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XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019
Telejornalismo Online:
O Impacto da Internet nas Notícias Televisivas Locais1
Gabriel Lisboa de MELLO2
Fernanda Ribeiro de LIMA3
Faculdade Sul-Americana, Goiânia, GO
RESUMO
A televisão é, sem dúvida, o meio de comunicação mediada de maior alcance no Brasil.
Segundo o IBGE, a TV está presente em 97% dos lares brasileiros, dado levantado na
última PNAD. Inegável é o fato de que a internet mudou a forma de fazer
telejornalismo. Desde início dos anos 2000 os produtores contam com uma nova
maneira de acessar fatos e dados, muito mais veloz e, que hoje é responsável por uma
boa parte do conteúdo que vai ao ar. Com as redes sociais a relação de troca com o
telespectador permite à televisão “ter olhos” por toda cidade. Com todas as mudanças o
profissional tem que ser multimídia. Agora o telejornal está nos dispositivos móveis. O
presente trabalho é um estudo sobre a intersecção entre televisão e internet e suas
consequências nas rotinas produtivas nas redações de telejornais goianienses.
PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo; Televisão; Telejornalismo; Internet; Rotinas
produtivas
O princípio, a comunicação
A comunicação é um campo muito amplo e complexo. Para Temer (2004), a
comunicação está presente em tudo. Nas expressões faciais, na fala, nas roupas, nos
enfeites. Até mesmo atitudes são gestos de comunicação. As pessoas se comunicam de
diferentes formas e por diferentes necessidades. “De fato, podemos dizer que todo
1
Trabalho apresentado na DT/IJ-01 Jornalismo do XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-
Oeste, realizado de 22 a 24 de maio de 2019.
2
Aluno recém-formado, curso de jornalismo 2018 – Fasam,e-mail: gabriellisboademelo@hotmail.com
3
Professora orientadora deste trabalho. Doutoranda em Antropologia pelo PPGAS-UFG. Mestra em Comunicação
pela Faculdade de Informação e Comunicação na Universidade Federal de Goiás FIC- UFG, Especialista em
Assessoria de Comunicação pela Faculdade de Informação e Comunicação na Universidade Federal de Goiás FIC-
UFG. Radialista graduada na FIC-UFG e jornalista pela FASAM. Docente nos cursos de Jornalismo e Relações
Públicas da Faculdade Sul-Americana. E-mail: fernanda.ribeiro35@gmail.com.
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indivíduo inserido em um processo social está em comunicação, está dizendo alguma
coisa sobre si mesmo e sobre a sociedade.” (TEMER, 2014, p.15).
Para Thompson (2002), a comunicação deixa uma marca irreversível na
sociedade, ao mesmo tempo em que ajuda o mundo moderno a caminhar. O autor
caracteriza a comunicação mediada e a funde com as ideias de contexto social, pois é
muito fácil não se preocupar com a sociedade e ficar aprisionado apenas em elementos
técnicos da comunicação, esquecendo o impacto no social que ela ocasiona.
O jornalismo e seus deveres
E uma das expressões mais claras da comunicação é o jornalismo, que para
Traquina (2005), é uma narrativa de acontecimentos verídicos, feitos por agentes
especializados, os jornalistas, que por sua vez trazem um recorte da realidade. “O
jornalismo acaba por ser uma parte seletiva da realidade” (TRAQUINA, 2005, p.30).
Para o autor, jornalismo é também uma atividade intelectual e criativa. Quanto ao
campo jornalístico é dual, um lado o ideológico, que confere ao jornalista o poder de
vigilante do poder hegemônico levando as informações claras à sociedade e, outro lado,
o econômico que torna o produto final que é a notícia, uma mercadoria, que faz com que
o jornalismo se transforme, para não perder o cheiro do dinheiro.
A televisão no seu papel social
Segundo Paternostro (2006), a TV conecta o homem ao mundo exterior porque
os seres humanos têm a mania de transformar e informar o outro. A partir do momento
que a televisão é um meio de comunicação inserido na vida das pessoas, isso modifica
muito do que está arraigado nelas, fazendo com que atribuam novos valores a
conhecimentos anteriores. Assim, a televisão forma opinião, cria hábitos e
comportamentos. Paternostro também fala da televisão e sua evolução.
O mundo da televisão evolui em ritmo veloz. Já conseguimos
acompanhar ao vivo, em tempo real, acontecimentos do outro lado da
Terra, mas queremos mais: melhor imagem, som perfeito, detalhes e
emoção! A TV atual, digital, tridimensional vira cinema dentro de
casa. E nós, nela inseridos, não podemos perder o trem da história!
