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Sutra Coração e Comentários
           Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama




                  Sutra Coração
                         (Sutra Coração da Sabedoria)
                    (Sutra Coração doMahaPrajnaparamita)

                                          e

                       Comentários Diversos
                             com base no Livro

             “Essence            of the Heart Sutra”
                                   conforme o

           Dalai Lama‟s Heart of Wisdom Teachings
                             Por
                       Tenzin Gyatso,
                  Décimo Quarto Dalai Lama

                          Traduzido e editado por
                            GesheThuptenJinpa

                        Traduzido para o português por
                            Fausto Lyra de Aguiar

                                       para o
                  Templo ZuLai, Cotia, SP, Brasil, 2006

                               Rev. 20/03/2006




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Sutra Coração e Comentários
             Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


                                     O texto do
                                  Sutra Coração

                       BhagavatiPrajnaParamitaHridaya
               „A Abençoada Mãe, o Coração da Perfeita Sabedoria‟

Issouma vez eu ouvi:

O Abençoado estava em Rajgriha no Pico do Abutre junto com a uma grande
comunidade de monges e uma grande comunidade de bodhisattvas, e naquele
momento, O Abençoado entrou em absorção meditativa sobre as variedades de
fenômenos chamada de aparecimento do profundo (appearenceoftheprofound).
Naquele mesmo momento, o nobre Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser,
observou claramente a prática da profunda perfeição da sabedoria e viu que
mesmo os cinco agregados são vazios de existência intrínseca.

Nisso, pela inspiração do Buda, o venerável Shariputra falou para o nobre
Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, e disse: “Como deveria treinar
qualquer filho nobre ou filha nobre que deseje se engajar na prática da perfeição
profunda da sabedoria?”

Quando isso foi dito, o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser,
falou para o venerável Shariputra e disse:

       Shariputra, qualquer filho nobre ou filha nobre que deseje se engajar na
prática da perfeição profunda da sabedoria deveria ver claramente dessa
maneira: eles deveriam ver perfeitamente que mesmo os cinco agregados são
vazios de existência intrínseca. Forma é vazio, vazio é forma; vazio não é outro
que forma; forma também não é outro que vazio. Da mesma forma, sentimentos,
percepções, formações mentais e consciência são todos vazios.

       Portanto, Shariputra, todos os fenômenos são vazios; eles são sem
características definidoras; eles não nascem; eles não cessam; eles não são
aviltados; eles não são não aviltados; eles não são deficientes; e eles não são
completos.

      Por isso, Shariputra, no vazio não há forma, nem sentimentos, nem
percepções, nem formações mentais, e nem consciência. Não há olho, nem
ouvido, nem nariz, nem língua, nem corpo, e nem mente. Não há forma, nem
som, nem cheiro, nem sabor, nem textura, e nem objetos mentais. Não há
elemento de olho, e assim por diante até não haver elemento da mente incluindo


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Sutra Coração e Comentários
            Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


até nenhum elemento de consciência mental. Não há ignorância, não há extinção
de ignorância, e assim por diante até não haver envelhecimento e morte e nem
extinção de envelhecimento e morte. Da mesma forma, não há sofrimento,
origem, cessação ou caminho; não á sabedoria, não há realização, e mesmo não
há não realização.

      Portanto, Shariputra, desde que bodhisattvas não têm realização, eles
confiam nessa perfeição de sabedoria e permanecem nela. Não tendo
obscurecimento em suas mentes, eles não têm medo, e ao irem absolutamente
além do erro, eles irão atingir o fim do nirvana. Também todos os Budas que
residem nos três tempos atingiram o acordar completo da inexcedível, perfeita
iluminação ao confiar nessa profunda e perfeita sabedoria.

       Por isso, a pessoa deveria saber que o mantra da perfeição da sabedoria –
o mantra do grande conhecimento, o mantra inexcedível, o mantra igual ao sem
igual, o mantra que suprime todos os sofrimentos – é verdadeiro porque não
conduz ao engano. O mantra da perfeição da sabedoria é proclamado:

       tadyathagatégatéparagatéparasamgatébodhisvaha!

       Shariputra, os bodhisattvas, os grandes seres, deveriam treinar a na
perfeição da sabedoria dessa maneira.

Assim, O Abençoado levantou-se de sua absorção meditativa e elogiou o sagrado
Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, dizendo isso é excelente.

      “Excelente! Excelente! Ó nobre criança, é assim mesmo; isso deveria ser
exatamente assim. A pessoa deve praticar a profunda perfeição da sabedoria
exatamente como você revelou. Para eles, mesmo os Tathagatas irão se regozijar.”

Assim que O Abençoado proferiu essas palavras, o venerável Shariputra, o
sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, junto com a assembléia
inteira, incluindo os mundos dos deuses, humanos, asuras e gandharvas, todos
se regozijaram e saudaram o que O Abençoado havia dito.


                                   Fim do Sutra




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Sutra Coração e Comentários
                Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


                                   Comentários Diversos1

       Resumo preparado pelo tradutor a partir dos comentários feitos no livro
                          „A Essência do Sutra Coração‟,
           por Sua Santidade Tenzin Gyatso, Décimo Quarto Dalai Lama.

1 – A Questão do Vazio

       “Shariputra, qualquer filho nobre ou filha nobre que deseje se engajar na prática
da perfeição profunda da sabedoria deveria ver claramente dessa maneira: eles deveriam
ver perfeitamente que mesmo os cinco agregados são vazios de existência intrínseca.
Forma é vazio, vazio é forma; vazio não é outro que forma; forma também não é outro que
vazio. Da mesma forma, sentimentos, percepções, formações mentais e consciência são
todos vazios.”

O vazio2 aqui se refere a ausência de natureza intrínseca de todas as coisas e
eventos externos e internos..

2 – O Lugar do Sutra Coração no Cânone Budista:

        O Sutra segue: “Portanto, Shariputra, como bodhisattvas não têm realizações,
eles confiam nessa perfeição da sabedoria e permanecem nela”.

(1) De modo a entender completamente o Sutra Coração, é preciso entender seu
lugar dentro do cânone Budista. O Sutra Coração é parte da literatura referente a
Sabedoria da Perfeição, que se compõe distintamente de textos Mahayana
(Grande Veículo). Estes textos Mahayana formam o centro do “Segundo Giro da
Roda do Dharma”.
(2) Os ensinamentos Mahayana têm sua raiz nos sermões que o Buda ensinou
primariamente no Pico do Abutre. Enquanto os ensinamentos do “Primeiro Giro
da Roda do Dharma” enfatizam o sofrimento e sua cessação, os ensinamentos do
“Segundo Giro” enfatizam o vazio. Dentro desses ensinamentos, pode-se falar
de duas categorias de escrituras: (i) aquelas que apresentam leitura interpretativa



1NT: Esses comentários foram escolhidos – dentre muitos outros significantes - pelo tradutor para ajudar na
compreensão do Sutra Coração com um mínimo de palavras e conceitos. Outras explicações de Sua
Santidade, como os fundamentos do Budismo serão apresentados em outra ocasião.
2Vazio (shunyata): ausência de natureza intrínseca nos fenômenos; ausência de qualquer aspecto absoluto

ou permanente; todos os fenômenos somente podem existir ou vir a existir na dependência de causas e
condições; ausência de essência ou de qualquer aspecto permanente; todos os dharmas – fenômenos e
eventos, internos ou externos - são vazios; o domínio da realidade; representa: um estado de ser destituído
de caráter específico, em puro contato com a Mente Única, onde todas as distinções se sintetizaram na não
dualidade; o absoluto.



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Sutra Coração e Comentários
            Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


dos Sutras da Perfeição da Sabedoria e (ii) aquelas que apresentam a teoria da
natureza Búdica (tathagathagarbha).
(3) Na escola Mahayana ainda há ensinamentos que vêm do “Terceiro Giro da
Roda do Dharma”. Porque a literatura da Perfeição da Sabedoria enfatiza o vazio
as leituras interpretativas do Terceiro Giro da Roda foram ensinados
primariamente para o beneficio dos praticantes espirituais que, se bem que
inclinados para o caminho Mahayana, não estavam ainda adequadamente
preparados para fazer uso dos ensinamentos de Buda sobre o vazio inerente da
existência. Se, tais praticantes em treinamento, abraçarem o significado literal
aparente dos Sutras da Perfeição da Sabedoria antes de perceberem o verdadeiro
significado do Buda para os mesmos, eles ficariam em perigo de cair em niilismo
extremado. É importante saber que os ensinamentos de Buda são com certeza
não niilistas como entendidos pelos filósofos, nem os ensinamentos de Buda
sobre o vazio de existência intrínsecaimplica em mera não existência.

