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3. Mercados Incompletos
• Externalidades são, na verdade, casos
  especiais clássicos de mercados incompletos
  para um patrimônio ambiental.

• Um requerimento chave para se evitar falhas
  de mercado é a de que mercados sejam
  completos.
• Isto é, existem suficientes informações para
  atender a todo e qualquer transação,
  possibilitando assim que os recursos sejam
  usados para obter o mais elevado retorno.

• Um grande número de falhas de mercado
  relacionadas com o patrimônio ambiental se
  caracteriza como mercados incompletos.
• Por exemplo, muitos indivíduos têm direitos de
  propriedade sobre áreas agrícolas e podem
  agir se algum tipo de dano é a ela causado.

• O mesmo não pode ser dito com relação aos
  rios e ao ar.
• Não existindo direitos de propriedade sobre ar
  limpo, há uma dificuldade de se ter um
  mercado que permita que os poluídos sejam
  compensados pelos poluidores, caso eles assim
  desejarem.
• Na ausência de direitos de propriedade bens
  definidos, partes não conseguem negociar,
  barganhar e “comercializar”.
• É a esse aspecto que ZERBE Jr (2001) se
  refere quando argumenta que custos de
  transação muito elevados são a principal
  justificativa para a ação pública através de
  políticas.
• Você deve lembrar que ele define custo de
  transação como sendo os recursos necessários
  para transferir, estabelecer e manter direitos
  de propriedade.
• Bastante relacionada com a discussão dos
  mercados incompletas é a situação de
  informações incompletas.

• Informação incompleta significa que algum
  segmento do mercado (consumidores,
  produtores ou ambos) não conhece os
  verdadeiros custos e benefícios associados com
  um determinado bem ou determinada
  atividade.
• Se isso for verdadeiro, pode-se esperar que as
  forças de oferta e de demanda não igualarão
  custos marginais sociais com os benefícios
  sociais marginais.
• Veja o caso, por exemplo, do mercado de
  trabalho que pode alocar eficientemente
  trabalhadores em atividades portadoras de
  riscos à saúde, se diferenciais de salários
  efetivamente refletirem os custos para os
  trabalhadores deles efetivamente contraírem
  câncer ou outras doenças.
• Entretanto, esse mercado não alcançará “um
  nível ótimo de risco de doença” se os
  trabalhadores não estiverem adequadamente
  informados sobre as conseqüências da
  exposição a resíduos tóxicos sobre a sua
  saúde.
• Se o trabalhador não entende a verdadeira
  natureza do risco, ele demandará uma
  compensação salarial alta demais ou baixa
  demais e o mecanismo de mercado gerará
  risco demais ou risco de menos.
• É importante destacar que “informação
  incompleta” não causa necessariamente uma
  falha de mercado.

• A falha de mercado ocorre quando as pessoas
  não entendem todas as conseqüências sobre a
  saúde associadas com a degradação ambiental
  (por exemplo).
• Não se esqueça que “transferir, estabelecer e
  manter direitos de propriedade” exige recursos
  e aumenta os custos de transação.
4. Informações Assimétricas
• Em alguns mercados, compradores e
  vendedores não têm a mesma informação
  sobre o bem sendo transacionado.

• Um vendedor de carro usado conhece, em
  geral, muito mais sobre o produto que está
  vendendo do que o comprador daquele carro
  usado.
• Isto tem influência no funcionamento do
  mercado.

• A informação assimétrica explica a razão de
  muitos arranjos institucionais que ocorrem
  em nossa sociedade.
• Indústrias de automóveis oferecem garantias
  para peças e serviços de automóveis novos;
  empresas e funcionários assinam contratos
  que incluem incentivos e recompensas;
  acionistas necessitam monitorar o
  comportamento dos administradores de
  empresas.
• Você estaria disposto a pagar um pouco mais
  pela certeza de estar comprado um carro
  usado sem defeito, mas o único que sabe
  efetivamente se o carro tem ou não defeito é
  o vendedor.
• Alguns compradores resolvem pagar muito
  mais por um carro zero quilômetro, buscando
  uma segurança maior de evitar defeitos.
• Com informações assimétricas, mercados
  podem falhar na alocação de recursos.