(PATERNOSTRO,2006, p.09)
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A TV, o público, suas realidades e o telejornalismo com suas rotinas produtivas
Para Temer (2014), o objetivo da televisão é conquistar, manter e fidelizar a
audiência, a televisão é a janela que ressignifica o mundo lá fora trazendo para dentro da
casa das pessoas. Ver TV é embarcar em uma rápida sucessão de imagens, aceitando a
verdade recortada. Para a autora é difícil que o telespectador pense a TV como técnica,
qualidade de imagens, cor, enquadramento e outros fatores. Temer (2014) diz ainda que
existe uma estrutura jornalística visível por trás dessa magia, bem real e cheia de
personagens.
Fechine (2008) vai dizer que a televisão é o aqui e o agora. A TV constrói
relações de tempo e espaço formando a noção de presença. A televisão não consegue
construir um espaço materialmente, mas constrói um espaço simbólico que é
transmitido para quem está assistindo. E para interromper essa ligação basta desligar a
televisão, desse modo a ligação não é imposta.
Mas se a TV não é só texto, também não é só imagem. Para finalizar esta
explanação sobre os elementos trabalhados na ligação entre TV e público, Temer e
Fechine concordam sobre a importância da voz e dos elementos de sonorização.
“Quando escutamos uma voz, não nos sentimos mais sozinhos. A sonoridade enche o
ambiente, influindo sobre a nossa própria percepção do espaço físico em redor.”
(FECHINE, 2008, p.115).
O telejornal sem dúvida é a maior exemplificação do conteúdo da TV que liga o
mundo às pessoas. Para Vizeu (2014), o telejornalismo é um mecanismo importante que
as pessoas têm para construir a imagem de realidade dos acontecimentos, todavia, esse
mundo dentro da TV é recontextualizado e ditado tecnicamente. O autor acredita
também que é preciso entender como os noticiários são construídos, para alcançar a
democracia social.
Os noticiários não se constroem sozinhos, para que o programa chegue até a casa
das pessoas é preciso de gente, que muda de acordo com o mundo. Ao deixar de ser um
passatempo, para virar um negócio, o campo jornalístico se reafirma no sentido
intelectual e econômico. Para Moretzsohn (2014), o jornalista tem que ser mais que
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“antenado” com a era digital. É preciso que o profissional tenha múltiplas habilidades.
Contudo a sua carga horária aumenta e nem sempre o profissional percebe uma grande
diferença salarial. Assim as redações são enxugadas e sobra trabalho. O jornalista fica
mais cansado com as demandas, e com o cansaço fica mais suscetível a errar. Com toda
essa agilidade o objetivo tem que ficar cada vez mais claro, que é fazer a notícia. Manter
sempre a credibilidade, trazendo no início da matéria o lead4
.
Com o advento da internet, o jornalista mudou a sua rotina produtiva, ele é
responsável por captar esse conteúdo em audiovisual, mesmo que às vezes não tenha
todas as informações é preciso transcrevê-la de forma dinâmica e originária, colocar na
internet e dar a manutenção (atualização) na sua notícia.
Uma rede de arquitetura, a internet
Para Felice (2013), a internet é uma rede de arquitetura informativa que
contribui para a emancipação da sociedade, ajudando na liberdade de pensamento e na
reestruturação dos modos de produzir o capitalismo. A internet também dá vez ao
empoderamento social. Com o advento das novas tecnologias de informação, a
comunicação começa a se adaptar a forma horizontal de se informar, abandonando a
formato vertical de se comunicar. “Sendo assim, a Internet funda um novo padrão de
comunicação e também uma nova cultura [...]” (FELICE, 2013, p. 53).
Ainda segundo o autor, com esse novo modelo de comunicação, é criado
também uma forma que quebra o paradigma da comunicação descentralizada, exercida
pela televisão, pelo rádio e por outras mídias tradicionais. Com as redes a comunicação
fica mais rápida, mais acessível, segmentada e sem a dependência de um protagonista.
A internet pode ser acessada de qualquer lugar, a interatividade quebra barreiras
geográficas e sociais. Felice (2013) usa o conceito estruturado por Paul Baran5
(1964)
para explicas as topologias de rede.
4
Lide (lead): primeiro parágrafo do texto jornalístico, contendo as respostas às seis perguntas consideradas básicas: o
que, quem, quando, onde, como e por que? Parte da ideia da pirâmide invertida, ou seja, os fatos seriam relatados em
ordem decrescente de importância.