3 – Entendimento do Vazio; Interpretações Provisórias e Definitivas

(1) A Escola Mente Apenas entende como vazios somente os dharmas externos,
    coisas e eventos externos e não os internos como serenidade, por exemplo.
    Para então ter o entendimento entre interpretações provisórias e definitivas, é
    preciso saber que uma das principais características do ensino do Buda é que
    ele falava de acordo com as necessidades e talentos dos aprendizes.
(2) Por isso existem critérios para definir se determinado ensinamento é
    provisório ou definitivo, que se relaciona com possível inconsistência entre a
    declaração e a racionalidade contextual envolvida na declaração.
(3) Buda sugere que façamos uma pesquisa aprofundada sobre a verdade de
    suas palavras e verificá-las e só então “aceitá-las, mas não apenas por
    reverencia”. Daí vem „método das quatro dependências‟ (four reliances):
        1. Não se baseie meramente na pessoa, mas nas palavras;
        2. Não se baseie meramente nas palavras, mas no significado;
        3. Não se baseie meramente nas significado provisório, mas no
            significado definitivo; e
        4. Não se baseie meramente no entendimento intelectual, mas na
            experiência direta.
(4) Apesar de cada escola ter seu critério o apresentado acima tem base similar
em todas elas.

5 – A Interpretação do Caminho do Meio

(1) A Escola do Caminho do Meio entende literalmente que “todas as coisas e
    eventos são destituídos de qualquer existência intrínseca”, também não



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Sutra Coração e Comentários
             Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


    discrimina entre os estados existenciais de sujeito e objeto – entre mente e o
    mundo.
(2) “Os Cem Mil Versos sobre a Perfeição da Sabedoria”, explicita que no nível
    fundamental, todos os fenômenos não existem, ou seja, por essa visão, o
    vazio de todos os fenômenos é definitivo.
(3) Existe uma diferença importante entre as escolas Mente Apenas e Caminho
do Meio. A Mente Apenas aceita o vazio dos fenômenos do mundo externo,
com isso auxiliando eliminar os apegos e aversões aos fenômenos externos. Mas
isso não é suficiente.
(4) A menos que se reconheça também o vazio do mundo interno – não
discriminando entre interno e externo, mente e mundo – nós podemos nos
tornar apegados a sensações como tranqüilidade, felicidade ou êxtase e ter
aversão experiências como medo e tristeza.
(5) Entendendo isso por completo, inclusive com insight meditativo, ficamos
capazes de ficar completamente livres da escravidão das aflições em todas as
circunstâncias; isso é a natureza última da realidade ou domínio da realidade,
como apresentado no Sutra Avatamsaka.

6 – Vazio, Forma e Realidade

(1) Vazio não implica em não existência, mas sim no vazio de existência
intrínseca, o que deriva deoriginação dependente. Dependência e
interdependência é a natureza de todas as coisas; coisas e eventos nascem (vêem a
ser) como resultado de causas e condições.
(2) Todas as coisas se originam dependentemente, por isso podemos observar
causa e efeito; que somente pode existir num mundo que seja dependentemente
originado, o que só é possível num mundo destituído de natureza intrínseca; ou
seja num mundo que é vazio!
(3) Por isso, podemos dizer que vazio é forma, ou seja, o vazio é a base que
permite a originação da forma. Assim, o mundo da forma é uma manifestação
do vazio.
(4) O vazio – como realidade fundamental - é entendido em relação aos
fenômenos individuais, coisas e eventos, se fenômenos deixam de existir também
seu vazio também deixa de existir.

       “Vazio não é outro que forma e forma não é outra que vazio”;

(5) Precisa ser esclarecido através das duas verdades do Buda:
       (1) a verdade convencional do dia a dia;
       (2) a verdade fundamental é a verdade alcançada através de analise do
modo final de ser das coisas.”
(6) Nagarjuna diz no “Fundamentos do Caminho do Meio”:


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Sutra Coração e Comentários
              Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


       Os ensinamentos revelados pelos Budas
       São apresentados em termos de duas verdades –
       A verdade convencional do mundo
       E a verdade fundamental (ultimate).
(7) Nós percebemos a verdade convencional, o mundo relativo com todas as suas
diversidades. Entretanto, somente através de analise penetrante que somos
capazes de perceber a verdade fundamental, a verdadeira natureza das coisas e
eventos.
(8) Perceber o isso(suchness) de todos os fenômenos, seus modos últimos de ser, o
que é a verdade fundamental sobre a natureza da realidade.
(9) Na verdade, com entendimento mais sutil e aprofundado, essas duas
verdades (convencional e fundamental) são dois aspectos de uma única realidade.

7 - Sentimentos, Percepções, Formações Mentais e Consciência

(1) Entendendo o vazio das formas precisamos estendero conceito para os
demais agregados (skhandas): sentimentos, percepções, formações mentais
(atividade) e consciência:

       “Da mesma maneira, sentimentos, percepções, formações mentais (atividades) e
consciência são todos vazios”.

(2)Aqui o melhor é o meditador compreender o vazio diretamente. Essa pessoa
percebe diretamente a ausência completa de realidade independente em todas as
coisas e eventos, percebendo o vazio só e direto. Em tal estado, nenhuma
multiplicidade é experimentada: não há formas, nem sentimentos, nem sensações,
nem percepção, nem formações mentais – ou seja, nada mesmo (nornothingatall).
(3) Enquanto a mente percebe o vazio diretamente, ela não percebe qualquer
    outra coisa e, dentro de tal perspectiva,não mais existe sujeito e objeto.Não
    há mais dualidade.
(4) A natureza fundamental da forma é o vazio e a forma é a realidade
    convencional sobre a qual vazio se estabelece.
(6) Por isso, uma maneira de ler essa declaração: não existem formas, nem
sentimentos, nem sensações, nem percepção, nem formações mentais, no vazio –
é o da perspectiva de um meditador imerso na realização direta do vazio.

8 – Os Oito Aspectos do Vazio ou Os Oito Aspectos do Profundo

        O Sutra diz: “Por isso, Shariputra, (1) todos os fenômenos são vazios; (2) eles
não têm características definidoras; (3) eles não nascem; (4) eles não cessam; (5) eles não
são corrompidos (defiled); (6) eles não são não corrompidos; (7) eles não são deficientes, (8)
eles não são completos.”



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Sutra Coração e Comentários
             Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


(1) Características definidoras, se referem as qualidades universais de todos os
fenômenos, tais como impermanência e vazio e, as características especificas de
qualquer fenômeno dado.
(2) Ambos os tipos de características existem em nível relativo e definimos todas
as coisas e eventos por meio de tais características, mas elas não existem em
sentido absoluto como naturezas fundamentais (ultimate) de coisas e eventos.
(3) O texto segue, “eles não nascem; eles não cessam”, mas é importante entender
que coisas e eventos realmente não vêm a ser e nem têm originação;
(4) Surgimento e cessação devem sua existência a serem características de todos
os fenômenos, mas essas características não existem como natureza fundamental
de todas as coisas; elas não pertencem às coisas num sentido fundamental.
(5) Entretanto, a partir da perspectiva de uma pessoa imersa na realização direta
do vazio, características como originação e cessação não são encontradas.
(6) Essas oito características somente existem como qualidades das coisas e
eventos no nível convencional, mas essas características não existem nas coisas e
eventos no nível último (fundamental). Nesse nível só existe a ausência dessas
características – nominalmente, ausência de natureza intrínseca, ausência de
características definidoras; ausência de originação; ausência de cessação;
ausência de corrupção; ausência de não corrupção; ausência de decréscimo,
ausência de aumento.
(7) As oito características podem ser reduzidas a três diferentes perspectivas,
chamadas “as três portas de liberação”: (1) porta do vazio – olhando o vazio do
ponto de vista da própria coisa; (2) porta da não marca - olhando o vazio do
ponto de vista de sua causa; (3) porta do não desejo - olhando o vazio do ponto
de vista de seus efeitos. Essas três portas são três maneiras de entender a mesma
coisa, o vazio.
(8) As escrituras dizem que a sabedoria que compreende o vazio é a verdadeira
e única porta, a única maneira de nos tornarmos completamente livres do apego
da ignorância e do sofrimento que ela causa.

9 – O Vazio de Todos os Fenômenos

O Sutra segue: “Por isso, Shariputra, no vazio não há forma, nem sentimentos, nem
percepções, nem formações mentais, e nem consciência. Não há olho, nem ouvido, nem
nariz, nem língua, nem corpo, e nem mente. Não há forma, nem som, nem cheiro, nem
sabor, nem textura, e nem objetos mentais. Não há elemento de olho, e assim por diante
até não haver elemento da mente incluindo até nenhum elemento de consciência mental”.

