A Leitura, A Escrita E A InterpretaçãO ApresentaçãO
A criança e o texto digital
1. S Ó N I A P A C H E C O
U N L - F C S H
L U Í S B O N I X E
E S E P O R T A L E G R E / C I M J
A criança e o texto digital - uma
análise ao uso das tecnologias por
crianças em idade pré-escolar
2. Objetivos
De que modo as tecnologias de informação e comunicação estão
a ser utilizadas no ensino pré-escolar?
Perceber como as crianças dos 3 aos 6 anos utilizam as
tecnologias para a interpretação e leitura de textos multimédia e
como isso pode ser facilitador de inclusão digital.
3. Pressupostos
As crianças, mesmo em idade pré-escolar, têm um contato cada vez
mais frequente com as tecnologias de informação e comunicação e
como tal questionam e experimentam vivências que contribuem para a
sua aprendizagem modificando modos de contato com o mundo que as
rodeia.
Estamos a referir-nos a crianças que, com relativa facilidade e por
tentativa e erro, utilizam um telemóvel, jogam com consolas, interagem
com jogos na televisão ou utilizam as diferentes ferramentas de um
computador para ler os textos que se lhes disponibilizam (Levy, 2009).
É indispensável reduzir a info-exclusão e não há melhor local para
começar essa grande tarefa do que na escola; com os alunos, os
docentes, os encarregados de educação e o pessoal não docente. (Pedro
C. Cerrillo)
4. Novos textos, novos leitores?
A leitura não se resume apenas ao texto em papel,
mas abrange uma leitura no ecrã com textos que se
caracterizam pelas suas múltiplas modalidades que
por sua vez promovem novas leituras e o
desenvolvimento de novos leitores desde as mais
tenras idades.
5. Ler antes de ler
As crianças dos 3 aos 6 anos que frequentam o ensino pré-
escolar têm noção dos aspetos formais da leitura e da escrita,
ou seja, como se lê e como se escreve, e sobre os aspetos
conceptuais, isto é, o que representa a linguagem escrita
(Martins, 1996).
As crianças leem a imagem, interpretam-na, inferem sobre o
que veem e atribuem essa mesma interpretação ao texto que
acompanha a imagem tornando-o predizível.
“El dibujo puede ser interpretado, el texto sirve para ler lo
que el dibujo representa.(…) la expectativa es que el texto se
corresponde con el dibujo el objeto representado en uno,
también lo está en el outro” (Ferreiro&Teberosky, 1999, p.95).
6. Metodologia
Corpus - 25 alunos do ensino pré-escolar (dos 3 aos
6 anos)
Observações diretas não participantes em contexto
educativo e entrevistas semi-diretivas
Observar nas crianças, inseridas “no seu quadro
habitual e familiar” (Damas & De Ketele, 1985, p.48),
comportamentos e interações perante e com os
textos, tendo como suporte as TIC.
7. Usar o computador
O computador é usado essencialmente como um momento de trabalho.
Área da sala
Opção de escolha (individual ou em grupo)
Fazem jogos de escrita e leitura, de matemática e de desenho ou pintura.
Os softwares: narrador que vai interagindo com as crianças; dá um
feedback das suas decisões e opções de escolha; reforça e a incentiva .
A presença do narrador ajuda à motivação das crianças; as crianças
insistem no jogo até obterem a recompensa do sucesso que lhes é atribuída
pelo som do “aplauso” e pelo reforço positivo verbal do narrador.
8. Aprender com a tecnologia
Aprendizagens educativas integradas nas diferentes áreas de conteúdo
Área de Formação Pessoal e Social: Socialização
Desenvolvimento Motor e a utilização do equipamento:
lateralidade; avança e recua dependendo do ícone escolhido; motricidade
fina, coordenação óculo-manual ; flexibilidade motora.
Utilização do software:
Domínio da matemática: padrões, sequências lógicas, classificação,
encaixes, números, geometria, nomeação, identificação e atribuição de
cores, quantidades, tamanhos, correspondências um a um;
preenchimento de tabelas de 2 entradas.
9. Aprender com a tecnologia
Domínio da linguagem oral e abordagem à leitura e escrita: interações verbais
com o narrador/intermediário do software, interações verbais com os pares; definição e
nomeação das diferentes letras do abecedário; introdução do nome próprio do utilizador do
jogo e do sucesso alcançado (recorde identificado);completar palavras; contador de histórias
que permite às crianças ouvir uma história, virar a página, definir a sequência da história e
executar tarefas relacionadas com a história após a audição da mesma; identificam letras do
seu nome e do nome dos seus colegas.
Área do conhecimento do mundo: identificação de diferentes alimentos, objetos do
dia-a-dia, ações, paisagens de diferentes estações de ano e de países estrangeiros,
pensamento científico com testagem de hipóteses por tentativa e erro nas diferentes tarefas
do jogo.
10. O contexto e a inclusão digital
As crianças ensinam os pais a utilizar o
computador e até a identificar/interpretar o
texto multimédia: os ícones que servem para mover
uma peça ou passar à fase seguinte ou as letras que
conhecem e que lhes permitem predizer a palavra.
Verbalizam o incentivo que os progenitores fazem
em casa para que estes aprendam a utilizar o
computador: “A minha mãe diz para eu
trabalhar com o computador…” (sic.).
11. Notas finais
O uso dos suportes digitais está integrado nas rotinas diárias das duas
salas observadas ; é uma opção natural e faz parte de hábitos de
exploração, verificação e aplicação de conhecimentos apreendidos e
construídos nas diferentes áreas de conteúdo, que orientam as ações e
oportunidades educativas propostas e desenvolvidas intencionalmente
na educação pré-escolar.
O contacto frequente e diário com os suportes digitais ajuda as crianças
desta faixa etária a concretizar e explorar conceitos, como por
exemplo o pensamento científico, o pensamento lógico matemático e
explorações diversas na área da leitura e da escrita, nas quais se inclui a
interpretação do texto multimédia.
12. Notas finais
As crianças, mesmo sem uma aquisição convencional de leitura e
escrita, interpretam a imagem, o som, a cor e o movimento e
conseguem predizer algumas das palavras que lhes vão surgindo no
decorrer do jogo ou da tarefa proposta.
As estratégias de leitura que as crianças desenvolvem aplicam-se a
todo o tipo de textos. O objetivo será sempre o de atribuir uma
mensagem ao texto, um sentido.
As vivências pessoais e em comunidade, as possibilidades de
experimentação e de questionamento promovem, não só, a
construção ativa de conhecimentos nas diferentes áreas de
conteúdo, bem como, contribuem para a impregnação no dia-a-dia
educativo da utilização das TIC.