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Nome: Umberto Conti
Ciclo: IV - 1º Semestre de 2018.
Quinta-feira, à noite.
Sobreviver ao pai.
É preciso falar sobre culpa e mal-estar.
“Eu assim nascido não quero tornar-me aquele que não investiga inteiramente o
que sou” (Sófocles, Oidipous tyrannos, 430 a.C.”.
Sinto a necessidade de manter o dispositivo utilizado nos três primeiros
textos semestrais produzidos no Ciclo I, II e II, o de ter como fio condutor no
desenvolvimento do trabalho os temas de interesse na psicanálise e sua devida
conexão com o conteúdo apresentado nas aulas de formação do CEP, em
seus cursos de extensão, nos seminários clínicos e teóricos, e também a minha
própria análise.
Tal desafio decorre, também, da necessidade de “amarrar alguns temas”
que se conectam a partir da programação do curso, mas que carecem de um
diálogo mais organizado por parte do aluno.
Portanto optei seguir, nessa linha, num plano mais aberto de dialogar
com o registro de algumas idéias e elaborações, desapegado da preocupação
de cometer imprecisões sobre conceitos teórico-clínicos da psicanálise, o que
me parece adequado à proposta do CEP e útil nesse momento de formação
Nesse contexto, tentarei articular algumas idéias já exploradas nos
trabalhos anteriores a partir dos textos: “Introdução ao estudo das Perversões”,
de Hugo Bleichmar, cuja temática explora o Complexo de Édipo em Lacan, a
partir de Freud, “Totem e Tabu” e “A Conferência nº 17: o Sentido dos
Sintomas”, ambos de Freud. Como também “Narcisismo, uma patologia do
nosso tempo”, do Ernesto Duvidovich, “Inveja e gratidão e Outros Trabalhos
(1946-1963)”, de Melanie Klein, “Sobre o Narcismo: uma Introdução (1914)”, “A
teoria da Libido e o Narcisismo”, ambos de Freud, “O estádio do espelho como
formador da função do Eu tal como nos é revelada na experiência psicanalítica”
(1949), de Jacques Lacan, e o seminário teórico “As idéias de Lacan e suas
conseqüências clínicas”, ministrado pela psicanalista Karin de Paula,
notadamente o processo de “Frustração, Privação e Castração” e os três
tempos de Lacan, e algumas idéias contidas nos livros “O circuito dos afetos:
corpos políticos, desamparo e fim do indivíduo”, do filósofo Wladimir Safatle, e,
“O homem sem gravidade”, do psicanalista francês Charles Melman, e nos
vídeos da série “Falando Nisso”, de Cristian Dunker, disponíveis no canal
Youtube.
Friso que, especialmente para este trabalho, busquei agregar ao
conteúdo anterior idéias contidas em três textos de grande relevância
sugeridos no ciclo IV, “Além do Princípio do Prazer” (1920), “O problema
econômico do masoquismo” (1924) e “O mal-estar na civilização” (1929/30),
todos escritos por Freud, além da carta “Um distúrbio de memória na acrópole”
(1936) escrita à Romain Rolland, utilizada para finalização do texto.
Em minha jornada de quase 4 (quatro) ciclos no CEP, em retrospectiva,
relembro que no primeiro trabalho “A metáfora: um lugar na psicanálise”
sublinhei a importância da palavra enquanto possibilidade de criação para o
sujeito angustiado, tentando lançar o esboço inicial de um tema que me atraia,
e de conseqüências clínicas empíricas a partir da minha análise, mas sem
saber ao certo onde se poderia chegar. Dizia que, se entendíamos bem a
aposta de Freud, a associação livre do paciente (dizer livremente o que lhe
viesse à mente sem roteiros pré-estabelecidos) poderia resgatar derivados do
que foi recalcado. E esses derivados que se apresentam em sonhos, fantasias,
lapsos, atos falhos, e também em “sintomas neuróticos”, serviriam como meios
de dar acesso à consciência, o que anteriormente lhe era negado. Ou seja, a
experiência analítica é um caminho para se lançar hipóteses sobre as
manifestações do inconsciente e, em linhas gerais, sobre a constituição da
subjetividade de cada paciente. E o analista teria responsabilidade de sustentar
esse dispositivo que permite puxar os “fios da meada” num processo de
transferência, para que o paciente perceba os efeitos de falar, de se escutar, e,
sobretudo, fazer “alguma coisa” em relação ao que transborda e vigora a partir
dessa operação.
