD
   da marca TSL, modelo MSC 2200.




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   RESULTADOS E DISCUSSÃO

        A evolução microestrutural durante a deformação plástica foi estudada a partir
   dos ensaios de torção no campo subcrítico (685oC). Todos os ensaios foram
   realizados nesta temperatura, interrompendo a deformação em diferentes níveis e
   resfriando os corpos de prova bruscamente em água. Os resultados destes ensaios
   de torção mostram o comportamento mecânico do aço Cosar - Figura 1.
        As curvas de escoamento mostram que a tensão alcança um máximo logo no
   início do carregamento e decresce continuamente para um estado estacionário. Esta
   forma de curva é característica da deformação de microestruturas não estáveis;
   conforme a estrutura tende para um estado de equilíbrio mais estável o nível de
   tensão decresce. Corroborando com esta interpretação, vê-se que o nível de tensão
   decresce com o aumento do tempo de revenimento. Também, pode ser visto na
   Figura 1 que a quantidade de deformação que o material suportou até que ocorresse
   a fratura se alterou com o nível de tensão; a ductilidade aumenta com o decréscimo
   do nível de tensão, e conseqüentemente com o tempo de revenimento.
        Após o material experimentar uma deformação total de 5,0 sua microestrutura
   final passou por um expressivo processo de refino de grão. A Figura 2 mostra uma
   microestrutura resultante da deformação a morno, a qual consiste de grãos
   homogêneos e equiaxiais com tamanho médio de grão igual a 1,28µm.


                                                 250

                                                 225

                                                 200

                                                 175
                                  Tensão [MPa]




                                                 150

                                                 125
                                                                                       -1
                                                                               0,1 s
                                                 100

                                                 75
                                                                                   ε=1
                                                                                   ε=2
                                                 50                                ε=3
                                                                                   ε=4
                                                 25                                ε=5
                                                  0
                                                       0,0   0,5   1,0   1,5     2,0        2,5   3,0   3,5   4,0   4,5   5,0

                                                                                 Defromação


          Figura 1. Curvas de escoamento do aço Cosar deformado com interrupções
           pré-estabelecidas da deformação em ε = 1,0 , ε = 2,0 , ε = 3,0 , ε = 4,0 e ε = 5,0 .




                                                                                  7104
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    Figura 2. Fotomicrografias ótica do aço Cosar 60 deformado ( ε = 5,0 ; ε = 0,1 s −1 ), após
   revenimento – matriz composta por grãos ultra-finos com tamanho médio de 1,28µm.

        A evolução da microestrutura de deformação é ilustrada na Figura 3, que mostra
   as imagens das microestruturas resultantes do condicionamento microestrutural e do
   processamento             termomecânico.            Após       o    condicionamento             microestrutural          a
   microestrutura de partida, apresentada em 3a, mostrou-se composta por bainita e
   precipitados finos de cementita, além de grãos formados durante o revenimento.
   Com o início da deformação, iniciou-se a formação de grãos recristalizados com
   contornos pouco definidos, como pode ser notado em 3b. Após uma deformação
   total de 3, os contornos de grão apresentam-se mais definidos e os precipitados são
   de maior tamanho, Figura 3c. Em 3d, prosseguindo com o aumento de deformação,
   os precipitados confirmam a tendência de coalescimento e os grãos com tamanho
   médio próximo a 1µm possuem contornos muito bem definidos.
        Com o incremento da deformação no aço Cosar ocorreu um aumentou gradativo
   na quantidade de contornos de alto ângulo. Após a deformação total de 3, a
   quantidade de contornos de alto ângulo mostrou-se estável. A Figura 4 mostra
   resultados obtidos através de EBSD; em 4a pode ser observada a microestrutura de
   partida, sem deformação, com mais de 40% de contornos de baixo ângulo. Em 4b,
   onde o material experimentou uma deformação de 4, nota-se uma microestrutura
   com grande quantidade de contornos de alto ângulo (~75%).
        A Figura 5 evidencia a evolução da proporção de alto ângulo com a quantidade
   de deformação, onde é observado o patamar próximo a 75%, após ε = 3 . A
   deformação do aço IF, teve a finalidade de comparar o estado metaestável do aço
   Cosar 60 com uma microestrutura isenta de precipitados. A Figura 6 mostra as
   curvas obtidas com os dois aços. A curva do aço IF não apresenta pico de tensão,
   sugerindo que não ocorre recristalização dinâmica descontínua no aço IF.



