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O Processo Grupal para
homens autores de
violência contra a mulher.
GRUPOS REFLEXIVOS
Sérgio Flávio Barbosa
⚫Os processos grupais são experiências
fundamentais para as nossas formações,
estruturações de convicções e para o
desenvolvimento de nossas capacidades.
⚫Com toda a carga das experiências
anteriormente vividas que nos jogamos em
novas experiências de relacionamentos grupais;
⚫A nossa inserção grupal pode ser realizada de
uma forma consciente ou não.
⚫Temos consciência de que participamos de
alguns grupos comumente aqueles que aderimos
por uma opção pessoal;
⚫A participação nos demais é feita, geralmente,
de maneira rotineira e sem nos darmos conta;
⚫E muitas vezes somos carregados pelo grupo.
⚫Até aqui estávamos nos referindo aos chamados grupos
"espontâneos" ou "naturais";
⚫Claro que precisamos também considerar os grupos
estruturados com finalidades específicas, organizados e
coordenados pelos próprios participantes, ou por
profissionais das mais variadas formações;
⚫Grupos de anônimos (AAs, NAs, etc.), grupos ligados às
Igrejas, que atuam nas comunidades, nos partidos políticos,
nos sindicatos, nas escolas, nas fábricas, nas praças, dentre
vários outros.
⚫Todos os grupos podem estar a serviço da
transformação social quanto da sua manutenção;
⚫Estamos, portanto, rodeados de grupos e
participando ou negando participar deles em
todos os momentos de nossas vidas.
⚫Historicamente, sabe-se que o vocábulo "groppo" ou
"grupo" surgiu no século XVII;
⚫Referia-se ao ato de retratar, artisticamente, um conjunto
de pessoas;
⚫Regina Duarte Benevides de Barros (1994), doutora em
Psicologia, diz que foi somente no século XVIII que o termo
passou a significar "reunião de pessoas";
⚫A mesma autora afirma que o termo pode estar ligado
tanto a idéia de "laço, coesão", quanto a de "círculo".
⚫Tanto a Sociologia quanto a Psicologia têm demonstrado
interesse no estudo dos pequenos grupos sociais,
pensando o "grupo" como uma intermediação entre o
"indivíduo" e a "massa";
⚫Na Psicologia, o estudo sistemático dos pequenos
grupos sociais, busca compreender a dinâmica dos
mesmos, tendo início na década de 30 e 40, com Moreno
e Kurt Lewin;
⚫Moreno inicia com o "teatro da espontaneidade" que
depois vai levar ao Psicodrama.
⚫Na área de pesquisa cria a Sociometria para o estudo de
relações de aproximação e afastamento entre as redes de
preferência e rejeição, tanto nos grupos quanto na
comunidade como um todo;
⚫Lewin cria o termo "dinâmica de grupo", que foi utilizado
pela primeira vez em 1944;
⚫Não podemos esquecer que a preocupação com grupos,
de Moreno e de Lewin aparecem em seguida às inovações
tayloristas e fordistas que levam à elevação dos lucros mas
também à deterioração das relações tanto dos operários
entre si quanto em relação a chefias e patrões.
⚫Há uma tradição no estudo e na intervenção com
pequenos grupos que privilegia o treinamento em
busca da produtividade;
⚫Os especialistas em grupos se atêm a aplicação de
técnicas grupais que desenvolvem a cooperação
entre os participantes e não levam o grupo a se
autocriticar e buscar o seu caminho para o
funcionamento, pois uma das possibilidades é não
mais se constituir enquanto grupo;
⚫Neste caso, a constituição do grupo está a serviço
da instituição, como instrumento de controle
sobre os indivíduos.
⚫Em geral, os(as) autores(as), ao se referirem ao
conceito de grupo, partem da descrição do
mesmo fenômeno social: a reunião de duas ou
mais pessoas com um objetivo comum de ação;
⚫O que difere é a leitura que os mesmos fazem do
processo de constituição do grupo e do
entendimento da finalidade do mesmo;
⚫Lewin centra a sua definição de grupo, na
interdependência dos membros do grupo, onde
qualquer alteração individidual afeta o coletivo.
⚫Lewin demonstra uma preocupação em buscar o
"grupo como um ser" que transcende as pessoas
que o compõem;
⚫Há uma visão de um grupo "ideal", aquele
marcado por uma grande coesão.
⚫Pontos importantes para o estudo de
pequenos grupos sociais:
⇒ o contato entre as pessoas e a busca de um
objetivo comum;
⇒ a interdependência entre seus membros;
⇒ a coesão ou espírito de grupo que varia em
um contínuo que vai da dispersão até
unidade.
⚫Podemos dizer, que de acordo com o
referencial de homem e de mundo que os
cientistas sociais assumem, vai variar o
entendimento, o sentido e a explicação que os
mesmos vão dar em relação ao grupo e aos
processos grupais;
⚫Lane (1986) enfatiza que a função do grupo é
definir papéis, o que leva a definição da
identidade social dos indivíduos e a garantir a
sua reprodutividade social.
