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Jornal do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Publicas Estaduais - RJ
Ano II - Nº 8 - Maio de 2007
Ato político e coral marcam
Dia do Trabalhador na Uerj
O Dia do Trabalhador é comemorado em todo o mundo
como uma data que marca a história de luta da classe traba-
lhadora. Não é apenas um feriado. É um dia de reflexão. A
data foi lembrada pelo Sintuperj em ato no hall do queijo e
com a apresentação de corais.
O Sindicato quis saber também dos funcionários da uni-
versidade o que esta data representa. Confira os depoimen-
tos nas páginas 4 e 5.
Entidades cobram
negociação
Entrevista conta
história de luta dos
trabalhadores
Vito Giannotti militante, coorde-
nador do Núcleo Piratininga de
Comunicação e escritor acaba de
lançar um livro sobre a história
dos trabalhadores no Brasil. Mas
nesta entrevista ele aborda tam-
bém a luta dos trabalhadores em
todo o mundo.
Página 08
Os contratos na
Uerj exploram
trabalhadores
A situação precária dos fun-
cionários contratados sem con-
curso denuncia o descaso da
universidade com as condições
de trabalho. A Uerj, no mínimo,
deveria cumprir a lei estadual
4.599 e equiparar os salários dos
contratados.
Página 07
Pan-americano
ameaça moradores
de despejo
Moradores do Canal do Anil,
em Jacarepaguá, fizeram um ato
na porta da vizinha Vila do Pan-
Americano em protesto à ameaça
de remoção encabeçada pela
prefeitura do Rio. A prefeitura já
demarcou casas de, aproximada-
mente, 550 famílias.
Página 02
Através de
fundações querem
privatizar a Uerj
Governo do Estado e Reitoria
da Uerj surgem com propostas
de fundações para mascarar
privatização e terceirização na
universidade. Para Sintuperj fi-
nanciamento público e concurso
resolvem os problemas da uni-
versidade.
Página 03
O Sintuperj e a Asduerj
enviaram carta ao gover-
no do Estado solicitando
agendamento de reunião de
negociação da Campanha
Salarial. No último encontro
com as entidades, em 10 de
abril, Sergio Cabral disse
que as negociações poderiam
acontecer até o mês de junho
com seus secretários. E que
voltaria a se reunir com os
representantes dos trabalha-
dores da Uerj depois disso.
A carta enviada ao governa-
dor pede justamente o cum-
primentodessecompromisso.
Diz a carta “...de acordo com
o que foi estabelecido em re-
união com o Governador Sér-
gio Cabral, no dia 10 de abril
p.p., solicitam agendamento
de reunião para dar continui-
dade à negociação sobre a
recomposição salarial. Vale
ressaltar que o governo com-
prometeu-se naquela reunião
no Palácio da Laranjeiras a
reunir-se com as entidades no
início do mês de maio”.
2
JORNAL DO SINTUPERJ - Coordenação de Imprensa: Rosalina Barros - Conselho Editorial: Alberto Dias Mendes, João Sylvestre dos Reis, Jorge Augusto de Almeida, José Arnaldo
Gama da Silva, Mirian de Oliveira Pires, Paulo César Paes Fernandes, Sandro Hilário - Jornalista: Mário Camargo (MTb 024120) - Estagiária: Marcela Figueiredo - Programação
Visual: Alexandre d`Oliveira - Tiragem: 4.000 exemplares - Fechamento: 07/05/2007 - Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524, sala 1020 D, Maracanã, Rio de Janeiro/RJ
CEP: 20.550-013 - Telefone: (21) 2587-7126 / 2234-0945 - internet: www.sintuperj.org.br - Endereço eletrônico: sintuperj@sintuperj.org.br e imprensa@sintuperj.org.br
Uma revolução
feita pelo povo
Em 25 de abril de 1974, um levante
militar derrubou o regime político que
vigorava em Portugal desde 1926.
Após 48 anos de ditadura, Portugal
voltava a ter um regime democrático.
Esse movimento é conhecido como
Revolução dos Cravos.
Arevoltamilitarfoiumaconseqüência
dos 13 anos de guerra colonial, em
que os portugueses enfrentaram os
movimentos de libertação nas suas
colônias: Angola, Moçambique,
Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé
e Príncipe e Timor Leste.
Oficiaisdemédiapatenteserebelame
derrubam o governo de Caetano, que
se asila no Brasil. O general António
de Spínola assume a Presidência. A
população festeja o fim da ditadura
distribuindo cravos - a flor nacional
- aos soldados rebeldes.
Os partidos políticos, inclusive o
Comunista, são legalizados e é extinta
apolíciapolíticadosalazarismo-Pide.
O novo regime mergulha Portugal
numa agitação revolucionária.
Angola, Moçambique, Cabo Verde
e Guiné-Bissau obtêm a indepen-
dência.
A luta do povo português contra o
fascismo e a guerra colonial tornou-se
um poderoso movimento de massas,
abrangendo praticamente todas as
classes e setores da vida nacional.
Foi talvez a mais linda festa política
dos oito séculos da história de
Portugal: a multidão, dançava, can-
tava, chorava, sorria. E se abraçava,
e abraçava os jovens soldados sem
medo dos fuzis. E ocorreu então um
caso extraordinário, até hoje sem
explicação. Não se sabe como, nem
porquê, havia cravos vermelhos nas
mãos do povo. Homens, mulheres e
criançasdecravosnasmãos.Milhares
de cravos. E o povo enfeitou de
cravos os fuzis militares. E do povo
a revolução ganhou nome: Revolução
dos Cravos!
Fonte: www.unificado.com.br
Trabalhadores contra remoção
O dia 1º de maio foi marcado pela
luta contra remoção. Moradores
do Canal do Anil, em Jacarep-
aguá, fizeram um ato na porta da
vizinha Vila do Pan-Americano
em protesto à ameaça de remoção
encabeçada pela prefeitura do Rio.
A prefeitura já demarcou casas
de, aproximadamente, 550 famí-
lias que moram na comunidade.
“Picharam a minha casa com um
número sem a mínima explicação.
Depois fiquei sabendo que seria
removida. Toda a minha vida está
ali, hoje durmo e não sei se acor-
darei com a minha casa”, disse
Jorgete Soares, moradora, há mais
de 40 anos, da comunidade.
Segundo uma das organizadoras
da manifestação, Cléia Folly,
integrante do Conselho Popular
e moradora do Anil, o ato é sig-
nificativo já que são trabalhadores
resistindo ao apartheid social
provocado pelas obras do Pan.
“Nosso ato é de resistência. Esta-
mos mostrando que a comunidade
está organizada para lutar contra
os interesses do setor imobiliário
aliado à prefeitura”, afirmou. Para
o membro do Movimento União
Popular (MUP), Maurício Braga,
a importância do ato está em dar
voz ao povo. “Aqui o povo tem
a chance de gritar contra aqueles
que se opõem aos seus direitos.
O Anil está à margem do centro
imobiliário e ao lado da Vila do
Pan, por isso querem removê-lo.
Não vemos outra saída a não ser
a articulação da população. Temos
que entender que quando estamos
juntos temos poder para fazer o
embate na sociedade”, afirmou.
O evento, que reuniu cerca de mil
pessoas, foi considerado pelo repre-
sentante do Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas
(Ibase), Itamar Silva, como um
marco do 1º de maio, dia de luta do
trabalhador. “O trabalhador veio às
ruas para brigar contra esse desres-
peito. Pegaram dinheiro público
para construir a Vila do Pan que ser-
virá de moradia para a elite após os
jogos. Isso é um absurdo”, disse.
União de movimentos
O ato foi organizado através da
parceria entre moradores do Anil
com o Conselho Popular, o MUP,
a Pastoral de Favelas e a Central de
Movimentos Populares. Na mobi-
lização, participaram movimentos
pelo direito a moradia, ocupações
urbanas, Rede de Comunidades
Contra a Violência e o Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra
(MST). “Enquanto a burguesia
quer guerra e covardia, nós quere-
mos terra e moradia! Estamos aqui
porque temos um compromisso
de classe com essa gente. Onde o
povo estiver, lutando contra a ex-
ploração e a favor de seus direitos,
o MST estará junto”, disse Nelson
Fernandes, membro do MST. A or-
ganização promete articular novos
atos de repúdio, para a conscien-
tização e mobilização social, até o
início dos jogos do Pan.
Fonte: Renajorp
Moradores do Canal do Anil protestam contra remoção
Foto: divulgação
3
Fundações: terceirização e privatização disfarçadas
A Reitoria da Uerj e o governo
do Estado vêem nas fundações
uma solução para seus problemas.
Está nas comissões do Conselho
Universitário uma proposta para a
criação de uma fundação.
Diz o documento entregue ao
Consunqueauniversidadedeve“fo-
mentar a captação de recursos extra-
orçamentários, aos investimentos
necessários que uma Universidade
de referência requer, é medida ina-
diável. A UERJ não pode se isolar
do modelo nacional dos editais das
agências de fomento reinante”.
