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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde
Departamento de Atenção Especializada
Consenso Brasileiro
sobre Atividades
Esportivas e Militares
e Herança Falciforme
no Brasil – 2007
Série D. Reuniões e Conferência
Brasília – DF
2009
© 2009 Ministério da Saúde.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para
venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
http://www.saude.gov.br/bvs
O conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde pode ser acessado na página: http://www.saude.gov.br/editora
Série D. Reuniões e Conferências
Tiragem: 1.ª edição – 2009 – 40.000 exemplares
Elaboração, distribuição e informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde
Departamento de Atenção Especializada
Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados
Esplanada dos Ministérios, bloco G, sala 946
CEP: 70058-900, Brasília – DF
Tels.: (61) 33152428 / 33153803
Fax.: (61) 33152290
E-mail: sangue@saude.gov.br
Home page: http://www.saude.gov.br
EDITORA MS
Documentação e Informação
SIA, trecho 4, lotes 540/610
CEP: 71200-040, Brasília – DF
Tels.: (61) 3233-1774/2020
Fax: (61) 3233-9558
Home page: http://www.saude.gov.br/editora
E-mail: editora.ms@saude.gov.br
Equipe Editorial:
Normalização: Valeria Gameleira da Mota
Revisão: Eric Alves/Mara Soares Pamplona
Diagramação: Alisson Albuquerque
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada.
Consenso brasileiro sobre atividades esportivas e militares e herança falciforme no Brasil – 2007 / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.
36 p. – (Série D. Reuniões e Conferências)
ISBN 978-85-334-1572-0
1. Atividade Física. 2. Doenças Falciforme 3. Qualidade Vida. I. Título. II. Série.
CDU 613.7
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2009/0086
Títulos para indexação:
Em inglês: Brazilian Consensus of Military and Esporting Activities and Sickle Cell Inheritance in Brazil – 2007
Em espanhol: Consenso Brasileño sobre Actividades Esportivas y Militares y Herencia de la Anemia de Células Facilformes en
Brasil – 2007
Coordenação:
Dra. Clarisse Lobo – Médica Hematologista e Diretora-Geral
do Hemorio
Dra. Vera Neves Marra – Médica Hematologista e Diretora
Técnica do Hemorio
Marília Rugani – Médica Hematologista e Coordenadora de
Desenvolvimento Institucional
Equipe Técnica / Ministério da Saúde:
Dra. Joice Aragão de Jesus – Equipe da Política Nacional de
Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras
Hemoglobinopatias – Coordenação da Política Nacional de
Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS
E-mail: joice.jesus@saude.gov.br
Dr. Paulo Ivo Cortez de Araújo – Médico Hematologista do Ins-
tituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG),
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro
do Grupo de Assessoramento Técnico em Doenças Falcifor-
mes e Outras Hemoglobinopatias – Coordenação da Política
Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS
E-mail: picortez@gbl.com.br
Dra. Silma Maria Alves de Melo – Equipe da Política Nacional
de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e ou-
tras Hemoglobinopatias – Coordenação da Política Nacional
de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS
E-mail: silma.melo@saude.gov.br
Maria da Conceição Martins Bezerra – Equipe da Política
Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falci-
forme e outras Hemoglobinopatias – Coordenação da Política
Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS
E-mail: mariabezerra@saude.gov.br
Apoio da Equipe:
Carmen Solange Maciel Franco – Equipe da Política Nacional
de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e ou-
tras Hemoglobinopatias – Coordenação da Política Nacional
de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS
E-mail: carmen.franco@saude.gov.br
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
OBJETIVO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
METODOLOGIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
PARTICIPANTES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
PARTE 1 – PALESTRAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
PARTE 2 – DEBATES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
PARTE 3 – PLENÁRIA FINAL DE CONSENSO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5
INTRODUÇÃO
Em3desetembrode2007,reuniram-seespecialistas,usuários,
representantes das forças armadas e do esporte para traçar diretri-
zes em relação às condutas a serem adotadas com portadores de
traço falciforme e atividades esportivas e militares.
A pertinência do tema consiste na alta prevalência do traço
falciforme no Brasil (4% da população), da obrigatoriedade do
serviço militar no País, e do interesse crescente da população na
prática esportiva, quer amadora ou profissional. Além disso, com
a inclusão do teste para hemoglobinopatias na triagem neonatal,
em nível nacional e, por conseguinte, maior número de portado-
res identificados, torna-se imperioso que se tenha um consenso
acerca das referidas atividades, para evitar disparidades, gerando
conflitos sociais e eventualmente jurídicos.
O que se observa na prática clínica é que as condutas ado-
tadas são muito individuais, não havendo uma padronização.
Um número expressivo de médicos opta por adotar orientações
preventivas, não recomendando a prática esportiva e as ativida-
des militares para o indivíduo portador de traço falciforme. Essas
orientações partem de alguns relatos da literatura que associam
danos à saúde e até morte súbita nessa população. Tais medidas
visam proteger o indivíduo, contudo não levam em consideração
que resultam em segregação e discriminação.
Pretendeu-se discutir nesse evento todos os aspectos que
pudessem acarretar risco ao portador de traço falciforme, com
base em trabalhos científicos com força de recomendação e evi-
dência de níveis A ou B.
6
Tanto a literatura médica quanto a leiga não dão conta de
comprovar a relação entre o traço e complicações graves e fatais
sob regime de atividade física intensa.
Desde a década de 70, os autores vêm se ocupando de des-
crições de casos isolados e revisões bibliográficas, com o intui-
to de esclarecer tal questão. Os principais e recorrentes temas
levantados dizem respeito às alterações geradas em regime de
hipóxia, como altas altitudes, mergulho e exercício intenso, o que
nos remete automaticamente a determinadas atividades de lazer,
esportivas e ocupacionais, que são exercidas por pessoas saudá-
veis. Se forem proibidas para os portadores de traço falciforme,
equivalerá dizer que essa população não é saudável.
Clarisse Lobo
Vera Neves Marra
Marília Rugani
7
OBJETIVO
O objetivo do trabalho foi produzir recomendações acerca
da herança falciforme (heterozigoto) e sua relação com o esporte
e o serviço militar, para que as autoridades governamentais bra-
sileiras estabeleçam legislações norteadoras que padronizem as
condutas no País.
9
METODOLOGIA
Participaram 40 pessoas representantes de diversas regiões
do País com notório conhecimento ou interesse no tema em
questão. Todos os participantes receberam previamente artigos
científicos referentes ao tema, selecionados após ampla pesquisa
bibliográfica, além de um roteiro de perguntas para servir de guia
para as discussões.
11
PARTICIPANTES
Clarisse Lobo
(COORDENADORA)
Médica Hematologista e
Diretora-Geral
Hemocentro do Rio de Janeiro
(Hemorio/RJ)
Vera Neves Marra
(RELATORA)
Médica Hematologista e
Diretora Técnica
Hemocentro do Rio de Janeiro
(Hemorio/RJ)
Paulo Ivo Cortez
de Araújo
(RELATOR)
Médico Hematologista
Pediátrico e Coordenador do
Grupo Técnico do Programa
de Atenção Integral às
Pessoas com Doença
Falciforme
Secretaria de Estado de Saúde
e Defesa Civil do Rio de Janeiro
(Sesdec/RJ)
Aderson da Silva
Araújo
Médico Hematologista com
doutorado
Hemocentro de Pernambuco
(Hemope/PE)
Altair dos Santos
Lira
Presidente da Federação
Nacional das Associações de
Doença Falciforme –
Fenafal – BA
Federação Nacional das
Associações de Doença
Falciforme (Fenafal/BA)
Ana Maria Mach
Médica Hematologista
Serviço de Hematologia
Hemocentro do Rio de Janeiro
(Hemorio/RJ)
Andréa Ribeiro
Soares
Médica Hematologista do
Hupe – UERJ
Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ/RJ)
Ângela Ferreira
da Silva Rocha
Bióloga no Hemocentro de
Minas Gerais – Hemominas–MG
Hemocentro de Minas Gerais
(Hemominas/MG/Hemocen-
tro Regional de Uberlândia)
Ângela Maria Dias
Zanette
Médica Hematologista do
Serviço de Hematologia
Hemocentro da Bahia
(Hemoba/BA)
Carla Lyrio
Martins
Médica Hematologista Aeronáutica (RJ)
Carmen Solange
Maciel Franco
Técnica da Equipe de Política
de Atenção às Pessoas com
Doença Falciforme e outras
Hemoglobinopatias.
