SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 10
Baixar para ler offline
INFLUÊNCIA DO CÍCLO TÉRMICO DE RECOZIMENTO NA
MICROESTRUTURA DE UM AÇO INOXÍDÁVEL AUSTENÍTICO COM
ALTO TEOR DE NITROGÊNIO UTILIZADO NA FABRICAÇÃO DE
IMPLANTES ORTOPÉDICOS

Silva Neto, Otavio Villar 1

Tokimatsu, Ruis Camargo1

Ventrella, Vicente Afonso1

Guimarães, Vagner Alves 2
1
  Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - Departamento de Engenharia Mecânica
Av. Brasil, 56, Cx. P.:31, CEP: 15385-000, Fone: (018) 3743 – 1038, Fax: (018) 762 – 2992, Ilha Solteira, SP - Brasil
e-mail: villar@dem.feis.unesp.br
2
  Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Engenharia Mecânica - Departamento de Engenharia de Materiais.

Resumo . Dentre as diferentes ligas metálicas utilizadas como biomateriais, os aços inoxidáveis austeníticos são as mais empregadas
atualmente. Estes aços vêm sendo utilizado desde a década de 20 e ainda permanecem em plena expansão, devido sua boa
biocompatibilidade e propriedades físicas e por apresentarem grande trabalhabilidade. Além disso, aços inoxidáveis são os
materiais mais baratos para tais aplicações. Lamentavelmente, uma de suas principais limitações para seu uso clinico é a tendência
à sofrer corrosão quando implantado. Atualmente, vem sendo estudado uma nova classe de aços inoxidáveis com elevado teor de
nitrogênio, normalizados pela norma ISO 5832-9, como uma alternativa para substituição do aço AISI 316L, que atualmente é o aço
mais utilizado em implantes ortopédicos. Algumas vantagens desse novo aço já foram apontadas por alguns pesquisadores; maior
resistências mecânica e à corrosão por pite e sob fadiga. Por outro lado, a influência de diferentes tratamentos térmicos sobre as
variações microestruturais, e precipitação, nestes materiais, ainda não são plenamente conhecidas, podendo, desta forma, causar
alterações indesejáveis às suas propriedades mecânicas e/ou de corrosão. Pretende-se, a partir da realização deste trabalho, ter um
bom conhecimento sobre a cinética de precipitação dos aços inoxidáveis austeníticos com alto teor de nitrogênio. Para tanto, o
fenômeno de precipitação será estudado a partir do tratamento térmico de recozimento nas temperaturas de 600, 700, 800 e 900oC
(por 24 horas), seguido de resfriamento em água. Desta forma, buscou-se uma correlação entre o ciclo térmico de recozimento e a
conseqüente precipitação nestes aços, tanto na matriz austenítica como nos contornos de grão. Por intermédio de microscopia ótica
pôde-se avaliar as transformações de fases, presença de ferrita delta, a quantidade de precipitados resultantes das diferentes
temperaturas de recozimento. Pela análise por difração de raio-X, caracterizou-se carbonetos e fases intermetálicas.

Palavras chaves: aço inoxidável austenítico, nitrogênio, precipitação.

1. Introdução

      Dentre as diferentes ligas metálicas utilizadas como biomateriais, os aços inoxidáveis austeníticos são os mais
empregados, apresentando uma vasta gama de aplicação. Estes aços vêm sendo utilizados desde a segunda metade da
década de 20 e ainda permanecem em plena expansão, devido às suas propriedades favoráveis e custo relativamente
baixo. Como implantes ortopédicos para substituição de articulações e fixação de fraturas, estes aços vêm sendo usados
a mais de meio século. No entanto, os primeiros aços inoxidáveis austeníticos apresentavam-se insatisfatórios do ponto
de vista de resistência à corrosão intergranular, proveniente da precipitação preferencial de carbonetos de cromo nos
contornos de grão e conseqüente sensitização das regiões adjacentes a estes grãos. Entretanto, os aços inoxidáveis,
particularmente o aço inoxidável AISI 316L, normatizado para aplicações biomédicas como ASTM F138 (1996), têm
conservado um importante lugar e ainda são amplamente utilizados por terem mostrado boa biocompatibilidade,
propriedades físicas superiores e podem ser modelados dentro de uma variedade de formas e tamanhos para fios
metálicos, parafusos, placas e implantes. Além disso, aços inoxidáveis são muito mais baratos que as ligas de titânio ou
de cobalto-cromo. Lamentavelmente, uma de suas principais limitações para seu uso clinico é a tendência à sofrer
corrosão quando implantado. A liberação de íons metálicos de Cr e Ni, dentro de fluídos e tecidos humano deve ser
respeitado como provável fonte de problemas causados a longo tempo devido aos seus conhecidos efeitos de toxidade e
carcinogênico, (Bordji et al., 1996).
      Atualmente, vem sendo estudada uma nova classe de aços inoxidáveis com elevado teor de nitrogênio,
normatizados segundo a norma ISO 5832, como uma alternativa para substituição do 316L. Algumas vantagens desse
novo aço, já foram apontadas por alguns pesquisadores, em especial sua maior resistência mecânica e maior resistência
à corrosão por pite e sob fadiga.
É de extrema importância correlacionar as variações microestruturais ocorridas nestes aços com seu
comportamento mecânico, bem como com suas propriedades de resistência à corrosão. Tais variações microestruturais
podem ser impostas através de diferentes meios corrosivos, tratamentos térmicos e mecânicos, os quais podem
ocasionar perdas significativas das principais propriedades destes materiais.
      Alguns dos efeitos indesejáveis, que podem surgir durante os tratamentos térmicos realizados nesta classe de aços,
são: formação de precipitados decorrentes da não solubilização total de nitrogênio na solução sólida γ, devido aos
elevados teores deste elemento, ou, também, pode-se citar a possível ocorrência de formação de fases como a ferrita δ,
carbonetos, fases intermetálicas (sigma e Laves) e nitretos.
      A caracterização microestrutural, por intermédio de microscopia ótica e eletrônica, do aço ISO 5832-9 realizada
neste trabalho tem o escopo de identificar a influência exercida por tratamentos termomecânicos sobre a cinética de
precipitação no aço inoxidável austenítico com alto teor de nitrogênio.

1.1. Fases Presentes nos Aços Inoxidáveis Auisteníticos

      Os aços inoxidáveis austeníticos, constituídos basicamente pelo sistema Fe-Cr-Ni, são amplamente utilizados
devido a uma combinação favorável de propriedades, tais como: resistência à corrosão e à oxidação, resistência
mecânica a quente, trabalhabilidade e soldabilidade. No entanto, não somente a matriz austenítica determina as
propriedades destes materiais. Numerosas fases, tais como ferrita δ, carbonetos, fases intermetálicas, nitretos, sulfetos,
boretos e martensitas induzidas por deformação, podem estar presentes na microestrutura dos aços inoxidáveis
austeníticos. A quantidade, o tamanho, a distribuição e a forma destas fases têm influência marcante nas propriedades
do material (Padilha & Guedes, 1994).
      Os carbonetos e fases intermetálicas são formados nos aços inoxidáveis austeníticos quando em exposição na faixa
de 500 a 900o C. Temperaturas abaixo de 1100o C são favoráveis à precipitação de nitretos e carbonetos, no estado
sólido, pois a solubilidade do nitrogênio e do carbono caem sensivelmente abaixo desta temperatura (Machado, 1999;
Padilha & Guedes, 1994). No entanto, em temperaturas inferiores a 500o C a precipitação de nitretos e de carbonetos
ocorre de maneira muito lenta. A precipitação inicia-se nos contornos de grão e pontos triplos, e com o tempo, crescem
e formam grandes partículas angulares, sendo, por fim, agrupados em pontos triplos (White & May, 1970).
      A adição de molibdênio ao sistema Fe-Cr-Ni contribui para a estabilização da ferrita, além de provocar o
aparecimento de várias fases intermetálicas, sendo que duas delas ocorrem com freqüência nos aços inoxidáveis: fase de
Laves Fe2 Mo (η) e fase χ (Fe36 Cr12 Mo12 ) (Padilha & Guedes, 1994).
      A adição de elementos que apresentam maior afinidade com o C, como Ti, Nb e V, é uma medida adotada para se
evitar a presença de carbonetos de cromo. No entanto, este elementos estabilizadores dão origem a carbonetos mais
estáveis. Os carbonetos que correm nos aços inoxidáveis austeníticos são do tipo M23 C6 , MC e M6 C. Os carbonetos
MC(M=Zr, Ti, Nb e V) são os mais estáveis dentre os carbonetos presentes nos aços inoxidáveis austeníticos, por outro
lado, apresentam uma estabilidade inferior a dos nitretos e sulfetos correspondentes, sendo assim, sua solubilidade na
matriz é maior. Quando comparado ao tipo M23 C6 sua capacidade de dissolver N é superior, consequentemente, sua
presença é favorecida nos aços inoxidáveis austeníticos com alto teor de nitrogênio.
      Os carbonetos M23 C6 (M=Cr, Fe, Mo e Ni) são representados pela fórmula mais comum de Cr23 C6 , no entanto, o Cr
pode ser substituído por Fe, Mo ou Ni, e o C pode ser parcialmente substituído por B ou N. Sua precipitação se dá após
longos tempos de envelhecimento. Nos materiais solubilizados e envelhecidos, apresentam a seguinte seqüência de
precipitação: inicialmente nos contornos de grão, contornos incoerentes de macla, contornos coerentes de macla,
interior dos grãos e por fim em discordâncias. A precipitação e dissolução deste carboneto estão relacionadas às fases
intermetálicas da seguinte forma: o carboneto M23 C6 precipita abaixo de 900o C, em seguida ocorre a precipitação das
fases χ e de Laves, quando a matriz estiver empobrecida por completo de C, então precipita-se a fase σ.
      As fases de Laves, Z, χ e σ são as fases intermetálicas de ocorrência mais comum nos aços inoxidáveis
austeníticos. Estas fases acarretam na perda de dutilidade e empobrecimento de importantes elementos à matriz, como
Cr, Mo, Ti, V e Nb, uma vez que estes elementos podem estar presentes nas composições destas fases. Dentre elas, a
fase de Laves é a única que pode proporcionar algum efeito benéfico ao material; causando endurecimento por
precipitação, quando encontra-se coerente com a matriz (Padilha & Guedes, 1994).
      A fase sigma é um composto intermetálico, de estrutura tetragonal, não magnético que tem efeitos nocivos nas
propriedades mecânicas e na resistência à corrosão dos aços inoxidáveis (Kobayashi, 1995). Ocorre nos aços
inoxidáveis que apresentam os seguintes sistemas binários: Fe-Cr, Fe-Mo, Fe-Nb e Fe-V. A nucleação incoerente com a
matriz em locais de alta energia e a dependência da baixa difusividade dos elementos substitucionais para esta fase
crescer, faz com que sua cinética de precipitação seja muito lenta (Padilha & Guedes, 1994). Sua precipitação pode ser
diretamente aplicada para todo material austenítico ou pode precipitar de outras direções ou vias de ferrita transicional,
dependendo da composição da austenita (White & May, 1970).
      As fases de Laves possuem estrutura atômica hexagonal (Padilha & Guesdes, 1994). A fase de Laves mais comum
nos aços inoxidáveis austeníticos é do tipo C14(MgZn2 ), apresentando as seguintes estequiometrias: Fe2 Mo, Fe2 Ti e
Fe2 Nb. O único efeito benéfico causado por esta fase ao material é o endurecimento por precipitação, por outro lado,
causa queda da dutilidade e empobrecimento da matriz em Mo, Ti, e Nb.
      A fase Z é detectada com freqüência nos aços inoxidáveis austeníticos que contêm Nb e N em sua composição
química. Esta fase é um complexo nitreto de cromo-nióbio (Nb-Cr-N), precipitado primário, que pode conter em sua
composição elementos como o Fe, Mn, e o Mo (Jack & Jack, 1972; Örnhagen et al., 1996). O arranjo atômico desta fase
é uma distorção, tetragonal, da estrutura cúbica de corpo centrado (Jack & Jack, 1972).
      A composição da fase χ, que possui estrutura cúbica, é dada por Fe36 Cr12 Mo10 . A ocorrência desta fase está ligada
a teores de Mo superiores a 3% no sistema Fe-Cr-Ni (Machado, 1999). Sua presença também já foi verificada no
sistema Fe-Cr-Ni-Ti, onde foi encontrada com composição Fe35 Cr13 Ni3 Ti7 . Ainda que tenha uma composição muito
próxima da fase sigma, difere-se desta por ser capaz de dissolver carbono, além de poder ser coerente com a matriz
(Padilha & Guesdes, 1994). A presença do nitrogênio influencia a cinética de precipitação da fase Qui atrasando sua
formação (Machado, 1999).
Os nitretos são fases residuais que aparecem, nos aços inoxidáveis austeníticos, em pequenas quantidades devido a
baixa solubilidade do nitrogênio na austenita. A solubilidade do nitrogênio no ferro líquido está basicamente ligada à
composição da liga, estrutura cristalina, temperatura e pressão (Machado, 1999).
      O cromo e o manganês são exemplos de elementos que aumentam a solubilidade do nitrogênio no ferro, enquanto
o níquel provoca efeito contrário (Machado, 1999).
      A estrutura cristalina cúbica de face centrada do ferro, a 1 atm, dissolve 0,4%N em peso. O ferro com estrutura
cristalina cúbica de corpo centrado é capaz de dissolver apenas 0,05%N (Rawers et al., 1992b de Machado, 1999).
Devido a transformação da ferrita em austeníta, o decréscimo da temperatura, faz com que ocorra um aumento na
porcentagem em peso de N nas ligas do sistema Fe-Cr-Ni-N e Fe-Cr-Mn-N, (Speidel, 1989 de Machado, 1999).
Segundo Liljas e Nilsson (1999), a solubilidade do N aumenta, com o decréscimo da temperatura, tanto na austeníta
quanto no aço líquido.
      Os principais elementos formadores de nitretos são Zr, Ti e Nb, mas na ausência desses elementos ocorre a
formação de Cr2 N, fase de estrutura hexagonal formada em temperaturas inferiores a 1000o C nos aços que contêm
teores de nitrogênio acima de 0,1%. Em aços com teores inferiores a 0,045%N, o N encontra-se totalmente dissolvido
na austenita. Os nitretos do tipo MN(M=Zr, Ti, Nb e V), de estrutura CFC, são formados durante a solidificação devido
sua grande estabilidade termodinâmica, praticamente todo N presente combina-se para formar nitretos.

