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Cartilha da Solidariedade (esboço)
“A vida é uma união simbiótica e cooperativa que permite o triunfo aos que se associam" – Lynn Margulis
Há uma frase sempre atual: “Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. Ela é
atribuída à M. Lobato e a Mário de Andrade, contudo seu autor é o naturalista francês Saint Hilaire e a
saúva encontra-se mais íntima aos brasileiros e a humanidade do que se possa imaginar.
Na humanidade sobressai-se um grupo seleto de seres vivos (cupins, abelhas, formigas, toupeiras e
suricatos), também seres ultrassociais, todos pela característica mais marcante: a necessidade de
transformar o ambiente para a produção de alimentos e energia, embora ela vá além ao dominá-lo.
Atividades que hierarquizam a divisão de trabalho e capacidade de fazer prisioneiros, escravos ou
estabelecer parcerias vantajosas e estratificar o poder (organização, ambição e egoísmo).
Antes éramos apenas nômades, até desembarcar na agricultura, que molda a humanidade à sua feição
(gregário, crente, místico, prolífico, isolado, comunitário, independente e autônomo, subordinado)
formando comunidades fraternas pela crença, língua e raça criando a identidade que desemboca no Estado
Nacional, onde o termo amizade era de significado pessoal, já a amizade coletiva era a solidariedade,
herdada do pixurín tupi-guarani que originou o (pixurum, mutirão e mixurão). A industrialização impôs
a lenta e inexorável individualidade e necessidade social e econômica de geração e acúmulo de riquezas.
A escala de valores da sociedade industrial exige um sistema de educação, comportamento diferente
com outra moral e ética a cada dia mais fora da natureza, e abstrata tornando os critérios e parâmetros da
sociedade agricultora insustentáveis, contudo ela é imprescindível por sua capacidade de transformar o Sol
em Alimento, ainda não totalmente atingido como indústria. Veja na Wikipédia a definição de Food
Industry, traduza...
A Justiça social só pode ser definida a partir de fatos concreto da “injustiça social” e para alguns ela
corresponde à “justiça distributiva” de Aristóteles diferente à “justiça comutativa” (cega) que se aplica aos
iguais. Justiça social balizador do contrato do Estado de Bem-Estar para garantia da liberdade e igualdade
(fraternidade) de oportunidades e opções coletivas entre humanos nas suas relações na agricultura, comércio
e manufatora quanto à riqueza, sua estabilidade, cada dia mais precária pelo avanço industrial (científico
tecnológico), atualmente totalmente rota pelo sistema financeiro internacional.
O auxílio da física ajuda a discernir: em ótica sabemos que o branco é a soma de todas as cores e o
preto a ausência de cor. A variação entre esses extremos permite infinitos tons de cinza, mistura dos
extremos, que pedagogicamente podem ser separados entre a disputa do poder do criador da riqueza
(agricultura-comércio) e o poder (manufator-industrial) intermediado pelo comércio, agente do poder
financeiro (supremo).
O concerto entre ambos os extremos determina o valor do trabalho e distribuição da riqueza como
ideologia do poder (financeiro). Para o capital quanto maior sua concentração e estratificação menor deve
ser a interferência da justiça social, pois isso acelera a perfeição ultrassocial (eugenia mercantil), enquanto a
inversa é o socialismo Fabiano1
(eugenia ética).
Neste diapasão a gestão da justiça social fica minuto a minuto mais frágil pelos conflitos entre os
extremos, embora sua existência esteja garantida pela necessidade de liberdade e igualdade, mesmo que
aparente como ocorre nas ditaduras.
A aplicação do capitalismo desde Assíria, Babilônia permite sua evolução com mecanismos cada vez
mais sofisticados para satisfazer seu desenvolvimento e crescimento. Dia a dia tons de cinza que pertenciam
à ideologia do socialismo Fabiano são incorporados pelo capitalismo através do mercado e anunciados ao
mundo como sua virtude e benevolência (cotas e consumo).
A “água” e o “ar’ são os elementos mais indispensáveis à vida. No tempo dos bisavós, negar água ao
viajante era um desrespeito, ultraje e má educação. Hoje pedir água é o desrespeito e ultraje, pois a venda
(ou outorga) de água nos acompanha mesmo nas mais remotas tribos da Amazônia ou interior da África e
Ásia; nos aviões ou na China já há “ar purificado” para a primeira classe ou elite dirigente, respectivamente.
O termo “justiça social” tão pujante até as primeiras décadas do Século XX inexiste no corolário dos
governos periféricos no Século XXI sem espaço ideológico. Eis a necessidade de um novo neologismo,
disfarce para reorganizar a relação de poder e manter o equilíbrio social.
20 de janeiro de 1949 o presidente Harry Trumann em seu discurso de posse usou pela primeira vez
o advérbio “desenvolvimento”, antes usado somente na embriologia e com significado concreto. Hoje
podemos dissecar sob a ótica da justiça social, diplomacia, política, religião o que significou o termo
subdesenvolvido...
Isso são águas e ares passadas, pois entre 1986 e 1994 nas tratativas da Rodada Uruguai para a nova
Ordem pós-GATT (OMC) vimos surgir o neologismo “sustentabilidade”. Em 2000 fizemos nossa Cartilha
da Sustentabilidade, que foi distribuída na Extensão da UFRGS, pagamos um preço alto pela ousadia, mas
não há arrependimento, ao contrário apenas luz. Segue:
- Paiê, o que é sustentabilidade? E o pai,
burguês, lendo jornal dos Esportes, cai de costas.
[atenção: ver as charges 17ª e 19ª]
A palavra da moda para políticos, religiosos,
governantes e formadores de opinião é sustentabilidade.
É um termo novo, até há pouco desconhecido e sem
definição nos dicionários.
Muitos pensam que a sustentabilidade está ligada à
questão do meio ambiente, outros, com a evolução da
economia ou racionalização de energia. Alguns afirmam
que ela tem ligação direta com o equilíbrio. Há também
os que a relacionam com a espiritualidade e a consciência. Embora todos estejam com razão, são
necessários mais elementos, para construir a compreensão do que seja sustentabilidade.
Hoje existem mais de 190 diferentes definições de sustentabilidade, pois este é o de número países nas
Nações Unidas e cada um deles tem pelo menos a sua definição oficial.
A economia internacional, no final do Século XIX, estava insustentável. Os Estados Nacionais
autônomos imediatamente formaram blocos para um enfrentamento inevitável, a Primeira Guerra
Mundial. Ela durou cinco anos, e o armistício* não solucionou o problema.
Em 1939 começou a Segunda Guerra Mundial, mais encarniçada e tecnológica. Ante a evidente vitória
dos "aliados", foi realizada, em setembro de 1944, em São Francisco, uma reunião para a criação da
Ordem Econômica, após o final do conflito. Ela ocorreu na cidade de Bretton Woods, na Califórnia, e ali
nasceram as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o GATT*, a vigorar
logo após o fim do conflito entre os países alinhados às nações aliadas autônomas. Era a organização de
uma nova "sustentabilidade", para o comércio do mundo. Os empréstimos, agora, podiam ser de empresa
privada para Estado Nacional e o dólar passava a ser a moeda internacional.
*
General Agreement for Trade and Tariffs (Acordo Internacional de Comércio e Tarifas).
Vem chegando a era do Biochar, para nós o “picumã” há muito tempo presente nas roças e roçados.
Dona Ana Marie Primavesi ao tocar os solos tropicais logo expressou que o solo nunca poderia ficar
descoberto e que a lavra pesada seria um desastre para o meio ambiente e saúde de seus filhos e filhas. ‘A
biomassa, ecológica, é a agregação de todos organismos vivos, de micróbios a planta e animais. Presente em
um ecossistema e parte do ciclo do carbono ativo’ (PINHEIRO, 2018).
A Comissão Bruntland tem o mérito de incluir uma definição de desenvolvimento sustentável como
“Satisfazer as necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às
suas”. A sustentabilidade abrande as preocupações com a capacidade de carga e a resiliência nos sistemas
ambientais, sociais e econômico e suas inter-relações (PINHEIRO, 2018).
O termo herbivoria2
trata do conhecimento sobre a relação entre saúvas e natureza e foi criado
recentemente diante da ineficiência dos formicidas para o controle dos insetos, mas isso demorará meio
século para chegar ao mercado.
Agora, sem ingenuidade podemos adentrar ao neologismo “Solidariedade” recordando que a
palavra surge de uma ação estratégica entre Thatcher, Reagan e Papa J. Paulo II para soçobrar o bloco
soviético de economia capitalista de Estado, onde já não havia justiça social, apenas a comutativa.
Uma das grandes ações naquela Europa e mundo divididos foram criar um sindicato na Polônia
comunista (ocupada desde 1939). Ele recebeu o nome de “Solidariedade” (Lech Walesa). Logo o país
“comunista” transformou-se em uma ditadura militar ao estilo latino-americano. Em nove anos a Alemanha
foi reunificada e a URSS dissolveu-se dois anos mais tarde.
Em 1992 no Rio de Janeiro foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento (CNUMAD) e sua paralela de ONGs, a Eco-92. Em ambas a discussão “induzida e
manipulada” em nosso inconsciente era sobre o valor sonante da biodiversidade e a necessidade de sua
sustentabilidade econômica, onde a “Agenda XXI” era o vade-mécum da nova “justiça social” em seus 40
capítulos [Cap. 2 Acelerar o Desenvolvimento Sustentável; 3 Combate à pobreza; 4 Demografia e
Sustentabilidade;... 15 Conservação da Biodiversidade; 16 Manejo ambientalmente saudável da
Biotecnologia (?); 33 Recursos e Financiamento; 34 Transferência de Tecnologia ambientalmente saudável;
38 Arranjos institucionais internacionais].
Não é estranho não haver nela qualquer referência ao termo “justiça social”, mas o item 3 é combate
à pobreza e no da biodiversidade diz que os indígenas e povos das selvas devem ser remunerados.... O que
subentende que a globalização imporá sua “justiça social” e que seu nome será: “Solidariedade” tão objeto
quanto foi na bacia do rio Vístula3
.
Logo, o prócer da ditadura Senador Marcos Maciel vai capitanear um grupo de políticos e
tecnocratas para criar a segurança da biodiversidade através da Lei de Biossegurança e ninguém discute a
quem interessa aquele tipo de diploma legal. Na mesma época começa a discussão da Lei de Populações
Tradicionais. Os itens 33 e 38 da Agenda XXI explicam e permitem perceber que nos países sérios
telefonemas e e-mails públicos são gravados para registrar pleitos e pressões contra a justiça social. Ambas
as leis são mutiladas através de vetos por interesse de grandes corporações e depois moldadas no interesse
do poder financeiro através de Medidas Provisórias de justiça cumulativa, com nova festejada redação
vaidosa mantendo o conteúdo e continente determinado pelo poder financeiro internacional...
Desde 1992 o neologismo “solidariedade” vem se consolidando em poderoso segmento de Terceiro
Setor na economia, o que permite perguntar: em economia não há espaço para ética, mas há a necessidade de
“solidariedade” através de relação mercantil por existir o Estado de Bem Estar Social apenas no discurso e
propaganda, pelo que ela passa a ser bandeira político partidária.
Faço a tradução da Wikipédia (nova língua) diz: A economia solidaria é uma forma de produção,
consumo, e distribuição de riqueza (ou seja, um tipo de economia), centrada na valorização do ser humano
e não na priorização do capital. Promove a associatividade, a cooperação e a autogestão, e está orientada
à produção, ao consumo, e à comercialização de bens e serviços, de um modo principalmente em
autogestão, tendo como finalidade o desenvolvimento ampliado da vida. Preconiza o entendimento do
trabalho e no trabalho, como um meio de liberação humana, no marco de um processo de democratização
econômica, criando uma alternativa viável à dimensão geralmente alienante e assalariada do
desenvolvimento do trabalho capitalista.
Algumas precisões
"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa
sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível". - Thomas Jefferson
A definição rigorosa de "economia solidária" foi e é sujeita a controvérsias. Para alguns, este
concepto se refere às estratégias de atuação que apontam à abolição o ao menos à radical modificação do
capitalismo como sistema econômico predominante, assim como à eliminação ou modificação das relações
sócio-laborais opressivas que a estrutura organizativa atual apóia e promove. Em troca para outros, o
conceito refere-se e engloba as estratégias para a "humanização" da economia capitalista, tomando em conta
problemáticas tais como poluição ambiental e degradação dos solos (contaminação, erosão),
narcotráfico, violência familiar e social, corrupção, sub-ocupação, marginalização e pobreza, contrabando,
evasão fiscal, etc. complementando a globalização econômica com o desenvolvimento de uma comunidade
baseada nas “redes sociais de segurança e ajuda”.
Para outros, a "economia solidaria" situa ao centro valores tais como solidariedade, cooperação,
ajuda mutua, reciprocidade, eqüidade, responsabilidade participativa, cuidado com o meio ambiente,
nutrindo-se tanto da necessidade pessoal e familiar, como da convicção íntima de querer que em nível geral
e comunitário as coisas funcionem melhor (e assim se introduz uma inclinação ou fator importante, pois na
economia tradicional e salvo casos isolados, é o Estado quem deveria se ocupar do interesse geral quase
exclusivamente, enquanto as empresas e seus empresários principalmente se deveriam ocupar do lucro e da
acumulação, com certa independência ou indiferença do que possa ocorrer ao meio ambiente e/ou a
terceiros). Igualmente, para outros, é um movimento de idéias que introduz um novo paradigma
interpretativo das relações sociais, e uma nova forma de praticar e entender o trabalho e a economia.
Por último, também corresponde ressaltar que para outros, a "economia solidaria" resulta importante
não somente porque em alguns casos se satisfaz necessidades humanas de uma maneira más respeitosa com
a sustentabilidade e com o meio ambiente, senão porque ademais e a efeitos de incentivar os intercâmbios
multilaterais e multi-temporais (intercâmbios escalonados no tempo entre vários atores econômicos), se
introduz de fato novas espécies de moeda ou novas formas de contabilizar equilíbrios (essas unidades as
vezes chamadas pontos, horas, jornais básicos, unidades-base, unidades alternativas, créditos, tickets-troca
etc.), controlados ditos numerários diretamente pelas próprias forças sociais e não pelo Estado nem pelas
entidades bancarias, e uma de cuja particularidade é que nesses âmbitos não só se aplica os conceitos de
interesse compensatório ou interesse punitivo.
Todo o dito, com suas incertezas, suas dualidades, e suas complexidades, contribuem dando
à "economia solidaria" um perfil bastante concreto e bastante amplo, convocando especialmente a quem
pensa que se necessitam novas modalidades de produção, distribuição, consumo, poupança, e intercambio,
para por um lado defender o interesse geral e o meio ambiente, e por outro lado dar soluções concretas a
setores atualmente desfavorecidos da sociedade, e avançando assim para sociedades e economias mais
justas, mais humanas, mais solidárias, mais preocupadas tanto pelas atuais como pelas futuras gerações e
também mais racionais e equitativas no que concerne ao trabalho e emprego.
La "economia solidária" ou "economia de solidariedade" pode ser vista: (a) como a parte do
"setor terciário" onde a atividade econômica está também orientada a expressar solidariedade prática com as
pessoas e famílias, o que contrasta com o "setor privado" onde a atividade econômica está principalmente
orientada a gerar lucros, e o que também contrasta com o "setor público" onde a atividade econômica é
orientada por objetivos de política pública, ou (b) como atividade que procura construir uma economia e
uma cultura de solidariedade, que transcende os efeitos do capitalismo presente e convive com este.
O termo "solidarity economy" é a tradução direta ao inglês do termo francês "économie
solidaire", expressão que as vezes também é traduzida como "solidarity-based economy". Em espanhol,
os termos equivalentes seriam "economía solidaria", "economía de solidaridad", "economía a base de
solidaridad", e "economía en base a solidaridad".
Origem
Perfeitamente pode se dizer que a economia solidária tem sua origem na Primeira Revolução
Industrial, como reação dos artesãos expulsados dos mercados devido principalmente ao advento de
procedimentos da automatização. Até o limite entre os séculos XVIII e XIX, surgiram na Grã-Bretanha os
primeiros Sindicatos – Uniones de Ofícios - (em inglês Trade Unions), bem como as primeiras cooperativas.