(1) A primeira parte da sentença reafirma o vazio dos cinco agregados, enquanto
a seguinte estende esse vazio as seis faculdades – as cinco faculdades sensoriais e
a faculdade mental.




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Sutra Coração e Comentários
                Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


(2) Em seguida procede estendendo vazio aos objetos externos – as bases
sensoriais de forma, som, cheiro, sabor, textura e objetos mentais.
(3) A sentença final estende vazio para os dezoito elementos3,culminando com
não haver nenhum elemento de consciência mental.
(4) Todas as coisas e eventos, incluindo fenômenos não compostos, tais como o
espaço, estão incluídos nessa categoria; assim todos os fenômenos são
destituídos de existência intrínseca.

10 – A Negação da Corrente dos Doze Elos

        O Sutra segue: “Não há ignorância, não há extinção de ignorância, e assim por
diante até não haver envelhecimento e morte e nem extinção de envelhecimento e morte”.

(1)Isso é uma negação sumária dos doze elos da originação dependente (ougênese
condicionada), de acordo com sua seqüência de evolução dentro da cadeia da
existência não iluminada. Se bem que apenas dois elos são mencionados, a
implicação de “e assim por diante até” implica na negação de cada um dos doze
elosda cadeia– ignorância, ação escolhida, consciência, nome e forma, fontes dos
sentidos, contato, sentimentos, apego, desejo, vir a ser (tornar-se, becoming),
nascimento e morte. A negação dos doze descreve o processo para alcançar o
nirvana.
(2) O processo de nascer no ciclo da existência e o processo ganhar a liberdade
deste ciclo somente existe no nível convencional, como não existe no nível
fundamental (ultimate) é aqui negado.

11 – O Vazio Completo

      O Sutra segue: “Da mesma forma, não há sofrimento, origem, cessação ou
caminho; não há sabedoria, não há realização, e mesmo não há não realização.”

(1) Começando agora da perspectiva de um vazio completamente realizado com
    respeito ao Primeiro Giro da Roda do Darma – as quatro nobres verdades – a
    verdade do sofrimento, sua origem, sua cessação e o caminho para sua
    cessação. Com isso a pratica meditativa é negada.
(2) Em seguida o fruto da prática é negado – “não existe sabedoria, nem
    realização”; ao afirmar o vazio da experiência subjetiva.
(3) Finalmente, mesmo a negação é negada – “não há não realização”.
(4) Mesmo o estado de clareza que surge da penetração na perfeição da
    sabedoria (prajna) é, ela mesma, vazia de existência intrínseca.


3Dezoito Elementos – as seis faculdades dos sentidos, as seis associadas com o sentido de consciência, e os
seis campos de dados dos sentidos – em combinação estes são os elementos da experiência.



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Sutra Coração e Comentários
                 Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


(5) Todas as qualidades da mente de alguém que tenha atingido nirvana ou
    alcançado os poderes supra-naturais de um Buda, também são vazios e aqui
    negados.

12 – Nirvana

        Em seguida o Sutra diz:“Portanto, Shariputra, desde que bodhisattvas não têm
realização, eles confiam nessa perfeição de sabedoria e permanecem nela. Não tendo
obscurecimento em suas mentes, eles não têm medo, e ao irem absolutamente além do erro,
elesirão atingir o fim do nirvana.”

(1) No contexto do Sutra Coração, nirvanaé entendido como sendo a natureza
última (ou fundamental) da mente da pessoa, no estágio quando a mente se
tornou totalmente limpa de todas as aflições.
(2) Porque a mente pura é inata, implica que ela tem natureza Búdica e, por isso,
simplesmente ao remover as obscuridades à clareza (poeiras), a iluminação
aparece.
(3) Assim, o vazio da mente é chamado de nirvana natural e, é a base do nirvana.
(4) Quando a pessoa passa pelo processo de purificação da mente, aplicando os
antídotos as aflições mentais, com o tempo, a mente torna-se livre de todas as
obscuridades.
(5) O vazio dessa mente não poluída (undefiled) é o verdadeiro nirvana ou
liberação.
(6) Assim, a pessoa pode alcançar liberação – verdadeiro nirvana – somente através
da realização da natureza fundamental da mente em seu estado perfeito, sem
aflições.
(7) Nagarjuna explica em Fundamentos do Caminho do Meio que o vazio é tanto o
meio para eliminar as aflições mentais quanto o estado mental resultante dessa
eliminação. Ele escreve:
       “Através de cessação de carma e aflições a pessoa se libera.
       Carma, aflições e conceitualização4 (conceptulization5),
       Todos surgem de elaboração6(elaboration7); e é por meio do vazio
       Que elaboração é eliminada.”
(8) Como o nirvana natural é comum a todos, e todos os elementos do Caminho
são destituídos de existência intrínseca, a pessoa ao cultivar insight nesse


4Conceituar:  formular conceito de, ou acerca de; formar conceito acerca de; julgar, avaliar; concorrer para o
bom ou mau conceito; fazer conceito; formar opinião de; classificar; avaliar, ajuizar.
5Conceptualize (verb): interpret observations with a concept: to arrive at a concept or generalization as a

result of things seen, experienced, or believed.
6Elaboração: ato ou efeito de elaborar; laboração; preparo esmerado; trabalho do espírito que conduz a uma

idéia, a um conceito, etc.; processo mental inconsciente de aumento e de aformoseamento de pormenor, em
especial de símbolo ou de representação em sonho.
7Elaboration (noun): amplification, embellishment, explanation, expansion.




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Sutra Coração e Comentários
                Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


nirvana natural será capaz de fazer dissipar e superar os sofrimentos resultantes
de entendimentos errôneos de coisas e eventos, que resultam daignorância
fundamental.
(9) Da mesma maneira, a propensão para o apego à ignorância8erastros deixados
por ações errôneas do passado podem ser removidos.
(10) Ao transcender toda ignorância a pessoa torna-se livre de medo e permanece no
final e não-permanente nirvana do Buda.

12 – Budas eBodhisattvas

        O Sutra segue com:“Também todos os Budas que residem nos três tempos
atingiram o acordar completo da inexcedível, perfeita iluminação ao confiar nessa
profunda e perfeita sabedoria.”

(1) Aqui o termo budas se refere a bodhisattvas do mais elevado nível de
    realização espiritual, justamente antes de alcançarem a Budeidade; esse é o
    Nível Búdico.
(2) Um bodhisattva nesse nível permanece focado e absorto na meditação
    chamada Meditação Adamantina, assim possuindo atributos similares aos de
    um buda.
(3) Permanecendo nessa absorção meditativa, o bodhisattva em estado de Prajna,
    na dependência da perfeição da sabedoria, alcançará o acordar final do Buda.

13 – O Mantra da Perfeição da Sabedoria

     A aqui o texto do Sutra faz uma apresentação concisa do vazioem forma
de mantra (visando aqueles de aptidão excepcional):

      “Portanto, a pessoa deveria saber que o mantra da perfeição da sabedoria – o
mantra do grande conhecimento, o mantra inexcedível, o mantra igual ao inigualável, o
mantra que suprime todos os sofrimentos – é verdadeiro porque não conduz à engano.”

(1) A perfeição da sabedoria, prajnaparamita, é aqui referida como um mantra.
    O significado etimológico de mantra é “para proteger a mente”. Assim, por


8Ignorância (Avidya): um dos três venenos (ganância, raiva e ignorância); também insensatez, ou ilusão;
ignorância de causa e efeito, pela qual a pessoa cai em círculos viciosos sem saber como escapar; falta de
atenção para a natureza condicional dos fenômenos; ignorância da natureza real das coisas, do vazio de
todos os dharmas; ignorância é também a noção de que existe alguma coisa para ganhar ou possuir; é a base
para o desejo, o qual em sua forma compulsiva é o veneno da ganância, da inveja e finalmente da raiva e
ressentimento, cuja soma de aflições consiste no inferno dos titãs; a ignorância é obstrução para ganhar
insight no Dharma; no vazio de todas as coisas e eventos, externos e internos e na necessidade criara raízes
de bondade; a ignorância obstrui a entrada no domínio da realidade.