• Duas conseqüências de informações
  assimétricas merecem destaque na área do
  meio ambiente:
• risco/perigo moral : quando a probabilidade
  de ocorrência de um evento é alterada pela
  mudança de comportamento de uma pessoa,
  mudança essa que não é observável
  antecipadamente; e
• seleção adversa : uma pessoa não identifica
  o tipo ou as características de uma outra
  pessoa ou de um determinado produto,
  escolhendo aquela ou aquele que deveria
  rejeitar.
• Perigo Moral

• Uma pessoa pode se tornar menos cuidadosa
  com a sua saúde se ela adquirir uma boa
  cobertura de seguro saúde.
• Essa mudança de comportamento é não
  antecipada pela companhia de seguro.

• Ela pode, no entanto, ser “prevista”, pela
  experiência e de maneira pouco específica,
  gerando uma reação genérica com, por
  exemplo, o incremento do valor do prêmio.

• Essa reação gera uma ineficiência, com um
  aumento dos custos do seguro de saúde.
• Na área ambiental duas situações se
  destacam:

• 1. Não havendo monitoramento, ou quando
  os reguladores não conseguem monitorar
  ações de poluidores, há uma tendência de
  redução do controle por parte do poluidor,
  que procurará esquivar-se de suas
  obrigações, uma vez que ele arca com todos
  os custos e recebe apenas parte dos
  benefícios;
• 2. Quando o mercado não consegue
  monitorar ações, uma seguradora (por
  exemplo) não oferecerá um seguro contra
  acidentes ambientais para poluidores.

• Alguns poluidores podem ser um risco muito
  maior do que efetivamente a seguradora pode
  avaliar.

• Sem a seguradora, o mercado poderá
  produzir uma alocação ineficiente de risco.
• Seleção Adversa

• As pessoas doentes sabem muito mais sobre
  o seu estado de saúde do que qualquer
  companhia seguradora.
• Além disso, pessoas com problemas de saúde
  estão mais interessadas em adquirir seguro-
  saúde do que pessoas saudáveis.

• Isso faz com que a proporção de doentes
  aumente no grupo de indivíduos segurados.
• O preço de seguro tenderá a aumentar após
  algum tempo, induzindo a redução do número
  de pessoas saudáveis que desejam comprar
  seguros-saúde.

• A participação de pessoas doentes aumenta
  ainda mais.

• O preço do seguro-saúde aumenta ainda mais,
  e assim por diante.
• No limite ficarão apenas as pessoas doentes no
  mercado de seguros-saúde.

• Uma clara situação de seleção adversa.
• HANLEY, SHOGREN e WHITE (1997)
  apresentam o exemplo dos eco-produtos para
  ilustrar a seleção adversa na área ambiental.

• Esses são produzidos por meio de métodos
  menos danosos (ou não danosos) ao meio
  ambiente.
• Alguns consumidores reconhecem essas
  características.

• No entanto, esses eco-produtos tendem a ter
  custos mais elevados de produção, quer pela
  ausência de economias de escala quer pela
  ausência do “subsídio ambiental” recebido
  pelo outro processo.
• Se a maioria dos consumidores não
  reconhecer essa diferença ou não estiver
  disposta a pagar mais por ela, os produtores
  de eco-produtos acabarão desaparecendo.

• Alguma forma de intervenção governamental
  passa ser necessária para a sobrevivência dos
  eco-produtos.
5. Comportamento não competitivo
• MANSFIELD (1991) sugere, ao comparar os
  equilíbrios de longo prazo resultantes de
  diversos tipos de organização de mercados
  (competitivo e menos competitivos), que:
• 1. Firmas em mercados menos competitivos
  tendem a produzir menos e fixar preços mais
  elevados do que empresas em mercados
  competitivos;
• 2. Firmas em mercados menos
  competitivos tendem a apresentar nível
  de produção que não minimiza custos
  médios de longo prazo.

• Ambos os casos representam ineficiências
  na alocação de recursos.
• Ilustrando para o caso de monopólio,
  temos:
• Mercados não competitivos estão presentes
  na área ambiental, principalmente em termos
  das atividades relacionadas com a exploração
  de recursos naturais não-renováveis
  (minérios).
• Existe uma hipótese de que o caso 1
  (produzir menos e fixar preços mais
  elevados) poderia ser benéfico de uma
  perspectiva ambiental.
• Assim, monopólios seriam “amigos do meio
  ambiente” pois teriam produção
  relativamente menor, causando menor
  pressão sobre a base natural.
• Esta é uma linha de argumentação com
  fragilidade lógica e sem muita sustentação
  empírica.