Com efeito, com a fundação da chamada Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale (em inglês, The
Rochdale Society of Equitable Pioneers), na cidade de Rochdale (noroeste da Inglaterra) em 1844, o
cooperativismo de consumo pouco a pouco se consolidou gradualmente, dando lugar primeiro para grandes
empresas (empreendimentos) na Europa, para logo se espalhar para outros continentes.
Mas certamente, desde uma visão intercultural, pode afirmar se que práticas econômicas fundadas
em princípios de solidariedade e equidade, existiram em todos os continentes, e certamente muito antes da
Revolução Industrial. Práticas solidárias milenares no campo econômico, fez muito que foram reconhecidas
e estudadas em diferentes culturas, como um elemento fundamental de agregação, coexistência, e integração
social, ao interior de diferentes comunidades humanas. Por tanto, identificar a economia
solidária unicamente com as vertentes dos movimentos europeus, seria um claro equívoco, per si se
aprofundar na história, pode-se encontrar expressões econômico-solidárias tanto na América Pré-
colombiana, como entre los povos africanos ou asiáticos, e como também em antigos povos europeus. A
expressão economia solidária, foi cunhada na última década do século XX ([Laville-2009], pág. 162-168),
mas isto é um detalhe, pois é somente uma questão de nomenclatura.
Conceito
A economia solidária é uma forma específica de organização e de estrutura operativa das atividades
econômicas em um determinado âmbito, e que no essencial se caracteriza pela autogestão, ou seja, pela
autonomia de cada unidade ou empreendimento, assim como pela igualdade e equiparação entre seus
membros.
Existem diferentes autores que se dedicam a conceitualizar as economias solidárias, sendo Paul
Singer4 e Euclides André Mance5 dois de seus principais intérpretes.
Por outro lado Singer propõe que a economia solidária seja
uma estratégia possível de luta contra as desigualdades sociais e o
desemprego: "A construção de una economia solidária é uma dessas
estratégias alternativas, que aproveita as mudanças nas relações de
produção e de trabalho provocados pelo grande capital, para lançar
e promover os fundamentos de novas maneiras de organizar a
produção e os intercâmbios, com base em uma lógica muito diferente
daquela que rege em um típico mercado capitalista. Tudo leva a
pensar que a economia solidária permitirá, ao cabo de alguns anos,
dar a muitos a oportunidade de ingressar à produção por conta própria (no individual, ou no coletivo
através por exemplo de una cooperativa), embora hoje as possibilidades que eles teriam de conseguir um
emprego fossem muito remotas...”([Singer-2002], pág. 138).
No que diz respeito a Euclides Mance, o conceito de economia
solidária vai ainda mais longe, já que à geração de numerosos postos de
trabalho, agrega a ideia de colaboração solidária, orientada à construção
de uma sociedade pós-capitalista, em onde se garantiria uma passagem
razoável e sem maiores prejuízos a todas as pessoas: "...consideramos
la colaboração solidária como trabalho e consumo compartilhados, cujo
vínculo recíproco entre as pessoas, se encontre primeiramente
caracterizado em um sentido moral de corresponsabilidade da marcha da sociedade em seu conjunto, e do
bem viver de todos e cada um de seus integrantes, buscando ampliar ao máximo possível, o exercício
concreto da liberdade pessoal e pública..." (veja que nesta definição, se introduz no destaque, o conceito do
exercício humano da liberdade) ([Mance-1999], pág.178).
Nos inícios do capitalismo, o modo aplicado case considerava que o empregado era uma espécie de
propriedade do empregador, já que o grau de dependência do primeiro respeito do segundo era muito forte,
separando-o completamente dos meios de produção e das ferramentas que utilizava, o empurrando assim de
qualquer esboço ou forma de economia solidária. Ainda na linguaje se plasmava esta concepção, já que
reiteradamente se falava então de recursos humanos e materiais, passando assim a força de trabalho a ser um
recurso mais, no mesmo nível que los meios de produção e que as matérias primas ou insumos. Pelo
contrario, o conceito base na economia popular solidária é bem distinto, pois se refere ao “conjunto de
empreendimentos produtivos de iniciativa coletiva, com certo grau de democracia interna, e que trata ao
trabalho e ao trabalhador em uma forma privilegiada em comparação com o capital, seja em um ambiente
rural, ou seja em um ambiente urbano ou suburbano. Depreciar a formação de empreendimentos
alternativos aos padrões usuais capitalistas normalmente aceitados, objetivamente falando, é uma forma de
aumentar e promover falências sociais de todo tipo e desemprego. (...) Os empreendimentos de economia
solidária, potencialmente encontram no trabalho coletivo e nas motivações dos trabalhadores, uma
importante fonte de competitividade e de eficiência, hoje em dia reconhecida inclusão até pelo capitalismo
contemporâneo. No fordismo pelo contrário, e assim expondo outro caso, a competitividade é obtida
através das economias de escala, assim como através de una crescente divisão e especialização no
trabalho, associada a linhas produtivas rígidas – automatizadas ou não –, o que em vários aspectos resulta
em ser alienante e embrutecedor para o operário.” ([Gaiger-2002], pág. 64)
Para Paul Singer, a definição da economia solidária considera muito especialmente as relações
entre o trabalhador e os meios de produção, já que dentro da empresa solidária se considera que os
trabalhadores são os proprietários de todos ou da maioria dos meios de produção. (...) A empresa solidaria
basicamente é dos próprios trabalhadores, e por isso, sua finalidade principal não é maximizar o lucro do
empreendimento, e sim a quantidade e qualidade do trabalho”. ([Singer-2002], pág. 4)
A economia solidária se apresenta como una reconciliação do trabalhador com os meios de
produção, e proporcionando, segundo [Gaiger-2003], uma experiência profissional fundamentada na
equidade e na dignidade, durante a qual ocorre um enriquecimento desde o ponto de vista cognitivo e
humano. Com as pessoas mais motivadas, a divisão dos benefícios aceitada pelos associados está
fundamentada na solidariedade: “o interesse dos trabalhadores em garantir o sucesso do empreendimento,
estimula um maior empenho de cada qual com o processo produtivo, assim como com a minimização tanto
de desperdícios e descartes como de tempo ociosos; a qualidade do produto ou do serviço gerado é
fundamental, ademais de inibir o ausentismo e a negligência” ([Gaiger-2002], pág. 34).
Por tanto, um dos conceitos que está intrinsecamente ligado à realização de um empreendimento
solidário, é o de desenvolvimento local. Com a tendência a aumento do rendimento do trabalho associado, é
necessário promover o desenvolvimento local tanto no aspecto econômico como no social, entendendo que o
mesmo se define como o “processo que mobiliza pessoas e instituições, buscando a transformação da
economia e da sociedade local, criando oportunidades de renda e de trabalho, superando dificuldades para de
uma forma ou de outra favorecer a melhora das condições de vida da população local” (Jesus, en: [Cattani-
2003], pág. 72).
Segundo [Gaiger-2002], quatro características econômicas estabelecem o modo de produção
capitalista: produção de mercadorias com o único objetivo da comercialização; separação entre os
trabalhadores e os meios de produção; transformação do trabalho em mercadoria, através do empregado
assalariado; existência de lucro e de acumulação de capital, por parte do empregador e proprietário dos
meios de produção.
Uma das principais características do modo capitalista, é a de gerar desigualdades e de combinar
possibilidades: neste contexto, uma parte dos trabalhadores indubitavelmente tem êxito através da
especialização e de bons salários, enquanto outra parte dos trabalhadores perdem suas qualificações, e com o
tempo incluso se tornam miseráveis ([Singer-2004]). Esta situação é resultado da competência, que ao
contrário do que em uma primeira instância poderia pensar sobre, não é antagônica da cooperação (ambas
sempre coexistem, e o que realmente caracteriza um modo de produção, é a predominância de uma ou da
outra). Em efeito, quando a competição se sobressai em relação à cooperação, a tendência é a exclusão
daqueles que por una razão ou outra fracassam ou não se encontram aptos. Em contrapartida, quando a
cooperação é a que predomina, se estabelece um ambiente muito tolerável e igualitário, envolvendo então
possíveis processos de recuperação de economias empobrecidas (Myrdal, en: [Arroyo-2008]).
A economia solidária, segundo Wautier (em: [Cattani-2003], pág. 110), está orientada desde o
ponto de vista sociológico, e « acentua as noções de projeto, de desenvolvimento local, e de pluralidade das
formas de atividade econômica, tendo muito especialmente em conta a "utilidade pública" (sob a forma de
serviços diversos), destinados, principalmente mas não exclusivamente), a população carente ou excluída».
Se puder dizer também que aa economia solidária está fundada em relações nas quais as práticas de
solidariedade e reciprocidade não são utilizadas como meros dispositivos compensatórios e/ou
redistributivos, e sim como fatores determinantes na realidade da vida material e social.
Organização e estratégias
Os empreendimentos da economia solidária buscam implementar soluções coletivas de gestão,
democráticas e autogerida. As decisões mais importantes tomadas neste âmbito, estão acostumadas a serem
tomadas em assembleias de sócios, em onde rege o princípio "cada sócio um voto", para que assim se
considere a todos os sócios equiparados uns com outros, sem que importe a função ou a posição
administrativa ou a antiguidade de cada sócio no empreendimento.
Dentro dos instrumentos usados para facilitar a comercialização dos produtos e serviços dentro de
uma economia solidária, como alternativa para a contabilização dos intercâmbios assim como com certas
finalidades específicas, se utiliza uma determinada e própria moeda social ([Soares-2009], págs. 255-259).
Economia solidaria na Europa
Com as revoluções de 1848, surgiram na França cooperativas de produção a partir de
empreendimentos capitalistas abandonados por seus donos. E, a partir de 1850, foram criadas na Prússia as
primeiras cooperativas de crédito urbanos (por Schulze-Doitsch) e rurais (por Friedrich Wilhelm Raiffeisen).
Durante a segunda metade do século XIX e a maior parte do século XX, o cooperativismo se
difundiu e adquiriu considerável poderio econômico. As grandes cooperativas singulares e federadas (de 2º
grau, 3º grau, e superiores) se empenharam em disputar mercados com os grandes conglomerados
capitalistas, e através deles acabaram assimilando seus métodos de gestão. E no caso das cooperativas de
consumo, a administração passou a ser dominada principalmente por professionais assalariados, e então,
com frequência os sócios foram assimilados a meros clientes.
Com a revolução da informática o revolução digital, cuja grande decolagem podemos concertá-la
com o desenvolvimento e consolidação da Internet (geralmente fixada nos anos 1980 ou princípios dos anos
1990), a exclusão de grande número de trabalhadores do mercado de trabalho voltou se a repetir, o que
gerou o surgimento de um novo cooperativismo, muito mais próximo de suas origens históricas. Novas
formas institucionais de autogestão foram então se desenvolvendo, passando a ser conhecidas como a
etiqueta genérica da "economia solidária".
Economia solidária no Brasil
O movimento de economia solidária cresceu muito rapidamente, não somente na Europa como
também no Brasil e em outros países.
No contexto brasileiro, o crescimento se deve a fatores variados, entre os que corresponde destacar a
crescente rejeição de trabalhadores e trabalhadoras à exclusão social e ao desemprego urbano, assim como à
desocupação rural, todos eles possivelmente resultante da expansão agressiva dos efeitos negativos da
globalização e dos tipos de produção capitalistas. Tal resistência e tal rejeição, se manifesta primeiramente
como luta pela sobrevivência, através da conformação de um crescente mercado informal, onde florescem
iniciativas de economia popular tais como distintos tipos de vendedores ambulantes (em português também
camelôs, marreteiros e flanelinhas; em espanhol, buhoneros, vendedores callejeros, vendedores de carritos,
vendedores de artesanías e antigüedades, ropavejeros, lustra-botas, cuida-coches, limpia-
vidrios, malabaristas e ambulantes), assim como empreendimento vários de caráter individual ou familiar.
Com a articulação destes diversos atores, a resistência e a luta pela sobrevivência também se manifesta em
forma de certas iniciativas associativas e solidárias, que apontam para alternativas estruturais de organização
da economia, baseada em valores como a ética, a equidade, e a solidariedade, e não somente baseado em um
lucro imediato e em una acumulação indiscriminada.
Na última década, no Brasil, assistiu ao crescente desenvolvimento da economia solidária em
quanto movimento – ou seja, ultrapassando as simples iniciativas isoladas e fragmentadas no que por
exemplo respeita a inserção em cadeias produtivas e em articulações com o entorno, e incluso aspirando a
ser empreendimento nacionais e/ou traduz se em desenvolvimento de redes sociais ou em plataformas de uso
genérico. Esta tendência dá um salto considerável a partir das realizações do chamado Fórum Social
Mundial, espaço privilegiado onde diferentes atores (entidades, investigadores, ativistas sociais, etc.)
reflexionam e planificam nela área económico-social, o que entre outras coisas impulsionou la criação de
una Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES). Simultaneamente com a criação dessa
Secretaria, na “III Plenária Nacional de Economia Solidária” foi criado o chamado “Fórum Brasileiro de
Economia Solidária' (FBES). A criação destas instâncias, adicionado ao fortalecimento da área da economia
solidária ao interior do já citado “Fórum Social Mundial”, consolidou o interesse por esta temática
praticamente em todo Brasil.
Atores do movimento brasileiro de economia solidária
O “Fórum Brasileiro de Economia Solidária” tem sido estruturado de forma de garantir a articulação
e o desenvolvimento em três segmentos ou áreas: empreendimento solidários, entidades de assessoria e
fomento, e gestores públicos.
Empreendimento econômicos solidários (EESs)
Denominamos empreendimento solidários às diversas formas concretas de estruturação da economia
solidária. Estes empreendimento solidários são os principais protagonistas do FBES, e são os que mais
ativamente participam nos níveis de decisão desse fórum.
Corresponde citar aqui alguns tipos de iniciativas concretas de economia solidária, para assim
melhor perceber a magnitude e a heterogeneidade destes empreendimentos: cooperativas, associações
populares, grupos informais (de produção, de serviços, de consumo, de comercialização, e inclusão de
crédito solidário, tanto no âmbito urbano como rural); empresas recuperadas de autogestão (antigas
empresas capitalistas falidas recuperadas pelos trabalhadores); agricultores familiares; fundos solidários e
rotativos de crédito (organizados sob diversas formas jurídicas, e também informais); clubes de intercâmbios
solidários (com ou sem uso de moeda social ou de moeda comunitária); ecovilas; redes de articulações de
comercialização e de cadeias produtivas solidárias; centros de comércio justo; agências de turismo solidário;
entre outras. Os empreendimentos solidários se caracterizam por basear-se em princípios e valores contidos
na “Carta de Princípios da Economia Solidária”, onde se destacam o exercício da autogestão, assim como a
formação de grupos supra-familiares.
Quando se trata de um empreendimento econômico solidário de produção, seu capital será
constituído por cotas, distribuídas por igual entre todos los membros, que desta forma, se transformam em
sócios do empreendimento. O princípio geral de la autogestão, é que todos os que ali trabalham sejam donos
do empreendimento, e que ademais, todos los donos do empreendimento trabalhem no mesmo.
Existem empreendimento solidários produtivos nas áreas econômicas mais diversos, e são
associações ou cooperativas agropecuárias ou agroindustriais, de transporte, de artesanato, de reciclagem de
resíduos sólidos, de educação escolar, de hotelaria, etc.
Exemplos de empreendimentos solidários de consumo são as cooperativas de consumo, as
cooperativas de vivendas, as cooperativas de crédito e mútuas de seguros gerais, ou de seguro de saúde, ou
clubes de intercambio, etc. No âmbito da economia solidária, o conceito de cliente - típico de la economia
capitalista - é substituído pelo conceito de sócios do projeto ([Arroyo-2006], pág. 21).
Gestores públicos
Os gestores públicos, formados por representantes de governos municipais e estaduais, que tenham
em sua gestão programas explicitamente orientados à economia solidária. Este segmento se faz representar
nacionalmente por uma rede de gestores públicos, que atuam como 'Coordenação Nacional do FBES'.