Já no segundo trabalho, com um pouco mais de acúmulo de teoria, o
desenvolvimento se deu em elaborar de uma forma mais organizada a
importância da linguagem, cultura e ordem social na constituição/restituição do
sujeito e no curso de uma experiência analítica. Sublinhava, naquele momento,
a idéia que o Eu (ego) é desenvolvido. Ele não "cai do céu, do nada!”. É
preciso “muito trabalho” para se constituir, e acessar as bases e as “fundações
narcísicas” que estruturam o sujeito é inexoravelmente um vetor importante da
clínica – ou seja, é preciso escutar os “discursos culturais” que atravessam aos
que falam na clínica.
No terceiro trabalho “Uma aproximação possível: do pai mítico de
"Totem e Tabu", de Freud, à castração como operadora dos desejos, em
Lacan” o objetivo foi articular as idéias apresentadas nos trabalhos anteriores
com “Totem Tabu de Freud” e os três tempos de Édipo em Lacan, tendo em
vista o conteúdo bastante estrutural e basal na teoria, na perspectiva da
constituição do sujeito inscrita no campo psicanalítico e, fundamentalmente, na
construção de uma escuta clínica.
Portanto, retomo em síntese a aproximação que mereceu destaque no
terceiro texto: foi possível enxergar a articulação do mito que reedita nossa
fundação como humanos que pagam o preço de adesão à civilização, e,
portanto, lidam com “uma lei” organizadora do psiquismo, e com a interdição e
um quase insuperável sentimento de culpa fruto da ambivalência amor-ódio em
relação àquele nosso pai ancestral, e a passagem do sujeito à ordem simbólica
a partir de uma encruzilhada estrutural do Complexo de Édipo que, em Lacan,
organiza tempos que marcam a relação do sujeito com a falta, tendo seu ápice
a castração no papel de organização dos desejos humanos.
Enfim, dando enfoque especificamente ao quarto e presente trabalho,
começaria destacando alguns trechos dos textos Freudianos que me parecem
de extrema importância, e que mais à frente me servirão para o
desenvolvimento, e também porque me parecem bastante conectados com o
que se chama “a segunda tópica”, desenvolvida por volta dos anos 20.
Temos em o “O problema Econômico do Masoquismo” (1924), a
seguinte menção de Freud: “descrevi noutro lugar como, no tratamento
analítico, deparamos com pacientes a quem, devido ao seu comportamento
perante a influência terapêutica do tratamento, somos obrigados a atribuir um
sentimento de culpa ‘inconsciente’. Apontei o sinal pelo qual tais pessoas
podem ser reconhecidas (uma ‘reação terapêutica negativa’) e não ocultei o
fato de que a força de tal impulso constitui uma das mais sérias resistências e o
maior perigo ao sucesso de nossos objetivos médicos ou educativos. A
satisfação desse sentimento inconsciente de culpa é talvez o mais poderoso
bastião do indivíduo no lucro (geralmente composto) que aufere da doença - na
soma de forças que lutam contra o restabelecimento e se recusam a ceder seu
estado de enfermidade”. Esse trecho me parece de suma importância porque
há, ao mesmo tempo, a ênfase de observações clínicas que apontam a
resistência de pacientes para abandonar “a satisfação de um sentimento
inconsciente de culpa”, um “pacto com a culpa”, ousaria dizer, como também
me sugere qualificar melhor de que se trata propriamente a culpa na gramática
do campo psicanalítico: como seria formada? A culpa já estaria disponível no
inconsciente carecendo de nomeações para atenuá-la? Ou a culpa seria
sempre a conseqüência de algo (processo, atos, conflitos, etc.)? E, mais, a
culpa é sempre inconsciente e quando entra no campo das representações vira
remorso? Enfim, parecem-me questões importantes nesse momento da
formação. Portanto, me interessa nesse momento enquadrar esse tema: “o
sentimento de culpa”, e tentar extrair o máximo, de desdobramentos e
alcances, sua relação com o mal-estar, e sua formação no âmbito das
transformações do sofrimento em uma perspectiva cultural histórica. Enfim,
parte dessa elaboração já foi feita no terceiro trabalho quando idéias de “Totem
e Tabu” são utilizados. Mas é preciso mais e ir além!
Retomando o texto, mais adiante há outro trecho que serve bastante à
proposta, quando Freud descreve como se forma o superego: “Surgiu através
da introjeção no ego dos primeiros objetos dos impulsos libidinais do id - ou
seja, os dois genitores. Nesse processo, a relação com esses objetos foi
dessexualizada; foi desviada de seus objetivos sexuais diretos. Apenas assim
foi possível superar-se o complexo de Édipo. O superego reteve características
essenciais das pessoas introjetadas - a sua força, sua severidade, a sua
inclinação a supervisar e punir. (...). O superego - a consciência em ação no
ego - pode então tornar-se dura, cruel e inexorável contra o ego que está a seu
cargo. O Imperativo Categórico de Kant é, assim, o herdeiro direto do complexo
de Édipo”.