• Não obstante, existem poucos estudos sobre
  a relação entre tipos de mercados e
  qualidade do patrimônio ambiental.
6. Não Convexidade
• Nós iremos assumir um determinado
  comportamento das curvas de benefício
  marginal e de custo marginal associadas com
  uma poluição:
• benefícios marginais são decrescentes à
  medida que níveis de poluição são reduzidos;

• e

• os custos marginais são crescentes.
• Esse bom comportamento das curvas nos
  garante que se um nível ótimo de poluição
  existe, ele é único.

• Entretanto, para muitos sistemas físicos as
  curvas de benefício marginal e de custos
  marginais podem não ser tão bem
  comportadas.
• Por exemplo, os custos marginais da poluição
  podem aumentar com o crescimento da
  poluição/degradação.

• Porém ele pode decrescer, e até mesmo
  chegar a zero, a partir de um determinado
  nível de poluição, uma vez que o sistema físico
  está tão poluído que não há acréscimo algum
  dos custos na margem.
• Essa não convexidade pode gerar mais do
  que um nível ótimo de poluição.

• Vamos detalhar um pouco mais a nossa
  discussão analisando quatro gráficos.
$




      MB of reduction




0%                      100%

                        Clean - up
     Pollutant A
$




                   MB of reduction




0%                                   100%

                                     Clean - up
     Pollutant B
$




                   MB of reduction

0%   P*                          100%

                                 Clean - up
     Pollutant C
$




                   MB of reduction




         P*


                                     100%
    0%
                                     Clean - up
         Pollutant D
•
• Essa não Bibliográficas
  Referências
                convexidade pode gerar mais do
• que um nível ótimo deepoluição. Environmental
  HANLEY, Nick, SHOGREN, Jason F. WHITE, Ben.
    Economics in Theory and Practice, Capitulos 9 e 10. Oxford
    University Press, 1997.

• Vamos detalhar um pouco mais a nossa
• MANSFIELD (1991)
• discussão analisando quatro gráficos. . São
  PINDYCK, Robert S. e RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia
  Paulo; Prentice Hall, Quinta Ed., 2002.

•   ZERBE Jr, Richard O. Economic Efficiency in Law and Economics.
    Edward Elgar, 2001.

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Mercados Incompletos e Falhas de Mercado