5/6/2012                                            11
Sutra Coração e Comentários
                  Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


      atingir a perfeição da sabedoria, a pessoa estará completamente protegida
      contra visões errôneas e das aflições mentais que daí surgem e, dos
      sofrimentos conseqüentes.
(2)   A perfeição da sabedoria é chamada de o “mantra do grande conhecimento”,
      porque entender seu significado elimina os três venenos – raiva, ganância e
      ignorância.
(3)   Também é chamada de “mantra inexcedível” porque não há melhor método
      do que a perfeição da sabedoria.
(4)   É chamada de “mantra igual ao inigualável” porque o estado de iluminação
      do Buda é inigualável e através da profunda compreensão desse
      mantra,pode-se alcançar estado igual.
(5)   Também é chamado de “mantra que suprime todo sofrimento” porque
      suprime os sofrimentos manifestos presentes e futuros.
(6)   A perfeição da sabedoria é a verdade última, por isso a afirmação, “é
      verdadeiro”. No domínio da verdade fundamental, não há diferenças
      (disparity9) como há na realidade convencional, entre aparência e realidade;
      daí “não conduz à engano”.

14 – A Proclamação do Mantra

“O          mantra         da         perfeição      da         sabedoria        é
proclamado:tadyathagatégatéparagatéparasamgatébodhisvaha!Shariputra,            os
bodhisattvas, os grandes seres, deveriam treinar a na perfeição da sabedoria dessa
maneira.”

(1) Em sânscrito, tadyatha significa literalmente “é isso” (it isthus) e prepara o
caminho para o que se segue; gatégaté significa “vá vá” (go go); paragaté significa
“ir além”; parasamgaté significa “ir totalmente além”; bodhisvaha pode ser lido
como “estar enraizado no terreno da iluminação”.
(2) Por isso, esse mantra pode ser traduzido como “Vá, vá, vá além, vá
totalmente além, enraíze-se no terreno da iluminação”. Pode-se interpretar esse
mantra metaforicamente como “vá para a outra margem”, o que quer dizer
abandone essa margem do samsara, da existência não iluminada, a qual tem sido
sua casa desde tempos sem fim, e cruze para a outra margem do nirvana final e
da completa liberação.

15 – O Significado Implícito do Sutra Coração:




9Disparity   (noun): difference, inequality, discrepancy, disproportion, gap, inconsistency, incongruence.



5/6/2012                                               12
Sutra Coração e Comentários
            Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


(1) O mantra contem o significado implícito (ou escondido) do Sutra Coração,
    revelando como o entendimento do vazio está relacionado com aos cinco
    estágios do caminho para a Budeidade.
(2) Nele podemos ler
     o primeiro “vá” como uma exortação a entrar no caminho de acumulação
        de méritos;
     o segundo (vá) como uma exortação para o caminho da preparação da
        mente para uma percepção profunda do vazio;
     “Vá além” (terceiro) se refere ao caminho para ver a realidade, a direta e
        imediata realização do vazio;
     “Vá totalmente além” (quarto) indica o caminho da meditação (gomem
        tibetano, literalmente habituação), onde a pessoa se torna profundamente
        familiar com o vazio através da pratica constante;
     A parte final, “bodhisvaha”, é uma exortação a se estabelecer firmemente
        no terreno da iluminação, o que quer dizer, entrar nirvana final.
(3) Nós podemos relacionar esses cinco estágios do caminho da Budeidade –
acumulação, preparação, ver, meditação e não mais aprendizagem – as diferentes
partes do corpo principal do Sutra Lótus.
(4) A apresentação quádrupla do vazio no começo do Sutra – “forma é vazio;
vazio é forma; vazio não é outro que não forma; forma não é outro que não vazio
– apresenta o caminho para praticar vazio nos dois primeiros estágios –
acumulação e preparação.
(5) O vazio dos oito aspectos dos fenômenos – “todos os fenômenos são vazio,
eles não têm características definidoras” e assim por diante – apresenta o modo
de geração de insight no vazio, no estágio de ver. A frase “não há ignorância, não
há extinção de ignorância” e assim por diante, explica o modo de praticar vazio no
estágio da meditação.

16 – Vazio Final e Onisciência

A secção seguinte do Sutra, “Portanto, Shariputra, desde que bodhisattvas não têm
realização, eles confiam nessa perfeição de sabedoria e permanecem nela.”

(1) Explica a prática do vazio no último nível de bodhisattva, onde os
bodhisattvas permanecem na absorção meditativa adamantina.
(2) A transição entre os estágios ocorre quando o praticante está imerso em
equilíbrio meditativo:
     No estágio inicial, quando o praticante está no caminho da acumulação,
       seu entendimento do vazio é derivado do entendimento intelectual do
       vazio e da natureza dos fenômenos.




5/6/2012                                  13
Sutra Coração e Comentários
                Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama


       Praticantes bodhisattvascom intelecto entusiástico (keen) podem alcançar
        entendimento significativo do vazio, antes mesmo da geração de atitudes
        altruísticas de bodhichitta10.
     Aqueles menos inclinados à abstração (intellection11) podem desenvolver
        primeiro a aspiração por liberar todos os seres.
     Em ambos os casos, um profundo entendimento do vazio irá impactar
        poderosamente outras áreas da prática, as reforçando e complementando.
(3) No estágio de acumulação o entendimento vem primariamente por
    aprendizado, reflexão e entendimento intelectual;
(4) Mas é através da meditação sobre o que foi aprendido, que seu entendimento
    irá tornar-se cada vez mais profundo, até que finalmente ganhe clareza total
    de insight; neste ponto a pessoa entra no estágio de preparação; aqui o
    insight no vazio é experimental12 e não é mais intelectual ou conceitual.
(5) Ao aprofundar o entendimento do vazio, o uso de conceitos na meditação
    gradualmente vai desaparecendo.
(6) Quando toda percepção dualística de sujeito e objeto, da realidade
    convencional e da existência intrínseca, desaparece a pessoa entra no
    ‘caminho de ver’. Não há mais sujeito e objeto, é como água jogada na água e
    a meditação sobre o vazio é imediata e direta.
(7) Quando a experiência direta no vazio se aprofunda, a pessoa
    sistematicamente torna menos efetivas (counters13)às várias aflições mentais
    durante o estágio de meditação, ou familiarização.
(8) Nesse estágio a pessoa progride através dos sete níveis impuros de
    bodhisattva; são chamados impuros porque as aflições não estão
    completamente erradicadas até o oitavo nível.
(9) Nos níveis oito, nove e dez a pessoa se opõe mesmo as propensões e marcas
    deixadas pelas aflições.
(10) Finalmente, quando a pessoa remove as obscuridades que impedem a
    percepção simultânea das verdades fundamental e convencional (ambas)
    num único evento cognitivo, acontece a aurora da mente onisciente de um
    Buda.

17- A Expressão de Regozijo

São palavras faladas diretamente pelo Buda:

10Bodhichitta  (bodhi – iluminado e chitta – mente): um estado mental iluminado que é dotado de bom, ainda
que incompleto, entendimento da realidade e que compreende claramente as metas e métodos da prática
budista.
11Intellection (formal): abstraction; concept, idea, thought, notion, construct, generalization, perception.
12Experimental: Relativo a experiência; experiencial; fundado na experiência, ou em experiências.
13Counter - 3rd person present singularcounters - contradict or oppose: to say something that contradicts or

opposes what somebody has said; do something in opposition: to do something in opposition to what
somebody is doing, to make it less effective.



5/6/2012                                            14
Sutra Coração e Comentários
                  Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama




“Assim, O Abençoado levantou-se de sua absorção meditativa e elogiou o sagrado
Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, dizendo isso é excelente.“Excelente!
Excelente! Ó nobre criança, é assim mesmo; isso deveria ser exatamente assim. A pessoa
deve praticar a profunda perfeição da sabedoria exatamente como você revelou. Para eles,
mesmo os Tathagatas irão se regozijar.”

(1) Quando o dialogo entre Avalokiteshvara e Shariputra se conclui, Buda o
    recomenda e reafirma.
(2) Essa afirmação indica que a absorção meditativa do Buda é de fato a fusão de
    meditação equilibrada sobre o vazio – a verdade última – e completo
    conhecimento (cognizance 14 ) do mundo dos fenômenos continuamente se
    desdobrando – a verdade convencional.

18 – Conclusão

O Sutra Coração conclui com:“Assim que O Abençoado proferiu essas palavras, o
venerável Shariputra, o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, junto com a
assembléia inteira, incluindo os mundos dos deuses, humanos, asuras e gandharvas, todos
se regozijaram e saudaram o que O Abençoado havia dito.”