Entidades de assessoria e fomento
As entidades de assessoria e fomento da economia solidária normalmente se organizam em forma
de associações sem fins lucrativos (ONGs), o como órgãos universitários (incubadoras tecnológicas e grupos
de extensão), e prestam serviços de apoio e fomento a empreendimentos solidários, seja através de
atividades de formação (tanto técnica como econômica e política), seja como apoio direto (em estruturas,
assessoria, consultoria, elaboração de projetos e/ou oferecimento de créditos), para assim propiciar a
incubação e a promoção de empreendimentos e de micro-empreendimentos.
A “Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade de São Paulo” é um exemplo
de entidade de fomento, que se une a dezenas de outras incubadoras universitárias brasileiras.
Uma indiana vestido a caráter falando
para uma plateia [atenção a mesma da
charge 14º]: "Sejam a mudança que
vocês querem ver no mundo". Por trás
a imagem gigantesca do espírito de
Gandhi sorrindo.
A sustentabilidade do império
denomina-se “Consenso de
Washington”. Agora, em recessão
econômica, enfrentando uma forte
União Européia e um potente Mercado
Comum Asiático, eles querem
antecipar o Acordo de Livre Comércio
Americano – ALCA -, única saída para
sua crise.
A resposta de Gandhi (“Satyagraha”), na mesma conjuntura, foi civilizatória, pois os valores humanos e
sociais, como por exemplo, a sustentabilidade da qualidade de vida, não podem ser encontrados em nenhum
mercado, mas em qualquer esquina.
"Não seria para estar satisfeitos se um dia
contemplássemos um mundo onde não restasse nada de
vida natural; (...) Se a Terra tem que perder essa grande
porção de beleza por causa do crescimento ilimitado da
riqueza e da população, para suportar uma população mais
ampla e também menos feliz, então sinceramente espero
que os partidários do estado progressivo se conformem
com ser estacionários, muito antes que a própria realidade
os obrigue a isso pela força." John Stuart Mill
Em um estudo de Economia, ou melhor Metaeconomia, que leva em conta as pessoas, E. F.
Shumacher cunhou algo de muito importância na década de 70 e que aliás está muito mais claro hoje: O
negócio é ser pequeno (small is beautiful). ‘O homem moderno não se experencia a si mesmo como uma
parte da Natureza, mas como uma força exterior destinada a dominá-la e a conquistá-la. Ele fala mesmo de
uma batalha contra a natureza, esquecendo que, se ganhar a batalha, estará do lado perdedor. Bem maior é o
capital proporcionado pela Natureza e não pelo homem – e nem sequer o reconhecemos como tal. Esta parte
maior está agora sendo consumida em ritmo alarmante e por isso é um erro absurdo e suicida acreditar, e
agir em função desta crença, de que foi solucionado o problema da produção’; (...) essa ilusão se deve
principalmente à nossa incapacidade para reconhecer que o sistema industrial moderno, com todo seu
refinamento intelectual, devora a própria base sobre que se ergueu.
Câmara Cascudo um folclorista brasileiro nos trouxe que o Brasil não tem problemas mais soluções
adiadas, muito se evoluiu. ‘O crescimento econômico, que, encarado do ponto de vista da Economia, da
Física, da Química, e da Tecnologia, não tem limites discerníveis, defrontar-se-á necessariamente com
congestionamentos decisivos quando encarado pelo prisma das ciências ambientais – em suma, o
materialismo, não se ajusta a este mundo, por não conter em si qualquer princípio limitador, enquanto o
ambiente no qual está situado é estritamente limitado. O ambiente já procura dizer-nos que certas tensões
estão se tornando excessivas. À medida que um problema está sendo “solucionado”, aparecem dez novos
problemas resultantes da primeira “solução”. Como ressalta o Professor Barry Commoner, os novos
problemas não são consequências de insucessos casuais, mas do sucesso tecnológico’. “O dogma da
Sociedade Industrial é: os problemas de hoje trazem lucros ao necessitar correções amanhã”
(PANGEA, 2017).
Na sociedade de risco onde os AGROTÓXICOS & SOJA são símbolos intocáveis de uma máfia
onisciente e ao mesmo tempo onipresente, ‘o estado de desequilíbrio talvez não mais se aplique a pontos
específicos, por ter-se generalizado. Quanto mais se deixar este processo avançar, tanto mais árduo será
invertê-lo, se de fato não tiver sido já ultrapassado o limite de reversibilidade’. Um exemplo, é a água, que
para além das campanhas publicitárias globais de sua economia, “feche a torneira ao escovar os dentes”
ludibriando a massa, enquanto multinacionais como a Ne$tlé a privatiza, e o agronegócio a contamina
caindo por terra qualquer ‘certificação orgânica’. Mas hoje temos a Cromatografia de Pfeiffer em mãos
camponesas regenerando nossa sabedoria universal, desmoralizando qualquer certificação internacional por
aí... A água em nosso ‘Planeta Água’ não acabará, mais poderá ficar imprópria para o consumo imediato.
Keynes opinou que o progresso econômico só é alcançável se empregamos aqueles poderosos
impulsos humanos do egoísmo, a que a religião e a sabedoria tradicional universal nos convidam a resistir e
existir. ‘Um homem movido pela cobiça ou inveja perde a capacidade de ver as coisas como realmente são,
de vê-las em sua plenitude e integridade, e seus próprios sucessos viram derrotas’. O Produto Nacional
Bruto pode subir rapidamente, medido por estatísticas, mas não vivenciados por pessoas reais, que se sentem
oprimidas por crescentes frustações, alienação, insegurança e assim por diante.
As mulheres têm sido protagonistas em solucionar os mais elementares problemas da existência
cotidiana, junto a elas o problema da verdade espiritual e moral passa a ocupar posição central. Excluir a
sabedoria de comunidades autóctones da economia, ciência e tecnologia, foi algo com que a gente pode
arrumar-se por algum tempo, hoje é imprescindível, na luz de tanto conhecimento, a nos revelar que a
origem da sabedoria, descansa, nos olhos da onça pintada de uma anciã, aguardando pacientemente um
baixa do homo sapiens. São 10.000.000 de produtos xenobióticos inventado por químicos e multiplicados
pela indústria em que 27% se sabe a nocividade para o ser humano e meio ambiente, 78% não se sabe ainda
nada, mas os índices de cânceres anuais no Brasil vão chegar a 700.000 caso anuais, é só acompanhar
Instituto Nacional do Câncer.
São 50 anos de luta descortinando, entendendo e compreendendo e ligando os gênios que nascem
nesta terra não isolados de uma cercania social e cultural. ‘...um novo estilo de vida, dotado de novos
métodos de produção e novos padrões de consumo; um estilo de vida planejado para ser permanente’. A
propriedade comunal da terra tem construído e elevado o ser humano a regenerar-se. Basta saber de que lado
você se encontra. Guias espirituais do mundo inteiro clamam: conheça a ti mesmo.
Concluo: A Wikipédia mais que uma enciclopédia é um meio popular de doutrina e propaganda
capitalista, extensão da Universidade. O dramático é que tudo o que foi escrito em seu texto é essência do
capitalismo internacional de Terceiro Setor escrito por pessoas que se julgam progressistas, esquerdistas ou
assemelhados. Incansavelmente repito e repito: “Eles passarão, eu passarinho.”
Assis, 25 de agosto de 2019.
Oliver Naves Blanco
Comunicador e analista científico
Fundação Juquira C.S
blancoagroecologia@gmail.com
1 – Sociedade Fabiana, o fabianismo é um movimento político-social britânico nascido no fim do século XIX, encabeçado pela Sociedade
Fabiana. Esta associação foi fundada em Londres no dia 4 de janeiro de 1884, e propunha, como finalidade institucional, o desenvolvimento da
classe operária para torná-la apta a assumir o controle dos meios de produção.
2 - Herbivoria é uma forma de consumo em que um indivíduo se alimenta principalmente de organismos autótrofos, como plantas, algas e
bactérias fotossintetizante. Genericamente, organismos que se alimentam de autótrofos em geral são conhecidos como consumidores primários.
Herbivoria geralmente se refere a animais que comem plantas. Fungos, bactérias e protistas que se alimentam de plantas vivas são geralmente
denominados patógenos vegetais (doenças vegetais), e micróbios que se alimentam de plantas mortas são considerados saprófitas. As plantas que
obtêm a nutrição de outras plantas vivas são denominadas geralmente de plantas parasitárias. No entanto, não existe uma classificação ecológica
exclusiva e definitiva dos padrões de consumo, cada livro tem suas próprias variações sobre o tema.
3 - O Vístula (polonês Wisła) é o mais longo rio da Polônia. Tem 1047 km e sua bacia hidrográfica banha cerca de 192 mil km², ou quase dois
terços da superfície da Polônia.
4 – Nascido em 1932 em Viena, Áustria, chegou ao Brasil em 1940, aos oito anos, devido à perseguição aos judeus
depois que a Áustria foi anexada à Alemanha Nazista. Já alfabetizado em alemão, retomou a escola no Brasil. No ensino
médio, fez um curso técnico, que o levou a trabalhar na indústria e a filiar-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Foi um dos líderes do movimento grevista de 1953, conhecido como a greve dos 600 mil.
A experiência operária e a militância no Partido Socialista Brasileiro (PSB) fizeram nascer em Singer o interesse
pela Economia, cujos estudos se iniciaram de maneira autodidática, através da leitura de autores como Marx, Engels e
Rosa Luxemburgo. Mais tarde, entrou na Universidade de São Paulo, no curso de Ciências Econômicas e Administrativas,
onde se formou em 1959. Durante o curso integrou-se ao Seminário de O Capital, juntamente com Fernando Henrique
Cardoso, José Arthur Giannotti, Fernando Novais, Octavio Ianni, Roberto Schwarz e outros intelectuais da USP, com os
quais mais tarde fundaria o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
Devido ao desempenho como estudante, logo após a formatura foi convidado a trabalhar como professor na
mesma universidade. A primeira disciplina que lecionou foi “Estrutura das Organizações Econômicas”, sobre economia
agrícola. Ainda que tivesse grande preocupação com a agricultura e as relações de produção e trabalho a ela inerentes, o
maior interesse teórico de Singer se dava em relação ao desenvolvimento econômico enquanto processo de mudança
estrutural. Como resultado, escreveu o seu primeiro ensaio acadêmico: “Conjuntura e Desenvolvimento”, depois publicado em seu primeiro livro:
Desenvolvimento e Crise, (São Paulo, Difel, 1968).
Convidado a fazer uma análise do Plano Trienal elaborado pelo economista Celso Furtado para o governo de João Goulart, Singer
examinou os pontos centrais da crise econômica pela qual o Brasil passava, com inflação e desequilíbrio no Balanço de Pagamentos. Previu que as
soluções propostas (elevação de tributos, redução de despesa governamental, captação de recursos privados no mercado de capitais e restrição ao
crédito) levariam ao agravamento da crise, o que se confirmou.
Prevalecia nos meios progressistas a tese de que o Brasil não sairia da crise sem “reformas de base”, como a reforma agrária, que
incorporaria ao mercado interno a massa camponesa, proporcionando ganhos de escala imprescindíveis. Tal tese foi ao chão com o golpe militar de
1964, que impediu qualquer movimento popular. A economia brasileira, então, estaria condenada à depressão. Singer entendeu, no entanto, que
tal raciocínio tomava o conjuntural pelo estrutural. A crise tinha caráter conjuntural, com a função de corrigir desequilíbrios, permitindo mais
adiante nova fase de ascensão. Escreveu, então, “Ciclos de Conjuntura em Economias Subdesenvolvidas”, no qual deu início a uma teoria
geral do ciclo de conjuntura “clássico” (com moeda lastreada) e com oferta de moeda centralmente controlada.
A tese de doutoramento -Desenvolvimento e evolução urbana- foi iniciada em 1963, a convite do professor Florestan Fernandes, da
Sociologia/USP, para participar de pesquisa sobre a evolução econômica de cinco cidades brasileiras: São Paulo, Blumenau, Porto Alegre, Belo
Horizonte e Recife, com o objetivo de analisar os fatores sociais do crescimento econômico. Cada cidade foi estudada isoladamente, com o
levantamento de seus dados históricos, procurando relacionar sua evolução com as transformações ocorridas em sua hinterlândia, o que permitiu
aplicar à realidade histórica a teoria estrutural do desenvolvimento que Singer estava elaborando. Tal estudo permitiu o aprofundamento dos seus
conhecimentos da história econômica brasileira, fazendo com que adquirisse melhor percepção do tempo e do espaço como fatores condicionantes
de processos de mudança estrutural, enriquecendo em muito seu quadro teórico.
A principal conclusão desses estudos é que, se a localização da atividade econômica é deixada unicamente aos mecanismos de mercado,
a concentração espacial e, consequentemente, a desigualdade regional serão maximizadas. Só a intervenção do Estado, redirecionando as
inversões (não só públicas, mas também privadas) no espaço, pode conter e talvez em alguma medida reverter a tendência à concentração e à
desigualdade. A tese foi publicada sob o título Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana, em 1969 (São Paulo, Editora Nacional).
Singer foi também professor na Faculdade de Higiene e Saúde Pública da USP, onde estava sendo criado o Centro de Estudos de Dinâmica
Populacional – Cedip, constituído por uma equipe interdisciplinar (sociólogos, médico, físico e economista). O centro tinha como objetivo a
realização de pesquisas e oferecer ensino no campo da demografia.
Na época o Brasil não dispunha de centros de especialização em demografia. Então a equipe recebeu bolsas patrocinadas pela OMS para
aperfeiçoamento no exterior. Na Universidade de Princeton (1966-67), uma das principais dos Estados Unidos, Singer fez o curso de estudos
populacionais no Office of Population Research com o professor Ansley Coale, um dos mais destacados investigadores do mundo no campo da
demografia formal e aplicada.
Nos EUA, Singer examinou o papel do crescimento populacional ao longo de todo o processo de desenvolvimento, de modo a elaborar
uma teoria do seu mútuo inter-relacionamento. O estudo resultou no trabalho de fim de curso em Princeton. De volta ao Brasil, prestou concurso
para livre docente em demografia com o trabalho de Princeton posteriormente publicado em livro com o título Dinâmica Populacional e
Desenvolvimento (Brasiliense, 1970), traduzido ao espanhol como Dinámica de la Población y Desarrollo, México, Siglo XXI Editores, 1971.
Com o acirramento do regime militar, em 1969 Singer foi aposentado compulsoriamente da USP, juntamente com diversos outros professores. Com
o objetivo de dar prosseguimento ao trabalho, um grupo se uniu para fundar um centro de pesquisas em ciências humanas. Surgia, então, o
Cebrap (Centro Brasileiro de Análise Planejamento) para elaborar projetos de pesquisa em que os diversos enfoques disciplinares tendiam a se
fundir, já que havia especialistas de diferentes áreas das ciências do homem.
Singer passou a pesquisar sobre migrações e elaborou um estudo teórico para o Grupo de Trabalho sobre Migrações Internas da
Comissão de População e Desenvolvimento do Clacso – Conselho Latino Americano de Ciências Sociais. Intitulado “Migrações Internas:
Considerações Teóricas Sobre o Seu Estudo”, o texto, foi incluído no livro Economia Política da Urbanização, São Paulo, Brasiliense, 1973,
traduzido ao espanhol, italiano e persa. Nele, procurou elaborar um enfoque teórico distinto do habitual, que considerava que grande parte da
chamada “marginalidade” das cidades se originava de migrações rurais-urbanas excessivas.
Em 1973, voltou à questão da fecundidade através de projeto do Cebrap Pesquisa Nacional Sobre Reprodução Humana, que pretendia
preencher lacunas do trabalho anterior. Desenvolveu linha análoga à proposta para o estudo das migrações internas. Em 1974, participando da
comemoração do ano mundial da população, com monografias patrocinadas pelo Cidred (Comité Internacional de Coopération dans les Recherches
Nationales em Démographie), realizou o trabalho “Implications Économiques et Sociales de l’Evolution de la Population Brésilienne el
de la Politique Demographique, no qual faz grande revisão histórica com o objetivo de estabelecer o papel que a dinâmica populacional
desempenhou na evolução econômica e social do Brasil.