1.2. Influência do Ciclo Térmico nos Aços Inoxidáveis Austeníticos com Alto Teor de Nitrogênio

      Ainda existe um vasto caminho a ser trilhado para que se atinja um alto nível de conhecimento sobre a metalurgia
dos aços inoxidáveis austeníticos com elevado teor de nitrogênio, no entanto, vários pesquisadores vêm estudando o
comportamento destas ligas a cerca de dez anos. O principal objetivo apresentado nos trabalhos realizados sobre estes
aços, tem sido correlacionar suas variações microestruturais com seu comportamento mecânico e, também, com suas
propriedades de resistência à corrosão. Tais variações microestruturais são impostas através de diferentes meios
corrosivos, tratamentos térmicos e mecânicos.
      Li et al. (1995) estudando o desenvolvimento microestrutural do aço inoxidável austenítico após implantação de
íon de nitrogênio por imersão à plasma, verificaram que à 450o C originou uma camada modificada, amorfa, de 3µm de
espessura suportada por uma camada de austenita expandida de 1,5-2,0µm de espessura, a qual conteve uma alta
densidade de discordâncias. À temperatura mais elevada, a espessura da camada amorfa foi de 0,4 - 0,5µm, contendo
precipitados nanocristalinos, principalmente CrN e α, também, contendo ε-Fe2-3N(Cr,Fe)N1-x e (Cr,Mo)Nx. Abaixo
desta camada formou-se uma zona lamelar de CrN+α-Fe de 7,5-8,0µm de espessura, sendo formada por precipitação
celular.
      A caracterização de um aço inoxidável austenítico rico em nitrogênio usado para dispositivos de osteosínteses foi
realizada por Örnhagen et al. (1996). Verificaram grande quantidade de precipitados primários. As amostras tratadas
termicamente por um longo período de tempo, apresentaram formação de precipitados intergranular. Foram verificadas
grandes porcentagens de molibdênio e de nióbio nos precipitados intergranulares e primários, respectivamente.
Também, verificaram uma forte tendência dos precipitados intergranulares em formar um triplo contorno de grão. A
cristalografia da estrutura dos precipitados teve o seguinte resultado:
             • precipitados primários: morfologia alongada, identificado como fase-Z tetragonal. A composição
química da fase-Z encontrada foi de 61%Ni, 25%Cr, 7%Fe, 7%Mo;
             • precipitados intergranulares: estrutura cúbica denominada fase-χ.
      Sundararaman et al. (1996) estudaram a formação de Cr2 N em aços inoxidáveis austeníticos 316LN, envelhecidos
térmicamente. Verificaram que a presença de pares de discordâncias nas amostras envelhecidas, sugerem a formação de
zonas ordenadas ricas em N na matriz. Nestas regiões os precipitados não puderam ser observados por MET
convencional devido às suas pequenas dimensões. No decorrer do tempo de envelhecimento, verificaram a ocorrência
da transição de intergranular para formação celular de Cr2 N. Estudando um aço inoxidável austenítico implantado por
imersão iônica à plasma, Li et al. (1996) descobriram que uma fina camada amorfa pode ser obtida a partir da
implantação de N em aços AISI 316 à temperaturas acima de 450o C. A amorfização é controlada por uma reação
química no estado sólido e à baixa mobilidade dos átomos implantados e substitucionais. Após implantados, estes aços
apresentaram uma estrutura predominantemente composta por precipitados celulares CrN+α obtidos à alta temperatura.
      Källqvist & Andrén (1998) analisaram a microestrutura em um aço inoxidável austenítico estabilizado ao Nb após
longo tempo de envelhecimento. Verificaram a presença de precipitados de Nb(C,N) e fase σ. Nos materiais
envelhecidos a 600 e 700o C, quase todo Nb e C foram precipitados. Todas as amostras apresentaram partículas
grosseiras de Nb(C,N). Partículas de fase σ são formadas em todas as temperaturas de envelhecimento, sendo a fração
volumétrica aumentada com o aumento da temperatura. Observaram que o material envelhecido a 500o C por 46675
horas continha íons moleculares NbN, sugerindo que agrupamentos de Nb-N ou precipitados muito menores estivessem
presentes.
      Estudando o efeito do hidrogênio na transformação de fase num aço inoxidável austenítico com alto nitrogênio,
Vogt (1998) constatou que a solubilidade dos átomos de N é aumentada com o aumento de Mn. Os átomos de N, do aço
inoxidável Fe19Cr19Mn0,9N, ocupam 25% dos interstícios da estrutura CFC, a austenita é saturada rapidamente,
transformando-se em uma fase muito estável, martensita εH , e em seguida em hidreto γH .
      O efeito do envelhecimento térmico nas propriedades de tração do aço inoxidável tipo AISI 316L foi estudado por
Shankar et al. (1999). Um pequeno tempo de envelhecimento resultou no aumento do limite de escoamento como
conseqüência da segregação do nitrogênio para as discordâncias. Ocorreu formação de grupos de Cr-N em amostras
envelhecidas por 10 horas, e com 24 horas se deu a precipitação de Cr2 N intergranular coerente. Houve esvaziamento
substancial de reforço por solução sólida principalmente devido à abundante precipitação da fase Qui acima de 100
horas.
      Ustinovshikov et al. (1999) estudaram a microestrutura e propriedades de aços inoxidáveis austeníticos com alto
teor de nitrogênio (0,9 a 1,3%N) solubilizados a diferentes temperaturas (1150, 1200 e 1250o C), resfriadas em água.
Observaram a presença de partícula de CrN não dissolvidas e placas de martensita α em amostras resfriadas a 1150o C.
A liga contendo 15%Cr e 1,0%N teve somente 30% de austenita em sua estrutura após tempera a 1150o C, mostrando,
assim, que o aumento do teor de Cr inibe a capacidade do N formar a austenita. Todas as ligas resfriadas a 1200o C
resultaram em uma estrutura 100% austenínica, exceto na liga com 0,9%N (87%). A essa temperatura de resfriamento
ocorreu grande redução de partícula de CrN e não foram observadas placas de martensita, porém nas ligas com 1,3%N
foram verificados nitretos nos contornos de grão e a 0,9 e 1,0%N observaram presença de inclusões de martensita.
Amostras com 1,1%N temperadas a 1250 o C e envelhecidas à temperatura ambiente não apresentaram uma estrutura
homogênea. Uma melhor combinação de propriedades de resistência e dutilidade nas ligas contendo 1,2 a 1,3% N, foi
verificada.
      O efeito da porcentagem de nitrogênio na precipitação durante o ciclo de recozimento isotérmico (500 horas a
450o C; 72 horas a 750o C) do aço inoxidável austenítco de alto nitrogênio P/M (0,3 – 0,9%N) foi pesquisado por Romu
                                                                            σ
& Hänninen (1999). Verificaram a presença de fases intermetálicas ( e Laves) e de nitreto de cromo Cr2 N.
Porcentagens de nitrogênio maiores que 0,5% retardam a precipitação de fases intermetálicas a 450 o C. A precipitação
de fases intermetálicas, σ e Laves, é favorecida a 750 o C nos aços com %N<0,5, porém, nestas condições, a precipitação
de Cr2 N é retardada. Já, nesta temperatura, os aços com mais de 0,5%N apresentam maior quantidade de Cr2 N em
adição com fases intermetálicas, sendo estas retardadas sob a atual condição. A precipitação de Cr2 N consome Cr,
tornando, desta maneira, mais difícil a precipitação da fase σ. Nos aços com 0,9%N observou Cr2 N como precipitado
adjacente à fase de Laves.

2. Experimental

2.1. Materiais

     A Tabela [1] apresenta a composição química do aço inoxidável ISO 5832-9 (1992), no estado solubilizado
(1030o C/1h), seguido de forjamento a quente (1210 a 980o C) e laminação a quente (1210 a 1150o C).

                                   Tabela 1 - Composição química do aço ISO 5832-9.
                                Composição química, % em peso, em balanço com o ferro
          C        Si      Mn       Ni         Cr       Mo        Nb         S          P      Cu       N
       0,0316     0,03     3,83    11,00      22,60    2,41      0,42     0,0026      0,023   0,05    0,291

     As amostras do aço ISO 5832-9, foram cedidas pela Baumer Ortopedia S/A, já tratadas termicamente. O
tratamento térmico de recozimento foi realizado nas seguintes temperaturas: 600, 700, 800 e 900o C, em um forno mufla
EDG. O tempo de recozimento das amostras foi de 24 horas, sendo, em seguida resfriadas em água à temperatura
ambiente.

2.2. Métodos

      Para estudo da microestrutura do aço utilizado neste trabalho, ISO 5832-9, tratado termicamente em diferentes
temperaturas de recozimento, foram realizadas análises micrográficas, utilizando os seguintes laboratórios e
equipamentos:
             q Microscopia ótica: realizada no Laboratório de Microscopia do DEM/FEIS/UNESP, utilizando um
microscópio ótico da marca Carl Zeiss, modelo Neophot 21, e nos Laboratórios de Análise e Caracterização de
Materiais do DEM/FEM/UNICAMP, bancada metalográfica Neophot 32, equipado com sistema de aquisição de
imagens Leica Q500 MC;
             q Microscopia eletrônica de transmissão: Laboratório de Microscopia Eletrônica do DEMA/UFSCar, com
auxílio de um microscópio eletrônico de transmissão da marca Philips, modelo CM 120, com tensão de aceleração de
120 kV.
Microscopia Ótica

     A análise por microscopia ótica foi utilizada com a finalidade de revelar inclusões e contornos de grão
austeníticos, verificando desta forma a influência do teor de nitrogênio, associado às diferentes temperaturas de
tratamentos térmicos impostos ao material, na homogeneidade da estrutura resultante. Foi medida a quantidade de
inclusões presentes na microestrutura resultante do material
     O estudo da microestrutura dos aço estudado, foi realizado por técnicas de metalografia convencional, sendo as
amostras lixadas, polidas e, por fim, atacadas eletrolíticamente com solução de ácido nítrico a 60%.