5
Baran diz que a internet é um malha na qual os dados se deslocam e não pode ser atingido em um único ponto, esse
processo o estudioso chama sistema distribuído. Esse modelo foi pensado para não ser prejudicado em tempos de
guerra.
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Para Martino (2014), as redes se relacionam com os indivíduos, os laços são
firmados por um interesse comum. É possível abrir um espaço para assuntos políticos,
sociais e econômicos, e isso impacta a vida fora da internet. Pode-se conhecer o
posicionamento ideológico e até o perfil de status pelas redes sociais. As discussões do
mundo real são levadas para a internet e assuntos da internet são levados para o mundo
real.
Jornalismo e convergência de mídia
A convergência de mídia vai ser discutida dentro do jornalismo por diversos
autores, entre eles Pereira (2011). Vários autores alertam para a necessidade de repensar
a identidade jornalística na era digital. O jornalismo tem que procurar uma nova
formatação para caber dentro das mídias digitais e se adequar ao novo perfil do público.
O jornalismo precisa redefinir os seus valores e também o perfil dos profissionais nestes
novos tempos, é preciso ser multimídia.
Um dos cernes do jornalismo sempre foi a rapidez, mas Pereira (2011) acredita que o
jornalismo vive um tempo ainda mais regido pela pressa e pela pressão de dar a notícia
a qualquer custo. A euforia pelo tempo pode ser explicada pela hiperconcorrência entre
publicações. Com a convergência de mídia a notícia tem um fluxo contínuo, o
jornalismo deixa de ser totalitário na informação. A presença do público faz diferença
na hora de publicar a notícia. O jornalista confia cada vez mais nos discursos acessíveis
das fontes oficiais deixando de ouvir outras fontes, uma premissa básica do jornalismo.
Matsuzaki (2009) fala da cultura da participação, “[...] a convergência não é
apenas um fenômeno tecnológico, uma mudança estrutural entre plataformas,
computadores e dispositivos móveis, mas sim um fenômeno social e cultural.”
(MATSUZAKI, 2009, p.61).
Metodologia
Esta pesquisa usará três métodos qualitativos para compreender o objeto.
Primeiro foi feito a análise de conteúdo (AC) que é aplicada desde o século XVIII no
campo da pesquisa em comunicação. Para que esse AC seja aplicada é necessário ter
coerência e transparência. Além de o método desafiar a curiosidade da primazia dos
dados, os custos para execução é barato. Esta análise é adequada porque os conteúdos
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televisivos influenciam e estão presentes em várias partes da realidade. E mesmo que o
telespectador use a televisão como diversão, ele consegue filtrar e fazer uma reflexão
crítica sobre o que vê.
O segundo método, o uso do questionário, depende muito da organização e
cuidado do pesquisador quanto os dados. Afinal cabe a ele estruturar as perguntas em
abertas ou fechadas, aplicar o questionário e transformar as informações em dados. “Um
dos principais fatores de sucesso da realização da pesquisa é a correta capacitação dos
entrevistadores, que devem ser treinados minuciosamente [...]” (NOVELLI, 2011,
p177).
Por fim, será usada a observação participante que impactou os estudos em
comunicação social no Brasil nos anos 80 e 90. Para que a pesquisa participante
aconteça é necessário que o pesquisador se insira no contexto que deseja analisar
sistematicamente, mas ele não deve se misturar executando tarefas atribuídas ao grupo.
O tempo da pesquisa é indeterminado. Para Peruzzo (2011), essa metodologia não
necessariamente vai ser usada para estudar apenas casos etnográficos. Esse tipo de
pesquisa é usado muitas vezes para analisar fenômenos comunicacionais, normalmente
quando referente à mensagem dos meios de comunicação, como é o caso, para apontar
mudanças no contexto social jornalístico.
As emissoras e os telejornais analisados para a pesquisa
Esta pesquisa analisou três telejornais exibidos em Goiânia, no horário do
almoço porque quase todas as emissoras locais tem um programa noticioso entre onze e
duas horas da tarde. O Jornal Anhanguera Primeira Edição, o Jornal do Meio Dia e o
Balanço Geral permitiram trabalhar com estruturas semelhantes, mas linhas editoriais
diversas. Dentro deste recorte, foi usado o critério de audiência através de dados da
Kantar Ibope Media6
, para escolher os três telejornais analisados7
.
A TV Anhanguera surgiu nos anos 60, em Goiânia. Hoje é uma afiliada da Rede
Globo sintonizada no canal 2 da TV aberta, integrante o grupo Jaime Câmara que foi
6
A Ibope Inteligência é uma das maiores empresas de pesquisa de mercado da América Latina. A Kantar Ibope Media
é o braço destinado ao levantamento de dados dos veículos de comunicação.
