O documento discute como o livro de Eclesiastes aborda questões de trabalho, economia e felicidade sob diferentes períodos históricos. Eclesiastes é apresentado como uma tentativa de ligar elementos do imaginário religioso hebraico e grego no pós-exílio e de negociar a fé em um mundo em mudança. A solução proposta é enxergar a Deus no meio da vida complicada.
2. Economia, trabalho e
felicidade em Qoelet
No suor do rosto comerás o teu pão até
que tornes á terra. (Gn. 3,19)
Em outras palavras, viver dá muito trabalho,
mas pode ser gostoso.
3. A trabalheira em busca da satisfação da
vontade é vaidade, perda de tempo, pegar
vento com a mão.
4. A vida arrochada - vida e
trabalho sob a
dominação babilônica
Modo de produção e Corvéia.
O trabalho visava o sustento da família,
para aquisição de bens necessários a
vida.
5. Como são tratados os
camponeses, pelos moradores
das cidades hoje?
Qual a relação das favelas e os
bairros centrais?
Qual a dependencia das cidades
em relação ao campo?
6. Com a dominação babilônica, os
povos conquistados foram
submetidos a novas formas de
trabalho.
7. Tampando a boca do
trabalhador-economia e
trabalho no império medo-
persa.
Diarista ou jornaleiro
Moeda, criada na região da Jônia no séc.
VII a.E.C. e incorporada no reino persa
com o nome de Dario.
Valor da moeda
8. Cambista e agiota
Comércio: disciplinado pela moeda, protegido
pelo Estado.
O poder monetário
9. Riqueza a vista, injustiça na vida: a
experiência de Qohelet.
Helenismo.
A relação de trabalho escravizado é de
total alienação.
10. Para que, se já posso
descansar agora?
Qohelet, a economia e o
trabalho
A modernidade fez tudo, mas não facilitou
a felicidade.
A felicidade se alcança no
companheirismo e não na competição em
busca de vantagem
11. O que acontece debaixo do
sol
Tarefa penosa que Deus deu aos
homens para com ela ficarem
ocupados: pesquisar e
investigar com sabedoria tudo o
que acontece debaixo do céu.
(Ecl 1,13)
12. Cada parte do texto é inteira:ou a
gente escolhe ou tira ao acaso.
Deus trabalhou e criou o Sol.
Debaixo do sol, ou do céu, tudo
muda.
A criação é o trabalho incessante
de Deus.
13. É dom de Deus que a pessoa possa comer e
beber - o trabalho faz o mundo e a
sociedade.
Qualquer coisa que seus olhos desejam e
seu coração venha a pedir vai ser fruto do
trabalho de alguém.
14. Santo Agostinho: "tu nos fizeste para ti,
Senhor, e nosso coração não sossega
enquanto não descansa em ti".
O trabalho envolve técnica: conhecer o
assunto, saber fazer, saber usar
instrumentos, ferramentas e maquinas
apropriadas.
15. Quando a gente se rala e dá certo,
vale a pena: o trabalho faz o ser
humano.
O trabalho é a atividade voltada
diretamente para a vida.
Deus fez as pessoas simples, mas
"elas" complicam tudo.
16. Tudo é vaidade, porque tudo vale
enquanto dura.
O trabalho mostra que tudo tem
um dia seu fim, e todo fim, nesta
terra, é um novo começo.
17. "nada há de permanente debaixo do sol"
significa: não sobra nada para quem trabalhou.
Ideologia: ela tem que fazer as pessoas
acreditarem que isso é "natural" ou é "o único
jeito", ou "não dá pra mudar".
18. a riqueza não traz felicidade.
produzir riquezas não dá sentido para a vida.
o trabalho humano produz sentido.
19. A palavra HEBEL em hebraico
quer dizer frágil, vazio, vaidade,
insignificante, sem valor.
"pura vaidade, não mais que
vaidade", e vão acabar. Deus
permanece entre nós, como um de
nós, nunca vai acabar.
20. Debaixo do sol tudo é vaidade e
corrida atrás do vento.
Acumular riquezas para si é
querer ser Deus: vaidade das
vaidades.
