Inflação Brasileira - História, Causas e Números Atuais e Futuros
1. A INFLAÇÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA
Kassius Ferraz
Mônica Ribeiro
Paulo S. Dias Abreu
1 INTRODUÇÃO
O termo inflação é um conceito da economia que visa analisar a oscilação contínua
de preços de uma cesta de produtos e/ou serviços (BANCO CENTRAL EUROPEU1
, 2017). O
Brasil utiliza de vários índices para medir a inflação, isolando itens a serem pesquisados em
grupos de similaridade. Os índices de análise utilizam de diferentes métodos para realizar os
cálculos, tais como: faixa de renda, região, itens analisados e período (ROSSI2
et al., 2017).
Deve-se levar em consideração sobre a pesquisa inflacionária realizada pelos
órgãos responsáveis que a cesta básica ou a cadeia de produtos e serviços pode não ser a mesma
que um cidadão em específico consome, podendo, assim, a inflação deste ser maior ou menor3
que a divulgada nos canais de comunicação.
Em resumo, a inflação “coopera” em favor da diminuição do poder de compra da
moeda nacional. Por exemplo: uma família brasileira compra uma determinada cesta de
produtos e serviços por R$468,50, levando-se em consideração hipotética uma inflação mensal
de 0,14%, esta mesma família irá adquirir no mês subsequente, exatamente, os mesmos itens
por R$469,15.
2 HISTÓRIA
A crise econômica nacional iniciou na década de 1960 e 1970, período em que
chegou a apresentar índices de 40% ao ano (PORTAL BRASIL4
, 2017). Aliando a esta má fase
a crise do petróleo e um baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, fez com
que o país entrasse na década de 1980 com uma hiperinflação, apresentando nesta década uma
média inflacionária anual de 233,5% (ADVFN5
, 2017), média esta que viria a aumentar no
1
Disponível em: <https://www.ecb.europa.eu/ecb/educational/hicp/html/index.pt.html>. Acesso
em: 22 maio 2017.
2
Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/inflacao-como-e-medida/platb/>. Acesso em: 22
maio 2017.
3
Caso a inflação apresente resultado negativo verifica-se uma deflação.
4
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2012/04/inflacao>. Acesso em:
22 maio 2017.
5
Disponível em: <http://br.advfn.com/economia/inflacao/brasil/historia>. Acesso em: 22 maio
2017.
2. início dos anos 1990, quando, entre os anos de 1990 e 1994, a média anual atingiu 764%
(PORTAL BRASIL4
, 2017).
A estabilização da inflação no país teve início com o lançamento do Plano Real
(PR), que trouxe consigo a quinta moeda ao bolso do brasileiro em dez anos, o Real (R$). O
seu lançamento foi nos primórdios de 1994, sendo apresentado também uma moeda fictícia para
auxiliar no processo de transição de moedas.
O último trimestre que antecedeu o lançamento desta nova moeda apresentou uma
média inflacionária de 44,71% (CALDEIRA6
, 2012), aplicando este cenário ao exemplo citado
na Introdução deste, aquela família, em três meses, necessitaria desembolsar R$677,97 para
adquirir a mesma cadeia de produtos.
Antes do PR, a moeda em circulação era o Cruzeiro Real (CR$). A moeda
transitória nomeada como Unidade Real de Valor (URV) obtinha sua correspondência em CR$
com base em uma atualização diária. Deste modo, a inflação perdurava apenas em CR$. Em 1°
de julho de 1994 entrou em circulação efetiva o Real e, uma unidade da URV foi fixada em
R$1,00. Com base na cotação da URV do dia anterior , R$1,00 era equivalente a
aproximadamente CR$2.750,00.
Após o lançamento do PR o governo adotou algumas medidas básicas para auxiliar
o controle dos preços: promoção da importação (não apenas eletrônicos, mas também de
alimentos e matéria prima) e duas âncoras: cambial e monetária. A âncora cambial tinha como
objetivo fixar o valor da moeda e baratear os custos de importados. A âncora monetária
controlava a quantidade de dinheiro em circulação, para tal, a taxa de juros e as reservas
compulsórias dos bancos foram elevadas (ADVFN7
, 2017).
Em 1999 estas âncoras foram substituídas por um regime de metas que prevê
comprometimento das autoridades responsáveis em atingir o cumprimento das metas
estabelecidas para o ano corrente e sequente. Abaixo é apresentado uma imagem que apresenta
o histórico de metas desde o ano de 1999 até 2018. Atualmente, em geral, o Banco Central do
Brasil (BCB) altera a taxa básica de juros, a SELIC8
, para alcançar as metas propostas.