Relembro que a noção de supereu foi introduzida por Freud em 1923 no
texto “O ego e o Id”, e utilizando o parágrafo acima poderia especular que o
supereu corresponderia a um produto do complexo de Édipo. Um processo
secundário, de cisão do Eu (ego) que se traduz numa passagem a partir da
rede de identificações e a escolha de objetos que permitem o sujeito incorporar
“uma lei”, uma lei própria, uma lei interiorizada, construída de fora para dentro,
e que é formada essencialmente de como o sujeito “tomou para si” do que foi
“a lei’ para aqueles que “cuidaram dele” (pais, avós, sociedade, etc.). E,
portanto, a gênese do supereu seria uma transmissão, um atravessamento
pela cultura.
Poderia pensar que o supereu, nessa perspectiva, agiria de várias
formas: com procedimentos de observação, vigia, comparando o eu com o
mundo, examinando a presença de desejos, conferindo o tamanho do Eu com
o tamanho dos seus ideais, e, sobretudo, serviria como uma instância de
julgamento do eu e sua relação com os outros. Nessa linha acumularia,
também, a função de punir, assumindo seu lado mais tirânico, no papel de
carrasco do Eu, levando o sujeito a um dos grandes enigmas de psicanálise,
quero acreditar, que é o sentimento de culpa, tema do presente trabalho.
Retomo o diálogo com o texto “O problema econômico do masoquismo”,
quando Freud aborda o masoquismo moral: “Após essas preliminares,
podemos retornar à nossa consideração do masoquismo moral. (...) podemos
perceber a diferença existente entre uma extensão inconsciente da moralidade,
desse tipo, e o masoquismo moral. Na primeira, o acento recai sobre o sadismo
intensificado do superego a que o ego se submete; na última, incide no próprio
masoquismo do ego, que busca punição, quer do superego quer dos poderes
parentais externos. Podem perdoar-nos por termos confundido os dois
inicialmente, pois em ambos os casos se trata de um relacionamento entre o
ego e o superego (ou poderes que lhe são equivalentes), e em ambos os casos
o que está envolvido é uma necessidade que é satisfeita pela punição e pelo
sofrimento. Dificilmente, então, pode ser um pormenor insignificante que o
sadismo do superego se torne, na maior parte, ofuscadamente consciente, ao
passo que a tendência masoquista do ego permaneça, via de regra, oculta ao
indivíduo e tenha de ser inferida de seu comportamento. O fato de o
masoquismo moral ser inconsciente nos leva a uma pista óbvia. Podemos
traduzir a expressão ‘sentimento inconsciente de culpa’ como significando uma
necessidade de punição às mãos de um poder paterno”.
Percebe-se, portanto, que Freud diferencia um traço ofuscadamente
consciente do supereu sádico e o masoquismo moral propriamente dito,
inconsciente. No primeiro caso haveria um relacionamento “lucrativo” e
imbricado do sadismo do supereu com o masoquismo do ego, e no segundo
uma satisfação do ego buscando punição, seja de uma lei interna (supergo) ou
externa (poder paternal). Ou seja, interessa sublinhar e com ênfase, que o
sadismo do superego tem traços de consciência (quase consciente?), enquanto
que o masoquismo do ego, em via de regra, permanece oculto, sobrando inferir
pistas a partir do comportamento do sujeito.
Importante destacar também conectar o que Freud nos diz no texto "O
mal-estar na civilização". "Depois de situar o sentimento de culpa como um
problema mais importante no desenvolvimento cultural, ainda não foi
esclarecido a diferença entre a consciência de culpa e o sentimento de culpa".
Faz pensar! Infere-se aí nesse trecho que são duas expressões de certa
complexidade para separar do ponto de vista metapsicológico. Enfim, me
parece que se consiga entender a diferença do conceito, porque uma coisa é
experimentar e ter a consciência de culpa e outra experimentar um sentimento
de culpa sem motivo aparente.
E por quê? Especularia que esses dois estados, consciência de culpa e
sentimento de culpa, são expressões e lugares do mal-estar, e ambos estariam
numa variação tópica da angustia. Afinal, a angústia se expressa de várias
maneiras. Retomando o texto Freudiano, e insistindo nessa problemática: "(...)
mas não há que se superestimar o vínculo com a forma da neurose, na
neurose obsessiva há alguns doentes que não percebem seu sentimento de
culpa, ou somente o sentem como um mal-estar". Pensaria aí que Freud
claramente destaca que o mal-estar se expressa em forma de um sentimento,
uma forma deformada de sentimento: uma experiência de indeterminação!