Em 1968, Singer havia lecionado em um curso livre de “Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento”. Com o tema “Tecnologia e Emprego”
surgiu algo novo e significativo: demonstrou que o desemprego produzido pela inovação técnica tende a ser absorvido por novo emprego, criado
pelo aumento do consumo, provocado pelo barateamento dos produtos que a própria inovação causa. Mas para que isso ocorra é preciso que haja
inovações que tenham por efeito criar “novos produtos”, pois estas expandem o consumo, diversificam a produção e suscitam novos campos de
inversão de capital.
A descoberta do duplo papel da mudança tecnológica, de baratear produtos existentes e criar emprego, será a base sobre a qual, mais
tarde, Singer desenvolveria uma economia política do trabalho. O resultado dos estudos foi publicado através de dois ensaios: O
primeiro, Elementos para uma Teoria do Emprego Aplicável a Países Não-desenvolvidos, produzido a partir de seminário no Cebrap sobre
marginalidade, emprego e tecnologia. O ponto de análise era que em países de economia não-desenvolvida, parte importante da população vivia
de subsistência, era autônoma ou tinha empregos no governo. Em tais condições a teoria não poderia se limitar ao emprego do setor de mercado,
já que nos setores mencionados o emprego é regido por leis distintas. Era necessário formular tais leis e articulá-las em um todo teórico. O
segundo, “Emprego, Produção e Reprodução da Força de Trabalho”, que foi publicado em alemão e francês e é a segunda parte do livro
“Economia Política do Trabalho”.
Outro tema estudado foi a terceirização. Através de dois estudos históricos: Força de Trabalho e Emprego no Brasil: 1920-1969 e
“Estrutura do Emprego e Trabalho Feminino no Brasil: 1920-1970” (em colaboração com Felícia Madeira) foi possível mostrar que a
terceirização da economia nada mais séria do que a manifestação do avolumamento do desemprego disfarçado.
Tal interpretação aceita por economistas keynesianos e marxistas deixava de ser plausível com o fato de que a terceirização estava muito presente
nas economias desenvolvidas, especialmente EUA. Ficava claro o preconceito de que o único emprego “verdadeiramente produtivo” era o industrial,
sendo o terciário apenas “repositório de atividades improdutivas”.
Através de estudo, Singer conclui que interpretar a terceirização na América Latina como mero reflexo do crescimento do desemprego é
tomar a parte pelo todo. A rápida expansão do terciário se deve ao crescimento de funções de controle social, indispensáveis ao funcionamento do
capitalismo moderno.
Durante este período, Singer escreveu três outros livros, objetos de estudos variados: A crise do “milagre” (1977), resultado da
observação da economia brasileira, como analista crítico, ao longo de duas décadas, o objetivo era lançar luz sobre a capacidade de crescimento de
uma economia capitalista e dependente como a brasileira, apesar de suas crises de estrutura e conjuntura. Curso de Introdução à Economia
Política (1978), originário de uma série de doze aulas realizadas em 1968, a pedido de entidades estudantis da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras da USP. Como não era permitido o uso de instalações da universidade, o curso ocorreu aos sábados no Teatro de Arena. Dominação e
Desigualdade (1981) é um livro cujo objetivo foi fazer um balanço do que realizou o regime militar, do ponto de vista econômico. De posse de
farto material estatístico, Singer pode observar que houve crescimento forte, com relativa vantagem para os trabalhadores (melhores salários e
mais empregos), mas percebia sinais de que o chamado “milagre econômico” estava perto do fim. Desde a década anterior já havia constatado os
efeitos danosos da concentração do capital e da renda, através do estudo do fenômeno e sua forma de realização na expansão das relações
capitalistas de produção. Ao estudar a estrutura das classes sociais, não as dividiu entre “ricos” e “pobres” apenas pelo seu nível do rendimento,
mas o considerou um bom indicador. Feita tal análise, pode compreender a relação entre a evolução da sociedade brasileira sua estrutura de classe
e repartição de renda.
Com a liberação da formação de partidos políticos em 1979, Singer se engajou na formação do Partido dos Trabalhadores – PT, sendo
um dos seus fundadores na histórica reunião realizada no Colégio Sion (São Paulo) em 10 de fevereiro de 1980. Singer fez parte do primeiro
Diretório Nacional. Coordenou o primeiro programa econômico feito em 1982, para o candidato a governador de São Paulo Luiz Inácio Lula da
Silva, permanecendo até 1989 como parte da equipe de economistas que assessorava a direção nacional do partido.
Em 1988, o PT conseguiu eleger a Prefeita de São Paulo Luiza Erundina de Souza, que o convidou a assumir a Secretaria Municipal de
Planejamento. O tamanho da tarefa no governo da metrópole obrigou-o a se afastar do CEBRAP e da USP. O período na prefeitura coincidiu com o
auge da crise inflacionária que acometeu a economia brasileira, o que dificultou a execução do plano proposto. Durante o governo de Collor de
Mello (1990-93), a economia brasileira sofreu ondas de hiperinflação, que tornavam o panorama caótico, com mais de um milhão de
desempregados e dezenas de milhares de famílias vivendo ao relento. O setor da assistência social do governo municipal começou a amparar a
população que recorria ao que mais tarde foi reconhecida como economia solidária e que constituíam táticas de sobrevivência baseadas na união e
na ajuda mútua das vítimas do caos. Na época, a missão de Singer como Secretário de Planejamento era realizar o orçamento participativo com os
setores organizados da sociedade.
O governo Erundina efetivamente inverteu as prioridades, favorecendo as camadas mais necessitadas da população, mas não conseguiu
eleger o sucessor na Prefeitura. De volta à USP em 1993, Singer escreveu o livro Um governo de esquerda para todos: Luiza Erundina na
Prefeitura de São Paulo. Em 1996, Erundina foi mais uma vez candidata do PT a Prefeita de São Paulo. Singer participou da campanha, inclusive
no comitê do programa e se impressionou com o enorme número de desempregados. Concebeu, então, um plano que consistia em organizar todos
os desempregados que o quisessem em cooperativas que pudessem produzir bens e serviços a serem consumidos pelos próprios trabalhadores.
Para que as trocas entre as cooperativas pudessem transcorrer sem que a Prefeitura tivesse de monetizá-las, as cooperativas deveriam adotar uma
moeda social própria, que elas emitiriam e controlariam e que “protegeria” o mercado formado contra a concorrência externa, pois a moeda social
não circularia no comércio convencional da cidade. O Plano foi apresentado e aprovado pelo comitê do programa e a ele incorporado. Seu nome –
economia solidária – foi sugerido por Aloízio Mercadante, candidato a Vice-Prefeito na mesma chapa e coordenador da campanha.
O programa foi divulgado em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo (de maior circulação do país) intitulado “A economia solidária
contra o desemprego”. Foi então que Singer tomou conhecimento que o tipo de ação proposto já estava sendo efetivado em diferentes localidades.
Soube também de ações da Igreja Católica, especificamente a Cáritas, assim como de diversos sindicatos de trabalhadores, já em curso, ou seja,
desde a grande crise sob Collor e depois em 1994 na reforma do Plano Real a economia solidária já estava em implantação no país.
Em 1996, o PT foi novamente derrotado na eleição municipal de São Paulo, de modo que não houve ocasião de implantar o plano de
economia solidária naquele ano. Apenas com a vitória do partido em 2000, quando elegeu Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, foi possível
iniciar uma ação pioneira de promoção da economia solidária para as parcelas excluídas da população. Singer participou por meio da Incubadora
Tecnológica de Cooperativas Populares, que ajudou a fundar na USP e coordenava então. A economia solidária antes do fim do século XX era mais
conhecida na esquerda mundial como “Socialismo auto-gestionário” e já vinha sendo praticado pelo menos desde a Primeira Associação
Internacional de Trabalhadores, entre 1864 e 1872.
Singer passou a destacar a economia solidária nas aulas de pós-graduação no curso de economia na USP, o que despertou interesse pelo
tema em muitos alunos, sobretudo dos ativos na Incubadora da universidade, mas também em outras frentes e em outros lugares. O movimento
acelerou seu crescimento e saiu da obscuridade. Em 2000, a crise do socialismo real desencadeada pela queda do Muro de Berlim ensejou um
debate sobre o socialismo no próprio PT e Lula encarregou um grupo de intelectuais de organizar seminários sobre tal questão. Eles se estenderam
por anos e evidenciaram o fortalecimento dos liames entre socialismo e democracia como essencial para a recuperação da bandeira do socialismo
com credibilidade.
Como resultado de tais discussões nasceu Uma utopia Militante (São Paulo, Vozes, 1999) a partir da preocupação de reconceituar
a revolução social socialista e de reavaliar suas perspectivas e possibilidades; do fracasso histórico da tentativa de alcançar __ou “construir”__ o
socialismo através da estatização dos meios de produção e da instituição do planejamento centralizado na economia. A preocupação teórica
fundamental estava em analisar o papel da revolução social como processo multissecular de passagem de uma formação social a outra e o papel
da revolução política, como episódio de transformação institucional das relações de poder.
Em 2002, Lula foi candidato a Presidente pela 4ª vez. Nesta campanha, pela primeira vez, a economia solidária figurou com destaque no
programa do candidato e do partido. Nos anos anteriores, o governo do estado do Rio Grande do Sul e diversos governos de capitais estaduais já
haviam desenvolvido políticas de fomento da economia solidária, com resultados em geral apreciáveis. Mas, foi com a vitória de Lula em 2002, que
a política de economia solidária passou a ser assumida em plano nacional. Em 2003, foi criada, a pedido do movimento, a Secretaria Nacional de
Economia Solidária – SENAES no Ministério do Trabalho e Emprego e o movimento apresentou o nome de Singer para ser o Secretário, o que foi
aceito pelo Presidente Lula.
Neste momento já havia sido publicado Introdução à Economia Solidária, que teve como objetivo fundamentar historicamente a
proposta de desenvolver o país através de cooperativas por meio da Economia Solidária. Conforme o prefácio de Lula registra, o livro contém
sólidos argumentos reafirmando a necessidade de buscarmos uma forma de organização social e econômica que ultrapasse as potencialidades
oferecidas à humanidade pelo capitalismo.
Em 2016, quando a presidente Dilma foi afastada, a SENAES completara 13 anos de trabalho, nos quais muitas ações em prol da
economia solidária foram desenvolvidas. Em todo esse período, Singer esteve à frente da secretaria. Junto com a SENAES foram fundados o Fórum
Brasileiro de Economia Solidária e a Rede de Gestores Públicos de Economia Solidária, que reúne os governos estaduais e municipais que praticam
políticas de fomento da economia solidária. A SENAES manteve uma parceria constante com o Fórum e a Rede na concepção e realização das
políticas. Estas são realizadas quase todas em convênios com organizações da sociedade civil sem finalidades de lucro.
Paul Singer faleceu em abril de 2018, vítima de uma infecção generalizada.
Fonte: http://paulsinger.com.br/biografia , acesso em 24 de agosto de 2019.
5 - Euclides André Mance (21-09-1963), é natural de Mogi das Cruzes, São Paulo, Brasil. Colaborou como
articulista do jornal Alvorada, em sua cidade natal, nos anos de 1981 e 1982. Mudando-se para Curitiba,
graduou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná-UFPR em 1987 e obtém título de pós-
graduação em Antropologia Filosófica pela mesma Universidade dois anos mais tarde. Iniciou carreira
docente em 1988, lecionando a disciplina de Filosofia na América Latina no Instituto Vicentino de Filosofia,
período em que principia a trabalhar academicamente com as variadas vertentes de filosofia da libertação, que
já estudava desde 1984. A pesquisa para preparação de aulas ensejou a elaboração de pequenos artigos,
publicados no jornal Atualidade, órgão da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Repetidos problemas
de impressão dos textos, contudo, levaram o autor a encerrar sua colaboração com aquele veículo.
Em 1989 e 1990 leciona na UFPR as disciplinas de Filosofia do Método Científico, Lógica e
Filosofia na América Latina para turmas de diversos cursos. Ainda em 1989 começa a publicação semestral
do boletim informativo Livre-Filosofar e organiza a Secretaria de Integração de Estudos de Filosofia da Libertação – Siefil, com a
informatização de um acervo de títulos de filosofia latino-americana e filosofia da libertação, que foi recolhendo ao longo dos anos em sua
biblioteca particular, facilitando o acesso a esses textos a pesquisadores do Brasil e do exterior. A partir de 1990 trabalha como coordenador de
projetos de educação popular no Centro de Formação Urbano e Rural Irmã Araújo-Cefuria, em Curitiba. Neste trabalho com educação popular,
amplia o seu envolvimento com os movimentos sociais populares, participando da construção da Central de Movimentos Populares, entidade de
abrangência nacional que passou a assessorar por vários anos. Neste período elaborou materiais didáticos para cursos de lideranças populares e
iniciou sua investigação sobre temas como Cidadania e Reforma Urbana, a articulação dos movimentos sociais em torno de eixos de luta,
projetos estratégicos e disputas hegemônicas, bem como, a problematizar algumas categorias clássicas na análise dialética dos processos
históricos, tais como práxis e sociedade civil. Neste período inscrevem-se os artigos Eixos de Luta e a Central de Movimentos Populares e
Práxis de Libertação e Subjetividade.
Em 1994 novamente retorna a lecionar na UFPR, como professor concursado em regime de contratação temporária, as disciplinas de
Introdução à Filosofia e Filosofia na América Latina. Participa da constituição do ALEP – América Latina Estudos e Projetos, núcleo no setor
de Ciências Humanas daquela Universidade, dedicado a temas latino-americanos. Dos trabalhos em conjunto que inicia com o professor Jesus
Eurico Miranda, docente na UFMS, têm-se a realização de alguns cursos de verão em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, sobre temas ligados
à filosofia da libertação, a partir dos quais surgiram projetos de pesquisa coletiva com a constituição de grupos de estudo em alguns estados do
Brasil sobre temáticas de filosofia da libertação. Em Curitiba este processo desemboca na fundação do Instituto de Filosofia da Libertação, do
qual Mance torna-se o primeiro presidente. Sob influência do pensador francês Félix Guattari, volta-se para o estudo das semióticas do capital.
Passa a lecionar Filosofia da Linguagem, no Studium São Basílio Magno. Neste período realiza algumas conferências sobre pós-modernidade e
filosofia da libertação. Avança, a seguir, na investigação sobre globalização, totalitarismo e liberdade. Por estes anos publica alguns artigos, tais
como Quatro Teses Sobre o Neoliberalismo, Realidade virtual – A Conversibilidade dos Signos em Capital e Poder Político e Globalização e
Liberdade.
Em 1997 inicia o curso de mestrado em Educação, na UFPR, inserindo-se na linha de pesquisa educação e trabalho, passando a
investigar certos temas de economia contemporânea. Sua pesquisa concentra-se, a partir deste período, nas condições materiais, políticas,
informativo-educacionais e éticas, peculiares ao exercício da liberdade democrática. Em 1999 conclui o mestrado defendendo a dissertação
Globalização, Liberdade e Educação – Desafios e contradições das Sociedades Contemporâneas, trabalho em que Mance recupera a pedagogia
libertadora de Paulo Freire, reelaborando vários conceitos peculiares àquela concepção a partir da semiótica política.
Nesta última etapa, após ter elaborado sobre as dimensões educativa, política e ética dos exercícios de liberdade, o autor se volta para a reflexão
sobre as mediações econômicas de tal exercício. Concentra-se, a partir deste momento, na reflexão sobre as redes de colaboração solidária como
possíveis alternativas econômicas para a construção de sociedades pós-capitalistas, aplicando à economia os princípios da teoria da
complexidade. Nesta perspectiva inscrevem-se os livros A Revolução das Redes (1999), Redes de Colaboração Solidária (2002), Como
Organizar Redes Solidárias (2003). Convidado, em 2003, a colaborar no Programa Fome Zero, no primeiro governo do presidente Lula,
Mance atuou como consultor contratado pela Unesco (2004) e FAO (2005-2006) em projetos de desenvolvimento local. Desse período de
intenso trabalho de diagnósticos sobre a realidade brasileira e de elaboração de políticas públicas, articulando desenvolvimento territorial com
estratégias de economia solidária, resulta o livro Fome Zero e Economia Solidária – O Desenvolvimento Sustentável e a Transformação
Estrutural do Brasil (2004).
