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VARIÁVEIS CLÍNICAS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO
VVARIÁVEISARIÁVEIS CLÍNICASCLÍNICAS DEDE RISCORISCO PRÉPRÉ--OPERAOPERATÓRIOTÓRIO
I. A. B. SI. A. B. SAADAAD*, L. Z*, L. ZAMBONAMBON
EstudorealizadonaUniversidadeEstadualdeCampinas,FaculdadedeCiênciasMédicas,ServiçodeFisioterapia
eTerapiaOcupacional,HospitaldasClínicas,Campinas,SP
ArtigoOriginalArtigoOriginal
INTRODUÇÃO
A abordagem do paciente cirúrgico en-
volve uma equipe multiprofissional e as
complicações pulmonares pós-operatórias
(CPP) que podem ocorrer são considera-
das fatores de preocupação entre os mes-
mos1-6
, principalmente nas cirurgias de tó-
rax e abdômen alto. Identificar os pacientes
de risco no pré-operatório que possam
evoluir para o desenvolvimento dessas
complicações é o primeiro passo para evitá-
RESUMO – OBJETIVOS. O objetivo deste estudo foi identificar
variáveis que facilitam o aparecimento de complicação pulmonar
pós-operatória (CPP) nos pacientes submetidos às cirurgias
eletivas de tórax e abdômen alto.
MÉTODOS. Foram estudados 297 pacientes, avaliados e
estratificados em baixo, moderado e alto risco para desenvolvi-
mento de CPP através da escala PORT, idealizada por Torrington
& Henderson ( 1988). Todos os pacientes foram acompanhados
por 72 horas no pós-operatório imediato. Foram consideradas
como CPP: atelectasia com repercussão clínica ou radiológica,
pneumonia, traqueobronquite, broncoespasmo, intubação e/ou
ventilação mecânica prolongada. Através da análise univariada,
estudamos as seguintes variáveis independentes: idade, grau
nutricional (índice de massa corpórea - IMC), sintomas respirató-
rios, doença respiratória, tabagismo, espirometria e tempo cirúr-
gico. Posteriormente submetemos tais variáveis à análise de re-
gressão logística multivariada para avaliar a relação entre as
variáveis independentes com a dependente e a chance de CPP.
RESULTADOS. A incidência de CPP observada foi de 12,1%. Para
análise estatística utilizou-se a análise univariada e posteriormen-
te a regressão logística multivariada. Os resultados informam
através da razão de chances (odss ratio-or) a participação das
variáveis independentes entre si sobre a dependente ( complicou/
não complicou) no evento estudado. Em ambos os tipos de cirur-
gia, as variáveis encontradas foram: tosse com expectoração
amarela (OR= 3.8); a cirurgia torácica em relação a abdominal
(OR=2.9); IMC (OR=1.13); tempo de tabagismo (OR=1.03) e
tempo cirúrgico (OR=1.007). Na aplicação da análise da regres-
são logística considerando somente a cirurgia torácica, as variá-
veis foram: broncoespasmo (OR= 6.2); IMC (OR= 1.15); tempo de
tabagismo (OR=1.04) e tempo cirúrgico (OR=1.007).
CONCLUSÕES. As variáveis de risco pré-operatórias que aumenta-
ram a chance de CPP nas cirurgias de tórax e abdômen alto foram:
tosse com expectoração amarela; cirurgia torácica, IMC; tabagismo
e tempo cirúrgico. Nas cirurgias de tórax as variáveis encontradas
foram: broncoespasmo, IMC, tabagismo e tempo cirúrgico.
UNITERMOS: Cirurgia. Fisioterapia. Complicações pós-operatórias.
las. Em medicina, risco de lesão associa-se
com morbidade e risco de perda com mor-
talidade7
.
Vários fatores devem ser considerados
tentando-se identificar os pacientes poten-
cialmente de risco para o desenvolvimento
destas complicações1-8-9-10
. Com relação
aos fatores clínicos, as complicações, em
grande parte, decorrem de alterações pul-
monares que podem ser agrupadas em qua-
tro categorias: a) alterações da mecânica
pulmonar; b) alterações do padrão respira-
tório; c) alterações na troca gasosa; d) alte-
rações dos mecanismos de defesa pulmo-
nar7
. Tais disfunções não são restritas aos
pneumopatas, podendo ocorrer no pós-
operatório de quaisquer indivíduos7-11-12
.
*Correspondência:*Correspondência:
HospitaldasClínicas–UNICAMP–ServiçodeFisioterapia3º
Andar–CidadeUniversitáriaProf.ZaferinoVaz–BarãoGeraldo–
Campinas–SãoPaulo–Tel.:(19)9773-1925
E-mail:alonsaad@correionet.com.br
Dentre os fatores de risco, os que mais se
associam com o aumento de chance para
CPP são: idade, estado nutricional através
da avaliação do IMC, doenças respiratórias,
tabagismo e espirometria.
A idade isoladamente não constitui fator
de risco aumentado para complicação pul-
monar pós-operatória. A mortalidade e a
morbidade se relacionam mais com os efei-
tos do envelhecimento sobre a função pul-
monar, tais como: diminuição da elasticida-
de, da complacência pulmonar e dos volu-
mes, redução da PO2
e diminuição dos re-
flexos das vias aéreas superiores e a condi-
ção clínica do paciente, do que com sua
idade cronológica7-13-14
.
Com relação ao estado nutricional, na
Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24118
SAAD IAB ET AL.
avaliação de risco cirúrgico para CPP rela-
cionado à obesidade as conclusões são con-
troversas. Os obesos são suscetíveis a tosse
ineficaz, atelectasia nas bases, hipóxia pro-
gressiva, facilitando a instalação de secre-
ções e infecções7-15
. Já a desnutrição tam-
bém constitui um fator de risco, uma vez
que a deficiência proteico-calórica induz a
alterações pulmonares importantes como:
diminuição da defesa pulmonar por queda
dos níveis de IgA secretora, diminuição da
resposta ventilatória à hipóxia, diminuição
da massa muscular16-17
.
A presença de doença respiratória
aguda eleva o risco de CPP, por isso, em
cirurgias eletivas, é rotina aguardar-se a
resolução total do processo7-18
. Pacientes
com diagnóstico de doença respiratória
crônica que referem tosse, expectoração
e sibilos no pré-operatório, apresentam
maior chance de complicações no pós-
operatório8-19-20
.
O tabagismo é um fator de risco para
desenvolvimento de complicações pulmo-
nares pós-operatórias, mesmo naqueles
sem doença pulmonar21-22
. A cessação do
consumo tabágico no pré-operatório deve
ocorrer no mínimo por oito semanas antes
da cirurgia, a fim de que se permita a redu-
ção das complicações1-13-14
.
As principais alterações espirométricas
nas cirurgias estão associadas às mudanças
na capacidade vital (CV) e na capacidade
residual funcional (CRF). A CV diminui cerca
de 50 a 60% e a CRF cerca de 30% nas
primeiras 16 a 24 horas do pós-operatório,
retornando aos seus valores normais por
volta do quinto dia pós-operatório nas ci-
rurgias de grande porte1-15
. A espirometria
pode demonstrar a presença e gravidade da
doença pulmonar, mas como dado isolado
não oferece informações suficientes na pre-
dição de risco para complicação pulmonar7-
23-13
. Nos pacientes assintomáticos respira-
tórios sua indicação permanece discutível24
.
A duração da cirurgia é um dos fatores
de risco que deve ser verificado durante a
avaliação pré-operatória. Alguns autores
consideram o tempo cirúrgico superior à
210 minutos como fator de complicação
pulmonar pós-operatória21-7-25
.
A incidência das CPP em cirurgia to-
rácica e abdominal depende dos critérios
avaliados, variando de 6% a 76%,6,11,14,25-29
principalmente pelas diferenças devido à
definição dos critérios diagnósticos de com-
plicação pós-operatória frente a distúrbios
fisiopatológicos próprios desta situação11-30
.
Por exemplo, atelectasias laminares cursam
de forma assintomática, sem repercussão
funcional respiratória, sendo considerada
um achado comum e não uma complicação
clínica21-31
. As complicações mais comuns
encontradas no pós-operatório são aquelas
onde os indivíduos desenvolvem padrão
restritivo de disfunção pulmonar relaciona-
do à atelectasia e à diminuição do movimen-
to do diafragma19-27
, as mais citadas são:
infecção traqueobrônquica, pneumonia,
atelectasia segmentar, lobar ou total, bron-
coespasmo, ventilação mecânica prolonga-
da e insuficiência respiratória aguda13,19,23
.
A fisioterapia pulmonar, através das téc-
nicas de higiene brônquica e expansão pul-
monar, tem sido praticada com o propósito
de prevenir ou minimizar a evolução de tais
complicações13,32
.
A literatura nacional não contempla ne-
nhum outro trabalho como este, que tenta
identificar e estabelecer um consenso sobre
as variáveis pré-operatórias que podem
aumentar as chances de ocorrência das
complicações pulmonares pós-operatórias
nas cirurgias de tórax e abdômen alto e,
assim, procurar estabelecer critérios de
avaliação, prevenindo a morbi-mortalidade
respiratória.