Ou seja, o mal-estar ocupa lugares, é difuso e em boa parte
indeterminado, pelo fato que a angustia se mostra numa variedade de nexos
com a consciência estando presente em todos os sintomas, e horas se
mostrando diretamente na consciência e em outros estados se escondendo. O
mal-estar poderia se apresentar, portanto, de uma forma "torturante", um
estado de angústia que inibe e impede que o sujeito execute determinadas
ações. O que nos faz pensar no papel sádico e cruel do supereu para algumas
estruturas!
E, pensando no supereu, creio que o que vale ressaltar é que a angustia
também se apresenta "diante" do supereu. Friso as aspas: diante! Ou seja,
entendo que Freud nos propõe a pensar que a angustia não é originária, é uma
"conquista do sujeito", e, portanto, tardia. E como entender esse aspecto
tardio? Pelo fato que o supereu é uma estrutura formada posteriormente,
produto do complexo de Édipo e o produto final da interiorização da lei da
cultura, das imagos parentais? Tudo leva a crer que sim!
O que deixa uma questão curiosa no ar, ou seja, no mal-estar haveria
uma ligação expressiva de indeterminação, uma ligação com a busca de um
motivo. Primeiro existiria culpa, “bilhete de entrada” para a civilização, e depois
a busca constante de um ato, uma ação, uma palavra, uma significação para
transformá-la.
Realmente é interessante questão da culpa: por que é tão comum
testemunhar, na clínica ou nas relações prosaicas do cotidiano, tantas pessoas
que estão eternamente endividadas, eternamente culpadas, vivendo uma
situação de déficit moral em relação a si mesmas? Nesses casos poderíamos
pensar em uma “hipertrofia” do supereu? Uma instancia da lei, do não, que vai
ganhando vida própria, que quanto mais é obedecido mais vai exigindo e mais
pedindo restrição ao ego?
A primeira vista parecem questões mais específicas de uma estrutura
mais radical e patológica de “empodeiramento’ do supereu, aproveitando de um
neologismo corrente. Mas o diálogo com os textos de Freud parece ser
bastante razoável afirmar que ocorre a todos obter uma “cota insuperável de
mal-estar” como preço do processo civilizatório. Porque há formas variadas e
mais brandas de mal-estar, como também é fácil testemunhar os que dizem
freqüentemente: “Não tem nada acontecendo, não tenho como o que me
preocupar, mas eu sinto uma espécie de sentimento, de pressentimento, que
alguma coisa ruim vai acontecer”.
Nesse sentido, finalizando, lembro que um dos textos mais instigantes e
que, de alguma forma, me "colocou" na Psicanálise foi "Uma perturbação da
memória na Acrópole" (1936), em que Freud escreve à Romain Rolland suas
lembranças de uma viagem de verão à Atenas em 1904, que fez com seu
irmão, mas que estava fora dos planos iniciais e por isso ele recorda de uma
grande resistência para aceitar (atenção nisso!). Entendi que Freud nos narra o
fato como uma experiência paradoxal de triunfo e mal-estar, e salienta ter dito
em sua chegada na Acrópole: "Então isso realmente existe como aprendemos
na escola?". E é essa "incredubilidade" que parece dizer muito! Porque, se
forma como um sentimento de "despersonalização/desrealização", na medida
em que havia ao mesmo tempo uma crença consciente da existência da
Acrópole (como aprendido na escola pelo pequeno Freud), mas no
inconsciente, não. Explicando melhor: nessa lembrança Freud percebe que o
"É bom demais para ser verdade!" ao testemunhar a Acrópole fazia diálogo
com um pensamento infantil que retornava sob a égide do supereu a questão
da culpabilidade inconsciente, a cisão do eu, entre outros, porque era
justamente o Pai de Freud, sujeito simples, que não acreditava na existência da
Acrópole. Ou seja, nega-lá inconscientemente era um compromisso de
identidade com o Pai, uma dívida simbólica, ao mesmo em tempo que vivê-la
ao vivo em cores era "ultrapassar" esse compromisso com o pai, e por isso
essa sensação de estranheza, de mal estar, como uma culpa inconsciente. Ou
seja, se colarmos exageradamente em nossa rede de identidades o preço a
pagar é o sofrimento de desconhecermos o nosso desejo, ao passo que
"descobrir o mundo", embora gere culpa e mal-estar, atende forças pulsionais
que permitem que a vida se mexa. Como no exemplo, Freud não queria ter ido
para Atenas. Mas era e foi preciso “sobreviver” ao Pai. E houve triunfo. Mesmo
com mal-estar!

