A presidente da SOCEGO escreve ao Dr. Luciano Melo Pompei sobre desvios de recursos superiores a R$ 1,7 milhão da FEBRASGO em 2009. Ela critica a defesa do Dr. Pompei da diretoria da FEBRASGO, liderada por seu tio Dr. Nilson Melo, e questiona a falta de transparência sobre o caso. A presidente também faz perguntas sem resposta sobre os desvios e pede que a atual diretoria não seja reconduzida.

1. Fortaleza, 10 de março de 2011.
Ilmo. Sr.
Dr. Luciano Melo Pompei,
O senhor enviou-me e-mail com pungente defesa da diretoria da
FEBRASGO e principalmente do presidente, seu tio, o Dr. Nilson Roberto
de Melo. Não esperaria outra atitude de um leal sobrinho com
apregoado senso de justiça em relação ao tio que tanto o tem ajudado.
Era de estranhar se não o fizesse.
Agora, desapontei-me ao ver o senhor transformar um grave problema
de desvio de recursos superiores a R$ 1.700.000,00 apenas no exercício
de 2009, em uma mera questão eleitoral, o que é um grave equívoco.
A sua carta contém duas impropriedades:
Primeiro, não foi a Diretoria da FEBRASGO que descobriu os desvios, mas
sim a empresa responsável pela contabilidade da federação, que não
conseguia fechar as contas do exercício de 2009 por falta de
documentos idôneos que amparassem as despesas apresentadas pela
diretoria. Bem a propósito, O Dr. Flávio da Costa Vieira, Presidente da
SOGIRGS e Membro Titular eleito do Conselho Fiscal da FEBRASGO,
enviou a todos os presentes na AGE realizada em 12 de fevereiro de
2011, carta encaminhando cópia do Parecer do Conselho Fiscal, em que
relata adulteração de relatórios contábeis e de auditória encaminhados
ao Conselho Fiscal:
“(...) – Mostramos a ele a versão entregue ao presidente do CF, pelo
Diretor Financeiro da FEBRASGO, e ele disse não ser o seu ‘draft’ e que
aquele documento estava adulterado, faltando justamente a ressalva
onde ele apontava a movimentação de R$ 2.000.000,00 sem a
comprovação de notas fiscais”. Veja na integra no arquivo 1, abaixo.
Segundo, transparência é o que mais falta nesse verdadeiro caso de
polícia em que envolveram a FEBRASGO. Basta que lhe diga que até
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2. mesmo aos presidentes de federadas reunidos na Assembléia Geral foi
negado cópia do relatório da empresa ICTS.
O senhor afirmou que “nenhum dos nomes informados pela empresa
ICTS pertence à atual Diretoria da FEBRASGO” (sic). O Senhor teve
acessos ao relatório? Foi informado sobre os nomes? Quando obteve
essa informação sobre os nomes listados no relatório, que sequer foi
dada aos presidentes de federadas?
Eu, que estive na AGE, fiquei com muitas perguntas sem respostas.
Talvez o senhor, como sobrinho do Dr. Nilson Melo, seu colega no
Hormogin e na diretoria da FLASOG, e que parece tão bem informado
sobre os fatos, possa respondê-las:
Qual a razão para a ICTS recomendar sigilo dos nomes das pessoas
envolvidas, se as investigações já foram concluídas? Por que tais
informações foram ocultadas até mesmo da Assembléia Geral? Por que
não entregaram cópia do relatório da ICTS aos presidentes de federadas
reunidos em Assembléia Geral?
Outras perguntas já foram encaminhadas por mim ao Dr. Nilson, como o
senhor pode ver no arquivo 2. A propósito, o senhor já as leu?
Como fizeram para desviar valores tão elevados ao longo de um ano?
Falsificaram assinaturas em cheques ou outros documentos financeiros?
Capturaram as senhas bancárias? Tinham acesso aos cartões de saque?
Por que houve tanta demora em identificar os desvios? Qual a garantia
de que não houve desvios em outros anos? Dentre outras...
Gostaria, agora, de repetir que não sou candidata a nada e não participo
de nenhuma chapa, mas tenho o dever, como presidente da SOCEGO, de
defender o patrimônio da FEBRASGO, construído ao longo de décadas
com a contribuição de todos os tocoginecologistas do Brasil.
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3. Ao meu sentir, não há uma única razão para conceder um terceiro
mandato à atual diretoria, que não protegeu o patrimônio da FEBRASGO
sob sua administração e nos sonega informações tão importantes.
Atenciosamente,
Gilda Maria Leite de Araújo
Presidente/SOCEGO
C/C para os associados SOCEGO e presidentes de federas
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