7
Os dados foram fornecidos por uma agência de publicidade que não será identificada. Os dados do Ibope Media são
sigilosos e restritos a quem paga pelo serviço.
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criado pelo jornalista Jaime Câmara e seus irmãos Joaquim Câmara Filho e Vicente
Rebouças. A TV foi ao ar pela primeira vez no dia 23 de outubro de 1963.
Atualmente a emissora conta com quase quatro horas de conteúdo jornalístico
A TV Record é a continuidade da primeira emissora de televisão em Goiás, a TV
Rádio Clube. Mas teve uma longa historia até chegar ao que é hoje. Atualmente A TV
Record é um das maiores emissoras de Goiás, ela é encontrada na TV aberta no canal 4.
Sua programação local é marcada por uma linha editorial popularesca e sensacionalista.
Como por exemplo o, Goiânia Urgente - “A cidade inteira participando”. O telejornal
ficou no ar durante 27 anos, sempre com apresentadores bem polêmicos e foi extinto
após uma reformulação da programação do TV, voltou à grade no ano passado.
A TV Serra Dourada surgiu em 1989. Desde então é afiliada do Sistema
Brasileiro de Televisão, o SBT. Hoje a TV Serra Dourada é comandada pelo Grupo
Arisco que possui também duas emissoras de rádio. A consolidação da emissora nos
anos de 1990 deve muito ao telejornalismo. Atualmente a TV Serra Dourada é
sintonizada no canal 9 da TV aberta, e conta com dois jornais locais e alguns programas
de entretenimentos feitos por te feitos por terceirizados. O carro chefe da emissora é o
Jornal do Meio dia.
O Jornal Anhanguera Primeira Edição nasceu em 1987, era chamado de Jornal
do Almoço, e até 1996 tinha quinze minutos de duração. Em 1996, quando passou pela
sua primeira grande reformulação, o programa ganhou de 30 a 35 minutos de produção.
Uma ação da Rede Globo com todas as afiliadas depois que a emissora percebeu que
estava perdendo audiência no horário para emissoras locais que tinham programação
jornalística local. Mudanças na estrutura do jornal continuam acontecendo motivadas
pela guerra da audiência com a TV Serra Dourada e Rede Record.
O jornal tem investido em uma linha mais ousada de apresentação da notícia
com repórteres e âncoras mais descontraídos. Diversos quadros de caráter
assistencialista, de saúde e culinário compõem o noticiário. Ao assistir o telejornal, em
diversos momentos, fica difícil fazer uma separação entre jornalismo e entretenimento.
O Balanço Geral, dos três telejornais goianos veiculados no horário do almoço e
analisados nesta pesquisa, é mais novo está no ar desde 2018. Além de ter o maior
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tempo de duração, são quase três horas programa. O telejornal substituiu o Goiânia
Urgente8
. O âncora, Oloares Ferreira, está à frente do programa desde a sua criação. Ele
não é jornalista e faz uma apresentação bem caricata, cheia de trejeitos e momentos de
teatralização. Todas as matérias, problemas de bairros, reportagens policiais, casos de
violência, fatos curiosos, notícias de cidades, economia e política são editadas com
longos minutos de duração.
O Jornal do Meio Dia é hoje o principal programa dentro da grade da TV Serra
Dourada e lidera a audiência na hora do almoço em Goiânia. Criado em 1991, com o
objetivo de concorrer com o telejornal da TV Anhanguera, desde o início o programa
foi direcionado para conteúdos populares de serviço, como matérias de reclamação de
bairro e vagas de emprego. Também é forte o viés assistencialista da emissora, sempre
mostrando pessoas em situação de pobreza extrema seguido de um pedido de doação.
Atualmente o programa conta com quatro blocos, é apresentado por Jordevá Rosa e
Luciana Finholdt dois jornalistas com mais de vinte e cinco anos de presença no vídeo
em Goiás. A programação ocupa um pouco mais de uma hora de duração.
Os Dados
O recorte temporal foi de uma semana. Os telejornais foram acompanhados e
gravados de quarta-feira a terça-feira sendo o Jornal Anhanguera Primeira edição entre
o dia 22 de agosto de 2018 e 28 de agosto de 2018, o Jornal do Meio entre o dia 15 de
agosto de 2018 e 21 de agosto de 2018 e o Balanço Geral entre o dia 29 de agosto de
2018 e 04 de setembro de 2018. No total foram analisadas 75 matérias. Para realizar a
análise de conteúdo, foram desenvolvidos oito categorias de análise descritas a seguir.