21. Dinheiro não é vida é fetiche. fetiche é uma
coisa que apenas representa um poder;
representa a riqueza, mas não é riqueza.
Dom de Deus: trabalho, vida, alegria,
sabedoria.
22. Eclesiastes como rito de passagem:
É um livro que tem força de alcançar pessoas
de todos os tipos, inclusive aquelas que não são
acostumadas à participação regular em
comunidades e grupos religiosos.
Eclesiastes é próprio para celebrações de
passagem
23. Tudo em Eclesiastes é transição,
passagem ligação, meio.
E a única coisa que ñ é vaidade é
a fé em Deus. Tudo passa só Deus
fica.
24. Eclesiastes como tentativa
de ligar e dinamizar o
imaginário religioso:
Eclesiastes propõe uma espécie de
negociação no período pós-exílio. Num
mundo em mudança, não havia como reagir
ao que vinha de fora.
Aquele era um período de reconstrução
As diversas culturas gregas e hebraicas
estavam misturadas.
25. Eclesiastes cria um novo estilo
literário que abrange tanto a
literatura hebraica quanto a grega.
É uma tentativa de ligação das
coisas boas e ruins da vida.
26. Eclesiastes para ler na
liturgia do meio do
caminho:
O livro é lido em um lugar provisório, no meio do
caminho para abastecer as energias.
Na festa dos Tabernáculos: festas das tendas.
E no meio da fugacidade da vida e daquilo que
ela tem de terrível Eclesiastes cria um momento
de gozar a vida.
27. Eclesiastes vê, julga, celebra
a vida que se passa:
Eclesiastes é sábio: pensador da
realidade é observador e agente
sobre a realidade.
Tudo ele analisa e questiona: “que
proveito tem? Para que serve?”
Muitas vezes as coisas não tem
sentido algum e às vezes tem
sentido e não percebemos.
28. Eclesiastes como complicador da
vida:
A mensagem de Eclesiastes é um tapa na
cara de quem acha que a vida é fácil.
É preciso pegar o meio termo, onde a vida
vivida no dia-a-dia é resolvida, onde se
come, se sofre, se alegra
Eclesiastes regula o que a religião tem de
fácil e pode ter de enganador.
29. A solução de Eclesiastes:
Deus está no meio da vida
complicada:
O que vale a vida se vive e na qual
sobrevive? Não adianta fugir, o que conta
mesmo é a realidade, o momento atual.
Sua saída diante da realidade é voltar para o
único que resta: Deus.
30. A estrutura do livro é teocêntrica
Deus e a religião são o meio
Ele critica tudo, e no centro de sua crítica está a
religião: (Ecle 4,17-5,6)
O Temor de Deus é núcleo intenso do livro e da
vida.
31. Eclesiastes como versão
bíblica do “Jeitinho
brasileiro”:
O livro tem tudo a ver com o imaginário
religioso brasileiro
Tudo se negocia se choca e se relaciona
O imaginário religioso brasileiro tem como
fundamento o fator Deus.
representado pelos santos,
espíritos/orixás/divindades.
32. O bem e o mal estão misturados.
O princípio que dinamiza a
estrutura do imaginário religioso
brasileiro é a mistura de crenças.
(tanto na Igreja como no terreiro).
33. Ambigüidades e mediação
que abalam a estrutura do
imaginário:
A estrutura que compõe o imaginário religioso
brasileiro requer uma postura de negociação
o brasileiro busca uma crença porque quer
encontrar um significado para a sua vida
quer praticar o bem, mas também elabora uma
maneira de lidar com o mal.
34. A ambigüidade não é confusão,
mas algo que tem sentido para as
pessoas que buscam religiões com
tais traços.
Por isso temos um jeitinho
brasileiro de compreender que
dribla as imposições da doutrina
européia sem querer romper, ou
seja, negociamos.
35. A negociação de Eclesiastes e
do imaginário como
resistência:
Eclesiastes não impõe uma doutrina, ele parte
da vida como ela é
O povo brasileiro fica em cima do muro porque
precisa sobreviver.
O mais importante dessa vida está acontecendo
hoje, e se o povo se sente oprimido, negocia
com o que tem e o que não se tem.