  • 2. • Externalidades são, na verdade, casos especiais clássicos de mercados incompletos para um patrimônio ambiental. • Um requerimento chave para se evitar falhas de mercado é a de que mercados sejam completos.
  • 3. • Isto é, existem suficientes informações para atender a todo e qualquer transação, possibilitando assim que os recursos sejam usados para obter o mais elevado retorno. • Um grande número de falhas de mercado relacionadas com o patrimônio ambiental se caracteriza como mercados incompletos.
  • 4. • Por exemplo, muitos indivíduos têm direitos de propriedade sobre áreas agrícolas e podem agir se algum tipo de dano é a ela causado. • O mesmo não pode ser dito com relação aos rios e ao ar.
  • 5. • Não existindo direitos de propriedade sobre ar limpo, há uma dificuldade de se ter um mercado que permita que os poluídos sejam compensados pelos poluidores, caso eles assim desejarem.
  • 6. • Na ausência de direitos de propriedade bens definidos, partes não conseguem negociar, barganhar e “comercializar”.
  • 7. • É a esse aspecto que ZERBE Jr (2001) se refere quando argumenta que custos de transação muito elevados são a principal justificativa para a ação pública através de políticas.
  • 8. • Você deve lembrar que ele define custo de transação como sendo os recursos necessários para transferir, estabelecer e manter direitos de propriedade.
  • 9. • Bastante relacionada com a discussão dos mercados incompletas é a situação de informações incompletas. • Informação incompleta significa que algum segmento do mercado (consumidores, produtores ou ambos) não conhece os verdadeiros custos e benefícios associados com um determinado bem ou determinada atividade.
  • 10. • Se isso for verdadeiro, pode-se esperar que as forças de oferta e de demanda não igualarão custos marginais sociais com os benefícios sociais marginais.
  • 11. • Veja o caso, por exemplo, do mercado de trabalho que pode alocar eficientemente trabalhadores em atividades portadoras de riscos à saúde, se diferenciais de salários efetivamente refletirem os custos para os trabalhadores deles efetivamente contraírem câncer ou outras doenças.
  • 12. • Entretanto, esse mercado não alcançará “um nível ótimo de risco de doença” se os trabalhadores não estiverem adequadamente informados sobre as conseqüências da exposição a resíduos tóxicos sobre a sua saúde.
  • 13. • Se o trabalhador não entende a verdadeira natureza do risco, ele demandará uma compensação salarial alta demais ou baixa demais e o mecanismo de mercado gerará risco demais ou risco de menos.
  • 14. • É importante destacar que “informação incompleta” não causa necessariamente uma falha de mercado. • A falha de mercado ocorre quando as pessoas não entendem todas as conseqüências sobre a saúde associadas com a degradação ambiental (por exemplo).
  • 15. • Não se esqueça que “transferir, estabelecer e manter direitos de propriedade” exige recursos e aumenta os custos de transação.
  • 17. • Em alguns mercados, compradores e vendedores não têm a mesma informação sobre o bem sendo transacionado. • Um vendedor de carro usado conhece, em geral, muito mais sobre o produto que está vendendo do que o comprador daquele carro usado.
  • 18. • Isto tem influência no funcionamento do mercado. • A informação assimétrica explica a razão de muitos arranjos institucionais que ocorrem em nossa sociedade.
  • 19. • Indústrias de automóveis oferecem garantias para peças e serviços de automóveis novos; empresas e funcionários assinam contratos que incluem incentivos e recompensas; acionistas necessitam monitorar o comportamento dos administradores de empresas.
  • 20. • Você estaria disposto a pagar um pouco mais pela certeza de estar comprado um carro usado sem defeito, mas o único que sabe efetivamente se o carro tem ou não defeito é o vendedor.
  • 21. • Alguns compradores resolvem pagar muito mais por um carro zero quilômetro, buscando uma segurança maior de evitar defeitos.
  • 22. • Com informações assimétricas, mercados podem falhar na alocação de recursos. • Duas conseqüências de informações assimétricas merecem destaque na área do meio ambiente:
  • 23. • risco/perigo moral : quando a probabilidade de ocorrência de um evento é alterada pela mudança de comportamento de uma pessoa, mudança essa que não é observável antecipadamente; e
  • 24. • seleção adversa : uma pessoa não identifica o tipo ou as características de uma outra pessoa ou de um determinado produto, escolhendo aquela ou aquele que deveria rejeitar.
  • 25. • Perigo Moral • Uma pessoa pode se tornar menos cuidadosa com a sua saúde se ela adquirir uma boa cobertura de seguro saúde.
  • 26. • Essa mudança de comportamento é não antecipada pela companhia de seguro. • Ela pode, no entanto, ser “prevista”, pela experiência e de maneira pouco específica, gerando uma reação genérica com, por exemplo, o incremento do valor do prêmio. • Essa reação gera uma ineficiência, com um aumento dos custos do seguro de saúde.