Microscopia Eletrônica

      Foram captadas imagens geradas pelo MET em campo claro e campo escuro. A primeira, foi utilizada para análise
de fases e defeitos cristalinos, a partir da formação de contraste pela seleção do feixe transmitido. Os padrões de
difração obtidos a partir da difração de elétrons das partículas a serem analisadas, foram comparados com fichas obtidas
do banco de dados do software PDF (         Powder Diffration Database Manager ) como um critério de análise dos
precipitados identificados. A microanálise química, qualitativa, das fases presentes nos aços foi realizada pela técnica de
energia dispersiva de raio x (EDS). Esta técnica foi realizada em um equipamento EDAX modelo CM-12, acoplado ao MET
mencionado acima. A técnica de difração de raio X foi utilizada para caracterizar precipitados e fases intermetálicas
provenientes dos tratamentos térmicos impostos ao material. As análises foram realizadas em amostras de lâmina fina
preparadas a -20o C, 15V, utilizando uma mistura de ácido acético (95%) e ácido perclórico (5%).
      Os cálculos referentes aos padrões de difração foram realizados respeitando as Leis de Bragg, onde a distância do
feixe transmitido ao feixe difratado r no plano fotográfico é relacionado com a constante de câmera do microscópio. A
constante de câmera é o produto do comprimento de onda λ pelas distância efetiva das amostras ao filme L. Assim, a
Lei de Bragg para difração de elétrons, em MET, é apresentada da seguinte forma
         rd = λL                                                                                                        (1)
      A distância interplanar d é calculada a partir do parâmetro de rede a e dos índices de Miller (h k l), aplicando a
expressão dada por
                   a2
      d2 =                                                                                                                        (2)
              h2 + k 2 + l 2
3. Resultados

     Na Figura[1-a] nota-se a presença de nitreto de cromo, precipitado após forjamento e laminação a quente, seu
modelo de difração está representado na Figura[1-b]. A Figura [1-c] mostram a microestrura do material no estado
solubilizado, observa-se nestas micrografias a presença de inclusões.




            Cr 2 N




                     (a)                                       (b)                                          (c)
  Figura 1 – (a) Fotomicrografia eletrônica de transmissão, em campo claro, presença de precipitados de diferentes morfologia -
 Lâmina fina; (b) difratograma de Cr2N, identificado em (a); (c) fotomicrografia ótica, presença de inclusões na matriz austenítica.
                                     Ácido nítrico 60%, 1,5V - Aço ISO 5832-9 solubilizado.

      Na Figura [2-a] verifica-se a presença de nitreto de nióbio, com morfologia esferoidal, na mesma figura estão
presentes precipitados alongados. O modelo de difração do precipitado Nb-N está registrado na Figura [2-b]. O
difratrograma da Figura [2-c], confirma o nitreto, em forma alongada, sendo uma fase intermetálica Z. O espectrograma
da Figura [3], mostra a grande presença de Nb na composição da fase Z (Fe-Cr-NbN).
Z                              Nb-N                                             Z




                  Nb-N




                    (a)                                         (b)                                        (c)
Figura 2 – (a) Fotomicrografia eletrônica de transmissão, campo claro, presença de fase Z, Nb-N, e precipitados finos alinhados; (b)
          difratograma do nitreto Nb-N; (c) difratograma da fase Z. Lâmina fina – Aço ISO 5832-9 recozido 600oC/24h.




                       Figura 3 – Espectrograma de energia dispersiva, da fase Z identificada na Figura [4].




                          χ.




                      (a)                                         (b)                                        (c)
   Figura 4 – (a) Fotomicrografia eletrônica de transmissão, campo claro, lâmina fina; (b) difratograma da fase de baixo contraste
 presente no centro de (a), identificada como fase χ; (c) Fotomicrografias ótica, estrutura com grãos de tamanho homogêneo, pouca
                       presença de inclusões - acido nítrico 60%, 1,5V - Aço ISO 5832-9 recozido 700oC/24h.

     Na Figura [4-a] é notada a presença de nitretos de nióbio grosseiros, que podem ser facilmente observados pelo
seu forte contraste e morfologia esferoidal, e de fases intermetálicas de baixa intensidade. O difratograma desta fase,
Figura [4-b], a caracteriza como uma fase intermetálica χ, desprovida de Nb em sua composição.
Em virtude das dificuldades encontradas no preparo de amostras para MET, não foi possível obter amostras com
lâmina fina na condição de 800o C. Nesta condição, ocorreu a maior quantidade de inclusões, 1,618% em área, o que
representa aproximadamente duas vezes a quantidade de inclusões presente na condição solubilizada. A Figura [5]
mostra a grande quantidade de inclusões presentes na microestrutura do aço ISO 5832-9 recozido a 800o C/24h.




 Figura 5 – Fotomicrografias ótica, grande porcentagem de inclusões na microestrutura. Ácido nítrico 60%, 1,5V - Aço ISO 5832-9
                                                      recozido 800oC/24h.

      Observando a Figura [6-a] verifica-se precipitados de diferentes morfologias e composições químicas. Os
difratogramas da Figura [6] mostram os spots difratados por uma fase intermetálica χ (Fe-Cr-Mo) e por um nitreto de
nióbio (Nb-N). Também em (a), observa-se um precipitado de morfologia característica de nitreto de cromo (Cr2 N).




        χ
                              Cr 2 N




     Nb-N




 Figura 6 – (a) Fotomicrografia eletrônica de transmissão, campo claro; (b) difratograma da fase intermetálica χ (Fe-Cr-
             Mo); (c) difratograma do nitreto de nióbio. Lâmina fina - Aço ISO 5832-9 recozido 900o C/24h.

     A baixo, nota-se presença de agrupamentos de inclusões no aço recosido a 900o C, Figura [7].




   Figura 7 – Fotomicrografia ótica, inclusões agrupadas em contornos de grão. Ácido nítrico 60%, 1,5V - Recozido 900oC/24h.
A imagem em campo escuro, Figura [8-b], mostra grande quantidade de nitreto de cromo espalhado na matriz. As
partículas que aparecem com a mesma intensidade difratada na imagem campo escuro são da mesma natureza. Ainda,
analisando a Figura [8], observa-se presença de nitretos grosseiros em diferentes morfologias.
      O difratograma das partículas contidas no círculo na Figura [8], (a) e (b), confirma a presença de nitreto de cromo
(Cr2 N). O difratograma foi registrado em exposição única, diferentemente dos demais apresentados anteriormente, onde
foi utilizada a técnica de dupla exposição. A dupla exposição facilita a identificação do feixe difratado pela partícula de
interesse, no entanto deve ser realizada quando o difratograma corresponder a uma única partícula. Neste caso, o
difratograma foi fotografado em exposição única devido a necessidade de se obter spots difratados das três partículas,
que são da mesma natureza.




  Figura 8 – Fotomicrografias eletrônicas de transmissão. (a) campo claro; (b) campo escuro; (c) difratograma das 3 partículas ao
                centro de (a) e (b), caracterizadas como Cr2N. Lâmina fina - Aço ISO 5832-9 recozido 900oC/24h.

     As análises realizadas com auxílio de microscopia ótica mostraram a influência da temperatura de recozimento na
quantidade de inclusões presentes na microestrutura resultante do material, Tabela [2]. As temperaturas de 800 e 900o C,
apresentaram-se mais favoráveis à precipitação, sendo encontradas uma grande variedade de precipitados de diferentes
morfologias.

                                 Tabela 2 – Quantidade de inclusões (% área) no aço ISO 5832-9.
                                         Condição                 Inclusões [% área]
                                      como recebido                      0,835
                                     Recozido 600oC                      0,725
                                     Recozido 700oC                      0,731
                                     Recozido 800oC                      1,618
                                     Recozido 900oC                      1,253

      A seguir são apresentados, na Tabela [3], valores de algumas propriedades mecânicas aço ISO 5832-9, medidas
após diferentes temperaturas de tratamento térmico. De uma maneira geral, as propriedades mecânicas apresentaram
pequenas variações. Ainda que a dureza tenha aumentado com o aumento da temperatura, o mesmo não ocorreu com o
limite de resistência à tração, o qual apresentou um valor máximo nas amostras tratadas a 800o C.

                            Tabela 3 – Propriedades mecânicas do aço ISO 5832-9 no estado recozido.
                                          Limite de Resistência              Limite de                      Dureza Vickers
                 Material
                                            à Tração [N/mm2]           Escoamento [N/mm2]                       [HV]
           solubilizado                            831                          462                              229
          Recozido 600oC                           867                          523                              240
          Recozido 700oC                           860                          486                              250
          Recozido 800oC                           893                          494                              252
          Recozido 900oC                           865                          473                              253

4. Conclusões

      A influência da temperatura de recozimento, na microestrutura um aço inoxidável austenítico com alto teor de
nitrogênio, foi estudada neste trabalho. As principais conclusões obtidas, são:
       √ A microestrutura do material no estado de como recebido, solubilizado e laminado à quente, mostrou-se
            isenta de ferrita, no entanto a precipitação e nitretos se deve ao efeito da laminação;
√    Em todas as temperaturas de recozimento ocorreu grande precipitação de nitreto de nióbio, de diferentes
           morfologias. A fase Z foi verificada nas amostras tratadas termicamente a 600o C. Foi verificada a presença
           da fase χ nas temperaturas de 700 e 900o C;
      √    A temperatura de 800 e 900o C mostraram-se mais favoráveis à precipiatção (fase χ, Cr2 N, NbN);
      √    As temperaturas de recozimento causaram pequenas variações nas propriedades mecânicas. O material
           mostrou-se mais frágil após tratados a 900o C.
      √    Não foi verificada a presença de ferrita em nenhuma das condições de tratamento térmico realizadas.

5. Agradecimentos

      Os autores deste trabalho agradecem ao professor Juno Gallego (DEM/FEIS/UNESP), pela ajuda prestada sobre
microscopia eletrônica de transmissão.

