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11ª Conferência Nacional de Assistência Social: uma vitória da sociedade.
A 11ª Conferência Nacional de Assistência Social é um marco na história da proteção social não
contributiva no Brasil. Em que pese o contexto histórico no qual ela realizou-se, fortemente marcado pelo avanço
de uma agenda neoliberal patrocinada pelo governo Temer contra os trabalhadores e o povo brasileiro, as
Conferências precisam ser identificadas como notórias resistências na defesa dos direitos sociais. O processo
reuniu mais de 99% dos municípios brasileiros, congregando milhares de pessoas no debate sobre o II Plano
Decenal de Assistência Social; na defesa do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e na crítica contundente
ao desmonte da seguridade social.
Todos os Estados da federação e o Distrito Federal realizaram Conferências representativas, combativas
e afinadas com as orientações emanadas do Conselho Nacional de Assistência Social, órgão colegiado,
paritariamente constituído e que detém a prerrogativa para convocá-la. Todo o processo foi orientado por
instrumental expedido pelo CNAS, após reuniões ampliadas e consultas aos entes subnacionais. Não há em todo
o processo, qualquer registro sobre discordâncias com a metodologia proposta. Municípios, Estados e o Distrito
Federal realizaram suas respectivas conferências sob o primado da democracia, reconhecendo o delegado como
fonte soberana do poder.
A metodologia adotada na Conferência Nacional, portanto, não poderia discrepar do processo. Desta
forma, conferiu todo o poder ao delegado e reconheceu a legitimidade das deliberações adotadas nas esferas
subnacionais. Daí a motivação para consignar no Caderno de Propostas as fidedignas decisões das Conferências
dos Estados e do Distrito Federal. A metodologia adotada retirou da Relatoria a prerrogativa para definir a agenda
da Conferência Nacional, devolvendo-a a quem de direito: o delegado. A ele coube, primeiro no trabalho em
grupo, definir dentre as propostas originadas dos Estados e do Distrito Federal, aquelas que integrariam à agenda
da Plenária Final; em segundo lugar, ainda no trabalho de grupos, aos delegados compete apresentar novas
propostas à Plenária Final. Assim foi feito. Mesmo os discordantes da metodologia procederam em conformidade
com as orientações do CNAS. O resultado da Plenária Final atesta a validade da metodologia: as propostas
originadas dos Estados e do Distrito Federal obtiveram mais votos.
Um outro esclarecimento faz-se necessário e expressa uma preocupação que exige reflexão. Todo
instrumental adotado no processo de conferência foi proposto pela equipe técnica que assessorou o CNAS.
Apenas na reta final, esta equipe foi ampliada para tornar-se relatora da 11ª Conferência. A preocupação que
convoca reflexão é a seguinte: por que determinadas pessoas avocam para si a prerrogativa para conferir
legitimidade a eventos públicos? Que poderes detêm que as autoriza a criticar, sem qualquer zelo pelas pessoas,
processos que desconhecem?
Nós que integramos a equipe de assessores técnicos e a Comissão de Relatoria, agradecemos ao CNAS
pela distinção que nos conferiu e estamos convictos da nossa modesta contribuição para esse grande
acontecimento no âmbito das políticas sociais no Brasil. A propalada “Vitória dos defensores do SUAS” é também
nossa, na medida em que esse era o objetivo em todo o decorrer do processo.
O SUAS já tem adversários o bastante. Não precisamos, e não podemos gastar nossa pouca energia,
elegendo alvos em nossos/as companheiros/as de trincheira. Esclarecidos os pontos acima, reafirmamos o nosso
compromisso com um SUAS diverso, democrático, participativo e principalmente de todos os Brasileiros.
Assinam:
Carlos Eduardo Ferrari;
Carlos Alberto Maciel;
Tania Mara Garib;
Edval Bernardino Campos;
Mauriceia Carneiro;
Margarida Maria Silva dos Santos;
Margarete Cutrin;
Priscila Maia Andrade
Célio Vanderlei Moraes;
Samara Xavier

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