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17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.




                                                               (a)                                                            (b)




                                                               (c)                                                            (d)
   Figura 3. Fotomicrografias do aço Cosar – (a) ε = 0,0 , (b) ε = 1,0 , (c) ε = 3,0 e (d) ε = 5,0 .




                                                        (a)                                                        (b)




                                                         (c)                                                       (d)
    Figura 4. Mapas de EBSD: (a) e (c) mapas de orientação em contraste de Euller; (b)
    e (d) mapas de código de cores e fração de contornos de baixo e alto ângulo – aço
            Cosar 60: (a) e (b) sem deformação; (c) e (d) deformado até ε = 4,0 .




                                                               7106
17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.




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                                                                                   90

                                                                                   80




                                                    Contornos de alto ângulo [%]
                                                                                   70

                                                                                   60

                                                                                   50

                                                                                   40

                                                                                   30

                                                                                   20

                                                                                   10

                                                                                    0
                                                                                         0          1          2               3               4         5       6
                                                                                                                   Deformação Total



            Figura 5. Porcentagem de ângulo de desorientação versus quantidade de
                                                                                                                                     .
                                                                                               deformação ( ε = 0,1 s −1 )

                                                   240



                                                   200



                                                   160
                                    Tensão [MPa]




                                                   120



                                                    80
                                                                                                                          -1
                                                                                                                   0,1s
                                                                                                                      Cosar
                                                    40
                                                                                                                      IF


                                                          0
                                                                           0,0               0,5   1,0   1,5        2,0        2,5       3,0       3,5   4,0   4,5   5,0

                                                                                                                    Deformação




                  Figura 6. Curvas de escoamento plástico dos aços Cosar 60 e IF.

        Os resultados de EBSD mostram que a geração de contornos de alto ângulo é
   influenciada pela presença de partículas de cementita. Diferentemente do aço
   Cosar, a microestrutura do IF apresentou uma redução na quantidade de alto ângulo
   com o aumento de deformação. A Figura 7 mostra imagens obtidas a partir dos
   ensaios interrompidos em amostras do aço IF.




                                                                                                                                                                           (b)


                                  (a)




                                                                                                                    7107
17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.




                                                                                                                                  (d)


                                  (c)

    Figura 7. Mapas de EBSD: (a) e (c) mapas de orientação em contraste de Euller; (b)
    e (d) mapas de código de cores e fração de contornos de baixo e alto ângulo – aço
               IF: (a) e (b) sem deformação; (c) e (d) deformado até ε = 10,0 .

      A Figura 8 apresenta a evolução da proporção de contornos de alto ângulo com a
   deformação, estes resultados foram obtidos através de EBSD.

                                                                       100

                                                                        90

                                                                        80
                                        Contornos de alto ângulo [%]




                                                                        70

                                                                        60

                                                                        50

                                                                        40

                                                                        30

                                                                        20

                                                                        10

                                                                        0
                                                                             0    2   4    6          8       10   12   14   16
                                                                                           Deformação Total




            Figura 8. Percentagem de ângulo de desorientação versus quantidade de
                                                                                                          .
                                                                                 deformação – ε = 0,1 s −1 .

   CONCLUSÕES

        A investigação da influência da cementita presente na microestrutura de
   deformação na formação de contornos de alto ângulo e no refino de grãos ferrítico
   em aços estruturais baixo-carbono, resultou nas seguintes conclusões:


         A precipitação de carboneto de ferro e a recristalização dinâmica da ferrita são
         responsáveis pela formação de contornos de alto ângulo, bem como pelo intenso
         refino de grão durante a deformação plástica a morno;



                                                                                               7108
17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.



         As partículas de cementita interferiram no processo de rotação dos subgrãos e
         inibiram o crescimento dos grãos formados;
         A quantidade de contornos de alto ângulo (~40%) gerada durante a deformação
         do aço IF - microestrutura sem precipitados - evidenciou a importância das
         partículas de cementita e da fina microestrutura de partida do aço Cosar 60, o
         qual apresentou mais de 70% de contornos de alto ângulo ao experimentar
         deformações totais superiores a 2.