6. Referências Bibliográficas

ASTM STANDARD. Standard specification fo stainless steel bar and wire for surgical implants (Speciao Quality).
    1996. (F 138–86).
BORDJI, K. et al. Evaluation of the effect of three surface treatments on the biocompatibility of 316L stainless
    steel using human differentiated cells. Biomaterials, v.17, n.5, p.491-500, 1996.
INTERNATIONAL STANDARD. Implants for surgery – Metallic materials. Part 9: Wrought high nitrogen
    stainless steel. 1992. (ISO 5832-9).
JACK, D.H. and JACK, K.H. Structure of Z-Phase, NbCrN. p.790-792, 1972.
KÄLLQVIST, J., ANDRÉN, H.O. Microanalysis of a stabilised austenitic stainless steel after long term ageing.
    Materials Scienc and Engineering, v.A270, p.27-32, 1999.
KOBAYASHI, D.Y. Efeito da fase sigma na resistência à corrosão por pite de aços inoxidáveis dúplex. São Paulo,
    1995, 189p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
LI, X. et al. Evolution of the microstructure of austenitic stainless steel nitrogen implanted at elevated
    temperatures. Surface and Coatings Tecnology, v.71, p. 175-181, 1995.
LI, X. et al. Cross-sectional transmission electron microscopy characterisation of plasma immersion ion
    implanted austenitic stainless steel. Surface and Coatings Tecnology, v.85, p. 28-36, 1996.
LILJAS, M., NILSSON, J.O. Development of commercial nitrogen-rich stainless steels . Materials Science Forum,
    v.318-320, p. 189-200, 1999.
MACHADO, I.F. Transformações de fase no estado sólido em alguns aços inoxidáveis austeníticos e ferríticos-
    austeníticos (dúplex) contendo altos teores de nitrogênio. São Paulo, 1999, 176p. Tese (Doutorado) - Escola
    Politécnica, Universidade de São Paulo.
ÖRNHAGEN, C. et al. Characterization of a nitrogen-rich austenitic stainless steel used for osteosynthesis
    devices. Journal of Biomedical Materials Research, v.31, p.97-103, 1996.
PADILHA, A.F., GUEDES, L.C. Aços inoxidáveis austeníticos – microestrutura e propriedades. São Paulo: Hemus
    Editora, 1994. p.170.
RAMAN, S.G.R., PADMANABHAN, K.A. Influence of martensite formation and grain size on room temperature
    low cycle fatigue behaviour of AISI 304LN austenitic stainless steel. Materials Science and Technology, v. 10, p.
    614-20, 1994.
ROMU, J., HÄNNINEN, H. Effect of nitrogen content on precipitation during isothermal annealing of P/M high
    nitrogen austenitic stainless steels . Materials Science Forum, v.318-320, p.673-680, 1999.
SHANKAR, P. et al. Effect of thermal aging on the room temperature tensile properties of AISI type 316LN stainless
    steel. Journal of Nuclear Materials, v.264, p.29-34, 1999.
SPEIDEL, M.O., PEDRAZZOLI, R.M. High nitrogen stainless steels in chloride solutions. Materials Performance,
    v.31, n.9, p.59-61, Sep. 1992.
STEIN, G., MENZEL, J. Nitrogen alloyed – a new generation of materials with extraordinary properties.
    International Journal of Materials and Products Technology, v. 10, n.3-6, p.290-302, 1995.
SUNDARARAMAN, D. et al. Electron microscopic study of Cr 2 N formation in thermally aged 316LN austenitic
    stainless steels . Metallurgical and Materials Transactions A: Physical Metallurgy and Materials, v.27A,
    p.1175-1186, 1996.
USTINOVSHIKOV, Y. et al. Microstructure and properties of the high-nitrogen Fe-Cr austenite. Materials
    Science and Engineering, v.A262, p.82-87, 1999.
VOGT, J.B. Hydrogen-induced phase transformation in a high nitrogen austenitic stainless steel. Corrosion
    Science, v.41, p.519-528, 1999.
WHITE, W.E., LE MAY, I. Metallographic observations on the formation and occurence of ferrite, sigma phase,
    and carbides in austenitic stainless steels . Metallography, v.3, p.35-50, 1970.
INFLUENCE OF THE ANNEALING THERMAL CYCLE IN MICROSTRUCTURE OF AN
AUSTENITIC STAINLESS STEEL WITH HIGH NITROGEN CONTENT USED IN THE
PRODUCTION OF IMPLANT ORTHOPAEDICS

Silva Neto, Otavio Villar 1

Tokimatsu, Ruis Camargo1

Ventrella, Vicente Afonso1

Guimarães, Vagner Alves 2
1
  Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - Departamento de Engenharia
Mecânica
Av. Brasil, 56, Cx. P.:31, CEP: 15385-000, Fone: (018) 3743 – 1038, Fax: (018) 762 – 2992, Ilha Solteira, SP -
Brasil
e-mail: villar@dem.feis.unesp.br
2
  Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Engenharia Mecânica - Departamento de Engenharia de
Materiais.

Abstract. Among the different metallic alloys used as biomaterials, the austenitic stainless steels are the more utilized in
nowadays. These steels come being used since the decade of 20 and they still stay in full expansion, due its good
biocompatibility and physical properties and for they present great workability. Besides, stainless steels are the materials
more cheap for such applications. Lamentably, one of its main limitations for its clinical use is the tendency to suffer
corrosion when implanted. In the present time, it comes being studied a new class of stainless steels with high nitrogen
content, normalized by the norm ISO 5832-9, as an alternative for substitution of the steel AISI 316L, that now is the steel
more used in implant orthopaedic. Some advantages of that new steel already were pointed for some researchers; larger
resistance to the corrosion for pite and under fatigue and mechanics. On the other hand, the influence of different thermal
treatments about the microstructure variations, and precipitation, in these materials, they are not still known fully, being able
to not, this way, to cause undesirable alterations to its mechanical and corrosion properties. It is intended, starting from the
accomplishment of this work, to have a good knowledge on the kinetics of precipitation of the austenitic stainless steels with
high nitrogen content. For so much, the precipitation phenomenon will be studied starting from the thermal treatment of
annealing in the temperatures of 600, 700, 800 and 900oC (for 24 hours), followed by cooling in water. This way, a
correlation was searched between the thermal cycle of annealing and the consequent precipitation in these steels, so much in
the austenitic matrix as in the grain boundary. Through optic microscopy it could be evaluated the transformations of phases,
presence of delta ferrite, the amount precipitate resultants of the different annealing temperatures. For the analysis for ray-X
diffraction, it was characterized carbides and intermetallic phases.

Keywords: austenitic stainless steel, nitrogen, precipitates .

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

101534 manual projeto_e_durabilidade_2017
101534 manual projeto_e_durabilidade_2017101534 manual projeto_e_durabilidade_2017
101534 manual projeto_e_durabilidade_2017DaniloMarmPinheiro
 
Aula 3- Principais Tipos de Corrosão
Aula 3- Principais Tipos de CorrosãoAula 3- Principais Tipos de Corrosão
Aula 3- Principais Tipos de Corrosãoprimaquim
 
Corrosão em Estrutura de Concreto Armado
Corrosão em Estrutura de Concreto ArmadoCorrosão em Estrutura de Concreto Armado
Corrosão em Estrutura de Concreto ArmadoRodrigo Duarte
 
1a corrosão extraçao ions cloreto
1a   corrosão extraçao ions cloreto1a   corrosão extraçao ions cloreto
1a corrosão extraçao ions cloretoJho05
 
12 aula corrosão tanque e purgadores
12 aula corrosão tanque e purgadores12 aula corrosão tanque e purgadores
12 aula corrosão tanque e purgadoresHomero Alves de Lima
 
Corrosão dos metais
Corrosão dos metaisCorrosão dos metais
Corrosão dos metaisIsaquebadboy
 
Aluminio e suas ligas
Aluminio e suas ligasAluminio e suas ligas
Aluminio e suas ligasEduardo Maia
 
71601130 principais-metodos-de-prevencao-de-corrosao
71601130 principais-metodos-de-prevencao-de-corrosao71601130 principais-metodos-de-prevencao-de-corrosao
71601130 principais-metodos-de-prevencao-de-corrosaoProfjorge Silva
 
Casos de corrosao
Casos de corrosaoCasos de corrosao
Casos de corrosaoGrnb
 

Mais procurados (20)

101534 manual projeto_e_durabilidade_2017
101534 manual projeto_e_durabilidade_2017101534 manual projeto_e_durabilidade_2017
101534 manual projeto_e_durabilidade_2017
 
Aula 3- Principais Tipos de Corrosão
Aula 3- Principais Tipos de CorrosãoAula 3- Principais Tipos de Corrosão
Aula 3- Principais Tipos de Corrosão
 
Relatório corrosão
Relatório corrosãoRelatório corrosão
Relatório corrosão
 
Corrosão de metais
Corrosão de metaisCorrosão de metais
Corrosão de metais
 
Relatório corrosão
Relatório corrosãoRelatório corrosão
Relatório corrosão
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
Corrosão dos metais
Corrosão  dos metaisCorrosão  dos metais
Corrosão dos metais
 
Corrosão em Estrutura de Concreto Armado
Corrosão em Estrutura de Concreto ArmadoCorrosão em Estrutura de Concreto Armado
Corrosão em Estrutura de Concreto Armado
 
Inconel 625
Inconel 625Inconel 625
Inconel 625
 
Meios corrosivos
Meios corrosivosMeios corrosivos
Meios corrosivos
 
Ana nery corrosão de metais
Ana nery   corrosão de metaisAna nery   corrosão de metais
Ana nery corrosão de metais
 
1a corrosão extraçao ions cloreto
1a   corrosão extraçao ions cloreto1a   corrosão extraçao ions cloreto
1a corrosão extraçao ions cloreto
 
Seminario pp1-metais nao ferrosos
Seminario pp1-metais nao ferrososSeminario pp1-metais nao ferrosos
Seminario pp1-metais nao ferrosos
 
12 aula corrosão tanque e purgadores
12 aula corrosão tanque e purgadores12 aula corrosão tanque e purgadores
12 aula corrosão tanque e purgadores
 
Corrosão dos metais
Corrosão dos metaisCorrosão dos metais
Corrosão dos metais
 
Aluminio e suas ligas
Aluminio e suas ligasAluminio e suas ligas
Aluminio e suas ligas
 
Alumínio e suas ligas
Alumínio e suas ligasAlumínio e suas ligas
Alumínio e suas ligas
 
Corrosão em concreto
Corrosão em concretoCorrosão em concreto
Corrosão em concreto
 
71601130 principais-metodos-de-prevencao-de-corrosao
71601130 principais-metodos-de-prevencao-de-corrosao71601130 principais-metodos-de-prevencao-de-corrosao
71601130 principais-metodos-de-prevencao-de-corrosao
 
Casos de corrosao
Casos de corrosaoCasos de corrosao
Casos de corrosao
 

Destaque

Presentazione tecnologia+persone=innovazione seminario_20mag2009
Presentazione tecnologia+persone=innovazione seminario_20mag2009Presentazione tecnologia+persone=innovazione seminario_20mag2009
Presentazione tecnologia+persone=innovazione seminario_20mag2009kylinitalia
 
Cumplimiento del personero
Cumplimiento del personeroCumplimiento del personero
Cumplimiento del personeroandrea
 
Realtà aumentata con Wikitude - Esame Geoweb
Realtà aumentata con Wikitude -  Esame GeowebRealtà aumentata con Wikitude -  Esame Geoweb
Realtà aumentata con Wikitude - Esame GeowebAmedeo Fadini
 
تأثير الأشعة الفوق بنفسجية على الجلد
تأثير الأشعة الفوق بنفسجية على الجلدتأثير الأشعة الفوق بنفسجية على الجلد
تأثير الأشعة الفوق بنفسجية على الجلدAsmaaarafat
 
Ativi4saletecardozo
Ativi4saletecardozoAtivi4saletecardozo
Ativi4saletecardozoLetinha47
 

Destaque (7)

Presentazione tecnologia+persone=innovazione seminario_20mag2009
Presentazione tecnologia+persone=innovazione seminario_20mag2009Presentazione tecnologia+persone=innovazione seminario_20mag2009
Presentazione tecnologia+persone=innovazione seminario_20mag2009
 
Cumplimiento del personero
Cumplimiento del personeroCumplimiento del personero
Cumplimiento del personero
 
Realtà aumentata con Wikitude - Esame Geoweb
Realtà aumentata con Wikitude -  Esame GeowebRealtà aumentata con Wikitude -  Esame Geoweb
Realtà aumentata con Wikitude - Esame Geoweb
 
تأثير الأشعة الفوق بنفسجية على الجلد
تأثير الأشعة الفوق بنفسجية على الجلدتأثير الأشعة الفوق بنفسجية على الجلد
تأثير الأشعة الفوق بنفسجية على الجلد
 
Punto 5
Punto 5Punto 5
Punto 5
 
Ii
IiIi
Ii
 
Ativi4saletecardozo
Ativi4saletecardozoAtivi4saletecardozo
Ativi4saletecardozo
 

Semelhante a Influência do ciclo térmico de recozimento na microestrutura de um aço inoxidável austenítico

Aços inoxidáveis duplex e super duplex obtenção e
Aços inoxidáveis duplex e super duplex   obtenção eAços inoxidáveis duplex e super duplex   obtenção e
Aços inoxidáveis duplex e super duplex obtenção eAdelmo SEAV Ribeiro Moreira
 
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]EngenheiroMarcio
 
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalicDesenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalicJho05
 
Ferro Fundido Cinzento
Ferro Fundido CinzentoFerro Fundido Cinzento
Ferro Fundido CinzentoSolaGratia9
 
Silva neto ov conamet_2007
Silva neto ov conamet_2007Silva neto ov conamet_2007
Silva neto ov conamet_2007Karina Mello
 
Mat tub apostila_1 - cópia
Mat tub apostila_1 - cópiaMat tub apostila_1 - cópia
Mat tub apostila_1 - cópiaElias Aniceto
 
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdfSoldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdfWILLIANRICARDODOSSAN1
 
