O documento relata a história de três amigos apaixonados pela Ferroviária que tiveram de escolher entre assistir ao jogo decisivo para o acesso do time ou comparecer ao casamento de um deles. O casamento coincidiu com a data da vitória histórica que levou a Ferroviária de volta à elite do futebol paulista após 19 anos.
2. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA2 MAIO 2015
EDIÇÃO E REPORTAGEM
Felipe Santilho
FOTOS
Deivide Leme, Marcos
Leandro e divulgação
PROJETO GRÁFICO E
DIAGRAMAÇÃO
Valmir Campos
REVISÃO
Sergio Mendes
COLABORAÇÃO
Milton Filho
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Antonio Carlos Coutinho Nogueira
José Bonifácio Coutinho Nogueira Filho
André Coutinho Nogueira
José Bonifácio Coutinho Nogueira Neto
Marcos Frateschi
Fernando Corrêa da Silva
DEPARTAMENTO COMERCIAL
comercial@tribunaimpressa.com.br
TELEFONE
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REDAÇÃO
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DIRETOR GERAL
Rafael Corrêa
DIRETOR EXECUTIVO
Paulo Brasileiro
DIRETOR EDITORIAL
Josué Suzuki
EMPRESA JORNALÍSTICA TRIBUNA ARARAQUARA LTDA.
Os anos de sofrimento acabaram. Com uma
campanha de encher os olhos, a Ferroviária calou
a crítica e, de forma arrasadora, carimbou sua vol-
ta à Série A1 do Campeonato Paulista, após longos
19 anos de história. Mais do que isso, resgatou o
respeito e trouxe de volta o orgulho de uma cidade
que voltou a respirar futebol e a vestir grená.
O triunfo veio para provar a força do coletivo. Sem
grandesestrelas,otécnicoMiltonMendesfezquestãode
valorizar o grupo inteiro. Em cada jogo, uma mudança.
Em cada mudança, uma forma diferente de jogar e sur-
preender o adversário.
E quando a vitória parecia não vir, brilhava a estre-
la de um mineirinho de Três Corações. Alan Mineiro,
dono da camisa 7, também gravou seu nome na história
da Ferroviária. Maior artilheiro da Arena, melhor meio-
-campo da Série A2 e eleito o craque do campeonato.
Do lado de fora das quatro linhas, o título também
uniu gerações. Antônio, Carlos e João são de épocas di-
ferentes. Mas, juntos, viveram uma emoção que jamais
será esquecida pela família Segura.
Do time histórico de Bazani à equipe de guerreiros
de Milton Mendes, a certeza de que o gigante chamado
Ferroviária está de volta. E com um desafio ainda maior
pela frente: manter-se no lugar de onde jamais deferia
ter saído: a Série A1 do Campeonato Paulista.
‘Tribuna’ eterniza acesso histórico e arrasador
que colocou a Ferroviária de volta à elite
EDITORIAL
DE VOLTA
FUTEBOL
AO TOPO DO
2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
4. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Seu Antônio Fernandes Segura tem 72
anos. Ao lado da mulher, dona Adair Se-
gura, 66, ele viveu de perto os momentos
áureos da Ferroviária. Viu Bazani, Dudu,
Teia e companhia fazerem história nos
anos 60. Algo que seu filho, Carlos Segu-
ra,40,nãopôdever.Paraele,osanos1980
foram o ápice. Carlinhos vibrou com a
Locomotiva fazendo bonito na Taça de
Prata. Porém, também esteve presente na
triste queda e nos 19 anos de sofrimen-
to longe da Primeira Divisão. Um sofri-
mento compartilhado com os filhos, João
Pedro Segura, 14, e João Vitor Amaral Se-
gura, o Pitico, 11. Diferentemente do pai e
do avô, os dois garotos começaram a ves-
tir grená durante os anos em que o time
esteve na fila. Foi no momento mais difí-
cil da história da Ferrinha que os irmãos
completaram a terceira geração da família
que carrega a Locomotiva em seu DNA.
“Foi sempre algo muito natural. Nun-
ca obriguei meus filhos a torcerem pela
Ferroviária. É um gosto que eles foram
pegando com o tempo”, explica Antônio,
que tem ao seu lado uma fiel companhei-
ra de estádio. “Vamos ao campo desde
muito novos. E sempre fomos, em todos
os momentos”, completa Adair, que tem
um caderno especial de anotações feito à
mão, com tudo sobre a Ferroviária.
Seu Antônio, ou simplesmente Segu-
ra, como é conhecido, vive uma alegria
muito grande em ver o time de volta à
Série A1. Algo que o faz lembrar do aces-
so de 1966, que parou a cidade. “Foi uma
festa linda, Araraquara parou”, relembra.
Na geração do meio, Carlos diz pre-
senciar em 2015 o momento mais espe-
cial da sua vida como torcedor. “Lembro
desde a Taça de Ouro, na década de 80,
mas não foi igual agora. Ver o time subin-
do depois de tanto tempo e aquela festa
linda foi a maior emoção de todas”, conta.
Para ele, no entanto, além da alegria,
o momento é de pensar no futuro. “A
FAMÍLIA GRENÁ
A FERROVIÁRIA
NO DNA
Paixão pela Ferroviária
passa de pai para filho
na família Segura
O início de uma história
AFE é fundada por um grupo de
funcionários da Estrada de Ferro
Começou bem
Equipe terminou na 3a
posição
geral, entre 11 clubes
Primeira competição
Logo após a fundação, o time
disputou a Série A2 do Paulista
195119511950
Douglas Onça, ex-jogador
“Como é bom reviver os tempos de
jogador com a volta da Ferroviária.”
