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
Gregório de Matos Guerra
 Alcunha: Boca do Inferno ou Boca
de Brasa
 Poeta e advogado
 Nasceu: 23 de Dezembro de 1636,
Salvador –BA
 Faleceu: 26 de Novembro de 1696
(59 anos), Recife – PE.

 Cultismo e conceptismo;
 Uso de recursos como antíteses, metáforas,
paradoxo, hipérbole e sinestesia;
 A arte da contrarreforma;
 Conflito entre o corpo e a alma.
Características Barrocas

Triste Bahia! oh! quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mim abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante.
À cidade da Bahia

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh! Se quisera Deus que, de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

Que falta nesta cidade?...Verdade.
Que mais por sua desonra?...Honra.
Falta mais que se lhe ponha?...Vergonha.
O demo a viver se exponha.
Por mais que a fama a exalta.
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Epílogos

Quem a pôs neste socrócio?...Negócio. (“socrócio” – confusão)
Quem causa tal perdição?...Ambição.
E o maior desta loucura?...Usura.
Notável desaventura (“desaventura” – infelicidade)
De um povo néscio e sandeu, (“sandeu” – ignorantes e idiotas)
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quais são os seus doces objetos?...Pretos.
Tem outros bens mais maciços?...Mestiços.
Quais deste lhe são mais gratos?...Mulatos.
Dou ao demo os insensatos,
Deou ao demo a gente asnal,
Que estima por cabedal (“cabedal” – riqueza)
Pretos, mestiços, mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?...Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?...Guardas.
Quem as tem nos aposentos?...Sargentos.
Os círios lá vêm aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vãos atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que a justiça a resguarda?...Bastarda.
É grátis distribuída?...Vendida.
Que tem, que a todos assusta?...Injusta.
Valha-me Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça,
Que anda a justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Que vai pela cleresia?...Simonia (“cleresia” – clero; “simonia” – vendas de
bens religiosos)
E pelos membros da Igreja?...Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?...Unha. (“unha” – roubalheira)
Sazonada caramunha, (“sazonada” – velha; “caramunha” – queixa)
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja, unha.

E nos frades há manqueiras?...Freiras.
Em que ocupam os serões?...Sermões.
Não se ocupam em disputas?...Putas.
Com palavras dissolutas
Me concluís, na verdade,
Que as lidas todas de um Frade (“lidas” – funções, atividades)
São freiras, sermões, e putas.

O açúcar já se acabou?...Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?...Subiu.
Logo já convalesceu?...Morreu.
À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece,
Cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, subiu, e morreu.

A Câmara não acode?...Não pode.
Pois não tem todo o poder?...Não quer.
É que o governo a convence?...Não vence.
Quem haverá que tal pense,
Que uma Câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.

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  • 2.  Gregório de Matos Guerra  Alcunha: Boca do Inferno ou Boca de Brasa  Poeta e advogado  Nasceu: 23 de Dezembro de 1636, Salvador –BA  Faleceu: 26 de Novembro de 1696 (59 anos), Recife – PE.
  • 3.   Cultismo e conceptismo;  Uso de recursos como antíteses, metáforas, paradoxo, hipérbole e sinestesia;  A arte da contrarreforma;  Conflito entre o corpo e a alma. Características Barrocas
  • 4.  Triste Bahia! oh! quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado, Rica te vi eu já, tu a mim abundante. A ti trocou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando e tem trocado Tanto negócio e tanto negociante. À cidade da Bahia
  • 5.  Deste em dar tanto açúcar excelente Pelas drogas inúteis, que abelhuda Simples aceitas do sagaz Brichote. Oh! Se quisera Deus que, de repente Um dia amanheceras tão sisuda Que fora de algodão o teu capote!
  • 6.  Que falta nesta cidade?...Verdade. Que mais por sua desonra?...Honra. Falta mais que se lhe ponha?...Vergonha. O demo a viver se exponha. Por mais que a fama a exalta. Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha. Epílogos
  • 7.  Quem a pôs neste socrócio?...Negócio. (“socrócio” – confusão) Quem causa tal perdição?...Ambição. E o maior desta loucura?...Usura. Notável desaventura (“desaventura” – infelicidade) De um povo néscio e sandeu, (“sandeu” – ignorantes e idiotas) Que não sabe que o perdeu Negócio, ambição, usura.
  • 8.  Quais são os seus doces objetos?...Pretos. Tem outros bens mais maciços?...Mestiços. Quais deste lhe são mais gratos?...Mulatos. Dou ao demo os insensatos, Deou ao demo a gente asnal, Que estima por cabedal (“cabedal” – riqueza) Pretos, mestiços, mulatos.
  • 9.  Quem faz os círios mesquinhos?...Meirinhos. Quem faz as farinhas tardas?...Guardas. Quem as tem nos aposentos?...Sargentos. Os círios lá vêm aos centos, E a terra fica esfaimando, Porque os vãos atravessando Meirinhos, guardas, sargentos.
  • 10.  E que a justiça a resguarda?...Bastarda. É grátis distribuída?...Vendida. Que tem, que a todos assusta?...Injusta. Valha-me Deus, o que custa O que El-Rei nos dá de graça, Que anda a justiça na praça Bastarda, vendida, injusta.
  • 11.  Que vai pela cleresia?...Simonia (“cleresia” – clero; “simonia” – vendas de bens religiosos) E pelos membros da Igreja?...Inveja. Cuidei que mais se lhe punha?...Unha. (“unha” – roubalheira) Sazonada caramunha, (“sazonada” – velha; “caramunha” – queixa) Enfim, que na Santa Sé O que mais se pratica é Simonia, inveja, unha.
  • 12.  E nos frades há manqueiras?...Freiras. Em que ocupam os serões?...Sermões. Não se ocupam em disputas?...Putas. Com palavras dissolutas Me concluís, na verdade, Que as lidas todas de um Frade (“lidas” – funções, atividades) São freiras, sermões, e putas.
  • 13.  O açúcar já se acabou?...Baixou. E o dinheiro se extinguiu?...Subiu. Logo já convalesceu?...Morreu. À Bahia aconteceu O que a um doente acontece, Cai na cama, o mal lhe cresce, Baixou, subiu, e morreu.
  • 14.  A Câmara não acode?...Não pode. Pois não tem todo o poder?...Não quer. É que o governo a convence?...Não vence. Quem haverá que tal pense, Que uma Câmara tão nobre, Por ver-se mísera e pobre, Não pode, não quer, não vence.