Tempo do material:9 A maior parte das matérias tem entre dois e três minutos. É
grande a quantidade de material com até um minuto que tem conteúdo vindo da internet,
isso mostra que as redações estão usando este recurso na produção de notas cobertas, o
que diminui a necessidade de equipe e dá agilidade ao processo. Mas a presença de
8
O Goiânia Urgente era um programa jornalístico emblemático da história da TV goiana que estreou em 1981.
Durante dez anos se consolidou como um dos principais programa na grade da emissora, seguindo uma linha
popularesca.
9
Apenas o tempo sem as chamadas e comentários dos apresentadores. Até um minuto, entre um e dois minutos, entre
dois e três minutos, entre três e quatro minutos, entre quatro e cinco minutos e mais de cinco minutos.
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material oriundo da web mesmo nos vt´s com mais de dois minutos de produção mostra
que o recurso se tornou definitivamente parte da produção televisiva.
Tempo do material com a chamada e os comentários:10 Quando analisado junto com
comentários o tempo das matérias aumenta consideravelmente, principalmente no
conteúdo de interesse humano, de ajuda a famílias carentes e crimes bárbaros com
repercussão na internet. O tempo médio de cinco minutos no item anterior dobrou neste.
Isso mostra que os apresentadores estão propensos a comentarem mais os assuntos com
destaque na rede.
Posição do material no espelho:11 Aqui foi possível perceber que os materiais da
internet permeiam todos os blocos dos telejornais, porém o primeiro bloco é, sem
dúvida o mais utilizado. Explica-se pela necessidade de, logo no início do noticiário,
entrar com o assunto de maior repercussão no dia e também pelo uso do material
produzido pelos telespectadores com problemas de cidades, destaque nos noticiários
deste horário. É muito comum também o uso de teasers deste material na escalada do
jornal e até mesmo nas passagens de bloco.
Gráfico do formato:12 O formato preferido pelos telejornais ainda é a matéria. Neste
caso o material retirado da rede é usado para cobrir os offs e também servem para
ilustrar a matéria. Nas notas cobertas é possível notar a substituição das imagens feitas
por um repórter cinematográfico da emissora pelo conteúdo da web, como por exemplo,
no caso do quadro repórter cidadão do Jornal do Meio dia, e do Quero ver na TV do
jornal Anhanguera 1° Edição.
Tipologia das matérias:13 Entre os materiais analisados, os arquivos que estão ligados
a internet estão predominantemente dentro dos materiais com fato novo. Isso reforça a
necessidade que as emissoras de televisão têm de acompanhar à internet para repercutir
os assuntos, e muitas vezes usam os vídeos enviados pelo telespectador para fazer isso.
Os dados mostram que as emissoras investem cada vez menos em matérias de
10
Até um minuto, entre um e dois minutos, entre dois e três minutos, entre três e quatro minutos, entre quatro e cinco
minutos e mais de cinco minutos.
11
Escalada, primeiro bloco, segundo bloco, terceiro bloco e quarto bloco.
12
VT, nota coberta, nota seca, e entrevista (em estúdio ou externa)
13
Fato novo, suíte/repercussão, investigativa, interesse humano e curiosidade.
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investigação, e baixo é o índice de matérias acerca de interesse humano e curiosidades,
porque esses formatos demandam mais tempo.
Fontes oficiais: Nesta parte observa-se que as mudanças nas rotinas produtivas
refletiram sobre esta etapa do fazer jornalísticos. Quase 40% do material não teve fonte
oficial, ou seja, não houve um contato entre a emissora e a instituição responsável pela
solução do problema. Raros foram os casos em que as notas respostas foram pedidas e
não chegaram a tempo do telejornal começar. Mesmo quando a nota chegou depois que
a matéria foi exibida os apresentadores faziam uma retomada e liam à nota.
Material creditado: Este item mostra que a metade das matérias provenientes da
internet não tem crédito. As imagens aparecem normalmente dentro das matérias como
se fossem produzidas pela própria TV. Para que o material entrasse nessa categoria de
análise, o critério é que tivesse alguma ligação com a internet, desde ser uma imagem
enviada pelo telespectador através de uma rede social ou aplicativo de mensagens, ou
retirado de sites e blogs.
Tempo de material da internet foi usado na matéria:14 As emissoras utilizam muito
conteúdo da internet e isso coloca em cheque a função da TV de produtora de conteúdo
e coloca em análise a função de mediadora de conteúdo. Nesta categoria, algumas
emissoras que utilizaram até dois minutos de conteúdo da internet por VT. Quase 60%
dos materiais analisados utilizaram conteúdos da internet com até um minuto.