Do seuAntônio,de 72 anos,ao
pequeno João,de apenas 11,o amor
pela Ferroviária espalha-se por três
gerações da mesma família
DEIVIDE LEME/TRIBUNA ARARAQUARA
4 MAIO 2015
5. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Derrapou
Campanha abaixo do esperado
custou a eliminação precoce
No topo
Ferrinha disputa pela primeira
vez a Série A1 do Paulista
História
AFE sobe pela primeira vez à
elite, após vencer o Botafogo
Osmar Alberto Volpe, o Pio
“A Ferroviária é um time diferente de todos.
Estamos muito felizes com esta nova fase.”
1954 1955 1956
partir de agora, estamos numa situação
diferente. Ninguém sabe o que vai acon-
tecer. Mexeram com um gigante que es-
tava adormecido, que é a Ferroviária. Mas
teremos um tempo muito bom para nos
planejarmos e fazer uma grande Série
A1.” Segundo Carlos, unir forças foi o di-
ferencial para o sucesso do time este ano.
“Depois que virou S.A., sempre teve es-
trutura. Havia algumas coisas erradas por
conflitos de interesses. O grande mérito
desse novo presidente [Carlos Salmazo]
foi apaziguar esses problemas e fazer uma
corrente positiva”, completa.
DOS SABOROSOS SORVETES AO SONHADO ACESSO
Avós, pai e tios apaixonados pela Ferroviária. Não teve jeito. João Segura praticamente nasceu dentro
dos estádios. Começou a assistir aos jogos no pior momento da história grená: a disputa da Série B1,
a Quarta Divisão do Paulista.
Em meio aos sorvetes saboreados no estádio, ele foi pegando gosto também pelo futebol. “Vivi a
parte difícil, mas também a parte boa, dos acessos. Acredito que, este ano, o segredo foi a união do
nosso time. A gente percebia isso na comemoração dos jogadores”, afirma.
Já o pequeno João Vítor, o Pitico, virou o amuleto da família. Este ano foi a primeira vez que ele foi a
todos os jogos. O garoto também estava em Guaratinguetá, dia 18 de abril, no jogo do acesso. “Eu
nunca tinha visto a Ferroviária na Primeira Divisão. Estou escutando muita gente falando que não vai
mais cair. Assim espero”, diz o pé-quente, que não tem dúvidas sobre o que vai fazer no estádio. Per-
guntado se prefere sorvete ou pipoca, ele foi claro: “Vou primeiro para torcer pela Ferroviária”, afirma.
MAIO 2015 5
6. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
MARCOSLEANDRO/TRIBUNAARARAQUARA
Quem passa pelas
mãos do dentista Jarbas
do Carmo Ferreira Toloi,
de 79 anos, talvez desco-
nheça as muitas histórias
que este ex-jogador tem
para contar. Hoje, casado,
pai de dois filhos e com
quatro netos, Jarbas tem
um passado entrelaçado
com a Ferroviária.
Natural do bairro do
Carmo, em Araraquara, e
atualmente morando em
São Carlos, ele era um dos
jogadores em campo no
primeiro jogo da Ferrinha
na série A1, em 1956. Na
ocasião, ele participava do
Torneio Início, campeona-
to entre os times que dis-
BOAS LEMBRANÇAS
ELE FEZ
HISTÓRIA
Jarbas Toloi estava em campo no Torneio
Início, em 1956, primeiro compromisso
da Ferroviária na Série A1 do Paulista
putariam o Paulista naquela
temporada.
“O Pereira Lima fundou
a Ferroviária em 1950. Dois
anos depois, passei a integrar
a AFE”, conta Jarbas, que du-
rante todos os jogos atuou
como meio-campo.
O envolvimento desse ho-
mem com o futebol é de anos
antes, no final da década de
1940, quando ainda era joga-
dor amador do Paulista. Mas
foi em 1952, quando iniciou
sua trajetória no time grená,
que Jarbas começou a fazer
parte da história ao participar
do primeiro jogo da Ferrovi-
ária após o acesso.
“Foi um jogo no Torneio
Início. Como eram muitos
jogadores, nós nos revezá-
vamos cada 15 minutos”, re-
lembra ele.
Já em 1956, ano em que
a Ferroviária mostrava seu
futebol para o Estado, Jarbas
começava a conciliar os con-
frontos com os estudos da
Faculdade de Odontologia
da Unesp, carreira que segue
há 55 anos.
Durante a faculdade, o
ex-jogador despediu-se da
Ferroviária e passou a atuar
pela extinta Associação
Desportiva de Araraqua-
ra (ADA), um dos seus
maiores rivais. Com ta-
manha competição entre
os dois times, os confron-
tos eram chamados de
“Ferro-Ada”.
“Saí da Ferroviária e
passei a jogar na ADA.
Enfrentei a Ferroviária
jogando na ADA. Mas já
havia enfrentado a ADA
jogando pela Ferroviá-
ria”, relembra.
Após os estudos e des-
pedindo-se de Araraqua-
ra, Jarbas Toloi integrou
ainda as equipes de Barre-
tos e Limeira.
Hoje, há quase seis
décadas do primeiro
confronto, ele acom-
panha os jogos apenas
pela televisão. Na sua
opinião, será necessá-
rio muito planejamento
para que a Ferroviária se
mantenha na série A1.
“Continuo torcendo
pela Ferroviária. Mas,
logo após o acesso, ela
perdeu o treinador. Acre-
dito que será necessário
muito investimento, di-
reção, para que os nomes
que se destacaram não
sejam ‘puxados’ pelo Atlé-
tico Paranaense”, aponta.
“A torcida foi para ganhar,
agora a torcida será para
não cair”, completa.
