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1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
AGRONOMIA
KAREN ANDREON VIÇOSI
DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE ABSORÇÃO DE
ÁGUA DE DIFERENTES TECIDOS VEGETAIS
ALEGRE
2013
2. 1. INTRODUÇÃO
A água é responsável pela turgescência das células, e dá forma e estrutura aos
tecidos. De todos os recursos que a planta necessita para seu desenvolvimento, a
água é o mais abundante e, ao mesmo tempo, é o recurso que mais limita sua
produtividade, tanto das culturas como dos vegetais nativos. (PIMENTEL, C. 2004)
Segundo Taiz L. e Zeiger E., a regulação de entrada e saída de água da célula
depende de seu potencial hídrico, hidrostático, gravitacional e osmótico. O potencial
hídrico (Ψw) é o grau de hidratação da planta, e seus componentes variam de acordo
com as condições de crescimento, tipo da planta e localização.
As células vegetais apresentam elevada pressão intracelular denominada pressão
de turgescência, que contribui para a rigidez e estabilidade dos tecidos, que está
relacionado ao potencial hidrostático. O potencial hidrostático (Ψp) indica, quando
positivo, a pressão de turgescência, e quando negativo indica menor quantidade de
água.
O potencial osmótico (Ψs) representa o efeito dos solutos dissolvidos no potencial
hídrico. O potencial gravitacional representa a força gravitacional faz com que a
água mova-se para baixo, a não ser que exista uma força igual e oposta. A partir
disso, pode-se fazer a relação:
Ψw = Ψs + Ψg + Ψp
Como o estudo realizado ocorre na transferência osmótica de água à nível celular, o
potencial gravitacional é omitido. À medida que a água entra na célula, o potencial
hidrostático (Ψp) também aumenta, de acordo com a relação Ψp = Ψs - Ψw, diminui a
diferença entre os potenciais hídricos (Ψw) internos e externos. Em um determinado
momento, a da célula aumenta o suficiente para aumentar o mesmo valor do da
solução de sacarose. Quando isso acontece, atinge o ponto de equilíbrio e o
transporte de líquidos cessa.
3. 2. OBJETIVO
Determinar da capacidade de absorção ou de perda de água de diferentes
tecidos vegetais: chuchu, batata e cenoura. Para cada tecido, encontrar seu
potencial osmótico e seu ponto de equilíbrio, e em que concentração esse
fenômeno ocorre.
3. MATERIAIS
01 balança analítica
09 béqueres
Placa de Petri
Faca
Cenoura
Chuchu
Batata
300 mL água
108g de açúcar
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Foi realizada uma concentração de sacarose inicial de 1 mol/L, onde foram usados
108g de açúcar para 300 mL de água para obter essa concentração, chamada
também de concentração estoque.
Foram utilizados nove béqueres, cada um com uma molaridade final diferentes,
devidamente identificados, onde foi colocada determinada quantidade de água e de
solução estoque, em que o volume total fosse 20 mL.
Inicialmente, foram pesados com o auxilio de uma balança de precisão, nove
pedaços de batata, chuchu e cenoura, que foram um a um, acrescentados em cada
tubo contendo diferentes molaridade. Esperou-se uma hora e os vegetais foram
retirados do tubo, onde foram pesados para descobrir o peso final.
4. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Primeiramente, foi calculada a quantidade de água e solução estoque que deveria
ser colocada em cada tubo através da seguinte relação:
Volume inicial x Molaridade inicial = Volume final x Molaridade final
Vi x 1,00 = 20 x 0,10
Vi= 2 mL de solução estoque
O procedimento foi repetido para todos os tubos e o resultado obtido foi anotado na
tabela 1.
Para calcular o potencial osmótico (Ψs) da solução, sabendo que o Ψs da sacarose
equivale a –2,24 MPa, foi realizada a seguinte proporção:
1 molar 2,24 MPa
0,10 M x
x = -0,224 MPa
Foi realizada a mesma proporção para todas as soluções e os resultados estão
mostrados na tabela a seguir:
Tabela 1: Resultados obtidos para cada solução realizada.
Mol/L SOLUÇÃO
ESTOQUE (mL)
H2O(mL) TOTAL Ψ s (MPa)
0,00 0 20 20 0
0,10 2 18 20 -0,224
0,15 3 17 20 -0,336
0,20 4 16 20 -0,448
0,25 5 15 20 -0,56
0,30 6 14 20 -0,672
0,40 8 12 20 -0,896
0,50 10 10 20 -1,12
1,00 20 0 20 -2,24
Após esperar uma hora com os tecidos vegetais de cenoura, chuchu e batata em
béqueres de diferentes concentrações, anotou-se o peso final e foi feita a diferença
entre o peso final e inicial e vegetal de cada tecido.
No chuchu, foi possível observar através dos dados da tabela abaixo que entre as
concentrações de 0 a 0,25 M, o tecido absorveu água, indicando que seu potencial
5. osmótico está abaixo do potencial da solução, por isso absorveu água, e a partir de
0,3 M a planta perdeu água para a solução, conforme a tabela a seguir:
Tabela 2: Diferença entre o peso final e inicial do tecido de chuchu em diferentes
molaridades.