A aplicação de questionários aos jornalistas
Logo depois de assistir aos telejornais, foram aplicados questionários aos
jornalistas das mesmas emissoras. O objetivo foi comparar o discurso sobre a
metodologia de produção dos profissionais da televisão com os resultados encontrados
nos noticiosos. O questionário foi disponibilizado dentro de uma plataforma digital,
enviado por e-mail, Whatsapp, na página de grupo fechado de jornalistas de Goiás no
facebook e também presencialmente no caso da redação da TV Rede Record Goiás.
Mesmo com todo este esforço foram validados 15 questionários de jornalistas das
referidas redações.
14
Até trinta segundos, de trinta segundos a um minuto, de um minuto a dois, mais de dois minutos.
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Aplicando os questionário foi possível descobrir vários aspectos, um deles foi
referente a idade. A maioria dos entrevistados é mulher, com formação em universidade
pública e tem entre 41 e 50 anos. Este é um jornalista com mais experiência, porém que
passa por uma adaptação com a era da internet, até porque, não nasceu na era digital.
Quanto ao tempo de formado, a maioria dos jornalistas respondeu que tem entre
11 e 20 anos de experiência. Não houve nenhuma resposta com mais de 30 anos de
profissão. A explicação pode estar na rotina estressante do veículo com plantões aos
finais de semana e feriados e na necessidade de adaptação à internet.
Sobre a rotina produtiva dos profissionais foi perguntado a quantidade de sites
que eles acompanham por dia. Majoritariamente a resposta foi entre 5 e 7 sites por dia,
vale lembrar que esses sites acessados na maioria das vezes são de outras empresas de
comunicação. Os mesmos profissionais responderam que têm em seus dispositivos
móveis, entre 11 e 20 grupos de Whatsapp e mesmo que o profissional exclua do seu
Whatsapp grupos de amigos, de familiares e de interesse pessoal, e mesmo selecionando
apenas os grupos de jornalismo temos um gasto grande energia, afinal, mais de 60% dos
profissionais ouvidos tem de 6 a 15 grupos de Whatsapp relacionado ao exercício da sua
função.
Tendo todas essas atribuições quase a metade dos entrevistados tem mais de um
emprego, ou seja, trabalha no mínimo dez horas por dia, sem contar os plantões de final
de semana e feriados. Qual é o tempo que ele tem para investir no seu crescimento
pessoal, conhecimentos gerais que ajudam no seu trabalho? Qual o tempo que esse
profissional descansa, tem um convívio direto com os seus familiares, pratica esportes?
Fatores que vão interferir no fazer jornalístico. E quanto as horas trabalhadas 33% dos
entrevistados trabalham entre 11 a 12 horas por dia. E desta forma 40% das pessoas
fazem hora extra.
Os jornalistas estão diminuindo o hábito da leitura, a maior parte respondeu que
lê apenas um periódico por dia. Mas a maioria garantiu que fala com as fontes entre
90% e 100% das vezes, o que não condiz com a análise de conteúdo que registrou a
ausência das fontes na maior parte do material. Quanto ao material da internet usado nos
conteúdos da TV, neste caso as variáveis também confirmam o que foi observado
anteriormente na análise de conteúdo. A maioria deles utiliza mais de 70% dos
materiais de internet nos telejornais.
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Estudo de caso15
A TV Brasil Central, o TBC Notícias Primeira Edição e a sua rotina produtiva
A Televisão Brasil Central (TBC) foi criada em 1975, é uma emissora goiana
sintonizada no canal aberto 13, atualmente afiliada da TV Cultura, o canal pertence a
imprensa oficial do governo de Goiás. O telejornal da hora do almoço, TBC notícias
Primeira Edição é apresentado das 11h às 12h50 e tem dois apresentadores. O
programa, dividido em quatro blocos, é composto por matérias gravadas, Linkfake,
entrevistas no estúdio e externa. A equipe conta com uma chefe de reportagem, cinco
produtoras, um editor chefe, três editores de texto, quatro editores de imagens, quatro
repórteres e uma estagiária.
A rotina produtiva da TV é bem mais leve que as demais emissoras, afinal não
há tanto a busca pela audiência. A produção se reúne às 10h para pautar matérias para o
período da tarde. São os sites, jornais impressos e órgão públicos que pautam o
jornalismo da emissora. Poucas foram às vezes que o público deu um direcionamento
para as matérias. Nos dias da observação o que a TV mais cobriu foram coletivas de
grandes órgãos do estado e matérias policiais.