6
Disponível em: <http://economia.ig.com.br/2012-07-02/veja-a-trajetoria-da-inflacao-ibovespa-e-
o-cambio-antes-e-depois-do-plano-real.html>. Acesso em: 22 maio 2017.
7
Disponível em: <http://br.advfn.com/economia/inflacao/brasil/historia>. Acesso em: 22 maio
2017.
8
SELIC: Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais. É a taxa de
financiamento no mercado interbancário para operações em um dia, que possuem lastro em títulos públicos
federais (EQUIPE INFOMONEY, 2007).
3. Figura 1 (Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL9
, 2017)
As resoluções do BCB decretam não apenas a meta para a inflação, mas também os
limites máximo e mínimo de tolerância. Isto, pois, vários fatores influenciam o resultado, sendo
necessário aplicar uma margem de erro para auxiliar o controle.
3 TIPOS DE INFLAÇÃO
Existem basicamente três tipos distintos de inflação: demanda, oferta e estrutural
(BTGPACTUAL10
, 2017).
Inflação de demanda: caracteriza-se pelo aumento na procura de um bem
sem que haja uma oferta equivalente, assim, o valor deste sobe para
equilibrar a economia;
Inflação de custo ou Inflação de oferta: caracteriza-se pelo aumento do
preço de um bem ou serviço. Aumento de impostos e tarifas públicas,
salários e até mesmo combustíveis, influenciam diretamente nesta inflação;
9
Disponível em: < http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/n/sismetas>. Acesso em: 22 maio 2017.
10
Disponível em: <https://www.btgpactualdigital.com/blog/financas/tudo-sobre-inflacao/>. Acesso
em: 22 maio 2017.
4. Inflação estrutural: é ocasionada pela ineficiência de serviços prestados.
Exemplo: rodovias em mau estado de conservação contribuem para a alta
de preços de transporte e distribuição, influenciando assim o preço final.
4 CAUSAS
Basicamente a inflação é causada por três fatores: monetária, psicológica e real; e
estes influenciados por seis principais vilões: gastos públicos, formação de cartéis, custos de
produção, baixa produção, indexação e inércia (ROSSI11
et al., 2017).
4.1 FATORES
Monetário: impressão demasiada de dinheiro pelo governo;
Psicológico: objetivando uma antecipação ao mercado, indivíduos ajustam
o preço acreditando que o outro também irá reajustar;
Real: desajuste entre oferta e demanda por bens e serviços.
4.2 VILÕES
Gastos públicos: os gastos do governo são maiores que a arrecadação. A
“solução” pode ser dividida em dois caminhos:
o Aumento de impostos: visando cobrir as despesas o governo
aumenta os impostos, empresários e comerciantes repassam esse
aumento elevando os preços de bens e serviços;
o Impressão de dinheiro: o governo imprime mais dinheiro para pagar
as contas. O volume de dinheiro em circulação se torna maior que a
oferta de bens e serviços, assim, tende a uma elevação nos preços;
Formação de cartéis: poucas empresas que vendem um determinado produto
se unem fixando preços altos objetivando alta lucratividade;
Custos de produção: elevação nas taxas de juros, da carga tributária e/ou dos
preços de matérias primas tende a ocorrer ajuste nos preços;
Baixa produção: baixa produção frente a uma alta demanda do consumidor.
Desta forma, o consumidor se dispõe a pagar mais por um bem, havendo
assim uma tendência no aumento do preço;
11
Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/inflacao-como-e-medida/platb/>. Acesso em: 22
maio 2017.
5. Indexação: o valor do aluguel e de outros contratos é reajustado com base
na inflação atual, tornando assim, a inflação atual o patamar inicial da
inflação de amanhã;
Inércia: acreditando que haverá inflação, empresas reajustam os preços para
não sofrer com redução dos lucros e o trabalhador para não ter seu poder de
compra reduzido solicita aumento salarial.
5 NÚMEROS ATUAIS
Como apresentado anteriormente, dentre os vários índices utilizados pelo governo
federal para medir a inflação nacional, o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo, é o índice utilizado para determinar a inflação oficial. Este indicador é calculado pelo
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – e os números da última década são
apresentados no gráfico logo abaixo:
Gráfico 1 (Fonte: IBGE12
, 2017)
12
Disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaultinpc.shtm >. Acesso em: 25 maio
2017.
4,46
5,9
4,31
5,91
6,5
5,84 5,91
6,41
10,67
6,29
1,1
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017*
IPCA (2007 - 2017)
(*) É apresentado o acumulado dos quatro primeiros meses do ano.
