Kombi é fundamental para o abastecimento da população
1. E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 D E S E T E M B R O D E 2 0 0 7
CLASSIFICADOSVEÍCULOS 3
MATÉRIA DE CAPA
Kombi é fundamental para o abastecimento da população e é a preferida dos marreteiros,
que compram legumes e verduras na Ceasa e revendem nos bairros das grandes cidades
FOTOS: MARCELO SANT’ANNA/EM
Fernando troca a caixa a cada 15 mil quilômetros
Fila de peruas
Volkswagen
comprova que,
apesar dos
problemas, modelo
Amarildo não gosta da Kombi e tenta ganhar no grito cumpre proposta
A barbada da feira
DANIEL CAMARGOS quando ruma na Kombi em direção a um bairro
para comercializar os produtos e ganhar o dia.
ra fazer as entregas. Recebe R$ 50 por carreto pa-
ra cada supermercado e à tarde e nos fins de se-
Manhã de terça-feira, no Bairro Perobas, em Morador do Novo Progresso, em Contagem, con- mana é sempre procurado por vizinhos para fa-
Contagem. Um Uno passa pela Rua 11 anuncian- sidera que a melhor freguesia é a do Bairro Nova zer carretos. Conta que já levou cinco geladeiras
do as ofertas da semana de um supermercado Contagem, que vez ou outra encomenda apetre- na caçamba e até 1,5 tonelada de mamão. Só la-
da região em uma gravação difundida por uma chos mais sofisticados, como lingüiça, queijos, re- menta que a Volkswagen não produza mais o
caixa de som. As crianças permanecem indife- queijão, geléia de mocotó e frutas que não são da modelo picape.
rentes, entretidas em um campo de terra batida. estação. Para o trabalho, conta com um modelo
Duas moças conversam à porta de uma casa 1995, aprovado com um sorriso aberto e um si- PORQUEIRA Entretanto, a Kombi não é uma
sem reboco. Do outro lado da rua, o portão en- nal de positivo com a mão. Tirou os bancos para unanimidade na Ceasa. Amarildo Hudson de
ferrujado de uma construção de dois andares – alojar as mercadorias: ovos, salgadinhos (daque- Souza tem a metade da idade de Fernando e con-
também com tijolos à vista, sem requinte – abre les que parecem isopor salgado), mexerica, mo- sidera a cinqüentenária uma “porqueira”. Pro-
fazendo barulho de lata amassada. De lá sai Cecí- rango, suspiro, balas e toda sorte de vegetais e le- prietário de um modelo de 1995, que em dois
lia Pinho. Não foi o anúncio do supermercado es- gumes. Tem até um ovo que sobra solitário em anos de uso já teve três motores fundidos, Ama-
palhado pelo Uno, nem a conversa das moças, pé entre dúzias empilhadas, que, segundo Zezé, rildo tem motivo para o adjetivo pouco elogioso
muito menos a diversão das crianças o que tirou não cai nem com o balanço da Kombi. e quer outro veículo que não seja um cemitério
Cecília, com blusa de lã, chinelo de dedo e meias, A Ceasa, aliás, é um paraíso das peruas. Há de motores: “Se eu pudesse, teria uma D-10, F-400
de dentro de casa. Ela está na rua porque escu- para todos os gostos, modelos e gerações. Como ou D-20”. Enquanto não consegue trocar de veí-
tou o chamado inconfundível vindo de uma a Kombi picape 1994 de Fernando Alves Diniz, culo, usa a Kombi do primo, um modelo de 1990,
Kombi: “Compro toda semana e, quando preci- de 70 anos. Apesar de ter 13 anos de uso, muitos que foi comprada por R$ 6 mil, R$ 2 mil mais ba- José carrega o veículo e vende para Cecília no Bairro Perobas
so, deixo fiado”. Diferente do som mecânico e deles transportando mamão para a rede de su- rato que a dele. Amarildo trabalha como marre-
oficial do supermercado, a voz que sai da Kombi permercados Extra, a Kombi de Fernando é um teiro há 10 anos e atua, principalmente, nos bair-
é ao vivo, emitida ao lado do veículo, por José Oli- brinco. “Troco o óleo dela todo domingo e a ca- ros de Betim. Como na Kombi “não cabe nada”, o
veira. “É o carro das verduras e legumes baratos da 15 mil quilômetros substituo a caixa de mar- segredo é ajeitar a mercadoria bem antes de ven-
aqui na sua rua”. Frases diferentes, mas iguais chas”, explica a metodologia, enquanto agacha der, porque o freguês escolhe muito. Outro tru-
em essência, são gritadas por marreteiros, como na traseira e exibe orgulhoso o motor realmen- que é deixar tudo pré-embalado para evitar que
são chamados os feirantes que ganham a vida te em bom estado. Tanto cuidado, segundo ele, as “madames” amassem de tanto pegar. Mas, pa-
comprando mercadorias na Ceasa e vendendo só é possível porque está na profissão “por es- ra ter sucesso, o que vale é a vinheta. A de Amaril-
nas ruas em todas as grandes cidades do Brasil. porte, para não ficar parado dentro de casa”. Ca- do é um grito esganiçado com as ofertas do dia,
José Oliveira, o Zezé, chega todos os dias às 5h minhoneiro aposentado, Fernando chega às 7h sempre com as últimas vogais ressaltadas: “Quia-
à Ceasa e batalha pelos melhores preços até as 9h, à Ceasa e espera a encomenda dos mamões pa- boooo, jilóóóó, chuchuuuuu, abacaxiiiiiii”.
AUTO MOTIVOS
BETO MAGALHÃES/EM
Ronaldo Duarte Rios e Rodrigo Nunes Poli são os
novos gerentes regionais da Goodyear em Minas
Gerais, e já imprimiram um ritmo ainda mais
forte nas vendas da marca no estado,
consolidando a liderança da empresa em
diferentes segmentos. Ronaldo responde pela
área de pneus de caminhões, veículos agrícolas e
fora-de-estrada. Rodrigo é o responsável pelo
setor de pneus para automóveis e caminhonetas.