A aceitação emocional significa admitir o que acontece ao invés de desejar que as coisas sejam diferentes, mas não significa aprovar ou gostar da situação. A aceitação refere-se ao reconhecimento de que pensamentos, sentimentos e sensações surgem inevitavelmente e passam, em vez de julgá-los. Na psicoterapia, a aceitação parte do pressuposto de que eventos desagradáveis fazem parte da vida e envolve entrar ativamente na realidade, em vez de se apegar a como gostar
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Aceitação emocional
1. Aceitação emocional
O que você entende pelo termo “aceitação”? Aceitar significa concordar? Aceitar
significaserconiventecomumasituação“errada”oucomumamaneiradesecomportar
que seja prejudicial a outras pessoas? Aceitar consiste em se resignar, desistir, cruzar
os braços e esperar o futuro chegar? Esses e outros possíveis significados atrelados ao
termo “aceitação” veem à tona no processo terapêutico quando abordo essa questão
com os clientes. Já ouvi frases como: “Mas você quer que eu aceite a minha mãe
como ela é? Olha o que ela fez!”, “Não sou obrigado a aceitar nada”, “Não consigo
aceitar que o meu chefe falou comigo daquele jeito”, “Posso até não falar mais nada,
mas aceitar não vai dá!” e etc.
Emocionalmente falando (logo, aqui apresento o significado da referida palavra no
contexto da Psicologia), a aceitação significa admitir o que acontece em vez de desejar
ou tentar fazer com que as coisas sejam diferentes, mas não significa, necessariamente,
aprovar ou gostar das coisas como elas são. De forma bem resumida (o que é um tanto
difícileatéarriscadoaotratardessetermotãocomplexo),refere-seaoreconhecimentode
que pensamentos, sentimentos e sensações inevitavelmente surgirão (e inevitavelmente
irão embora), e de que julgá-los, rechaçá-los ou evitá-los não é muito útil e eficiente.
Aoinvésdeassumirumaposturafocadanojulgamento,naavaliaçãoenastentativas
de controle de tudo o que nos cerca (pessoas, atividades domésticas, trabalho, estudos
e etc.), para assegurar que as coisas saiam exatamente conforme o previsto (na nossa
“cabeça”! rs), pode-se optar por uma conduta aberta e compassiva, na qual se presta
atenção a tudo o que acontece sob uma nova perspectiva. Parte-se do pressuposto
de que eventos desagradáveis fazem parte da vida e os pensamentos, sentimentos
e sensações decorrentes desse tipo de experiência acontecem sem que se tenha a
possibilidade de controlá-los. Nesse sentido, a solução é não apresentar resistência
para que eles venham e vão sem sofrimento adicional. Então.... “seria observar o que
acontece “em nós” sem ficar avaliando isso”? Sim!
A aceitação que se objetiva na psicoterapia é parte de um processo de evolução
do indivíduo. Refere-se a entrar ativamente na realidade do que existe, em vez de nos
apegarmos a como desejaríamos que as coisas fossem ou o quanto gostamos ou não
dessa realidade. Isso não invalida a emissão de práticas positivas que o cliente possa ter
no intuito de realizar os próprios sonhos ou empreender mudanças comportamentais
necessárias para o seu bem-estar (afinal, nós trabalhamos para isso também!); o
problema consiste em se manter nesse “círculo vicioso” de sofrimento emocional,
experienciando pensamentos, sentimentos e sensações de uma maneira negativa/
julgadora e percebendo-os como obstáculos a uma vida plena. É como se estivéssemos
em uma longa viagem e, de todas as coisas que poderíamos nos atentar, ficássemos
“parados”, observando e sofrendo por um acontecimento específico.
A aceitação serve para tudo o que acontece “dentro de nós” e para a história de
vida (nossa e/ou da pessoa com quem estabelecemos algum tipo de interação), afinal
não se pode mudá-la (embora ela se mantenha nas nossas lembranças, acessível
para o nosso aprendizado). Só temos controle (e em partes, ainda!) sobre o futuro e
os comportamentos que emitimos; isso sim é alvo de mudança e não de aceitação.
Portanto, aceite aquilo que não se pode mudar e se comprometa a atuar para alterar o
que se pode!
Referência
Saban, M. T. (2015). Introdução à terapia de aceitação e compromisso. Belo Horizonte:
Ed. Artesã.