6. 6 NÚMEROS FUTUROS
Segundo o Banco Central do Brasil13
(2017) divulgou na vigésima edição
disponibilizada em 2017 do Boletim Focus14
, a previsão da inflação para este ano é otimista,
ficando abaixo da meta estipulada em uma projeção de 3,92%. O primeiro relatório divulgado
neste ano apresentava uma projeção de 4,81% para o mesmo período, levemente acima da meta,
mas ainda dentro do limite de tolerância previsto. Isto indica que os principais economistas do
país vislumbram uma baixa oscilação de preços, tendo em vista que desde 2009 a inflação não
fica abaixo da meta estipulada.
Já para o ano de 2018 a expectativa é um pouco menos otimista, mas abaixo da
meta, atingindo uma projeção de 4,34%, sendo que esta é um pouco pessimista em relação a
projeção divulgada em 28 de abril de 2017, quando foi projetado 4,30% de inflação para o
mesmo período, a projeção mais baixa apresentada até a atual data.
Analisando os boletins disponibilizados em 2017, até o momento, nota-se uma
sequência estável nas projeções, sendo que desde o primeiro relatório com previsão para o
próximo ano (segundo relatório disponibilizado em 2017) até a 13ª projeção divulgada, era
previsto uma inflação em simetria com a meta, ou seja, 4,50%, sendo esta a projeção mais alta
para o ano seguinte.
Segundo especialistas, esses dados mostram que será possível ver ainda em 2017
uma inflação controlada e crescimento do PIB; e que 2018 poderá ser melhor para o cidadão
brasileiro (PORTAL BRASIL15
, 2017).
13
Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/readout.asp >. Acesso em: 25
maio 2017.
14
Relatório de mercado divulgado semanalmente pelo Banco Central do Brasil (BCB) contendo
projeções para a economia nacional coletadas junto aos principais economistas em atuação no país.
Disponibilizado em 19 de maio.
15
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2017/02/especialistas-projetam-
2018-com-crescimento-forte-e-inflacao-controlada>. Acesso em: 25 maio 2017.
7. REFERÊNCIAS
ADVFN. História da inflação no Brasil. Disponível em:
<http://br.advfn.com/economia/inflacao/brasil/historia>. Acesso em: 22 maio 2017.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Focus: Relatório de Mercado. 2017. Disponível em:
<http://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/readout.asp>. Acesso em: 25 maio 2017.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Sistema de Metas para a Inflação. Disponível em:
<http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/n/sismetas>. Acesso em: 22 maio 2017.
BANCO CENTRAL EUROPEU. O que é a inflação?. Disponível em:
<https://www.ecb.europa.eu/ecb/educational/hicp/html/index.pt.html>. Acesso em: 22 maio
2017.
BTGPACTUAL. Tudo sobre inflação: anual histórico, índices de inflação e mais. 2017.
Disponível em: <https://www.btgpactualdigital.com/blog/financas/tudo-sobre-inflacao/>.
Acesso em: 22 maio 2017.
CALDEIRA, Ilton. Veja a trajetória da inflação, Ibovespa e o câmbio antes e depois do
Plano Real. 2012. Disponível em: <http://economia.ig.com.br/2012-07-02/veja-a-trajetoria-
da-inflacao-ibovespa-e-o-cambio-antes-e-depois-do-plano-real.html>. Acesso em: 22 maio
2017.
EQUIPE INFOMONEY. Entenda o que é e como a Selic afeta a economia brasileira e o
seu bolso. 2007. Disponível em:
<http://www.infomoney.com.br/educacao/guias/noticia/125180/entenda-que-como-selic-
afeta-economia-brasileira-seu-bolso>. Acesso em: 22 maio 2017.
IBGE. Indicadores IBGE: Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. 2017.
Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaultinpc.shtm>.
Acesso em: 25 maio 2017.
O ECONOMISTA. Conceito de Inflação: O que é e como se forma?. 2009. Disponível em:
<https://www.oeconomista.com.br/inflacao-o-que-e-e-como-se-forma/>. Acesso em: 22 maio
2017.
PORTAL BRASIL. Especialistas projetam 2018 com crescimento forte e inflação
controlada. 2017. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-
emprego/2017/02/especialistas-projetam-2018-com-crescimento-forte-e-inflacao-controlada>.
Acesso em: 25 maio 2017.
PORTAL BRASIL. Inflação. 2012. Última edição: julho 2014. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2012/04/inflacao>. Acesso em: 22 maio
2017.
ROSSI, Pedro et al. Como se mede a inflação?. Disponível em:
<http://g1.globo.com/economia/inflacao-como-e-medida/platb/>. Acesso em: 22 maio 2017.