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O sentimento de culpa inconsciente e a formação do supereu na psicanálise

  • 1. Nome: Umberto Conti Ciclo: IV - 1º Semestre de 2018. Quinta-feira, à noite. Sobreviver ao pai. É preciso falar sobre culpa e mal-estar. “Eu assim nascido não quero tornar-me aquele que não investiga inteiramente o que sou” (Sófocles, Oidipous tyrannos, 430 a.C.”.
  • 2. Sinto a necessidade de manter o dispositivo utilizado nos três primeiros textos semestrais produzidos no Ciclo I, II e II, o de ter como fio condutor no desenvolvimento do trabalho os temas de interesse na psicanálise e sua devida conexão com o conteúdo apresentado nas aulas de formação do CEP, em seus cursos de extensão, nos seminários clínicos e teóricos, e também a minha própria análise. Tal desafio decorre, também, da necessidade de “amarrar alguns temas” que se conectam a partir da programação do curso, mas que carecem de um diálogo mais organizado por parte do aluno. Portanto optei seguir, nessa linha, num plano mais aberto de dialogar com o registro de algumas idéias e elaborações, desapegado da preocupação de cometer imprecisões sobre conceitos teórico-clínicos da psicanálise, o que me parece adequado à proposta do CEP e útil nesse momento de formação Nesse contexto, tentarei articular algumas idéias já exploradas nos trabalhos anteriores a partir dos textos: “Introdução ao estudo das Perversões”, de Hugo Bleichmar, cuja temática explora o Complexo de Édipo em Lacan, a partir de Freud, “Totem e Tabu” e “A Conferência nº 17: o Sentido dos Sintomas”, ambos de Freud. Como também “Narcisismo, uma patologia do nosso tempo”, do Ernesto Duvidovich, “Inveja e gratidão e Outros Trabalhos (1946-1963)”, de Melanie Klein, “Sobre o Narcismo: uma Introdução (1914)”, “A teoria da Libido e o Narcisismo”, ambos de Freud, “O estádio do espelho como formador da função do Eu tal como nos é revelada na experiência psicanalítica” (1949), de Jacques Lacan, e o seminário teórico “As idéias de Lacan e suas conseqüências clínicas”, ministrado pela psicanalista Karin de Paula, notadamente o processo de “Frustração, Privação e Castração” e os três
  • 3. tempos de Lacan, e algumas idéias contidas nos livros “O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e fim do indivíduo”, do filósofo Wladimir Safatle, e, “O homem sem gravidade”, do psicanalista francês Charles Melman, e nos vídeos da série “Falando Nisso”, de Cristian Dunker, disponíveis no canal Youtube. Friso que, especialmente para este trabalho, busquei agregar ao conteúdo anterior idéias contidas em três textos de grande relevância sugeridos no ciclo IV, “Além do Princípio do Prazer” (1920), “O problema econômico do masoquismo” (1924) e “O mal-estar na civilização” (1929/30), todos escritos por Freud, além da carta “Um distúrbio de memória na acrópole” (1936) escrita à Romain Rolland, utilizada para finalização do texto. Em minha jornada de quase 4 (quatro) ciclos no CEP, em retrospectiva, relembro que no primeiro trabalho “A metáfora: um lugar na psicanálise” sublinhei a importância da palavra enquanto possibilidade de criação para o sujeito angustiado, tentando lançar o esboço inicial de um tema que me atraia, e de conseqüências clínicas empíricas a partir da minha análise, mas sem saber ao certo onde se poderia chegar. Dizia que, se entendíamos bem a aposta de Freud, a associação livre do paciente (dizer livremente o que lhe viesse à mente sem roteiros pré-estabelecidos) poderia resgatar derivados do que foi recalcado. E esses derivados que se apresentam em sonhos, fantasias, lapsos, atos falhos, e também em “sintomas neuróticos”, serviriam como meios de dar acesso à consciência, o que anteriormente lhe era negado. Ou seja, a experiência analítica é um caminho para se lançar hipóteses sobre as manifestações do inconsciente e, em linhas gerais, sobre a constituição da subjetividade de cada paciente. E o analista teria responsabilidade de sustentar