TRABALHO
Jarbas
Toloi atua hoje
como dentista,
em São Carlos
MARCOSLEANDRO/TRIBUNAARARAQUARA
6 MAIO 2015
8. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
“Na alegria e na tristeza.
Na saúde e na doença. Por
todos os dias de nossas vi-
das.” A jura de amor, típica
dos casamentos, parece en-
caixar-se perfeitamente nos
milhares de corações afea-
nos, que durante 19 anos,
demonstraram, na alegria
e na tristeza, suas paixões
pelo clube. Os amigos Bru-
no, Diego e Eduardo são
FERRINHA ATÉ NO ALTAR
Três amigos, um casamento e um
acesso; a história de Eduardo, Bruno e
Diego, que trocaram o jogo de suas vidas
pelo amor de um noivo apaixonado
FELIZES
PARA
SEMPRE
matar o Edu [o noivo]; no
segundo, eu pensei em anula-
rem o casamento e, no tercei-
ro, sequestrar o noivo”, conta,
rindo, o auxiliar de produção
Diego Coxi, de 24 anos.
O casamento de Eduardo
e Gabriela Pires, na noite do
dia 18, quebrou uma supers-
tição de mais de dez anos,
seguida à risca pelos amigos:
assistirem juntos a todos os
jogos da Locomotiva.
“Fiquei triste por não
poder ir ao jogo mais im-
portante dos últimos anos,
depois de muitas viagens e
sofrimento. Mas, ao mesmo
tempo, feliz por saber que a
Ferroviária ia subir no dia do
casamento; data duplamente
inesquecível”, conta Eduardo
Jaciani Pires, 32.
Se o casamento impossi-
FERROVIÁRIA E PALMEIRAS
Bolo representou o amor
do noivo pela Ferrinha
e o da noiva peloVerdão
Dia18
Marcado bem antes da
Série A2, casamento
caiu exatamente no dia
em que a Ferroviária
voltou para a elite
bilitou os amigos de junta-
rem-se no Ninho da Garça,
em Guaratinguetá, ao me-
nos dobrou os motivos da
comemoração. “Assim que
chegamos à porta da igreja
[do Carmo, em Araraqua-
ra], nós três nos abraçamos
e comemoramos juntos”,
revela Diego, que não con-
seguiu conter a empolga-
ção e foi vestido de grená
para a cerimônia.
Com o noivo se prepa-
rando para o tão esperado
dia, o jeito foi se manter
atualizado pelo WhatsApp.
“Nós, que estávamos assis-
tindo ao jogo pela internet,
atualizamos o Edu pelo
nosso grupo no aplicati-
vo”, conta Coxi. Comemo-
rando o resultado, Bruno
Moura, 26, que também
era um dos padrinhos, che-
gou em cima da hora para
a cerimônia. “Acompanhei
o jogo de casa e, quando
acabou, corri para me ar-
rumar, fazer a barba. Che-
guei já era 18h30, mas deu
tempo”, brinca ele. (Leia
mais sobre esta história na
página 10)
ARQUIVO PESSOAL
bons exemplos disso.
Unidos pela Ferrinha, o
trio se conheceu nos jogos
e, desde 2004, não perde a
oportunidade de vestir a ca-
misa grená. Foram centenas
de jogos assistidos, mas, no
mais esperado de todos, o
dia do acesso, eis que surge
um casamento.
“Tive três pensamentos:
no primeiro, eu pensei em
8 MAIO 2015
10. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
ARQUIVO PESSOAL
UM DIA
INESQUECÍVEL
Para a noiva, Gabriela Pires, 36,
não poderia haver final mais feliz.
“Esse era o dia mais feliz da minha
vida, pois era meu casamento,
mas, ao mesmo tempo, era o dia
do acesso que era importante para
meu noivo, que sempre esperou por
isso. Fiquei superfeliz e torcendo
muito pela Ferrinha, pois sei que,
se conseguisse a vitória, seria um
dia inesquecível. O dia 18 de abril
de 2015 vai ficar na história, como
o dia mais feliz das nossas vidas”,
afirma Gabriela.
A festa, que não tinha hora para
acabar, terminou mais cedo para
Bruno e Diego. “Saímos de lá a
meia noite e fomos comemorar
o acesso na Bento de Abreu”,
relembra Bruno.
Em lua de mel, em Maceió, Eduardo
viu de longe a conquista do título,
no dia seguinte, para a alegria ficar
ainda maior e mais completa.
10 MAIO 2015
12. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Beatriz Torres, a Bia,
de apenas 7 anos, nunca
tinha visto a Ferroviária
na Primeira Divisão do
Campeonato Paulista.
Mesmo assim, ape-
sar de muito jovem, ela
já herdou do pai o amor
pelo time grená. E a pai-
xão é tanta que nem os
19 anos que a Ferrinha
ficou longe da Elite di-
VALEU, BIA!
Garota Bia, que no primeiro dia do ano fez um desenho
especial aos jogadores, comemora realização do sonho e
conquista da taça que ela desenhou quatro meses antes
‘O MEU
SONHO
REALIDADE’
SE TORNOU
minuíram os sonhos de
um 2015 diferente.
A pedido da reportagem
da Tribuna e da própria fa-
mília, ela transformou uma
simples folha de papel em
branco num desenho que
previu o futuro da Loco-
motiva. Em janeiro, ela de-
senhou um céu azul, o sol
brilhando e iluminando
o escudo da equipe. Logo
abaixo, a torcedora dese-
nhou ela própria ao lado de
um amigo com uma faixa
cobrindo a taça de campeã
da Série A2 do Campeo-
nato Paulista. Tudo exata-
mente como aconteceu.
“O meu sonho se tornou
realidade. Dei sorte à Ferro-
viária”, conta a garota.