OBJETIVOS
Identificar variáveis pré-operatórias que
facilitam o aparecimento de CPP nos pa-
cientes submetidos à cirurgia de tórax e
abdômen alto.
MÉTODOS
Este estudo de coorte prospectivo foi
realizado no Hospital das Clínicas / Unicamp
e aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-
quisa da Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas. Foram
incluídos 297 pacientes adultos, ambos os
sexos, cirurgia eletiva de tórax e abdômen
alto, seguidos no pós-operatório até 72
horas. No questionário de avaliação pré e
pós-operatório foram incluídos os seguin-
tes itens:
1. História pulmonar: composta por doença
respiratória, sintomas respiratórios e con-
sumo tabágico. 1.1. Doença Respiratória -
para o diagnóstico médico de doença do
trato respiratório: Infecção das vias aéreas
superiores (IVAS), doença pulmonar obs-
trutiva crônica (DPOC), pneumonia recen-
te, neoplasia pulmonar, bronquiectasia, se-
quela de tuberculose, outras. 1.2. Sintomá-
tico respiratório - se o paciente refere ou
nega dispnéia, tosse ou expectoração. 1.3.
Consumo tabágico - consideramos fumante
atual (hábito tabágico no mínimo um ano-
maço e está em uso no momento ou parou
de fumar há menos de oito semanas); ex-
fumante (fumou no mínimo um ano-maço e
parou de fumar há mais de oito semanas do
ato cirúrgico); e não-fumante (aquele que
negou o uso de cigarros por toda sua vida).
O paciente recebeu um ponto na presença
de cada variável para o escore de risco.
2. Exame físico pré-operatório : constando
de dados vitais, avaliação do tipo de respira-
ção, ausculta pulmonar e dados antropo-
métricos, obtidos através do prontuário do
paciente para avaliação do estado nutri-
cional, determinado através da análise do
índice de massa corpórea (IMC). Para o
cálculo utilizou-se a seguinte equação: IMC
= P/ A2
, onde “P” é o peso do paciente em
Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24 119
VARIÁVEIS CLÍNICAS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO
quilos e “A” é a altura do paciente em
metros21-34
. A população estudada foi dividi-
da em distrófica, com valores do IMC me-
nores que 21 como desnutrição, obesidade
quando maior ou igual a 30, e eutrófica
dentro deste intervalo35-36
. A população
distrófica recebeu um ponto no escore de
risco.
3. Exames complementares : foram realiza-
dos exames laboratoriais, de imagem e fun-
ção pulmonar. A avaliação espirométrica
para mostrar a determinação dos valores
percentuais da capacidade vital forçada
(CVF), volume expiratório forçado no pri-
meiro segundo (VEF1
) e a relação per-
centual entre estes.
4. Conduta fisioterápica Pré e Pós-operató-
rio: na rotina fisioterápica os pacientes rece-
beram orientações como interrupção do
consumo tabágico, orientações gerais so-
bre a incisão cirúrgica, intubação orotra-
queal e sedação, orientações para realiza-
ção de exercícios fisioterápicos respiratóri-
os com mobilização diafragmática associan-
do à mobilização dos membros superiores,
conscientização da importância da tosse no
pós-operatório para evitar o acúmulo de
secreções e à deambulação precoce28,32,37
.
Quando necessário, foram utilizadas técni-
cas fisioterápicas para promover a higiene
brônquica: técnica de expiração forçada,
tosse, percussão, vibração, drenagem pos-
tural seletiva32-38
. As técnicas fisioterápicas
recomendadas para expansão pulmonar
foram os exercícios de inspirações profun-
das39
, espirometria de incentivo32-40
; respi-
ração com pressão positiva intermitente
(RPPI)32,37
e pressão positiva contínua na via
aérea (CPAP)41-42
.
5. Avaliação de risco para complicação pul-
monar pós-operatória - neste estudo, a
avaliação fisioterápica foi baseada na escala
de risco elaborada por Torrington & Hen-
derson (1988)8
denominada PORT Terapia
Respiratória Perioperatória - programa de
avaliação de risco e cuidados individualiza-
dos pós-operatóri-
os. Dentro do pro-
tocolo são avaliados:
local de cirurgia, ida-
de, estado nutricio-
nal, história pulmo-
nar e espirometria.
A partir da associa-
ção dos resultados
os pacientes rece-
beram uma pontua-
ção classificando-o
em baixo, modera-
do ou alto risco para
CPP. Foram acres-
centadas anotações
quanto ao tempo cirúrgico e a seleção das
técnicas fisioterápicas realizadas.
6. Evolução pós-operatória - Contendo
anotações até o terceiro pós-operatório
através da avaliação pulmonar e análise dos
prontuários, sobre o tipo de ventilação, tipo
de respiração, ausculta pulmonar, patologi-
as pulmonares intercorrentes e procedi-
mento fisioterápico. Elaborou-se um instru-
mento para a busca ativa das seguintes com-
plicações pulmonares:
1. Infecção respiratória aguda: 1.1 Pneumo-
nia: aparecimento de opacidade pulmonar
recente no radiograma de tórax associado a
pelo menos dois dos seguintes sinais: secre-
ção traqueobrônquica purulenta, elevação
da temperatura corporal e aumento do nú-
mero de leucócitos circulantes; 1.2 Tra-
queobronquite: aumento da quantidade ou
modificação da cor ou aspecto purulento da
secreção traqueobrônquica com radiogra-
ma de tórax normal10
; 2. Atelectasia com
repercussão clínica43
; 3. Insuficiência respi-
ratória aguda: falência respiratória que ne-
cessita de ventilação mecânica para o trata-
mento19-43
; 4. Intubação orotraqueal e ven-
tilação mecânica prolongada: necessidade
de ventilação mecânica por mais de 48
horas para tratamento de insuficiência res-
piratória aguda ou aspiração de secreção
traqueobrônquica naqueles pacientes im-
possibilitados de eliminá-las espontanea-
mente43
; 5. Broncoespasmo: presença de
sibilância na ausculta pulmonar associada a
sintomas respiratórios agudos e necessida-
de de terapêutica medicamentosa10,19
.
O respirador artificial utilizado nas cirur-
gias torácicas foi Takaoka - Fuji, modelo 675
e nos procedimentos abdominais HB-
CONQUEST 2003.
Dos 36 pacientes que apresentaram
complicações, receberam derivados do
sangue, no intra-operatório 15 (15/27) pa-
cientes da cirurgia torácica, 13 com res-
secção de parênquima pulmonar e dois (2/
9) da abdominal. Aqueles que necessitaram
ventilação mecânica, foi utilizado respirador
artificial a volume e estes pacientes perma-
neceram na unidade de terapia intensiva.
Os dados foram armazenados em ban-
co informatizado do programa EPI-INFO
6.04. Foi feita análise estatística, comparan-
do-se proporções com teste de qui-qua-
drado com teste exato de Fischer. Foi utili-
zado o método de análise de regressão
logística multivariada através de eliminação
de variáveis (“backward”) encontrado no
pacote estatístico SAS. Este procedimento
permitiu ao programa ajustar o efeito que as
variáveis independentes têm entre si sobre
Quadro 1 – Classificação daescala de Torrington & Henderson (1988)
FATORES CLÍNICOS PONTUAÇÃO
1. Localização cirúrgica: abdominal alta/ torácica 2
2. Idade acima de 65 anos 1
3. Estado Nutricional - Distrófico 1
4. História Pulmonar
Tabagismo atual/Doença Pulmonar 1
Tosse+Expectoração/ brocoespasmo/hemoptise 1
5.Espirometria
CVF < 50% do previsto ou VEF1/CVF 65-75% 1
50-65% 2
< 50% 3
Risco baixo de 0 a 3 pontos; Risco moderado de 4 a 6 pontos;
Risco alto de 7 a 12 pontos
Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24120
SAAD IAB ET AL.
a variável dependente através da melhor
combinação que explicasse o fenômeno
observado (complicou/não complicou), os
resultados informam através da razão de
chances (odds ratio), a participação de cada
variável independente no estudo. Em todos
os testes fixou-se em 5% o nível de signi-
ficância estatística.
RESULTADOS
Foram estudados 297 pacientes, sendo
184 ( 62%) do sexo masculino e 113 (38%)
do sexo feminino. Destes, 152 (51,2%)fo-
ram cirurgias abdominais, 145 (48,8%)ci-
rurgias torácicas e dentre estes, 106
(73,1%) foram submetidos à ressecção de
parênquima pulmonar. Os procedimentos
cirúrgicos de maior freqüência em ordem
decrescente foram: 70 (23,6%) pacientes
sofreram lobectomia; 30 (10,1%) pneu-
mectomia; 27 (9,1%) gastrectomia; 19
(6,4%) gastroplastia redutora; 16 (5,4%)
laparotomia exploradora; 12 (4%) esofa-
gectomia e 9 (30%) colectomia. A patologia
de maior freqüência foi o carcinoma de
pulmão com 89 pacientes (29,9%), seguido
pelo carcinoma gástrico com 51 pacientes
(17,2%).