   AGRADECIMENTOS

        Os autores agradecem às agências financiadoras CAPES, CNPq e FAPESP pelo
   apoio financeiro.

   REFERÊNCIAS

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   pp. 1157-1162.
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   1990, p.218. Materials Park, Ohio 44073.
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   4. X. Liu; J. K. Solberg and R. Gjengendal, Mater. sci. technol., 12, 1996, pp.
   345-350.
   5. M. Niikura et al., Journal of materials processing technology, 117, 2001, pp.
   341-346.
   6. D. H. Shin; Y. –S. Kim; J. Lavernia: Acta Mater., vol. 48, pp. 2387 2393, (2001).
   7. D. H. Shin; K.-T. Park; Y.-S. Kim: Metallurgical and Materials Transactions 32A,
   pp. 2373-2381, (2001).
   8. X. J. Hao; Z. G. Liu; K. Masuyama; T. Rikimaru; M. Umemoto; K. Tsuchiya; S. M.
   Hão: Materials Science and Technology, vol. 17, pp. 1347-1352, (2001).
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   10. O. V. Silva Neto and O. Balancin, in Proceedings CONAMET/SAM Congress, La
   Serena, Chile (2004), 237-242.
   11. O. V. Silva Neto and O. Balancin, in 8th Inter American Congress of Electron
   Microscopy, La Habana, Cuba (2005).




                                                              7109
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     EFFECT OF CEMENTITE PRECIPITATION IN FORMATION OF CONTOURS OF
                HIGH ANGLE AND FERRITIC GRAIN REFINEMENT


                              Otávio Villar da Silva Neto(1) e Oscar Balancin(2)
           (1, 2)
             Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia de
      Materiais, Rodovia Washington Luiz, Km 235, 13565-905, São Carlos - SP, Brasil.
                  email: (a)pvillar@iris.ufscar.br; (b)balancin@power.ufscar.br



   ABSTRACT

   Nowadays, great efforts have been destining to obtain steels with grains ultrafines
   through broken viable industrially. These efforts are justified for the reduction of the
   costs with the addition of league elements and with the improvement of the
   properties of the common structural steels, that start to join more value and they
   increase your range of commercial application. However, to obtain steels with stable
   microstructure, of grains ultrafines, it represents a difficult task, once a strong
   tendency exists for the growth of the grains. For this reason, some microstructures of
   fine grains are inherently unstable, what turns necessary to promote mechanisms
   that restrict the movement of the grain contours to stabilize this microstructure type.
   The precipitation of cementite particles during the processing thermomechanical can
   produce a stableer and homogeneous microstructure. In this work, the influence of
   the cementite precipitation was investigated in I refine him/it of the microstructure of a
   steel low carbon, as well as in the generation of contours of high angle, during the
   processing thermomechaniacl the lukewarm. Two steels were used for
   accomplishment of this work; a steel 0,16C and another of ultra-low carbon (IF), as
   reference. The deformation, in the field subcritic, it was previously imposed by torsion
   rehearsals in samples quenched and tempered. The technique of electrons
   backscattering diffraction (EBSD) it was used to measure the disorientation angle
   among the grains generated by the rehearsals torsion isothermals. Rehearsals
   interrupted in different deformation levels they were accomplished to accompany the
   evolution microstructural. The results of deformation of the steel 0,16C were
   compared with the one of the steel IF, the one that allowed verify the influence of the
   particles of precipitate cementite during the processing. It was evidenced that the
   cementite precipitation and the dynamic recristallyzation of the ferrita are responsible
   for the formation of contours of high angle, as well as for the intense I refine of grain
   during the deformation subcritic.

   Key-word: ultrafine grain, cementite, warm torsion, ebsd.