Esbanjando fofura, ela
fez questão de desenhar o
escudo da Ferroviária bem
abaixo da taça, cravando
nela o ano que se inicia. O
uniforme grená e branco e
as chuteiras tampouco fi-
caram de fora.
“Pensei que estava no
jogo, aí ganhamos. Meu
pai pegou a taça e eu e
meu amigo levamos a fai-
xa”, conta a garota, que
fez questão de assinar sua
obra de arte.
Responsável direto por
todo este amor grená, o
pai, Helter Torres, 38, se
enche de orgulho. “Ela fez
tudo sozinha. Só pedimos
para ela fazer um desenho
que representasse o Ano-
-Novo e a Ferroviária”, ex-
plica.
Bia e Helter vão jun-
tos a quase todos os jogos
da Ferrinha na Arena da
Fonte. “Quando a gente
chega lá, ela fica mais com
a minha esposa [Daniela
Morelli Torres] e eu vou
para o meio da galera.
Mas vamos sempre jun-
tos, todos com a camisa
grená”, diz o papai-coruja.
Diferente da filha, Hel-
ter viveu todo o drama da
Ferroviária em sua deca-
SHOW DE FOFURA Ao lado do pai,
garotinha de 7 anos entregou aos
atletas um desenho com o time
erguendo a taça de campeão
MARCOS LEANDRO/TRIBUNA ARARAQUARA
12 MAIO 2015
13. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
dência na década de 90.
Ele estava presente no dia
18 de fevereiro, quando a
Locomotiva conquistou o
acesso, em Guaratinguetá.
“De 1992 para cá, vou
a praticamente todos os
jogos. Acompanhei a Série
B [equivalente à Quarta
Divisão], sofri, vi o time
ser campeão da Copa Pau-
lista [em 2006] e o rebai-
xamento em 2009”, revela
o torcedor, que também
esteve em Caxias do Sul
em 2007, vendo o time en-
frentar o Juventude, pela
Copa do Brasil.
7anos
Bia cresceu na Arena da Fon-
te, ao lado do pai, torcendo
e vibrando com a Ferroviária
em todos os momentos
É CAMPEÃO
Desenho feito
em janeiro
pela pequena
torcedora grená
REPRODUÇÃO
MAIO 2015 13
14. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
RODOLFO ALVES
DE MELO
Posição: goleiro
Idade: 24 anos
Altura: 1,89 m/Peso:
86 kg
Clubes: Atlético-PR,
Internacional-RS e
Paraná Clube
WANDER LUÍS
SANTOS ROSA
Posição: goleiro
Idade: 25 anos
Clubes:
Independente de
Limeira, Assisense
e São José FC
LUAN BUENO FERREIRA
Posição: zagueiro
Idade: 26 anos
Altura: 1,85 m/Peso: 84 kg
Clubes: Ponte Preta,
Brasiliense, CFZ-DF,
Botafogo-DF, Anápolis,
Bosque, Legião e Iporá
VINÍCIUS LOPES
LAURINDO (NEGUETE)
Posição: zagueiro
Idade: 24 anos
Altura: 1,92 m/Peso:
85 kg
Clubes: Cruzeiro-MG,
América-MG, Nacional-
MG, Cabofriense-RJ e
Ferroviária-SP
MILTON BATISTA
VIEIRA JÚNIOR
Posição: meio-campo
Idade: 23 anos
Altura: 1,85 m/Peso:
75 kg
Clubes: Ferroviária,
Asa e Internacional-
RS
PAULO HENRIQUE
MARTINS
Posição: lateral-direito
Idade: 26 anos
Altura: 1,76 m/Peso:
76 kg
Clubes: Icasa, XV de
Piracicaba, Paraná
Clube, Palmeiras,
Ferroviária e Ivinhema
ROBERTO SANTOS
Posição: lateral-
esquerdo
Idade: 24 anos
Altura: 1,76 m/Peso:
76 kg
Clubes: Bahia-BA,
Bahia de Feira-BA,
Campinense-PB,
Fluminense de Feira-BA,
Icasa e Ferroviária
ALCIDES EDUARDO MENDES
Posição: zagueiro
Idade: 29 anos
Altura: 1,92 m/Peso: 82 kg
Clubes: Vitória-BA, Shalke
04-ALE, Santos, Benfica-
POR, PSV-HOL, Dnipro-UCR,
Náutico-PE e Ferroviária-SP
RENATO XAVIER SENA
Posição: volante
Idade: 28 anos
Altura: 1,80 m/Peso: 80 kg
Clubes: Anapolina,
Aparecidense, Araxá,
Anápolis, Boa Esporte,
Anápolis, Umuarama,
Americano, Inhumas,
Atlético Goianiense e
Goianésia
OS HER
Não deu
Nesse ano, clube termina
entre os últimos colocados
Tchau, Flu!
Em amistoso na Fonte, Locomotiva
faz 5 a 1 no Fluminense
Histórico
Ferroviária termina na
inédita terceira colocação
Carlos Salmazo, presidente
“A Ferroviária de Araraquara está de
volta ao lugar mais alto, de onde ela
jamais deveria ter saído.”