A maioria das pautas não são complexas, normalmente existe apenas um lide de
informações para o repórter com as principais orientações e uma matéria de algum
portal online de notícia grampeada na pauta. Na rua, depois de levantar as informações e
gravar as entrevistas, o repórter rascunha e envia para a edição revisar, e só após a
correção, o repórter tem autorização para gravar off.
A edição é a parte mais criteriosa da produção telejornalística. Normalmente as
sonoras editadas são curtas e objetivas. É raro existir uma matéria com mais de três
minutos de duração.
A internet é um recurso importantíssimo na produção. Os impressos
abandonados em cima da mesa e a dependência de sites de notícia deixam claro que o
uso da internet na produção de telejornais independe da busca por audiência e da
urgência em colocar os assuntos mais quentes no ar.
15
Este estudo de caso é o fruto da observação participante na redação do telejornal da TV Brasil central durante uma
semana entre os dia 27 de agosto de 2018 e 01 de setembro de 2018, sempre das 8h da manhã ao meio dia.
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Considerações finais16
O telejornalismo é a fonte de informação de muitos brasileiros. E por mais que o
acesso a outros meios de comunicação, como a internet, tenha se popularizado, a notícia
na televisão ainda é vista com credibilidade por um público de perfil diverso que não
entende a matéria, a reportagem, a entrevista em estúdio ou gravada, como um recorte
da realidade, marcado por questões técnicas e editoriais. O conteúdo jornalístico da TV
pauta conversas nos bares, na sala de espera do consultório médico e na fila do banco,
ele forma opinião. E essa opinião, ou seja, o comportamento da sociedade, vai entrar em
discussão na hora das reuniões de pauta.
O jornalista é um formador de opinião e tem que ter muita cautela ao selecionar
fontes para fazer matérias ou embasar comentários porque eles vão desencadear uma
série de ações e reações. Embora fazer notícia pareça ser muito fácil com o advento da
internet, o jornalista precisa ter em mente, que ao ser publicada, qualquer informação
passou por um recorte, como o que ele próprio faz, ou seja, não é simplesmente, um fato
é uma construção narrativa com distorções intencionais ou não.
Observou-se que os jornalistas são cobrados o tempo todo para produzir muito e
produzir coisas novas, ao mesmo tempo, a internet, esse “hipertudo”, oferece uma
infinidade de informações. As redações estão cada vez mais enxutas e os profissionais
não conseguem acompanhar tudo o que acontece, verificar se é verdade e ainda cumprir
suas outras obrigações como reuniões e planejamento. A notícia que precisa ser checada
e contextualizada fica rasa, quando não com informações erradas.
Não é a internet que a responsável pelos erros dentro do jornalismo televisivo,
mas sim a forma como ela é utilizada enquanto ferramenta de produção. O jornalista
erra porque não confere as informações que encontra na rede. Ele apenas copia. Mas
outro aspecto chama atenção, o jornalista não desconfia que o material está errado
16
O trabalho é maior porque as horas de jornalismo local aumentaram. A cobrança é maior pela audiência e não pode
haver furo. Para saber o que “acontece no mundo” ou no mínimo no estado, o jornalista se dispõe a acompanhar
vários grupos e Whatsapp, atualizar de sites de notícia e perfis, atender o público. Mas ele não tem tempo para checar
essas informações, ele não tem tempo de ler fontes diversas sobre um mesmo assunto para formar uma opinião sólida.
É possível exemplificar essa falta de tempo com uma passagem sobre a realização desta pesquisa. No dia 12 de
setembro deste ano este pesquisador foi à redação da Rede Record Goiás, pra aplicar os questionários aos jornalistas
como havia combinado previamente com uma funcionária da empresa. Mesmo chegando em um horário, que não era
o de fechamento, houve uma repulsa das pessoas em parar por dois ou três minutos para responder à pesquisa
acadêmica. Elas olhavam para o monitor do computador, ao mesmo tempo em que monitoravam a tela do celular e
falavam ao telefone.
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019
porque sua própria rotina de informação está comprometida. Aliás, erros de português e
mesmo a falta de conhecimento gerais observados na análise das matérias mostram uma
má formação deste jornalista. Sem tempo, esses profissionais não investem na cultura
pessoal, tem a vida pessoal e lazer comprometidos. Seria interessante que o questionário
pudesse abarcar essas questões externas para perceber como o mundo interfere na vida
profissional, na visão de mundo e consequentemente nas notícias.