Desde 1999 vem apoiando a organização de redes colaborativas, particularmente no campo da economia solidária. Com este
objetivo concebeu e desenvolveu algumas ferramentas de Tecnologia da Informação que voluntariamente mantém à disposição de
diversas redes solidárias, entre as quais o portal www.solidarius.com.br. Em 2000 participou da criação da Rede Brasileira de
Socioeconômica Solidária-RBSES, colaborando intensamente com esta Rede desde então. Nos últimos anos atua como facilitador em
eventos de economia solidária e como conferencista em eventos civis ou governamentais em diferentes países.
Fonte: http://euclidesmance.net/wp/index.php/biografia/, acesso em 24 de agosto de 2019.

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Cartilha da Solidariedade aborda justiça social e sustentabilidade

  • 1. Copyright Fundação Juquira Candiru Satyagraha - Blanco agriCultura Cartilha da Solidariedade (esboço) “A vida é uma união simbiótica e cooperativa que permite o triunfo aos que se associam" – Lynn Margulis Há uma frase sempre atual: “Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. Ela é atribuída à M. Lobato e a Mário de Andrade, contudo seu autor é o naturalista francês Saint Hilaire e a saúva encontra-se mais íntima aos brasileiros e a humanidade do que se possa imaginar. Na humanidade sobressai-se um grupo seleto de seres vivos (cupins, abelhas, formigas, toupeiras e suricatos), também seres ultrassociais, todos pela característica mais marcante: a necessidade de transformar o ambiente para a produção de alimentos e energia, embora ela vá além ao dominá-lo. Atividades que hierarquizam a divisão de trabalho e capacidade de fazer prisioneiros, escravos ou estabelecer parcerias vantajosas e estratificar o poder (organização, ambição e egoísmo). Antes éramos apenas nômades, até desembarcar na agricultura, que molda a humanidade à sua feição (gregário, crente, místico, prolífico, isolado, comunitário, independente e autônomo, subordinado) formando comunidades fraternas pela crença, língua e raça criando a identidade que desemboca no Estado Nacional, onde o termo amizade era de significado pessoal, já a amizade coletiva era a solidariedade, herdada do pixurín tupi-guarani que originou o (pixurum, mutirão e mixurão). A industrialização impôs a lenta e inexorável individualidade e necessidade social e econômica de geração e acúmulo de riquezas. A escala de valores da sociedade industrial exige um sistema de educação, comportamento diferente com outra moral e ética a cada dia mais fora da natureza, e abstrata tornando os critérios e parâmetros da sociedade agricultora insustentáveis, contudo ela é imprescindível por sua capacidade de transformar o Sol em Alimento, ainda não totalmente atingido como indústria. Veja na Wikipédia a definição de Food Industry, traduza... A Justiça social só pode ser definida a partir de fatos concreto da “injustiça social” e para alguns ela corresponde à “justiça distributiva” de Aristóteles diferente à “justiça comutativa” (cega) que se aplica aos iguais. Justiça social balizador do contrato do Estado de Bem-Estar para garantia da liberdade e igualdade (fraternidade) de oportunidades e opções coletivas entre humanos nas suas relações na agricultura, comércio e manufatora quanto à riqueza, sua estabilidade, cada dia mais precária pelo avanço industrial (científico tecnológico), atualmente totalmente rota pelo sistema financeiro internacional. O auxílio da física ajuda a discernir: em ótica sabemos que o branco é a soma de todas as cores e o preto a ausência de cor. A variação entre esses extremos permite infinitos tons de cinza, mistura dos extremos, que pedagogicamente podem ser separados entre a disputa do poder do criador da riqueza (agricultura-comércio) e o poder (manufator-industrial) intermediado pelo comércio, agente do poder financeiro (supremo). O concerto entre ambos os extremos determina o valor do trabalho e distribuição da riqueza como ideologia do poder (financeiro). Para o capital quanto maior sua concentração e estratificação menor deve ser a interferência da justiça social, pois isso acelera a perfeição ultrassocial (eugenia mercantil), enquanto a inversa é o socialismo Fabiano1 (eugenia ética). Neste diapasão a gestão da justiça social fica minuto a minuto mais frágil pelos conflitos entre os extremos, embora sua existência esteja garantida pela necessidade de liberdade e igualdade, mesmo que aparente como ocorre nas ditaduras. A aplicação do capitalismo desde Assíria, Babilônia permite sua evolução com mecanismos cada vez mais sofisticados para satisfazer seu desenvolvimento e crescimento. Dia a dia tons de cinza que pertenciam à ideologia do socialismo Fabiano são incorporados pelo capitalismo através do mercado e anunciados ao mundo como sua virtude e benevolência (cotas e consumo). A “água” e o “ar’ são os elementos mais indispensáveis à vida. No tempo dos bisavós, negar água ao viajante era um desrespeito, ultraje e má educação. Hoje pedir água é o desrespeito e ultraje, pois a venda
  • 2. (ou outorga) de água nos acompanha mesmo nas mais remotas tribos da Amazônia ou interior da África e Ásia; nos aviões ou na China já há “ar purificado” para a primeira classe ou elite dirigente, respectivamente. O termo “justiça social” tão pujante até as primeiras décadas do Século XX inexiste no corolário dos governos periféricos no Século XXI sem espaço ideológico. Eis a necessidade de um novo neologismo, disfarce para reorganizar a relação de poder e manter o equilíbrio social. 20 de janeiro de 1949 o presidente Harry Trumann em seu discurso de posse usou pela primeira vez o advérbio “desenvolvimento”, antes usado somente na embriologia e com significado concreto. Hoje podemos dissecar sob a ótica da justiça social, diplomacia, política, religião o que significou o termo subdesenvolvido... Isso são águas e ares passadas, pois entre 1986 e 1994 nas tratativas da Rodada Uruguai para a nova Ordem pós-GATT (OMC) vimos surgir o neologismo “sustentabilidade”. Em 2000 fizemos nossa Cartilha da Sustentabilidade, que foi distribuída na Extensão da UFRGS, pagamos um preço alto pela ousadia, mas não há arrependimento, ao contrário apenas luz. Segue: - Paiê, o que é sustentabilidade? E o pai, burguês, lendo jornal dos Esportes, cai de costas. [atenção: ver as charges 17ª e 19ª] A palavra da moda para políticos, religiosos, governantes e formadores de opinião é sustentabilidade. É um termo novo, até há pouco desconhecido e sem definição nos dicionários. Muitos pensam que a sustentabilidade está ligada à questão do meio ambiente, outros, com a evolução da economia ou racionalização de energia. Alguns afirmam que ela tem ligação direta com o equilíbrio. Há também os que a relacionam com a espiritualidade e a consciência. Embora todos estejam com razão, são necessários mais elementos, para construir a compreensão do que seja sustentabilidade. Hoje existem mais de 190 diferentes definições de sustentabilidade, pois este é o de número países nas Nações Unidas e cada um deles tem pelo menos a sua definição oficial. A economia internacional, no final do Século XIX, estava insustentável. Os Estados Nacionais autônomos imediatamente formaram blocos para um enfrentamento inevitável, a Primeira Guerra Mundial. Ela durou cinco anos, e o armistício* não solucionou o problema. Em 1939 começou a Segunda Guerra Mundial, mais encarniçada e tecnológica. Ante a evidente vitória dos "aliados", foi realizada, em setembro de 1944, em São Francisco, uma reunião para a criação da Ordem Econômica, após o final do conflito. Ela ocorreu na cidade de Bretton Woods, na Califórnia, e ali nasceram as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o GATT*, a vigorar logo após o fim do conflito entre os países alinhados às nações aliadas autônomas. Era a organização de uma nova "sustentabilidade", para o comércio do mundo. Os empréstimos, agora, podiam ser de empresa privada para Estado Nacional e o dólar passava a ser a moeda internacional. * General Agreement for Trade and Tariffs (Acordo Internacional de Comércio e Tarifas).
  • 3. Vem chegando a era do Biochar, para nós o “picumã” há muito tempo presente nas roças e roçados. Dona Ana Marie Primavesi ao tocar os solos tropicais logo expressou que o solo nunca poderia ficar descoberto e que a lavra pesada seria um desastre para o meio ambiente e saúde de seus filhos e filhas. ‘A biomassa, ecológica, é a agregação de todos organismos vivos, de micróbios a planta e animais. Presente em um ecossistema e parte do ciclo do carbono ativo’ (PINHEIRO, 2018). A Comissão Bruntland tem o mérito de incluir uma definição de desenvolvimento sustentável como “Satisfazer as necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas”. A sustentabilidade abrande as preocupações com a capacidade de carga e a resiliência nos sistemas ambientais, sociais e econômico e suas inter-relações (PINHEIRO, 2018). O termo herbivoria2 trata do conhecimento sobre a relação entre saúvas e natureza e foi criado recentemente diante da ineficiência dos formicidas para o controle dos insetos, mas isso demorará meio século para chegar ao mercado. Agora, sem ingenuidade podemos adentrar ao neologismo “Solidariedade” recordando que a palavra surge de uma ação estratégica entre Thatcher, Reagan e Papa J. Paulo II para soçobrar o bloco soviético de economia capitalista de Estado, onde já não havia justiça social, apenas a comutativa. Uma das grandes ações naquela Europa e mundo divididos foram criar um sindicato na Polônia comunista (ocupada desde 1939). Ele recebeu o nome de “Solidariedade” (Lech Walesa). Logo o país “comunista” transformou-se em uma ditadura militar ao estilo latino-americano. Em nove anos a Alemanha foi reunificada e a URSS dissolveu-se dois anos mais tarde. Em 1992 no Rio de Janeiro foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) e sua paralela de ONGs, a Eco-92. Em ambas a discussão “induzida e manipulada” em nosso inconsciente era sobre o valor sonante da biodiversidade e a necessidade de sua sustentabilidade econômica, onde a “Agenda XXI” era o vade-mécum da nova “justiça social” em seus 40 capítulos [Cap. 2 Acelerar o Desenvolvimento Sustentável; 3 Combate à pobreza; 4 Demografia e Sustentabilidade;... 15 Conservação da Biodiversidade; 16 Manejo ambientalmente saudável da Biotecnologia (?); 33 Recursos e Financiamento; 34 Transferência de Tecnologia ambientalmente saudável; 38 Arranjos institucionais internacionais]. Não é estranho não haver nela qualquer referência ao termo “justiça social”, mas o item 3 é combate à pobreza e no da biodiversidade diz que os indígenas e povos das selvas devem ser remunerados.... O que subentende que a globalização imporá sua “justiça social” e que seu nome será: “Solidariedade” tão objeto quanto foi na bacia do rio Vístula3 . Logo, o prócer da ditadura Senador Marcos Maciel vai capitanear um grupo de políticos e tecnocratas para criar a segurança da biodiversidade através da Lei de Biossegurança e ninguém discute a quem interessa aquele tipo de diploma legal. Na mesma época começa a discussão da Lei de Populações Tradicionais. Os itens 33 e 38 da Agenda XXI explicam e permitem perceber que nos países sérios telefonemas e e-mails públicos são gravados para registrar pleitos e pressões contra a justiça social. Ambas as leis são mutiladas através de vetos por interesse de grandes corporações e depois moldadas no interesse do poder financeiro através de Medidas Provisórias de justiça cumulativa, com nova festejada redação vaidosa mantendo o conteúdo e continente determinado pelo poder financeiro internacional... Desde 1992 o neologismo “solidariedade” vem se consolidando em poderoso segmento de Terceiro Setor na economia, o que permite perguntar: em economia não há espaço para ética, mas há a necessidade de “solidariedade” através de relação mercantil por existir o Estado de Bem Estar Social apenas no discurso e propaganda, pelo que ela passa a ser bandeira político partidária. Faço a tradução da Wikipédia (nova língua) diz: A economia solidaria é uma forma de produção, consumo, e distribuição de riqueza (ou seja, um tipo de economia), centrada na valorização do ser humano e não na priorização do capital. Promove a associatividade, a cooperação e a autogestão, e está orientada à produção, ao consumo, e à comercialização de bens e serviços, de um modo principalmente em autogestão, tendo como finalidade o desenvolvimento ampliado da vida. Preconiza o entendimento do trabalho e no trabalho, como um meio de liberação humana, no marco de um processo de democratização econômica, criando uma alternativa viável à dimensão geralmente alienante e assalariada do desenvolvimento do trabalho capitalista.
  • 4. Algumas precisões "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível". - Thomas Jefferson A definição rigorosa de "economia solidária" foi e é sujeita a controvérsias. Para alguns, este concepto se refere às estratégias de atuação que apontam à abolição o ao menos à radical modificação do capitalismo como sistema econômico predominante, assim como à eliminação ou modificação das relações sócio-laborais opressivas que a estrutura organizativa atual apóia e promove. Em troca para outros, o conceito refere-se e engloba as estratégias para a "humanização" da economia capitalista, tomando em conta problemáticas tais como poluição ambiental e degradação dos solos (contaminação, erosão), narcotráfico, violência familiar e social, corrupção, sub-ocupação, marginalização e pobreza, contrabando, evasão fiscal, etc. complementando a globalização econômica com o desenvolvimento de uma comunidade baseada nas “redes sociais de segurança e ajuda”. Para outros, a "economia solidaria" situa ao centro valores tais como solidariedade, cooperação, ajuda mutua, reciprocidade, eqüidade, responsabilidade participativa, cuidado com o meio ambiente, nutrindo-se tanto da necessidade pessoal e familiar, como da convicção íntima de querer que em nível geral e comunitário as coisas funcionem melhor (e assim se introduz uma inclinação ou fator importante, pois na economia tradicional e salvo casos isolados, é o Estado quem deveria se ocupar do interesse geral quase exclusivamente, enquanto as empresas e seus empresários principalmente se deveriam ocupar do lucro e da acumulação, com certa independência ou indiferença do que possa ocorrer ao meio ambiente e/ou a terceiros). Igualmente, para outros, é um movimento de idéias que introduz um novo paradigma interpretativo das relações sociais, e uma nova forma de praticar e entender o trabalho e a economia. Por último, também corresponde ressaltar que para outros, a "economia solidaria" resulta importante não somente porque em alguns casos se satisfaz necessidades humanas de uma maneira más respeitosa com a sustentabilidade e com o meio ambiente, senão porque ademais e a efeitos de incentivar os intercâmbios multilaterais e multi-temporais (intercâmbios escalonados no tempo entre vários atores econômicos), se introduz de fato novas espécies de moeda ou novas formas de contabilizar equilíbrios (essas unidades as vezes chamadas pontos, horas, jornais básicos, unidades-base, unidades alternativas, créditos, tickets-troca etc.), controlados ditos numerários diretamente pelas próprias forças sociais e não pelo Estado nem pelas entidades bancarias, e uma de cuja particularidade é que nesses âmbitos não só se aplica os conceitos de interesse compensatório ou interesse punitivo. Todo o dito, com suas incertezas, suas dualidades, e suas complexidades, contribuem dando à "economia solidaria" um perfil bastante concreto e bastante amplo, convocando especialmente a quem pensa que se necessitam novas modalidades de produção, distribuição, consumo, poupança, e intercambio, para por um lado defender o interesse geral e o meio ambiente, e por outro lado dar soluções concretas a setores atualmente desfavorecidos da sociedade, e avançando assim para sociedades e economias mais justas, mais humanas, mais solidárias, mais preocupadas tanto pelas atuais como pelas futuras gerações e também mais racionais e equitativas no que concerne ao trabalho e emprego. La "economia solidária" ou "economia de solidariedade" pode ser vista: (a) como a parte do "setor terciário" onde a atividade econômica está também orientada a expressar solidariedade prática com as pessoas e famílias, o que contrasta com o "setor privado" onde a atividade econômica está principalmente orientada a gerar lucros, e o que também contrasta com o "setor público" onde a atividade econômica é orientada por objetivos de política pública, ou (b) como atividade que procura construir uma economia e uma cultura de solidariedade, que transcende os efeitos do capitalismo presente e convive com este. O termo "solidarity economy" é a tradução direta ao inglês do termo francês "économie solidaire", expressão que as vezes também é traduzida como "solidarity-based economy". Em espanhol, os termos equivalentes seriam "economía solidaria", "economía de solidaridad", "economía a base de solidaridad", e "economía en base a solidaridad".