⚫O grupo também pode ser visto como um lugar onde as
pessoas mostram suas diferenças;
⚫Onde as relações de poder estão presentes e perpassam as
decisões cotidianas, onde o conflito é interente ao processo
de relações que se estabelece;
⚫Onde há uma convivência do diferente, do plural;
⚫Num confronto de idéias, buscando conciliar apenas o
conciliável, deixando claro as individualidades, o diferente;
⚫A importância de afirmar que as pessoas são diferentes,
possuem e pensam valores diferentes.
⚫Enrique Pichon-Rivière (1907 –
1977), foi um psiquiatra e psicanalista
argentino de origem suíça, que
contribuiu muito com o
questionamento que levantou sobre
a psiquiatria e a questão dos grupos
em hospitais psiquiátricos, cria a
técnica dos grupos operativos;
⚫Pensar o grupo como um projeto, como um eterno vir-a-ser;
⚫Pensando como Sartre e Lapassade (1982):
⚫Este processo é dialético;
⚫Constituído pela eterna tensão entre a serialidade e a
totalidade;
⚫Há uma ameaça constante da dissolução do grupo e a volta à
serialidade, onde cada integrante assume a firma a sua
individualidade sendo mais um na prensença dos demais;
⚫Ao mesmo tempo há uma busca constante pela totalidade,
dando sentido a relação estabelecida.
⚫A constituição do grupo em processo pode requerer a
presença de um profissional – técnico em processo grupal;
⚫O trabalho do mesmo será auxiliar a que as pessoas envolvidas
na experiência pensem o processo que estão vivenciando;
⚫O se pensar não cada um individulamente, mas cada um
participando de um mesmo barco que busca estabelecer uma
rota.
⚫Talvez o porto não seja seguro, porque não existe um destino
final, e quando isso acontece o grupo se dissolve e o processo
acaba.
⚫Enquanto o grupo persiste é um constante navegar;
⚫Um constante questionar a rota;
⚫Um aprender a conviver com a insegurança e com a incerteza;
⚫Talvez uma mudança de rota devido a avaliação do trajeto já
percorrido e do que falta;
⚫Enfim, há uma preocupação em centrar na tarefa e tornar explicítas
as questões implícitas que estão dificultando a realização da tarefa
pretendida, ou que a estão facilitando.
⚫Esta é uma maneira de o grupo se tornar sujeito do seu próprio
processo;
⚫Os integrantes da experiência terão condições de tomar decisões
de forma mais lúcidas.
Diálogos Reflexivos - SASF Tremembé/SP

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  • 1. O Processo Grupal para homens autores de violência contra a mulher. GRUPOS REFLEXIVOS Sérgio Flávio Barbosa
  • 2. ⚫Os processos grupais são experiências fundamentais para as nossas formações, estruturações de convicções e para o desenvolvimento de nossas capacidades.
  • 3. ⚫Com toda a carga das experiências anteriormente vividas que nos jogamos em novas experiências de relacionamentos grupais; ⚫A nossa inserção grupal pode ser realizada de uma forma consciente ou não.
  • 4. ⚫Temos consciência de que participamos de alguns grupos comumente aqueles que aderimos por uma opção pessoal; ⚫A participação nos demais é feita, geralmente, de maneira rotineira e sem nos darmos conta; ⚫E muitas vezes somos carregados pelo grupo.
  • 5. ⚫Até aqui estávamos nos referindo aos chamados grupos "espontâneos" ou "naturais"; ⚫Claro que precisamos também considerar os grupos estruturados com finalidades específicas, organizados e coordenados pelos próprios participantes, ou por profissionais das mais variadas formações; ⚫Grupos de anônimos (AAs, NAs, etc.), grupos ligados às Igrejas, que atuam nas comunidades, nos partidos políticos, nos sindicatos, nas escolas, nas fábricas, nas praças, dentre vários outros.
  • 6. ⚫Todos os grupos podem estar a serviço da transformação social quanto da sua manutenção; ⚫Estamos, portanto, rodeados de grupos e participando ou negando participar deles em todos os momentos de nossas vidas.
  • 7. ⚫Historicamente, sabe-se que o vocábulo "groppo" ou "grupo" surgiu no século XVII; ⚫Referia-se ao ato de retratar, artisticamente, um conjunto de pessoas; ⚫Regina Duarte Benevides de Barros (1994), doutora em Psicologia, diz que foi somente no século XVIII que o termo passou a significar "reunião de pessoas"; ⚫A mesma autora afirma que o termo pode estar ligado tanto a idéia de "laço, coesão", quanto a de "círculo".
  • 8. ⚫Tanto a Sociologia quanto a Psicologia têm demonstrado interesse no estudo dos pequenos grupos sociais, pensando o "grupo" como uma intermediação entre o "indivíduo" e a "massa"; ⚫Na Psicologia, o estudo sistemático dos pequenos grupos sociais, busca compreender a dinâmica dos mesmos, tendo início na década de 30 e 40, com Moreno e Kurt Lewin; ⚫Moreno inicia com o "teatro da espontaneidade" que depois vai levar ao Psicodrama.