Deveriareinarnareitoriaorespeitoà
universidade pública para cobrar do
governo do Estado os investimentos
necessários para a manutenção do
ensino, da pesquisa e da extensão.
O governador Sérgio Cabral disse,
ao receber o título de chanceler da
Uerj, que é um defensor da univer-
sidade. Neste momento isso repre-
senta investimentos em salários,
pesquisas e infra-estrutura.
As experiências de fundações
representam uma espécie de ter-
ceirização e privatização. Os re-
cursos são destinados a projetos de
interesse de grupos empresariais
que, ao término, abandonam a
universidade. Os setores que não
despertarem interesse da inicia-
tiva privada ficarão abandonados.
A Uerj dependerá da vontade do
capital e não das necessidades
reais da sociedade como um todo.
Governo do Estado
O governador do Rio de Janeiro,
Sérgio Cabral, também prepara
proposta de fundação na área de
saúde para gerenciar os hospitais
públicos e administrar contratos
de prestação de serviços dos fun-
cionários. O governo deveria con-
vocar concurso público. Com isso,
todos os trabalhadores da Uerj
teriam os mesmos direitos.
Hoje, os funcionários contratados
são discriminados e ameaçados
pela insegurança dos contratos
precários de trabalho. A estabi-
lidade no serviço público, defen-
dida pelo Sintuperj, garante que os
projetos importantes para alunos,
pesquisadores e população não
sejam interrompidos.
A universidade pública tem que
ser mantida pelos recursos públi-
cos arrecadados pelos impostos.
Qualquer outra fonte de financia-
mento significa privatização.
FGTS
O Sintuperj recebeu carta da
reitoria informando que está
à disposição dos servidores na
Caixa Econômica Federal, o
dinheiro referente ao depósito
do FGTS de outubro de 1983
a março de 1984.
Os depósitos são apenas para
os servidores que, na época,
estavam lotados na Uerj.
Não incluem funcionários
do Hupe e do Cepuerj, que já
receberam o benefício anteri-
ormente.
Lançamento
No próximo dia 15 de maio
será realizado o lançamento do
livro: Um Químico e o Curan-
deiro, de Pierre André. O livro
se reporta à vivência do autor
com a Nação Indígena Kurã
Bakairí, do Alto Xingu-MT. O
evento acontecerá às 18h30 na
Rua Mata Machado, 252 (em
frente ao portão 13 do Estádio
do Maracanã).
Parabéns
O ano de 2007 é muito im-
portante para os metalúrgicos
do Rio de Janeiro. No dia
1 de maio, o Sindicato dos
metalúrgicos do Estado do
Rio de Janeiro (Sindimetal)
comemorou os seus 90 anos.
O Sindimetal é marcado por
uma história de luta em de-
fesa dos direitos da classe
trabalhadora. Parabéns ao
sindicato e aos companheiras
e companheiros metalúrgicos
do Rio de Janeiro.
Show
O cantor Nei Mato Grosso se
apresentará dia 10 de maio, às
19h, no teatro Odylo Costa
Filho, na Uerj. Os ingressos
custam R$ 50,00. Estudantes
e servidores da Uerj pagam
R$ 25,00.
4
Dia do Trabalhador (a) merece respeito e reflexão
O Dia 1º de Maio não é apenas
um feriado. Em 1891, em Paris, os
trabalhadores socialistas dos países
industrializados da época, reunidos
em congresso da Internacional,
consagraram esta data como o dia
de luta pelas 8 horas de trabalho.
Naquele tempo, os operários vi-
viam numa grande miséria e tinham
que trabalhar 12, 15 horas por dia.
Não havia descanso semanal e nem
férias. Não havia lei nenhuma para
o mundo do trabalho.
Mas os trabalhadores logo rea-
giram. Desde o nascimento da
indústria, por volta de 1800, ocor-
reram manifestações e revoltas. A
primeira e principal reivindicação
operária foi o direito de não morrer
de tanto trabalhar.
Durante o século XIX muitas
greves aconteceram. Os patrões
respondiam com mortes, prisões e
perseguições. Depois de cem anos
de luta, no começo do século XX, a
classe trabalhadora ainda não tinha
conquistado 8 horas de trabalho.
As lutas se intensificaram e muitos
direitos foram conquistados, em
alguns casos, custando a vida de
trabalhadores e trabalhadoras.
Na Uerj, desde sua criação em 1950,
os trabalhadores e trabalhadoras
têm buscado garantir salários
dignos e condições para prestar
bons serviços à população.
Mais recentemente, em 2000, a
criação do Sintuperj reafirmou esse
histórico em defesa dos servidores
na busca da realização do sonho
de muitos companheiros(as) que
acreditaram e contribuíram para
a trajetória de lutas vitoriosas na
UERJ e UENF.
Oavançodaexploraçãocapitalistatem
sido o pior obstáculo à luta da classe.
O individualismo, ainda presente nos
ambientes de trabalho, impossibilita
que o trabalhador perceba que no
coletivo está a sua força.
É momento de resgatar a
unidade e a solidariedade entre
os trabalhadores.
O Sintuperj conclama a todos os
trabalhadores e trabalhadoras da
UERJ e UENF para intensificar
a luta por condições dignas de
trabalho, salários justos, manu-
tenção dos direitos e avançar nas
conquistas.
Em comemoração ao 1º de Maio o
Sintuperj, juntamente com o Coral
do Meio Dia e o coral Contra Ponto
prestaram uma homenagem aos
servidores. Os corais, que têm como
integrantes servidores da Uerj,
interpretaram belas músicas, como
Se o governo baixasse um
pouco os impostos das empresas
ele poderia nos deixar numa
situação um pouco mais
tranqüila para a gente descansar
de vez em quando. Gostaria de
comemorar o dia do trabalhador
pescando. A gente sempre
arranja um tempo para tirar
uma folga porque ninguém vive
sem uma folguinha. Mas sempre
preocupado.
Mauricio Maia.
Prestador de serviço do Instituto de
Química
“Entrar na Uerj foi a melhor
coisa que aconteceu na minha
vida. Na época em que eu fiz o
concurso estava atravessando
uma fase muito conturbada.
Achei que não teria capacidade
de fazer um concurso de tal
nível. Eram mais de sessenta
candidatos a pintor. Na minha
opinião esse emprego público
caiu do céu. Eu faço tudo, honro
esta camisa porque é onde eu tiro
meu pão de cada dia”.
Laerte Soares
Pintor do Setor de Manutenção
Sem o trabalho nós não somos
nada. Você pode exercer a função
que for, mas ter um trabalho
é a dignidade de qualquer ser
humano. É muito difícil para
qualquer pessoa conseguir o
primeiro emprego. Eu acho que
cada pessoa tem uma forma de
demonstrar aquilo que sabe fazer.
Você pode ter vários cursos e
mesmo assim não ser valorizado.
Márcia Maria de Deus Alves
Auxiliar de enfermagem da
Enfermaria de Cirurgia Pediátrica
(CIPE)
A gente precisa valorizar o trabalhador, colocar o
trabalhador na perspectiva que ele deve ser colocado,
como uma pessoa que tem direito a dignidade, ao seu
salário e a condições, não só de sobrevivência, mas
também condições de vida, acesso ao lazer, acesso à
instrução.
Marcelo do Assis Correa
Técnico de laboratório em histologia do laboratório de
pesquisa do mestrado na Faculdade de Odontologia
Além de relembrar o 1º de Maio com um ato político e apresentações de Corais, o Sintuperj quis
saber dos servidores que constróem a Uerj o significado desta data. Nestes relatos você confere que
os funcionários estão conscientes de seus direitos e da luta dos trabalhadores em todo o mundo
Corcovado e Coração de Estudante.
Na tarde do dia 3, aconteceu a
apresentação do Coral do Meio
Dia. Já no dia 4, às 11h, quem
se apresentou foi o coral Contra
Ponto. Ambas as apresentações
aconteceram no Hall do Queijo.
5
Trabalhar num ambiente universitário é muito bom. Na universidade,
ser funcionária pública é prestar um serviço à comunidade. Isso
é importante. Mas gostaria que a sociedade desse essa devida
importância ao funcionalismo público. Acho que existe também
uma falta de atenção do governo com o servidor público, de salários,
de condições de trabalho. Então é importante a gente parar e refletir
sobre o trabalho, sobre as condições do trabalho e sobre os direitos dos
trabalhadores. O primeiro de maio é um momento de reflexão.
Adriana Ramos Guimarães
Agente de Administração Universitária da Coordenação de Graduação da
Faculdade de Enfermagem
É uma lembrança a quem trabalha, quem produz no País, no mundo. É
uma data comemorativa universal. Uma valorização de quem produz
realmente, quem está se esforçando, quem produz e está contribuindo
para dias melhores. Mas acho que no Brasil a gente tem muito para
conquistar porque existe pouca valorização do trabalhador”
Henrique Moreira
Agente Administrativo do Instituto de Química
Queria parabenizar a todos pelo dia do trabalho. Os
trabalhadores do hospital. E que a gente nunca o deixe
acabar, assim como a universidade como um todo. A
Uerj presta um grande serviço, não só na parte do
campus, como na parte de pesquisa. A gente não pode
deixar de jeito nenhum acontecer o pior. Nem com a
faculdade, nem com o hospital.