  • 27. • Na área ambiental duas situações se destacam: • 1. Não havendo monitoramento, ou quando os reguladores não conseguem monitorar ações de poluidores, há uma tendência de redução do controle por parte do poluidor, que procurará esquivar-se de suas obrigações, uma vez que ele arca com todos os custos e recebe apenas parte dos benefícios;
  • 28. • 2. Quando o mercado não consegue monitorar ações, uma seguradora (por exemplo) não oferecerá um seguro contra acidentes ambientais para poluidores. • Alguns poluidores podem ser um risco muito maior do que efetivamente a seguradora pode avaliar. • Sem a seguradora, o mercado poderá produzir uma alocação ineficiente de risco.
  • 29. • Seleção Adversa • As pessoas doentes sabem muito mais sobre o seu estado de saúde do que qualquer companhia seguradora.
  • 30. • Além disso, pessoas com problemas de saúde estão mais interessadas em adquirir seguro- saúde do que pessoas saudáveis. • Isso faz com que a proporção de doentes aumente no grupo de indivíduos segurados.
  • 31. • O preço de seguro tenderá a aumentar após algum tempo, induzindo a redução do número de pessoas saudáveis que desejam comprar seguros-saúde. • A participação de pessoas doentes aumenta ainda mais. • O preço do seguro-saúde aumenta ainda mais, e assim por diante.
  • 32. • No limite ficarão apenas as pessoas doentes no mercado de seguros-saúde. • Uma clara situação de seleção adversa.
  • 33. • HANLEY, SHOGREN e WHITE (1997) apresentam o exemplo dos eco-produtos para ilustrar a seleção adversa na área ambiental. • Esses são produzidos por meio de métodos menos danosos (ou não danosos) ao meio ambiente.
  • 34. • Alguns consumidores reconhecem essas características. • No entanto, esses eco-produtos tendem a ter custos mais elevados de produção, quer pela ausência de economias de escala quer pela ausência do “subsídio ambiental” recebido pelo outro processo.
  • 35. • Se a maioria dos consumidores não reconhecer essa diferença ou não estiver disposta a pagar mais por ela, os produtores de eco-produtos acabarão desaparecendo. • Alguma forma de intervenção governamental passa ser necessária para a sobrevivência dos eco-produtos.
  • 36. 5. Comportamento não competitivo
  • 37. • MANSFIELD (1991) sugere, ao comparar os equilíbrios de longo prazo resultantes de diversos tipos de organização de mercados (competitivo e menos competitivos), que:
  • 38. • 1. Firmas em mercados menos competitivos tendem a produzir menos e fixar preços mais elevados do que empresas em mercados competitivos;
  • 39. • 2. Firmas em mercados menos competitivos tendem a apresentar nível de produção que não minimiza custos médios de longo prazo. • Ambos os casos representam ineficiências na alocação de recursos.
  • 40. • Ilustrando para o caso de monopólio, temos:
  • 41.
  • 42.
  • 43. • Mercados não competitivos estão presentes na área ambiental, principalmente em termos das atividades relacionadas com a exploração de recursos naturais não-renováveis (minérios).
  • 44. • Existe uma hipótese de que o caso 1 (produzir menos e fixar preços mais elevados) poderia ser benéfico de uma perspectiva ambiental.
  • 45. • Assim, monopólios seriam “amigos do meio ambiente” pois teriam produção relativamente menor, causando menor pressão sobre a base natural.
  • 46. • Esta é uma linha de argumentação com fragilidade lógica e sem muita sustentação empírica. • Não obstante, existem poucos estudos sobre a relação entre tipos de mercados e qualidade do patrimônio ambiental.
  • 48. • Nós iremos assumir um determinado comportamento das curvas de benefício marginal e de custo marginal associadas com uma poluição:
  • 49. • benefícios marginais são decrescentes à medida que níveis de poluição são reduzidos; • e • os custos marginais são crescentes.
  • 50. • Esse bom comportamento das curvas nos garante que se um nível ótimo de poluição existe, ele é único. • Entretanto, para muitos sistemas físicos as curvas de benefício marginal e de custos marginais podem não ser tão bem comportadas.
  • 51. • Por exemplo, os custos marginais da poluição podem aumentar com o crescimento da poluição/degradação. • Porém ele pode decrescer, e até mesmo chegar a zero, a partir de um determinado nível de poluição, uma vez que o sistema físico está tão poluído que não há acréscimo algum dos custos na margem.
  • 52. • Essa não convexidade pode gerar mais do que um nível ótimo de poluição. • Vamos detalhar um pouco mais a nossa discussão analisando quatro gráficos.
  • 53. $ MB of reduction 0% 100% Clean - up Pollutant A
  • 54. $ MB of reduction 0% 100% Clean - up Pollutant B
  • 55. $ MB of reduction 0% P* 100% Clean - up Pollutant C
  • 56. $ MB of reduction P* 100% 0% Clean - up Pollutant D
  • 57. • • Essa não Bibliográficas Referências convexidade pode gerar mais do • que um nível ótimo deepoluição. Environmental HANLEY, Nick, SHOGREN, Jason F. WHITE, Ben. Economics in Theory and Practice, Capitulos 9 e 10. Oxford University Press, 1997. • Vamos detalhar um pouco mais a nossa • MANSFIELD (1991) • discussão analisando quatro gráficos. . São PINDYCK, Robert S. e RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia Paulo; Prentice Hall, Quinta Ed., 2002. • ZERBE Jr, Richard O. Economic Efficiency in Law and Economics. Edward Elgar, 2001.