DO ACEElenco que recolocou a Ferroviária na Prime
1957 1959 1960
14 MAIO 2015
GLEIDSON SANTOS
CHAGAS (FIO)
Posição: atacante
Idade: 27 anos
Altura: 1,78 m/Peso:
78 kg
Clubes: Mirassol,
Penapolense
e Ferroviária
15. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
ALAN DA CRUZ
(ALAN MINEIRO)
Posição: meio-campo
Idade: 27 anos
Altura: 1,75 m/Peso: 79 kg
Clubes: Atlético-PR, São
Bernardo, Guarani, Paulista,
Albirex Niigata-JAP e
Ferroviária
EDSON MAGAL
Posição: volante
Idade: 21 anos
Altura: 1,74 m/Peso:
75 kg
Clubes: Fortaleza,
Vitória e Ferroviária
ADRIANO PAULISTA
Posição: atacante
Idade: 25 anos
Altura: 1,82 m/Peso:
80 kg
Clubes: Operário-MT, São
Luís, Juventude-RS, Rio-
Grandense, Sertãozinho,
Vila Nova, Comercial e
Ferroviária
TIAGO ADAN FONSECA
Posição: atacante
Idade: 26 anos
Altura: 1,88 m/Peso: 85 kg
Clubes: Atlético-PR,
América-RN, Arapongas,
Romênia Astra-ROM,
Caxias, São Bento, Náutico
e Corinthians
JAIRO LUÍS BLUMER
Posição: volante
Idade: 28 anos
Altura: 1,80 m/Peso:
79 kg
Clubes: Mirassol, Atlético-
PR, Ponte Preta, São
Caetano, Vila Nova,
Barueri, XV de Piracicaba
e Ferroviária
DANILO SACRAMENTO
Posição: meio-campo
Idade: 32 anos
Altura: 1,80 m/Peso: 68 kg
Clubes: XV de Piracicaba, CRB,
Bragantino, Guarani, Grêmio Barueri, Red
Bull, Celta de Vigo-ESP, Genoa-ITA, União
Barbarense, Ponte Preta, Portuguesa,
Ponte Preta, Vasco, Cruzeiro, Monterrey-
MEX e União São João
RENAN DA SILVA RIBEIRO
Posição: volante
Idade: 25 anos
Altura: 1,84 m/Peso: 77 kg
Clubes: Ituano-SP,
Independente-SP, São
Caetano-SP, União
Barbarense-SP, Atlético
Sorocaba-SP, Mirassol-SP,
CRB-AL, Penapolense-SP e
Ferroviária
RÓIS
1ª excursão
Em Portugal, equipe enfrenta
Sporting Lisboa e Atlético de Madrid
Em 6º lugar
AFE volta a figurar entre os
melhores times do Estado
Atropelou
Ferrinha vence Palmeiras e São
Paulo duas vezes no Paulista
João Vítor, torcedor
“Me falaram que nunca mais a Ferroviária vai
voltar para a Segunda Divisão.Tomara.”
ESSOeira Divisão do Campeonato Paulista
1960 1962 1963
MAIO 2015 15
16. FOTO/TETÊVIVIANI/COLABORAÇÃO
FERROVIÁ
Em pé: Mascote Ferrão Maquinista, Enio, Júlio César, Rodolfo, Patrick, Cleidson, Luan, Neguete, Fio, Jairo, Elder Santana, Ed
Agachados: Danilo Sacramento, Milton Júnior, Tiago Adan, Paulo Henrique, Roberto, Renan, Bruno Moraes, Alan Mineiro e R
18. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Caiu
Time foi rebaixado após dez
anos seguidos na Primeira
De novo
O bicampeonato veio no ano
seguinte, com mais um título
O apogeu
Ferrinha conquistava pela
1ª vez a Taça do Interior
Carlos Segura, torcedor
“Ninguém sabe o que vai ser agora. Mexeram
com um gigante que estava adormecido.”
1965 1967 1968
3 DERROTAS
1 EMPATE
TODOS OS DADOS
CAMPANHA
GRANDE
DE TIME
Maior número de pontos da história, melhor ataque,
melhor defesa, maior público, maior renda e o craque
da competição; a história do acesso em números
7 X 1
10.004
Goleada sobre o Novorizontino, dia 11 de abril,
terminou em 4 a 0 e teve recorde de público
*NÃO ESTÃO SOMADOS
OS NÚMEROS DA
ÚLTIMA RODADA É da Ferroviária a maior goleada do torneio.
Equipe passou por cima do Monte Azul
43Com sobras,a Ferroviá
somou pontos duran
18 MAIO 2015
19. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Na história
Campanha perfeita deu o
tricampeonato do Interior
Era de ouro
Começava aí o brilho na Taça
de Prata, o antigo Brasileirão
Ressaca
Time passa uma década longe
das grandes conquistas
Fio, atacante
“Nossa missão era fazer um trabalho forte e
levar a Ferroviária à elite. Conseguimos.”
1969 1970 1980
14 VITÓRIAS
a Ferrinha depena...
Além do ótimo aproveitamento jogando
fora de casa, foi na Arena da Fonte que
a Ferroviária mostrou sua força. Em
Araraquara, além das vitórias, o time
acostumou-se a golear e a levar a torcida
ao delírio durante toda a temporada
Caiu na Arena,
Foi a renda bruta da partida contra o
Novorizontino; a maior até a última rodada
Fez o arrasador ataque da Locomotivagrená, que é o que mais foi às redes
36 GOLS
O Povo está Feliz
Tem Futebol
com a Ferroviária
da Morada do Sol
Avinhado na camisa,
que emoção!
Salve Ferroviária
do meu Coração
Ferroviária, amo você
Em qualquer hora e tempo,
Seu lema é vencer
Araraquara, venturas mil
Viva Ferroviária,
um orgulho do Brasil.
O Hino
R$ 92.940
79,6%
Aproveitamento entrou
para a história como o melhor
da Série A2 do Paulista
43ária foi o time que mais
nte toda a competição
DEIVIDE LEME/TRIBUNA ARARAQUARA
MAIO 2015 19
20. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Começo da queda
AFE começa com campanhas
fracas no Paulista
Vergonha
O time seguia perdendo
e caindo de divisões
Pesadelo
Campanha medíocre leva
a Locomotiva à Série A2
Rodrigo Sossolote, torcedor
“A Ferroviária é a minha vida. Que ela volte
para nunca mais sair da Primeira Divisão.”
