O MEC está preocupado com o aumento de jovens de 15 a 17 anos matriculados na EJA e planeja reformular os currículos para adequá-los melhor a esses alunos. As escolas podem estar enviando os estudantes com pior desempenho para a EJA para melhorar seus índices educacionais. O ambiente da EJA precisa ser apropriado para a socialização dos adolescentes.
1. 30/6/2014 Folha de S.Paulo - Cotidiano - MEC planeja reformular currículo de supletivos - 29/06/2014
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MEC planeja reformular currículo de
supletivos
Objetivo é lidar com aumento de jovens nessa modalidade de ensino
Segundo o ministério, ida de adolescentes para cursos voltados a
adultos aumenta o risco de abandono escolar
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
O aumento da transferência de alunos de 15 a 17 anos para a EJA (Educação de
Jovens e Adultos), como é chamado o antigo supletivo, preocupa o MEC (Ministério da
Educação), que está estudando medidas para lidar com a tendência.
"Esse é um problema sério. A EJA é focada no trabalhador que precisa terminar os
estudos. O adolescente que não se encaixa nesse contexto tem maior risco de
evasão", diz Clarice Traversini, diretora de currículos da Secretaria de Educação
Básica do MEC.
Segundo ela, o ministério vai reformular os currículos da EJA para adequá-los melhor
aos alunos mais jovens. "É uma prioridade", diz.
Reportagem da Folha revelou há três semanas que as matrículas de alunos de 15 a 17
anos nos anos finais do ensino fundamental da EJA subiram 6% entre 2007 e 2013,
para 466 mil. O número de estudantes de todas as outras faixas etárias encolheu.
Assim como especialistas ouvidos pela Folha, o MEC avalia que a migração dos
jovens pode ser uma medida das escolas para seus indicadores ficarem melhores.
"Esse movimento pode estar, sim, ligado a tentativas das escolas de melhorar seu
resultado no Ideb", diz Ítalo Dutra, coordenador geral do ensino fundamental da
diretoria de currículos do MEC.
O Ideb, índice de qualidade do ensino básico, é calculado a partir da Prova Brasil,
aplicada a alunos das escolas regulares de todo o país.
Uma vez enviados para a EJA, os estudantes --que geralmente são os que apresentam
pior desempenho escolar-- deixam de fazer a prova e de ser contados em estatísticas
do ensino regular.
Êda Luiz, diretora do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos do Campo
Limpo, em São Paulo, diz que é importante criar um ambiente propício para os
adolescentes na EJA.
"A socialização nessa idade é muito importante", afirma ela, que conta estar
recebendo um fluxo crescente de adolescentes.
2. 30/6/2014 Folha de S.Paulo - Cotidiano - MEC planeja reformular currículo de supletivos - 29/06/2014
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Raquel Elizabete Souza Santos, sub-secretária de desenvolvimento de educação
básica de Minas Gerais, diz que o envio de jovens para a EJA foi uma das formas
encontradas pelo Estado em anos recentes para lidar com os jovens com atraso
escolar.
Essa política substitui os programas de correção de fluxo que estão sendo,
gradualmente, abandonados.
Os adolescentes na EJA em Minas só têm a opção do turno noturno e, muitas vezes,
estudam com adultos. Segundo Raquel, os professores são treinados para lidar com a
diferença de faixas etárias.
"O professor tem uma abordagem diferente com o jovem, embora o material didático
seja o mesmo", afirma.
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