Acta microscopica 2007_silva netoov
Acta microscopica 2007_silva netoovActa microscopica 2007_silva netoov
Acta microscopica 2007_silva netoovKarina Mello
 
Apostila aço inox. soldagem
Apostila aço inox.   soldagemApostila aço inox.   soldagem
Apostila aço inox. soldagemVerlaine Verlaine
 
Acoinoxidavel nocoesbasicas
Acoinoxidavel nocoesbasicasAcoinoxidavel nocoesbasicas
Acoinoxidavel nocoesbasicasWeniton Oliveira
 
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.pptAula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.pptssuser56e4041
 
Abm 2000 hc9494_villar
Abm 2000 hc9494_villarAbm 2000 hc9494_villar
Abm 2000 hc9494_villarKarina Mello
 
Lista de exercícios_i_classificação_dos_aços
Lista de exercícios_i_classificação_dos_açosLista de exercícios_i_classificação_dos_aços
Lista de exercícios_i_classificação_dos_açosGlaucoVelosodosSantos
 
Apostila aco-inox-soldagem
Apostila aco-inox-soldagemApostila aco-inox-soldagem
Apostila aco-inox-soldagemMarcelo Borges
 
Apostila aco inox_soldagem
Apostila aco inox_soldagemApostila aco inox_soldagem
Apostila aco inox_soldagemmfojezler
 
Acesita apostila aço inox soldagem
Acesita apostila aço inox soldagemAcesita apostila aço inox soldagem
Acesita apostila aço inox soldagemOkutagawa
 
17 cbecimat 311-006-2006_villar
17 cbecimat 311-006-2006_villar17 cbecimat 311-006-2006_villar
17 cbecimat 311-006-2006_villarKarina Mello
 
Aula 2 estrutura cristalina
Aula 2   estrutura cristalinaAula 2   estrutura cristalina
Aula 2 estrutura cristalinaRoberto Villardo
 

Semelhante a Influência do ciclo térmico de recozimento na microestrutura de um aço inoxidável austenítico (20)

Aços inoxidáveis duplex e super duplex obtenção e
Aços inoxidáveis duplex e super duplex   obtenção eAços inoxidáveis duplex e super duplex   obtenção e
Aços inoxidáveis duplex e super duplex obtenção e
 
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
Tratamentos térmicos de aços ferramentas [braz]
 
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalicDesenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
Desenh estrut apostila03(texto)estrmetalic
 
Ferro Fundido Cinzento
Ferro Fundido CinzentoFerro Fundido Cinzento
Ferro Fundido Cinzento
 
Silva neto ov conamet_2007
Silva neto ov conamet_2007Silva neto ov conamet_2007
Silva neto ov conamet_2007
 
Mat tub apostila_1 - cópia
Mat tub apostila_1 - cópiaMat tub apostila_1 - cópia
Mat tub apostila_1 - cópia
 
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdfSoldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
Soldagem A_os Inoxid_veis P_s (1).pdf
 
Acta microscopica 2007_silva netoov
Acta microscopica 2007_silva netoovActa microscopica 2007_silva netoov
Acta microscopica 2007_silva netoov
 
Apostila aço inox. soldagem
Apostila aço inox.   soldagemApostila aço inox.   soldagem
Apostila aço inox. soldagem
 
Acoinoxidavel nocoesbasicas
Acoinoxidavel nocoesbasicasAcoinoxidavel nocoesbasicas
Acoinoxidavel nocoesbasicas
 
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.pptAula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
Aula 6B - Aço inox versao ALUNO.ppt
 
Abm 2000 hc9494_villar
Abm 2000 hc9494_villarAbm 2000 hc9494_villar
Abm 2000 hc9494_villar
 
Lista de exercícios_i_classificação_dos_aços
Lista de exercícios_i_classificação_dos_açosLista de exercícios_i_classificação_dos_aços
Lista de exercícios_i_classificação_dos_aços
 
Apostila aco-inox-soldagem
Apostila aco-inox-soldagemApostila aco-inox-soldagem
Apostila aco-inox-soldagem
 
Apostila aco inox_soldagem
Apostila aco inox_soldagemApostila aco inox_soldagem
Apostila aco inox_soldagem
 
Apostila aço inox
Apostila aço inoxApostila aço inox
Apostila aço inox
 
Acesita apostila aço inox soldagem
Acesita apostila aço inox soldagemAcesita apostila aço inox soldagem
Acesita apostila aço inox soldagem
 
17 cbecimat 311-006-2006_villar
17 cbecimat 311-006-2006_villar17 cbecimat 311-006-2006_villar
17 cbecimat 311-006-2006_villar
 
Nitretacao
NitretacaoNitretacao
Nitretacao
 
Aula 2 estrutura cristalina
Aula 2   estrutura cristalinaAula 2   estrutura cristalina
Aula 2 estrutura cristalina
 

Mais de Karina Mello

Villar ciasem 2007
Villar ciasem 2007Villar ciasem 2007
Villar ciasem 2007Karina Mello
 
Paineis materiais csbmm_2005
Paineis materiais csbmm_2005Paineis materiais csbmm_2005
Paineis materiais csbmm_2005Karina Mello
 
P083 villar ciasem 2007
P083 villar ciasem 2007P083 villar ciasem 2007
P083 villar ciasem 2007Karina Mello
 
Micromat 2004 villar
Micromat 2004 villarMicromat 2004 villar
Micromat 2004 villarKarina Mello
 
Micromat 2004 simposio_i
Micromat 2004 simposio_iMicromat 2004 simposio_i
Micromat 2004 simposio_iKarina Mello
 
Csbmm 2007 silva_neto_ebsd_metals and alloys
Csbmm 2007 silva_neto_ebsd_metals and alloysCsbmm 2007 silva_neto_ebsd_metals and alloys
Csbmm 2007 silva_neto_ebsd_metals and alloysKarina Mello
 
Conamet 2004 villar
Conamet 2004 villarConamet 2004 villar
Conamet 2004 villarKarina Mello
 
Conamet 2003 04-421
Conamet 2003 04-421Conamet 2003 04-421
Conamet 2003 04-421Karina Mello
 
Ciasem 2005 villar
Ciasem 2005 villarCiasem 2005 villar
Ciasem 2005 villarKarina Mello
 
Balancin senafor 2006_villar
Balancin senafor 2006_villarBalancin senafor 2006_villar
Balancin senafor 2006_villarKarina Mello
 
Villar sbp mat_2007
Villar sbp mat_2007Villar sbp mat_2007
Villar sbp mat_2007Karina Mello
 

Mais de Karina Mello (20)

Villar cim2011 es
Villar cim2011 esVillar cim2011 es
Villar cim2011 es
 
Villar ciasem 2007
Villar ciasem 2007Villar ciasem 2007
Villar ciasem 2007
 
Paineis materiais csbmm_2005
Paineis materiais csbmm_2005Paineis materiais csbmm_2005
Paineis materiais csbmm_2005
 
P083 villar ciasem 2007
P083 villar ciasem 2007P083 villar ciasem 2007
P083 villar ciasem 2007
 
Micromat 2004 villar
Micromat 2004 villarMicromat 2004 villar
Micromat 2004 villar
 
Micromat 2004 simposio_i
Micromat 2004 simposio_iMicromat 2004 simposio_i
Micromat 2004 simposio_i
 
Imc17 2010 i4519
Imc17 2010 i4519Imc17 2010 i4519
Imc17 2010 i4519
 
Csbmm 2007 silva_neto_ebsd_metals and alloys
Csbmm 2007 silva_neto_ebsd_metals and alloysCsbmm 2007 silva_neto_ebsd_metals and alloys
Csbmm 2007 silva_neto_ebsd_metals and alloys
 
Csbmm 2005 villar
Csbmm 2005 villarCsbmm 2005 villar
Csbmm 2005 villar
 
Csbmm 2003 villar
Csbmm 2003 villarCsbmm 2003 villar
Csbmm 2003 villar
 
Csbmm 2002 otavio
Csbmm 2002 otavioCsbmm 2002 otavio
Csbmm 2002 otavio
 
Csbmm 2001 villar
Csbmm 2001 villarCsbmm 2001 villar
Csbmm 2001 villar
 
Conem 2004 villar
Conem 2004 villarConem 2004 villar
Conem 2004 villar
 
Conamet 2004 villar
Conamet 2004 villarConamet 2004 villar
Conamet 2004 villar
 
Conamet 2003 04-421
Conamet 2003 04-421Conamet 2003 04-421
Conamet 2003 04-421
 
Ciasem 2005 villar
Ciasem 2005 villarCiasem 2005 villar
Ciasem 2005 villar
 
Balancin senafor 2006_villar
Balancin senafor 2006_villarBalancin senafor 2006_villar
Balancin senafor 2006_villar
 
1 cof11-0274
1   cof11-02741   cof11-0274
1 cof11-0274
 
Villar sbp mat_2007
Villar sbp mat_2007Villar sbp mat_2007
Villar sbp mat_2007
 
Chefe x lider
Chefe x liderChefe x lider
Chefe x lider
 

Influência do ciclo térmico de recozimento na microestrutura de um aço inoxidável austenítico