(1) Quando lemos e procuramos pegar o significado profundo da escritura, nós
    podemos apreciar os sentimentos de homenagem ao Buda.
(2) Tsongkhapa, grande intelectual e meditador do 14º século, escreveu
    expressando admiração e gratidão pelos ensinamentos o Buda sobre a
    verdade do vazio:
       „E ainda, quando contemplo suas palavras,
       O pensamento surge em mim:
       “Ah, esse mestre, envolto num halo de luz
       E brilhante com suas marcas maiores e menores
       Ensinou isso em sua perfeita melodia Brahma”
       Ó Buda, quando sua imagem reflete em minha mente,
       Ela trás conforto (solace15) ao meu coração cansado,
       Como os raios frescos da lua para quem está atormentado pelo calor.‟




14Cognizance    (noun): knowledge, awareness, grasp, perception, understanding, acquaintance, appreciation
15Solace   (noun): comfort, consolation, support, relief, succour (literary), help.



5/6/2012                                             15

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O Sutra Coração e seus ensinamentos sobre o vazio

  • 1. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama Sutra Coração (Sutra Coração da Sabedoria) (Sutra Coração doMahaPrajnaparamita) e Comentários Diversos com base no Livro “Essence of the Heart Sutra” conforme o Dalai Lama‟s Heart of Wisdom Teachings Por Tenzin Gyatso, Décimo Quarto Dalai Lama Traduzido e editado por GesheThuptenJinpa Traduzido para o português por Fausto Lyra de Aguiar para o Templo ZuLai, Cotia, SP, Brasil, 2006 Rev. 20/03/2006 5/6/2012 1
  • 2. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama O texto do Sutra Coração BhagavatiPrajnaParamitaHridaya „A Abençoada Mãe, o Coração da Perfeita Sabedoria‟ Issouma vez eu ouvi: O Abençoado estava em Rajgriha no Pico do Abutre junto com a uma grande comunidade de monges e uma grande comunidade de bodhisattvas, e naquele momento, O Abençoado entrou em absorção meditativa sobre as variedades de fenômenos chamada de aparecimento do profundo (appearenceoftheprofound). Naquele mesmo momento, o nobre Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, observou claramente a prática da profunda perfeição da sabedoria e viu que mesmo os cinco agregados são vazios de existência intrínseca. Nisso, pela inspiração do Buda, o venerável Shariputra falou para o nobre Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, e disse: “Como deveria treinar qualquer filho nobre ou filha nobre que deseje se engajar na prática da perfeição profunda da sabedoria?” Quando isso foi dito, o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, falou para o venerável Shariputra e disse: Shariputra, qualquer filho nobre ou filha nobre que deseje se engajar na prática da perfeição profunda da sabedoria deveria ver claramente dessa maneira: eles deveriam ver perfeitamente que mesmo os cinco agregados são vazios de existência intrínseca. Forma é vazio, vazio é forma; vazio não é outro que forma; forma também não é outro que vazio. Da mesma forma, sentimentos, percepções, formações mentais e consciência são todos vazios. Portanto, Shariputra, todos os fenômenos são vazios; eles são sem características definidoras; eles não nascem; eles não cessam; eles não são aviltados; eles não são não aviltados; eles não são deficientes; e eles não são completos. Por isso, Shariputra, no vazio não há forma, nem sentimentos, nem percepções, nem formações mentais, e nem consciência. Não há olho, nem ouvido, nem nariz, nem língua, nem corpo, e nem mente. Não há forma, nem som, nem cheiro, nem sabor, nem textura, e nem objetos mentais. Não há elemento de olho, e assim por diante até não haver elemento da mente incluindo 5/6/2012 2
  • 3. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama até nenhum elemento de consciência mental. Não há ignorância, não há extinção de ignorância, e assim por diante até não haver envelhecimento e morte e nem extinção de envelhecimento e morte. Da mesma forma, não há sofrimento, origem, cessação ou caminho; não á sabedoria, não há realização, e mesmo não há não realização. Portanto, Shariputra, desde que bodhisattvas não têm realização, eles confiam nessa perfeição de sabedoria e permanecem nela. Não tendo obscurecimento em suas mentes, eles não têm medo, e ao irem absolutamente além do erro, eles irão atingir o fim do nirvana. Também todos os Budas que residem nos três tempos atingiram o acordar completo da inexcedível, perfeita iluminação ao confiar nessa profunda e perfeita sabedoria. Por isso, a pessoa deveria saber que o mantra da perfeição da sabedoria – o mantra do grande conhecimento, o mantra inexcedível, o mantra igual ao sem igual, o mantra que suprime todos os sofrimentos – é verdadeiro porque não conduz ao engano. O mantra da perfeição da sabedoria é proclamado: tadyathagatégatéparagatéparasamgatébodhisvaha! Shariputra, os bodhisattvas, os grandes seres, deveriam treinar a na perfeição da sabedoria dessa maneira. Assim, O Abençoado levantou-se de sua absorção meditativa e elogiou o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, dizendo isso é excelente. “Excelente! Excelente! Ó nobre criança, é assim mesmo; isso deveria ser exatamente assim. A pessoa deve praticar a profunda perfeição da sabedoria exatamente como você revelou. Para eles, mesmo os Tathagatas irão se regozijar.” Assim que O Abençoado proferiu essas palavras, o venerável Shariputra, o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, junto com a assembléia inteira, incluindo os mundos dos deuses, humanos, asuras e gandharvas, todos se regozijaram e saudaram o que O Abençoado havia dito. Fim do Sutra 5/6/2012 3
  • 4. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama Comentários Diversos1 Resumo preparado pelo tradutor a partir dos comentários feitos no livro „A Essência do Sutra Coração‟, por Sua Santidade Tenzin Gyatso, Décimo Quarto Dalai Lama. 1 – A Questão do Vazio “Shariputra, qualquer filho nobre ou filha nobre que deseje se engajar na prática da perfeição profunda da sabedoria deveria ver claramente dessa maneira: eles deveriam ver perfeitamente que mesmo os cinco agregados são vazios de existência intrínseca. Forma é vazio, vazio é forma; vazio não é outro que forma; forma também não é outro que vazio. Da mesma forma, sentimentos, percepções, formações mentais e consciência são todos vazios.” O vazio2 aqui se refere a ausência de natureza intrínseca de todas as coisas e eventos externos e internos.. 2 – O Lugar do Sutra Coração no Cânone Budista: O Sutra segue: “Portanto, Shariputra, como bodhisattvas não têm realizações, eles confiam nessa perfeição da sabedoria e permanecem nela”. (1) De modo a entender completamente o Sutra Coração, é preciso entender seu lugar dentro do cânone Budista. O Sutra Coração é parte da literatura referente a Sabedoria da Perfeição, que se compõe distintamente de textos Mahayana (Grande Veículo). Estes textos Mahayana formam o centro do “Segundo Giro da Roda do Dharma”. (2) Os ensinamentos Mahayana têm sua raiz nos sermões que o Buda ensinou primariamente no Pico do Abutre. Enquanto os ensinamentos do “Primeiro Giro da Roda do Dharma” enfatizam o sofrimento e sua cessação, os ensinamentos do “Segundo Giro” enfatizam o vazio. Dentro desses ensinamentos, pode-se falar de duas categorias de escrituras: (i) aquelas que apresentam leitura interpretativa 1NT: Esses comentários foram escolhidos – dentre muitos outros significantes - pelo tradutor para ajudar na compreensão do Sutra Coração com um mínimo de palavras e conceitos. Outras explicações de Sua Santidade, como os fundamentos do Budismo serão apresentados em outra ocasião. 2Vazio (shunyata): ausência de natureza intrínseca nos fenômenos; ausência de qualquer aspecto absoluto ou permanente; todos os fenômenos somente podem existir ou vir a existir na dependência de causas e condições; ausência de essência ou de qualquer aspecto permanente; todos os dharmas – fenômenos e eventos, internos ou externos - são vazios; o domínio da realidade; representa: um estado de ser destituído de caráter específico, em puro contato com a Mente Única, onde todas as distinções se sintetizaram na não dualidade; o absoluto. 5/6/2012 4