  • 9. ⚫Na área de pesquisa cria a Sociometria para o estudo de relações de aproximação e afastamento entre as redes de preferência e rejeição, tanto nos grupos quanto na comunidade como um todo; ⚫Lewin cria o termo "dinâmica de grupo", que foi utilizado pela primeira vez em 1944; ⚫Não podemos esquecer que a preocupação com grupos, de Moreno e de Lewin aparecem em seguida às inovações tayloristas e fordistas que levam à elevação dos lucros mas também à deterioração das relações tanto dos operários entre si quanto em relação a chefias e patrões.
  • 10. ⚫Há uma tradição no estudo e na intervenção com pequenos grupos que privilegia o treinamento em busca da produtividade; ⚫Os especialistas em grupos se atêm a aplicação de técnicas grupais que desenvolvem a cooperação entre os participantes e não levam o grupo a se autocriticar e buscar o seu caminho para o funcionamento, pois uma das possibilidades é não mais se constituir enquanto grupo; ⚫Neste caso, a constituição do grupo está a serviço da instituição, como instrumento de controle sobre os indivíduos.
  • 11. ⚫Em geral, os(as) autores(as), ao se referirem ao conceito de grupo, partem da descrição do mesmo fenômeno social: a reunião de duas ou mais pessoas com um objetivo comum de ação; ⚫O que difere é a leitura que os mesmos fazem do processo de constituição do grupo e do entendimento da finalidade do mesmo; ⚫Lewin centra a sua definição de grupo, na interdependência dos membros do grupo, onde qualquer alteração individidual afeta o coletivo.
  • 12. ⚫Lewin demonstra uma preocupação em buscar o "grupo como um ser" que transcende as pessoas que o compõem; ⚫Há uma visão de um grupo "ideal", aquele marcado por uma grande coesão.
  • 13. ⚫Pontos importantes para o estudo de pequenos grupos sociais: ⇒ o contato entre as pessoas e a busca de um objetivo comum; ⇒ a interdependência entre seus membros; ⇒ a coesão ou espírito de grupo que varia em um contínuo que vai da dispersão até unidade.
  • 14. ⚫Podemos dizer, que de acordo com o referencial de homem e de mundo que os cientistas sociais assumem, vai variar o entendimento, o sentido e a explicação que os mesmos vão dar em relação ao grupo e aos processos grupais; ⚫Lane (1986) enfatiza que a função do grupo é definir papéis, o que leva a definição da identidade social dos indivíduos e a garantir a sua reprodutividade social.
  • 15. ⚫O grupo também pode ser visto como um lugar onde as pessoas mostram suas diferenças; ⚫Onde as relações de poder estão presentes e perpassam as decisões cotidianas, onde o conflito é interente ao processo de relações que se estabelece; ⚫Onde há uma convivência do diferente, do plural; ⚫Num confronto de idéias, buscando conciliar apenas o conciliável, deixando claro as individualidades, o diferente; ⚫A importância de afirmar que as pessoas são diferentes, possuem e pensam valores diferentes.
  • 16. ⚫Enrique Pichon-Rivière (1907 – 1977), foi um psiquiatra e psicanalista argentino de origem suíça, que contribuiu muito com o questionamento que levantou sobre a psiquiatria e a questão dos grupos em hospitais psiquiátricos, cria a técnica dos grupos operativos;
  • 17. ⚫Pensar o grupo como um projeto, como um eterno vir-a-ser; ⚫Pensando como Sartre e Lapassade (1982): ⚫Este processo é dialético; ⚫Constituído pela eterna tensão entre a serialidade e a totalidade; ⚫Há uma ameaça constante da dissolução do grupo e a volta à serialidade, onde cada integrante assume a firma a sua individualidade sendo mais um na prensença dos demais; ⚫Ao mesmo tempo há uma busca constante pela totalidade, dando sentido a relação estabelecida.
  • 18. ⚫A constituição do grupo em processo pode requerer a presença de um profissional – técnico em processo grupal; ⚫O trabalho do mesmo será auxiliar a que as pessoas envolvidas na experiência pensem o processo que estão vivenciando; ⚫O se pensar não cada um individulamente, mas cada um participando de um mesmo barco que busca estabelecer uma rota. ⚫Talvez o porto não seja seguro, porque não existe um destino final, e quando isso acontece o grupo se dissolve e o processo acaba.
  • 19. ⚫Enquanto o grupo persiste é um constante navegar; ⚫Um constante questionar a rota; ⚫Um aprender a conviver com a insegurança e com a incerteza; ⚫Talvez uma mudança de rota devido a avaliação do trajeto já percorrido e do que falta; ⚫Enfim, há uma preocupação em centrar na tarefa e tornar explicítas as questões implícitas que estão dificultando a realização da tarefa pretendida, ou que a estão facilitando. ⚫Esta é uma maneira de o grupo se tornar sujeito do seu próprio processo; ⚫Os integrantes da experiência terão condições de tomar decisões de forma mais lúcidas.