CHUCHU
M 0,00 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,40 0,50 1,00
Peso
Inicial (g)
3,880 3,202 3,172 3,617 3,735 3,850 3,872 3,786 3,813
Peso
Final (g)
4,411 3,601 3,499 3,940 3,799 3,826 3,716 3,480 3,145
Diferença
(g)
0,531 0,399 0,327 0,323 0,064 -0,024 -0,156 -0,306 -0,668
Figura 1: Relação entre diferença de peso e molaridade do chuchu
Sabendo que o ponto de equilíbrio, onde não há perda nem ganho de água está
entre 0,25 e 0,3 M, é possível saber esse ponto de equilíbrio através da média:
M = (0,25 + 0,3) / 2
M = 0,275 M
Se em 0,275 M a planta atinge o ponto de equilíbrio, é possível calcular seu
potencial osmótico através da relação:
1 M -2,24 MPa
0,275 M x
X = - 0,616 MPa
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
0 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 1
Diferença(g)
Molaridade
Chuchu
Chuchu
Linear (Chuchu)
6. Ou seja, quando o Ψs da solução foi maior que -0,616 MPa, o chuchu absorveu
água, pois seu potencial é menor que o da solução, até atingir potenciais osmóticos
iguais. Quando for menor que –0,616 MPa, ocorreu a perda de água do tecido, pois
tinha Ψs maior em relação a solução. Quando foi igual a –0,616 MPa, ocorreu um
equilíbrio, sem ganho ou perda de água.
O mesmo método foi realizado para a cenoura, porém os resultados foram
diferentes. O ponto de equilíbrio está entre as molaridades de 0,40 e 0,5 M, o que
indica que tem um potencial osmótico menor, conforme constado no gráfico e nas
contas a seguir:
Tabela 3: Diferença entre o peso final e inicial do tecido de cenoura em diferentes
molaridades.
CENOURA
M 0,00 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,40 0,50 1,00
Peso
Inicial (g)
2,317 2,130 2,012 2,244 2,518 1,326 2,045 1,21 2,131
Peso
Final (g)
2,580 2,407 2,133 2,462 2,682 1,473 2,063 1,182 1,101
Diferença
(g)
0,263 0,277 0,121 0,218 0,164 0,147 0,018 -0,028 -1,03
Figura 2: Relação entre diferença de peso e molaridade da cenoura
-1,2
-1
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 1
Diferença(g)
Molaridade
Cenoura
Cenoura
Linear (Cenoura)
7. M = (0,40 + 0,50) / 2
M = 0,45 M
1 M -2,24 MPa
0,45 M x
X = - 1,008 MPa
Observou-se que o Ψs da cenoura é menor que o do chuchu, no valor de -1,008
MPa, o que indica que acima desse valor, a cenoura absorveu água e aumento sua
massa; abaixo houve a perda de água e perda de massa, e nesse exato valor atingiu
seu ponto de equilíbrio osmótico.
De acordo com a tabela a seguir realizada com a batata, foi possível analisar que
tem o mesmo Ψs que o chuchu, conforme comprovado a seguir.
Tabela 4: Diferença entre o peso final e inicial do tecido de batata em diferentes
molaridades.
BATATA
M 0,00 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,40 0,50 1,00
Peso
Inicial (g)
2,109 4,033 3,690 3,758 3,905 3,484 3,588 3,827 3,133
Peso
Final (g)
2,32 4,275 3,847 3,95 4,062 3,464 3,489 3,498 2,873
Diferença
(g)
0,211 0,242 0,157 0,192 0,157 -0,002 -0,099 -0,329 -0,260
Figura 3: Relação entre diferença de peso e molaridade do chuchu
M = (0,25 + 0,3) / 2
M = 0,275 M
1 M -2,24 MPa
0,275 M x
X = - 0,616 MPa
-0,4
-0,3
-0,2
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 1
Diferença(g)
Molaridade
Batata
Batata
Linear (Batata)
8. 6. CONCLUSÃO
Através dos dados obtidos, foi possível esclarecer que o potencial osmótico é
variável para cada tecido vegetal, pois cada planta tem metabolismo diferente e
reage de maneiras distintas às perturbações a qual é submetida.
A cenoura teve o menor potencial osmótico, o que indica que ela é uma planta mais
resistente à seca, e só perde água em altas concentrações, porém precisa absorve
mais água em comparação ao chuchu e batata.
O chuchu e a batata apresentaram potenciais osmóticos iguais e maior em relação a
cenoura devido ambas serem tecidos que tem alto armazenamento de água, porém,
tem maior potencial, o que indica que começam a perder água em concentrações
menores, o que pode ser prejudicial ao desenvolvimento da planta.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PIMENTEL, C. Relação da planta com a água. Seropédica: UFRRJ, 2004
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004