Dos 297 pacientes submetidos a cirur-
gia, 36 (12,1%) apresentaram complica-
ções pulmonares até 72 horas do pós-
operatório, sendo que nove (25%), foram
incisões abdominais altas e 27 (75%) torá-
cicas, dos quais 23 com ressecção do
parênquima pulmonar e 261 (87,9%) não
apresentaram as complicações.
Aconteceram 55 complicações, e a que
ocorreu de forma mais freqüente, isolada
ou associada, foi a traqueobronquite que
esteve presente em 44,4% (16/36) dos
pacientes com complicações, sendo segui-
da pelo broncoespasmo 22,2% (8/36).
Dentre os 36 pacientes, 26 (72.2%) apre-
sentaram infecção pulmonar, sendo que
oito destes, necessitaram de intubação oro-
traqueal, e sete de ventilação mecânica pro-
longada por insuficiência respiratória aguda.
Na análise comparativa das variáveis de
risco cirúrgico entre o grupo que complicou
e o que não complicou com relação a idade,
a média de idade da população estudada foi
de 52,3 anos ( DP= 14,7), com variação de
17 a 92 anos; a média do sexo masculino foi
de 54 anos (DP= 14,7) e feminino 49 ( DP
= 15,2). Dos 36 pacientes que apresenta-
ram complicações pulmonares, 22 (61,1%)
tinham idade inferior a 65 anos, sendo 17
do sexo masculino e cinco do feminino; 14
(38,8 %) com idade superior ou igual a
mesma, 12 do sexo masculino e dois do
feminino.
Com relação ao estado nutricional, a
média do IMC foi de 25,26 Kg/ m2
(DP=
9,4), variando entre 14 kg/m2
e 80 kg/m2
.
Nos pacientes que não apresentaram com-
plicação pulmonar pós-operatória, a média
doIMCfoide25,7kg/m2
(DP=9,8),sendo
153 (58,6%) eutróficos e 108 (41,3%)
distróficos, destes 64 desnutridos e 44 obe-
sos. Já com relação aos pacientes que apre-
sentaram as complicações pulmonares pós-
operatória, a média do IMC foi de 21,7Kg/
m2
(DP= 3,6), 19 eutróficos (52,7%) e 17
distróficos (47,1 %) sendo 16 desnutridos e
um obeso.
Os resultados observados com relação
à presença de doença respiratória, sintomas
respiratórios e consumo tabágico: a) Com
relação à presença de doenças respirató-
Tabela 1 – Distribuição de casos segundo o IMC e as CPP
I.M.C. Complicou Não complicou
N=36 n=261
Eutróficos 19 ( 52,7%) 153 (58,6 %)
Desnutridos 16 (44,4%) 64 ( 24,5%)
Obesos 1 ( 2,7%) 44 ( 16,8%)
Teste χχ2
= 8.988 p= 0.011
Tabela 3: Distribuição de casos segundo o hábito tabágico e as CPP
Tabagismo Complicou Não complicou
n=36 n=261
Nunca fumou 4 (11,1%) 98(37,5%)
Parou 8 semanas 14(38,8%) 85(32,5%)
<8semanas/nãoparou 18(50%) 78(29,8%)
Teste χχ2
= 10.778 p = 0.005
Tabela 2 – Distribuição de casos segundo os sintomas respiratórios com relação
as complicações pulmonares pós-operatórias
Sintomas Complicou Não complicou p
Respiratórios n=36 n=261
‘Chiado‘ 11 (30,6%) 38 (16,4%) 0,05
Tosse 26 ( 72,2%) 98 ( 37,55%) 0,001
Expectoração 22 ( 61,1%) 75 (28,74%) 0,001
Dispnéia 15 ( 41,7%) 57 ( 21,8%) 0,009
Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24 121
VARIÁVEIS CLÍNICAS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO
rias, 152 pacientes apresentavam algum
tipo de patologia respiratória, sendo o car-
cinoma brônquico, com 89 casos, o mais
freqüente, seguido pela doença pulmonar
obstrutiva crônica, 21 casos. Dos 36 casos
com complicações pulmonares pós-opera-
tórias, 31 (86%) apresentavam doença res-
piratória b) Sintomas respiratórios: dos 124
(41,7%) pacientes com sintomas respirató-
rios, todos apresentavam queixas de tosse,
aspecto mucóide, 31(25%) com aspecto
amarelo e 22 (17,4%) estavam associados à
hemoptise ou escarro com laivos de san-
gue, dispnéia em 72 (24,4%) dos casos e
“chiado no peito” foi relatado em 49
(16,4%) pacientes. Com relação aos 36
casos que apresentaram CPP, 26 (72%)
eram sintomáticos respiratórios no pré-
operatório. Destes, todos apresentavam
sintoma de tosse, 15 queixavam-se de
dispnéia e 11 de “chiado no peito”. Todos
os sintomas respiratórios relatados apre-
sentaram associação estatisticamente signi-
ficativa com as CPP, como é observado na
tabela 2.
Com relação ao hábito tabágico, 102
(34,3%) pacientes nunca fumaram e 195
(65,6%) tinham história de tabagismo. Des-
tes, 99 (50,7%) foram considerados ex-
tabagistas e 96 (49,2%) tabagistas atuais.
Dentre os 96, 14 (14,5%) pararam de
fumar entre 10 a 56 dias do pré-operatório
e 82 (85,4%) continuaram fumando até o
dia da cirurgia. Dos 99 casos considerados
ex-tabagistas, ou seja aqueles que interrom-
peram o hábito tabágico há mais de oito
semanas, 18 (18,8%) pararam de fumar
entre 2 e 12 meses e 81(81,8%) pararam
de fumar com tempo superior a 12 meses.
Dentre os 36 pacientes que apresentaram
CPP, quatro (11%) negaram o hábito tabá-
gico e 32 (89%) tinham história de tabagis-
mo; 18 (50%) foram considerados taba-
gistas atuais.
Já na avaliação da relação VEF1
/CVF o
valor médio foi de 78,04% (DP= 11,1)
com variação de 37 a 90%. Observa-se que
202 (68%) casos apresentaram esta relação
normal contra 95 (32%) que mostraram
doença pulmonar ventilatória obstrutiva e
dos 36 casos com CPP, 22 (61,1%), apre-
sentaram os valores alterados da relação
VEF1
/CVF.
Com relação ao tempo cirúrgico, o
tempo médio de cirurgia nos 297 pacientes
foi de 235 minutos (DP = 91,8) variando
entre 60 e 600 minutos. Estabelecendo-se
um ponto de corte de 210 minutos, compa-
rando-se esta variável, dentre as cirurgias
torácicas, foram 77,9% (113/145) e 56,5%
(86/152) abdominais. Na análise do grupo
que apresentou complicação pulmonar
pós-operatória, 32 (89%) pacientes tive-
ram tempo cirúrgico superior a 210 minu-
tos, e quatro (11%) inferior ao mesmo,
sendo esta diferença estatisticamente signi-
ficante.
Quanto à análise da Escala PORT, 107
(36,1%) foram considerados de baixo ris-
co, 157 (52,8%) de risco moderado e 33
(11,1%) foram considerados de alto risco
para desenvolvimento de complicações
pulmonares no pós-operatório. Quanto
aos 36 casos que desenvolveram as com-
plicações, somente três (8,3%) foram de
baixo risco; 20 (55,5%) do grupo modera-
do e 13 ( 36,1%) de alto risco. Teste c2
p
= 0.001.
Já a fisioterapia pré e pós-operatória
realizada dentre os 297, um total de 255
(85,8%) recebeu atendimento pré-opera-
tório.Amédiadesessões foide2,7sessões
(DP = 1,79), com variação de uma a 10
sessões. Com relação as técnicas adotadas,
172 (67,5%) receberam orientações ge-
rais, 83 (32,2%) receberam orientações
gerais associando-se as técnicas de higiene
brônquica. No pós-operatório, 288 pacien-
tes (96%) além das orientações gerais, re-
ceberam também as manobras para higiene
e expansão pulmonar. A média de sessões
foi de 3,9 atendimentos (DP= 2,18). Den-
tre os 36 pacientes que apresentaram as
CPP, todos receberam manobras de higie-
ne brônquica e técnicas para expansão do
parênquima pulmonar e da caixa torácica. A
freqüência das sessões variou de três a 12,
com valor médio de seis sessões.
Na avaliação da análise multivariada dos
fatores de risco para desenvolvimento das
Tabela 4: Análise de regressão logística entre as variáveis independentes e a dependente
Variável Parâmetro Estimado p Odds Ratio Intervalo de Confiança
IMC - 0.1204 0.0240 0.887 0.799 - 0.984
Tabagismo 0.0297 0.0085 1.030 1.008 - 1.053
Cirurgias 1.0924 0.0283 2.981 1.123 - 7.916
Tosse 1.3559 0.0107 3.880 1.369 - 10.995
Tempo 0.00683 0.0022 1.007 1.002 - 1.011
Tabela 5: Análise de regressão logística entre as variáveis independentes
e a dependente com cirurgia torácica
Variável Parâmetro Estimado p Odds Ratio Intervalo de Confiança
IMC - 0.1437 0.0328 0.866 0.759 - 0.988
Tabagismo 0.0397 0.0029 1.040 1.014 - 1.068
Chiado 1.8352 0.0209 6.266 1.320 - 29.739
Tempo 0.00686 0.0288 1.007 1.1 - 1.013
Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24122
SAAD IAB ET AL.
