O documento relata a experiência bem-sucedida do autor dirigindo peças teatrais com alunos surdos e discapacitados auditivos. Após ganhar vários prêmios no festival, o autor recebeu cinco convites para dirigir peças em escolas diferentes, mostrando os benefícios educacionais do teatro. No entanto, tanto o autor quanto os alunos enfrentam dificuldades financeiras para participar das atividades sem remuneração.

1. Aos amigos do teatro:
Como músico e futuro ator, diretor, encenador, teatrólogo e professor de artes cênicas
que serei após me formar no curso de Artes Cênicas - Teatro e Dança da Universidade Estadual
de Mato Grosso do Sul, me sinto tão agraciado pelos bons frutos que tenho obtido desde 2011
quando começamos, a convite de nosso coordenador Fernandes Ferreira de Souza,
juntamente com Nayandre Loubet Nay Al-Uzza, a trabalhar (voluntariamente) na preparação,
concepção e preparação dos atores mirins do Centro Estadual de Apoio ao Deficiente Auditivo
(CEADA) para participar do 2º Festival Estudantil Temático Teatro para Trânsito (Fetran) em
2011.
Mesmo com a dificuldade de ainda não dominarmos a linguagem de sinais brasileira
(Libras), conseguimos uma ótima evolução pessoal nas crianças, além de ótimos resultados no
festival, onde além de ganharmos os prêmios de melhor ator, melhor atriz, melhor figurino e
roteiro, ganhamos também o prêmio de melhor peça em nossa categoria. Esses prêmios não
eram tão esperados, pois na época nós não tínhamos muita experiência com esse tipo de
trabalho, fora as dificuldades de comunicação que eram vencidas aos poucos.
Passado todo o sucesso e visto que mesmo sendo um trabalho voluntariado, houve
grande qualidade, hoje, em 2012, nesse mês de Abril, recebi, como atual diretor campeão do
ano passado, nada mais do que cinco (5) convites de escolas diferentes para assumir, em
categorias diferentes, a responsabilidade de dirigir os teatros propostos por cada uma delas.
Os convites foram feitos, em sua maioria, depois que essas escolas pesquisaram melhor sobre
o festival através da internet, já que nosso sucesso foi bastante divulgado, assim como o do
próprio festival, visto que esse ano o número de inscrições aumentou em 80%, dado o sucesso
do festival de 2011. Isso além de me deixar comovido e animado para poder exercer essa
função, prova que o teatro tem mudado para melhor a vida de muitas crianças, jovens e
adolescentes que, em outras circunstâncias, sem o acesso a essa específica arte, poderiam
estar em situações menos favoráveis, tanto em seus estudos como em sua formação moral. E
isso não se reflete apenas no caso do trânsito, no caso do FETRAN, em que mesmo antes de se
tornarem condutores, esses jovens já se conscientizam dos cuidados necessários ao trânsito.
Os processos de aprendizagem da história do teatro, bem como das técnicas e dos processos
de criação abrem novos horizontes, reafirmando o papel do teatro na educação e formação do
indivíduo, fazendo-os pensar, aguçando assim suas percepções e imaginações, contribuindo
para uma melhor interpretação dos fatos e uma maior facilidade de expressar seus
pensamentos, sentimentos e ações, tornando-os mais hábeis em seus relacionamentos,
erradicando violência e desinteresse por parte dos demais conteúdos propostos pelas
disciplinas curriculares.
As escolas além de contarem com todos esses benefícios adquiridos através do
processo de aprendizagem teatral do aluno, também tem a chance de melhorarem a qualidade
do ensino através dos recursos materiais, os prêmios, que a escola poderá ganhar, como
notebooks, televisores, projetores e etc.
A cultura de artes após cada participação no festival, independentemente do
resultado, sempre fica instalada na instituição de ensino.

2. Esse ano de 2012, mesmo trabalhando novamente com o CEADA na categoria infantil,
e com as escolas estaduais 11 de Outubro e Professora Alice Nunes Zampiere, nas categorias
infanto-juvenil e juvenil, respectivamente, não teremos remuneração das escolas, muito
menos repasses de verbas ou salários, nem por parte da secretaria de estado de educação do
estado e nem de patrocínios privados ou subsídios de projetos. Enfim, já estamos nos
processos de oficinas para os alunos, visando achar entre eles alguns que queiram atuar e
trabalhar na produção dos espetáculos. Porém, às vezes precisamos ir a pé para essas escolas,
já que nem gasolina ou dinheiro para o passe de ônibus tem tanto eu quanto os alunos, em
alguns dias. Essa é a realidade de algumas escolas.