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Encontro

Debates multidisciplinares marcam
IV Encontro de Economia
Economistas defendem pluralidade de conhecimentos na abordagem econômica

M

icroeconomia, inovação e crédito,
macroeconomia, comércio internacional e política econômica, economia
agrícola, meio ambiente e energia, mercado de trabalho e bem-estar, economia
regional e urbana, finanças e economia
do setor público e métodos quantitativos.
Estes foram os temas debatidos no IV
Encontro de Economia do Espírito Santo,
realizado nos dias 4 e 5 de novembro,
no Hotel Quality Aeroporto, em Vitória,
pelo Conselho Regional de Economia do
Espírito Santo (Corecon-ES).
Para impulsionar os debates, Matheus Albergaria de Magalhães, econo-

mista, professor de Economia e especialista em pesquisas governamentais
do Instituto Jones dos Santos Neves
(IJSN), proferiu a palestra de abertura
do Encontro, propondo o desafio de se
pensar a economia e o desenvolvimento
capixaba com uma visão empresarial.
Os economistas Marco Antônio Rocha Lima Guilherme, da Secretaria de
Estado da Fazenda (Sefa), Ana Carolina
Giuberti, professora da Universidade
Federal do Espírito Santo (Ufes), e Alberto Borges, secretário de Finanças da
Prefeitura Municipal de Vitória (PMV),
participaram da mesa-redonda em torno

Finanças públicas e desafios
contemporâneos

do tema “Finanças Públicas do Espírito
Santo”.
A palestra de encerramento ficou
por conta do economista Arlindo Villaschi, professor da Ufes, que avaliou os
elementos dinâmicos e os desafios contemporâneos da economia capixaba.
Com debates desafiadores, os expositores propuseram que as discussões
das questões econômicas abordadas no
Encontro passem a ganhar maior visibilidade perante a população e a contar
com a contribuição de pesquisadores de
outras áreas de conhecimento, permitindo análises multidisciplinares.

Modelos DSGE em
foco no IV Encontro
de Economia

Especialistas analisaram a dívida pública do Estado e dos municípios

Na mesa-redonda em torno do
tema “Finanças Públicas do Espírito
Santo”, a professora Ana Carolina Giuberti alertou que não é claro qual gasto
público gera desenvolvimento. O ideal é
fazer um estudo regional para que isso
seja definido. Já o economista Marco
Guilherme informou que, no que diz
respeito à dívida pública estadual, o
Espírito Santo hoje é o quarto estado
brasileiro menos endividado. A dívida
pública capixaba está sob controle, garantiu ele.
Alberto Borges, secretário de Fi4 CORECON/ES

nanças da PMV, informou que as cidades
capixabas vivem hoje um dos piores
e mais dramáticos momentos de sua
história. O cenário econômico brasileiro
está muito ruim e, no que diz respeito
à arrecadação municipal, a queda está
sendo drástica devido à baixa arrecadação do ICMS Fundap e do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), que
está praticamente parado.
“Hoje, mais do que nunca, as administrações municipais têm de trabalhar
a qualidade de seus gastos”, concluiu
Borges.

Uma introdução aos modelos DSGE neo-keynesianos (Dinâmico Estocástico de Equilíbrio
Geral, na tradução de Dynamic Stochastic General Equilibrium) foi abordada no minicurso
ministrado pelo professor Eurilton Araújo, no IV
Encontro de Economia. PhD em Economia pela
Northwestern University, professor da Fucape
Business School e pesquisador do Banco Central
do Brasil, ele é estudioso das áreas de Economia
Monetária, Macroeconomia Internacional e
Macroeconometria Aplicada.
Espírito Santo S.A.
Ao tratar do tema “Espírito Santo S.A.”, na abertura
do IV Encontro de Economia,
o especialista em pesquisas
governamentais Matheus Albergaria de Magalhães defendeu o desenvolvimento econômico do Espírito Santo de
forma multidisciplinar, multiprofissional e multi-institucional. “Afinal, a realidade atual
impõe novos desafios e novas
oportunidades tanto para os
economistas quanto para os
cientistas sociais aplicados
que analisam a economia
capixaba”, argumentou ele.
Em sua palestra, Magalhães chamou a atenção para
o fato de que “se não atentarmos para o caráter comum