                                                              7110

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  • 1. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. EFEITO DA PRECIPITAÇÃO DE CEMENTITA NA FORMAÇÃO DE CONTORNOS DE ALTO ÂNGULO E REFINO DE GRÃO FERRÍTICO Otávio Villar da Silva Neto(a) e Oscar Balancin(b) (a, b) Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia de Materiais, Rodovia Washington Luiz, Km 235, 13565-905, São Carlos - SP, Brasil. e-mail: (a)pvillar@iris.ufscar.br; (b)balancin@power.ufscar.br RESUMO Atualmente, têm-se destinado grandes esforços para obter aços com grãos ultrafinos através de rotas industrialmente viáveis. As microestruturas de grãos finos são invariavelmente instáveis, o que torna necessário promover mecanismos que restrinjam o movimento dos contornos de grão. A presença de partículas de cementita contribui para estabilidade e homogeneização microestrutural. Neste trabalho, foi investigada a influência da precipitação de cementita no refino da microestrutura de um aço baixo carbono, bem como na geração de contornos de alto ângulo, durante o processamento subcrítico. A deformação foi imposta mediante ensaios de torção em amostras previamente temperadas e revenidas. A técnica de difração de elétrons retroespalhados (EBSD) foi utilizada para medir o ângulo de desorientação entre os grãos resultantes. Ensaios interrompidos em diferentes níveis de deformação permitiram acompanhar a evolução microestrutural. Foi verificada a influência das partículas de cementita no refino de grão e na geração de contornos de alto ângulo. Palavras-chave: grãos ultrafinos; cementita; torção a morno; ebsd. INTRODUÇÃO Os aços com baixo carbono e baixa liga são as ligas de aço com menor custo e maior volume de produção industrial. Esses materiais têm uma vasta gama de aplicações, mas sempre limitados a solicitações em que não são exigidos altos níveis de resistência mecânica, resistência ao calor ou a meios químicos agressivos, por exemplo. Em geral, os procedimentos utilizados para adequar esses materiais a solicitações mais drásticas envolvem a adição de elementos de ligas e a aplicação de tratamentos térmicos, como é feito com aços estruturais, aços ferramenta, aços inoxidáveis e demais aços ligados. A adição de elementos de liga exige processos 7099
  • 2. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. de fabricação com maior densidade tecnológica e eleva o custo desses materiais. Uma outra forma de aumentar a resistência mecânica sem fragilizar as ligas metálicas é o refino da microestrutura; os contornos de grãos atuam como barreiras ao deslizamento de discordâncias e ao processo de maclagem que operam dentro dos grãos. Assim, fundamentado no fato de que a obtenção de microestruturas ultrafinas aumentaria significativamente a resistência mecânica desses aços, o campo de aplicações dos mesmos seria consideravelmente expandido. Nas últimas décadas tem-se destinado grandes esforços para criar novos métodos capazes de produzirem grão ferríticos ultrafinos, particularmente, utilizando a tecnologia disponível atualmente. Uma série de descobertas científicas e de inovações tecnológicas foi conseguida em função do grande volume de pesquisas realizadas em materiais metálicos para obtenção de grãos ultrafinos. Apoiados em fenômenos e mecanismos recentemente descobertos, como a formação de subgrão/grão por deformações severas à temperatura ambiente, a transformação dinâmica de fase induzida por deformação, a recristalização dinâmica contínua da ferrita em altas temperaturas, vários pesquisadores têm investigado nos últimos anos a formação de grãos ultrafinos na ferrita em aços carbono baixa-liga. Dentre outras, uma das possíveis rotas de processamento que permite alcançar esta meta é o trabalho a morno. Esta técnica possui melhor precisão dimensional que o trabalho a quente, a oxidação superficial é moderada e há melhoria nas características mecânicas do material, permitindo que em alguns casos as etapas de usinagem e tratamentos térmicos posteriores sejam suprimidas. Contudo, o processamento a morno requer conhecimento mais profundo dos processos de conformação e do comportamento dos materiais, visto que estas operações induzem maiores esforços mecânicos e freqüentemente são realizadas em estruturas não estáveis (1). Durante o reaquecimento dentro do domínio ferrítico de amostras de aços carbono temperadas ocorre a transformação da estrutura martensítica em uma matriz ferrítica com partículas de cementita finamente dispersas. Esta transformação (2) se dá em três estágios distintos : (i) inicialmente tem-se a formação de carbonetos de transição – carbonetos epsilon ou eta - e o decréscimo do teor de carbono da matriz martensítica para valores próximos a 0,25. (ii) a transformação da austenita retida em ferrita e cementita, e (iii) a transformação dos carbonetos de transição e da 7100