  • 4. esse dispositivo que permite puxar os “fios da meada” num processo de transferência, para que o paciente perceba os efeitos de falar, de se escutar, e, sobretudo, fazer “alguma coisa” em relação ao que transborda e vigora a partir dessa operação. Já no segundo trabalho, com um pouco mais de acúmulo de teoria, o desenvolvimento se deu em elaborar de uma forma mais organizada a importância da linguagem, cultura e ordem social na constituição/restituição do sujeito e no curso de uma experiência analítica. Sublinhava, naquele momento, a idéia que o Eu (ego) é desenvolvido. Ele não "cai do céu, do nada!”. É preciso “muito trabalho” para se constituir, e acessar as bases e as “fundações narcísicas” que estruturam o sujeito é inexoravelmente um vetor importante da clínica – ou seja, é preciso escutar os “discursos culturais” que atravessam aos que falam na clínica. No terceiro trabalho “Uma aproximação possível: do pai mítico de "Totem e Tabu", de Freud, à castração como operadora dos desejos, em Lacan” o objetivo foi articular as idéias apresentadas nos trabalhos anteriores com “Totem Tabu de Freud” e os três tempos de Édipo em Lacan, tendo em vista o conteúdo bastante estrutural e basal na teoria, na perspectiva da constituição do sujeito inscrita no campo psicanalítico e, fundamentalmente, na construção de uma escuta clínica. Portanto, retomo em síntese a aproximação que mereceu destaque no terceiro texto: foi possível enxergar a articulação do mito que reedita nossa fundação como humanos que pagam o preço de adesão à civilização, e, portanto, lidam com “uma lei” organizadora do psiquismo, e com a interdição e um quase insuperável sentimento de culpa fruto da ambivalência amor-ódio em
  • 5. relação àquele nosso pai ancestral, e a passagem do sujeito à ordem simbólica a partir de uma encruzilhada estrutural do Complexo de Édipo que, em Lacan, organiza tempos que marcam a relação do sujeito com a falta, tendo seu ápice a castração no papel de organização dos desejos humanos. Enfim, dando enfoque especificamente ao quarto e presente trabalho, começaria destacando alguns trechos dos textos Freudianos que me parecem de extrema importância, e que mais à frente me servirão para o desenvolvimento, e também porque me parecem bastante conectados com o que se chama “a segunda tópica”, desenvolvida por volta dos anos 20. Temos em o “O problema Econômico do Masoquismo” (1924), a seguinte menção de Freud: “descrevi noutro lugar como, no tratamento analítico, deparamos com pacientes a quem, devido ao seu comportamento perante a influência terapêutica do tratamento, somos obrigados a atribuir um sentimento de culpa ‘inconsciente’. Apontei o sinal pelo qual tais pessoas podem ser reconhecidas (uma ‘reação terapêutica negativa’) e não ocultei o fato de que a força de tal impulso constitui uma das mais sérias resistências e o maior perigo ao sucesso de nossos objetivos médicos ou educativos. A satisfação desse sentimento inconsciente de culpa é talvez o mais poderoso bastião do indivíduo no lucro (geralmente composto) que aufere da doença - na soma de forças que lutam contra o restabelecimento e se recusam a ceder seu estado de enfermidade”. Esse trecho me parece de suma importância porque há, ao mesmo tempo, a ênfase de observações clínicas que apontam a resistência de pacientes para abandonar “a satisfação de um sentimento inconsciente de culpa”, um “pacto com a culpa”, ousaria dizer, como também me sugere qualificar melhor de que se trata propriamente a culpa na gramática
  • 6. do campo psicanalítico: como seria formada? A culpa já estaria disponível no inconsciente carecendo de nomeações para atenuá-la? Ou a culpa seria sempre a conseqüência de algo (processo, atos, conflitos, etc.)? E, mais, a culpa é sempre inconsciente e quando entra no campo das representações vira remorso? Enfim, parecem-me questões importantes nesse momento da formação. Portanto, me interessa nesse momento enquadrar esse tema: “o sentimento de culpa”, e tentar extrair o máximo, de desdobramentos e alcances, sua relação com o mal-estar, e sua formação no âmbito das transformações do sofrimento em uma perspectiva cultural histórica. Enfim, parte dessa elaboração já foi feita no terceiro trabalho quando idéias de “Totem e Tabu” são utilizados. Mas é preciso mais e ir além! Retomando o texto, mais adiante há outro trecho que serve bastante à proposta, quando Freud descreve como se forma o superego: “Surgiu através da introjeção no ego dos primeiros objetos dos impulsos libidinais do id - ou seja, os dois genitores. Nesse processo, a relação com esses objetos foi dessexualizada; foi desviada de seus objetivos sexuais diretos. Apenas assim foi possível superar-se o complexo de Édipo. O superego reteve características essenciais das pessoas introjetadas - a sua força, sua severidade, a sua inclinação a supervisar e punir. (...). O superego - a consciência em ação no ego - pode então tornar-se dura, cruel e inexorável contra o ego que está a seu cargo. O Imperativo Categórico de Kant é, assim, o herdeiro direto do complexo de Édipo”. Relembro que a noção de supereu foi introduzida por Freud em 1923 no texto “O ego e o Id”, e utilizando o parágrafo acima poderia especular que o supereu corresponderia a um produto do complexo de Édipo. Um processo