Rosangela de Omena Batista
Técnica de Enfermagem do Centro Cirúrgico
Sinto-me realizado como servidor público. Estou com quase trinta
anos de serviço, praticamente aposentado e isso para mim é uma
glória. Não vejo isso para os meus filhos e meus netos. É uma classe
que está se acabando. A cada dia mais estão tirando os nossos
direitos. É uma coisa muito injusta.
Carlos José de Oliveira Filho
Assistente Técnico Administrativo do Centro de Ciências Sociais
Aniversário
de Karl Marx
Karl Heinrich Marx nasceu
em 5 de Maio de 1818 em
Trier (Prússia renana). Foi um
intelectual alemão considerado
um dos fundadores da
Sociologia. Também podemos
encontrar a influência de Marx
em várias outras áreas tais
como: filosofia, economia,
história, já que o conhecimento
humano, em sua época, não
estava fragmentado em diversas
especialidades da forma como
se encontra hoje.
Idealizador de uma sociedade
com uma distribuição de
renda justa e equilibrada, o
economista, cientista social e
revolucionário socialista cursou
Filosofia, Direito e História
nas Universidades de Bonn e
Berlim e foi um dos seguidores
das idéias de Hegel.
Segundo Marx, o capitalismo
era o principal responsável
pela desorientação humana. Ele
defendia a idéia de que a classe
trabalhadora deveria unir-se
com o propósito de derrubar os
capitalistas e aniquilar de vez
a característica abusiva deste
sistema que, segundo ele, era o
maior responsável pelas crises,
cada vez mais intensificadas
pelas grandes diferenças sociais.
Este grande revolucionário, que
também participou ativamente
de organizações clandestinas
com operários exilados, foi o
criador da obra O Capital, livro
publicado em 1867.
Seu livro mostra estudos sobre o
acúmulo de capital, identificando
que o excedente originado pelos
trabalhadores acaba sempre nas
mãos dos capitalistas, classe
que fica cada vez mais rica as
custas do empobrecimento do
proletariado. Com a colaboração
deEngels,Marxescreveutambém
o Manifesto Comunista, onde não
poupou críticas ao capitalismo.
Marx faleceu em Londres,
Inglaterra, em 14 de março de
1883, deixando muitos segui-
dores de seus ideais. Até hoje,
as idéias marxistas continuam a
influenciar muitos historiadores
e cientistas sociais.
6
O Projeto Tela Crítica
Desde 2004, coordeno o Projeto de
Extensão Universitária “Tela Crítica”.
É um projeto pedagógico que busca
desenvolver uma reflexão critica
sobre os problemas da sociedade
burguesa através do filme. É um
projeto de extensão de sociologia
e cinema que busca utilizar o filme
como recurso pedagógico-crítico.
O Projeto Tela Crítica busca utilizar
o filme não apenas como recurso
ilustrativo de temas sociológicos,
nem apenas como objeto em si da
investigação sociológica, mas sim,
utilizá-lo como pretexto para a
reflexão critico-sociológica, capaz
de propiciar, deste modo, um campo
de experiência critica voltado para o
conhecimento social.
Para que utilizá-lo
O Projeto Tela Crítica busca “dialo-
gar” com elementos sociológicos
sugeridos pelo filme. Por isso,
pode ser utilizado como recurso
midiático para cursos de formação
sindical e política. O filme reflete
(e representa) uma totalidade social
concreta e compõe um conjunto
complexo de sugestões temáticas
que podem ser apropriadas para
uma reflexão critico-sociológica.
O “diálogo” através do filme
contribui para a formação de
sujeitos conscientes e capazes
de elaboração critico-analítica. É
através da análise critica do filme
que podemos nos apropriar destas
sugestões temáticas.
É claro que não compete ao filme
explicar uma temática sugerida para
discussão. O filme não explica, mas
apenas sugere. É a teoria sociológica
critica (e dialética) que é capaz de,
a partir das sugestões do filme,
contribuir para o conhecimento
social. Portanto, pode ser uma
atividade deveras prolífica discutir
sociologia a partir do filme (o que
interessa ao Projeto Tela Crítica,
mais do que discutir o filme a partir
da sociologia).
Para saber mais sobre o projeto
O Projeto de Extensão Tela Crítica
realiza todo ano, dinâmicas presen-
ciais e virtuais de análise de filmes,
cujo ponto culminante ocorre nos
Colóquios Tela Crítica, e cursos de
extensão universitária presencial ou
à distância, onde se procura tratar
de temas sociológicos a partir da
análise de filmes. Para acompanhar
as atividades do Tela Crítica, basta
acessar o site www.telacritica.org.
Além disso, como resultado concreto
das atividades de reflexão sociológica
a partir do filme, o Projeto Tela
Critica tem lançado uma série de
cd-rom’s com apresentações de
análises de filmes. Desde 2004,
temos lançado análises críticas dos
filmes “Tempos Modernos”, “Beleza
Americana”, “Laranja Mecânica”,
“2001 – Uma Odisséia no Espaço”
e muitos títulos. Além disso, por
conta das experiências discursivas
deste Projeto de Extensão, lançamos
um livro que sintetiza os primeiros
anos de atividade critico-reflexiva do
Projeto - o livro “Trabalho e Cinema”
(Ed. Práxis), de Giovanni Alves.
Arte e crítica
O Projeto Tela Crítica é um projeto
que busca resgatar a verdadeira arte
(e o cinema é grande arte moderna) à
serviço da consciência social crítica.
Mais do que nunca, salientamos
o compromisso irremediável da
verdadeira Arte com o conhecimen-
to crítico (e dialético) da totalidade
social. Isto é, a verdadeira arte
tem uma missão desfetichizadora
e catártica. A partir da reflexão
crítica instigada pela verdadeira
arte, podemos “desconstruir”, pelo
menos no plano da subjetividade,
as alienações que imobilizam a
condição humana. Através da
grande arte podemos vislumbrar as
energias emancipatórias do núcleo
humano esmagado pela sociabilidade
fetichizada do capital. O que o
Projeto Tela Crítica visa é instaurar
uma dinâmica pedagógica que
constitua uma experiência crítica
da modernidade do capital. É claro
que, o que podemos propiciar é tão
somente uma experiência crítica
virtual, que não deixa ser efetiva no
plano do sujeito cognoscente.
É importante que se diga que o
Projeto Tela Crítica não é um
projeto de sociologia do cinema,
mas sim de sociologia e cinema.
Para nós, o filme é apenas um
pré-texto para uma reflexão crítica
sobre a sociedade burguesa em seus
múltiplos aspectos. É claro que,
ao utilizarmos o filme no processo
pedagógico, temos que passar pela
instância do meio filmíco, isto
é, a forma filmica, sua dimensão
estético-instrumental, mediação
ineliminável da Sétima Arte.
Além da Tela
Entretanto, nossa proposta é ir
além, desenvolvendo discussões
sociológicas a partir de eixos
temáticos sugeridos pelo filme,
desvelando, através da análise
critico-dialética, categorias sociais
e elementos reflexivos não neces-
sariamente postos conscientemente
pelo diretor ou roteirista do filme.
Todo filme possui uma dimensão
estético-formal, mas possui também,
em si, uma dimensão político-
sociológica, que contém, de forma
implícita, elementos essenciais
da sociabilidade burguesa. Todo
filme é, deste modo, tanto reflexo
sociológico, quanto representação
ideológica do mundo burguês.
É claro que o reflexo sociológico
pode estar mistificado, invertido
ou obliterado pela representação
ideológica. Por isso torna-se
necessárioaanálisecrítica.Porisso,
chama-se Tela Crítica - quer dizer,
ir além da Tela. O que significa
que a análise crítica é também uma
análise de desconstrução racional
do objeto filmico, desenvolvendo
suas sugestões temáticas.
A proposta do projeto
Finalmente, é importante salientar
que, mais do que nunca, a
emancipação social do século XXI
é uma emancipação estética e não
apenas política no sentido estrito.
Vivemos numa sociedade midiática e
devemos utilizar recursos midiáticos
na prática pedagógica de formação
humana, política e sindical. Exige-
se capacidade de inovação nesta
área de educação popular, política
e sindical. A burguesia faz isto
diariamente através de seus aparatos
de manipulação social. Enfim, o
que o Projeto Tela Crítica busca
demonstrar é a importância da
utilização do cinema como recurso
midiático de construção de uma
consciência crítica. Esta é proposta
do Projeto Tela Crítica.