  • 1. INFLUÊNCIA DO CÍCLO TÉRMICO DE RECOZIMENTO NA MICROESTRUTURA DE UM AÇO INOXÍDÁVEL AUSTENÍTICO COM ALTO TEOR DE NITROGÊNIO UTILIZADO NA FABRICAÇÃO DE IMPLANTES ORTOPÉDICOS Silva Neto, Otavio Villar 1 Tokimatsu, Ruis Camargo1 Ventrella, Vicente Afonso1 Guimarães, Vagner Alves 2 1 Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - Departamento de Engenharia Mecânica Av. Brasil, 56, Cx. P.:31, CEP: 15385-000, Fone: (018) 3743 – 1038, Fax: (018) 762 – 2992, Ilha Solteira, SP - Brasil e-mail: villar@dem.feis.unesp.br 2 Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Engenharia Mecânica - Departamento de Engenharia de Materiais. Resumo . Dentre as diferentes ligas metálicas utilizadas como biomateriais, os aços inoxidáveis austeníticos são as mais empregadas atualmente. Estes aços vêm sendo utilizado desde a década de 20 e ainda permanecem em plena expansão, devido sua boa biocompatibilidade e propriedades físicas e por apresentarem grande trabalhabilidade. Além disso, aços inoxidáveis são os materiais mais baratos para tais aplicações. Lamentavelmente, uma de suas principais limitações para seu uso clinico é a tendência à sofrer corrosão quando implantado. Atualmente, vem sendo estudado uma nova classe de aços inoxidáveis com elevado teor de nitrogênio, normalizados pela norma ISO 5832-9, como uma alternativa para substituição do aço AISI 316L, que atualmente é o aço mais utilizado em implantes ortopédicos. Algumas vantagens desse novo aço já foram apontadas por alguns pesquisadores; maior resistências mecânica e à corrosão por pite e sob fadiga. Por outro lado, a influência de diferentes tratamentos térmicos sobre as variações microestruturais, e precipitação, nestes materiais, ainda não são plenamente conhecidas, podendo, desta forma, causar alterações indesejáveis às suas propriedades mecânicas e/ou de corrosão. Pretende-se, a partir da realização deste trabalho, ter um bom conhecimento sobre a cinética de precipitação dos aços inoxidáveis austeníticos com alto teor de nitrogênio. Para tanto, o fenômeno de precipitação será estudado a partir do tratamento térmico de recozimento nas temperaturas de 600, 700, 800 e 900oC (por 24 horas), seguido de resfriamento em água. Desta forma, buscou-se uma correlação entre o ciclo térmico de recozimento e a conseqüente precipitação nestes aços, tanto na matriz austenítica como nos contornos de grão. Por intermédio de microscopia ótica pôde-se avaliar as transformações de fases, presença de ferrita delta, a quantidade de precipitados resultantes das diferentes temperaturas de recozimento. Pela análise por difração de raio-X, caracterizou-se carbonetos e fases intermetálicas. Palavras chaves: aço inoxidável austenítico, nitrogênio, precipitação. 1. Introdução Dentre as diferentes ligas metálicas utilizadas como biomateriais, os aços inoxidáveis austeníticos são os mais empregados, apresentando uma vasta gama de aplicação. Estes aços vêm sendo utilizados desde a segunda metade da década de 20 e ainda permanecem em plena expansão, devido às suas propriedades favoráveis e custo relativamente baixo. Como implantes ortopédicos para substituição de articulações e fixação de fraturas, estes aços vêm sendo usados a mais de meio século. No entanto, os primeiros aços inoxidáveis austeníticos apresentavam-se insatisfatórios do ponto de vista de resistência à corrosão intergranular, proveniente da precipitação preferencial de carbonetos de cromo nos contornos de grão e conseqüente sensitização das regiões adjacentes a estes grãos. Entretanto, os aços inoxidáveis, particularmente o aço inoxidável AISI 316L, normatizado para aplicações biomédicas como ASTM F138 (1996), têm conservado um importante lugar e ainda são amplamente utilizados por terem mostrado boa biocompatibilidade, propriedades físicas superiores e podem ser modelados dentro de uma variedade de formas e tamanhos para fios metálicos, parafusos, placas e implantes. Além disso, aços inoxidáveis são muito mais baratos que as ligas de titânio ou de cobalto-cromo. Lamentavelmente, uma de suas principais limitações para seu uso clinico é a tendência à sofrer corrosão quando implantado. A liberação de íons metálicos de Cr e Ni, dentro de fluídos e tecidos humano deve ser respeitado como provável fonte de problemas causados a longo tempo devido aos seus conhecidos efeitos de toxidade e carcinogênico, (Bordji et al., 1996). Atualmente, vem sendo estudada uma nova classe de aços inoxidáveis com elevado teor de nitrogênio, normatizados segundo a norma ISO 5832, como uma alternativa para substituição do 316L. Algumas vantagens desse novo aço, já foram apontadas por alguns pesquisadores, em especial sua maior resistência mecânica e maior resistência à corrosão por pite e sob fadiga.
  • 2. É de extrema importância correlacionar as variações microestruturais ocorridas nestes aços com seu comportamento mecânico, bem como com suas propriedades de resistência à corrosão. Tais variações microestruturais podem ser impostas através de diferentes meios corrosivos, tratamentos térmicos e mecânicos, os quais podem ocasionar perdas significativas das principais propriedades destes materiais. Alguns dos efeitos indesejáveis, que podem surgir durante os tratamentos térmicos realizados nesta classe de aços, são: formação de precipitados decorrentes da não solubilização total de nitrogênio na solução sólida γ, devido aos elevados teores deste elemento, ou, também, pode-se citar a possível ocorrência de formação de fases como a ferrita δ, carbonetos, fases intermetálicas (sigma e Laves) e nitretos. A caracterização microestrutural, por intermédio de microscopia ótica e eletrônica, do aço ISO 5832-9 realizada neste trabalho tem o escopo de identificar a influência exercida por tratamentos termomecânicos sobre a cinética de precipitação no aço inoxidável austenítico com alto teor de nitrogênio. 1.1. Fases Presentes nos Aços Inoxidáveis Auisteníticos Os aços inoxidáveis austeníticos, constituídos basicamente pelo sistema Fe-Cr-Ni, são amplamente utilizados devido a uma combinação favorável de propriedades, tais como: resistência à corrosão e à oxidação, resistência mecânica a quente, trabalhabilidade e soldabilidade. No entanto, não somente a matriz austenítica determina as propriedades destes materiais. Numerosas fases, tais como ferrita δ, carbonetos, fases intermetálicas, nitretos, sulfetos, boretos e martensitas induzidas por deformação, podem estar presentes na microestrutura dos aços inoxidáveis austeníticos. A quantidade, o tamanho, a distribuição e a forma destas fases têm influência marcante nas propriedades do material (Padilha & Guedes, 1994). Os carbonetos e fases intermetálicas são formados nos aços inoxidáveis austeníticos quando em exposição na faixa de 500 a 900o C. Temperaturas abaixo de 1100o C são favoráveis à precipitação de nitretos e carbonetos, no estado sólido, pois a solubilidade do nitrogênio e do carbono caem sensivelmente abaixo desta temperatura (Machado, 1999; Padilha & Guedes, 1994). No entanto, em temperaturas inferiores a 500o C a precipitação de nitretos e de carbonetos ocorre de maneira muito lenta. A precipitação inicia-se nos contornos de grão e pontos triplos, e com o tempo, crescem e formam grandes partículas angulares, sendo, por fim, agrupados em pontos triplos (White & May, 1970). A adição de molibdênio ao sistema Fe-Cr-Ni contribui para a estabilização da ferrita, além de provocar o aparecimento de várias fases intermetálicas, sendo que duas delas ocorrem com freqüência nos aços inoxidáveis: fase de Laves Fe2 Mo (η) e fase χ (Fe36 Cr12 Mo12 ) (Padilha & Guedes, 1994). A adição de elementos que apresentam maior afinidade com o C, como Ti, Nb e V, é uma medida adotada para se evitar a presença de carbonetos de cromo. No entanto, este elementos estabilizadores dão origem a carbonetos mais estáveis. Os carbonetos que correm nos aços inoxidáveis austeníticos são do tipo M23 C6 , MC e M6 C. Os carbonetos MC(M=Zr, Ti, Nb e V) são os mais estáveis dentre os carbonetos presentes nos aços inoxidáveis austeníticos, por outro lado, apresentam uma estabilidade inferior a dos nitretos e sulfetos correspondentes, sendo assim, sua solubilidade na matriz é maior. Quando comparado ao tipo M23 C6 sua capacidade de dissolver N é superior, consequentemente, sua presença é favorecida nos aços inoxidáveis austeníticos com alto teor de nitrogênio. Os carbonetos M23 C6 (M=Cr, Fe, Mo e Ni) são representados pela fórmula mais comum de Cr23 C6 , no entanto, o Cr pode ser substituído por Fe, Mo ou Ni, e o C pode ser parcialmente substituído por B ou N. Sua precipitação se dá após longos tempos de envelhecimento. Nos materiais solubilizados e envelhecidos, apresentam a seguinte seqüência de precipitação: inicialmente nos contornos de grão, contornos incoerentes de macla, contornos coerentes de macla, interior dos grãos e por fim em discordâncias. A precipitação e dissolução deste carboneto estão relacionadas às fases intermetálicas da seguinte forma: o carboneto M23 C6 precipita abaixo de 900o C, em seguida ocorre a precipitação das fases χ e de Laves, quando a matriz estiver empobrecida por completo de C, então precipita-se a fase σ. As fases de Laves, Z, χ e σ são as fases intermetálicas de ocorrência mais comum nos aços inoxidáveis austeníticos. Estas fases acarretam na perda de dutilidade e empobrecimento de importantes elementos à matriz, como Cr, Mo, Ti, V e Nb, uma vez que estes elementos podem estar presentes nas composições destas fases. Dentre elas, a fase de Laves é a única que pode proporcionar algum efeito benéfico ao material; causando endurecimento por precipitação, quando encontra-se coerente com a matriz (Padilha & Guedes, 1994). A fase sigma é um composto intermetálico, de estrutura tetragonal, não magnético que tem efeitos nocivos nas propriedades mecânicas e na resistência à corrosão dos aços inoxidáveis (Kobayashi, 1995). Ocorre nos aços inoxidáveis que apresentam os seguintes sistemas binários: Fe-Cr, Fe-Mo, Fe-Nb e Fe-V. A nucleação incoerente com a matriz em locais de alta energia e a dependência da baixa difusividade dos elementos substitucionais para esta fase crescer, faz com que sua cinética de precipitação seja muito lenta (Padilha & Guedes, 1994). Sua precipitação pode ser diretamente aplicada para todo material austenítico ou pode precipitar de outras direções ou vias de ferrita transicional, dependendo da composição da austenita (White & May, 1970). As fases de Laves possuem estrutura atômica hexagonal (Padilha & Guesdes, 1994). A fase de Laves mais comum nos aços inoxidáveis austeníticos é do tipo C14(MgZn2 ), apresentando as seguintes estequiometrias: Fe2 Mo, Fe2 Ti e Fe2 Nb. O único efeito benéfico causado por esta fase ao material é o endurecimento por precipitação, por outro lado, causa queda da dutilidade e empobrecimento da matriz em Mo, Ti, e Nb. A fase Z é detectada com freqüência nos aços inoxidáveis austeníticos que contêm Nb e N em sua composição química. Esta fase é um complexo nitreto de cromo-nióbio (Nb-Cr-N), precipitado primário, que pode conter em sua