1993 1996 1997
Em cada jogo, uma estratégia,
uma formação diferente e uma
pasta especial com tudo, absolu-
tamente tudo, sobre o adversário.
Os pontos fortes, os pontos fracos
e as características de cada joga-
dor do outro time.
Nada escapava da mira do téc-
nico Milton Mendes, que levou a
Ferroviária ao acesso e ao título
com duas rodadas de antecedên-
cia. O treinador, que chegou a
abrir as portas de sua casa para
uma reportagem especial da Tri-
buna durante a competição, respi-
rava Ferroviária.
Atualmente no Atlético-PR,
onde tem a missão de reestruturar
o Furacão, Mendes fez da A2 um
verdadeiro palco para mostrar na
prática todas as armas trabalha-
das durante a temporada. Para ele,
não bastava jogar por jogar. Era
preciso conhecer o rival para, aí
sim, montar sua estratégia.
“A gente sabia exatamente
como cada adversário jogava. E
sempre que eu olhava para um jo-
gador nosso, não via a pessoa. Via
as características dele e o quanto
ele poderia me ajudar taticamen-
te”, revela Mendes.
A maior goleada da Série A2,
por 7 a 1, sobre o Monte Azul,
pela 13ª rodada, por exemplo, foi
resultado de um estudo detalhado
sobre como o adversário atuava.
Uma pequena deficiência no se-
tor de marcação pelo lado esquer-
do foi explorado ao máximo pela
Ferroviária.
O jogo do acesso contra o Gua-
rá, dia 18, também não escapou
dos estudos do professor. Uma se-
mana antes, ele foi sozinho até Itá-
polis e viu das tribunas do Estádio
dos Amaros a vitória do Oeste por
1 a 0. Na ocasião, o comandante
alertou para uma possível dificul-
dade, mesmo com o adversário já
estando rebaixado.
UM ESTRATEGISTA
Milton Mendes revela como aplicou cada ‘nó tático’ em todos
os adversários que caíram frente à Ferroviária na Arena da Fonte
Um verdadeiro estrategista, Milton
Mendes armou um time diferente do
outro, contra os adversários que cruzaram
o caminho da Ferrinha
OS SEGREDOS
E A PRANCHETA
DO PROFESSOR
100%
Com Milton Mendes, a Loco-
motiva atropelou em todos
os jogos que fez na Arena
da Fonte Luminosa
MARCOS LEANDRO/TRIBUNA ARARAQUARA
20 MAIO 2015
21. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Fundo do poço
Mas um rebaixamento e a
Quarta Divisão do Estadual
Mais um degrau
Time vitorioso, com título da
Copa FPF e novo acesso à A2
Renascimento
Já S.A., Locomotiva volta aos
trilhos e sobe para a Série A3
Tuti, ex-jogador
“A palavra desse time é a superação, desde
sempre a Ferroviária é assim.”
1998
1985
2005 2006
4-2-3-1
Uma defesa forte, com os laterais apoiando e surpreendendo o lado esquerdo do adversário.
A deficiência deste setor do Monte Azul foi a estratégia tática de Milton Mendes que deu certo.
Tiago Adan, solto na frente, recebia apoio constante de Paulo Henrique. Resultado: 7 a 1.
‘GOL ENSAIADO’ VALE CHURRASCO!
Além das variações táticas, que mudavam durante as partidas,
Mendes treinava insistentemente as jogadas ensaiadas. Nas cobran-
ças de escanteio, quando Alan Mineiro erguia os braços era sinal de
um tipo de levantamento. Quando ‘amarrava’ as chuteiras, era outra
mensagem em código aos companheiros que já sabiam como se
posicionar dentro da área. Além disso, chutão é algo extremamente
dispensável na opinião do treinador. Tanto que sair tocando a bola
desde o goleiro Rodolfo até chegar ao ataque é algo normal de se
notar na atual equipe. Além disso, cada gol de jogada ensaiada, o
treinador pagava um churrasco para o time inteiro. “Foram mais de
dez. Já paguei uns seis”, brincou o comandante, antes do adeus.
MAIO 2015 21
22. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Em 2014, Alan Mineiro foi
o destaque da Ferroviária na
Série A2. No entanto, a cam-
panha que não trouxe o acesso
deixou um gosto amargo para
o jogador. Um ano depois, ele
retornou à Fonte Luminosa e,
em um novo capítulo de sua
história, transformou-se no
grande nome da conquista da
Ferrinha, após 19 longos anos
de espera.
Decisivo em partidas que
carregou o time nas costas —
marcou três gols num jogo
só —, o camisa 7 também se
transformou no maior arti-
lheiro da história da Arena da
Fonte Luminosa, com 12 gols.
Além disso, também faturou o
prêmio de melhor meio-cam-
po da competição, além de ser
eleito o craque do campeonato.
“Posso dizer que foi o me-
lhor momento da minha car-
reira. Além dos 19 anos da
Ferroviária longe da Série A1,
consegui essa marca histórica
da Arena e também fui coroado
com os prêmios. Consegui tudo
NOVO ÍDOLO
O DEMOLIDOR
DE RECORDES
Maior artilheiro da Arena,Alan Mineiro é eleito o ‘craque
do campeonato’ e comemora melhor momento da carreira
Drama
Ferrinha sofre nova queda
e volta para a Série A3
Na trave
Ferroviária chega à fase final,
mas não consegue subir
Alívio
Um ano depois, empate em
Piracicaba e volta à Série A2
2009 2010 2011
Antônio Segura, torcedor
“Torcer pela Ferroviária sempre foi algo
natural dentro da nossa família.”