CPP através da análise de regressão
logística, os resultados obtidos foram os
seguintes:
1. Considerando inicialmente como variá-
veis independentes: variáveis clínicas, fun-
ção pulmonar, tipos de cirurgia e a escala
PORT, houve associação entre a ocorrên-
cia de CPP e as seguintes variáveis indepen-
dentes: tosse com expectoração amarela
aumentou a chance 3,8 vezes, cirurgia
torácica em relação a abdominal aproxima-
damente três vezes, diminuição da unidade
do IMC 1,13 vezes (1/0.887); para cada ano
de tabagismo 1,03 vezes. Lembrando que
sempre que o parâmetro estimado mostrar
o sinal negativo, a razão é inversa, deve-se
dividir um pela razão de chances e obter um
novo valor.
2. Análise de regressão logística dos pacien-
tes com cirurgia torácica, considerando
como variáveis independentes: variáveis clí-
nicas, função pulmonar e retirada de
parênquima.
No modelo final as variáveis que au-
mentaram a chance de CPP foram: história
de broncoespasmo 6,2 vezes; diminuição
de unidade do IMC 1,15 vezes ( 1/0.886);
cada ano de tabagismo 1,04 vezes e aumen-
to na unidade de tempo cirúrgico 1.007
vezes. A retirada de parênquima pulmonar
e espirometria não apresentaram signifi-
cância estatística.
3. Análise de regressão logística consideran-
do como variáveis independentes a Escala
PORT: um indivíduo classificado no risco
moderado apresenta quatro vezes a chance
de CPP em relação ao baixo risco, enquan-
to que o alto risco, a chance aumenta 18
vezes com relação ao baixo.
DISCUSSÃO
Provavelmente, os fatores que mais se
associam ao desenvolvimento de CPP in-
cluem local da incisão cirúrgica, idade, histó-
ria de doença pulmonar, tabagismo, obesi-
dade ou desnutrição e tempo de cirurgia1-3-
11-14-25-27-28
. Outros fatores de risco são
citados como a presença de sonda naso-
gástrica, alteração das funções cognitivas,
ausência de fisioterapia profilática, aumento
do tempo de internação hospitalar e co-
morbidades associadas44
.
Na população estudada a incidência das
complicações pulmonares pós-operatórias
imediatas foi de 12,1%. A complicação pós-
operatória mais freqüente foi a traqueo-
bronquite (44,4%), o que foi justificado pela
alta porcentagem de pacientes com pneu-
mopatias e história de tabagismo em nossa
casuística. A elevada incidência de infecção
pulmonar também foi verificada por outros
autores9-10
.
Neste estudo, as CPP foram três vezes
mais freqüentes nas cirurgias torácicas em
relação à abdominal alta, e ainda maiores
nas cirurgias com retirada de parênquima
pulmonar e com relação à idade, a faixa de
até 65 anos apresentou maior incidência de
complicações, provavelmente estas duas
observações acima se deram porque neste
grupo havia maior número de pacientes
com co-morbidades pulmonares e fatores
clínicos associados. Para Torrington & Hen-
derson (1988)8
a idade maior que 65 anos
representou fator de risco para morbidade
pulmonar pós-operatória. Entretanto, para
Smetana (1999)13
e Willians-Russo et al.
(1992)23
, a idade isoladamente não apre-
senta predição de risco, e sim na associação
com outros fatores. Esses autores conside-
ram que as CPP estão mais relacionadas à
coexistência de patologias do mesmo modo
que nossos achados.
Quanto ao estado nutricional, em nosso
estudo, apesar dos autores citarem a obesi-
dade como fator de risco4-21
, os 45 obesos
não apresentaram complicação, nem mes-
mo os 25 obesos mórbidos. O grupo dos
desnutridos foi o que apresentou o maior
número de complicações, quando compa-
rado ao grupo dos eutróficos e obesos.
Provavelmente este fato esteve associado
ao maior número de doenças neoplásicas e
as conseqüências da desnutrição.
Em relação às doenças respiratórias, a
presença de pneumopatia grave é impor-
tante fator de predição de risco para ocor-
rência de complicação23-33-10-13
. Pacientes
com diagnósticco de asma brônquica não
demonstraram aumento de complicação
em nosso estudo. Alguns autores demons-
traram que portadores de sintomas respira-
tórios agudos ou asmáticos, quando trata-
dos e controlados clinicamente, apresen-
tam a mesma incidência da população geral
no desenvolvimento de complicações pós-
operatórias1-14
.
Os sintomas respiratórios, dispnéia,
tosse com expectoração ou chiado foram
importantes fatores de complicações, 47%
(17/36), em nossa casuística. Na obtenção
dos dados de doença respiratória e sinto-
mas respiratórios, a análise dos dados se
sobrepuseram. Provavelmente, se não for
possível obter a informação sobre o diag-
nóstico clínico, poderíamos substituí-la pela
sintomatologia respiratória, o que facilitaria
a coleta de informações por equipes multi-
disciplinares. Outros autores demonstra-
ram que a co-existência de doença respira-
tória e sintomatologia respiratória aumen-
tam de duas a três vezes a chance de desen-
volver complicações pulmonares pós-ope-
ratórias21-28
.
Quanto ao hábito tabágico, foi signifi-
canteaincidênciadeCPPempacientescom
história de tabagismo em relação aos que
nunca fumaram (32/195 contra 4/102) sen-
do dados concordantes com a literatura4
.
Embora toda a nossa casuística seja de paci-
entes submetidos a procedimento cirúrgico
eletivo, apenas 14 dos 96 (14,5%) taba-
gistas atuais abandonaram o hábito até oito
semanas prévias à cirurgia, sendo que 82
(85,4%) continuaram fumando até o dia do
procedimento cirúrgico. Foi surpreendente
o baixo número de pacientes que cessaram
Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24 123
VARIÁVEIS CLÍNICAS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO
o hábito do tabagismo diante das doenças
que portam e do seu potencial cirúrgico.
Com relação à espirometria, neste es-
tudo foi observado que a relação FEV1
/CVF
diferiu com significância estatística quando
comparou-se o grupo que complicou com
o que não complicou. Isto provavelmente
se deveu ao fato que a metade dos nossos
pacientes tinham história de doença pulmo-
nar e a grande maioria dos casos que com-
plicaram pertenciam ao grupo de cirurgia
torácica. Willians-Russo et al. (1992)23
con-
sideraram que os testes espirométricos não
identificaram morbidade no pós-operatório
nas cirurgias gerais.
Na observação do tempo cirúrgico,
mais da metade desta casuística foi maior
que 210 minutos e com relação ao grupo
que apresentou CPP, 89% tiveram tempo
cirúrgico prolongado. O tempo cirúrgico
constitui um fator de risco importante para
as complicações pulmonares pós-operató-
rias. Latimer et al. (1971)21
, Tisi, (1979)7
e
Bluman et al. (1998)25
consideram o tempo
superior a 210 minutos como fator de risco
para CPP.
CONCLUSÃO
As variáveis pré-operatórias que au-
mentaram a chance de CPP nas cirurgias de
tórax e abdômen alto foram: tosse com
expectoração amarela; cirurgia torácica, ín-
dice de massa corporal; tabagismo e tempo
cirúrgico prolongado. Nas cirurgias de tórax
as variáveis encontradas foram: broncoes-
pasmo, índice de massa corporal, tabagis-
mo, tempo cirúrgico prolongado.
SUMMARY
CLINICAL VARIABLES OF PREOPERATIVE
RISK
BBACKGROUNDACKGROUND. To identify risk variables
leading to early postoperative pulmonary
complication (POPC) in thoracic and upper
abdominal surgery.
METHODS. 297 patients submitted to ele-
ctive surgery were classified as low, mo-
derate and high risk for POPC using PORT
scale, following Torrington & Henderson
(1988). The patients were followed up for
72 hours postoperative. POPC were defi-
ned as atelectasis, pneumonia, tracheo-
bronchitis, wheezing, prolonged intubation
and/or prolonged mechanical ventilation.
Univariate analysis was applied to study
these independent variables: type of sur-
gery, age, nutritional status (BMI), respira-
tory disease, smoking habit, spirometry and
surgical time. Multivariate logistic regression
analysis were performed in order to eva-
luate the relationship between independent
and dependent (POPC) variables.
RESULTS. POPC incidence was 12.1%.
By multivariate logistic regression analysis
the variables increasing chance to POPC
was cough with yellow mucus (OR= 3.8),
thoracic surgery (OR=2.9) compared to
abdominal surgery, BMI (OR=1.13), dura-
tion of smoking (OR=1.03) and prolonged
duration of surgery (OR=1.007). In the
thoracic surgery group, multivariate logistic
regression analysis showed: wheezing
(OR=6.2), BMI (OR=1.15), long time
smoking (OR= 1.04) and prolonged du-
ration of surgery (OR= 1.007) related to
POPC.