Giovanni Alves
Cinema como ferramenta de
construção da consciência crítica
7
Contratos exploram os trabalhadores na Uerj
O Sintuperj defende o concurso
público como único meio de
contratação. Mas grande parte
dos funcionários da universidade
é contratada sem esse processo
de seleção. Apenas este fato já
coloca diferenças e limites para
os servidores. O trabalhador sem
concurso não tem estabilidade. Está
sempre ameaçado pela demissão.
Mas não é só isso. A contratação
sem concurso público foi autorizada
pela lei estadual 4.599, de 27 de
setembrode2005.Eaadministração
da Uerj está desrespeitando essa lei
em vários itens.
A lei diz que as contratações
devem ocorrer sob uma autorização
especialdogovernador:“sópoderão
ser efetivadas após autorização
expressa do Governador do Estado,
em procedimento administrativo
específico, o qual conterá a
justificação acerca da ocorrência
das situações que as autorizam”.
Issonãoocorre.Aleidiztambém:“a
remuneração do pessoal contratado
Terceirização causa
pressão e insegurança
por prazo determinado obedecerá
aos padrões remuneratórios dos
planos de carreira do órgão ou
entidade contratante”. Todos
sabemos que os funcionários
contratados sem concurso recebem
menos e não têm direito ao plano
de cargos e carreira.
Entretanto, os professores con-
tratados têm os valores dos
contratosindexadosaosprofessores
efetivos. Ou seja, todo reajuste
dado aos docentes concursados é
repassado aos contratados.
O Sintuperj exige do governo e da
reitoria a realização de concurso
público para que esses trabalhadores
possam ter os mesmos direitos de
quem trabalha ao seu lado no dia-
a-dia. Enquanto isso não acontece,
a universidade, como órgão do
Estado, tem o dever de cumprir a lei
dos funcionários contratados.
Para tratar desse assunto, o
Sintuperj está convocando uma
plenária com os funcionários
contratados para breve.
STF quer estender lei de greve a servidores
Sete ministros votaram por aplicação da legislação do setor privado às paralisações do serviço público; pedido de vista adiou decisão
Sete dos 11 ministros do STF
(Supremo Tribunal Federal) vota-
ram a favor de impor limites às
paralisações no serviço público e
de aplicar aos servidores a lei que
disciplina o direito de greve no setor
privado. Eles criticaram a falta de
lei específica e o vice-presidente do
tribunal, Gilmar Mendes, disse que
isso cria um quadro de “selvageria”.
O julgamento foi adiado por
um pedido de vista do ministro
Joaquim Barbosa. Sindicatos do
funcionalismo pressionam o STF
para que deixe a matéria sem
regulamentação, porque entendem
que a definição de normas gerará
mais restrições do que direitos.
A Constituição foi promulgada
prevendo o direito de greve, mas o
STF disse que a norma dependia de
regulamentação, que até hoje não
foi aprovada para o serviço público.
Os ministros ainda não têm claros
os efeitos da futura decisão caso
prevaleçaatendênciaderegulamentar
a greve na administração pública.
Alguns deles disseram que toda
a administração pública é serviço
essencial e, por isso, não pode fazer
paralisações totais.
O governo Lula já anunciou que
elabora projeto de lei para regula-
mentar o direito de greve dos servi-
dores. A intenção é proibir paralisa-
ções em serviços essenciais, como
geração e distribuição de energia
elétrica, serviços de emergência de
hospitais e controle de vôos.
O projeto deve ser encaminhado
ao Congresso até o final de maio.
Pelo texto inicial, os grevistas
teriam de manter pelo menos 30%
da categoria trabalhando para
operar os serviços essenciais. O
ministro Ricardo Lewandowski
manifestou posição contrária à
dos colegas. Ele reconheceu a
omissão do Congresso no dever
de regulamentar o dispositivo da
Constituição que assegura o direito
de greve no serviço público, mas
não concordou com a aplicação da
lei do setor privado.
A maioria dos empregados
terceirizados são pessoas
conscientes e trabalhadoras
que se esforçam para fazer
da melhor maneira possível o
trabalho que a elas é destinado.
Mas elas vivem com a incerteza
da demissão.
A pressão sobre os
trabalhadores terceirizados
é muito grande. Têm que
produzir sem questionar. Não
podem discordar ou opinar. Não
se sente como um funcionário
concursado, com a estabilidade
que o serviço público necessita
para uma boa prestação de
serviço à população.
Aempresa por onde é contratado
será sempre temporária, a
dona de um contrato durante
um período. É como se o
trabalhador tivesse que ter dupla
personalidade: presta serviços à
empresa onde trabalha, mas tem
que ser fiel à empresa que assina
sua carteira.
Os funcionários terceirizados
geralmente não recebem
treinamento adequado. Com
isso, o risco de acidentes
aumenta. A terceirização
gera pais e mães tensos, que
inevitavelmente passam essa
tensão para os filhos e todos que
estão em sua volta.
O trabalhador terceirizado é útil
enquanto está saudável e de bom
humor e se adoece é substituído.
A terceirização só traz prejuízo
para os trabalhadores e para a
população. Quem ganha são
as empresas que contratam
mão-de-obra barata e
aumentam exploram sobre os
trabalhadores.
Foto: Samuel Tosta
8
A primeira greve que eu conheço
é a dos gráficos de dois jornais do
Rio de Janeiro, em 1858. O que
achei interessante é que durante
a greve, os trabalhadores criaram
seu próprio jornal, O Jornal dos
Tipógrafos. Esse fato me lembra
de outro muito importante. Em
1919 no Brasil existiram dois
jornais/jornais, isto é diários.
Em São Paulo foi A Plebe, e no
Recife, A Hora Social. Durante
mais de uma mês, os dois foram
vendidos em bancas e logo em
seguida, o governo e os patrões
mandaram a polícia invadi-los e
fechá-los. Mas ficou a lição da
grande importância que já os
primeiros operários, no Brasil,
como no resto do mundo, davam à
comunicação das suas idéias.
Na sua opinião, quais os principais
desafios da classe trabalhadora
atualmente?
Vito - Hoje, no começo do século
XXI, a classe trabalhadora do
mundo todo, em sua maioria,
está perdendo o que
conquistou em 200 anos
de lutas. Nos últimos
anos, vemos o aumento
do horário de trabalho
em países como
França, Alemanha,
Itália e muitos outros.
É a mesma ofensiva
dos patrões no mundo
inteiro. É a mesma
política aplicada em
qualquer país que se dobra às
ordens do grande capital mundial,
coordenada pelo Fundo Monetário
Internacional, o FMI. No Brasil,
como no resto do mundo, hoje
trata-se de resistir e seguir o
exemplo das gerações passadas:
lutar para conquistar ou garantir
os direitos já conquistados.
por dia. Não havia descanso
semanal nem férias. Para o mundo
do trabalho não existiam leis. Só a
lei do cão. Esta é a origem da luta.
Qual a primeira reivindicação da
classe trabalhadora?
Vito - Exatamente esta. A diminuição
da jornada de tra-
balho foi a primeira
reivindicação da classe.
Exigia-se não morrer de
tanto trabalhar. Outra
exigência era a de não
morrer de fome. Ou
seja, ter um salário que
permitisse viver.
E os trabalhadores fizeram para
mudar este quadro?
Vito - Lutaram muito.
Muitas greves foram
realizadas no século XIX.
Os patrões respondiam
com mortes, prisões e
perseguiçõesaoslutadores
operários. Em 1891, em Paris,
trabalhadores socialistas dos países
industrializados da época, reunidos
Brasileiro nascido na Itália, Vito
Gianotti trocou a Faculdade de
Filosofia pelo ofício de trabalhador
braçal – foi marítimo e nos anos 60
fixou-se no Brasil, trabalhando como
metalúrgico, em São Paulo. Em seu
currículo de 64 anos bem vividos
predominam algumas paixões: além
do Brasil e dos trabalhadores e sua
história, Vito é apaixonado por
comunicação popular.
Foi a paixão pelo povo brasileiro e
sua história que o motivou a escrever
as 320 página de História Das Lutas
Dos Trabalhadores No Brasil. Neste
livro, Vito coloca o trabalhador
em seu devido lugar: personagem
principal. Editado pela Mauad, o livro
é um documento histórico da maior
importância para todos que querem
conhecer as lutas, conquistas e
derrotas dos trabalhadores brasileiros.
Nesta entrevista Vito fala sobre a luta
dos trabalhadores no mundo.
Qual a principal lição que os
trabalhadores podem tirar da
história do 1 de Maio?
Vito - A lição do 1º
de Maio é que tudo o
que os trabalhadores
conquistaram foi fruto
da luta da classe.
Através dela foram
conquistadas a jornada
de 8 horas, as férias, o descanso
aos domingos, a previdência social,
a indenização por acidente, a
aposentadoria, tudo, enfim.
Qual a origem desta luta?