UNGIDO Alan exibe bola
que marcou três gols num
jogo só e os três troféus de
melhor jogador em campo
MARCOSLEANDRO/TRIBUNAARARAQUARA
22 MAIO 2015
23. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Mais um ano...
Outra vez, campanha mediana
e o sonho do acesso adiado
Voltamos!
Campanha impecável e o time
de volta ao topo do Paulistão
UFA!
Com Jorge Saran, equipe se salva
no ‘milagre da Páscoa’ e não cai
Beatriz Torres, torcedora
“O meu sonho se tornou realidade.
Dei sorte para a Ferroviária.”
2012 20152013
isso graças a este time maravi-
lhoso”, diz o atleta, que conse-
gue mesclar a experiência com
o jeito moleque de jogar.
Para Alan Mineiro, o acesso
e o título foram incontestáveis.
“A gente sabia que ia colher o
fruto dentro de campo de todo
o trabalho que foi realizado na
preparação. Valeu a pena so-
frer a pré-temporada. Nosso
time sobrou. Mesmo nas par-
tidas que perdemos, tivemos
atuação melhor do que o ad-
versário.”
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O HOMEM DE TRÊS CORAÇÕES
Aos 27 anos, Alan Cássio da Cruz, ou simplesmente Alan
Mineiro, ganhou o apelido em referência à cidade de Três
Corações, local onde nasceu, no sul de Minas Gerais. Vir ao
mundo na mesma terra que viu o Rei Pelé nascer trouxe-lhe
uma estrela que brilhou, e muito, na Morada do Sol.
E este ‘jeito mineirinho’ de ser é algo que está na essência
do atleta. Ficar fora do jogo do acesso, dia 18 de abril, em
Guaratinguetá, deixou-o triste, mas com sentimento de dever
cumprido. “Foi difícil, mas encarei com tranquilidade. Queria ter
jogado, participado da festa, mas pensei no meu futuro. Jogar
seria um risco muito grande”, afirma o jogador, que teve de
lidar com problema sério num dos joelhos.
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24. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Quando o árbitro
encerrou a partida do
dia 11 de abril, contra o
Novorizontino, pela 16ª
rodada da Série A2, ele
não teve dúvidas. Com o
4 a 0 cravado no placar, o
goleiro Rodolfo saiu cor-
rendo, pulou na arqui-
bancada e caiu nos bra-
ços da torcida. Ao som
de ‘a Ferrinha voltou’, foi
ele quem comandou a
festa no meio da galera.
O carinho da torcida
com o camisa 1 não é de
hoje. Tudo graças às boas
NINGUÉM PASSA
O PAREDÃO
Emprestado pelo Atlético-PR, camisa 1
transformou-se num dos heróis do acesso
e também venceu batalha pessoal
RODOLFO,
GRENÁ
SÓ FALTOU O GOL
Mais do que voltar ao cenário do
futebol, Rodolfo ganhou outro
presente em Araraquara: o de
cobrar faltas. Ele sempre treinou,
mas foi na Fonte Luminosa que
teve sua primeira oportunidade.
“Venho treinando todos os dias.
Acabou o treino, faço uma
sessão de 40, 50 faltas para
aprimorar mais um pouco o que
eu aprendi no São Paulo, desde
a categoria de base. Só que tive
a primeira oportunidade este
ano”, completou o goleiro, que
cobrou cinco faltas durante todo
o torneio, mas não conseguiu
chegar às redes.
atuações e à regularidade
do atleta. Com Rodolfo em
campo, a Ferroviária venceu
12 partidas, empatou uma e
perdeu apenas uma.
Porém, antes de se tornar
um dos líderes dessa Loco-
motiva, o arqueiro teve de
vencer outra batalha: supe-
rar as drogas. Em 2012, após
uma partida do Brasileirão
pelo Atlético-PR, clube dono
de seu passe, o goleiro foi fla-
grado no exame antidoping
por uso de cocaína.
“Antes, eu tinha uma vida
completamente diferente da
que tenho. Faz mais de dois
anos que parei de beber e
usar drogas. Em 2012, es-
tava jogando pelo Atlético-
-PR e, no meio do Brasileiro,
acabei sendo sorteado para
fazer o exame antidoping e
deu positivo. Parecia que a
minha vida iria acabar. Mas
o Atlético me deu um supor-
te muito grande e hoje eu
estou aqui exercendo minha
profissão muito bem”, disse.
Os drogas e o álcool en-
traram na vida de Rodolfo
cedo. “Com 14 anos, come-
cei no álcool. O álcool que
abriu a porta para as outras
drogas. Com 15, comecei na
cocaína e isso veio me acom-
panhando até dois anos
atrás. Em 2012, meu uso
estava muito frequente. Eu
usava todos os dias e só pa-
rava para concentrar e quan-
do ia jogar. Mas saía do jogo
e ia buscar a cocaína antes de
ir para a casa. Minha rotina
era assim todos os dias. Não
dormia direito e emagreci
bastante. Era muito compli-
cado”, revelou.
Na ocasião com 22 anos,
Rodolfo ficou longe dos jo-
gos por um ano e meio. O
apoio do Atlético-PR du-
rante todo o período de
suspensão surpreendeu o
jogador.
“Quando você faz al-
guma coisa errada, você
acha que alguém vai te
punir. Então, eu não es-
perava o acolhimento do
Atlético. Eles tiveram uma
atitude extraordinária,
que eu nunca vi um clube
fazer isso para um atleta.
Então, o que eles fizeram
por mim eu só tenho a
agradecer”, completa.