CONCLUSION. The variables occurrence
that increased chance to POPC in thoracic
and upper abdominal surgery were: cough
with yellow mucus, thoracic surgery, BMI,
duration of smoking and duration of surgery.
Regarding the thoracic surgery group the
significance variables were wheezing, BMI,
duration of smoking and duration of surgery.
[Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24]
KEY WORDS: Surgery. Physical therapy. Pos-
operative complications.
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pulmonary complications following abdominal
surgery - Chest, 111: 546-571, 1997.
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  • 1. Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24 117 VARIÁVEIS CLÍNICAS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO VVARIÁVEISARIÁVEIS CLÍNICASCLÍNICAS DEDE RISCORISCO PRÉPRÉ--OPERAOPERATÓRIOTÓRIO I. A. B. SI. A. B. SAADAAD*, L. Z*, L. ZAMBONAMBON EstudorealizadonaUniversidadeEstadualdeCampinas,FaculdadedeCiênciasMédicas,ServiçodeFisioterapia eTerapiaOcupacional,HospitaldasClínicas,Campinas,SP ArtigoOriginalArtigoOriginal INTRODUÇÃO A abordagem do paciente cirúrgico en- volve uma equipe multiprofissional e as complicações pulmonares pós-operatórias (CPP) que podem ocorrer são considera- das fatores de preocupação entre os mes- mos1-6 , principalmente nas cirurgias de tó- rax e abdômen alto. Identificar os pacientes de risco no pré-operatório que possam evoluir para o desenvolvimento dessas complicações é o primeiro passo para evitá- RESUMO – OBJETIVOS. O objetivo deste estudo foi identificar variáveis que facilitam o aparecimento de complicação pulmonar pós-operatória (CPP) nos pacientes submetidos às cirurgias eletivas de tórax e abdômen alto. MÉTODOS. Foram estudados 297 pacientes, avaliados e estratificados em baixo, moderado e alto risco para desenvolvi- mento de CPP através da escala PORT, idealizada por Torrington & Henderson ( 1988). Todos os pacientes foram acompanhados por 72 horas no pós-operatório imediato. Foram consideradas como CPP: atelectasia com repercussão clínica ou radiológica, pneumonia, traqueobronquite, broncoespasmo, intubação e/ou ventilação mecânica prolongada. Através da análise univariada, estudamos as seguintes variáveis independentes: idade, grau nutricional (índice de massa corpórea - IMC), sintomas respirató- rios, doença respiratória, tabagismo, espirometria e tempo cirúr- gico. Posteriormente submetemos tais variáveis à análise de re- gressão logística multivariada para avaliar a relação entre as variáveis independentes com a dependente e a chance de CPP. RESULTADOS. A incidência de CPP observada foi de 12,1%. Para análise estatística utilizou-se a análise univariada e posteriormen- te a regressão logística multivariada. Os resultados informam através da razão de chances (odss ratio-or) a participação das variáveis independentes entre si sobre a dependente ( complicou/ não complicou) no evento estudado. Em ambos os tipos de cirur- gia, as variáveis encontradas foram: tosse com expectoração amarela (OR= 3.8); a cirurgia torácica em relação a abdominal (OR=2.9); IMC (OR=1.13); tempo de tabagismo (OR=1.03) e tempo cirúrgico (OR=1.007). Na aplicação da análise da regres- são logística considerando somente a cirurgia torácica, as variá- veis foram: broncoespasmo (OR= 6.2); IMC (OR= 1.15); tempo de tabagismo (OR=1.04) e tempo cirúrgico (OR=1.007). CONCLUSÕES. As variáveis de risco pré-operatórias que aumenta- ram a chance de CPP nas cirurgias de tórax e abdômen alto foram: tosse com expectoração amarela; cirurgia torácica, IMC; tabagismo e tempo cirúrgico. Nas cirurgias de tórax as variáveis encontradas foram: broncoespasmo, IMC, tabagismo e tempo cirúrgico. UNITERMOS: Cirurgia. Fisioterapia. Complicações pós-operatórias. las. Em medicina, risco de lesão associa-se com morbidade e risco de perda com mor- talidade7 . Vários fatores devem ser considerados tentando-se identificar os pacientes poten- cialmente de risco para o desenvolvimento destas complicações1-8-9-10 . Com relação aos fatores clínicos, as complicações, em grande parte, decorrem de alterações pul- monares que podem ser agrupadas em qua- tro categorias: a) alterações da mecânica pulmonar; b) alterações do padrão respira- tório; c) alterações na troca gasosa; d) alte- rações dos mecanismos de defesa pulmo- nar7 . Tais disfunções não são restritas aos pneumopatas, podendo ocorrer no pós- operatório de quaisquer indivíduos7-11-12 . *Correspondência:*Correspondência: HospitaldasClínicas–UNICAMP–ServiçodeFisioterapia3º Andar–CidadeUniversitáriaProf.ZaferinoVaz–BarãoGeraldo– Campinas–SãoPaulo–Tel.:(19)9773-1925 E-mail:alonsaad@correionet.com.br Dentre os fatores de risco, os que mais se associam com o aumento de chance para CPP são: idade, estado nutricional através da avaliação do IMC, doenças respiratórias, tabagismo e espirometria. A idade isoladamente não constitui fator de risco aumentado para complicação pul- monar pós-operatória. A mortalidade e a morbidade se relacionam mais com os efei- tos do envelhecimento sobre a função pul- monar, tais como: diminuição da elasticida- de, da complacência pulmonar e dos volu- mes, redução da PO2 e diminuição dos re- flexos das vias aéreas superiores e a condi- ção clínica do paciente, do que com sua idade cronológica7-13-14 . Com relação ao estado nutricional, na
  • 2. Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24118 SAAD IAB ET AL. avaliação de risco cirúrgico para CPP rela- cionado à obesidade as conclusões são con- troversas. Os obesos são suscetíveis a tosse ineficaz, atelectasia nas bases, hipóxia pro- gressiva, facilitando a instalação de secre- ções e infecções7-15 . Já a desnutrição tam- bém constitui um fator de risco, uma vez que a deficiência proteico-calórica induz a alterações pulmonares importantes como: diminuição da defesa pulmonar por queda dos níveis de IgA secretora, diminuição da resposta ventilatória à hipóxia, diminuição da massa muscular16-17 . A presença de doença respiratória aguda eleva o risco de CPP, por isso, em cirurgias eletivas, é rotina aguardar-se a resolução total do processo7-18 . Pacientes com diagnóstico de doença respiratória crônica que referem tosse, expectoração e sibilos no pré-operatório, apresentam maior chance de complicações no pós- operatório8-19-20 . O tabagismo é um fator de risco para desenvolvimento de complicações pulmo- nares pós-operatórias, mesmo naqueles sem doença pulmonar21-22 . A cessação do consumo tabágico no pré-operatório deve ocorrer no mínimo por oito semanas antes da cirurgia, a fim de que se permita a redu- ção das complicações1-13-14 . As principais alterações espirométricas nas cirurgias estão associadas às mudanças na capacidade vital (CV) e na capacidade residual funcional (CRF). A CV diminui cerca de 50 a 60% e a CRF cerca de 30% nas primeiras 16 a 24 horas do pós-operatório, retornando aos seus valores normais por volta do quinto dia pós-operatório nas ci- rurgias de grande porte1-15 . A espirometria pode demonstrar a presença e gravidade da doença pulmonar, mas como dado isolado não oferece informações suficientes na pre- dição de risco para complicação pulmonar7- 23-13 . Nos pacientes assintomáticos respira- tórios sua indicação permanece discutível24 . A duração da cirurgia é um dos fatores de risco que deve ser verificado durante a avaliação pré-operatória. Alguns autores consideram o tempo cirúrgico superior à 210 minutos como fator de complicação pulmonar pós-operatória21-7-25 . A incidência das CPP em cirurgia to- rácica e abdominal depende dos critérios avaliados, variando de 6% a 76%,6,11,14,25-29 principalmente pelas diferenças devido à definição dos critérios diagnósticos de com- plicação pós-operatória frente a distúrbios fisiopatológicos próprios desta situação11-30 . Por exemplo, atelectasias laminares cursam de forma assintomática, sem repercussão funcional respiratória, sendo considerada um achado comum e não uma complicação clínica21-31 . As complicações mais comuns encontradas no pós-operatório são aquelas onde os indivíduos desenvolvem padrão restritivo de disfunção pulmonar relaciona- do à atelectasia e à diminuição do movimen- to do diafragma19-27 , as mais citadas são: infecção traqueobrônquica, pneumonia, atelectasia segmentar, lobar ou total, bron- coespasmo, ventilação mecânica prolonga- da e insuficiência respiratória aguda13,19,23 . A fisioterapia pulmonar, através das téc- nicas de higiene brônquica e expansão pul- monar, tem sido praticada com o propósito de prevenir ou minimizar a evolução de tais complicações13,32 . A literatura nacional não contempla ne- nhum outro trabalho como este, que tenta identificar e estabelecer um consenso sobre as variáveis pré-operatórias que podem aumentar as chances de ocorrência das complicações pulmonares pós-operatórias nas cirurgias de tórax e abdômen alto e, assim, procurar estabelecer critérios de avaliação, prevenindo a morbi-mortalidade respiratória. OBJETIVOS Identificar variáveis pré-operatórias que facilitam o aparecimento de CPP nos pa- cientes submetidos à cirurgia de tórax e abdômen alto. MÉTODOS Este estudo de coorte prospectivo foi realizado no Hospital das Clínicas / Unicamp e aprovado pelo Comitê de Ética em Pes- quisa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Foram incluídos 297 pacientes adultos, ambos os sexos, cirurgia eletiva de tórax e abdômen alto, seguidos no pós-operatório até 72 horas. No questionário de avaliação pré e pós-operatório foram incluídos os seguin- tes itens: 1. História pulmonar: composta por doença respiratória, sintomas respiratórios e con- sumo tabágico. 