  • 3. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. martensita de baixo carbono em ferrita e cementita. Durante essas transformações, tem-se um decréscimo na densidade de discordâncias com o rearranjo das discordâncias dentro das ripas de martensita e com a eliminação dos contornos de baixo ângulo entre ripas. Após longos tempos de revenimento a matriz ferrítica tem a sua subestrutura de discordâncias recuperada. Outros fenômenos são bem conhecidos, tal como o fato de que o aumento da energia livre com a formação de uma subestrutura de discordâncias em um aço deformado acelera as (3-4) transformações controladas por difusão . E que as transformações (dinâmicas) que ocorrem durante a deformação plástica são aceleradas com o aumento da (5) energia armazenada com a deformação . Assim, pode-se esperar que a aplicação de grandes deformações a morno em uma estrutura não estável acelere os mecanismos de transformação, conduzindo o material a um estado de equilíbrio mais estável. Dois caminhos distintos podem ser seguidos para a produção de cementita em aços estruturais; partindo do recozimento de uma estrutura perlítica deformada ou promovendo o revenimento de uma microestrutura martensítica. Nos dois casos, a cinética de precipitação de cementita é bastante similar, ambos dependem da supersaturação de carbono e da densidade de discordâncias. No entanto, para trabalhar com aços com baixos teores de carbono resta apenas o segundo caminho a ser seguido. No processamento termomecânico, a microestrutura supersaturada de carbono irá precipitar partículas de cementita tanto durante o revenimento (aquecimento), quanto na etapa de deformação (6-7). Devido à baixa energia de formação da cementita e à energia de interação existente entre a cementita e as discordâncias (~0,5 eV), a precipitação da cementita (6) é favorecida pela interação com as tensões internas geradas pelas discordâncias . A elevada densidade de discordância oriunda da têmpera é determinante para a precipitação de carboneto durante o revenimento. Com o reaquecimento durante o revenimento e a aplicação da deformação, o carbono da microestrutura supersaturada irá difundir para as discordâncias e precipitarão nos contornos de grão da ferrita, que acima de 500oC já começou a recristalizar. Competitivamente, partículas menores precipitam no interior dos grãos ferríticos. Com o com o decorrer do tempo de revenimento, os carbonetos precipitados nos contornos recristalizados 7101
  • 4. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. irão coalescer e atuarão como barreiras para a movimentação de discordâncias ancorando o crescimento destes contornos (7-8). Para que ocorra grande refino na microestrutura, é necessário promover um aumento nos sítios preferenciais de nucleação da ferrita, os quais são sensivelmente maximizados com os defeitos produzidos durante a deformação. Grandes deformações criam um estado complexo de defeitos cristalinos, os quais aumentam a densidade de discordâncias de forma a favorecer a nucleação de novos grãos. Assim, tanto a deformação plástica pesada como as altas taxas de deformação promovem aumentos na quantidade de defeitos e bandas de deformação, os quais contribuem para ocorrência da recristalização dinâmica e para formação da ferrita (9) ultrafina . Diante destes fenômenos, espera-se que a recristalização dinâmica contínua refina a microestrutura e as partículas finamente dispersas exercem o efeito de ancoramento dos contornos de grão (10-11). MATERIAL E MÉTODOS Dois diferentes aços foram investigados no desenvolvimento deste trabalho; o aço comercial denominado Cosar 60 que é um aço baixo carbono baixa liga e um aço ultrabaixo carbono, IF (Interstitial Free). Suas respectivas composições químicas são apresentadas na Tabela 1. Os dois aços foram doados pela Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa S/A). Tabela 1. Composição química do aço investigado. Composição química (% em massa) C Mn Si Al S P V Cr B Ni Cu Fe 0,162 1,343 0,459 0,038 0,009 0,019 0,030 0,011 0,0002 0,230 0,012 bal. Os materiais foram selecionados em função da necessidade de deformar uma matriz ferrítica com partículas de cementita esferoidizadas, aço Cosar 60, e de utilizar um aço como referência, IF, deformando uma estrutura ferrítica isentas de esferoiditas. Os materiais foram deformados a morno por uma máquina de torção equipada com forno aquecido por luz infravermelha. Antes dos ensaios de torção, as amostras foram tratadas termicamente, com a finalidade de condicionar a microestrutura de partida a ser deformada. Visando obter a precipitação de cementita e, ao mesmo 7102