  • 5. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama dos Sutras da Perfeição da Sabedoria e (ii) aquelas que apresentam a teoria da natureza Búdica (tathagathagarbha). (3) Na escola Mahayana ainda há ensinamentos que vêm do “Terceiro Giro da Roda do Dharma”. Porque a literatura da Perfeição da Sabedoria enfatiza o vazio as leituras interpretativas do Terceiro Giro da Roda foram ensinados primariamente para o beneficio dos praticantes espirituais que, se bem que inclinados para o caminho Mahayana, não estavam ainda adequadamente preparados para fazer uso dos ensinamentos de Buda sobre o vazio inerente da existência. Se, tais praticantes em treinamento, abraçarem o significado literal aparente dos Sutras da Perfeição da Sabedoria antes de perceberem o verdadeiro significado do Buda para os mesmos, eles ficariam em perigo de cair em niilismo extremado. É importante saber que os ensinamentos de Buda são com certeza não niilistas como entendidos pelos filósofos, nem os ensinamentos de Buda sobre o vazio de existência intrínsecaimplica em mera não existência. 3 – Entendimento do Vazio; Interpretações Provisórias e Definitivas (1) A Escola Mente Apenas entende como vazios somente os dharmas externos, coisas e eventos externos e não os internos como serenidade, por exemplo. Para então ter o entendimento entre interpretações provisórias e definitivas, é preciso saber que uma das principais características do ensino do Buda é que ele falava de acordo com as necessidades e talentos dos aprendizes. (2) Por isso existem critérios para definir se determinado ensinamento é provisório ou definitivo, que se relaciona com possível inconsistência entre a declaração e a racionalidade contextual envolvida na declaração. (3) Buda sugere que façamos uma pesquisa aprofundada sobre a verdade de suas palavras e verificá-las e só então “aceitá-las, mas não apenas por reverencia”. Daí vem „método das quatro dependências‟ (four reliances): 1. Não se baseie meramente na pessoa, mas nas palavras; 2. Não se baseie meramente nas palavras, mas no significado; 3. Não se baseie meramente nas significado provisório, mas no significado definitivo; e 4. Não se baseie meramente no entendimento intelectual, mas na experiência direta. (4) Apesar de cada escola ter seu critério o apresentado acima tem base similar em todas elas. 5 – A Interpretação do Caminho do Meio (1) A Escola do Caminho do Meio entende literalmente que “todas as coisas e eventos são destituídos de qualquer existência intrínseca”, também não 5/6/2012 5
  • 6. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama discrimina entre os estados existenciais de sujeito e objeto – entre mente e o mundo. (2) “Os Cem Mil Versos sobre a Perfeição da Sabedoria”, explicita que no nível fundamental, todos os fenômenos não existem, ou seja, por essa visão, o vazio de todos os fenômenos é definitivo. (3) Existe uma diferença importante entre as escolas Mente Apenas e Caminho do Meio. A Mente Apenas aceita o vazio dos fenômenos do mundo externo, com isso auxiliando eliminar os apegos e aversões aos fenômenos externos. Mas isso não é suficiente. (4) A menos que se reconheça também o vazio do mundo interno – não discriminando entre interno e externo, mente e mundo – nós podemos nos tornar apegados a sensações como tranqüilidade, felicidade ou êxtase e ter aversão experiências como medo e tristeza. (5) Entendendo isso por completo, inclusive com insight meditativo, ficamos capazes de ficar completamente livres da escravidão das aflições em todas as circunstâncias; isso é a natureza última da realidade ou domínio da realidade, como apresentado no Sutra Avatamsaka. 6 – Vazio, Forma e Realidade (1) Vazio não implica em não existência, mas sim no vazio de existência intrínseca, o que deriva deoriginação dependente. Dependência e interdependência é a natureza de todas as coisas; coisas e eventos nascem (vêem a ser) como resultado de causas e condições. (2) Todas as coisas se originam dependentemente, por isso podemos observar causa e efeito; que somente pode existir num mundo que seja dependentemente originado, o que só é possível num mundo destituído de natureza intrínseca; ou seja num mundo que é vazio! (3) Por isso, podemos dizer que vazio é forma, ou seja, o vazio é a base que permite a originação da forma. Assim, o mundo da forma é uma manifestação do vazio. (4) O vazio – como realidade fundamental - é entendido em relação aos fenômenos individuais, coisas e eventos, se fenômenos deixam de existir também seu vazio também deixa de existir. “Vazio não é outro que forma e forma não é outra que vazio”; (5) Precisa ser esclarecido através das duas verdades do Buda: (1) a verdade convencional do dia a dia; (2) a verdade fundamental é a verdade alcançada através de analise do modo final de ser das coisas.” (6) Nagarjuna diz no “Fundamentos do Caminho do Meio”: 5/6/2012 6
  • 7. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama Os ensinamentos revelados pelos Budas São apresentados em termos de duas verdades – A verdade convencional do mundo E a verdade fundamental (ultimate). (7) Nós percebemos a verdade convencional, o mundo relativo com todas as suas diversidades. Entretanto, somente através de analise penetrante que somos capazes de perceber a verdade fundamental, a verdadeira natureza das coisas e eventos. (8) Perceber o isso(suchness) de todos os fenômenos, seus modos últimos de ser, o que é a verdade fundamental sobre a natureza da realidade. (9) Na verdade, com entendimento mais sutil e aprofundado, essas duas verdades (convencional e fundamental) são dois aspectos de uma única realidade. 7 - Sentimentos, Percepções, Formações Mentais e Consciência (1) Entendendo o vazio das formas precisamos estendero conceito para os demais agregados (skhandas): sentimentos, percepções, formações mentais (atividade) e consciência: “Da mesma maneira, sentimentos, percepções, formações mentais (atividades) e consciência são todos vazios”. (2)Aqui o melhor é o meditador compreender o vazio diretamente. Essa pessoa percebe diretamente a ausência completa de realidade independente em todas as coisas e eventos, percebendo o vazio só e direto. Em tal estado, nenhuma multiplicidade é experimentada: não há formas, nem sentimentos, nem sensações, nem percepção, nem formações mentais – ou seja, nada mesmo (nornothingatall). (3) Enquanto a mente percebe o vazio diretamente, ela não percebe qualquer outra coisa e, dentro de tal perspectiva,não mais existe sujeito e objeto.Não há mais dualidade. (4) A natureza fundamental da forma é o vazio e a forma é a realidade convencional sobre a qual vazio se estabelece. (6) Por isso, uma maneira de ler essa declaração: não existem formas, nem sentimentos, nem sensações, nem percepção, nem formações mentais, no vazio – é o da perspectiva de um meditador imerso na realização direta do vazio. 8 – Os Oito Aspectos do Vazio ou Os Oito Aspectos do Profundo O Sutra diz: “Por isso, Shariputra, (1) todos os fenômenos são vazios; (2) eles não têm características definidoras; (3) eles não nascem; (4) eles não cessam; (5) eles não são corrompidos (defiled); (6) eles não são não corrompidos; (7) eles não são deficientes, (8) eles não são completos.” 5/6/2012 7
  • 8. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama (1) Características definidoras, se referem as qualidades universais de todos os fenômenos, tais como impermanência e vazio e, as características especificas de qualquer fenômeno dado. (2) Ambos os tipos de características existem em nível relativo e definimos todas as coisas e eventos por meio de tais características, mas elas não existem em sentido absoluto como naturezas fundamentais (ultimate) de coisas e eventos. (3) O texto segue, “eles não nascem; eles não cessam”, mas é importante entender que coisas e eventos realmente não vêm a ser e nem têm originação; (4) Surgimento e cessação devem sua existência a serem características de todos os fenômenos, mas essas características não existem como natureza fundamental de todas as coisas; elas não pertencem às coisas num sentido fundamental. (5) Entretanto, a partir da perspectiva de uma pessoa imersa na realização direta do vazio, características como originação e cessação não são encontradas. (6) Essas oito características somente existem como qualidades das coisas e eventos no nível convencional, mas essas características não existem nas coisas e eventos no nível último (fundamental). Nesse nível só existe a ausência dessas características – nominalmente, ausência de natureza intrínseca, ausência de características definidoras; ausência de originação; ausência de cessação; ausência de corrupção; ausência de não corrupção; ausência de decréscimo, ausência de aumento. (7) As oito características podem ser reduzidas a três diferentes perspectivas, chamadas “as três portas de liberação”: (1) porta do vazio – olhando o vazio do ponto de vista da própria coisa; (2) porta da não marca - olhando o vazio do ponto de vista de sua causa; (3) porta do não desejo - olhando o vazio do ponto de vista de seus efeitos. Essas três portas são três maneiras de entender a mesma coisa, o vazio. (8) As escrituras dizem que a sabedoria que compreende o vazio é a verdadeira e única porta, a única maneira de nos tornarmos completamente livres do apego da ignorância e do sofrimento que ela causa. 9 – O Vazio de Todos os Fenômenos O Sutra segue: “Por isso, Shariputra, no vazio não há forma, nem sentimentos, nem percepções, nem formações mentais, e nem consciência. Não há olho, nem ouvido, nem nariz, nem língua, nem corpo, e nem mente. Não há forma, nem som, nem cheiro, nem sabor, nem textura, e nem objetos mentais. Não há elemento de olho, e assim por diante até não haver elemento da mente incluindo até nenhum elemento de consciência mental”. (1) A primeira parte da sentença reafirma o vazio dos cinco agregados, enquanto a seguinte estende esse vazio as seis faculdades – as cinco faculdades sensoriais e a faculdade mental. 5/6/2012 8