  • 5. Origem Perfeitamente pode se dizer que a economia solidária tem sua origem na Primeira Revolução Industrial, como reação dos artesãos expulsados dos mercados devido principalmente ao advento de procedimentos da automatização. Até o limite entre os séculos XVIII e XIX, surgiram na Grã-Bretanha os primeiros Sindicatos – Uniones de Ofícios - (em inglês Trade Unions), bem como as primeiras cooperativas. Com efeito, com a fundação da chamada Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale (em inglês, The Rochdale Society of Equitable Pioneers), na cidade de Rochdale (noroeste da Inglaterra) em 1844, o cooperativismo de consumo pouco a pouco se consolidou gradualmente, dando lugar primeiro para grandes empresas (empreendimentos) na Europa, para logo se espalhar para outros continentes. Mas certamente, desde uma visão intercultural, pode afirmar se que práticas econômicas fundadas em princípios de solidariedade e equidade, existiram em todos os continentes, e certamente muito antes da Revolução Industrial. Práticas solidárias milenares no campo econômico, fez muito que foram reconhecidas e estudadas em diferentes culturas, como um elemento fundamental de agregação, coexistência, e integração social, ao interior de diferentes comunidades humanas. Por tanto, identificar a economia solidária unicamente com as vertentes dos movimentos europeus, seria um claro equívoco, per si se aprofundar na história, pode-se encontrar expressões econômico-solidárias tanto na América Pré- colombiana, como entre los povos africanos ou asiáticos, e como também em antigos povos europeus. A expressão economia solidária, foi cunhada na última década do século XX ([Laville-2009], pág. 162-168), mas isto é um detalhe, pois é somente uma questão de nomenclatura. Conceito A economia solidária é uma forma específica de organização e de estrutura operativa das atividades econômicas em um determinado âmbito, e que no essencial se caracteriza pela autogestão, ou seja, pela autonomia de cada unidade ou empreendimento, assim como pela igualdade e equiparação entre seus membros. Existem diferentes autores que se dedicam a conceitualizar as economias solidárias, sendo Paul Singer4 e Euclides André Mance5 dois de seus principais intérpretes. Por outro lado Singer propõe que a economia solidária seja uma estratégia possível de luta contra as desigualdades sociais e o desemprego: "A construção de una economia solidária é uma dessas estratégias alternativas, que aproveita as mudanças nas relações de produção e de trabalho provocados pelo grande capital, para lançar e promover os fundamentos de novas maneiras de organizar a produção e os intercâmbios, com base em uma lógica muito diferente daquela que rege em um típico mercado capitalista. Tudo leva a pensar que a economia solidária permitirá, ao cabo de alguns anos, dar a muitos a oportunidade de ingressar à produção por conta própria (no individual, ou no coletivo através por exemplo de una cooperativa), embora hoje as possibilidades que eles teriam de conseguir um emprego fossem muito remotas...”([Singer-2002], pág. 138). No que diz respeito a Euclides Mance, o conceito de economia solidária vai ainda mais longe, já que à geração de numerosos postos de trabalho, agrega a ideia de colaboração solidária, orientada à construção de uma sociedade pós-capitalista, em onde se garantiria uma passagem razoável e sem maiores prejuízos a todas as pessoas: "...consideramos la colaboração solidária como trabalho e consumo compartilhados, cujo vínculo recíproco entre as pessoas, se encontre primeiramente caracterizado em um sentido moral de corresponsabilidade da marcha da sociedade em seu conjunto, e do bem viver de todos e cada um de seus integrantes, buscando ampliar ao máximo possível, o exercício concreto da liberdade pessoal e pública..." (veja que nesta definição, se introduz no destaque, o conceito do exercício humano da liberdade) ([Mance-1999], pág.178).
  • 6. Nos inícios do capitalismo, o modo aplicado case considerava que o empregado era uma espécie de propriedade do empregador, já que o grau de dependência do primeiro respeito do segundo era muito forte, separando-o completamente dos meios de produção e das ferramentas que utilizava, o empurrando assim de qualquer esboço ou forma de economia solidária. Ainda na linguaje se plasmava esta concepção, já que reiteradamente se falava então de recursos humanos e materiais, passando assim a força de trabalho a ser um recurso mais, no mesmo nível que los meios de produção e que as matérias primas ou insumos. Pelo contrario, o conceito base na economia popular solidária é bem distinto, pois se refere ao “conjunto de empreendimentos produtivos de iniciativa coletiva, com certo grau de democracia interna, e que trata ao trabalho e ao trabalhador em uma forma privilegiada em comparação com o capital, seja em um ambiente rural, ou seja em um ambiente urbano ou suburbano. Depreciar a formação de empreendimentos alternativos aos padrões usuais capitalistas normalmente aceitados, objetivamente falando, é uma forma de aumentar e promover falências sociais de todo tipo e desemprego. (...) Os empreendimentos de economia solidária, potencialmente encontram no trabalho coletivo e nas motivações dos trabalhadores, uma importante fonte de competitividade e de eficiência, hoje em dia reconhecida inclusão até pelo capitalismo contemporâneo. No fordismo pelo contrário, e assim expondo outro caso, a competitividade é obtida através das economias de escala, assim como através de una crescente divisão e especialização no trabalho, associada a linhas produtivas rígidas – automatizadas ou não –, o que em vários aspectos resulta em ser alienante e embrutecedor para o operário.” ([Gaiger-2002], pág. 64) Para Paul Singer, a definição da economia solidária considera muito especialmente as relações entre o trabalhador e os meios de produção, já que dentro da empresa solidária se considera que os trabalhadores são os proprietários de todos ou da maioria dos meios de produção. (...) A empresa solidaria basicamente é dos próprios trabalhadores, e por isso, sua finalidade principal não é maximizar o lucro do empreendimento, e sim a quantidade e qualidade do trabalho”. ([Singer-2002], pág. 4) A economia solidária se apresenta como una reconciliação do trabalhador com os meios de produção, e proporcionando, segundo [Gaiger-2003], uma experiência profissional fundamentada na equidade e na dignidade, durante a qual ocorre um enriquecimento desde o ponto de vista cognitivo e humano. Com as pessoas mais motivadas, a divisão dos benefícios aceitada pelos associados está fundamentada na solidariedade: “o interesse dos trabalhadores em garantir o sucesso do empreendimento, estimula um maior empenho de cada qual com o processo produtivo, assim como com a minimização tanto de desperdícios e descartes como de tempo ociosos; a qualidade do produto ou do serviço gerado é fundamental, ademais de inibir o ausentismo e a negligência” ([Gaiger-2002], pág. 34). Por tanto, um dos conceitos que está intrinsecamente ligado à realização de um empreendimento solidário, é o de desenvolvimento local. Com a tendência a aumento do rendimento do trabalho associado, é necessário promover o desenvolvimento local tanto no aspecto econômico como no social, entendendo que o mesmo se define como o “processo que mobiliza pessoas e instituições, buscando a transformação da economia e da sociedade local, criando oportunidades de renda e de trabalho, superando dificuldades para de uma forma ou de outra favorecer a melhora das condições de vida da população local” (Jesus, en: [Cattani- 2003], pág. 72). Segundo [Gaiger-2002], quatro características econômicas estabelecem o modo de produção capitalista: produção de mercadorias com o único objetivo da comercialização; separação entre os trabalhadores e os meios de produção; transformação do trabalho em mercadoria, através do empregado assalariado; existência de lucro e de acumulação de capital, por parte do empregador e proprietário dos meios de produção. Uma das principais características do modo capitalista, é a de gerar desigualdades e de combinar possibilidades: neste contexto, uma parte dos trabalhadores indubitavelmente tem êxito através da especialização e de bons salários, enquanto outra parte dos trabalhadores perdem suas qualificações, e com o tempo incluso se tornam miseráveis ([Singer-2004]). Esta situação é resultado da competência, que ao contrário do que em uma primeira instância poderia pensar sobre, não é antagônica da cooperação (ambas sempre coexistem, e o que realmente caracteriza um modo de produção, é a predominância de uma ou da
  • 7. outra). Em efeito, quando a competição se sobressai em relação à cooperação, a tendência é a exclusão daqueles que por una razão ou outra fracassam ou não se encontram aptos. Em contrapartida, quando a cooperação é a que predomina, se estabelece um ambiente muito tolerável e igualitário, envolvendo então possíveis processos de recuperação de economias empobrecidas (Myrdal, en: [Arroyo-2008]). A economia solidária, segundo Wautier (em: [Cattani-2003], pág. 110), está orientada desde o ponto de vista sociológico, e « acentua as noções de projeto, de desenvolvimento local, e de pluralidade das formas de atividade econômica, tendo muito especialmente em conta a "utilidade pública" (sob a forma de serviços diversos), destinados, principalmente mas não exclusivamente), a população carente ou excluída». Se puder dizer também que aa economia solidária está fundada em relações nas quais as práticas de solidariedade e reciprocidade não são utilizadas como meros dispositivos compensatórios e/ou redistributivos, e sim como fatores determinantes na realidade da vida material e social. Organização e estratégias Os empreendimentos da economia solidária buscam implementar soluções coletivas de gestão, democráticas e autogerida. As decisões mais importantes tomadas neste âmbito, estão acostumadas a serem tomadas em assembleias de sócios, em onde rege o princípio "cada sócio um voto", para que assim se considere a todos os sócios equiparados uns com outros, sem que importe a função ou a posição administrativa ou a antiguidade de cada sócio no empreendimento. Dentro dos instrumentos usados para facilitar a comercialização dos produtos e serviços dentro de uma economia solidária, como alternativa para a contabilização dos intercâmbios assim como com certas finalidades específicas, se utiliza uma determinada e própria moeda social ([Soares-2009], págs. 255-259). Economia solidaria na Europa Com as revoluções de 1848, surgiram na França cooperativas de produção a partir de empreendimentos capitalistas abandonados por seus donos. E, a partir de 1850, foram criadas na Prússia as primeiras cooperativas de crédito urbanos (por Schulze-Doitsch) e rurais (por Friedrich Wilhelm Raiffeisen). Durante a segunda metade do século XIX e a maior parte do século XX, o cooperativismo se difundiu e adquiriu considerável poderio econômico. As grandes cooperativas singulares e federadas (de 2º grau, 3º grau, e superiores) se empenharam em disputar mercados com os grandes conglomerados capitalistas, e através deles acabaram assimilando seus métodos de gestão. E no caso das cooperativas de consumo, a administração passou a ser dominada principalmente por professionais assalariados, e então, com frequência os sócios foram assimilados a meros clientes. Com a revolução da informática o revolução digital, cuja grande decolagem podemos concertá-la com o desenvolvimento e consolidação da Internet (geralmente fixada nos anos 1980 ou princípios dos anos 1990), a exclusão de grande número de trabalhadores do mercado de trabalho voltou se a repetir, o que gerou o surgimento de um novo cooperativismo, muito mais próximo de suas origens históricas. Novas formas institucionais de autogestão foram então se desenvolvendo, passando a ser conhecidas como a etiqueta genérica da "economia solidária". Economia solidária no Brasil O movimento de economia solidária cresceu muito rapidamente, não somente na Europa como também no Brasil e em outros países. No contexto brasileiro, o crescimento se deve a fatores variados, entre os que corresponde destacar a crescente rejeição de trabalhadores e trabalhadoras à exclusão social e ao desemprego urbano, assim como à desocupação rural, todos eles possivelmente resultante da expansão agressiva dos efeitos negativos da globalização e dos tipos de produção capitalistas. Tal resistência e tal rejeição, se manifesta primeiramente
  • 8. como luta pela sobrevivência, através da conformação de um crescente mercado informal, onde florescem iniciativas de economia popular tais como distintos tipos de vendedores ambulantes (em português também camelôs, marreteiros e flanelinhas; em espanhol, buhoneros, vendedores callejeros, vendedores de carritos, vendedores de artesanías e antigüedades, ropavejeros, lustra-botas, cuida-coches, limpia- vidrios, malabaristas e ambulantes), assim como empreendimento vários de caráter individual ou familiar. Com a articulação destes diversos atores, a resistência e a luta pela sobrevivência também se manifesta em forma de certas iniciativas associativas e solidárias, que apontam para alternativas estruturais de organização da economia, baseada em valores como a ética, a equidade, e a solidariedade, e não somente baseado em um lucro imediato e em una acumulação indiscriminada. Na última década, no Brasil, assistiu ao crescente desenvolvimento da economia solidária em quanto movimento – ou seja, ultrapassando as simples iniciativas isoladas e fragmentadas no que por exemplo respeita a inserção em cadeias produtivas e em articulações com o entorno, e incluso aspirando a ser empreendimento nacionais e/ou traduz se em desenvolvimento de redes sociais ou em plataformas de uso genérico. Esta tendência dá um salto considerável a partir das realizações do chamado Fórum Social Mundial, espaço privilegiado onde diferentes atores (entidades, investigadores, ativistas sociais, etc.) reflexionam e planificam nela área económico-social, o que entre outras coisas impulsionou la criação de una Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES). Simultaneamente com a criação dessa Secretaria, na “III Plenária Nacional de Economia Solidária” foi criado o chamado “Fórum Brasileiro de Economia Solidária' (FBES). A criação destas instâncias, adicionado ao fortalecimento da área da economia solidária ao interior do já citado “Fórum Social Mundial”, consolidou o interesse por esta temática praticamente em todo Brasil. Atores do movimento brasileiro de economia solidária O “Fórum Brasileiro de Economia Solidária” tem sido estruturado de forma de garantir a articulação e o desenvolvimento em três segmentos ou áreas: empreendimento solidários, entidades de assessoria e fomento, e gestores públicos. Empreendimento econômicos solidários (EESs) Denominamos empreendimento solidários às diversas formas concretas de estruturação da economia solidária. Estes empreendimento solidários são os principais protagonistas do FBES, e são os que mais ativamente participam nos níveis de decisão desse fórum. Corresponde citar aqui alguns tipos de iniciativas concretas de economia solidária, para assim melhor perceber a magnitude e a heterogeneidade destes empreendimentos: cooperativas, associações populares, grupos informais (de produção, de serviços, de consumo, de comercialização, e inclusão de crédito solidário, tanto no âmbito urbano como rural); empresas recuperadas de autogestão (antigas empresas capitalistas falidas recuperadas pelos trabalhadores); agricultores familiares; fundos solidários e rotativos de crédito (organizados sob diversas formas jurídicas, e também informais); clubes de intercâmbios solidários (com ou sem uso de moeda social ou de moeda comunitária); ecovilas; redes de articulações de comercialização e de cadeias produtivas solidárias; centros de comércio justo; agências de turismo solidário; entre outras. Os empreendimentos solidários se caracterizam por basear-se em princípios e valores contidos na “Carta de Princípios da Economia Solidária”, onde se destacam o exercício da autogestão, assim como a formação de grupos supra-familiares. Quando se trata de um empreendimento econômico solidário de produção, seu capital será constituído por cotas, distribuídas por igual entre todos los membros, que desta forma, se transformam em sócios do empreendimento. O princípio geral de la autogestão, é que todos os que ali trabalham sejam donos do empreendimento, e que ademais, todos los donos do empreendimento trabalhem no mesmo. Existem empreendimento solidários produtivos nas áreas econômicas mais diversos, e são associações ou cooperativas agropecuárias ou agroindustriais, de transporte, de artesanato, de reciclagem de resíduos sólidos, de educação escolar, de hotelaria, etc.