  • 7. secundário, de cisão do Eu (ego) que se traduz numa passagem a partir da rede de identificações e a escolha de objetos que permitem o sujeito incorporar “uma lei”, uma lei própria, uma lei interiorizada, construída de fora para dentro, e que é formada essencialmente de como o sujeito “tomou para si” do que foi “a lei’ para aqueles que “cuidaram dele” (pais, avós, sociedade, etc.). E, portanto, a gênese do supereu seria uma transmissão, um atravessamento pela cultura. Poderia pensar que o supereu, nessa perspectiva, agiria de várias formas: com procedimentos de observação, vigia, comparando o eu com o mundo, examinando a presença de desejos, conferindo o tamanho do Eu com o tamanho dos seus ideais, e, sobretudo, serviria como uma instância de julgamento do eu e sua relação com os outros. Nessa linha acumularia, também, a função de punir, assumindo seu lado mais tirânico, no papel de carrasco do Eu, levando o sujeito a um dos grandes enigmas de psicanálise, quero acreditar, que é o sentimento de culpa, tema do presente trabalho. Retomo o diálogo com o texto “O problema econômico do masoquismo”, quando Freud aborda o masoquismo moral: “Após essas preliminares, podemos retornar à nossa consideração do masoquismo moral. (...) podemos perceber a diferença existente entre uma extensão inconsciente da moralidade, desse tipo, e o masoquismo moral. Na primeira, o acento recai sobre o sadismo intensificado do superego a que o ego se submete; na última, incide no próprio masoquismo do ego, que busca punição, quer do superego quer dos poderes parentais externos. Podem perdoar-nos por termos confundido os dois inicialmente, pois em ambos os casos se trata de um relacionamento entre o ego e o superego (ou poderes que lhe são equivalentes), e em ambos os casos
  • 8. o que está envolvido é uma necessidade que é satisfeita pela punição e pelo sofrimento. Dificilmente, então, pode ser um pormenor insignificante que o sadismo do superego se torne, na maior parte, ofuscadamente consciente, ao passo que a tendência masoquista do ego permaneça, via de regra, oculta ao indivíduo e tenha de ser inferida de seu comportamento. O fato de o masoquismo moral ser inconsciente nos leva a uma pista óbvia. Podemos traduzir a expressão ‘sentimento inconsciente de culpa’ como significando uma necessidade de punição às mãos de um poder paterno”. Percebe-se, portanto, que Freud diferencia um traço ofuscadamente consciente do supereu sádico e o masoquismo moral propriamente dito, inconsciente. No primeiro caso haveria um relacionamento “lucrativo” e imbricado do sadismo do supereu com o masoquismo do ego, e no segundo uma satisfação do ego buscando punição, seja de uma lei interna (supergo) ou externa (poder paternal). Ou seja, interessa sublinhar e com ênfase, que o sadismo do superego tem traços de consciência (quase consciente?), enquanto que o masoquismo do ego, em via de regra, permanece oculto, sobrando inferir pistas a partir do comportamento do sujeito. Importante destacar também conectar o que Freud nos diz no texto "O mal-estar na civilização". "Depois de situar o sentimento de culpa como um problema mais importante no desenvolvimento cultural, ainda não foi esclarecido a diferença entre a consciência de culpa e o sentimento de culpa". Faz pensar! Infere-se aí nesse trecho que são duas expressões de certa complexidade para separar do ponto de vista metapsicológico. Enfim, me parece que se consiga entender a diferença do conceito, porque uma coisa é