1.1. Doença Respiratória - para o diagnóstico médico de doença do trato respiratório: Infecção das vias aéreas superiores (IVAS), doença pulmonar obs- trutiva crônica (DPOC), pneumonia recen- te, neoplasia pulmonar, bronquiectasia, se- quela de tuberculose, outras. 1.2. Sintomá- tico respiratório - se o paciente refere ou nega dispnéia, tosse ou expectoração. 1.3. Consumo tabágico - consideramos fumante atual (hábito tabágico no mínimo um ano- maço e está em uso no momento ou parou de fumar há menos de oito semanas); ex- fumante (fumou no mínimo um ano-maço e parou de fumar há mais de oito semanas do ato cirúrgico); e não-fumante (aquele que negou o uso de cigarros por toda sua vida). O paciente recebeu um ponto na presença de cada variável para o escore de risco. 2. Exame físico pré-operatório : constando de dados vitais, avaliação do tipo de respira- ção, ausculta pulmonar e dados antropo- métricos, obtidos através do prontuário do paciente para avaliação do estado nutri- cional, determinado através da análise do índice de massa corpórea (IMC). Para o cálculo utilizou-se a seguinte equação: IMC = P/ A2 , onde “P” é o peso do paciente em
  • 3. Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24 119 VARIÁVEIS CLÍNICAS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO quilos e “A” é a altura do paciente em metros21-34 . A população estudada foi dividi- da em distrófica, com valores do IMC me- nores que 21 como desnutrição, obesidade quando maior ou igual a 30, e eutrófica dentro deste intervalo35-36 . A população distrófica recebeu um ponto no escore de risco. 3. Exames complementares : foram realiza- dos exames laboratoriais, de imagem e fun- ção pulmonar. A avaliação espirométrica para mostrar a determinação dos valores percentuais da capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório forçado no pri- meiro segundo (VEF1 ) e a relação per- centual entre estes. 4. Conduta fisioterápica Pré e Pós-operató- rio: na rotina fisioterápica os pacientes rece- beram orientações como interrupção do consumo tabágico, orientações gerais so- bre a incisão cirúrgica, intubação orotra- queal e sedação, orientações para realiza- ção de exercícios fisioterápicos respiratóri- os com mobilização diafragmática associan- do à mobilização dos membros superiores, conscientização da importância da tosse no pós-operatório para evitar o acúmulo de secreções e à deambulação precoce28,32,37 . Quando necessário, foram utilizadas técni- cas fisioterápicas para promover a higiene brônquica: técnica de expiração forçada, tosse, percussão, vibração, drenagem pos- tural seletiva32-38 . As técnicas fisioterápicas recomendadas para expansão pulmonar foram os exercícios de inspirações profun- das39 , espirometria de incentivo32-40 ; respi- ração com pressão positiva intermitente (RPPI)32,37 e pressão positiva contínua na via aérea (CPAP)41-42 . 5. Avaliação de risco para complicação pul- monar pós-operatória - neste estudo, a avaliação fisioterápica foi baseada na escala de risco elaborada por Torrington & Hen- derson (1988)8 denominada PORT Terapia Respiratória Perioperatória - programa de avaliação de risco e cuidados individualiza- dos pós-operatóri- os. Dentro do pro- tocolo são avaliados: local de cirurgia, ida- de, estado nutricio- nal, história pulmo- nar e espirometria. A partir da associa- ção dos resultados os pacientes rece- beram uma pontua- ção classificando-o em baixo, modera- do ou alto risco para CPP. Foram acres- centadas anotações quanto ao tempo cirúrgico e a seleção das técnicas fisioterápicas realizadas. 6. Evolução pós-operatória - Contendo anotações até o terceiro pós-operatório através da avaliação pulmonar e análise dos prontuários, sobre o tipo de ventilação, tipo de respiração, ausculta pulmonar, patologi- as pulmonares intercorrentes e procedi- mento fisioterápico. Elaborou-se um instru- mento para a busca ativa das seguintes com- plicações pulmonares: 1. Infecção respiratória aguda: 1.1 Pneumo- nia: aparecimento de opacidade pulmonar recente no radiograma de tórax associado a pelo menos dois dos seguintes sinais: secre- ção traqueobrônquica purulenta, elevação da temperatura corporal e aumento do nú- mero de leucócitos circulantes; 1.2 Tra- queobronquite: aumento da quantidade ou modificação da cor ou aspecto purulento da secreção traqueobrônquica com radiogra- ma de tórax normal10 ; 2. Atelectasia com repercussão clínica43 ; 3. Insuficiência respi- ratória aguda: falência respiratória que ne- cessita de ventilação mecânica para o trata- mento19-43 ; 4. Intubação orotraqueal e ven- tilação mecânica prolongada: necessidade de ventilação mecânica por mais de 48 horas para tratamento de insuficiência res- piratória aguda ou aspiração de secreção traqueobrônquica naqueles pacientes im- possibilitados de eliminá-las espontanea- mente43 ; 5. Broncoespasmo: presença de sibilância na ausculta pulmonar associada a sintomas respiratórios agudos e necessida- de de terapêutica medicamentosa10,19 . O respirador artificial utilizado nas cirur- gias torácicas foi Takaoka - Fuji, modelo 675 e nos procedimentos abdominais HB- CONQUEST 2003. Dos 36 pacientes que apresentaram complicações, receberam derivados do sangue, no intra-operatório 15 (15/27) pa- cientes da cirurgia torácica, 13 com res- secção de parênquima pulmonar e dois (2/ 9) da abdominal. Aqueles que necessitaram ventilação mecânica, foi utilizado respirador artificial a volume e estes pacientes perma- neceram na unidade de terapia intensiva. Os dados foram armazenados em ban- co informatizado do programa EPI-INFO 6.04. Foi feita análise estatística, comparan- do-se proporções com teste de qui-qua- drado com teste exato de Fischer. Foi utili- zado o método de análise de regressão logística multivariada através de eliminação de variáveis (“backward”) encontrado no pacote estatístico SAS. Este procedimento permitiu ao programa ajustar o efeito que as variáveis independentes têm entre si sobre Quadro 1 – Classificação daescala de Torrington & Henderson (1988) FATORES CLÍNICOS PONTUAÇÃO 1. Localização cirúrgica: abdominal alta/ torácica 2 2. Idade acima de 65 anos 1 3. Estado Nutricional - Distrófico 1 4. História Pulmonar Tabagismo atual/Doença Pulmonar 1 Tosse+Expectoração/ brocoespasmo/hemoptise 1 5.Espirometria CVF < 50% do previsto ou VEF1/CVF 65-75% 1 50-65% 2 < 50% 3 Risco baixo de 0 a 3 pontos; Risco moderado de 4 a 6 pontos; Risco alto de 7 a 12 pontos