Vito - A filosofia liberal não
admitia que se fizessem leis para
os trabalhadores. No início do pro-
cesso de industrialização, no século
XIX, no mundo vigorava a lei do
patrão. Naquele tempo os operários
trabalhavam 12, 15 e até 18 horas
Os 1º de maio de ontem deixam lições para hoje
Claudia Santiago
no congresso da Internacional
Socialista, consagraram o 1º de Maio
como o dia da luta pelas 8 horas de
trabalho. A partir daí manifestações
passaram a ocorrer em 1º de Maio
em todos os países.
E no Brasil, também
era assim?
Vito - No Brasil, a partir
de 1900, todo 1º de Maio
era marcado por greves,
manifestações e forte
repressão da polícia a
serviço dos patrões. No
Rio de Janeiro, no 1º
de Maio de 1919, por
exemplo, houve uma
enorme ma-
nifestação com 60 mil
trabalhadores, na Praça
Mauá. Este número
representava 10% da
população da capital!
Mas, a conquista das 8
horas só viria em 1932.
Quais os primeiros registros das
lutas dos trabalhadores no Brasil?
A lição do 1º
de Maio é que
tudo o que os
trabalhadores
conquistaram
foi fruto da
luta da classe
Para o mundo
do trabalho não
existiam leis.
Só a lei do cão.
Esta é a origem
da luta
No Brasil, como
no resto do
mundo, hoje
trata-se de
resistir e seguir
o exemplo
das gerações
passadas: lutar
para conquistar
ou garantir
os direitos já
conquistados.
Foto: Mário Camargo

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  • 1. Jornal do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Publicas Estaduais - RJ Ano II - Nº 8 - Maio de 2007 Ato político e coral marcam Dia do Trabalhador na Uerj O Dia do Trabalhador é comemorado em todo o mundo como uma data que marca a história de luta da classe traba- lhadora. Não é apenas um feriado. É um dia de reflexão. A data foi lembrada pelo Sintuperj em ato no hall do queijo e com a apresentação de corais. O Sindicato quis saber também dos funcionários da uni- versidade o que esta data representa. Confira os depoimen- tos nas páginas 4 e 5. Entidades cobram negociação Entrevista conta história de luta dos trabalhadores Vito Giannotti militante, coorde- nador do Núcleo Piratininga de Comunicação e escritor acaba de lançar um livro sobre a história dos trabalhadores no Brasil. Mas nesta entrevista ele aborda tam- bém a luta dos trabalhadores em todo o mundo. Página 08 Os contratos na Uerj exploram trabalhadores A situação precária dos fun- cionários contratados sem con- curso denuncia o descaso da universidade com as condições de trabalho. A Uerj, no mínimo, deveria cumprir a lei estadual 4.599 e equiparar os salários dos contratados. Página 07 Pan-americano ameaça moradores de despejo Moradores do Canal do Anil, em Jacarepaguá, fizeram um ato na porta da vizinha Vila do Pan- Americano em protesto à ameaça de remoção encabeçada pela prefeitura do Rio. A prefeitura já demarcou casas de, aproximada- mente, 550 famílias. Página 02 Através de fundações querem privatizar a Uerj Governo do Estado e Reitoria da Uerj surgem com propostas de fundações para mascarar privatização e terceirização na universidade. Para Sintuperj fi- nanciamento público e concurso resolvem os problemas da uni- versidade. Página 03 O Sintuperj e a Asduerj enviaram carta ao gover- no do Estado solicitando agendamento de reunião de negociação da Campanha Salarial. No último encontro com as entidades, em 10 de abril, Sergio Cabral disse que as negociações poderiam acontecer até o mês de junho com seus secretários. E que voltaria a se reunir com os representantes dos trabalha- dores da Uerj depois disso. A carta enviada ao governa- dor pede justamente o cum- primentodessecompromisso. Diz a carta “...de acordo com o que foi estabelecido em re- união com o Governador Sér- gio Cabral, no dia 10 de abril p.p., solicitam agendamento de reunião para dar continui- dade à negociação sobre a recomposição salarial. Vale ressaltar que o governo com- prometeu-se naquela reunião no Palácio da Laranjeiras a reunir-se com as entidades no início do mês de maio”.
  • 2. 2 JORNAL DO SINTUPERJ - Coordenação de Imprensa: Rosalina Barros - Conselho Editorial: Alberto Dias Mendes, João Sylvestre dos Reis, Jorge Augusto de Almeida, José Arnaldo Gama da Silva, Mirian de Oliveira Pires, Paulo César Paes Fernandes, Sandro Hilário - Jornalista: Mário Camargo (MTb 024120) - Estagiária: Marcela Figueiredo - Programação Visual: Alexandre d`Oliveira - Tiragem: 4.000 exemplares - Fechamento: 07/05/2007 - Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524, sala 1020 D, Maracanã, Rio de Janeiro/RJ CEP: 20.550-013 - Telefone: (21) 2587-7126 / 2234-0945 - internet: www.sintuperj.org.br - Endereço eletrônico: sintuperj@sintuperj.org.br e imprensa@sintuperj.org.br Uma revolução feita pelo povo Em 25 de abril de 1974, um levante militar derrubou o regime político que vigorava em Portugal desde 1926. Após 48 anos de ditadura, Portugal voltava a ter um regime democrático. Esse movimento é conhecido como Revolução dos Cravos. Arevoltamilitarfoiumaconseqüência dos 13 anos de guerra colonial, em que os portugueses enfrentaram os movimentos de libertação nas suas colônias: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Oficiaisdemédiapatenteserebelame derrubam o governo de Caetano, que se asila no Brasil. O general António de Spínola assume a Presidência. A população festeja o fim da ditadura distribuindo cravos - a flor nacional - aos soldados rebeldes. Os partidos políticos, inclusive o Comunista, são legalizados e é extinta apolíciapolíticadosalazarismo-Pide. O novo regime mergulha Portugal numa agitação revolucionária. Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau obtêm a indepen- dência. A luta do povo português contra o fascismo e a guerra colonial tornou-se um poderoso movimento de massas, abrangendo praticamente todas as classes e setores da vida nacional. Foi talvez a mais linda festa política dos oito séculos da história de Portugal: a multidão, dançava, can- tava, chorava, sorria. E se abraçava, e abraçava os jovens soldados sem medo dos fuzis. E ocorreu então um caso extraordinário, até hoje sem explicação. Não se sabe como, nem porquê, havia cravos vermelhos nas mãos do povo. Homens, mulheres e criançasdecravosnasmãos.Milhares de cravos. E o povo enfeitou de cravos os fuzis militares. E do povo a revolução ganhou nome: Revolução dos Cravos! Fonte: www.unificado.com.br Trabalhadores contra remoção O dia 1º de maio foi marcado pela luta contra remoção. Moradores do Canal do Anil, em Jacarep- aguá, fizeram um ato na porta da vizinha Vila do Pan-Americano em protesto à ameaça de remoção encabeçada pela prefeitura do Rio. A prefeitura já demarcou casas de, aproximadamente, 550 famí- lias que moram na comunidade. “Picharam a minha casa com um número sem a mínima explicação. Depois fiquei sabendo que seria removida. Toda a minha vida está ali, hoje durmo e não sei se acor- darei com a minha casa”, disse Jorgete Soares, moradora, há mais de 40 anos, da comunidade. Segundo uma das organizadoras da manifestação, Cléia Folly, integrante do Conselho Popular e moradora do Anil, o ato é sig- nificativo já que são trabalhadores resistindo ao apartheid social provocado pelas obras do Pan. “Nosso ato é de resistência. Esta- mos mostrando que a comunidade está organizada para lutar contra os interesses do setor imobiliário aliado à prefeitura”, afirmou. Para o membro do Movimento União Popular (MUP), Maurício Braga, a importância do ato está em dar voz ao povo. “Aqui o povo tem a chance de gritar contra aqueles que se opõem aos seus direitos. O Anil está à margem do centro imobiliário e ao lado da Vila do Pan, por isso querem removê-lo. Não vemos outra saída a não ser a articulação da população. Temos que entender que quando estamos juntos temos poder para fazer o embate na sociedade”, afirmou. O evento, que reuniu cerca de mil pessoas, foi considerado pelo repre- sentante do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Itamar Silva, como um marco do 1º de maio, dia de luta do trabalhador. “O trabalhador veio às ruas para brigar contra esse desres- peito. Pegaram dinheiro público para construir a Vila do Pan que ser- virá de moradia para a elite após os jogos. Isso é um absurdo”, disse. União de movimentos O ato foi organizado através da parceria entre moradores do Anil com o Conselho Popular, o MUP, a Pastoral de Favelas e a Central de Movimentos Populares. Na mobi- lização, participaram movimentos pelo direito a moradia, ocupações urbanas, Rede de Comunidades Contra a Violência e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). “Enquanto a burguesia quer guerra e covardia, nós quere- mos terra e moradia! Estamos aqui porque temos um compromisso de classe com essa gente. Onde o povo estiver, lutando contra a ex- ploração e a favor de seus direitos, o MST estará junto”, disse Nelson Fernandes, membro do MST. A or- ganização promete articular novos atos de repúdio, para a conscien- tização e mobilização social, até o início dos jogos do Pan. Fonte: Renajorp Moradores do Canal do Anil protestam contra remoção Foto: divulgação