  • 9. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama (2) Em seguida procede estendendo vazio aos objetos externos – as bases sensoriais de forma, som, cheiro, sabor, textura e objetos mentais. (3) A sentença final estende vazio para os dezoito elementos3,culminando com não haver nenhum elemento de consciência mental. (4) Todas as coisas e eventos, incluindo fenômenos não compostos, tais como o espaço, estão incluídos nessa categoria; assim todos os fenômenos são destituídos de existência intrínseca. 10 – A Negação da Corrente dos Doze Elos O Sutra segue: “Não há ignorância, não há extinção de ignorância, e assim por diante até não haver envelhecimento e morte e nem extinção de envelhecimento e morte”. (1)Isso é uma negação sumária dos doze elos da originação dependente (ougênese condicionada), de acordo com sua seqüência de evolução dentro da cadeia da existência não iluminada. Se bem que apenas dois elos são mencionados, a implicação de “e assim por diante até” implica na negação de cada um dos doze elosda cadeia– ignorância, ação escolhida, consciência, nome e forma, fontes dos sentidos, contato, sentimentos, apego, desejo, vir a ser (tornar-se, becoming), nascimento e morte. A negação dos doze descreve o processo para alcançar o nirvana. (2) O processo de nascer no ciclo da existência e o processo ganhar a liberdade deste ciclo somente existe no nível convencional, como não existe no nível fundamental (ultimate) é aqui negado. 11 – O Vazio Completo O Sutra segue: “Da mesma forma, não há sofrimento, origem, cessação ou caminho; não há sabedoria, não há realização, e mesmo não há não realização.” (1) Começando agora da perspectiva de um vazio completamente realizado com respeito ao Primeiro Giro da Roda do Darma – as quatro nobres verdades – a verdade do sofrimento, sua origem, sua cessação e o caminho para sua cessação. Com isso a pratica meditativa é negada. (2) Em seguida o fruto da prática é negado – “não existe sabedoria, nem realização”; ao afirmar o vazio da experiência subjetiva. (3) Finalmente, mesmo a negação é negada – “não há não realização”. (4) Mesmo o estado de clareza que surge da penetração na perfeição da sabedoria (prajna) é, ela mesma, vazia de existência intrínseca. 3Dezoito Elementos – as seis faculdades dos sentidos, as seis associadas com o sentido de consciência, e os seis campos de dados dos sentidos – em combinação estes são os elementos da experiência. 5/6/2012 9
  • 10. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama (5) Todas as qualidades da mente de alguém que tenha atingido nirvana ou alcançado os poderes supra-naturais de um Buda, também são vazios e aqui negados. 12 – Nirvana Em seguida o Sutra diz:“Portanto, Shariputra, desde que bodhisattvas não têm realização, eles confiam nessa perfeição de sabedoria e permanecem nela. Não tendo obscurecimento em suas mentes, eles não têm medo, e ao irem absolutamente além do erro, elesirão atingir o fim do nirvana.” (1) No contexto do Sutra Coração, nirvanaé entendido como sendo a natureza última (ou fundamental) da mente da pessoa, no estágio quando a mente se tornou totalmente limpa de todas as aflições. (2) Porque a mente pura é inata, implica que ela tem natureza Búdica e, por isso, simplesmente ao remover as obscuridades à clareza (poeiras), a iluminação aparece. (3) Assim, o vazio da mente é chamado de nirvana natural e, é a base do nirvana. (4) Quando a pessoa passa pelo processo de purificação da mente, aplicando os antídotos as aflições mentais, com o tempo, a mente torna-se livre de todas as obscuridades. (5) O vazio dessa mente não poluída (undefiled) é o verdadeiro nirvana ou liberação. (6) Assim, a pessoa pode alcançar liberação – verdadeiro nirvana – somente através da realização da natureza fundamental da mente em seu estado perfeito, sem aflições. (7) Nagarjuna explica em Fundamentos do Caminho do Meio que o vazio é tanto o meio para eliminar as aflições mentais quanto o estado mental resultante dessa eliminação. Ele escreve: “Através de cessação de carma e aflições a pessoa se libera. Carma, aflições e conceitualização4 (conceptulization5), Todos surgem de elaboração6(elaboration7); e é por meio do vazio Que elaboração é eliminada.” (8) Como o nirvana natural é comum a todos, e todos os elementos do Caminho são destituídos de existência intrínseca, a pessoa ao cultivar insight nesse 4Conceituar: formular conceito de, ou acerca de; formar conceito acerca de; julgar, avaliar; concorrer para o bom ou mau conceito; fazer conceito; formar opinião de; classificar; avaliar, ajuizar. 5Conceptualize (verb): interpret observations with a concept: to arrive at a concept or generalization as a result of things seen, experienced, or believed. 6Elaboração: ato ou efeito de elaborar; laboração; preparo esmerado; trabalho do espírito que conduz a uma idéia, a um conceito, etc.; processo mental inconsciente de aumento e de aformoseamento de pormenor, em especial de símbolo ou de representação em sonho. 7Elaboration (noun): amplification, embellishment, explanation, expansion. 5/6/2012 10
  • 11. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama nirvana natural será capaz de fazer dissipar e superar os sofrimentos resultantes de entendimentos errôneos de coisas e eventos, que resultam daignorância fundamental. (9) Da mesma maneira, a propensão para o apego à ignorância8erastros deixados por ações errôneas do passado podem ser removidos. (10) Ao transcender toda ignorância a pessoa torna-se livre de medo e permanece no final e não-permanente nirvana do Buda. 12 – Budas eBodhisattvas O Sutra segue com:“Também todos os Budas que residem nos três tempos atingiram o acordar completo da inexcedível, perfeita iluminação ao confiar nessa profunda e perfeita sabedoria.” (1) Aqui o termo budas se refere a bodhisattvas do mais elevado nível de realização espiritual, justamente antes de alcançarem a Budeidade; esse é o Nível Búdico. (2) Um bodhisattva nesse nível permanece focado e absorto na meditação chamada Meditação Adamantina, assim possuindo atributos similares aos de um buda. (3) Permanecendo nessa absorção meditativa, o bodhisattva em estado de Prajna, na dependência da perfeição da sabedoria, alcançará o acordar final do Buda. 13 – O Mantra da Perfeição da Sabedoria A aqui o texto do Sutra faz uma apresentação concisa do vazioem forma de mantra (visando aqueles de aptidão excepcional): “Portanto, a pessoa deveria saber que o mantra da perfeição da sabedoria – o mantra do grande conhecimento, o mantra inexcedível, o mantra igual ao inigualável, o mantra que suprime todos os sofrimentos – é verdadeiro porque não conduz à engano.” (1) A perfeição da sabedoria, prajnaparamita, é aqui referida como um mantra. O significado etimológico de mantra é “para proteger a mente”. Assim, por 8Ignorância (Avidya): um dos três venenos (ganância, raiva e ignorância); também insensatez, ou ilusão; ignorância de causa e efeito, pela qual a pessoa cai em círculos viciosos sem saber como escapar; falta de atenção para a natureza condicional dos fenômenos; ignorância da natureza real das coisas, do vazio de todos os dharmas; ignorância é também a noção de que existe alguma coisa para ganhar ou possuir; é a base para o desejo, o qual em sua forma compulsiva é o veneno da ganância, da inveja e finalmente da raiva e ressentimento, cuja soma de aflições consiste no inferno dos titãs; a ignorância é obstrução para ganhar insight no Dharma; no vazio de todas as coisas e eventos, externos e internos e na necessidade criara raízes de bondade; a ignorância obstrui a entrada no domínio da realidade. 5/6/2012 11