  • 4. Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24120 SAAD IAB ET AL. a variável dependente através da melhor combinação que explicasse o fenômeno observado (complicou/não complicou), os resultados informam através da razão de chances (odds ratio), a participação de cada variável independente no estudo. Em todos os testes fixou-se em 5% o nível de signi- ficância estatística. RESULTADOS Foram estudados 297 pacientes, sendo 184 ( 62%) do sexo masculino e 113 (38%) do sexo feminino. Destes, 152 (51,2%)fo- ram cirurgias abdominais, 145 (48,8%)ci- rurgias torácicas e dentre estes, 106 (73,1%) foram submetidos à ressecção de parênquima pulmonar. Os procedimentos cirúrgicos de maior freqüência em ordem decrescente foram: 70 (23,6%) pacientes sofreram lobectomia; 30 (10,1%) pneu- mectomia; 27 (9,1%) gastrectomia; 19 (6,4%) gastroplastia redutora; 16 (5,4%) laparotomia exploradora; 12 (4%) esofa- gectomia e 9 (30%) colectomia. A patologia de maior freqüência foi o carcinoma de pulmão com 89 pacientes (29,9%), seguido pelo carcinoma gástrico com 51 pacientes (17,2%). Dos 297 pacientes submetidos a cirur- gia, 36 (12,1%) apresentaram complica- ções pulmonares até 72 horas do pós- operatório, sendo que nove (25%), foram incisões abdominais altas e 27 (75%) torá- cicas, dos quais 23 com ressecção do parênquima pulmonar e 261 (87,9%) não apresentaram as complicações. Aconteceram 55 complicações, e a que ocorreu de forma mais freqüente, isolada ou associada, foi a traqueobronquite que esteve presente em 44,4% (16/36) dos pacientes com complicações, sendo segui- da pelo broncoespasmo 22,2% (8/36). Dentre os 36 pacientes, 26 (72.2%) apre- sentaram infecção pulmonar, sendo que oito destes, necessitaram de intubação oro- traqueal, e sete de ventilação mecânica pro- longada por insuficiência respiratória aguda. Na análise comparativa das variáveis de risco cirúrgico entre o grupo que complicou e o que não complicou com relação a idade, a média de idade da população estudada foi de 52,3 anos ( DP= 14,7), com variação de 17 a 92 anos; a média do sexo masculino foi de 54 anos (DP= 14,7) e feminino 49 ( DP = 15,2). Dos 36 pacientes que apresenta- ram complicações pulmonares, 22 (61,1%) tinham idade inferior a 65 anos, sendo 17 do sexo masculino e cinco do feminino; 14 (38,8 %) com idade superior ou igual a mesma, 12 do sexo masculino e dois do feminino. Com relação ao estado nutricional, a média do IMC foi de 25,26 Kg/ m2 (DP= 9,4), variando entre 14 kg/m2 e 80 kg/m2 . Nos pacientes que não apresentaram com- plicação pulmonar pós-operatória, a média doIMCfoide25,7kg/m2 (DP=9,8),sendo 153 (58,6%) eutróficos e 108 (41,3%) distróficos, destes 64 desnutridos e 44 obe- sos. Já com relação aos pacientes que apre- sentaram as complicações pulmonares pós- operatória, a média do IMC foi de 21,7Kg/ m2 (DP= 3,6), 19 eutróficos (52,7%) e 17 distróficos (47,1 %) sendo 16 desnutridos e um obeso. Os resultados observados com relação à presença de doença respiratória, sintomas respiratórios e consumo tabágico: a) Com relação à presença de doenças respirató- Tabela 1 – Distribuição de casos segundo o IMC e as CPP I.M.C. Complicou Não complicou N=36 n=261 Eutróficos 19 ( 52,7%) 153 (58,6 %) Desnutridos 16 (44,4%) 64 ( 24,5%) Obesos 1 ( 2,7%) 44 ( 16,8%) Teste χχ2 = 8.988 p= 0.011 Tabela 3: Distribuição de casos segundo o hábito tabágico e as CPP Tabagismo Complicou Não complicou n=36 n=261 Nunca fumou 4 (11,1%) 98(37,5%) Parou 8 semanas 14(38,8%) 85(32,5%) <8semanas/nãoparou 18(50%) 78(29,8%) Teste χχ2 = 10.778 p = 0.005 Tabela 2 – Distribuição de casos segundo os sintomas respiratórios com relação as complicações pulmonares pós-operatórias Sintomas Complicou Não complicou p Respiratórios n=36 n=261 ‘Chiado‘ 11 (30,6%) 38 (16,4%) 0,05 Tosse 26 ( 72,2%) 98 ( 37,55%) 0,001 Expectoração 22 ( 61,1%) 75 (28,74%) 0,001 Dispnéia 15 ( 41,7%) 57 ( 21,8%) 0,009
  • 5. Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24 121 VARIÁVEIS CLÍNICAS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO rias, 152 pacientes apresentavam algum tipo de patologia respiratória, sendo o car- cinoma brônquico, com 89 casos, o mais freqüente, seguido pela doença pulmonar obstrutiva crônica, 21 casos. Dos 36 casos com complicações pulmonares pós-opera- tórias, 31 (86%) apresentavam doença res- piratória b) Sintomas respiratórios: dos 124 (41,7%) pacientes com sintomas respirató- rios, todos apresentavam queixas de tosse, aspecto mucóide, 31(25%) com aspecto amarelo e 22 (17,4%) estavam associados à hemoptise ou escarro com laivos de san- gue, dispnéia em 72 (24,4%) dos casos e “chiado no peito” foi relatado em 49 (16,4%) pacientes. Com relação aos 36 casos que apresentaram CPP, 26 (72%) eram sintomáticos respiratórios no pré- operatório. Destes, todos apresentavam sintoma de tosse, 15 queixavam-se de dispnéia e 11 de “chiado no peito”. Todos os sintomas respiratórios relatados apre- sentaram associação estatisticamente signi- ficativa com as CPP, como é observado na tabela 2. Com relação ao hábito tabágico, 102 (34,3%) pacientes nunca fumaram e 195 (65,6%) tinham história de tabagismo. Des- tes, 99 (50,7%) foram considerados ex- tabagistas e 96 (49,2%) tabagistas atuais. Dentre os 96, 14 (14,5%) pararam de fumar entre 10 a 56 dias do pré-operatório e 82 (85,4%) continuaram fumando até o dia da cirurgia. Dos 99 casos considerados ex-tabagistas, ou seja aqueles que interrom- peram o hábito tabágico há mais de oito semanas, 18 (18,8%) pararam de fumar entre 2 e 12 meses e 81(81,8%) pararam de fumar com tempo superior a 12 meses. Dentre os 36 pacientes que apresentaram CPP, quatro (11%) negaram o hábito tabá- gico e 32 (89%) tinham história de tabagis- mo; 18 (50%) foram considerados taba- gistas atuais. Já na avaliação da relação VEF1 /CVF o valor médio foi de 78,04% (DP= 11,1) com variação de 37 a 90%. Observa-se que 202 (68%) casos apresentaram esta relação normal contra 95 (32%) que mostraram doença pulmonar ventilatória obstrutiva e dos 36 casos com CPP, 22 (61,1%), apre- sentaram os valores alterados da relação VEF1 /CVF. Com relação ao tempo cirúrgico, o tempo médio de cirurgia nos 297 pacientes foi de 235 minutos (DP = 91,8) variando entre 60 e 600 minutos. Estabelecendo-se um ponto de corte de 210 minutos, compa- rando-se esta variável, dentre as cirurgias torácicas, foram 77,9% (113/145) e 56,5% (86/152) abdominais. Na análise do grupo que apresentou complicação pulmonar pós-operatória, 32 (89%) pacientes tive- ram tempo cirúrgico superior a 210 minu- tos, e quatro (11%) inferior ao mesmo, sendo esta diferença estatisticamente signi- ficante. Quanto à análise da Escala PORT, 107 (36,1%) foram considerados de baixo ris- co, 157 (52,8%) de risco moderado e 33 (11,1%) foram considerados de alto risco para desenvolvimento de complicações pulmonares no pós-operatório. Quanto aos 36 casos que desenvolveram as com- plicações, somente três (8,3%) foram de baixo risco; 20 (55,5%) do grupo modera- do e 13 ( 36,1%) de alto risco. Teste c2 p = 0.001. Já a fisioterapia pré e pós-operatória realizada dentre os 297, um total de 255 (85,8%) recebeu atendimento pré-opera- tório.Amédiadesessões foide2,7sessões (DP = 1,79), com variação de uma a 10 sessões. Com relação as técnicas adotadas, 172 (67,5%) receberam orientações ge- rais, 83 (32,2%) receberam orientações gerais associando-se as técnicas de higiene brônquica. No pós-operatório, 288 pacien- tes (96%) além das orientações gerais, re- ceberam também as manobras para higiene e expansão pulmonar. A média de sessões foi de 3,9 atendimentos (DP= 2,18). Den- tre os 36 pacientes que apresentaram as CPP, todos receberam manobras de higie- ne brônquica e técnicas para expansão do parênquima pulmonar e da caixa torácica. A freqüência das sessões variou de três a 12, com valor médio de seis sessões. Na avaliação da análise multivariada dos fatores de risco para desenvolvimento das Tabela 4: Análise de regressão logística entre as variáveis independentes e a dependente Variável Parâmetro Estimado p Odds Ratio Intervalo de Confiança IMC - 0.1204 0.0240 0.887 0.799 - 0.984 Tabagismo 0.0297 0.0085 1.030 1.008 - 1.053 Cirurgias 1.0924 0.0283 2.981 1.123 - 7.916 Tosse 1.3559 0.0107 3.880 1.369 - 10.995 Tempo 0.00683 0.0022 1.007 1.002 - 1.011 Tabela 5: Análise de regressão logística entre as variáveis independentes e a dependente com cirurgia torácica Variável Parâmetro Estimado p Odds Ratio Intervalo de Confiança IMC - 0.1437 0.0328 0.866 0.759 - 0.988 Tabagismo 0.0397 0.0029 1.040 1.014 - 1.068 Chiado 1.8352 0.0209 6.266 1.320 - 29.739 Tempo 0.00686 0.0288 1.007 1.1 - 1.013