Ministério da Saúde /
Coordenação da Política
Nacional de Sangue e
Hemoderivados (DF)
12
Carolina Abrantes
da S. Cunha
Médica Hematologista do
Serviço de Hematologia
Hemocentro do Rio de Janeiro
(HEMORIO/RJ)
Cleidinéia dos
Santos Lima
Presidente da Associação
dos Falcêmicos do Rio de
Janeiro (AFARJ/RJ)
Associação dos Falcêmicos do
Rio de Janeiro (AFARJ/RJ)
Clenize das
Graças C. Rezende
Coordenadora do Programa
de Atenção Integral às Pes-
soas com Doença Falciforme
e outras Hemoglobinopatias
Uberlândia (MG)
Cristiano Guedes Mestre em Sociologia
Universidade Nacional de Bra-
sília (UnB/DF)
Elizabeth da
Costa R. Cerqueira
Médica Hematologista do
Serviço de Hematologia
Hemocentro do Rio de Janeiro
(Hemorio/RJ)
Fernando Ferreira
Costa
Professor Titular de
Hematologia da Unicamp
Universidade de Campinas
(Unicamp/SP)
Gildene Alves da
Costa
Hematologista e Oncologista
Pediátrica do Hospital
Infantil Lucídio Portela –
Teresina (PI)
Hospital Infantil Lucídio
Portela (Teresina/PI)
Helena Pimentel
Assessora Técnica do
Programa Nacional de
Triagem Neonatal do
Ministério da Saúde
SES/BA – APAE SALVADOR –
Triagem Neonatal (BA)
Isabel Cristina
Guimarães
Pimentel dos
Santos
Assessora Técnica do
Departamento de Ciência e
Tecnologia do Ministério da
Saúde (Decit/MS – DF)
Departamento de Ciência e
Tecnologia do Ministério da
Saúde (Decit/MS - DF)
Isis Magalhães
Médica Hematologista
Pediatra e Chefe do Núcleo
de Oncologia Pediátrica
SES/DF – Coordenação Pro-
grama de Atenção ao Doente
Pediátrico Falciforme (DF)
Ivan da Costa
Garcez Sobrinho
Assessor de Saúde do
Comando Militar do Leste
Exército (RJ)
Jacqueline
Holanda de Souza
Médica Hematologista
Hemocentro do Ceará
(Hemoce/CE)
Joice Aragão de
Jesus
Médica Pediatra e Sanitarista
responsável pela Política
Nacional de Atenção Integral
às Pessoas com Doença
Falciforme
Coordenação da Política Na-
cional de Sangue e Hemoderi-
vados (DAE/SAS/MS)
13
José Nélio
Januário
Professor Assistente e
Diretor do Núcleo de
Ações e Pesquisa em Apoio
Diagnóstico (UFMG)
Núcleo de Ações e Pesquisa
em Apoio Diagnóstico (Facul-
dade de Medicina de Minas
Gerais – Nupad/UFMG – MG)
Marcos Aguiar
Professor Adjunto e Vice-
Diretor do Núcleo de
Ações e Pesquisa em Apoio
Diagnóstico (UFMG)
Universidade de Minas Gerais
(UFMG/MG)
Marcos Daniel de
D. Santos
Professor da disciplina de
Hematologia e Hemoterapia
da Santa Casa de
Misericórdia de Vitória (ES)
Santa de Misericórdia de
Vitória (ES)
Maria Cândida
Queiroz
Coordenadora do Programa
de Atenção Integral às
Pessoas com Doença
Falciforme e outras
Hemoglobinopatias
Salvador (BA)
Maria da C. M.
Bezerra
Assistente Social, Consultora
Técnica do Ministério da
Saúde
Ministério da Saúde /
Coordenação da Política
Nacional de Sangue e
Hemoderivados (DF)
Milton Braz
Pagani
General de Divisão Médico
– Diretor do Departamento
de Saúde e Assistência Social
do Ministério da Defesa
Departamento de Saúde
e Assistência Social do
Ministério da Defesa (DF)
Miranete de
Arruda Rufino
Médica Coordenadora
do Programa de Anemia
Falciforme do Município de
Recife
SMS – PE / Gerente
Operacional da Atenção à
Saúde da População Negra
Mitiko Murao
Médica Hematologista da
Fundação Hemominas
Hemocentro de Minas Gerais
(Hemominas/MG)
Mônica Pinheiro
de A. Veríssimo
Hemoterapeuta e Pediatra
Centro Infantil Boldrini
(Campinas/SP)
Monique
Morgado Loureiro
Médica Hematologista do
Serviço de Hematologia
Hospital Universitário Clemen-
tino Fraga Filho – (Universida-
de Federal do Rio de Janeiro
– UFRJ/RJ)
Nilcéa Alves
Gomes Silva
Presidente da Associação
Pró-Falcêmico (Aprofe/SP)
Associação Pró-Falcêmico
(Aprofe/SP)
Patricia Gomes
Moura
Médica Hematologista do
Serviço de Hematologia
Hemocentro do Rio de Janeiro
(Hemorio/RJ)
14
Rodolfo Delfini
Cançado
Professor Assistente de
Hematologia
Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São
Paulo (FCMSCSP – Santa Casa/
SP)
Silma Maria Alves
de Melo
Bióloga e Consultora Técnica
do Ministério da Saúde
Ministério da Saúde /
Coordenação da Política
Nacional de Sangue e
Hemoderivados (DF)
Soraia Taveira
Rouxinol
Médica Hematologista do
Serviço de Hematologia
Hospital Geral da Lagoa (S.
Hematologia – HGL/RJ)
Tatyana
Alessandra de
Miranda
Médica Hematologista e
Hemoterapêuta – Hospital
Central do Corpo de
Bombeiros - RJ
Hospital dos Servidores do
Estado do Rio de Janeiro (S.
Hematologia – HSE/RJ)
15
PARTE 1 – PALESTRAS
Para subsidiar as discussões, foram proferidas as seguintes
palestras:
Impacto epidemiológico do gen falciforme no Brasil (Joice
Aragão): A representante da Coordenação-Geral da Política Nacional
de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde expôs acerca de
impacto do gen falciforme no Brasil. Discorreu sobre a miscigenação
racial variada nas diferentes áreas do território nacional e das medidas
que vêm sendo desenvolvidas pelo Ministério da Saúde para garantir
uma mudança na história natural da doença, reduzir a taxa de morbi-
mortalidade e promover a longevidade com qualidade de vida para as
pessoas com a DOENÇA e orientar e informar a população em ge-
ral sobre o TRAÇO.
O Esporte como Instrumento de Integração Social (José Carlos
Brunoro): Um bem-sucedido programa brasileiro envolvendo uma es-
cola de futebol como instrumento de inclusão social foi apresentado,
mostrando que o esporte pode ser usado para esse fim, com resultados
satisfatórios e de grande relevância para o País.
Apresentação de caso (Paulo Ivo Cortez): Um caso recente, ocor-
rido em 2004, com grande repercussão na mídia, de uma atleta que foi
excluída da seleção brasileira de vôlei por ser portadora de traço falci-
forme, foi apresentado, servindo de pano de fundo para a discussão.
Atleta de 16 anos, negra, havia cinco anos que se dedicara ao esporte.
Expoente na categoria, era forte candidata a integrar a seleção brasi-
leira infanto-juvenil. Tratada como inapta para a carreira esportiva por
motivos preventivos, a menina passou a sofrer com essa medida, cuja
validade foi o principal objeto do debate. As discussões giraram em tor-
no da discriminação genética a que foi vítima e a falta de padronização
de conduta por parte dos técnicos e do próprio Ministério da Saúde.
Esse caso foi também motivo de publicações na área social, e suscitou
grandes discussões entre médicos hematologistas, representando o
mais forte motivo desse trabalho.
16
Situação Brasileira no Ministério da Defesa (General Milton
Braz Pagani): O representante das Forças Armadas explanou sobre a
situação dos candidatos ao serviço militar. Afirmou que, apesar de não
ser obrigatória a realização do teste de triagem para o ingresso, um re-
sultado positivo determina a dispensa do serviço militar. Discorreu so-
bre o Decreto nº 60.822, que isenta definitivamente do serviço os cons-
critos que têm doenças do sangue e órgãos hematopoiéticos, citando
doenças que determinam perturbações funcionais incompatíveis com
o desempenho de atividades militares. Ponderou sobre a imprecisão de
tal decreto que permite múltiplas e conflitantes condutas, que efetiva-
mente são observadas na prática.
Traço Falciforme, Esporte e Forças Armadas – Mitos e Realida-
des (Frempong Kwaku-Ohene): Trazendo uma vasta compilação bi-
bliográfica de revistas médicas, além de várias referências em periódicos
leigos, o Dr. Frempong abordou os mitos e as realidades envolvendo o
traço falciforme. Ressaltou que o traço falciforme afeta mais de cem mi-
lhões de pessoas em todo o mundo e 25% dos adultos africanos, e que,
ainda assim, essa condição não representa problema de saúde pública
em nenhum país da África. Concluiu realçando que esse relevante dado
estatístico confere ao traço uma inquestionável benignidade.
Prosseguiu apresentando uma série composta por três manchetes
do jornal The New York Times, acerca da morte súbita de um pugilista de
25 anos, portador de traço. Na primeira manchete, de abril de 1979, a
morte fora atribuída ao traço. A segunda manchete mostrava um texto
de sua própria autoria, no qual rebatia essa hipótese. Finalmente, numa
terceira edição do mesmo jornal, a conclusão de que o atleta era na
realidade portador de cardiopatia secundária à febre reumática, e que
o óbito teve como causa insuficiência cardíaca. A partir de então, desta-
cou alguns pontos sobre essa questão, que classificou de polêmica.
Herança Genética: O traço falciforme é uma condição de herança
de um gene normal β–A e um gene β-S. Portanto, duas cadeias de glo-
bina são produzidas. Essa condição permite que a célula mantenha sua
reologia, em condições normais, mesmo quando desoxigenada.
No traço falciforme a hemácia contém quantidades variáveis de
Hb A e Hb S, porém a A é sempre maior que a S. Não são observadas
17
hemácias afoiçadas no sangue periférico de indivíduos em repouso. A
hemoglobina e os reticulócitos encontram-se em quantidade normal.
Um indivíduo que tenha 60% de Hb. A e 40% de Hb. S na formação
α2
β2
formará 36% de Hb A, 48% de Hb A/S e 16% de Hb.S. No entan-
to, nos casos de associação com α-talassemia, a proporção de Hb. S é
maior.
Polimerização: Os testes de solubilidade comprovam que existe
um potencial de polimerização entre hemácias falciformes.
Afoiçamento: Como demonstrado nos testes in vitro, sobretudo
no teste de afoiçamento, esse fenômeno ocorre, contudo não é repro-
duzido no indivíduo em repouso, mas apenas se o indivíduo é subme-
tido a esforço físico. Não existe evidência de diminuição da sobrevida
da hemácia. Frempong esclareceu também que a observação de afoi-
çamento post mortem corresponde a artefato e que hemácias AS infec-
tadas por plasmodium têm maior velocidade de clearence esplênico e
maior potencial para afoiçar.
Reologia celular: Existe dificuldade de filtração, que pode ser
comprovada pela dificuldade de leucorredução por filtração in vitro.
Consequentemente ocorre aumento da viscosidade e maior rigidez na
membrana.
Lesão de tecidos ou de órgãos: Na medula renal a maior acidez e
osmolaridade promovem a desidratação, polimerização e afoiçamento
da hemácia. Além disso, podem ser observados necrose papilar e infar-
to renal.					
O traço causa problemas de saúde em seus portadores?: Os
centros especializados no tratamento de doença falciforme não regis-
tram intercorrências em indivíduos AS mesmo em situações potencial-
mente falcizantes, como baixa tensão de oxigênio no tecido, desidrata-
ção ou temperatura corporal elevada.