e as ligações existentes entre
decisões individuais e coletivas do Estado, poderemos
assistir a uma Tragédia dos
Comuns nos próximos anos”.
Indesejados
Isso significa que os
recursos comuns, quando
explorados de forma individualista e predatória, podem
levar a resultados sociais indesejados. Magalhães propôs
então que, ao invés de o Estado ser visto como um recurso
comum (não excludente, mas
rival), ele passe a ser enxergado como uma empresa de
sociedade anônima, uma S.A.
Pensando o Espírito Santo como uma S.A., os agentes

e as instituições locais passam
a levar em conta o interesse
coletivo, com foco em ações
de médio e de longo prazo. É
importante que os economistas sigam em estudos e em
pesquisas além dos temas
recorrentes na sociedade
(commodities, incentivos fiscais, grandes projetos, entre
outros), que tenham foco no
desempenho econômico de
longo prazo, mas com uma
visão de economia como ciência social de amplo alcance.
Magalhães defende que,
assim como os economistas,
os cientistas sociais aplicados
mudem o foco e trabalhem
com mais interação, junto
com outros atores da socie-

Abergaria sugere visão
empresarial para a gestão da
economia capixaba

dade na construção de projetos conjuntos. Dessa forma, o
Espírito Santo terá uma economia pensada de maneira
multiprofissional, multidisciplinar e multi-institucional.
Um pensamento coletivo em
prol do desenvolvimento econômico capixaba.

Ousadia para propor caminhos diferentes
O Espírito Santo enfrenta o desafio de pensar novas
trajetórias de desenvolvimento, elaborar políticas públicas
ousadas, que valorizem os
maiores atributos do Estado:
sua diversidade étnica e seus
recursos naturais, com destaque para a biodiversidade
de sua costa. O alerta foi do
economista e professor do
Programa de Mestrado em
Economia da Ufes Arlindo
Villaschi, ao abordar o tema
“Elementos Dinâmicos e Desafios Contemporâneos da
Economia Capixaba”.
Tomando como referencial teórico os estudos de
Joseph Schumpeter, Christopher Freeman e Ignacy
Sachs, o professor se referiu
a Margarido Torres – que já
alertava, no início do século
passado, sobre a ameaça à
manutenção da biodiversidade do território capixaba
–, a Augusto Ruschi – que

chamava a atenção para as
desvantagens da monocultura – e a Jones dos Santos
Neves, que advertia sobre
os riscos da especialização
insustentável.
Para ele, os estudiosos
da economia capixaba devem
valorizar a interação do conhecimento e traçar novas
opções de desenvolvimento
que evitem a insustentabilidade e que busquem o diferente: “Temos de construir
uma alternativa que não seja
a exportação de minério de
ferro, que não esteja baseada em bens não renováveis,
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qualidade de vida. Enfim, criar
algo que esteja além, para daqui a 50 anos, quando, talvez,
não tivermos mais minério de
ferro para exportar”.
Villaschi questionou:
“Como garantir a biodiversidade de nossa costa se for
construída a quantidade de

portos anunciada? Para que
mais portos, se não há nenhuma indicação de saturação
das instalações hoje existentes entre Ubu e Regência?
Se fizermos mais portos, não
teremos biodiversidade. Sabemos bem o impacto gerado
por um simples píer”.
Referência
O professor apontou
formas de elaboração de
políticas econômicas capazes de tornar o Estado uma
referência internacional a
partir da valorização dos aspectos naturais e da cultura
e do conhecimento gerados
pela diversidade étnica. Citou
como exemplo a área da Ilha
de Trindade – maior do que a
de Fernando de Noronha –,
que poderia ser transformada
em unidade de conservação e
atrair investimentos em turismo científico, sem prejuízo à
manutenção da qualidade de