  • 9. experimentar e ter a consciência de culpa e outra experimentar um sentimento de culpa sem motivo aparente. E por quê? Especularia que esses dois estados, consciência de culpa e sentimento de culpa, são expressões e lugares do mal-estar, e ambos estariam numa variação tópica da angustia. Afinal, a angústia se expressa de várias maneiras. Retomando o texto Freudiano, e insistindo nessa problemática: "(...) mas não há que se superestimar o vínculo com a forma da neurose, na neurose obsessiva há alguns doentes que não percebem seu sentimento de culpa, ou somente o sentem como um mal-estar". Pensaria aí que Freud claramente destaca que o mal-estar se expressa em forma de um sentimento, uma forma deformada de sentimento: uma experiência de indeterminação! Ou seja, o mal-estar ocupa lugares, é difuso e em boa parte indeterminado, pelo fato que a angustia se mostra numa variedade de nexos com a consciência estando presente em todos os sintomas, e horas se mostrando diretamente na consciência e em outros estados se escondendo. O mal-estar poderia se apresentar, portanto, de uma forma "torturante", um estado de angústia que inibe e impede que o sujeito execute determinadas ações. O que nos faz pensar no papel sádico e cruel do supereu para algumas estruturas! E, pensando no supereu, creio que o que vale ressaltar é que a angustia também se apresenta "diante" do supereu. Friso as aspas: diante! Ou seja, entendo que Freud nos propõe a pensar que a angustia não é originária, é uma "conquista do sujeito", e, portanto, tardia. E como entender esse aspecto tardio? Pelo fato que o supereu é uma estrutura formada posteriormente,
  • 10. produto do complexo de Édipo e o produto final da interiorização da lei da cultura, das imagos parentais? Tudo leva a crer que sim! O que deixa uma questão curiosa no ar, ou seja, no mal-estar haveria uma ligação expressiva de indeterminação, uma ligação com a busca de um motivo. Primeiro existiria culpa, “bilhete de entrada” para a civilização, e depois a busca constante de um ato, uma ação, uma palavra, uma significação para transformá-la. Realmente é interessante questão da culpa: por que é tão comum testemunhar, na clínica ou nas relações prosaicas do cotidiano, tantas pessoas que estão eternamente endividadas, eternamente culpadas, vivendo uma situação de déficit moral em relação a si mesmas? Nesses casos poderíamos pensar em uma “hipertrofia” do supereu? Uma instancia da lei, do não, que vai ganhando vida própria, que quanto mais é obedecido mais vai exigindo e mais pedindo restrição ao ego? A primeira vista parecem questões mais específicas de uma estrutura mais radical e patológica de “empodeiramento’ do supereu, aproveitando de um neologismo corrente. Mas o diálogo com os textos de Freud parece ser bastante razoável afirmar que ocorre a todos obter uma “cota insuperável de mal-estar” como preço do processo civilizatório. Porque há formas variadas e mais brandas de mal-estar, como também é fácil testemunhar os que dizem freqüentemente: “Não tem nada acontecendo, não tenho como o que me preocupar, mas eu sinto uma espécie de sentimento, de pressentimento, que alguma coisa ruim vai acontecer”. Nesse sentido, finalizando, lembro que um dos textos mais instigantes e que, de alguma forma, me "colocou" na Psicanálise foi "Uma perturbação da
  • 11. memória na Acrópole" (1936), em que Freud escreve à Romain Rolland suas lembranças de uma viagem de verão à Atenas em 1904, que fez com seu irmão, mas que estava fora dos planos iniciais e por isso ele recorda de uma grande resistência para aceitar (atenção nisso!). Entendi que Freud nos narra o fato como uma experiência paradoxal de triunfo e mal-estar, e salienta ter dito em sua chegada na Acrópole: "Então isso realmente existe como aprendemos na escola?". E é essa "incredubilidade" que parece dizer muito! Porque, se forma como um sentimento de "despersonalização/desrealização", na medida em que havia ao mesmo tempo uma crença consciente da existência da Acrópole (como aprendido na escola pelo pequeno Freud), mas no inconsciente, não. Explicando melhor: nessa lembrança Freud percebe que o "É bom demais para ser verdade!" ao testemunhar a Acrópole fazia diálogo com um pensamento infantil que retornava sob a égide do supereu a questão da culpabilidade inconsciente, a cisão do eu, entre outros, porque era justamente o Pai de Freud, sujeito simples, que não acreditava na existência da Acrópole. Ou seja, nega-lá inconscientemente era um compromisso de identidade com o Pai, uma dívida simbólica, ao mesmo em tempo que vivê-la ao vivo em cores era "ultrapassar" esse compromisso com o pai, e por isso essa sensação de estranheza, de mal estar, como uma culpa inconsciente. Ou seja, se colarmos exageradamente em nossa rede de identidades o preço a pagar é o sofrimento de desconhecermos o nosso desejo, ao passo que "descobrir o mundo", embora gere culpa e mal-estar, atende forças pulsionais que permitem que a vida se mexa. Como no exemplo, Freud não queria ter ido para Atenas. Mas era e foi preciso “sobreviver” ao Pai. E houve triunfo. Mesmo com mal-estar!