Por outro lado, a literatura é pobre em relatos de séries de pacien-
tes. A maioria dos relatos são casos isolados que citam na bibliografia
outros casos isolados. Uma análise sobre as principais publicações acer-
ca do assunto, com base em graus de evidência, mostra que existem, de
18
fato, algumas condições clínicas que devem ser associados à heterozi-
gose da hemoglobina S.
Um estudo relevante, realizado em 1979 com 65.154 homens ne-
gros admitidos em seis hospitais americanos, mostrou que a freqüência
de traço foi de 7,8%. Não havia diferença na frequência do traço por
idade. O traço não teve nenhum impacto na idade média da internação,
na mortalidade global, na duração da hospitalização nem na freqüência
de qualquer diagnóstico. Contudo, o traço foi associado positivamente
à hematúria essencial e à embolia pulmonar (1,5% de AA contra 2,2%
de AS p< 0,001).
Pode existir alteração na capacidade de concentrar a urina (hipos-
tenúria), hematúria maciça unilateral, bacteriúria assintomática na gra-
videz, pielonefrite, doença policística renal (como herança autossômica
dominante) e carcinoma da medula renal.Também existe ainda associa-
ção com fenômenos tromboembólicos tanto arteriais quanto venosos.
Em todos os casos de morte súbita, frequentemente a causa da
morte é desconhecida. O diagnóstico de traço falciforme raramente é
estabelecido, devendo-se considerar também que o achado de hemá-
cias afoiçadas post mortem não significa que o afoiçamento ocorreu em
vida. Afoiçamento generalizado é um fenômeno extremamente raro na
doença falciforme, assim como morte durante exercício físico.
Outras descrições incluíram rabdomiólise, colapso não fatal após
exercício, choque térmico relacionado ao exercício, infarto esplênico
em altas altitudes ou durante exercício, e complicações após tratamen-
to de hifema.
Abordando mais especificamente o tema“Exercício e traço falcifor-
me”, Dr. Frempong lembrou ainda que os efeitos esperados do exercício
são: acidose, desidratação, hipóxia regional e hipertermia. No traço fal-
ciforme o exercício também induz aumento da viscosidade sanguínea
e o afoiçamento durante o esforço máximo.
Citou o Trial feito em 2004, quando seis homens com traço foram
submetidos a duas sessões de 45 minutos de caminhada em ambiente
quente. Em uma ocasião puderam ingerir água e na outra ficaram sem
ingestão hídrica por três horas, antes e durante o exercício. Foram ve-
19
rificadas a temperatura e a frequência cardíaca, e amostra de sangue
foi colhida para contagem de reticulócitos e mieloperoxidade. Os re-
sultados concluíram que a ingestão hídrica na mesma proporção que a
perda era suficiente para proteger o eritrócito do afoiçamento.
Sobre morte súbita em recrutas, destacou o trabalho de Kark,
quando todas as mortes ocorridas durante o treinamento básico eram
compiladas como não súbitas, e inexplicável ou explicável por doença
prévia. Foram compiladas 41 mortes relacionadas ao exercício. Dessas,
50% foram resultado de colapso térmico relacionado ao exercício, a
maior parte delas levando à rabdomiólise, e o restante foi classificado
como morte súbita não explicada. O percentual de mortes foi significa-
tivamente maior entre os portadores do traço RR 27,6 (95% IC 9 -100:
p›0,001). Em 1999, entretanto, foi realizado outro estudo pelo mesmo
grupo Kart, que, apesar de não ter sido publicado, gerou regras estritas
para prevenir o esforço excessivo. Esse trabalho está disponível na web
site do NIH no Programa de Doença Falciforme, desde 16 de dezembro
de 1999. Essas regras incluem a observação cuidadosa do recrutas com
traço falciforme fazendo com que bebam quantidades apropriadas de
água durante o condicionamento. Essas intervenções foram feitas em
todos os recrutas, desde 1982 até 1999. Os centros participantes trei-
naram neste período 2,3 milhões de recrutas (40.000 AS). Não houve
mortes entre os AS, durante o período de observação.
Concluiu que o que existe de verdadeiro em relação a recrutas das
forças armadas com traço falciforme é que:
A morte súbita está relacionada ao choque térmico rela-▪▪
cionado ao exercício e rabdomiólise;
O número relativamente pequeno de mortes sugere que▪▪
haja um outro fator de risco associado ao traço nesses
indivíduos;
A morte associada ao exercício não é relatada em países▪▪
com alta incidência do traço;
O choque térmico relacionado ao exercício foi também re-▪▪
latado em outros países como Israel, onde a incidência do
traço é extremamente baixa;
20
As mortes ocorreram apenas em recrutas e não aconte-▪▪
cem em profissionais militares, quando corretamente con-
dicionados;
Métodos simples, como condicionamento físico e hidra-▪▪
tação adequados, podem prevenir mortes súbitas em TO-
DOS os recrutas, com ou sem traço falciforme;
Em profissionais militares não há relato de problemas de▪▪
saúde relacionados ao traço em nenhum país do mundo.
Não há restrição ao serviço militar em países africanos
onde a prevalência do gene da Hb. S é alta.
Em atletas a prevalência do traço foi analisada em alguns
estudos, como o de Murphy, que em 1973 encontrou a mesma
prevalência do traço na população geral e em atletas da liga ame-
ricana de futebol. O mesmo aconteceu em 1976, quando Diggs
pesquisou a alteração entre atletas de basquete em Memphis.
Curiosamente, em 1989, Le Gallais,pesquisando o traço em atle-
tas da Costa do Marfim, encontrou prevalência maior do que na
população geral daquele país (13,7% em atletas contra 12% na
população geral). O mesmo foi verificado por Thiriet em 1991, em
Cameroon, onde a frequência do traço em atletas excedia 1,6%
da população geral.
O que devemos levar em consideração sobre o tema asseme-
lha-se ao que acabamos de descrever com relação à morte súbita
nas forças armadas:
Não existe nenhum estudo em larga escala que relacione▪▪
morte súbita e traço falciforme;
As mortes relatadas em pessoas com traço falciforme fo-▪▪
ram provavelmente relacionadas a choque térmico devi-
do ao exercício e rabdomiólise;
A possibilidade de estas mortes terem sido relacionadas a▪▪
outras condições mórbidas (doença cardíaca p.ex.) não foi
investigada em muitos dos casos relatados;
21
As mortes relacionadas ao exercício não foram reportadas▪▪
em países com alta prevalência do traço;
A representatividade de atletas com traço em diversos▪▪
esportes é a mesma do que a frequência na população
geral;
O mesmo método que já é aplicado em recrutas pode ser▪▪
realizado em atletas, quais sejam: condicionamento e hi-
dratação adequados.
Finalmente o Dr. Frempong concluiu sua palestra descreven-
do as recomendações de algumas instâncias americanas relacio-
nadas ao tema:
NIH (National Institutes of Health): Em 4 de junho de 2001
o NIH publicou a seguinte política – Medidas para prevenir o cho-
que térmico relacionado ao exercício eliminam a possibilidade de
morte súbita durante treinamento militar entre indivíduos com
traço e sem o traço falciforme, reduzindo a possibilidade de mor-
te súbita em ambos os grupos. Seguem as recomendações:
As forças armadas devem adotar medidas para prevenir o▪▪
choque térmico relacionado ao exercício e garantir que
sejam implementadas;
Rotinas para realização de▪▪ screening para o traço falcifor-
me são desnecessárias, potencialmente estigmatizantes e
discriminatórias, devendo ser descontinuadas;
O▪▪ screening pode ser apropriado para seleção em ativida-
des nas quais o indivíduo será submetido a condições de
hipóxia extrema. Neste caso, o screening deverá ser uni-
versal e acompanhado de informação e orientação que
devem ser oferecidas a todos os portadores do traço
falciforme.
Associação Nacional de Atletas: Muito recentemente, em
junho de 2007, a Associação Nacional de Atletas americana pro-
22
moveu uma reunião de consenso no seu encontro anual. O con-
senso tinha por objetivo alertar atletas e treinadores quanto aos
cuidados que devem ser tomados para que não haja dano à saúde
dos portadores de traço falciforme que praticam esporte profis-
sional e amador. O consenso estabeleceu as seguintes diretrizes:
Não há contra-indicação para que o portador do traço fal-▪▪
ciforme pratique esporte;
As hemácias podem afoiçar–se durante exercício físico ex-▪▪
tenuante, causando dano à saúde dos atletas com traço
falciforme;
Screening▪▪ emedidaspreventivaspodemserrealizadoseim-
pedir dano à saúde de atletas portadores desta condição;
Esforços para documentar o resultado da triagem neona-▪▪
tal devem ser realizados quando do cadastramento dos
atletas nas ligas específicas;
Na ausência de resultado do exame de triagem neonatal, as▪▪
instituiçõesdevemlograresforçosparaviabilizarotesteafim
de prover informações clínicas que poderão salvar vidas;
Independente do▪▪ screening as instituições devem disponi-
bilizar informações a atletas e treinadores quanto às medi-
das preventivas a serem instituídas;
Educação e prevenção podem funcionar melhor quando▪▪
focadas nos atletas que mais precisam delas. Portanto, as
instituições devem lograr esforços para realizar o screening.
Comitê Científico da Associação Americana de Doença
Falciforme: Em agosto de 2007, o comitê científico da Associa-
ção Americana de Doença Falciforme declarou:
Hematologistas, geneticistas e outros profissionais de saú-▪▪
dedevemorientarpacientesefamiliaressobreasquestões
relacionadas ao traço falciforme e o risco de desenvolver
23
choque térmico relacionado ao exercício, bem como a im-
portância de prevenir-se, aumentando a hidratação oral
especialmente sob situações de risco;
Os médicos devem orientar a população que participa de▪▪
esportes organizados que divulguem as orientações con-
cernentes ao traço falciforme para a ciência de todos;
Treinadores devem ser orientados quanto às medidas para▪▪
prevenir desidratação e, com isso, impedir o desenvolvi-
mento do choque térmico relacionado ao exercício para
todos os indivíduos submetidos a programa de condicio-
namento.