  • 5. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. tempo evitando deformar austenita, tanto o condicionamento microestrutural quanto os ensaios de torção foram realizados em uma temperatura logo abaixo da temperatura de início de transformação de fase α→γ (Ae1). Os ensaios de torção a morno, em amostras previamente revenidas, tiveram a finalidade de conduzir o aço Cosar 60 a uma matriz ferrítica com partículas de cementita. Durante a etapa experimental foram almejados dois quesitos básicos: (i) o condicionamento da microestrutura de partida; adequada para promover a formação de grãos ultrafinos e (ii) o desenvolvimento de uma microestrutura inicial que pudesse ser submetida a grandes deformações sem falhar. O condicionamento microestrutural foi realizado através dos tratamentos térmicos de têmpera e revenimento. Amostras do aço Cosar 60 foram austenitizadas a 900oC, por 30 minutos, e em seguida resfriadas em água. O tratamento de esferoidização das partículas de cementita foi realizado com o reaquecimento das amostras em à temperatura de 685oC, logo abaixo de Ae1, por 1,0H, sendo em seguida resfriadas ao ar. Após este tratamento térmico, o material foi deformado por torção, também a 685oC. Em todos os ensaios, o tempo de encharque foi de 15 minutos. As amostras foram submetidas a uma seqüência de deformação, denominada ensaios isotérmicos interrompidos, na qual a quantidade de deformação experimentada foi de 1,0, 2,0, 3,0, 4,0 e 5,0. Após a aplicação de cada deformação pré-estabelecida, os corpos de prova tiveram suas microestruturas congeladas - injetando água no interior do tubo de quartzo. Para mostrar a influência das partículas de cementita no refino de grão ferrítico, a evolução da estrutura de deformação do aço IF foi comparada com a do aço Cosar 60 – sob as mesmas condições de processamento. A taxa de deformação utilizada foi de 0,1 s-1. As análises microestruturais foram realizadas através de microscopias ótica (MO) e eletrônica. Através de microscopia ótica, com o auxílio de um sistema de análise de imagens analySIS PRO 3.1, foi medido o tamanho médio de grão. Com a microscopia eletrônica de varredura (MEV) pode-se comprovar o tamanho de grão medido por MO e utilizando a técnica EBSD (Electron Backscattering Diffraction) obteve-se dados relativos à desorientação entre grãos e/ou subgrãos. Foi utilizado um MEV da marca Philips, modelo XL30-FEG (30KV) acoplado a um sistema de EBSD da marca TSL, modelo MSC 2200. 7103
  • 6. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. RESULTADOS E DISCUSSÃO A evolução microestrutural durante a deformação plástica foi estudada a partir dos ensaios de torção no campo subcrítico (685oC). Todos os ensaios foram realizados nesta temperatura, interrompendo a deformação em diferentes níveis e resfriando os corpos de prova bruscamente em água. Os resultados destes ensaios de torção mostram o comportamento mecânico do aço Cosar - Figura 1. As curvas de escoamento mostram que a tensão alcança um máximo logo no início do carregamento e decresce continuamente para um estado estacionário. Esta forma de curva é característica da deformação de microestruturas não estáveis; conforme a estrutura tende para um estado de equilíbrio mais estável o nível de tensão decresce. Corroborando com esta interpretação, vê-se que o nível de tensão decresce com o aumento do tempo de revenimento. Também, pode ser visto na Figura 1 que a quantidade de deformação que o material suportou até que ocorresse a fratura se alterou com o nível de tensão; a ductilidade aumenta com o decréscimo do nível de tensão, e conseqüentemente com o tempo de revenimento. Após o material experimentar uma deformação total de 5,0 sua microestrutura final passou por um expressivo processo de refino de grão. A Figura 2 mostra uma microestrutura resultante da deformação a morno, a qual consiste de grãos homogêneos e equiaxiais com tamanho médio de grão igual a 1,28µm. 250 225 200 175 Tensão [MPa] 150 125 -1 0,1 s 100 75 ε=1 ε=2 50 ε=3 ε=4 25 ε=5 0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 Defromação Figura 1. Curvas de escoamento do aço Cosar deformado com interrupções pré-estabelecidas da deformação em ε = 1,0 , ε = 2,0 , ε = 3,0 , ε = 4,0 e ε = 5,0 . 7104