  • 3. composição elementos como o Fe, Mn, e o Mo (Jack & Jack, 1972; Örnhagen et al., 1996). O arranjo atômico desta fase é uma distorção, tetragonal, da estrutura cúbica de corpo centrado (Jack & Jack, 1972). A composição da fase χ, que possui estrutura cúbica, é dada por Fe36 Cr12 Mo10 . A ocorrência desta fase está ligada a teores de Mo superiores a 3% no sistema Fe-Cr-Ni (Machado, 1999). Sua presença também já foi verificada no sistema Fe-Cr-Ni-Ti, onde foi encontrada com composição Fe35 Cr13 Ni3 Ti7 . Ainda que tenha uma composição muito próxima da fase sigma, difere-se desta por ser capaz de dissolver carbono, além de poder ser coerente com a matriz (Padilha & Guesdes, 1994). A presença do nitrogênio influencia a cinética de precipitação da fase Qui atrasando sua formação (Machado, 1999). Os nitretos são fases residuais que aparecem, nos aços inoxidáveis austeníticos, em pequenas quantidades devido a baixa solubilidade do nitrogênio na austenita. A solubilidade do nitrogênio no ferro líquido está basicamente ligada à composição da liga, estrutura cristalina, temperatura e pressão (Machado, 1999). O cromo e o manganês são exemplos de elementos que aumentam a solubilidade do nitrogênio no ferro, enquanto o níquel provoca efeito contrário (Machado, 1999). A estrutura cristalina cúbica de face centrada do ferro, a 1 atm, dissolve 0,4%N em peso. O ferro com estrutura cristalina cúbica de corpo centrado é capaz de dissolver apenas 0,05%N (Rawers et al., 1992b de Machado, 1999). Devido a transformação da ferrita em austeníta, o decréscimo da temperatura, faz com que ocorra um aumento na porcentagem em peso de N nas ligas do sistema Fe-Cr-Ni-N e Fe-Cr-Mn-N, (Speidel, 1989 de Machado, 1999). Segundo Liljas e Nilsson (1999), a solubilidade do N aumenta, com o decréscimo da temperatura, tanto na austeníta quanto no aço líquido. Os principais elementos formadores de nitretos são Zr, Ti e Nb, mas na ausência desses elementos ocorre a formação de Cr2 N, fase de estrutura hexagonal formada em temperaturas inferiores a 1000o C nos aços que contêm teores de nitrogênio acima de 0,1%. Em aços com teores inferiores a 0,045%N, o N encontra-se totalmente dissolvido na austenita. Os nitretos do tipo MN(M=Zr, Ti, Nb e V), de estrutura CFC, são formados durante a solidificação devido sua grande estabilidade termodinâmica, praticamente todo N presente combina-se para formar nitretos. 1.2. Influência do Ciclo Térmico nos Aços Inoxidáveis Austeníticos com Alto Teor de Nitrogênio Ainda existe um vasto caminho a ser trilhado para que se atinja um alto nível de conhecimento sobre a metalurgia dos aços inoxidáveis austeníticos com elevado teor de nitrogênio, no entanto, vários pesquisadores vêm estudando o comportamento destas ligas a cerca de dez anos. O principal objetivo apresentado nos trabalhos realizados sobre estes aços, tem sido correlacionar suas variações microestruturais com seu comportamento mecânico e, também, com suas propriedades de resistência à corrosão. Tais variações microestruturais são impostas através de diferentes meios corrosivos, tratamentos térmicos e mecânicos. Li et al. (1995) estudando o desenvolvimento microestrutural do aço inoxidável austenítico após implantação de íon de nitrogênio por imersão à plasma, verificaram que à 450o C originou uma camada modificada, amorfa, de 3µm de espessura suportada por uma camada de austenita expandida de 1,5-2,0µm de espessura, a qual conteve uma alta densidade de discordâncias. À temperatura mais elevada, a espessura da camada amorfa foi de 0,4 - 0,5µm, contendo precipitados nanocristalinos, principalmente CrN e α, também, contendo ε-Fe2-3N(Cr,Fe)N1-x e (Cr,Mo)Nx. Abaixo desta camada formou-se uma zona lamelar de CrN+α-Fe de 7,5-8,0µm de espessura, sendo formada por precipitação celular. A caracterização de um aço inoxidável austenítico rico em nitrogênio usado para dispositivos de osteosínteses foi realizada por Örnhagen et al. (1996). Verificaram grande quantidade de precipitados primários. As amostras tratadas termicamente por um longo período de tempo, apresentaram formação de precipitados intergranular. Foram verificadas grandes porcentagens de molibdênio e de nióbio nos precipitados intergranulares e primários, respectivamente. Também, verificaram uma forte tendência dos precipitados intergranulares em formar um triplo contorno de grão. A cristalografia da estrutura dos precipitados teve o seguinte resultado: • precipitados primários: morfologia alongada, identificado como fase-Z tetragonal. A composição química da fase-Z encontrada foi de 61%Ni, 25%Cr, 7%Fe, 7%Mo; • precipitados intergranulares: estrutura cúbica denominada fase-χ. Sundararaman et al. (1996) estudaram a formação de Cr2 N em aços inoxidáveis austeníticos 316LN, envelhecidos térmicamente. Verificaram que a presença de pares de discordâncias nas amostras envelhecidas, sugerem a formação de zonas ordenadas ricas em N na matriz. Nestas regiões os precipitados não puderam ser observados por MET convencional devido às suas pequenas dimensões. No decorrer do tempo de envelhecimento, verificaram a ocorrência da transição de intergranular para formação celular de Cr2 N. Estudando um aço inoxidável austenítico implantado por imersão iônica à plasma, Li et al. (1996) descobriram que uma fina camada amorfa pode ser obtida a partir da implantação de N em aços AISI 316 à temperaturas acima de 450o C. A amorfização é controlada por uma reação química no estado sólido e à baixa mobilidade dos átomos implantados e substitucionais. Após implantados, estes aços apresentaram uma estrutura predominantemente composta por precipitados celulares CrN+α obtidos à alta temperatura. Källqvist & Andrén (1998) analisaram a microestrutura em um aço inoxidável austenítico estabilizado ao Nb após longo tempo de envelhecimento. Verificaram a presença de precipitados de Nb(C,N) e fase σ. Nos materiais envelhecidos a 600 e 700o C, quase todo Nb e C foram precipitados. Todas as amostras apresentaram partículas grosseiras de Nb(C,N). Partículas de fase σ são formadas em todas as temperaturas de envelhecimento, sendo a fração
  • 4. volumétrica aumentada com o aumento da temperatura. Observaram que o material envelhecido a 500o C por 46675 horas continha íons moleculares NbN, sugerindo que agrupamentos de Nb-N ou precipitados muito menores estivessem presentes. Estudando o efeito do hidrogênio na transformação de fase num aço inoxidável austenítico com alto nitrogênio, Vogt (1998) constatou que a solubilidade dos átomos de N é aumentada com o aumento de Mn. Os átomos de N, do aço inoxidável Fe19Cr19Mn0,9N, ocupam 25% dos interstícios da estrutura CFC, a austenita é saturada rapidamente, transformando-se em uma fase muito estável, martensita εH , e em seguida em hidreto γH . O efeito do envelhecimento térmico nas propriedades de tração do aço inoxidável tipo AISI 316L foi estudado por Shankar et al. (1999). Um pequeno tempo de envelhecimento resultou no aumento do limite de escoamento como conseqüência da segregação do nitrogênio para as discordâncias. Ocorreu formação de grupos de Cr-N em amostras envelhecidas por 10 horas, e com 24 horas se deu a precipitação de Cr2 N intergranular coerente. Houve esvaziamento substancial de reforço por solução sólida principalmente devido à abundante precipitação da fase Qui acima de 100 horas. Ustinovshikov et al. (1999) estudaram a microestrutura e propriedades de aços inoxidáveis austeníticos com alto teor de nitrogênio (0,9 a 1,3%N) solubilizados a diferentes temperaturas (1150, 1200 e 1250o C), resfriadas em água. Observaram a presença de partícula de CrN não dissolvidas e placas de martensita α em amostras resfriadas a 1150o C. A liga contendo 15%Cr e 1,0%N teve somente 30% de austenita em sua estrutura após tempera a 1150o C, mostrando, assim, que o aumento do teor de Cr inibe a capacidade do N formar a austenita. Todas as ligas resfriadas a 1200o C resultaram em uma estrutura 100% austenínica, exceto na liga com 0,9%N (87%). A essa temperatura de resfriamento ocorreu grande redução de partícula de CrN e não foram observadas placas de martensita, porém nas ligas com 1,3%N foram verificados nitretos nos contornos de grão e a 0,9 e 1,0%N observaram presença de inclusões de martensita. Amostras com 1,1%N temperadas a 1250 o C e envelhecidas à temperatura ambiente não apresentaram uma estrutura homogênea. Uma melhor combinação de propriedades de resistência e dutilidade nas ligas contendo 1,2 a 1,3% N, foi verificada. O efeito da porcentagem de nitrogênio na precipitação durante o ciclo de recozimento isotérmico (500 horas a 450o C; 72 horas a 750o C) do aço inoxidável austenítco de alto nitrogênio P/M (0,3 – 0,9%N) foi pesquisado por Romu σ & Hänninen (1999). Verificaram a presença de fases intermetálicas ( e Laves) e de nitreto de cromo Cr2 N. Porcentagens de nitrogênio maiores que 0,5% retardam a precipitação de fases intermetálicas a 450 o C. A precipitação de fases intermetálicas, σ e Laves, é favorecida a 750 o C nos aços com %N<0,5, porém, nestas condições, a precipitação de Cr2 N é retardada. Já, nesta temperatura, os aços com mais de 0,5%N apresentam maior quantidade de Cr2 N em adição com fases intermetálicas, sendo estas retardadas sob a atual condição. A precipitação de Cr2 N consome Cr, tornando, desta maneira, mais difícil a precipitação da fase σ. Nos aços com 0,9%N observou Cr2 N como precipitado adjacente à fase de Laves. 2. Experimental 2.1. Materiais A Tabela [1] apresenta a composição química do aço inoxidável ISO 5832-9 (1992), no estado solubilizado (1030o C/1h), seguido de forjamento a quente (1210 a 980o C) e laminação a quente (1210 a 1150o C). Tabela 1 - Composição química do aço ISO 5832-9. Composição química, % em peso, em balanço com o ferro C Si Mn Ni Cr Mo Nb S P Cu N 0,0316 0,03 3,83 11,00 22,60 2,41 0,42 0,0026 0,023 0,05 0,291 As amostras do aço ISO 5832-9, foram cedidas pela Baumer Ortopedia S/A, já tratadas termicamente. O tratamento térmico de recozimento foi realizado nas seguintes temperaturas: 600, 700, 800 e 900o C, em um forno mufla EDG. O tempo de recozimento das amostras foi de 24 horas, sendo, em seguida resfriadas em água à temperatura ambiente. 2.2. Métodos Para estudo da microestrutura do aço utilizado neste trabalho, ISO 5832-9, tratado termicamente em diferentes temperaturas de recozimento, foram realizadas análises micrográficas, utilizando os seguintes laboratórios e equipamentos: q Microscopia ótica: realizada no Laboratório de Microscopia do DEM/FEIS/UNESP, utilizando um microscópio ótico da marca Carl Zeiss, modelo Neophot 21, e nos Laboratórios de Análise e Caracterização de Materiais do DEM/FEM/UNICAMP, bancada metalográfica Neophot 32, equipado com sistema de aquisição de imagens Leica Q500 MC; q Microscopia eletrônica de transmissão: Laboratório de Microscopia Eletrônica do DEMA/UFSCar, com auxílio de um microscópio eletrônico de transmissão da marca Philips, modelo CM 120, com tensão de aceleração de 120 kV.
  • 5. Microscopia Ótica A análise por microscopia ótica foi utilizada com a finalidade de revelar inclusões e contornos de grão austeníticos, verificando desta forma a influência do teor de nitrogênio, associado às diferentes temperaturas de tratamentos térmicos impostos ao material, na homogeneidade da estrutura resultante. Foi medida a quantidade de inclusões presentes na microestrutura resultante do material O estudo da microestrutura dos aço estudado, foi realizado por técnicas de metalografia convencional, sendo as amostras lixadas, polidas e, por fim, atacadas eletrolíticamente com solução de ácido nítrico a 60%. Microscopia Eletrônica Foram captadas imagens geradas pelo MET em campo claro e campo escuro. A primeira, foi utilizada para análise de fases e defeitos cristalinos, a partir da formação de contraste pela seleção do feixe transmitido. Os padrões de difração obtidos a partir da difração de elétrons das partículas a serem analisadas, foram comparados com fichas obtidas do banco de dados do software PDF ( Powder Diffration Database Manager ) como um critério de análise dos precipitados identificados. A microanálise química, qualitativa, das fases presentes nos aços foi realizada pela técnica de energia dispersiva de raio x (EDS). Esta técnica foi realizada em um equipamento EDAX modelo CM-12, acoplado ao MET mencionado acima. A técnica de difração de raio X foi utilizada para caracterizar precipitados e fases intermetálicas provenientes dos tratamentos térmicos impostos ao material. As análises foram realizadas em amostras de lâmina fina preparadas a -20o C, 15V, utilizando uma mistura de ácido acético (95%) e ácido perclórico (5%). Os cálculos referentes aos padrões de difração foram realizados respeitando as Leis de Bragg, onde a distância do feixe transmitido ao feixe difratado r no plano fotográfico é relacionado com a constante de câmera do microscópio. A constante de câmera é o produto do comprimento de onda λ pelas distância efetiva das amostras ao filme L. Assim, a Lei de Bragg para difração de elétrons, em MET, é apresentada da seguinte forma rd = λL (1) A distância interplanar d é calculada a partir do parâmetro de rede a e dos índices de Miller (h k l), aplicando a expressão dada por a2 d2 = (2) h2 + k 2 + l 2 3. Resultados Na Figura[1-a] nota-se a presença de nitreto de cromo, precipitado após forjamento e laminação a quente, seu modelo de difração está representado na Figura[1-b]. A Figura [1-c] mostram a microestrura do material no estado solubilizado, observa-se nestas micrografias a presença de inclusões. Cr 2 N (a) (b) (c) Figura 1 – (a) Fotomicrografia eletrônica de transmissão, em campo claro, presença de precipitados de diferentes morfologia - Lâmina fina; (b) difratograma de Cr2N, identificado em (a); (c) fotomicrografia ótica, presença de inclusões na matriz austenítica. Ácido nítrico 60%, 1,5V - Aço ISO 5832-9 solubilizado. Na Figura [2-a] verifica-se a presença de nitreto de nióbio, com morfologia esferoidal, na mesma figura estão presentes precipitados alongados. O modelo de difração do precipitado Nb-N está registrado na Figura [2-b]. O difratrograma da Figura [2-c], confirma o nitreto, em forma alongada, sendo uma fase intermetálica Z. O espectrograma da Figura [3], mostra a grande presença de Nb na composição da fase Z (Fe-Cr-NbN).