O benefício de promover o screening obrigatório de es-▪▪
tudantes e adolescentes não está provado e pode acar-
retar ações de discriminação, provendo estigmatização,
má informação e, sobretudo, coibir o desenvolvimento de
carreiras promissoras de indivíduos portadores do traço
falciforme.
25
PARTE 2 – DEBATES
Após as apresentações das palestras e debates, os partici-
pantes foram divididos em dois grupos para proceder às discus-
sões simultâneas. O grupo 1, discutiu Traço falciforme e esporte,
enquanto o grupo 2, teve como tema - Traço falciforme e Forças
Armadas.
As discussões sobre a conduta diante do portador de traço
falciforme e prática de esportes centraram-se nas seguintes
perguntas:
O indivíduo portador de traço falciforme pode praticar
esporte amador ou profissional?
SIM▪▪
É necessário fazer testes de triagem para	
hemoglobinopatias?
Que medidas devem ser tomadas para os portadores	
do traço falciforme?
NÃO▪▪
O que fazer com os atuais atletas portadores de traço	
falciforme que desconhecem essa condição?
O portador do traço não é doente, o nível de hemoglobina S
é sempre menor que o de hemoglobina A, com variações. Sinais
e sintomas que ocasionalmente aparecem no indivíduo heterozi-
goto (AS) podem estar relacionados a outros genes herdados.
26
O esporte é um elemento de integração social, desenvol-
vimento físico e, quando praticado profissionalmente, pode ser
fonte de recursos financeiros e ascensão social. Portanto, proibir
a prática de esportes em portadores de traço estará contribuindo
para uma limitação social, baseada em uma alteração genética.
A triagem neonatal para hemoglobinopatias é realizada em
todo o País e consequentemente a identificação do traço está
crescente. Portanto, medidas para disseminação de informações
precisas sobre esta condição devem ser implementadas através
do governo e dos especialistas, os quais devem buscar parcerias
com a mídia e entidades de esporte – como as confederações es-
portivas – para que a sociedade saiba lidar com esses casos sem
discriminação ou exclusão, pelo conhecimento. Um trabalho de
educação e disseminação da informação relativa ao traço falcifor-
me contribuirá para evitar a segregação de indivíduos saudáveis.
Analisando-se questões que podem induzir a proibição de
esportes nestes indivíduos, ressalta-se a descrição de mortes
súbitas em atletas que foram relacionadas à presença do traço.
Esses relatos deveram-se ao fato de que após a morte as hemácias
se afoiçam, não significando que estavam afoiçadas em vida.
É esperado que, após o óbito, devido à falta de oxigenação, as
hemácias com hemoglobina S se afoicem. Portanto, durante
a autópsia, quando hemácias em foice são encontradas,
imediatamente se relacionam como causa mortis. No entanto,
em alguns casos, após o questionamento de especialistas, outra
condição foi identificada.
A morte no contexto de exercícios é rara. Como boa parte
dos atletas portadores de traço não conhece essa condição, seria
de se esperar que mais pessoas se colocassem em risco, por des-
conhecimento, e, consequentemente, que morresse um número
maior de portadores do traço. Mas isso não acontece.
Situações como calor excessivo, desidratação, acidose e hi-
poxemia acarretam o afoiçamento. No entanto, beber bastante
27
líquido e descansar após exercícios físicos são orientações que
devem ser passadas a todos, independentemente do indivíduo
ter ou não o traço falciforme.
A triagem neonatal foca a identificação de homozigotos (SS),
visando à prevenção e orientação precoce. No caso da prática de
esportes, tanto amador como profissional, não há necessidade de
realização de testes, pois não se trata de doença. Caso o indivíduo
já saiba ser portador do traço, ele pode informar essa condição
ao médico e seguir as orientações habituais a qualquer atleta.
Portadores do traço sofrem risco mínimo na prática de exercícios,
e esse pode ser amenizado ou até mesmo anulado pela farta
hidratação.
É fundamental uma política de informação ampla, nas áreas
de esporte, educação e saúde, sobre os cuidados que toda a po-
pulação deve ter em relação à prática de esporte, independente
da presença do traço falciforme.
Conclusão
O indivíduo portador de traço pode fazer qualquer modali-
dade esportiva, já que não há dados epidemiológicos consisten-
tes que impeçam a prática de qualquer esporte.
Não é necessário fazer triagem para hemoglobinopatias em
indivíduos que queiram praticar esportes, quer de natureza ama-
dora ou profissional.
Discussão: No grupo 2, o seguinte roteiro de perguntas foi
proposto:
O indivíduo portador de traço falciforme pode servir às
Forças Armadas?
SIM▪▪
É necessário fazer testes de triagem para todos os as-	
pirantes às Forças Armadas?
28
Que medidas devem ser tomadas para os portadores	
do traço falciforme?
NÃO▪▪
O que fazer com os militares portadores de traço fal-	
ciforme em efetivo exercício que desconhecem essa
condição?
A pergunta foi analisada sob três focos. Inicialmente, sob o
ponto de vista das alterações fisiopatológicas inerentes à condi-
ção de heterozigose S.
As atividades físicas altamente extenuantes, para que os mi-
litares possam atuar nos seus limites, correspondem ao elemento
maisimportanteaserconsiderado.Outropontomuitoimportante
diz respeito às diferentes modalidades de treinamento, de acordo
com o tipo de serviço militar. Na Aeronáutica, por exemplo, existe
um maior risco de hipóxia, assim como no mergulho, utilizado na
marinha. Já no Exército, o treinamento em condições adversas,
como falta de alimento e de água, corresponde ao maior risco.
A constatação de que há um número praticamente inexis-
tente de casos de óbitos de portadores de traço falciforme em
atividades militares, no Brasil, foi o segundo foco de análise. Esse
ponto é de alta relevância, uma vez que se trata de País de alta
prevalência dessa condição genética.
Finalmente a dimensão social da questão não foi despreza-
da. Considerando que atualmente muitos portadores de traço
desconhecem essa condição e que, por outro lado, em futuro
próximo, todos conhecerão sua identidade genética com relação
à hemoglobina S, algumas questões devem fazer parte de nossas
preocupações.
Como no caso da atleta discriminada, estaremos promoven-
do sequelas sociais de repercussões incalculáveis se, ao se alistar
29
o indivíduo, passarmos a conhecer uma nova identidade genética
que o afasta de suas ambições e projetos de vida.
E quanto ao significativo contingente de brasileiros que já
crescerão sabendo serem portadores do traço?
É fundamental que se esclareça entre os mais diferentes seg-
mentos da sociedade que a heterozigose para a hemoglobina S
não confere ao seu portador maior risco que a população geral,
no que tange às atividades físicas, desde que atendidas as condi-
ções básicas de hidratação e de descanso.
Ao fim das discussões, foi consenso que para servir às Forças
Armadas não é necessário fazer teste de triagem para hemoglo-
binopatias. O que equivale dizer que os portadores de traço falci-
forme podem servir às Forças Armadas.
31
PARTE 3 – PLENÁRIA FINAL
DE CONSENSO
Após os debates os dois grupos se reuniram para o debate
final. As conclusões de ambos os grupos foram anunciadas e sub-
metidas a novo debate. Ao final da reunião, as recomendações
foram acatadas por consenso.
Recomendações do Consenso: Foram formuladas as se-
guintes recomendações para serem encaminhadas às autorida-
des governamentais:
O indivíduo portador de traço pode fazer qualquer1.	
modalidade esportiva, já que não há dados
epidemiológicos consistentes que impeçam a prática de
qualquer esporte;
Não é necessário fazer triagem para hemoglobinopatias2.	
em indivíduos que queiram praticar esportes, quer de
natureza amadora ou profissional;
Para servir às Forças Armadas não é necessário fazer tes-3.	
te de triagem para hemoglobinopatias. O que equivale
dizer que os portadores de traço falciforme podem servir
às Forças Armadas;
É fundamental que se esclareça entre os mais diferen-4.	
tes segmentos da sociedade que a heterozigose para a
hemoglobina S não confere ao seu portador maior risco
que a população geral no que tange às atividades físicas,
desde que atendidas as condições básicas de hidratação
e de descanso.
33
REFERÊNCIAS
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embolism among blacks. Blood, [S.l.], v. 110, p. 908-912, 2007.
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The New York Times, New York, feb. 1979.