  • 7. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. . Figura 2. Fotomicrografias ótica do aço Cosar 60 deformado ( ε = 5,0 ; ε = 0,1 s −1 ), após revenimento – matriz composta por grãos ultra-finos com tamanho médio de 1,28µm. A evolução da microestrutura de deformação é ilustrada na Figura 3, que mostra as imagens das microestruturas resultantes do condicionamento microestrutural e do processamento termomecânico. Após o condicionamento microestrutural a microestrutura de partida, apresentada em 3a, mostrou-se composta por bainita e precipitados finos de cementita, além de grãos formados durante o revenimento. Com o início da deformação, iniciou-se a formação de grãos recristalizados com contornos pouco definidos, como pode ser notado em 3b. Após uma deformação total de 3, os contornos de grão apresentam-se mais definidos e os precipitados são de maior tamanho, Figura 3c. Em 3d, prosseguindo com o aumento de deformação, os precipitados confirmam a tendência de coalescimento e os grãos com tamanho médio próximo a 1µm possuem contornos muito bem definidos. Com o incremento da deformação no aço Cosar ocorreu um aumentou gradativo na quantidade de contornos de alto ângulo. Após a deformação total de 3, a quantidade de contornos de alto ângulo mostrou-se estável. A Figura 4 mostra resultados obtidos através de EBSD; em 4a pode ser observada a microestrutura de partida, sem deformação, com mais de 40% de contornos de baixo ângulo. Em 4b, onde o material experimentou uma deformação de 4, nota-se uma microestrutura com grande quantidade de contornos de alto ângulo (~75%). A Figura 5 evidencia a evolução da proporção de alto ângulo com a quantidade de deformação, onde é observado o patamar próximo a 75%, após ε = 3 . A deformação do aço IF, teve a finalidade de comparar o estado metaestável do aço Cosar 60 com uma microestrutura isenta de precipitados. A Figura 6 mostra as curvas obtidas com os dois aços. A curva do aço IF não apresenta pico de tensão, sugerindo que não ocorre recristalização dinâmica descontínua no aço IF. 7105
  • 8. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. (a) (b) (c) (d) Figura 3. Fotomicrografias do aço Cosar – (a) ε = 0,0 , (b) ε = 1,0 , (c) ε = 3,0 e (d) ε = 5,0 . (a) (b) (c) (d) Figura 4. Mapas de EBSD: (a) e (c) mapas de orientação em contraste de Euller; (b) e (d) mapas de código de cores e fração de contornos de baixo e alto ângulo – aço Cosar 60: (a) e (b) sem deformação; (c) e (d) deformado até ε = 4,0 . 7106
  • 9. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. 100 90 80 Contornos de alto ângulo [%] 70 60 50 40 30 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 Deformação Total Figura 5. Porcentagem de ângulo de desorientação versus quantidade de . deformação ( ε = 0,1 s −1 ) 240 200 160 Tensão [MPa] 120 80 -1 0,1s Cosar 40 IF 0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 Deformação Figura 6. Curvas de escoamento plástico dos aços Cosar 60 e IF. Os resultados de EBSD mostram que a geração de contornos de alto ângulo é influenciada pela presença de partículas de cementita. Diferentemente do aço Cosar, a microestrutura do IF apresentou uma redução na quantidade de alto ângulo com o aumento de deformação. A Figura 7 mostra imagens obtidas a partir dos ensaios interrompidos em amostras do aço IF. (b) (a) 7107
  • 10. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. (d) (c) Figura 7. Mapas de EBSD: (a) e (c) mapas de orientação em contraste de Euller; (b) e (d) mapas de código de cores e fração de contornos de baixo e alto ângulo – aço IF: (a) e (b) sem deformação; (c) e (d) deformado até ε = 10,0 . A Figura 8 apresenta a evolução da proporção de contornos de alto ângulo com a deformação, estes resultados foram obtidos através de EBSD. 100 90 80 Contornos de alto ângulo [%] 70 60 50 40 30 20 10 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Deformação Total Figura 8. Percentagem de ângulo de desorientação versus quantidade de . deformação – ε = 0,1 s −1 . CONCLUSÕES A investigação da influência da cementita presente na microestrutura de deformação na formação de contornos de alto ângulo e no refino de grãos ferrítico em aços estruturais baixo-carbono, resultou nas seguintes conclusões: A precipitação de carboneto de ferro e a recristalização dinâmica da ferrita são responsáveis pela formação de contornos de alto ângulo, bem como pelo intenso refino de grão durante a deformação plástica a morno; 7108