  • 9. Exemplos de empreendimentos solidários de consumo são as cooperativas de consumo, as cooperativas de vivendas, as cooperativas de crédito e mútuas de seguros gerais, ou de seguro de saúde, ou clubes de intercambio, etc. No âmbito da economia solidária, o conceito de cliente - típico de la economia capitalista - é substituído pelo conceito de sócios do projeto ([Arroyo-2006], pág. 21). Gestores públicos Os gestores públicos, formados por representantes de governos municipais e estaduais, que tenham em sua gestão programas explicitamente orientados à economia solidária. Este segmento se faz representar nacionalmente por uma rede de gestores públicos, que atuam como 'Coordenação Nacional do FBES'. Entidades de assessoria e fomento As entidades de assessoria e fomento da economia solidária normalmente se organizam em forma de associações sem fins lucrativos (ONGs), o como órgãos universitários (incubadoras tecnológicas e grupos de extensão), e prestam serviços de apoio e fomento a empreendimentos solidários, seja através de atividades de formação (tanto técnica como econômica e política), seja como apoio direto (em estruturas, assessoria, consultoria, elaboração de projetos e/ou oferecimento de créditos), para assim propiciar a incubação e a promoção de empreendimentos e de micro-empreendimentos. A “Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade de São Paulo” é um exemplo de entidade de fomento, que se une a dezenas de outras incubadoras universitárias brasileiras. Uma indiana vestido a caráter falando para uma plateia [atenção a mesma da charge 14º]: "Sejam a mudança que vocês querem ver no mundo". Por trás a imagem gigantesca do espírito de Gandhi sorrindo. A sustentabilidade do império denomina-se “Consenso de Washington”. Agora, em recessão econômica, enfrentando uma forte União Européia e um potente Mercado Comum Asiático, eles querem antecipar o Acordo de Livre Comércio Americano – ALCA -, única saída para sua crise. A resposta de Gandhi (“Satyagraha”), na mesma conjuntura, foi civilizatória, pois os valores humanos e sociais, como por exemplo, a sustentabilidade da qualidade de vida, não podem ser encontrados em nenhum mercado, mas em qualquer esquina. "Não seria para estar satisfeitos se um dia contemplássemos um mundo onde não restasse nada de vida natural; (...) Se a Terra tem que perder essa grande porção de beleza por causa do crescimento ilimitado da riqueza e da população, para suportar uma população mais ampla e também menos feliz, então sinceramente espero que os partidários do estado progressivo se conformem com ser estacionários, muito antes que a própria realidade os obrigue a isso pela força." John Stuart Mill
  • 10. Em um estudo de Economia, ou melhor Metaeconomia, que leva em conta as pessoas, E. F. Shumacher cunhou algo de muito importância na década de 70 e que aliás está muito mais claro hoje: O negócio é ser pequeno (small is beautiful). ‘O homem moderno não se experencia a si mesmo como uma parte da Natureza, mas como uma força exterior destinada a dominá-la e a conquistá-la. Ele fala mesmo de uma batalha contra a natureza, esquecendo que, se ganhar a batalha, estará do lado perdedor. Bem maior é o capital proporcionado pela Natureza e não pelo homem – e nem sequer o reconhecemos como tal. Esta parte maior está agora sendo consumida em ritmo alarmante e por isso é um erro absurdo e suicida acreditar, e agir em função desta crença, de que foi solucionado o problema da produção’; (...) essa ilusão se deve principalmente à nossa incapacidade para reconhecer que o sistema industrial moderno, com todo seu refinamento intelectual, devora a própria base sobre que se ergueu. Câmara Cascudo um folclorista brasileiro nos trouxe que o Brasil não tem problemas mais soluções adiadas, muito se evoluiu. ‘O crescimento econômico, que, encarado do ponto de vista da Economia, da Física, da Química, e da Tecnologia, não tem limites discerníveis, defrontar-se-á necessariamente com congestionamentos decisivos quando encarado pelo prisma das ciências ambientais – em suma, o materialismo, não se ajusta a este mundo, por não conter em si qualquer princípio limitador, enquanto o ambiente no qual está situado é estritamente limitado. O ambiente já procura dizer-nos que certas tensões estão se tornando excessivas. À medida que um problema está sendo “solucionado”, aparecem dez novos problemas resultantes da primeira “solução”. Como ressalta o Professor Barry Commoner, os novos problemas não são consequências de insucessos casuais, mas do sucesso tecnológico’. “O dogma da Sociedade Industrial é: os problemas de hoje trazem lucros ao necessitar correções amanhã” (PANGEA, 2017). Na sociedade de risco onde os AGROTÓXICOS & SOJA são símbolos intocáveis de uma máfia onisciente e ao mesmo tempo onipresente, ‘o estado de desequilíbrio talvez não mais se aplique a pontos específicos, por ter-se generalizado. Quanto mais se deixar este processo avançar, tanto mais árduo será invertê-lo, se de fato não tiver sido já ultrapassado o limite de reversibilidade’. Um exemplo, é a água, que para além das campanhas publicitárias globais de sua economia, “feche a torneira ao escovar os dentes” ludibriando a massa, enquanto multinacionais como a Ne$tlé a privatiza, e o agronegócio a contamina caindo por terra qualquer ‘certificação orgânica’. Mas hoje temos a Cromatografia de Pfeiffer em mãos camponesas regenerando nossa sabedoria universal, desmoralizando qualquer certificação internacional por aí... A água em nosso ‘Planeta Água’ não acabará, mais poderá ficar imprópria para o consumo imediato. Keynes opinou que o progresso econômico só é alcançável se empregamos aqueles poderosos impulsos humanos do egoísmo, a que a religião e a sabedoria tradicional universal nos convidam a resistir e existir. ‘Um homem movido pela cobiça ou inveja perde a capacidade de ver as coisas como realmente são, de vê-las em sua plenitude e integridade, e seus próprios sucessos viram derrotas’. O Produto Nacional Bruto pode subir rapidamente, medido por estatísticas, mas não vivenciados por pessoas reais, que se sentem oprimidas por crescentes frustações, alienação, insegurança e assim por diante. As mulheres têm sido protagonistas em solucionar os mais elementares problemas da existência cotidiana, junto a elas o problema da verdade espiritual e moral passa a ocupar posição central. Excluir a sabedoria de comunidades autóctones da economia, ciência e tecnologia, foi algo com que a gente pode arrumar-se por algum tempo, hoje é imprescindível, na luz de tanto conhecimento, a nos revelar que a origem da sabedoria, descansa, nos olhos da onça pintada de uma anciã, aguardando pacientemente um baixa do homo sapiens. São 10.000.000 de produtos xenobióticos inventado por químicos e multiplicados pela indústria em que 27% se sabe a nocividade para o ser humano e meio ambiente, 78% não se sabe ainda nada, mas os índices de cânceres anuais no Brasil vão chegar a 700.000 caso anuais, é só acompanhar Instituto Nacional do Câncer. São 50 anos de luta descortinando, entendendo e compreendendo e ligando os gênios que nascem nesta terra não isolados de uma cercania social e cultural. ‘...um novo estilo de vida, dotado de novos métodos de produção e novos padrões de consumo; um estilo de vida planejado para ser permanente’. A propriedade comunal da terra tem construído e elevado o ser humano a regenerar-se. Basta saber de que lado você se encontra. Guias espirituais do mundo inteiro clamam: conheça a ti mesmo.
  • 11. Concluo: A Wikipédia mais que uma enciclopédia é um meio popular de doutrina e propaganda capitalista, extensão da Universidade. O dramático é que tudo o que foi escrito em seu texto é essência do capitalismo internacional de Terceiro Setor escrito por pessoas que se julgam progressistas, esquerdistas ou assemelhados. Incansavelmente repito e repito: “Eles passarão, eu passarinho.” Assis, 25 de agosto de 2019. Oliver Naves Blanco Comunicador e analista científico Fundação Juquira C.S blancoagroecologia@gmail.com 1 – Sociedade Fabiana, o fabianismo é um movimento político-social britânico nascido no fim do século XIX, encabeçado pela Sociedade Fabiana. Esta associação foi fundada em Londres no dia 4 de janeiro de 1884, e propunha, como finalidade institucional, o desenvolvimento da classe operária para torná-la apta a assumir o controle dos meios de produção. 2 - Herbivoria é uma forma de consumo em que um indivíduo se alimenta principalmente de organismos autótrofos, como plantas, algas e bactérias fotossintetizante. Genericamente, organismos que se alimentam de autótrofos em geral são conhecidos como consumidores primários. Herbivoria geralmente se refere a animais que comem plantas. Fungos, bactérias e protistas que se alimentam de plantas vivas são geralmente denominados patógenos vegetais (doenças vegetais), e micróbios que se alimentam de plantas mortas são considerados saprófitas. As plantas que obtêm a nutrição de outras plantas vivas são denominadas geralmente de plantas parasitárias. No entanto, não existe uma classificação ecológica exclusiva e definitiva dos padrões de consumo, cada livro tem suas próprias variações sobre o tema. 3 - O Vístula (polonês Wisła) é o mais longo rio da Polônia. Tem 1047 km e sua bacia hidrográfica banha cerca de 192 mil km², ou quase dois terços da superfície da Polônia. 4 – Nascido em 1932 em Viena, Áustria, chegou ao Brasil em 1940, aos oito anos, devido à perseguição aos judeus depois que a Áustria foi anexada à Alemanha Nazista. Já alfabetizado em alemão, retomou a escola no Brasil. No ensino médio, fez um curso técnico, que o levou a trabalhar na indústria e a filiar-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Foi um dos líderes do movimento grevista de 1953, conhecido como a greve dos 600 mil. A experiência operária e a militância no Partido Socialista Brasileiro (PSB) fizeram nascer em Singer o interesse pela Economia, cujos estudos se iniciaram de maneira autodidática, através da leitura de autores como Marx, Engels e Rosa Luxemburgo. Mais tarde, entrou na Universidade de São Paulo, no curso de Ciências Econômicas e Administrativas, onde se formou em 1959. Durante o curso integrou-se ao Seminário de O Capital, juntamente com Fernando Henrique Cardoso, José Arthur Giannotti, Fernando Novais, Octavio Ianni, Roberto Schwarz e outros intelectuais da USP, com os quais mais tarde fundaria o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Devido ao desempenho como estudante, logo após a formatura foi convidado a trabalhar como professor na mesma universidade. A primeira disciplina que lecionou foi “Estrutura das Organizações Econômicas”, sobre economia agrícola. Ainda que tivesse grande preocupação com a agricultura e as relações de produção e trabalho a ela inerentes, o maior interesse teórico de Singer se dava em relação ao desenvolvimento econômico enquanto processo de mudança estrutural. Como resultado, escreveu o seu primeiro ensaio acadêmico: “Conjuntura e Desenvolvimento”, depois publicado em seu primeiro livro: Desenvolvimento e Crise, (São Paulo, Difel, 1968). Convidado a fazer uma análise do Plano Trienal elaborado pelo economista Celso Furtado para o governo de João Goulart, Singer examinou os pontos centrais da crise econômica pela qual o Brasil passava, com inflação e desequilíbrio no Balanço de Pagamentos. Previu que as soluções propostas (elevação de tributos, redução de despesa governamental, captação de recursos privados no mercado de capitais e restrição ao crédito) levariam ao agravamento da crise, o que se confirmou. Prevalecia nos meios progressistas a tese de que o Brasil não sairia da crise sem “reformas de base”, como a reforma agrária, que incorporaria ao mercado interno a massa camponesa, proporcionando ganhos de escala imprescindíveis. Tal tese foi ao chão com o golpe militar de 1964, que impediu qualquer movimento popular. A economia brasileira, então, estaria condenada à depressão. Singer entendeu, no entanto, que tal raciocínio tomava o conjuntural pelo estrutural. A crise tinha caráter conjuntural, com a função de corrigir desequilíbrios, permitindo mais adiante nova fase de ascensão. Escreveu, então, “Ciclos de Conjuntura em Economias Subdesenvolvidas”, no qual deu início a uma teoria geral do ciclo de conjuntura “clássico” (com moeda lastreada) e com oferta de moeda centralmente controlada. A tese de doutoramento -Desenvolvimento e evolução urbana- foi iniciada em 1963, a convite do professor Florestan Fernandes, da Sociologia/USP, para participar de pesquisa sobre a evolução econômica de cinco cidades brasileiras: São Paulo, Blumenau, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife, com o objetivo de analisar os fatores sociais do crescimento econômico. Cada cidade foi estudada isoladamente, com o levantamento de seus dados históricos, procurando relacionar sua evolução com as transformações ocorridas em sua hinterlândia, o que permitiu aplicar à realidade histórica a teoria estrutural do desenvolvimento que Singer estava elaborando. Tal estudo permitiu o aprofundamento dos seus conhecimentos da história econômica brasileira, fazendo com que adquirisse melhor percepção do tempo e do espaço como fatores condicionantes de processos de mudança estrutural, enriquecendo em muito seu quadro teórico. A principal conclusão desses estudos é que, se a localização da atividade econômica é deixada unicamente aos mecanismos de mercado, a concentração espacial e, consequentemente, a desigualdade regional serão maximizadas. Só a intervenção do Estado, redirecionando as inversões (não só públicas, mas também privadas) no espaço, pode conter e talvez em alguma medida reverter a tendência à concentração e à desigualdade. A tese foi publicada sob o título Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana, em 1969 (São Paulo, Editora Nacional). Singer foi também professor na Faculdade de Higiene e Saúde Pública da USP, onde estava sendo criado o Centro de Estudos de Dinâmica Populacional – Cedip, constituído por uma equipe interdisciplinar (sociólogos, médico, físico e economista). O centro tinha como objetivo a realização de pesquisas e oferecer ensino no campo da demografia. Na época o Brasil não dispunha de centros de especialização em demografia. Então a equipe recebeu bolsas patrocinadas pela OMS para aperfeiçoamento no exterior. Na Universidade de Princeton (1966-67), uma das principais dos Estados Unidos, Singer fez o curso de estudos
  • 12. populacionais no Office of Population Research com o professor Ansley Coale, um dos mais destacados investigadores do mundo no campo da demografia formal e aplicada. Nos EUA, Singer examinou o papel do crescimento populacional ao longo de todo o processo de desenvolvimento, de modo a elaborar uma teoria do seu mútuo inter-relacionamento. O estudo resultou no trabalho de fim de curso em Princeton. De volta ao Brasil, prestou concurso para livre docente em demografia com o trabalho de Princeton posteriormente publicado em livro com o título Dinâmica Populacional e Desenvolvimento (Brasiliense, 1970), traduzido ao espanhol como Dinámica de la Población y Desarrollo, México, Siglo XXI Editores, 1971. Com o acirramento do regime militar, em 1969 Singer foi aposentado compulsoriamente da USP, juntamente com diversos outros professores. Com o objetivo de dar prosseguimento ao trabalho, um grupo se uniu para fundar um centro de pesquisas em ciências humanas. Surgia, então, o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise Planejamento) para elaborar projetos de pesquisa em que os diversos enfoques disciplinares tendiam a se fundir, já que havia especialistas de diferentes áreas das ciências do homem. Singer passou a pesquisar sobre migrações e elaborou um estudo teórico para o Grupo de Trabalho sobre Migrações Internas da Comissão de População e Desenvolvimento do Clacso – Conselho Latino Americano de Ciências Sociais. Intitulado “Migrações Internas: Considerações Teóricas Sobre o Seu Estudo”, o texto, foi incluído no livro Economia Política da Urbanização, São Paulo, Brasiliense, 1973, traduzido ao espanhol, italiano e persa. Nele, procurou elaborar um enfoque teórico distinto do habitual, que considerava que grande parte da chamada “marginalidade” das cidades se originava de migrações rurais-urbanas excessivas. Em 1973, voltou à questão da fecundidade através de projeto do Cebrap Pesquisa Nacional Sobre Reprodução Humana, que pretendia preencher lacunas do trabalho anterior. Desenvolveu linha análoga à proposta para o estudo das migrações internas. Em 1974, participando da comemoração do ano mundial da população, com monografias patrocinadas pelo Cidred (Comité Internacional de Coopération dans les Recherches Nationales em Démographie), realizou o trabalho “Implications Économiques et Sociales de l’Evolution de la Population Brésilienne el de la Politique Demographique, no qual faz grande revisão histórica com o objetivo de estabelecer o papel que a dinâmica populacional desempenhou na evolução econômica e social do Brasil. Em 1968, Singer havia lecionado em um curso livre de “Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento”. Com o tema “Tecnologia e Emprego” surgiu algo novo e significativo: demonstrou que o desemprego produzido pela inovação técnica tende a ser absorvido por novo emprego, criado pelo aumento do consumo, provocado pelo barateamento dos produtos que a própria inovação causa. Mas para que isso ocorra é preciso que haja