EDITORA MS
Coordenação-Geral de Documentação e Informação/SAA/SE
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SIA, trecho 4, lotes 540/610 – CEP: 71200-040
Telefone: (61) 3233-2020 Fax: (61) 3233-9558
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Brasília – DF, abril de 2009
OS 0086/2009

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1367-L - Consenso brasileiro sobre atividades esportivas e militares e herança falciforme no brasil

  • 1. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Especializada Consenso Brasileiro sobre Atividades Esportivas e Militares e Herança Falciforme no Brasil – 2007 Série D. Reuniões e Conferência Brasília – DF 2009
  • 2. © 2009 Ministério da Saúde. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs O conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde pode ser acessado na página: http://www.saude.gov.br/editora Série D. Reuniões e Conferências Tiragem: 1.ª edição – 2009 – 40.000 exemplares Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Especializada Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados Esplanada dos Ministérios, bloco G, sala 946 CEP: 70058-900, Brasília – DF Tels.: (61) 33152428 / 33153803 Fax.: (61) 33152290 E-mail: sangue@saude.gov.br Home page: http://www.saude.gov.br EDITORA MS Documentação e Informação SIA, trecho 4, lotes 540/610 CEP: 71200-040, Brasília – DF Tels.: (61) 3233-1774/2020 Fax: (61) 3233-9558 Home page: http://www.saude.gov.br/editora E-mail: editora.ms@saude.gov.br Equipe Editorial: Normalização: Valeria Gameleira da Mota Revisão: Eric Alves/Mara Soares Pamplona Diagramação: Alisson Albuquerque Impresso no Brasil / Printed in Brazil Ficha Catalográfica Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Consenso brasileiro sobre atividades esportivas e militares e herança falciforme no Brasil – 2007 / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 36 p. – (Série D. Reuniões e Conferências) ISBN 978-85-334-1572-0 1. Atividade Física. 2. Doenças Falciforme 3. Qualidade Vida. I. Título. II. Série. CDU 613.7 Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2009/0086 Títulos para indexação: Em inglês: Brazilian Consensus of Military and Esporting Activities and Sickle Cell Inheritance in Brazil – 2007 Em espanhol: Consenso Brasileño sobre Actividades Esportivas y Militares y Herencia de la Anemia de Células Facilformes en Brasil – 2007 Coordenação: Dra. Clarisse Lobo – Médica Hematologista e Diretora-Geral do Hemorio Dra. Vera Neves Marra – Médica Hematologista e Diretora Técnica do Hemorio Marília Rugani – Médica Hematologista e Coordenadora de Desenvolvimento Institucional Equipe Técnica / Ministério da Saúde: Dra. Joice Aragão de Jesus – Equipe da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias – Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS E-mail: joice.jesus@saude.gov.br Dr. Paulo Ivo Cortez de Araújo – Médico Hematologista do Ins- tituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Grupo de Assessoramento Técnico em Doenças Falcifor- mes e Outras Hemoglobinopatias – Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS E-mail: picortez@gbl.com.br Dra. Silma Maria Alves de Melo – Equipe da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e ou- tras Hemoglobinopatias – Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS E-mail: silma.melo@saude.gov.br Maria da Conceição Martins Bezerra – Equipe da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falci- forme e outras Hemoglobinopatias – Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS E-mail: mariabezerra@saude.gov.br Apoio da Equipe: Carmen Solange Maciel Franco – Equipe da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e ou- tras Hemoglobinopatias – Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS E-mail: carmen.franco@saude.gov.br
  • 3. SUMÁRIO INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 OBJETIVO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 METODOLOGIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 PARTICIPANTES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 PARTE 1 – PALESTRAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 PARTE 2 – DEBATES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 PARTE 3 – PLENÁRIA FINAL DE CONSENSO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
  • 4.
  • 5. 5 INTRODUÇÃO Em3desetembrode2007,reuniram-seespecialistas,usuários, representantes das forças armadas e do esporte para traçar diretri- zes em relação às condutas a serem adotadas com portadores de traço falciforme e atividades esportivas e militares. A pertinência do tema consiste na alta prevalência do traço falciforme no Brasil (4% da população), da obrigatoriedade do serviço militar no País, e do interesse crescente da população na prática esportiva, quer amadora ou profissional. Além disso, com a inclusão do teste para hemoglobinopatias na triagem neonatal, em nível nacional e, por conseguinte, maior número de portado- res identificados, torna-se imperioso que se tenha um consenso acerca das referidas atividades, para evitar disparidades, gerando conflitos sociais e eventualmente jurídicos. O que se observa na prática clínica é que as condutas ado- tadas são muito individuais, não havendo uma padronização. Um número expressivo de médicos opta por adotar orientações preventivas, não recomendando a prática esportiva e as ativida- des militares para o indivíduo portador de traço falciforme. Essas orientações partem de alguns relatos da literatura que associam danos à saúde e até morte súbita nessa população. Tais medidas visam proteger o indivíduo, contudo não levam em consideração que resultam em segregação e discriminação. Pretendeu-se discutir nesse evento todos os aspectos que pudessem acarretar risco ao portador de traço falciforme, com base em trabalhos científicos com força de recomendação e evi- dência de níveis A ou B.
  • 6. 6 Tanto a literatura médica quanto a leiga não dão conta de comprovar a relação entre o traço e complicações graves e fatais sob regime de atividade física intensa. Desde a década de 70, os autores vêm se ocupando de des- crições de casos isolados e revisões bibliográficas, com o intui- to de esclarecer tal questão. Os principais e recorrentes temas levantados dizem respeito às alterações geradas em regime de hipóxia, como altas altitudes, mergulho e exercício intenso, o que nos remete automaticamente a determinadas atividades de lazer, esportivas e ocupacionais, que são exercidas por pessoas saudá- veis. Se forem proibidas para os portadores de traço falciforme, equivalerá dizer que essa população não é saudável. Clarisse Lobo Vera Neves Marra Marília Rugani
  • 7. 7 OBJETIVO O objetivo do trabalho foi produzir recomendações acerca da herança falciforme (heterozigoto) e sua relação com o esporte e o serviço militar, para que as autoridades governamentais bra- sileiras estabeleçam legislações norteadoras que padronizem as condutas no País.
  • 8.
  • 9. 9 METODOLOGIA Participaram 40 pessoas representantes de diversas regiões do País com notório conhecimento ou interesse no tema em questão. Todos os participantes receberam previamente artigos científicos referentes ao tema, selecionados após ampla pesquisa bibliográfica, além de um roteiro de perguntas para servir de guia para as discussões.
  • 10.
  • 11. 11 PARTICIPANTES Clarisse Lobo (COORDENADORA) Médica Hematologista e Diretora-Geral Hemocentro do Rio de Janeiro (Hemorio/RJ) Vera Neves Marra (RELATORA) Médica Hematologista e Diretora Técnica Hemocentro do Rio de Janeiro (Hemorio/RJ) Paulo Ivo Cortez de Araújo (RELATOR) Médico Hematologista Pediátrico e Coordenador do Grupo Técnico do Programa de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (Sesdec/RJ) Aderson da Silva Araújo Médico Hematologista com doutorado Hemocentro de Pernambuco (Hemope/PE) Altair dos Santos Lira Presidente da Federação Nacional das Associações de Doença Falciforme – Fenafal – BA Federação Nacional das Associações de Doença Falciforme (Fenafal/BA) Ana Maria Mach Médica Hematologista Serviço de Hematologia Hemocentro do Rio de Janeiro (Hemorio/RJ) Andréa Ribeiro Soares Médica Hematologista do Hupe – UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/RJ) Ângela Ferreira da Silva Rocha Bióloga no Hemocentro de Minas Gerais – Hemominas–MG Hemocentro de Minas Gerais (Hemominas/MG/Hemocen- tro Regional de Uberlândia) Ângela Maria Dias Zanette Médica Hematologista do Serviço de Hematologia Hemocentro da Bahia (Hemoba/BA) Carla Lyrio Martins Médica Hematologista Aeronáutica (RJ) Carmen Solange Maciel Franco Técnica da Equipe de Política de Atenção às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias. Ministério da Saúde / Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados (DF)
  • 12. 12 Carolina Abrantes da S. Cunha Médica Hematologista do Serviço de Hematologia Hemocentro do Rio de Janeiro (HEMORIO/RJ) Cleidinéia dos Santos Lima Presidente da Associação dos Falcêmicos do Rio de Janeiro (AFARJ/RJ) Associação dos Falcêmicos do Rio de Janeiro (AFARJ/RJ) Clenize das Graças C. Rezende Coordenadora do Programa de Atenção Integral às Pes- soas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias Uberlândia (MG) Cristiano Guedes Mestre em Sociologia Universidade Nacional de Bra- sília (UnB/DF) Elizabeth da Costa R. Cerqueira Médica Hematologista do Serviço de Hematologia Hemocentro do Rio de Janeiro (Hemorio/RJ) Fernando Ferreira Costa Professor Titular de Hematologia da Unicamp Universidade de Campinas (Unicamp/SP) Gildene Alves da Costa Hematologista e Oncologista Pediátrica do Hospital Infantil Lucídio Portela – Teresina (PI) Hospital Infantil Lucídio Portela (Teresina/PI) Helena Pimentel Assessora Técnica do Programa Nacional de Triagem Neonatal do Ministério da Saúde SES/BA – APAE SALVADOR – Triagem Neonatal (BA) Isabel Cristina Guimarães Pimentel dos Santos Assessora Técnica do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS – DF) Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS - DF) Isis Magalhães Médica Hematologista Pediatra e Chefe do Núcleo de Oncologia Pediátrica SES/DF – Coordenação Pro- grama de Atenção ao Doente Pediátrico Falciforme (DF) Ivan da Costa Garcez Sobrinho Assessor de Saúde do Comando Militar do Leste Exército (RJ) Jacqueline Holanda de Souza Médica Hematologista Hemocentro do Ceará (Hemoce/CE) Joice Aragão de Jesus Médica Pediatra e Sanitarista responsável pela Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme Coordenação da Política Na- cional de Sangue e Hemoderi- vados (DAE/SAS/MS)
  • 13. 13 José Nélio Januário Professor Assistente e Diretor do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (UFMG) Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Facul- dade de Medicina de Minas Gerais – Nupad/UFMG – MG) Marcos Aguiar Professor Adjunto e Vice- Diretor do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (UFMG) Universidade de Minas Gerais (UFMG/MG) Marcos Daniel de D. Santos Professor da disciplina de Hematologia e Hemoterapia da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (ES) Santa de Misericórdia de Vitória (ES) Maria Cândida Queiroz Coordenadora do Programa de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias Salvador (BA) Maria da C. M. Bezerra Assistente Social, Consultora Técnica do Ministério da Saúde Ministério da Saúde / Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados (DF) Milton Braz Pagani General de Divisão Médico – Diretor do Departamento de Saúde e Assistência Social do Ministério da Defesa Departamento de Saúde e Assistência Social do Ministério da Defesa (DF) Miranete de Arruda Rufino Médica Coordenadora do Programa de Anemia Falciforme do Município de Recife SMS – PE / Gerente Operacional da Atenção à Saúde da População Negra Mitiko Murao Médica Hematologista da Fundação Hemominas Hemocentro de Minas Gerais (Hemominas/MG) Mônica Pinheiro de A. Veríssimo Hemoterapeuta e Pediatra Centro Infantil Boldrini (Campinas/SP) Monique Morgado Loureiro Médica Hematologista do Serviço de Hematologia Hospital Universitário Clemen- tino Fraga Filho – (Universida- de Federal do Rio de Janeiro – UFRJ/RJ) Nilcéa Alves Gomes Silva Presidente da Associação Pró-Falcêmico (Aprofe/SP) Associação Pró-Falcêmico (Aprofe/SP) Patricia Gomes Moura Médica Hematologista do Serviço de Hematologia Hemocentro do Rio de Janeiro (Hemorio/RJ)
  • 14. 14 Rodolfo Delfini Cançado Professor Assistente de Hematologia Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP – Santa Casa/ SP) Silma Maria Alves de Melo Bióloga e Consultora Técnica do Ministério da Saúde Ministério da Saúde / Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados (DF) Soraia Taveira Rouxinol Médica Hematologista do Serviço de Hematologia Hospital Geral da Lagoa (S. Hematologia – HGL/RJ) Tatyana Alessandra de Miranda Médica Hematologista e Hemoterapêuta – Hospital Central do Corpo de Bombeiros - RJ Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (S. Hematologia – HSE/RJ)
  • 15. 15 PARTE 1 – PALESTRAS Para subsidiar as discussões, foram proferidas as seguintes palestras: Impacto epidemiológico do gen falciforme no Brasil (Joice Aragão): A representante da Coordenação-Geral da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde expôs acerca de impacto do gen falciforme no Brasil. Discorreu sobre a miscigenação racial variada nas diferentes áreas do território nacional e das medidas que vêm sendo desenvolvidas pelo Ministério da Saúde para garantir uma mudança na história natural da doença, reduzir a taxa de morbi- mortalidade e promover a longevidade com qualidade de vida para as pessoas com a DOENÇA e orientar e informar a população em ge- ral sobre o TRAÇO. O Esporte como Instrumento de Integração Social (José Carlos Brunoro): Um bem-sucedido programa brasileiro envolvendo uma es- cola de futebol como instrumento de inclusão social foi apresentado, mostrando que o esporte pode ser usado para esse fim, com resultados satisfatórios e de grande relevância para o País. Apresentação de caso (Paulo Ivo Cortez): Um caso recente, ocor- rido em 2004, com grande repercussão na mídia, de uma atleta que foi excluída da seleção brasileira de vôlei por ser portadora de traço falci- forme, foi apresentado, servindo de pano de fundo para a discussão. Atleta de 16 anos, negra, havia cinco anos que se dedicara ao esporte. Expoente na categoria, era forte candidata a integrar a seleção brasi- leira infanto-juvenil. Tratada como inapta para a carreira esportiva por motivos preventivos, a menina passou a sofrer com essa medida, cuja validade foi o principal objeto do debate. As discussões giraram em tor- no da discriminação genética a que foi vítima e a falta de padronização de conduta por parte dos técnicos e do próprio Ministério da Saúde. Esse caso foi também motivo de publicações na área social, e suscitou grandes discussões entre médicos hematologistas, representando o mais forte motivo desse trabalho.