Biodiversidade é ativo que deve
nortear a política econômica do
Estado, para Villaschi

vida no litoral capixaba. “Se
não fizermos algo diferente,
não seremos referência. O
que fazemos de diferente?
Seremos referência exportando minério?”.
Para a elaboração dessas
políticas, Villaschi avalia ser
necessário que os estudiosos
da economia capixaba sejam
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IV Encontro debate finanças públicas e modelos DSGE

  • 1. Encontro Debates multidisciplinares marcam IV Encontro de Economia Economistas defendem pluralidade de conhecimentos na abordagem econômica M icroeconomia, inovação e crédito, macroeconomia, comércio internacional e política econômica, economia agrícola, meio ambiente e energia, mercado de trabalho e bem-estar, economia regional e urbana, finanças e economia do setor público e métodos quantitativos. Estes foram os temas debatidos no IV Encontro de Economia do Espírito Santo, realizado nos dias 4 e 5 de novembro, no Hotel Quality Aeroporto, em Vitória, pelo Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES). Para impulsionar os debates, Matheus Albergaria de Magalhães, econo- mista, professor de Economia e especialista em pesquisas governamentais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), proferiu a palestra de abertura do Encontro, propondo o desafio de se pensar a economia e o desenvolvimento capixaba com uma visão empresarial. Os economistas Marco Antônio Rocha Lima Guilherme, da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), Ana Carolina Giuberti, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Alberto Borges, secretário de Finanças da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), participaram da mesa-redonda em torno Finanças públicas e desafios contemporâneos do tema “Finanças Públicas do Espírito Santo”. A palestra de encerramento ficou por conta do economista Arlindo Villaschi, professor da Ufes, que avaliou os elementos dinâmicos e os desafios contemporâneos da economia capixaba. Com debates desafiadores, os expositores propuseram que as discussões das questões econômicas abordadas no Encontro passem a ganhar maior visibilidade perante a população e a contar com a contribuição de pesquisadores de outras áreas de conhecimento, permitindo análises multidisciplinares. Modelos DSGE em foco no IV Encontro de Economia Especialistas analisaram a dívida pública do Estado e dos municípios Na mesa-redonda em torno do tema “Finanças Públicas do Espírito Santo”, a professora Ana Carolina Giuberti alertou que não é claro qual gasto público gera desenvolvimento. O ideal é fazer um estudo regional para que isso seja definido. Já o economista Marco Guilherme informou que, no que diz respeito à dívida pública estadual, o Espírito Santo hoje é o quarto estado brasileiro menos endividado. A dívida pública capixaba está sob controle, garantiu ele. Alberto Borges, secretário de Fi4 CORECON/ES nanças da PMV, informou que as cidades capixabas vivem hoje um dos piores e mais dramáticos momentos de sua história. O cenário econômico brasileiro está muito ruim e, no que diz respeito à arrecadação municipal, a queda está sendo drástica devido à baixa arrecadação do ICMS Fundap e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que está praticamente parado. “Hoje, mais do que nunca, as administrações municipais têm de trabalhar a qualidade de seus gastos”, concluiu Borges. Uma introdução aos modelos DSGE neo-keynesianos (Dinâmico Estocástico de Equilíbrio Geral, na tradução de Dynamic Stochastic General Equilibrium) foi abordada no minicurso ministrado pelo professor Eurilton Araújo, no IV Encontro de Economia. PhD em Economia pela Northwestern University, professor da Fucape Business School e pesquisador do Banco Central do Brasil, ele é estudioso das áreas de Economia Monetária, Macroeconomia Internacional e Macroeconometria Aplicada.