inovações que tenham por efeito criar “novos produtos”, pois estas expandem o consumo, diversificam a produção e suscitam novos campos de inversão de capital. A descoberta do duplo papel da mudança tecnológica, de baratear produtos existentes e criar emprego, será a base sobre a qual, mais tarde, Singer desenvolveria uma economia política do trabalho. O resultado dos estudos foi publicado através de dois ensaios: O primeiro, Elementos para uma Teoria do Emprego Aplicável a Países Não-desenvolvidos, produzido a partir de seminário no Cebrap sobre marginalidade, emprego e tecnologia. O ponto de análise era que em países de economia não-desenvolvida, parte importante da população vivia de subsistência, era autônoma ou tinha empregos no governo. Em tais condições a teoria não poderia se limitar ao emprego do setor de mercado, já que nos setores mencionados o emprego é regido por leis distintas. Era necessário formular tais leis e articulá-las em um todo teórico. O segundo, “Emprego, Produção e Reprodução da Força de Trabalho”, que foi publicado em alemão e francês e é a segunda parte do livro “Economia Política do Trabalho”. Outro tema estudado foi a terceirização. Através de dois estudos históricos: Força de Trabalho e Emprego no Brasil: 1920-1969 e “Estrutura do Emprego e Trabalho Feminino no Brasil: 1920-1970” (em colaboração com Felícia Madeira) foi possível mostrar que a terceirização da economia nada mais séria do que a manifestação do avolumamento do desemprego disfarçado. Tal interpretação aceita por economistas keynesianos e marxistas deixava de ser plausível com o fato de que a terceirização estava muito presente nas economias desenvolvidas, especialmente EUA. Ficava claro o preconceito de que o único emprego “verdadeiramente produtivo” era o industrial, sendo o terciário apenas “repositório de atividades improdutivas”. Através de estudo, Singer conclui que interpretar a terceirização na América Latina como mero reflexo do crescimento do desemprego é tomar a parte pelo todo. A rápida expansão do terciário se deve ao crescimento de funções de controle social, indispensáveis ao funcionamento do capitalismo moderno. Durante este período, Singer escreveu três outros livros, objetos de estudos variados: A crise do “milagre” (1977), resultado da observação da economia brasileira, como analista crítico, ao longo de duas décadas, o objetivo era lançar luz sobre a capacidade de crescimento de uma economia capitalista e dependente como a brasileira, apesar de suas crises de estrutura e conjuntura. Curso de Introdução à Economia Política (1978), originário de uma série de doze aulas realizadas em 1968, a pedido de entidades estudantis da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Como não era permitido o uso de instalações da universidade, o curso ocorreu aos sábados no Teatro de Arena. Dominação e Desigualdade (1981) é um livro cujo objetivo foi fazer um balanço do que realizou o regime militar, do ponto de vista econômico. De posse de farto material estatístico, Singer pode observar que houve crescimento forte, com relativa vantagem para os trabalhadores (melhores salários e mais empregos), mas percebia sinais de que o chamado “milagre econômico” estava perto do fim. Desde a década anterior já havia constatado os efeitos danosos da concentração do capital e da renda, através do estudo do fenômeno e sua forma de realização na expansão das relações capitalistas de produção. Ao estudar a estrutura das classes sociais, não as dividiu entre “ricos” e “pobres” apenas pelo seu nível do rendimento, mas o considerou um bom indicador. Feita tal análise, pode compreender a relação entre a evolução da sociedade brasileira sua estrutura de classe e repartição de renda. Com a liberação da formação de partidos políticos em 1979, Singer se engajou na formação do Partido dos Trabalhadores – PT, sendo um dos seus fundadores na histórica reunião realizada no Colégio Sion (São Paulo) em 10 de fevereiro de 1980. Singer fez parte do primeiro Diretório Nacional. Coordenou o primeiro programa econômico feito em 1982, para o candidato a governador de São Paulo Luiz Inácio Lula da Silva, permanecendo até 1989 como parte da equipe de economistas que assessorava a direção nacional do partido. Em 1988, o PT conseguiu eleger a Prefeita de São Paulo Luiza Erundina de Souza, que o convidou a assumir a Secretaria Municipal de Planejamento. O tamanho da tarefa no governo da metrópole obrigou-o a se afastar do CEBRAP e da USP. O período na prefeitura coincidiu com o auge da crise inflacionária que acometeu a economia brasileira, o que dificultou a execução do plano proposto. Durante o governo de Collor de Mello (1990-93), a economia brasileira sofreu ondas de hiperinflação, que tornavam o panorama caótico, com mais de um milhão de desempregados e dezenas de milhares de famílias vivendo ao relento. O setor da assistência social do governo municipal começou a amparar a população que recorria ao que mais tarde foi reconhecida como economia solidária e que constituíam táticas de sobrevivência baseadas na união e na ajuda mútua das vítimas do caos. Na época, a missão de Singer como Secretário de Planejamento era realizar o orçamento participativo com os setores organizados da sociedade. O governo Erundina efetivamente inverteu as prioridades, favorecendo as camadas mais necessitadas da população, mas não conseguiu eleger o sucessor na Prefeitura. De volta à USP em 1993, Singer escreveu o livro Um governo de esquerda para todos: Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo. Em 1996, Erundina foi mais uma vez candidata do PT a Prefeita de São Paulo. Singer participou da campanha, inclusive no comitê do programa e se impressionou com o enorme número de desempregados. Concebeu, então, um plano que consistia em organizar todos os desempregados que o quisessem em cooperativas que pudessem produzir bens e serviços a serem consumidos pelos próprios trabalhadores. Para que as trocas entre as cooperativas pudessem transcorrer sem que a Prefeitura tivesse de monetizá-las, as cooperativas deveriam adotar uma moeda social própria, que elas emitiriam e controlariam e que “protegeria” o mercado formado contra a concorrência externa, pois a moeda social não circularia no comércio convencional da cidade. O Plano foi apresentado e aprovado pelo comitê do programa e a ele incorporado. Seu nome – economia solidária – foi sugerido por Aloízio Mercadante, candidato a Vice-Prefeito na mesma chapa e coordenador da campanha. O programa foi divulgado em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo (de maior circulação do país) intitulado “A economia solidária contra o desemprego”. Foi então que Singer tomou conhecimento que o tipo de ação proposto já estava sendo efetivado em diferentes localidades.
  • 13. Soube também de ações da Igreja Católica, especificamente a Cáritas, assim como de diversos sindicatos de trabalhadores, já em curso, ou seja, desde a grande crise sob Collor e depois em 1994 na reforma do Plano Real a economia solidária já estava em implantação no país. Em 1996, o PT foi novamente derrotado na eleição municipal de São Paulo, de modo que não houve ocasião de implantar o plano de economia solidária naquele ano. Apenas com a vitória do partido em 2000, quando elegeu Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, foi possível iniciar uma ação pioneira de promoção da economia solidária para as parcelas excluídas da população. Singer participou por meio da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, que ajudou a fundar na USP e coordenava então. A economia solidária antes do fim do século XX era mais conhecida na esquerda mundial como “Socialismo auto-gestionário” e já vinha sendo praticado pelo menos desde a Primeira Associação Internacional de Trabalhadores, entre 1864 e 1872. Singer passou a destacar a economia solidária nas aulas de pós-graduação no curso de economia na USP, o que despertou interesse pelo tema em muitos alunos, sobretudo dos ativos na Incubadora da universidade, mas também em outras frentes e em outros lugares. O movimento acelerou seu crescimento e saiu da obscuridade. Em 2000, a crise do socialismo real desencadeada pela queda do Muro de Berlim ensejou um debate sobre o socialismo no próprio PT e Lula encarregou um grupo de intelectuais de organizar seminários sobre tal questão. Eles se estenderam por anos e evidenciaram o fortalecimento dos liames entre socialismo e democracia como essencial para a recuperação da bandeira do socialismo com credibilidade. Como resultado de tais discussões nasceu Uma utopia Militante (São Paulo, Vozes, 1999) a partir da preocupação de reconceituar a revolução social socialista e de reavaliar suas perspectivas e possibilidades; do fracasso histórico da tentativa de alcançar __ou “construir”__ o socialismo através da estatização dos meios de produção e da instituição do planejamento centralizado na economia. A preocupação teórica fundamental estava em analisar o papel da revolução social como processo multissecular de passagem de uma formação social a outra e o papel da revolução política, como episódio de transformação institucional das relações de poder. Em 2002, Lula foi candidato a Presidente pela 4ª vez. Nesta campanha, pela primeira vez, a economia solidária figurou com destaque no programa do candidato e do partido. Nos anos anteriores, o governo do estado do Rio Grande do Sul e diversos governos de capitais estaduais já haviam desenvolvido políticas de fomento da economia solidária, com resultados em geral apreciáveis. Mas, foi com a vitória de Lula em 2002, que a política de economia solidária passou a ser assumida em plano nacional. Em 2003, foi criada, a pedido do movimento, a Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES no Ministério do Trabalho e Emprego e o movimento apresentou o nome de Singer para ser o Secretário, o que foi aceito pelo Presidente Lula. Neste momento já havia sido publicado Introdução à Economia Solidária, que teve como objetivo fundamentar historicamente a proposta de desenvolver o país através de cooperativas por meio da Economia Solidária. Conforme o prefácio de Lula registra, o livro contém sólidos argumentos reafirmando a necessidade de buscarmos uma forma de organização social e econômica que ultrapasse as potencialidades oferecidas à humanidade pelo capitalismo. Em 2016, quando a presidente Dilma foi afastada, a SENAES completara 13 anos de trabalho, nos quais muitas ações em prol da economia solidária foram desenvolvidas. Em todo esse período, Singer esteve à frente da secretaria. Junto com a SENAES foram fundados o Fórum Brasileiro de Economia Solidária e a Rede de Gestores Públicos de Economia Solidária, que reúne os governos estaduais e municipais que praticam políticas de fomento da economia solidária. A SENAES manteve uma parceria constante com o Fórum e a Rede na concepção e realização das políticas. Estas são realizadas quase todas em convênios com organizações da sociedade civil sem finalidades de lucro. Paul Singer faleceu em abril de 2018, vítima de uma infecção generalizada. Fonte: http://paulsinger.com.br/biografia , acesso em 24 de agosto de 2019. 5 - Euclides André Mance (21-09-1963), é natural de Mogi das Cruzes, São Paulo, Brasil. Colaborou como articulista do jornal Alvorada, em sua cidade natal, nos anos de 1981 e 1982. Mudando-se para Curitiba, graduou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná-UFPR em 1987 e obtém título de pós- graduação em Antropologia Filosófica pela mesma Universidade dois anos mais tarde. Iniciou carreira docente em 1988, lecionando a disciplina de Filosofia na América Latina no Instituto Vicentino de Filosofia, período em que principia a trabalhar academicamente com as variadas vertentes de filosofia da libertação, que já estudava desde 1984. A pesquisa para preparação de aulas ensejou a elaboração de pequenos artigos, publicados no jornal Atualidade, órgão da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Repetidos problemas de impressão dos textos, contudo, levaram o autor a encerrar sua colaboração com aquele veículo. Em 1989 e 1990 leciona na UFPR as disciplinas de Filosofia do Método Científico, Lógica e Filosofia na América Latina para turmas de diversos cursos. Ainda em 1989 começa a publicação semestral do boletim informativo Livre-Filosofar e organiza a Secretaria de Integração de Estudos de Filosofia da Libertação – Siefil, com a informatização de um acervo de títulos de filosofia latino-americana e filosofia da libertação, que foi recolhendo ao longo dos anos em sua biblioteca particular, facilitando o acesso a esses textos a pesquisadores do Brasil e do exterior. A partir de 1990 trabalha como coordenador de projetos de educação popular no Centro de Formação Urbano e Rural Irmã Araújo-Cefuria, em Curitiba. Neste trabalho com educação popular, amplia o seu envolvimento com os movimentos sociais populares, participando da construção da Central de Movimentos Populares, entidade de abrangência nacional que passou a assessorar por vários anos. Neste período elaborou materiais didáticos para cursos de lideranças populares e iniciou sua investigação sobre temas como Cidadania e Reforma Urbana, a articulação dos movimentos sociais em torno de eixos de luta, projetos estratégicos e disputas hegemônicas, bem como, a problematizar algumas categorias clássicas na análise dialética dos processos históricos, tais como práxis e sociedade civil. Neste período inscrevem-se os artigos Eixos de Luta e a Central de Movimentos Populares e Práxis de Libertação e Subjetividade. Em 1994 novamente retorna a lecionar na UFPR, como professor concursado em regime de contratação temporária, as disciplinas de Introdução à Filosofia e Filosofia na América Latina. Participa da constituição do ALEP – América Latina Estudos e Projetos, núcleo no setor de Ciências Humanas daquela Universidade, dedicado a temas latino-americanos. Dos trabalhos em conjunto que inicia com o professor Jesus Eurico Miranda, docente na UFMS, têm-se a realização de alguns cursos de verão em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, sobre temas ligados à filosofia da libertação, a partir dos quais surgiram projetos de pesquisa coletiva com a constituição de grupos de estudo em alguns estados do Brasil sobre temáticas de filosofia da libertação. Em Curitiba este processo desemboca na fundação do Instituto de Filosofia da Libertação, do qual Mance torna-se o primeiro presidente. Sob influência do pensador francês Félix Guattari, volta-se para o estudo das semióticas do capital. Passa a lecionar Filosofia da Linguagem, no Studium São Basílio Magno. Neste período realiza algumas conferências sobre pós-modernidade e filosofia da libertação. Avança, a seguir, na investigação sobre globalização, totalitarismo e liberdade. Por estes anos publica alguns artigos, tais como Quatro Teses Sobre o Neoliberalismo, Realidade virtual – A Conversibilidade dos Signos em Capital e Poder Político e Globalização e Liberdade. Em 1997 inicia o curso de mestrado em Educação, na UFPR, inserindo-se na linha de pesquisa educação e trabalho, passando a investigar certos temas de economia contemporânea. Sua pesquisa concentra-se, a partir deste período, nas condições materiais, políticas, informativo-educacionais e éticas, peculiares ao exercício da liberdade democrática. Em 1999 conclui o mestrado defendendo a dissertação Globalização, Liberdade e Educação – Desafios e contradições das Sociedades Contemporâneas, trabalho em que Mance recupera a pedagogia libertadora de Paulo Freire, reelaborando vários conceitos peculiares àquela concepção a partir da semiótica política. Nesta última etapa, após ter elaborado sobre as dimensões educativa, política e ética dos exercícios de liberdade, o autor se volta para a reflexão sobre as mediações econômicas de tal exercício. Concentra-se, a partir deste momento, na reflexão sobre as redes de colaboração solidária como
  • 14. possíveis alternativas econômicas para a construção de sociedades pós-capitalistas, aplicando à economia os princípios da teoria da complexidade. Nesta perspectiva inscrevem-se os livros A Revolução das Redes (1999), Redes de Colaboração Solidária (2002), Como Organizar Redes Solidárias (2003). Convidado, em 2003, a colaborar no Programa Fome Zero, no primeiro governo do presidente Lula, Mance atuou como consultor contratado pela Unesco (2004) e FAO (2005-2006) em projetos de desenvolvimento local. Desse período de intenso trabalho de diagnósticos sobre a realidade brasileira e de elaboração de políticas públicas, articulando desenvolvimento territorial com estratégias de economia solidária, resulta o livro Fome Zero e Economia Solidária – O Desenvolvimento Sustentável e a Transformação Estrutural do Brasil (2004). Desde 1999 vem apoiando a organização de redes colaborativas, particularmente no campo da economia solidária. Com este objetivo concebeu e desenvolveu algumas ferramentas de Tecnologia da Informação que voluntariamente mantém à disposição de diversas redes solidárias, entre as quais o portal www.solidarius.com.br. Em 2000 participou da criação da Rede Brasileira de Socioeconômica Solidária-RBSES, colaborando intensamente com esta Rede desde então. Nos últimos anos atua como facilitador em eventos de economia solidária e como conferencista em eventos civis ou governamentais em diferentes países. Fonte: http://euclidesmance.net/wp/index.php/biografia/, acesso em 24 de agosto de 2019.