  • 16. 16 Situação Brasileira no Ministério da Defesa (General Milton Braz Pagani): O representante das Forças Armadas explanou sobre a situação dos candidatos ao serviço militar. Afirmou que, apesar de não ser obrigatória a realização do teste de triagem para o ingresso, um re- sultado positivo determina a dispensa do serviço militar. Discorreu so- bre o Decreto nº 60.822, que isenta definitivamente do serviço os cons- critos que têm doenças do sangue e órgãos hematopoiéticos, citando doenças que determinam perturbações funcionais incompatíveis com o desempenho de atividades militares. Ponderou sobre a imprecisão de tal decreto que permite múltiplas e conflitantes condutas, que efetiva- mente são observadas na prática. Traço Falciforme, Esporte e Forças Armadas – Mitos e Realida- des (Frempong Kwaku-Ohene): Trazendo uma vasta compilação bi- bliográfica de revistas médicas, além de várias referências em periódicos leigos, o Dr. Frempong abordou os mitos e as realidades envolvendo o traço falciforme. Ressaltou que o traço falciforme afeta mais de cem mi- lhões de pessoas em todo o mundo e 25% dos adultos africanos, e que, ainda assim, essa condição não representa problema de saúde pública em nenhum país da África. Concluiu realçando que esse relevante dado estatístico confere ao traço uma inquestionável benignidade. Prosseguiu apresentando uma série composta por três manchetes do jornal The New York Times, acerca da morte súbita de um pugilista de 25 anos, portador de traço. Na primeira manchete, de abril de 1979, a morte fora atribuída ao traço. A segunda manchete mostrava um texto de sua própria autoria, no qual rebatia essa hipótese. Finalmente, numa terceira edição do mesmo jornal, a conclusão de que o atleta era na realidade portador de cardiopatia secundária à febre reumática, e que o óbito teve como causa insuficiência cardíaca. A partir de então, desta- cou alguns pontos sobre essa questão, que classificou de polêmica. Herança Genética: O traço falciforme é uma condição de herança de um gene normal β–A e um gene β-S. Portanto, duas cadeias de glo- bina são produzidas. Essa condição permite que a célula mantenha sua reologia, em condições normais, mesmo quando desoxigenada. No traço falciforme a hemácia contém quantidades variáveis de Hb A e Hb S, porém a A é sempre maior que a S. Não são observadas
  • 17. 17 hemácias afoiçadas no sangue periférico de indivíduos em repouso. A hemoglobina e os reticulócitos encontram-se em quantidade normal. Um indivíduo que tenha 60% de Hb. A e 40% de Hb. S na formação α2 β2 formará 36% de Hb A, 48% de Hb A/S e 16% de Hb.S. No entan- to, nos casos de associação com α-talassemia, a proporção de Hb. S é maior. Polimerização: Os testes de solubilidade comprovam que existe um potencial de polimerização entre hemácias falciformes. Afoiçamento: Como demonstrado nos testes in vitro, sobretudo no teste de afoiçamento, esse fenômeno ocorre, contudo não é repro- duzido no indivíduo em repouso, mas apenas se o indivíduo é subme- tido a esforço físico. Não existe evidência de diminuição da sobrevida da hemácia. Frempong esclareceu também que a observação de afoi- çamento post mortem corresponde a artefato e que hemácias AS infec- tadas por plasmodium têm maior velocidade de clearence esplênico e maior potencial para afoiçar. Reologia celular: Existe dificuldade de filtração, que pode ser comprovada pela dificuldade de leucorredução por filtração in vitro. Consequentemente ocorre aumento da viscosidade e maior rigidez na membrana. Lesão de tecidos ou de órgãos: Na medula renal a maior acidez e osmolaridade promovem a desidratação, polimerização e afoiçamento da hemácia. Além disso, podem ser observados necrose papilar e infar- to renal. O traço causa problemas de saúde em seus portadores?: Os centros especializados no tratamento de doença falciforme não regis- tram intercorrências em indivíduos AS mesmo em situações potencial- mente falcizantes, como baixa tensão de oxigênio no tecido, desidrata- ção ou temperatura corporal elevada. Por outro lado, a literatura é pobre em relatos de séries de pacien- tes. A maioria dos relatos são casos isolados que citam na bibliografia outros casos isolados. Uma análise sobre as principais publicações acer- ca do assunto, com base em graus de evidência, mostra que existem, de
  • 18. 18 fato, algumas condições clínicas que devem ser associados à heterozi- gose da hemoglobina S. Um estudo relevante, realizado em 1979 com 65.154 homens ne- gros admitidos em seis hospitais americanos, mostrou que a freqüência de traço foi de 7,8%. Não havia diferença na frequência do traço por idade. O traço não teve nenhum impacto na idade média da internação, na mortalidade global, na duração da hospitalização nem na freqüência de qualquer diagnóstico. Contudo, o traço foi associado positivamente à hematúria essencial e à embolia pulmonar (1,5% de AA contra 2,2% de AS p< 0,001). Pode existir alteração na capacidade de concentrar a urina (hipos- tenúria), hematúria maciça unilateral, bacteriúria assintomática na gra- videz, pielonefrite, doença policística renal (como herança autossômica dominante) e carcinoma da medula renal.Também existe ainda associa- ção com fenômenos tromboembólicos tanto arteriais quanto venosos. Em todos os casos de morte súbita, frequentemente a causa da morte é desconhecida. O diagnóstico de traço falciforme raramente é estabelecido, devendo-se considerar também que o achado de hemá- cias afoiçadas post mortem não significa que o afoiçamento ocorreu em vida. Afoiçamento generalizado é um fenômeno extremamente raro na doença falciforme, assim como morte durante exercício físico. Outras descrições incluíram rabdomiólise, colapso não fatal após exercício, choque térmico relacionado ao exercício, infarto esplênico em altas altitudes ou durante exercício, e complicações após tratamen- to de hifema. Abordando mais especificamente o tema“Exercício e traço falcifor- me”, Dr. Frempong lembrou ainda que os efeitos esperados do exercício são: acidose, desidratação, hipóxia regional e hipertermia. No traço fal- ciforme o exercício também induz aumento da viscosidade sanguínea e o afoiçamento durante o esforço máximo. Citou o Trial feito em 2004, quando seis homens com traço foram submetidos a duas sessões de 45 minutos de caminhada em ambiente quente. Em uma ocasião puderam ingerir água e na outra ficaram sem ingestão hídrica por três horas, antes e durante o exercício. Foram ve-
  • 19. 19 rificadas a temperatura e a frequência cardíaca, e amostra de sangue foi colhida para contagem de reticulócitos e mieloperoxidade. Os re- sultados concluíram que a ingestão hídrica na mesma proporção que a perda era suficiente para proteger o eritrócito do afoiçamento. Sobre morte súbita em recrutas, destacou o trabalho de Kark, quando todas as mortes ocorridas durante o treinamento básico eram compiladas como não súbitas, e inexplicável ou explicável por doença prévia. Foram compiladas 41 mortes relacionadas ao exercício. Dessas, 50% foram resultado de colapso térmico relacionado ao exercício, a maior parte delas levando à rabdomiólise, e o restante foi classificado como morte súbita não explicada. O percentual de mortes foi significa- tivamente maior entre os portadores do traço RR 27,6 (95% IC 9 -100: p›0,001). Em 1999, entretanto, foi realizado outro estudo pelo mesmo grupo Kart, que, apesar de não ter sido publicado, gerou regras estritas para prevenir o esforço excessivo. Esse trabalho está disponível na web site do NIH no Programa de Doença Falciforme, desde 16 de dezembro de 1999. Essas regras incluem a observação cuidadosa do recrutas com traço falciforme fazendo com que bebam quantidades apropriadas de água durante o condicionamento. Essas intervenções foram feitas em todos os recrutas, desde 1982 até 1999. Os centros participantes trei- naram neste período 2,3 milhões de recrutas (40.000 AS). Não houve mortes entre os AS, durante o período de observação. Concluiu que o que existe de verdadeiro em relação a recrutas das forças armadas com traço falciforme é que: A morte súbita está relacionada ao choque térmico rela-▪▪ cionado ao exercício e rabdomiólise; O número relativamente pequeno de mortes sugere que▪▪ haja um outro fator de risco associado ao traço nesses indivíduos; A morte associada ao exercício não é relatada em países▪▪ com alta incidência do traço; O choque térmico relacionado ao exercício foi também re-▪▪ latado em outros países como Israel, onde a incidência do traço é extremamente baixa;