  • 12. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama atingir a perfeição da sabedoria, a pessoa estará completamente protegida contra visões errôneas e das aflições mentais que daí surgem e, dos sofrimentos conseqüentes. (2) A perfeição da sabedoria é chamada de o “mantra do grande conhecimento”, porque entender seu significado elimina os três venenos – raiva, ganância e ignorância. (3) Também é chamada de “mantra inexcedível” porque não há melhor método do que a perfeição da sabedoria. (4) É chamada de “mantra igual ao inigualável” porque o estado de iluminação do Buda é inigualável e através da profunda compreensão desse mantra,pode-se alcançar estado igual. (5) Também é chamado de “mantra que suprime todo sofrimento” porque suprime os sofrimentos manifestos presentes e futuros. (6) A perfeição da sabedoria é a verdade última, por isso a afirmação, “é verdadeiro”. No domínio da verdade fundamental, não há diferenças (disparity9) como há na realidade convencional, entre aparência e realidade; daí “não conduz à engano”. 14 – A Proclamação do Mantra “O mantra da perfeição da sabedoria é proclamado:tadyathagatégatéparagatéparasamgatébodhisvaha!Shariputra, os bodhisattvas, os grandes seres, deveriam treinar a na perfeição da sabedoria dessa maneira.” (1) Em sânscrito, tadyatha significa literalmente “é isso” (it isthus) e prepara o caminho para o que se segue; gatégaté significa “vá vá” (go go); paragaté significa “ir além”; parasamgaté significa “ir totalmente além”; bodhisvaha pode ser lido como “estar enraizado no terreno da iluminação”. (2) Por isso, esse mantra pode ser traduzido como “Vá, vá, vá além, vá totalmente além, enraíze-se no terreno da iluminação”. Pode-se interpretar esse mantra metaforicamente como “vá para a outra margem”, o que quer dizer abandone essa margem do samsara, da existência não iluminada, a qual tem sido sua casa desde tempos sem fim, e cruze para a outra margem do nirvana final e da completa liberação. 15 – O Significado Implícito do Sutra Coração: 9Disparity (noun): difference, inequality, discrepancy, disproportion, gap, inconsistency, incongruence. 5/6/2012 12
  • 13. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama (1) O mantra contem o significado implícito (ou escondido) do Sutra Coração, revelando como o entendimento do vazio está relacionado com aos cinco estágios do caminho para a Budeidade. (2) Nele podemos ler  o primeiro “vá” como uma exortação a entrar no caminho de acumulação de méritos;  o segundo (vá) como uma exortação para o caminho da preparação da mente para uma percepção profunda do vazio;  “Vá além” (terceiro) se refere ao caminho para ver a realidade, a direta e imediata realização do vazio;  “Vá totalmente além” (quarto) indica o caminho da meditação (gomem tibetano, literalmente habituação), onde a pessoa se torna profundamente familiar com o vazio através da pratica constante;  A parte final, “bodhisvaha”, é uma exortação a se estabelecer firmemente no terreno da iluminação, o que quer dizer, entrar nirvana final. (3) Nós podemos relacionar esses cinco estágios do caminho da Budeidade – acumulação, preparação, ver, meditação e não mais aprendizagem – as diferentes partes do corpo principal do Sutra Lótus. (4) A apresentação quádrupla do vazio no começo do Sutra – “forma é vazio; vazio é forma; vazio não é outro que não forma; forma não é outro que não vazio – apresenta o caminho para praticar vazio nos dois primeiros estágios – acumulação e preparação. (5) O vazio dos oito aspectos dos fenômenos – “todos os fenômenos são vazio, eles não têm características definidoras” e assim por diante – apresenta o modo de geração de insight no vazio, no estágio de ver. A frase “não há ignorância, não há extinção de ignorância” e assim por diante, explica o modo de praticar vazio no estágio da meditação. 16 – Vazio Final e Onisciência A secção seguinte do Sutra, “Portanto, Shariputra, desde que bodhisattvas não têm realização, eles confiam nessa perfeição de sabedoria e permanecem nela.” (1) Explica a prática do vazio no último nível de bodhisattva, onde os bodhisattvas permanecem na absorção meditativa adamantina. (2) A transição entre os estágios ocorre quando o praticante está imerso em equilíbrio meditativo:  No estágio inicial, quando o praticante está no caminho da acumulação, seu entendimento do vazio é derivado do entendimento intelectual do vazio e da natureza dos fenômenos. 5/6/2012 13
  • 14. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama  Praticantes bodhisattvascom intelecto entusiástico (keen) podem alcançar entendimento significativo do vazio, antes mesmo da geração de atitudes altruísticas de bodhichitta10.  Aqueles menos inclinados à abstração (intellection11) podem desenvolver primeiro a aspiração por liberar todos os seres.  Em ambos os casos, um profundo entendimento do vazio irá impactar poderosamente outras áreas da prática, as reforçando e complementando. (3) No estágio de acumulação o entendimento vem primariamente por aprendizado, reflexão e entendimento intelectual; (4) Mas é através da meditação sobre o que foi aprendido, que seu entendimento irá tornar-se cada vez mais profundo, até que finalmente ganhe clareza total de insight; neste ponto a pessoa entra no estágio de preparação; aqui o insight no vazio é experimental12 e não é mais intelectual ou conceitual. (5) Ao aprofundar o entendimento do vazio, o uso de conceitos na meditação gradualmente vai desaparecendo. (6) Quando toda percepção dualística de sujeito e objeto, da realidade convencional e da existência intrínseca, desaparece a pessoa entra no ‘caminho de ver’. Não há mais sujeito e objeto, é como água jogada na água e a meditação sobre o vazio é imediata e direta. (7) Quando a experiência direta no vazio se aprofunda, a pessoa sistematicamente torna menos efetivas (counters13)às várias aflições mentais durante o estágio de meditação, ou familiarização. (8) Nesse estágio a pessoa progride através dos sete níveis impuros de bodhisattva; são chamados impuros porque as aflições não estão completamente erradicadas até o oitavo nível. (9) Nos níveis oito, nove e dez a pessoa se opõe mesmo as propensões e marcas deixadas pelas aflições. (10) Finalmente, quando a pessoa remove as obscuridades que impedem a percepção simultânea das verdades fundamental e convencional (ambas) num único evento cognitivo, acontece a aurora da mente onisciente de um Buda. 17- A Expressão de Regozijo São palavras faladas diretamente pelo Buda: 10Bodhichitta (bodhi – iluminado e chitta – mente): um estado mental iluminado que é dotado de bom, ainda que incompleto, entendimento da realidade e que compreende claramente as metas e métodos da prática budista. 11Intellection (formal): abstraction; concept, idea, thought, notion, construct, generalization, perception. 12Experimental: Relativo a experiência; experiencial; fundado na experiência, ou em experiências. 13Counter - 3rd person present singularcounters - contradict or oppose: to say something that contradicts or opposes what somebody has said; do something in opposition: to do something in opposition to what somebody is doing, to make it less effective. 5/6/2012 14
  • 15. Sutra Coração e Comentários Baseado no livro “A Essência do Sutra Coração” do 14º Dalai Lama “Assim, O Abençoado levantou-se de sua absorção meditativa e elogiou o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, dizendo isso é excelente.“Excelente! Excelente! Ó nobre criança, é assim mesmo; isso deveria ser exatamente assim. A pessoa deve praticar a profunda perfeição da sabedoria exatamente como você revelou. Para eles, mesmo os Tathagatas irão se regozijar.” (1) Quando o dialogo entre Avalokiteshvara e Shariputra se conclui, Buda o recomenda e reafirma. (2) Essa afirmação indica que a absorção meditativa do Buda é de fato a fusão de meditação equilibrada sobre o vazio – a verdade última – e completo conhecimento (cognizance 14 ) do mundo dos fenômenos continuamente se desdobrando – a verdade convencional. 18 – Conclusão O Sutra Coração conclui com:“Assim que O Abençoado proferiu essas palavras, o venerável Shariputra, o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, junto com a assembléia inteira, incluindo os mundos dos deuses, humanos, asuras e gandharvas, todos se regozijaram e saudaram o que O Abençoado havia dito.” (1) Quando lemos e procuramos pegar o significado profundo da escritura, nós podemos apreciar os sentimentos de homenagem ao Buda. (2) Tsongkhapa, grande intelectual e meditador do 14º século, escreveu expressando admiração e gratidão pelos ensinamentos o Buda sobre a verdade do vazio: „E ainda, quando contemplo suas palavras, O pensamento surge em mim: “Ah, esse mestre, envolto num halo de luz E brilhante com suas marcas maiores e menores Ensinou isso em sua perfeita melodia Brahma” Ó Buda, quando sua imagem reflete em minha mente, Ela trás conforto (solace15) ao meu coração cansado, Como os raios frescos da lua para quem está atormentado pelo calor.‟ 14Cognizance (noun): knowledge, awareness, grasp, perception, understanding, acquaintance, appreciation 15Solace (noun): comfort, consolation, support, relief, succour (literary), help. 5/6/2012 15