  • 3. 3 Fundações: terceirização e privatização disfarçadas A Reitoria da Uerj e o governo do Estado vêem nas fundações uma solução para seus problemas. Está nas comissões do Conselho Universitário uma proposta para a criação de uma fundação. Diz o documento entregue ao Consunqueauniversidadedeve“fo- mentar a captação de recursos extra- orçamentários, aos investimentos necessários que uma Universidade de referência requer, é medida ina- diável. A UERJ não pode se isolar do modelo nacional dos editais das agências de fomento reinante”. Deveriareinarnareitoriaorespeitoà universidade pública para cobrar do governo do Estado os investimentos necessários para a manutenção do ensino, da pesquisa e da extensão. O governador Sérgio Cabral disse, ao receber o título de chanceler da Uerj, que é um defensor da univer- sidade. Neste momento isso repre- senta investimentos em salários, pesquisas e infra-estrutura. As experiências de fundações representam uma espécie de ter- ceirização e privatização. Os re- cursos são destinados a projetos de interesse de grupos empresariais que, ao término, abandonam a universidade. Os setores que não despertarem interesse da inicia- tiva privada ficarão abandonados. A Uerj dependerá da vontade do capital e não das necessidades reais da sociedade como um todo. Governo do Estado O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, também prepara proposta de fundação na área de saúde para gerenciar os hospitais públicos e administrar contratos de prestação de serviços dos fun- cionários. O governo deveria con- vocar concurso público. Com isso, todos os trabalhadores da Uerj teriam os mesmos direitos. Hoje, os funcionários contratados são discriminados e ameaçados pela insegurança dos contratos precários de trabalho. A estabi- lidade no serviço público, defen- dida pelo Sintuperj, garante que os projetos importantes para alunos, pesquisadores e população não sejam interrompidos. A universidade pública tem que ser mantida pelos recursos públi- cos arrecadados pelos impostos. Qualquer outra fonte de financia- mento significa privatização. FGTS O Sintuperj recebeu carta da reitoria informando que está à disposição dos servidores na Caixa Econômica Federal, o dinheiro referente ao depósito do FGTS de outubro de 1983 a março de 1984. Os depósitos são apenas para os servidores que, na época, estavam lotados na Uerj. Não incluem funcionários do Hupe e do Cepuerj, que já receberam o benefício anteri- ormente. Lançamento No próximo dia 15 de maio será realizado o lançamento do livro: Um Químico e o Curan- deiro, de Pierre André. O livro se reporta à vivência do autor com a Nação Indígena Kurã Bakairí, do Alto Xingu-MT. O evento acontecerá às 18h30 na Rua Mata Machado, 252 (em frente ao portão 13 do Estádio do Maracanã). Parabéns O ano de 2007 é muito im- portante para os metalúrgicos do Rio de Janeiro. No dia 1 de maio, o Sindicato dos metalúrgicos do Estado do Rio de Janeiro (Sindimetal) comemorou os seus 90 anos. O Sindimetal é marcado por uma história de luta em de- fesa dos direitos da classe trabalhadora. Parabéns ao sindicato e aos companheiras e companheiros metalúrgicos do Rio de Janeiro. Show O cantor Nei Mato Grosso se apresentará dia 10 de maio, às 19h, no teatro Odylo Costa Filho, na Uerj. Os ingressos custam R$ 50,00. Estudantes e servidores da Uerj pagam R$ 25,00.
  • 4. 4 Dia do Trabalhador (a) merece respeito e reflexão O Dia 1º de Maio não é apenas um feriado. Em 1891, em Paris, os trabalhadores socialistas dos países industrializados da época, reunidos em congresso da Internacional, consagraram esta data como o dia de luta pelas 8 horas de trabalho. Naquele tempo, os operários vi- viam numa grande miséria e tinham que trabalhar 12, 15 horas por dia. Não havia descanso semanal e nem férias. Não havia lei nenhuma para o mundo do trabalho. Mas os trabalhadores logo rea- giram. Desde o nascimento da indústria, por volta de 1800, ocor- reram manifestações e revoltas. A primeira e principal reivindicação operária foi o direito de não morrer de tanto trabalhar. Durante o século XIX muitas greves aconteceram. Os patrões respondiam com mortes, prisões e perseguições. Depois de cem anos de luta, no começo do século XX, a classe trabalhadora ainda não tinha conquistado 8 horas de trabalho. As lutas se intensificaram e muitos direitos foram conquistados, em alguns casos, custando a vida de trabalhadores e trabalhadoras. Na Uerj, desde sua criação em 1950, os trabalhadores e trabalhadoras têm buscado garantir salários dignos e condições para prestar bons serviços à população. Mais recentemente, em 2000, a criação do Sintuperj reafirmou esse histórico em defesa dos servidores na busca da realização do sonho de muitos companheiros(as) que acreditaram e contribuíram para a trajetória de lutas vitoriosas na UERJ e UENF. Oavançodaexploraçãocapitalistatem sido o pior obstáculo à luta da classe. O individualismo, ainda presente nos ambientes de trabalho, impossibilita que o trabalhador perceba que no coletivo está a sua força. É momento de resgatar a unidade e a solidariedade entre os trabalhadores. O Sintuperj conclama a todos os trabalhadores e trabalhadoras da UERJ e UENF para intensificar a luta por condições dignas de trabalho, salários justos, manu- tenção dos direitos e avançar nas conquistas. Em comemoração ao 1º de Maio o Sintuperj, juntamente com o Coral do Meio Dia e o coral Contra Ponto prestaram uma homenagem aos servidores. Os corais, que têm como integrantes servidores da Uerj, interpretaram belas músicas, como Se o governo baixasse um pouco os impostos das empresas ele poderia nos deixar numa situação um pouco mais tranqüila para a gente descansar de vez em quando. Gostaria de comemorar o dia do trabalhador pescando. A gente sempre arranja um tempo para tirar uma folga porque ninguém vive sem uma folguinha. Mas sempre preocupado. Mauricio Maia. Prestador de serviço do Instituto de Química “Entrar na Uerj foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Na época em que eu fiz o concurso estava atravessando uma fase muito conturbada. Achei que não teria capacidade de fazer um concurso de tal nível. Eram mais de sessenta candidatos a pintor. Na minha opinião esse emprego público caiu do céu. Eu faço tudo, honro esta camisa porque é onde eu tiro meu pão de cada dia”. Laerte Soares Pintor do Setor de Manutenção Sem o trabalho nós não somos nada. Você pode exercer a função que for, mas ter um trabalho é a dignidade de qualquer ser humano. É muito difícil para qualquer pessoa conseguir o primeiro emprego. Eu acho que cada pessoa tem uma forma de demonstrar aquilo que sabe fazer. Você pode ter vários cursos e mesmo assim não ser valorizado. Márcia Maria de Deus Alves Auxiliar de enfermagem da Enfermaria de Cirurgia Pediátrica (CIPE) A gente precisa valorizar o trabalhador, colocar o trabalhador na perspectiva que ele deve ser colocado, como uma pessoa que tem direito a dignidade, ao seu salário e a condições, não só de sobrevivência, mas também condições de vida, acesso ao lazer, acesso à instrução. Marcelo do Assis Correa Técnico de laboratório em histologia do laboratório de pesquisa do mestrado na Faculdade de Odontologia Além de relembrar o 1º de Maio com um ato político e apresentações de Corais, o Sintuperj quis saber dos servidores que constróem a Uerj o significado desta data. Nestes relatos você confere que os funcionários estão conscientes de seus direitos e da luta dos trabalhadores em todo o mundo Corcovado e Coração de Estudante. Na tarde do dia 3, aconteceu a apresentação do Coral do Meio Dia. Já no dia 4, às 11h, quem se apresentou foi o coral Contra Ponto. Ambas as apresentações aconteceram no Hall do Queijo.