  • 11. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. As partículas de cementita interferiram no processo de rotação dos subgrãos e inibiram o crescimento dos grãos formados; A quantidade de contornos de alto ângulo (~40%) gerada durante a deformação do aço IF - microestrutura sem precipitados - evidenciou a importância das partículas de cementita e da fina microestrutura de partida do aço Cosar 60, o qual apresentou mais de 70% de contornos de alto ângulo ao experimentar deformações totais superiores a 2. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem às agências financiadoras CAPES, CNPq e FAPESP pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS 1. M. A. F. Oliveira A.M. Jorge Jr. and O. Balancin, Scripta materialia, 50, 2004, pp. 1157-1162. 2. G. Krauss. In: Steels heat treatment and processing principles. ASM international, 1990, p.218. Materials Park, Ohio 44073. 3. P. A. Manohar; T. Chandra and C. R. Kilmore, ISIJ int., 36, 1996, pp. 1486-1493. 4. X. Liu; J. K. Solberg and R. Gjengendal, Mater. sci. technol., 12, 1996, pp. 345-350. 5. M. Niikura et al., Journal of materials processing technology, 117, 2001, pp. 341-346. 6. D. H. Shin; Y. –S. Kim; J. Lavernia: Acta Mater., vol. 48, pp. 2387 2393, (2001). 7. D. H. Shin; K.-T. Park; Y.-S. Kim: Metallurgical and Materials Transactions 32A, pp. 2373-2381, (2001). 8. X. J. Hao; Z. G. Liu; K. Masuyama; T. Rikimaru; M. Umemoto; K. Tsuchiya; S. M. Hão: Materials Science and Technology, vol. 17, pp. 1347-1352, (2001). 9. Y. D. Huang et al., Journal of Materials Processing Technology (2003) 134, 19-25. 10. O. V. Silva Neto and O. Balancin, in Proceedings CONAMET/SAM Congress, La Serena, Chile (2004), 237-242. 11. O. V. Silva Neto and O. Balancin, in 8th Inter American Congress of Electron Microscopy, La Habana, Cuba (2005). 7109
  • 12. 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. EFFECT OF CEMENTITE PRECIPITATION IN FORMATION OF CONTOURS OF HIGH ANGLE AND FERRITIC GRAIN REFINEMENT Otávio Villar da Silva Neto(1) e Oscar Balancin(2) (1, 2) Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia de Materiais, Rodovia Washington Luiz, Km 235, 13565-905, São Carlos - SP, Brasil. email: (a)pvillar@iris.ufscar.br; (b)balancin@power.ufscar.br ABSTRACT Nowadays, great efforts have been destining to obtain steels with grains ultrafines through broken viable industrially. These efforts are justified for the reduction of the costs with the addition of league elements and with the improvement of the properties of the common structural steels, that start to join more value and they increase your range of commercial application. However, to obtain steels with stable microstructure, of grains ultrafines, it represents a difficult task, once a strong tendency exists for the growth of the grains. For this reason, some microstructures of fine grains are inherently unstable, what turns necessary to promote mechanisms that restrict the movement of the grain contours to stabilize this microstructure type. The precipitation of cementite particles during the processing thermomechanical can produce a stableer and homogeneous microstructure. In this work, the influence of the cementite precipitation was investigated in I refine him/it of the microstructure of a steel low carbon, as well as in the generation of contours of high angle, during the processing thermomechaniacl the lukewarm. Two steels were used for accomplishment of this work; a steel 0,16C and another of ultra-low carbon (IF), as reference. The deformation, in the field subcritic, it was previously imposed by torsion rehearsals in samples quenched and tempered. The technique of electrons backscattering diffraction (EBSD) it was used to measure the disorientation angle among the grains generated by the rehearsals torsion isothermals. Rehearsals interrupted in different deformation levels they were accomplished to accompany the evolution microstructural. The results of deformation of the steel 0,16C were compared with the one of the steel IF, the one that allowed verify the influence of the particles of precipitate cementite during the processing. It was evidenced that the cementite precipitation and the dynamic recristallyzation of the ferrita are responsible for the formation of contours of high angle, as well as for the intense I refine of grain during the deformation subcritic. Key-word: ultrafine grain, cementite, warm torsion, ebsd. 7110