  • 6. Z Nb-N Z Nb-N (a) (b) (c) Figura 2 – (a) Fotomicrografia eletrônica de transmissão, campo claro, presença de fase Z, Nb-N, e precipitados finos alinhados; (b) difratograma do nitreto Nb-N; (c) difratograma da fase Z. Lâmina fina – Aço ISO 5832-9 recozido 600oC/24h. Figura 3 – Espectrograma de energia dispersiva, da fase Z identificada na Figura [4]. χ. (a) (b) (c) Figura 4 – (a) Fotomicrografia eletrônica de transmissão, campo claro, lâmina fina; (b) difratograma da fase de baixo contraste presente no centro de (a), identificada como fase χ; (c) Fotomicrografias ótica, estrutura com grãos de tamanho homogêneo, pouca presença de inclusões - acido nítrico 60%, 1,5V - Aço ISO 5832-9 recozido 700oC/24h. Na Figura [4-a] é notada a presença de nitretos de nióbio grosseiros, que podem ser facilmente observados pelo seu forte contraste e morfologia esferoidal, e de fases intermetálicas de baixa intensidade. O difratograma desta fase, Figura [4-b], a caracteriza como uma fase intermetálica χ, desprovida de Nb em sua composição.
  • 7. Em virtude das dificuldades encontradas no preparo de amostras para MET, não foi possível obter amostras com lâmina fina na condição de 800o C. Nesta condição, ocorreu a maior quantidade de inclusões, 1,618% em área, o que representa aproximadamente duas vezes a quantidade de inclusões presente na condição solubilizada. A Figura [5] mostra a grande quantidade de inclusões presentes na microestrutura do aço ISO 5832-9 recozido a 800o C/24h. Figura 5 – Fotomicrografias ótica, grande porcentagem de inclusões na microestrutura. Ácido nítrico 60%, 1,5V - Aço ISO 5832-9 recozido 800oC/24h. Observando a Figura [6-a] verifica-se precipitados de diferentes morfologias e composições químicas. Os difratogramas da Figura [6] mostram os spots difratados por uma fase intermetálica χ (Fe-Cr-Mo) e por um nitreto de nióbio (Nb-N). Também em (a), observa-se um precipitado de morfologia característica de nitreto de cromo (Cr2 N). χ Cr 2 N Nb-N Figura 6 – (a) Fotomicrografia eletrônica de transmissão, campo claro; (b) difratograma da fase intermetálica χ (Fe-Cr- Mo); (c) difratograma do nitreto de nióbio. Lâmina fina - Aço ISO 5832-9 recozido 900o C/24h. A baixo, nota-se presença de agrupamentos de inclusões no aço recosido a 900o C, Figura [7]. Figura 7 – Fotomicrografia ótica, inclusões agrupadas em contornos de grão. Ácido nítrico 60%, 1,5V - Recozido 900oC/24h.
  • 8. A imagem em campo escuro, Figura [8-b], mostra grande quantidade de nitreto de cromo espalhado na matriz. As partículas que aparecem com a mesma intensidade difratada na imagem campo escuro são da mesma natureza. Ainda, analisando a Figura [8], observa-se presença de nitretos grosseiros em diferentes morfologias. O difratograma das partículas contidas no círculo na Figura [8], (a) e (b), confirma a presença de nitreto de cromo (Cr2 N). O difratograma foi registrado em exposição única, diferentemente dos demais apresentados anteriormente, onde foi utilizada a técnica de dupla exposição. A dupla exposição facilita a identificação do feixe difratado pela partícula de interesse, no entanto deve ser realizada quando o difratograma corresponder a uma única partícula. Neste caso, o difratograma foi fotografado em exposição única devido a necessidade de se obter spots difratados das três partículas, que são da mesma natureza. Figura 8 – Fotomicrografias eletrônicas de transmissão. (a) campo claro; (b) campo escuro; (c) difratograma das 3 partículas ao centro de (a) e (b), caracterizadas como Cr2N. Lâmina fina - Aço ISO 5832-9 recozido 900oC/24h. As análises realizadas com auxílio de microscopia ótica mostraram a influência da temperatura de recozimento na quantidade de inclusões presentes na microestrutura resultante do material, Tabela [2]. As temperaturas de 800 e 900o C, apresentaram-se mais favoráveis à precipitação, sendo encontradas uma grande variedade de precipitados de diferentes morfologias. Tabela 2 – Quantidade de inclusões (% área) no aço ISO 5832-9. Condição Inclusões [% área] como recebido 0,835 Recozido 600oC 0,725 Recozido 700oC 0,731 Recozido 800oC 1,618 Recozido 900oC 1,253 A seguir são apresentados, na Tabela [3], valores de algumas propriedades mecânicas aço ISO 5832-9, medidas após diferentes temperaturas de tratamento térmico. De uma maneira geral, as propriedades mecânicas apresentaram pequenas variações. Ainda que a dureza tenha aumentado com o aumento da temperatura, o mesmo não ocorreu com o limite de resistência à tração, o qual apresentou um valor máximo nas amostras tratadas a 800o C. Tabela 3 – Propriedades mecânicas do aço ISO 5832-9 no estado recozido. Limite de Resistência Limite de Dureza Vickers Material à Tração [N/mm2] Escoamento [N/mm2] [HV] solubilizado 831 462 229 Recozido 600oC 867 523 240 Recozido 700oC 860 486 250 Recozido 800oC 893 494 252 Recozido 900oC 865 473 253 4. Conclusões A influência da temperatura de recozimento, na microestrutura um aço inoxidável austenítico com alto teor de nitrogênio, foi estudada neste trabalho. As principais conclusões obtidas, são: √ A microestrutura do material no estado de como recebido, solubilizado e laminado à quente, mostrou-se isenta de ferrita, no entanto a precipitação e nitretos se deve ao efeito da laminação;
  • 9. Em todas as temperaturas de recozimento ocorreu grande precipitação de nitreto de nióbio, de diferentes morfologias. A fase Z foi verificada nas amostras tratadas termicamente a 600o C. Foi verificada a presença da fase χ nas temperaturas de 700 e 900o C; √ A temperatura de 800 e 900o C mostraram-se mais favoráveis à precipiatção (fase χ, Cr2 N, NbN); √ As temperaturas de recozimento causaram pequenas variações nas propriedades mecânicas. O material mostrou-se mais frágil após tratados a 900o C. √ Não foi verificada a presença de ferrita em nenhuma das condições de tratamento térmico realizadas. 5. Agradecimentos Os autores deste trabalho agradecem ao professor Juno Gallego (DEM/FEIS/UNESP), pela ajuda prestada sobre microscopia eletrônica de transmissão. 6. Referências Bibliográficas ASTM STANDARD. Standard specification fo stainless steel bar and wire for surgical implants (Speciao Quality). 1996. (F 138–86). BORDJI, K. et al. Evaluation of the effect of three surface treatments on the biocompatibility of 316L stainless steel using human differentiated cells. Biomaterials, v.17, n.5, p.491-500, 1996. INTERNATIONAL STANDARD. Implants for surgery – Metallic materials. Part 9: Wrought high nitrogen stainless steel. 1992. (ISO 5832-9). JACK, D.H. and JACK, K.H. Structure of Z-Phase, NbCrN. p.790-792, 1972. KÄLLQVIST, J., ANDRÉN, H.O. Microanalysis of a stabilised austenitic stainless steel after long term ageing. Materials Scienc and Engineering, v.A270, p.27-32, 1999. KOBAYASHI, D.Y. Efeito da fase sigma na resistência à corrosão por pite de aços inoxidáveis dúplex. São Paulo, 1995, 189p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. LI, X. et al. Evolution of the microstructure of austenitic stainless steel nitrogen implanted at elevated temperatures. Surface and Coatings Tecnology, v.71, p. 175-181, 1995. LI, X. et al. Cross-sectional transmission electron microscopy characterisation of plasma immersion ion implanted austenitic stainless steel. Surface and Coatings Tecnology, v.85, p. 28-36, 1996. LILJAS, M., NILSSON, J.O. Development of commercial nitrogen-rich stainless steels . Materials Science Forum, v.318-320, p. 189-200, 1999. MACHADO, I.F. Transformações de fase no estado sólido em alguns aços inoxidáveis austeníticos e ferríticos- austeníticos (dúplex) contendo altos teores de nitrogênio. São Paulo, 1999, 176p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. ÖRNHAGEN, C. et al. Characterization of a nitrogen-rich austenitic stainless steel used for osteosynthesis devices. Journal of Biomedical Materials Research, v.31, p.97-103, 1996. PADILHA, A.F., GUEDES, L.C. Aços inoxidáveis austeníticos – microestrutura e propriedades. São Paulo: Hemus Editora, 1994. p.170. RAMAN, S.G.R., PADMANABHAN, K.A. Influence of martensite formation and grain size on room temperature low cycle fatigue behaviour of AISI 304LN austenitic stainless steel. Materials Science and Technology, v. 10, p. 614-20, 1994. ROMU, J., HÄNNINEN, H. Effect of nitrogen content on precipitation during isothermal annealing of P/M high nitrogen austenitic stainless steels . Materials Science Forum, v.318-320, p.673-680, 1999. SHANKAR, P. et al. Effect of thermal aging on the room temperature tensile properties of AISI type 316LN stainless steel. Journal of Nuclear Materials, v.264, p.29-34, 1999. SPEIDEL, M.O., PEDRAZZOLI, R.M. High nitrogen stainless steels in chloride solutions. Materials Performance, v.31, n.9, p.59-61, Sep. 1992. STEIN, G., MENZEL, J. Nitrogen alloyed – a new generation of materials with extraordinary properties. International Journal of Materials and Products Technology, v. 10, n.3-6, p.290-302, 1995. SUNDARARAMAN, D. et al. Electron microscopic study of Cr 2 N formation in thermally aged 316LN austenitic stainless steels . Metallurgical and Materials Transactions A: Physical Metallurgy and Materials, v.27A, p.1175-1186, 1996. USTINOVSHIKOV, Y. et al. Microstructure and properties of the high-nitrogen Fe-Cr austenite. Materials Science and Engineering, v.A262, p.82-87, 1999. VOGT, J.B. Hydrogen-induced phase transformation in a high nitrogen austenitic stainless steel. Corrosion Science, v.41, p.519-528, 1999. WHITE, W.E., LE MAY, I. Metallographic observations on the formation and occurence of ferrite, sigma phase, and carbides in austenitic stainless steels . Metallography, v.3, p.35-50, 1970.
  • 10. INFLUENCE OF THE ANNEALING THERMAL CYCLE IN MICROSTRUCTURE OF AN AUSTENITIC STAINLESS STEEL WITH HIGH NITROGEN CONTENT USED IN THE PRODUCTION OF IMPLANT ORTHOPAEDICS Silva Neto, Otavio Villar 1 Tokimatsu, Ruis Camargo1 Ventrella, Vicente Afonso1 Guimarães, Vagner Alves 2 1 Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - Departamento de Engenharia Mecânica Av. Brasil, 56, Cx. P.:31, CEP: 15385-000, Fone: (018) 3743 – 1038, Fax: (018) 762 – 2992, Ilha Solteira, SP - Brasil e-mail: villar@dem.feis.unesp.br 2 Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Engenharia Mecânica - Departamento de Engenharia de Materiais. Abstract. Among the different metallic alloys used as biomaterials, the austenitic stainless steels are the more utilized in nowadays. These steels come being used since the decade of 20 and they still stay in full expansion, due its good biocompatibility and physical properties and for they present great workability. Besides, stainless steels are the materials more cheap for such applications. Lamentably, one of its main limitations for its clinical use is the tendency to suffer corrosion when implanted. In the present time, it comes being studied a new class of stainless steels with high nitrogen content, normalized by the norm ISO 5832-9, as an alternative for substitution of the steel AISI 316L, that now is the steel more used in implant orthopaedic. Some advantages of that new steel already were pointed for some researchers; larger resistance to the corrosion for pite and under fatigue and mechanics. On the other hand, the influence of different thermal treatments about the microstructure variations, and precipitation, in these materials, they are not still known fully, being able to not, this way, to cause undesirable alterations to its mechanical and corrosion properties. It is intended, starting from the accomplishment of this work, to have a good knowledge on the kinetics of precipitation of the austenitic stainless steels with high nitrogen content. For so much, the precipitation phenomenon will be studied starting from the thermal treatment of annealing in the temperatures of 600, 700, 800 and 900oC (for 24 hours), followed by cooling in water. This way, a correlation was searched between the thermal cycle of annealing and the consequent precipitation in these steels, so much in the austenitic matrix as in the grain boundary. Through optic microscopy it could be evaluated the transformations of phases, presence of delta ferrite, the amount precipitate resultants of the different annealing temperatures. For the analysis for ray-X diffraction, it was characterized carbides and intermetallic phases. Keywords: austenitic stainless steel, nitrogen, precipitates .