  • 5. 5 Trabalhar num ambiente universitário é muito bom. Na universidade, ser funcionária pública é prestar um serviço à comunidade. Isso é importante. Mas gostaria que a sociedade desse essa devida importância ao funcionalismo público. Acho que existe também uma falta de atenção do governo com o servidor público, de salários, de condições de trabalho. Então é importante a gente parar e refletir sobre o trabalho, sobre as condições do trabalho e sobre os direitos dos trabalhadores. O primeiro de maio é um momento de reflexão. Adriana Ramos Guimarães Agente de Administração Universitária da Coordenação de Graduação da Faculdade de Enfermagem É uma lembrança a quem trabalha, quem produz no País, no mundo. É uma data comemorativa universal. Uma valorização de quem produz realmente, quem está se esforçando, quem produz e está contribuindo para dias melhores. Mas acho que no Brasil a gente tem muito para conquistar porque existe pouca valorização do trabalhador” Henrique Moreira Agente Administrativo do Instituto de Química Queria parabenizar a todos pelo dia do trabalho. Os trabalhadores do hospital. E que a gente nunca o deixe acabar, assim como a universidade como um todo. A Uerj presta um grande serviço, não só na parte do campus, como na parte de pesquisa. A gente não pode deixar de jeito nenhum acontecer o pior. Nem com a faculdade, nem com o hospital. Rosangela de Omena Batista Técnica de Enfermagem do Centro Cirúrgico Sinto-me realizado como servidor público. Estou com quase trinta anos de serviço, praticamente aposentado e isso para mim é uma glória. Não vejo isso para os meus filhos e meus netos. É uma classe que está se acabando. A cada dia mais estão tirando os nossos direitos. É uma coisa muito injusta. Carlos José de Oliveira Filho Assistente Técnico Administrativo do Centro de Ciências Sociais Aniversário de Karl Marx Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de Maio de 1818 em Trier (Prússia renana). Foi um intelectual alemão considerado um dos fundadores da Sociologia. Também podemos encontrar a influência de Marx em várias outras áreas tais como: filosofia, economia, história, já que o conhecimento humano, em sua época, não estava fragmentado em diversas especialidades da forma como se encontra hoje. Idealizador de uma sociedade com uma distribuição de renda justa e equilibrada, o economista, cientista social e revolucionário socialista cursou Filosofia, Direito e História nas Universidades de Bonn e Berlim e foi um dos seguidores das idéias de Hegel. Segundo Marx, o capitalismo era o principal responsável pela desorientação humana. Ele defendia a idéia de que a classe trabalhadora deveria unir-se com o propósito de derrubar os capitalistas e aniquilar de vez a característica abusiva deste sistema que, segundo ele, era o maior responsável pelas crises, cada vez mais intensificadas pelas grandes diferenças sociais. Este grande revolucionário, que também participou ativamente de organizações clandestinas com operários exilados, foi o criador da obra O Capital, livro publicado em 1867. Seu livro mostra estudos sobre o acúmulo de capital, identificando que o excedente originado pelos trabalhadores acaba sempre nas mãos dos capitalistas, classe que fica cada vez mais rica as custas do empobrecimento do proletariado. Com a colaboração deEngels,Marxescreveutambém o Manifesto Comunista, onde não poupou críticas ao capitalismo. Marx faleceu em Londres, Inglaterra, em 14 de março de 1883, deixando muitos segui- dores de seus ideais. Até hoje, as idéias marxistas continuam a influenciar muitos historiadores e cientistas sociais.
  • 6. 6 O Projeto Tela Crítica Desde 2004, coordeno o Projeto de Extensão Universitária “Tela Crítica”. É um projeto pedagógico que busca desenvolver uma reflexão critica sobre os problemas da sociedade burguesa através do filme. É um projeto de extensão de sociologia e cinema que busca utilizar o filme como recurso pedagógico-crítico. O Projeto Tela Crítica busca utilizar o filme não apenas como recurso ilustrativo de temas sociológicos, nem apenas como objeto em si da investigação sociológica, mas sim, utilizá-lo como pretexto para a reflexão critico-sociológica, capaz de propiciar, deste modo, um campo de experiência critica voltado para o conhecimento social. Para que utilizá-lo O Projeto Tela Crítica busca “dialo- gar” com elementos sociológicos sugeridos pelo filme. Por isso, pode ser utilizado como recurso midiático para cursos de formação sindical e política. O filme reflete (e representa) uma totalidade social concreta e compõe um conjunto complexo de sugestões temáticas que podem ser apropriadas para uma reflexão critico-sociológica. O “diálogo” através do filme contribui para a formação de sujeitos conscientes e capazes de elaboração critico-analítica. É através da análise critica do filme que podemos nos apropriar destas sugestões temáticas. É claro que não compete ao filme explicar uma temática sugerida para discussão. O filme não explica, mas apenas sugere. É a teoria sociológica critica (e dialética) que é capaz de, a partir das sugestões do filme, contribuir para o conhecimento social. Portanto, pode ser uma atividade deveras prolífica discutir sociologia a partir do filme (o que interessa ao Projeto Tela Crítica, mais do que discutir o filme a partir da sociologia). Para saber mais sobre o projeto O Projeto de Extensão Tela Crítica realiza todo ano, dinâmicas presen- ciais e virtuais de análise de filmes, cujo ponto culminante ocorre nos Colóquios Tela Crítica, e cursos de extensão universitária presencial ou à distância, onde se procura tratar de temas sociológicos a partir da análise de filmes. Para acompanhar as atividades do Tela Crítica, basta acessar o site www.telacritica.org. Além disso, como resultado concreto das atividades de reflexão sociológica a partir do filme, o Projeto Tela Critica tem lançado uma série de cd-rom’s com apresentações de análises de filmes. Desde 2004, temos lançado análises críticas dos filmes “Tempos Modernos”, “Beleza Americana”, “Laranja Mecânica”, “2001 – Uma Odisséia no Espaço” e muitos títulos. Além disso, por conta das experiências discursivas deste Projeto de Extensão, lançamos um livro que sintetiza os primeiros anos de atividade critico-reflexiva do Projeto - o livro “Trabalho e Cinema” (Ed. Práxis), de Giovanni Alves. Arte e crítica O Projeto Tela Crítica é um projeto que busca resgatar a verdadeira arte (e o cinema é grande arte moderna) à serviço da consciência social crítica. Mais do que nunca, salientamos o compromisso irremediável da verdadeira Arte com o conhecimen- to crítico (e dialético) da totalidade social. Isto é, a verdadeira arte tem uma missão desfetichizadora e catártica. A partir da reflexão crítica instigada pela verdadeira arte, podemos “desconstruir”, pelo menos no plano da subjetividade, as alienações que imobilizam a condição humana. Através da grande arte podemos vislumbrar as energias emancipatórias do núcleo humano esmagado pela sociabilidade fetichizada do capital. O que o Projeto Tela Crítica visa é instaurar uma dinâmica pedagógica que constitua uma experiência crítica da modernidade do capital. É claro que, o que podemos propiciar é tão somente uma experiência crítica virtual, que não deixa ser efetiva no plano do sujeito cognoscente. É importante que se diga que o Projeto Tela Crítica não é um projeto de sociologia do cinema, mas sim de sociologia e cinema. Para nós, o filme é apenas um pré-texto para uma reflexão crítica sobre a sociedade burguesa em seus múltiplos aspectos. É claro que, ao utilizarmos o filme no processo pedagógico, temos que passar pela instância do meio filmíco, isto é, a forma filmica, sua dimensão estético-instrumental, mediação ineliminável da Sétima Arte. Além da Tela Entretanto, nossa proposta é ir além, desenvolvendo discussões sociológicas a partir de eixos temáticos sugeridos pelo filme, desvelando, através da análise critico-dialética, categorias sociais e elementos reflexivos não neces- sariamente postos conscientemente pelo diretor ou roteirista do filme. Todo filme possui uma dimensão estético-formal, mas possui também, em si, uma dimensão político- sociológica, que contém, de forma implícita, elementos essenciais da sociabilidade burguesa. Todo filme é, deste modo, tanto reflexo sociológico, quanto representação ideológica do mundo burguês. É claro que o reflexo sociológico pode estar mistificado, invertido ou obliterado pela representação ideológica. Por isso torna-se necessárioaanálisecrítica.Porisso, chama-se Tela Crítica - quer dizer, ir além da Tela. O que significa que a análise crítica é também uma análise de desconstrução racional do objeto filmico, desenvolvendo suas sugestões temáticas. A proposta do projeto Finalmente, é importante salientar que, mais do que nunca, a emancipação social do século XXI é uma emancipação estética e não apenas política no sentido estrito. Vivemos numa sociedade midiática e devemos utilizar recursos midiáticos na prática pedagógica de formação humana, política e sindical. Exige- se capacidade de inovação nesta área de educação popular, política e sindical. A burguesia faz isto diariamente através de seus aparatos de manipulação social. Enfim, o que o Projeto Tela Crítica busca demonstrar é a importância da utilização do cinema como recurso midiático de construção de uma consciência crítica. Esta é proposta do Projeto Tela Crítica. Giovanni Alves Cinema como ferramenta de construção da consciência crítica