  • 6. Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24122 SAAD IAB ET AL. CPP através da análise de regressão logística, os resultados obtidos foram os seguintes: 1. Considerando inicialmente como variá- veis independentes: variáveis clínicas, fun- ção pulmonar, tipos de cirurgia e a escala PORT, houve associação entre a ocorrên- cia de CPP e as seguintes variáveis indepen- dentes: tosse com expectoração amarela aumentou a chance 3,8 vezes, cirurgia torácica em relação a abdominal aproxima- damente três vezes, diminuição da unidade do IMC 1,13 vezes (1/0.887); para cada ano de tabagismo 1,03 vezes. Lembrando que sempre que o parâmetro estimado mostrar o sinal negativo, a razão é inversa, deve-se dividir um pela razão de chances e obter um novo valor. 2. Análise de regressão logística dos pacien- tes com cirurgia torácica, considerando como variáveis independentes: variáveis clí- nicas, função pulmonar e retirada de parênquima. No modelo final as variáveis que au- mentaram a chance de CPP foram: história de broncoespasmo 6,2 vezes; diminuição de unidade do IMC 1,15 vezes ( 1/0.886); cada ano de tabagismo 1,04 vezes e aumen- to na unidade de tempo cirúrgico 1.007 vezes. A retirada de parênquima pulmonar e espirometria não apresentaram signifi- cância estatística. 3. Análise de regressão logística consideran- do como variáveis independentes a Escala PORT: um indivíduo classificado no risco moderado apresenta quatro vezes a chance de CPP em relação ao baixo risco, enquan- to que o alto risco, a chance aumenta 18 vezes com relação ao baixo. DISCUSSÃO Provavelmente, os fatores que mais se associam ao desenvolvimento de CPP in- cluem local da incisão cirúrgica, idade, histó- ria de doença pulmonar, tabagismo, obesi- dade ou desnutrição e tempo de cirurgia1-3- 11-14-25-27-28 . Outros fatores de risco são citados como a presença de sonda naso- gástrica, alteração das funções cognitivas, ausência de fisioterapia profilática, aumento do tempo de internação hospitalar e co- morbidades associadas44 . Na população estudada a incidência das complicações pulmonares pós-operatórias imediatas foi de 12,1%. A complicação pós- operatória mais freqüente foi a traqueo- bronquite (44,4%), o que foi justificado pela alta porcentagem de pacientes com pneu- mopatias e história de tabagismo em nossa casuística. A elevada incidência de infecção pulmonar também foi verificada por outros autores9-10 . Neste estudo, as CPP foram três vezes mais freqüentes nas cirurgias torácicas em relação à abdominal alta, e ainda maiores nas cirurgias com retirada de parênquima pulmonar e com relação à idade, a faixa de até 65 anos apresentou maior incidência de complicações, provavelmente estas duas observações acima se deram porque neste grupo havia maior número de pacientes com co-morbidades pulmonares e fatores clínicos associados. Para Torrington & Hen- derson (1988)8 a idade maior que 65 anos representou fator de risco para morbidade pulmonar pós-operatória. Entretanto, para Smetana (1999)13 e Willians-Russo et al. (1992)23 , a idade isoladamente não apre- senta predição de risco, e sim na associação com outros fatores. Esses autores conside- ram que as CPP estão mais relacionadas à coexistência de patologias do mesmo modo que nossos achados. Quanto ao estado nutricional, em nosso estudo, apesar dos autores citarem a obesi- dade como fator de risco4-21 , os 45 obesos não apresentaram complicação, nem mes- mo os 25 obesos mórbidos. O grupo dos desnutridos foi o que apresentou o maior número de complicações, quando compa- rado ao grupo dos eutróficos e obesos. Provavelmente este fato esteve associado ao maior número de doenças neoplásicas e as conseqüências da desnutrição. Em relação às doenças respiratórias, a presença de pneumopatia grave é impor- tante fator de predição de risco para ocor- rência de complicação23-33-10-13 . Pacientes com diagnósticco de asma brônquica não demonstraram aumento de complicação em nosso estudo. Alguns autores demons- traram que portadores de sintomas respira- tórios agudos ou asmáticos, quando trata- dos e controlados clinicamente, apresen- tam a mesma incidência da população geral no desenvolvimento de complicações pós- operatórias1-14 . Os sintomas respiratórios, dispnéia, tosse com expectoração ou chiado foram importantes fatores de complicações, 47% (17/36), em nossa casuística. Na obtenção dos dados de doença respiratória e sinto- mas respiratórios, a análise dos dados se sobrepuseram. Provavelmente, se não for possível obter a informação sobre o diag- nóstico clínico, poderíamos substituí-la pela sintomatologia respiratória, o que facilitaria a coleta de informações por equipes multi- disciplinares. Outros autores demonstra- ram que a co-existência de doença respira- tória e sintomatologia respiratória aumen- tam de duas a três vezes a chance de desen- volver complicações pulmonares pós-ope- ratórias21-28 . Quanto ao hábito tabágico, foi signifi- canteaincidênciadeCPPempacientescom história de tabagismo em relação aos que nunca fumaram (32/195 contra 4/102) sen- do dados concordantes com a literatura4 . Embora toda a nossa casuística seja de paci- entes submetidos a procedimento cirúrgico eletivo, apenas 14 dos 96 (14,5%) taba- gistas atuais abandonaram o hábito até oito semanas prévias à cirurgia, sendo que 82 (85,4%) continuaram fumando até o dia do procedimento cirúrgico. Foi surpreendente o baixo número de pacientes que cessaram
  • 7. Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24 123 VARIÁVEIS CLÍNICAS DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIO o hábito do tabagismo diante das doenças que portam e do seu potencial cirúrgico. Com relação à espirometria, neste es- tudo foi observado que a relação FEV1 /CVF diferiu com significância estatística quando comparou-se o grupo que complicou com o que não complicou. Isto provavelmente se deveu ao fato que a metade dos nossos pacientes tinham história de doença pulmo- nar e a grande maioria dos casos que com- plicaram pertenciam ao grupo de cirurgia torácica. Willians-Russo et al. (1992)23 con- sideraram que os testes espirométricos não identificaram morbidade no pós-operatório nas cirurgias gerais. Na observação do tempo cirúrgico, mais da metade desta casuística foi maior que 210 minutos e com relação ao grupo que apresentou CPP, 89% tiveram tempo cirúrgico prolongado. O tempo cirúrgico constitui um fator de risco importante para as complicações pulmonares pós-operató- rias. Latimer et al. (1971)21 , Tisi, (1979)7 e Bluman et al. (1998)25 consideram o tempo superior a 210 minutos como fator de risco para CPP. CONCLUSÃO As variáveis pré-operatórias que au- mentaram a chance de CPP nas cirurgias de tórax e abdômen alto foram: tosse com expectoração amarela; cirurgia torácica, ín- dice de massa corporal; tabagismo e tempo cirúrgico prolongado. Nas cirurgias de tórax as variáveis encontradas foram: broncoes- pasmo, índice de massa corporal, tabagis- mo, tempo cirúrgico prolongado. SUMMARY CLINICAL VARIABLES OF PREOPERATIVE RISK BBACKGROUNDACKGROUND. To identify risk variables leading to early postoperative pulmonary complication (POPC) in thoracic and upper abdominal surgery. METHODS. 297 patients submitted to ele- ctive surgery were classified as low, mo- derate and high risk for POPC using PORT scale, following Torrington & Henderson (1988). The patients were followed up for 72 hours postoperative. POPC were defi- ned as atelectasis, pneumonia, tracheo- bronchitis, wheezing, prolonged intubation and/or prolonged mechanical ventilation. Univariate analysis was applied to study these independent variables: type of sur- gery, age, nutritional status (BMI), respira- tory disease, smoking habit, spirometry and surgical time. Multivariate logistic regression analysis were performed in order to eva- luate the relationship between independent and dependent (POPC) variables. RESULTS. POPC incidence was 12.1%. By multivariate logistic regression analysis the variables increasing chance to POPC was cough with yellow mucus (OR= 3.8), thoracic surgery (OR=2.9) compared to abdominal surgery, BMI (OR=1.13), dura- tion of smoking (OR=1.03) and prolonged duration of surgery (OR=1.007). In the thoracic surgery group, multivariate logistic regression analysis showed: wheezing (OR=6.2), BMI (OR=1.15), long time smoking (OR= 1.04) and prolonged du- ration of surgery (OR= 1.007) related to POPC. CONCLUSION. The variables occurrence that increased chance to POPC in thoracic and upper abdominal surgery were: cough with yellow mucus, thoracic surgery, BMI, duration of smoking and duration of surgery. Regarding the thoracic surgery group the significance variables were wheezing, BMI, duration of smoking and duration of surgery. [Rev Ass Med Brasil 2001; 47(2): 117-24] KEY WORDS: Surgery. Physical therapy. Pos- operative complications. REFERÊNCIAS 1. Jackson,M.C.-.-Preoperativepulmonaryevaluation. Arch. Intern. Med., 148: 2120-2127, 1988. 2. Ferguson, M. K.; Reeder, L. B.; Mick, R.; Optimizing selection of patients for major lung resection. J. Thorac. Cardiovasc. Surg., 109 (2): 275-281, 1995. 3. Liedman, B.L.; Bennegerd, K.; Olobe, L.C. Lundell, L.R. - Predictors of postoperative morbidity and mortality after surgery for gastro-oesophageal carcinomas. Eur. J. Surg., 161: 173-180, 1995. 4. Nierman, E. & Zakrzewski, K. - Recognition and management of preoperative risk. Rheum. Dis. 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