  • 20. 20 As mortes ocorreram apenas em recrutas e não aconte-▪▪ cem em profissionais militares, quando corretamente con- dicionados; Métodos simples, como condicionamento físico e hidra-▪▪ tação adequados, podem prevenir mortes súbitas em TO- DOS os recrutas, com ou sem traço falciforme; Em profissionais militares não há relato de problemas de▪▪ saúde relacionados ao traço em nenhum país do mundo. Não há restrição ao serviço militar em países africanos onde a prevalência do gene da Hb. S é alta. Em atletas a prevalência do traço foi analisada em alguns estudos, como o de Murphy, que em 1973 encontrou a mesma prevalência do traço na população geral e em atletas da liga ame- ricana de futebol. O mesmo aconteceu em 1976, quando Diggs pesquisou a alteração entre atletas de basquete em Memphis. Curiosamente, em 1989, Le Gallais,pesquisando o traço em atle- tas da Costa do Marfim, encontrou prevalência maior do que na população geral daquele país (13,7% em atletas contra 12% na população geral). O mesmo foi verificado por Thiriet em 1991, em Cameroon, onde a frequência do traço em atletas excedia 1,6% da população geral. O que devemos levar em consideração sobre o tema asseme- lha-se ao que acabamos de descrever com relação à morte súbita nas forças armadas: Não existe nenhum estudo em larga escala que relacione▪▪ morte súbita e traço falciforme; As mortes relatadas em pessoas com traço falciforme fo-▪▪ ram provavelmente relacionadas a choque térmico devi- do ao exercício e rabdomiólise; A possibilidade de estas mortes terem sido relacionadas a▪▪ outras condições mórbidas (doença cardíaca p.ex.) não foi investigada em muitos dos casos relatados;
  • 21. 21 As mortes relacionadas ao exercício não foram reportadas▪▪ em países com alta prevalência do traço; A representatividade de atletas com traço em diversos▪▪ esportes é a mesma do que a frequência na população geral; O mesmo método que já é aplicado em recrutas pode ser▪▪ realizado em atletas, quais sejam: condicionamento e hi- dratação adequados. Finalmente o Dr. Frempong concluiu sua palestra descreven- do as recomendações de algumas instâncias americanas relacio- nadas ao tema: NIH (National Institutes of Health): Em 4 de junho de 2001 o NIH publicou a seguinte política – Medidas para prevenir o cho- que térmico relacionado ao exercício eliminam a possibilidade de morte súbita durante treinamento militar entre indivíduos com traço e sem o traço falciforme, reduzindo a possibilidade de mor- te súbita em ambos os grupos. Seguem as recomendações: As forças armadas devem adotar medidas para prevenir o▪▪ choque térmico relacionado ao exercício e garantir que sejam implementadas; Rotinas para realização de▪▪ screening para o traço falcifor- me são desnecessárias, potencialmente estigmatizantes e discriminatórias, devendo ser descontinuadas; O▪▪ screening pode ser apropriado para seleção em ativida- des nas quais o indivíduo será submetido a condições de hipóxia extrema. Neste caso, o screening deverá ser uni- versal e acompanhado de informação e orientação que devem ser oferecidas a todos os portadores do traço falciforme. Associação Nacional de Atletas: Muito recentemente, em junho de 2007, a Associação Nacional de Atletas americana pro-
  • 22. 22 moveu uma reunião de consenso no seu encontro anual. O con- senso tinha por objetivo alertar atletas e treinadores quanto aos cuidados que devem ser tomados para que não haja dano à saúde dos portadores de traço falciforme que praticam esporte profis- sional e amador. O consenso estabeleceu as seguintes diretrizes: Não há contra-indicação para que o portador do traço fal-▪▪ ciforme pratique esporte; As hemácias podem afoiçar–se durante exercício físico ex-▪▪ tenuante, causando dano à saúde dos atletas com traço falciforme; Screening▪▪ emedidaspreventivaspodemserrealizadoseim- pedir dano à saúde de atletas portadores desta condição; Esforços para documentar o resultado da triagem neona-▪▪ tal devem ser realizados quando do cadastramento dos atletas nas ligas específicas; Na ausência de resultado do exame de triagem neonatal, as▪▪ instituiçõesdevemlograresforçosparaviabilizarotesteafim de prover informações clínicas que poderão salvar vidas; Independente do▪▪ screening as instituições devem disponi- bilizar informações a atletas e treinadores quanto às medi- das preventivas a serem instituídas; Educação e prevenção podem funcionar melhor quando▪▪ focadas nos atletas que mais precisam delas. Portanto, as instituições devem lograr esforços para realizar o screening. Comitê Científico da Associação Americana de Doença Falciforme: Em agosto de 2007, o comitê científico da Associa- ção Americana de Doença Falciforme declarou: Hematologistas, geneticistas e outros profissionais de saú-▪▪ dedevemorientarpacientesefamiliaressobreasquestões relacionadas ao traço falciforme e o risco de desenvolver
  • 23. 23 choque térmico relacionado ao exercício, bem como a im- portância de prevenir-se, aumentando a hidratação oral especialmente sob situações de risco; Os médicos devem orientar a população que participa de▪▪ esportes organizados que divulguem as orientações con- cernentes ao traço falciforme para a ciência de todos; Treinadores devem ser orientados quanto às medidas para▪▪ prevenir desidratação e, com isso, impedir o desenvolvi- mento do choque térmico relacionado ao exercício para todos os indivíduos submetidos a programa de condicio- namento. O benefício de promover o screening obrigatório de es-▪▪ tudantes e adolescentes não está provado e pode acar- retar ações de discriminação, provendo estigmatização, má informação e, sobretudo, coibir o desenvolvimento de carreiras promissoras de indivíduos portadores do traço falciforme.
  • 24.
  • 25. 25 PARTE 2 – DEBATES Após as apresentações das palestras e debates, os partici- pantes foram divididos em dois grupos para proceder às discus- sões simultâneas. O grupo 1, discutiu Traço falciforme e esporte, enquanto o grupo 2, teve como tema - Traço falciforme e Forças Armadas. As discussões sobre a conduta diante do portador de traço falciforme e prática de esportes centraram-se nas seguintes perguntas: O indivíduo portador de traço falciforme pode praticar esporte amador ou profissional? SIM▪▪ É necessário fazer testes de triagem para hemoglobinopatias? Que medidas devem ser tomadas para os portadores do traço falciforme? NÃO▪▪ O que fazer com os atuais atletas portadores de traço falciforme que desconhecem essa condição? O portador do traço não é doente, o nível de hemoglobina S é sempre menor que o de hemoglobina A, com variações. Sinais e sintomas que ocasionalmente aparecem no indivíduo heterozi- goto (AS) podem estar relacionados a outros genes herdados.
  • 26. 26 O esporte é um elemento de integração social, desenvol- vimento físico e, quando praticado profissionalmente, pode ser fonte de recursos financeiros e ascensão social. Portanto, proibir a prática de esportes em portadores de traço estará contribuindo para uma limitação social, baseada em uma alteração genética. A triagem neonatal para hemoglobinopatias é realizada em todo o País e consequentemente a identificação do traço está crescente. Portanto, medidas para disseminação de informações precisas sobre esta condição devem ser implementadas através do governo e dos especialistas, os quais devem buscar parcerias com a mídia e entidades de esporte – como as confederações es- portivas – para que a sociedade saiba lidar com esses casos sem discriminação ou exclusão, pelo conhecimento. Um trabalho de educação e disseminação da informação relativa ao traço falcifor- me contribuirá para evitar a segregação de indivíduos saudáveis. Analisando-se questões que podem induzir a proibição de esportes nestes indivíduos, ressalta-se a descrição de mortes súbitas em atletas que foram relacionadas à presença do traço. Esses relatos deveram-se ao fato de que após a morte as hemácias se afoiçam, não significando que estavam afoiçadas em vida. É esperado que, após o óbito, devido à falta de oxigenação, as hemácias com hemoglobina S se afoicem. Portanto, durante a autópsia, quando hemácias em foice são encontradas, imediatamente se relacionam como causa mortis. No entanto, em alguns casos, após o questionamento de especialistas, outra condição foi identificada. A morte no contexto de exercícios é rara. Como boa parte dos atletas portadores de traço não conhece essa condição, seria de se esperar que mais pessoas se colocassem em risco, por des- conhecimento, e, consequentemente, que morresse um número maior de portadores do traço. Mas isso não acontece. Situações como calor excessivo, desidratação, acidose e hi- poxemia acarretam o afoiçamento. No entanto, beber bastante
  • 27. 27 líquido e descansar após exercícios físicos são orientações que devem ser passadas a todos, independentemente do indivíduo ter ou não o traço falciforme. A triagem neonatal foca a identificação de homozigotos (SS), visando à prevenção e orientação precoce. No caso da prática de esportes, tanto amador como profissional, não há necessidade de realização de testes, pois não se trata de doença. Caso o indivíduo já saiba ser portador do traço, ele pode informar essa condição ao médico e seguir as orientações habituais a qualquer atleta. Portadores do traço sofrem risco mínimo na prática de exercícios, e esse pode ser amenizado ou até mesmo anulado pela farta hidratação. É fundamental uma política de informação ampla, nas áreas de esporte, educação e saúde, sobre os cuidados que toda a po- pulação deve ter em relação à prática de esporte, independente da presença do traço falciforme. Conclusão O indivíduo portador de traço pode fazer qualquer modali- dade esportiva, já que não há dados epidemiológicos consisten- tes que impeçam a prática de qualquer esporte. Não é necessário fazer triagem para hemoglobinopatias em indivíduos que queiram praticar esportes, quer de natureza ama- dora ou profissional. Discussão: No grupo 2, o seguinte roteiro de perguntas foi proposto: O indivíduo portador de traço falciforme pode servir às Forças Armadas? SIM▪▪ É necessário fazer testes de triagem para todos os as- pirantes às Forças Armadas?