  • 7. 7 Contratos exploram os trabalhadores na Uerj O Sintuperj defende o concurso público como único meio de contratação. Mas grande parte dos funcionários da universidade é contratada sem esse processo de seleção. Apenas este fato já coloca diferenças e limites para os servidores. O trabalhador sem concurso não tem estabilidade. Está sempre ameaçado pela demissão. Mas não é só isso. A contratação sem concurso público foi autorizada pela lei estadual 4.599, de 27 de setembrode2005.Eaadministração da Uerj está desrespeitando essa lei em vários itens. A lei diz que as contratações devem ocorrer sob uma autorização especialdogovernador:“sópoderão ser efetivadas após autorização expressa do Governador do Estado, em procedimento administrativo específico, o qual conterá a justificação acerca da ocorrência das situações que as autorizam”. Issonãoocorre.Aleidiztambém:“a remuneração do pessoal contratado Terceirização causa pressão e insegurança por prazo determinado obedecerá aos padrões remuneratórios dos planos de carreira do órgão ou entidade contratante”. Todos sabemos que os funcionários contratados sem concurso recebem menos e não têm direito ao plano de cargos e carreira. Entretanto, os professores con- tratados têm os valores dos contratosindexadosaosprofessores efetivos. Ou seja, todo reajuste dado aos docentes concursados é repassado aos contratados. O Sintuperj exige do governo e da reitoria a realização de concurso público para que esses trabalhadores possam ter os mesmos direitos de quem trabalha ao seu lado no dia- a-dia. Enquanto isso não acontece, a universidade, como órgão do Estado, tem o dever de cumprir a lei dos funcionários contratados. Para tratar desse assunto, o Sintuperj está convocando uma plenária com os funcionários contratados para breve. STF quer estender lei de greve a servidores Sete ministros votaram por aplicação da legislação do setor privado às paralisações do serviço público; pedido de vista adiou decisão Sete dos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) vota- ram a favor de impor limites às paralisações no serviço público e de aplicar aos servidores a lei que disciplina o direito de greve no setor privado. Eles criticaram a falta de lei específica e o vice-presidente do tribunal, Gilmar Mendes, disse que isso cria um quadro de “selvageria”. O julgamento foi adiado por um pedido de vista do ministro Joaquim Barbosa. Sindicatos do funcionalismo pressionam o STF para que deixe a matéria sem regulamentação, porque entendem que a definição de normas gerará mais restrições do que direitos. A Constituição foi promulgada prevendo o direito de greve, mas o STF disse que a norma dependia de regulamentação, que até hoje não foi aprovada para o serviço público. Os ministros ainda não têm claros os efeitos da futura decisão caso prevaleçaatendênciaderegulamentar a greve na administração pública. Alguns deles disseram que toda a administração pública é serviço essencial e, por isso, não pode fazer paralisações totais. O governo Lula já anunciou que elabora projeto de lei para regula- mentar o direito de greve dos servi- dores. A intenção é proibir paralisa- ções em serviços essenciais, como geração e distribuição de energia elétrica, serviços de emergência de hospitais e controle de vôos. O projeto deve ser encaminhado ao Congresso até o final de maio. Pelo texto inicial, os grevistas teriam de manter pelo menos 30% da categoria trabalhando para operar os serviços essenciais. O ministro Ricardo Lewandowski manifestou posição contrária à dos colegas. Ele reconheceu a omissão do Congresso no dever de regulamentar o dispositivo da Constituição que assegura o direito de greve no serviço público, mas não concordou com a aplicação da lei do setor privado. A maioria dos empregados terceirizados são pessoas conscientes e trabalhadoras que se esforçam para fazer da melhor maneira possível o trabalho que a elas é destinado. Mas elas vivem com a incerteza da demissão. A pressão sobre os trabalhadores terceirizados é muito grande. Têm que produzir sem questionar. Não podem discordar ou opinar. Não se sente como um funcionário concursado, com a estabilidade que o serviço público necessita para uma boa prestação de serviço à população. Aempresa por onde é contratado será sempre temporária, a dona de um contrato durante um período. É como se o trabalhador tivesse que ter dupla personalidade: presta serviços à empresa onde trabalha, mas tem que ser fiel à empresa que assina sua carteira. Os funcionários terceirizados geralmente não recebem treinamento adequado. Com isso, o risco de acidentes aumenta. A terceirização gera pais e mães tensos, que inevitavelmente passam essa tensão para os filhos e todos que estão em sua volta. O trabalhador terceirizado é útil enquanto está saudável e de bom humor e se adoece é substituído. A terceirização só traz prejuízo para os trabalhadores e para a população. Quem ganha são as empresas que contratam mão-de-obra barata e aumentam exploram sobre os trabalhadores. Foto: Samuel Tosta
  • 8. 8 A primeira greve que eu conheço é a dos gráficos de dois jornais do Rio de Janeiro, em 1858. O que achei interessante é que durante a greve, os trabalhadores criaram seu próprio jornal, O Jornal dos Tipógrafos. Esse fato me lembra de outro muito importante. Em 1919 no Brasil existiram dois jornais/jornais, isto é diários. Em São Paulo foi A Plebe, e no Recife, A Hora Social. Durante mais de uma mês, os dois foram vendidos em bancas e logo em seguida, o governo e os patrões mandaram a polícia invadi-los e fechá-los. Mas ficou a lição da grande importância que já os primeiros operários, no Brasil, como no resto do mundo, davam à comunicação das suas idéias. Na sua opinião, quais os principais desafios da classe trabalhadora atualmente? Vito - Hoje, no começo do século XXI, a classe trabalhadora do mundo todo, em sua maioria, está perdendo o que conquistou em 200 anos de lutas. Nos últimos anos, vemos o aumento do horário de trabalho em países como França, Alemanha, Itália e muitos outros. É a mesma ofensiva dos patrões no mundo inteiro. É a mesma política aplicada em qualquer país que se dobra às ordens do grande capital mundial, coordenada pelo Fundo Monetário Internacional, o FMI. No Brasil, como no resto do mundo, hoje trata-se de resistir e seguir o exemplo das gerações passadas: lutar para conquistar ou garantir os direitos já conquistados. por dia. Não havia descanso semanal nem férias. Para o mundo do trabalho não existiam leis. Só a lei do cão. Esta é a origem da luta. Qual a primeira reivindicação da classe trabalhadora? Vito - Exatamente esta. A diminuição da jornada de tra- balho foi a primeira reivindicação da classe. Exigia-se não morrer de tanto trabalhar. Outra exigência era a de não morrer de fome. Ou seja, ter um salário que permitisse viver. E os trabalhadores fizeram para mudar este quadro? Vito - Lutaram muito. Muitas greves foram realizadas no século XIX. Os patrões respondiam com mortes, prisões e perseguiçõesaoslutadores operários. Em 1891, em Paris, trabalhadores socialistas dos países industrializados da época, reunidos Brasileiro nascido na Itália, Vito Gianotti trocou a Faculdade de Filosofia pelo ofício de trabalhador braçal – foi marítimo e nos anos 60 fixou-se no Brasil, trabalhando como metalúrgico, em São Paulo. Em seu currículo de 64 anos bem vividos predominam algumas paixões: além do Brasil e dos trabalhadores e sua história, Vito é apaixonado por comunicação popular. Foi a paixão pelo povo brasileiro e sua história que o motivou a escrever as 320 página de História Das Lutas Dos Trabalhadores No Brasil. Neste livro, Vito coloca o trabalhador em seu devido lugar: personagem principal. Editado pela Mauad, o livro é um documento histórico da maior importância para todos que querem conhecer as lutas, conquistas e derrotas dos trabalhadores brasileiros. Nesta entrevista Vito fala sobre a luta dos trabalhadores no mundo. Qual a principal lição que os trabalhadores podem tirar da história do 1 de Maio? Vito - A lição do 1º de Maio é que tudo o que os trabalhadores conquistaram foi fruto da luta da classe. Através dela foram conquistadas a jornada de 8 horas, as férias, o descanso aos domingos, a previdência social, a indenização por acidente, a aposentadoria, tudo, enfim. Qual a origem desta luta? Vito - A filosofia liberal não admitia que se fizessem leis para os trabalhadores. No início do pro- cesso de industrialização, no século XIX, no mundo vigorava a lei do patrão. Naquele tempo os operários trabalhavam 12, 15 e até 18 horas Os 1º de maio de ontem deixam lições para hoje Claudia Santiago no congresso da Internacional Socialista, consagraram o 1º de Maio como o dia da luta pelas 8 horas de trabalho. A partir daí manifestações passaram a ocorrer em 1º de Maio em todos os países. E no Brasil, também era assim? Vito - No Brasil, a partir de 1900, todo 1º de Maio era marcado por greves, manifestações e forte repressão da polícia a serviço dos patrões. No Rio de Janeiro, no 1º de Maio de 1919, por exemplo, houve uma enorme ma- nifestação com 60 mil trabalhadores, na Praça Mauá. Este número representava 10% da população da capital! Mas, a conquista das 8 horas só viria em 1932. Quais os primeiros registros das lutas dos trabalhadores no Brasil? A lição do 1º de Maio é que tudo o que os trabalhadores conquistaram foi fruto da luta da classe Para o mundo do trabalho não existiam leis. Só a lei do cão. Esta é a origem da luta No Brasil, como no resto do mundo, hoje trata-se de resistir e seguir o exemplo das gerações passadas: lutar para conquistar ou garantir os direitos já conquistados. Foto: Mário Camargo