  • 2. Espírito Santo S.A. Ao tratar do tema “Espírito Santo S.A.”, na abertura do IV Encontro de Economia, o especialista em pesquisas governamentais Matheus Albergaria de Magalhães defendeu o desenvolvimento econômico do Espírito Santo de forma multidisciplinar, multiprofissional e multi-institucional. “Afinal, a realidade atual impõe novos desafios e novas oportunidades tanto para os economistas quanto para os cientistas sociais aplicados que analisam a economia capixaba”, argumentou ele. Em sua palestra, Magalhães chamou a atenção para o fato de que “se não atentarmos para o caráter comum e as ligações existentes entre decisões individuais e coletivas do Estado, poderemos assistir a uma Tragédia dos Comuns nos próximos anos”. Indesejados Isso significa que os recursos comuns, quando explorados de forma individualista e predatória, podem levar a resultados sociais indesejados. Magalhães propôs então que, ao invés de o Estado ser visto como um recurso comum (não excludente, mas rival), ele passe a ser enxergado como uma empresa de sociedade anônima, uma S.A. Pensando o Espírito Santo como uma S.A., os agentes e as instituições locais passam a levar em conta o interesse coletivo, com foco em ações de médio e de longo prazo. É importante que os economistas sigam em estudos e em pesquisas além dos temas recorrentes na sociedade (commodities, incentivos fiscais, grandes projetos, entre outros), que tenham foco no desempenho econômico de longo prazo, mas com uma visão de economia como ciência social de amplo alcance. Magalhães defende que, assim como os economistas, os cientistas sociais aplicados mudem o foco e trabalhem com mais interação, junto com outros atores da socie- Abergaria sugere visão empresarial para a gestão da economia capixaba dade na construção de projetos conjuntos. Dessa forma, o Espírito Santo terá uma economia pensada de maneira multiprofissional, multidisciplinar e multi-institucional. Um pensamento coletivo em prol do desenvolvimento econômico capixaba. Ousadia para propor caminhos diferentes O Espírito Santo enfrenta o desafio de pensar novas trajetórias de desenvolvimento, elaborar políticas públicas ousadas, que valorizem os maiores atributos do Estado: sua diversidade étnica e seus recursos naturais, com destaque para a biodiversidade de sua costa. O alerta foi do economista e professor do Programa de Mestrado em Economia da Ufes Arlindo Villaschi, ao abordar o tema “Elementos Dinâmicos e Desafios Contemporâneos da Economia Capixaba”. Tomando como referencial teórico os estudos de Joseph Schumpeter, Christopher Freeman e Ignacy Sachs, o professor se referiu a Margarido Torres – que já alertava, no início do século passado, sobre a ameaça à manutenção da biodiversidade do território capixaba –, a Augusto Ruschi – que chamava a atenção para as desvantagens da monocultura – e a Jones dos Santos Neves, que advertia sobre os riscos da especialização insustentável. Para ele, os estudiosos da economia capixaba devem valorizar a interação do conhecimento e traçar novas opções de desenvolvimento que evitem a insustentabilidade e que busquem o diferente: “Temos de construir uma alternativa que não seja a exportação de minério de ferro, que não esteja baseada em bens não renováveis, que garanta a manutenção da qualidade de vida. Enfim, criar algo que esteja além, para daqui a 50 anos, quando, talvez, não tivermos mais minério de ferro para exportar”. Villaschi questionou: “Como garantir a biodiversidade de nossa costa se for construída a quantidade de portos anunciada? Para que mais portos, se não há nenhuma indicação de saturação das instalações hoje existentes entre Ubu e Regência? Se fizermos mais portos, não teremos biodiversidade. Sabemos bem o impacto gerado por um simples píer”. Referência O professor apontou formas de elaboração de políticas econômicas capazes de tornar o Estado uma referência internacional a partir da valorização dos aspectos naturais e da cultura e do conhecimento gerados pela diversidade étnica. Citou como exemplo a área da Ilha de Trindade – maior do que a de Fernando de Noronha –, que poderia ser transformada em unidade de conservação e atrair investimentos em turismo científico, sem prejuízo à manutenção da qualidade de Biodiversidade é ativo que deve nortear a política econômica do Estado, para Villaschi vida no litoral capixaba. “Se não fizermos algo diferente, não seremos referência. O que fazemos de diferente? Seremos referência exportando minério?”. Para a elaboração dessas políticas, Villaschi avalia ser necessário que os estudiosos da economia capixaba sejam humildes, para interagir com outros de áreas distintas da ciência, bem como para propor caminhos diferentes daqueles tradicionalmente apresentados. CORECON/ES 5