Manoel descreve sua jornada no AA, onde inicialmente era um "alcoólatra metido a besta" mas encontrou padrinhos que o ajudaram gratuitamente. Ao longo dos anos, Manoel passou a ajudar outros alcoólatras de diversas formas para retribuir o que o AA fez por ele e sua família. Isso incluiu levar amigos aos grupos, falar em palestras e coordenar grupos. Manoel criou quatro filhos sem vícios que o respeitam, deu paz à sociedade e
alcoolismo - Como fazer quando não quer se tratar?
Como o AA transformou a vida de um alcoólatra e de sua família
1. Continuando a questão do gratuito
Ingressei num grupo de AA muito bom – Tarde Azul – Centro de BH – como eu era um
alcoólatra metido a besta, meu padrinho me olhava torto – ai fui para um grupo pequeno,
Grupo União – bairro Bonfim – BH - a convite de meu amigo e cliente da minha contabilidade
e conheci um padrinho onde eu me identifiquei – ai percebi que tanto em um grupo como
outro meus padrinhos trabalhavam igual a um burro de carga sem qualquer remuneração e
pior, sem qualquer reconhecimento. E de tanto os não trabalhadores darem palpites nos
grupos, cheguei a apelar (perder a paciência) com o nosso escritório central de serviços –
centro BH – onde arrumei uma antipatia deles, ou seja, eu não era bem quisto na nossa central
de serviços – nisto eu pouco me lixava pois nenhum dos meus padrinhos se identificavam com
aquilo lá na época. Só que como eu já disse, mesmo alcoólatra eu sempre fui trabalhador e,
por criação nunca gostei de nada de graça eu tinha que trabalhar para que no meu amanhã
ninguém jogasse na minha cara que tinham me ajudado gratuitamente. – Então também
como já disse comecei a levar alguns amigos, depois ia na casa de outros alcoólatras para
convencê-los a conhecer o AA, depois catei e fui cuidar dos mendigos, depois saia fazendo
palestras, depois como coordenador de grupos de AA e por ultimo abri as portas da minha
casa – isto é uma forma de pagar o que o AA fez por mim e por tabela fez com a minha família
que por conseqüência tenho com convívio social ótimo (sem bebida alcoólica).
Com o falecimento do meu padrinho do grupo Tarde azul – o grupo se endividou na época uns
30 mil reais – cheguei a pensar em vender meu apartamento do bairro Betânia que valia uns
20 mil (na época)e pagar parte da dívida – mas não foi preciso – ou seja não vendi e nem
ajudei a pagar a dívida. Outros pagaram – com a morte do meu padrinho do Grupo União do
bairro Bonfim – ouve um caus. No grupo, ninguém se entendia - fiquei sem chão ou espaço
no meu próprio grupo que eu ajudara a crescer a fui rodar grupos – freqüentava todos e não
ficava fixo em nenhum mas sempre levando outros alcoólatras. Voltei numa visita ao meu
grupo pequeno e o grupo não tinha reuniões por falta de freqüência estava quase fechando e
pela primeira vez isto eu já tinha 19 anos de abstinência eu fui ser coordenador de grupo. –
cabe ressaltar – tenho uma casa na praia e uma moto 1.600cc – depois que virei coordenador ,
de tanto trabalho, nunca mais andei nesta moto nem voltei a minha casa de praia. Também
minha ex esposa por me ver com tanta dedicação e gratidão achou que eu virei um fanático,
não agüentou e pediu o divórcio que ainda não saiu, mas estamos separados há mais de 5
anos.
O QUE EU GANHEI COM ISTO? – esta resposta será mais bem reconhecida por qualquer pessoa
que tiver um bebedor problema ou um adicto em casa - ou seja: meu alcoolismo era tanto que
achei que não completaria 28 anos de idade, que eu morreria antes - Eu tenho 58 anos e mais
de 30 anos de abstinência -Eu era um destrambelhado na vida, altamente desequilibrado pelo
alcoolismo que por conseqüência me trazia distúrbios espirituais - não tinha a mínima
condição de criar um filho – criei quatro – um formado em Direito outro formado em
publicidade outra fonoaudióloga e outro tá fazendo fisioterapia na Federal. – três mais velhos
casados – todos sem vícios e trabalhadores dignos de uma sociedade. – filhos carinhosos,
pessoas que todos gostam de ter como amigos
2. Dei paz para a sociedade e para a minha família em especial minha mãe que já na hora do seu
falecimento fez questão de pedir para ser sepultada no Cemitério Bosque da Esperança pois
este fica em frente onde eu moro atualmente. Ela faleceu praticamente sorrindo pra mim -
sabia que sou um Cristão – achei Deus dentro do AA – viu meus trabalhos com os outros – viu
minha gratidão com o AA – certa vez ela disse que eu era um guerreiro - viu que sou um servo
de Deus.
Fiz um patrimônio bom – na hora da separação não precisei vender nada, deixei tudo montado
e funcionando para que a família continuasse, mesmo com minha saída, UNIDA – e foi
exatamente o que aconteceu. Mesmo separado, tenho uma família unida , filhos que se
respeitam, honram pai e mãe, portanto, irmãos que se gostam que se entendem que se
ajudam –
Tenho e sinto a coisa mais importante do mundo: “PAZ” .- Nossa, DEUS ME PAGA MUITO
BEM não preciso de dinheiro de alcoólatras.
Só preciso de uma coisa: Continuar ajudando outros alcoólatras
Manoel Coutinho