TRANQUILO Segurança de
Rodolfo no gol é o que mais
impressiona no atleta
DEIVIDELEME/TRIBUNAARARAQUARA
24 MAIO 2015
26. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Há quem diga que o
jogo é decidido apenas
dentro de campo. Uma
velha máxima totalmente
rebatida e desmistificada
com a chegada da tecnolo-
gia ao futebol moderno. E,
na Ferroviária, a estratégia
fora das quatro linhas foi
levadamuitoasérioduran-
te toda a Série A2.
Uma equipe especiali-
zada em fisiologia esporti-
va fez um trabalho diário
que interferiu diretamen-
te na escalação do time.
Um aparelho, encaixado
numa espécie de cinta que
os jogadores vestem, traça
uma mapeamento de cada
jogador. De uma forma
simples de entender, ele
aponta um equilíbrio entre
o desgaste e a recuperação
física, transformando-se
num guia importante para
o treinador. O aparelho
registra a frequência car-
díaca, e um programa no
computador marca a va-
riação dos batimentos dos
jogadores em repouso e em
VITÓRIA FORA DE CAMPO
QUE GANHA
Entenda como a tecnologia ajudou
a Ferroviária a prever lesões, fortalecer-se
e mapear cada movimento dos atletas
atividade intensa.
“Ele mostra o nível de es-
tresse numa variável como
uma medida de nível de re-
cuperação do atleta aos estí-
mulos e esforços do treino e
do jogo”, explica Cássio Mas-
carenhas, fisioterapeuta da
Locomotiva.
Com os resultados, a
preparação física traçou um
treinamento adequado para
a exigência física de cada jo-
gador. Assim, se houver mui-
to desgaste, diminui o risco
de lesão. “Eles [jogadores]
procuraram saber mais para
poder render não só na parte
tática que o professor pede,
mas também na parte física”,
comenta o também fisiolo-
gista André Berzoti.
O próprio zagueiro Alci-
des ficou surpreso com o re-
sultado de alguns testes. “Às
vezes, a gente acha que está
se sentindo bem, pelo menos
psicologicamente, e aí, quan-
do vê que recuperou só 3%,
4%, a gente se assusta, já que
o ideal é recuperar 50% [de-
pois do jogo]”, fala.
CIÊNCIA
JOGO
O aparelho
registra frequência
cardíaca, e um
programa no
computador marca
a variação dos
batimentos
Se os estudos
apontarem excesso
de desgaste, aumenta
a probabilidade de
lesão, e o atleta
é poupado
do jogo
O trabalho também
impossibilita qualquer
possível atitude de
‘má-fé’ por parte
do atleta, já que as
informações apontam
de forma efetiva o
esforço individual de
cada profissional
Após os
resultados de cada
teste, é montada uma
preparação física
individual que atenda
à necessidade de
cada jogador
Atacante Tiago
Adan, durante
treino na Arena
da Fonte
MARCOS LEANDRO/TRIBUNA ARARAQUARA
26 MAIO 2015
27. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
ENZIMA DOSANGUE
Cássio Mascarenhas também explica como uma
enzima do sangue também auxilia o trabalho.
Segundo o fisiologista, ela informa sobre o nível
de dano muscular. “Enquanto mais intenso for um
jogo ou treino, a tendência é esse nível estar um
pouco mais elevado. Em tese, quanto mais elevado
estiver, o risco de uma lesão muscular passa a ser
maior”, finaliza.
TECNOLOGIA DEDURA
‘JOGADOR MALANDRO’
A nova tecnologia também impede que algum atleta
se valha da malandragem para não participar de
algum treinamento. “Isso acaba complicando a vida do
jogador. Aquele que eventualmente não gosta de treinar,
não tem jeito. Porque, com essas informações, a gente
pode saber efetivamente o nível de esforço individual”,
explica com bom humor o fisiologista
Cássio Mascarenhas.
DEIVIDE LEME/TRIBUNA ARARAQUARA
MAIO 2015 27
28. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
Foi muito importante
a participação da torcida.Veio a
todos os jogos, nos incentivou,
não criticou ninguém e isso foi
muito importante.
ALAN MINEIRO
Meio-campo
Só temos que agradecer o apoio
que a torcida nos deu desde o início,
tanto nos jogos em casa, como fora,
que ela também nos acompanhou.
FIO MARAVILHA
Atacante
Tenho que agradecer porque a ajuda
que a torcida nos deu ao longo do
campeonato foi suprema para o
nosso acesso e para o título.
RODOLFO
Goleiro
A gente fica muito feliz em
proporcionar alegrias, colocar a
Ferroviária novamente na A1. É
uma cidade por que tenho um
carinho especial, onde comecei.
PAULO HENRIQUE
Lateral-direito
Gostaria de dar parabéns ao nosso
torcedor, por nos ter acompanhado
nas viagens longas e aqui em casa.
Foi importantíssimo.
TIAGO ADAN
Atacante
O RECADO DOS CRAQUES
Jogadores mandam mensagens de carinho à torcida, que empurrou o time rumo ao acesso e ao título
ASSINA, CAMPEÃO!
O pessoal se empolgou bastante
e, graças a Deus, conseguimos
fazer um bom futebol e,
consequentemente, lotar o
estádio.
MILTON JÚNIOR
Volante
28 MAIO 2015
30. 2015ESPECIAL ACESSO
FERROVIÁRIA
PARA A NOSSA ALEGRIA!
Na Arena da Fonte, em Guaratinguetá e na avenida Bento de
Abreu, quem também deu show foi a torcida da Ferroviária.
Não faltou vibração, alegria e muita festa em todos os cantos
da cidade. O acesso também pintou de grená toda a Morada do
Sol. A camisa, que antes ficava guardada, agora é exibida com
orgulho pelas ruas de Araraquara.
30 MAIO 2015