1. Ratzinger , o reformador e a abolição do limbo
Afinal sempre há evolução dentro do Vaticano! As crianças que
morrem sem ser baptizadas já não vão para o limbo, de acordo com
um texto produzido pela administração da multinacional e que já
mereceu a chancela do seu CEO (Chief Executive Officer). As crianças
foram amnistiadas pelo chamado Sumo Pontífice.
Perante a agitação que vai nas ruas, a alegria que vemos estampada
no rosto dos crentes, os suspiros de alívio do povo, não pudemos ficar
indiferentes. E daí, este texto de comovido júbilo.
O severo Santo Agostinho, decerto por revelação divina, apontou o
inferno, no século V, como destino para todas as crianças não
baptizadas.
No século XIII, depois de uma longa maturação de oito séculos, Deus
soprou aos ouvidos dos doutores do Vaticano uma inovação, o limbo
para, longe das chamas do inferno, as almas daqueles não ungidos
pela Igreja Católica nele viverem para todo o sempre.
Finalmente, recentemente, neste século XXI, os insondáveis desígnios de
Deus insuflaram no Ratzinger esta recente inovação despenalizadora
das crianças que o laboratório dos cardeais levou três anos de imenso
labor para explicitar em 41 páginas. A produtividade não foi das
maiores mas, não sabemos se nestas coisas do Eterno o conceito é
aplicável; se o for, sugerimos respeitosamente, que chamem o Sócrates
e o Pinho para dar uma ajuda.
Claro que esse magnânimo gesto despenalizador não se estende às
mulheres que abortam, embora os respectivos fetos fiquem isentos de
ónus, de acordo com a bula papal.
É também evidente que Ratzinger e os seus comparsas continuam a
lutar valentemente contra o planeamento familiar, o uso de meios
anticonceptivos, o divórcio, as relações pré-matrimoniais e até vêm
utilizando a sua influência sobre a beata direita polaca, no poder, para
impor as suas concepções restritivas na Polónia. Os polacos tementes a
Deus, por tão elevado espírito de sacrifício até vão ser compensados
com a canonização do Wojtyla, (futuro Santo Carolo). Aleluia!
Sabemos, pelos nossos serviços de espionagem na Cúria Romana que
Ratzinger, campeão, durante muitos anos, da tolerância para com os
padres pedófilos, foi abalado pelos remorsos. E, assim, num gesto
piedoso, saem beneficiadas (com a extinção do tal limbo) muitas
crianças, como compensação pelas abundantes violações às mãos de
padres e bispos tarados.