  • 28. 28 Que medidas devem ser tomadas para os portadores do traço falciforme? NÃO▪▪ O que fazer com os militares portadores de traço fal- ciforme em efetivo exercício que desconhecem essa condição? A pergunta foi analisada sob três focos. Inicialmente, sob o ponto de vista das alterações fisiopatológicas inerentes à condi- ção de heterozigose S. As atividades físicas altamente extenuantes, para que os mi- litares possam atuar nos seus limites, correspondem ao elemento maisimportanteaserconsiderado.Outropontomuitoimportante diz respeito às diferentes modalidades de treinamento, de acordo com o tipo de serviço militar. Na Aeronáutica, por exemplo, existe um maior risco de hipóxia, assim como no mergulho, utilizado na marinha. Já no Exército, o treinamento em condições adversas, como falta de alimento e de água, corresponde ao maior risco. A constatação de que há um número praticamente inexis- tente de casos de óbitos de portadores de traço falciforme em atividades militares, no Brasil, foi o segundo foco de análise. Esse ponto é de alta relevância, uma vez que se trata de País de alta prevalência dessa condição genética. Finalmente a dimensão social da questão não foi despreza- da. Considerando que atualmente muitos portadores de traço desconhecem essa condição e que, por outro lado, em futuro próximo, todos conhecerão sua identidade genética com relação à hemoglobina S, algumas questões devem fazer parte de nossas preocupações. Como no caso da atleta discriminada, estaremos promoven- do sequelas sociais de repercussões incalculáveis se, ao se alistar
  • 29. 29 o indivíduo, passarmos a conhecer uma nova identidade genética que o afasta de suas ambições e projetos de vida. E quanto ao significativo contingente de brasileiros que já crescerão sabendo serem portadores do traço? É fundamental que se esclareça entre os mais diferentes seg- mentos da sociedade que a heterozigose para a hemoglobina S não confere ao seu portador maior risco que a população geral, no que tange às atividades físicas, desde que atendidas as condi- ções básicas de hidratação e de descanso. Ao fim das discussões, foi consenso que para servir às Forças Armadas não é necessário fazer teste de triagem para hemoglo- binopatias. O que equivale dizer que os portadores de traço falci- forme podem servir às Forças Armadas.
  • 30.
  • 31. 31 PARTE 3 – PLENÁRIA FINAL DE CONSENSO Após os debates os dois grupos se reuniram para o debate final. As conclusões de ambos os grupos foram anunciadas e sub- metidas a novo debate. Ao final da reunião, as recomendações foram acatadas por consenso. Recomendações do Consenso: Foram formuladas as se- guintes recomendações para serem encaminhadas às autorida- des governamentais: O indivíduo portador de traço pode fazer qualquer1. modalidade esportiva, já que não há dados epidemiológicos consistentes que impeçam a prática de qualquer esporte; Não é necessário fazer triagem para hemoglobinopatias2. em indivíduos que queiram praticar esportes, quer de natureza amadora ou profissional; Para servir às Forças Armadas não é necessário fazer tes-3. te de triagem para hemoglobinopatias. O que equivale dizer que os portadores de traço falciforme podem servir às Forças Armadas; É fundamental que se esclareça entre os mais diferen-4. tes segmentos da sociedade que a heterozigose para a hemoglobina S não confere ao seu portador maior risco que a população geral no que tange às atividades físicas, desde que atendidas as condições básicas de hidratação e de descanso.
  • 32.
  • 33. 33 REFERÊNCIAS AUSTIN, H. et al. Sickle cell trait and the risk of venousthrombo- embolism among blacks. Blood, [S.l.], v. 110, p. 908-912, 2007. BADEN, M. Afterthoughts on the Death of an Amateur Fighter. Undetected Heart Flaw Was Major Contributor. The New York Ti- mes, New York, 22 abr. 1979. BERGERON, M. F. et al. Erythrocyte sickling during exercise and thermal stress. Clin. J. Sport Med., [S.l.], v. 14, p. 354-356, 2004. BRASIL. Decreto nº 60.822, de 7 de junho de 1967. Aprova as Ins- truções Gerais para a inspeção de saúde de conscritos nas forças armadas. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, col. 2, p. 6817. Seção 1. CONNES, P. et al. Does the pattern of repeated sprint ability differ between sickle cell trait carriers and healthy subjects? Int. J. Sports Med., [S.l.], v. 27, p. 937-942, 2006. CONNES, P. et al. Effects of supramaximal exercise on hemorhe- ology in sickle cell trait carriers. Eur. J. Appl. Physiol., [S.l.], v. 97, p. 143-150, 2006. CRAIG, S. C.; MORGAN, J. Parachuting injury surveillance. Military Medicine. [S.l.], v.162, p. 162-164, mar.1997. DIGGS, L. W.; FLOWERS, E. High school athletes with the sickle cell trait (Hb A/S). J. Natl. Med. Assoc., [S.l.], v. 68, p. 492-3, 1976. FREMPONG, K. O. Afterthoughts on the Death of an Amateur Fi- ghter. Sickled cells not factor. The New York Times, New York, 22 abr. 1979. ______. Medical and Research Advisory Committee (MARAC) of
  • 34. 34 SCDAA – Recommendations - August 2007. Comunicação pesso- al, Setembro, 2007. GUEDES, C.; DINIZ, D. Um caso de discriminação genética: o traço falciforme no Brasil. Physis, [S.l.], v 17, n. 3, 2007. GUEDES, C. O campo da anemia falciforme e a informação gené- tica: um estudo sobre o aconselhamento genético [dissertação]. Brasília: Universidade de Brasília, 2006. ______. O campo da anemia falciforme e direitos fundamentais. Jornal Correio Braziliense, Brasília, p. 22, 19 dez. 2004. (Revista D). HELLER, P. et al. Clinical implications of sickle-cell trait and gluco- se-6-phosphate dehydrogenase deficiency in hospitalized black male patients. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 300, p. 1001-1005, 1979. HOWE, A. S.; BODEN, B. P. Heat-Related Illness in Athletes. TheAme- rican Journal of Sports Medicine, [S.l.], v. 35, p.1384-1395, 2007. KAR, B. C. Clinical profile of sickle cell trait. J.A.P.I, [S.l.], v. 50, p.1368- 1372, nov. 2002. KARK, J. A. et al. Sickle-cell trait as a risk factor for sudden death in physical training. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 317, p. 781-787, 1987. KERLE, K. K.; NISHIMURA, K. D. Exertional collapse and sudden death associated with sickle cell trait. American Family Physician, [S.l.], v. 54, p. 237-240, jul. 1996. LE GALLAIS, D. et al. Prevalence of the sickle cell trait among stu- dents in a physical education college in Côte-d’Ivoire. Nouv. Rev. Fr. Hematol., [S.l.], v. 31, p. 409-12, 1989. MARLIN, L. et al. Sickle cell trait in french west indian elite sprint athletes. Int. J. Sports Med., [S.l.], v. 26, p. 622-625, 2005. MARON, B. J. et al. Sudden Death in Young Competitive Athletes. Clinical, demographic and pathological profiles. J.A.M.A., [S.l.], v. 276, p. 199-204; 1472, jul. 1996. MITCHEL, B. L. Sickle cell trait and sudden death - bringing it home.
  • 35. 35 Journal of the National Medical Association, [S.l.], v. 99, p. 300-305, mar. 2007. MONCHANIN, G. et al. Hemorheology, sickle cell trait and alpha- thalassemia in athletes: effects of exercise. J. Sports Med., [S.l.], p.1086-1092, 2005. MURPHY, J. R. Sickle cell hemoglobin (Hb AS) in black football players. J.A.M.A., [S.l.], v. 225, p. 981-982, 1973. NATIONAL ATHLETIC TRAINERS ASSOCIATION (NATA). Consensus Statement. The National athletic Trainers’ Association (NATA) relea- ses “Sickle Cell Trait and the athlete” consensus statement. Disponí- vel em: <http://www.nata.org/statements/consensus/sicklecell. pdf.> NOGUEIRA, C. Vôlei: um drama vira briga entre cartola e deputa- do. O Globo, Rio de Janeiro, 30 abr. 2004. SEARS, D. A. The morbidity of sickle cell trait. The American Jour- nal of Medicine. June, [S.l.], v. 64, p. 1021-1036, 1978. SICKLE CELL DISEASE ADVISORY COMMITTEE. National Heart, Lung, and Blood Institute National Institutes of Health: Sickle Cell Trait and Military Services. Measures to prevent exertional heat illness eliminate the disparity in sudden death during military ba- sic training between persons with sickle cell trait and persons wi- thout sickle cell trait and reduce the risk of death in both groups. [S.l.: s.n.], 2001. THIRIET, P. et al. Prevalence of the sickle cell trait in an athletic West African population. Med. Sci. Sports Exerc., [S.l.], v. 23, n. 3, p. 389-390, 1991. TONY, K. Golden Glove Heavyweight, 25, Dies After Loosing Fight. The New York Times, New York, feb. 1979.
  • 36. EDITORA MS Coordenação-Geral de Documentação e Informação/SAA/SE MINISTÉRIO DA SAÚDE SIA, trecho 4, lotes 540/610 – CEP: 71200-040 Telefone: (61) 3233-2020 Fax: (61) 3233-9558 E-mail: editora.ms@saude.gov.br Home page: http://www.saude.gov.br/editora Brasília – DF, abril de 2009 OS 0086/2009