Logo é possível afirmar que a intersecção entre televisão e internet está sendo
prejudicial à qualidade das notícias televisivas na maior parte do tempo, não por causa
da convergência de mídias, mas devido às rotinas produtivas impostas por empresas
interessadas em lucrar muito aumentando a quantidade de produtos oferecidos, mas
diminuindo os quadros das redações. Essa pesquisa ainda deixa a sugestão, para numa
próxima oportunidade, seja feita a investigação do perfil dos profissionais do
telejornalismo goianiense, para saber mais detalhes, e em que nível a formação
universitária e pós-faculdade destes jornalistas afetam o produto final, que é a notícia de
televisão.
7. Referências Bibliográficas
FECHINE, Y. Televisão e Presença: Uma abordagem semiótica da transmissão direta. São
Paulo: Estações das Letras e Cores, 2008.
FELICE, M. Ser redes: o formismo digital dos movimentos net-ativistas. Ano 7 – nº 2 jul./dez.
São Paulo – Brasil, revista USP, 2013. Disponível em
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:KCBs3YWDgUJ:www.revistas.usp.br/
matrizes/article/download/69406/71974/+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acessado em 16
de dezembro de 2018
FENAJ. Pesquisa – Quem é o jornalista brasileiro? Perfil do profissional no país. Programa
de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC, em convênio com a Federação Nacional
dos Jornalistas – FENAJ. Disponível em: https://fenaj.org.br/wp-
content/uploads/2016/01/pesquisa-perfil-jornalista-brasileiro.pdf. Acessado em 31 de outubro
de 2018.
IBGE/PNAD – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Pesquisa Nacional de Domicílio.
Disponível https://www.ibge.gov.br/ acessado em 14 de agosto de 2018.
LIMA, F. R. de. Apanhando duas vezes: Aspectos Relacionados à Cidadania das Mulheres
Vítimas de Violência nos Telejornais Locais. FIC – Faculdade de informação e comunicação.
Disponível em :http://ppgcom.fic.ufg.br/p/20608-dissertacoes-2014. Acessado em: 31 de
outubro de 2018
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019
MATZUZAKI, Luciano. Jenkins: A cultura da participação. In: BRANCO, Cláudia Castelo;
MATZUSAKI, Luciano (org). Olhares da rede. São Paulo: Momento Editorial, 2009. .
MARTINO, L. M. S. Teoria das mídias digitais: Linguagens, ambientes e redes. Ed. 2°.
Petrópolis, RJ: editora Vozes, 2014.
MORETZSOHN, S. D. O novo ritmo da redação de O Globo: a prioridade ao jornalismo
digital e seus reflexos nas condições de trabalho e produção da notícia. FIAM FAAM
revista científica Parágrafo, 2014. Disponível em:
http://revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/view/234/280. Acesso em 28 de
março de 2018.
NEVES, F. Telejornalismo nos primeiros tempos: história de desafios. In: VIZEU, Alfredo;
MELLO, Edna; PORCELLO, Flávio; COUTINHO, Iluska(orgs). Telejornalismo e Praça
Pública: 65 anos de telejornalismo Florianópolis: insular, 2015.
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BARROS, Antônio (org). Ed. 2°. São Paulo: Atlas, 2011.
PATERNOSTRO, V. Í. O texto na TV: manual de telejornalismo. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
PEREIRA, F. H.. O mundo dos Jornalistas: Aspectos teóricos e metodológicos. Intercom –
Revista Brasileira de ciência e comunicação, v.32, n.2, p. 217-235, jul./dez: São Paulo, 2009.
PERRUZO, C. M. K. Método e técnica de pesquisa em comunicação; (org) DUARTE, Jorge;
BARROS, Antonio. 2°Edição. São Paulo: Atlas,2011.
TRAQUINA, N. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis:
Insular, 2005.
THOMPSON, J. B. Mídia e a modernidade: Uma teoria social da mídia. Rio de Janeiro:
Vozes, 2002.
TEMER, A. C. R. P.. Flertando com o caos: Comunicação, Jornalismo e Televisão. Goiânia:
FIC/UFG, 2014.
TEMER, A. C. R. P. Desconstruindo o telejornal: Um método para ver além da melánge
informativa. In VIZEU, Alfredo; MELLO, Edna; PORCELLO, Flávio; COUTINHO, Iluska
(org). Telejornalismo em questão. Florianópolis: insular, 2014.
VIZER JR, A. Decidindo o que é notícia: os bastidores do telejornalismo. 5 ed. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2014.

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Telejornalismo e internet

  • 1. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 Telejornalismo Online: O Impacto da Internet nas Notícias Televisivas Locais1 Gabriel Lisboa de MELLO2 Fernanda Ribeiro de LIMA3 Faculdade Sul-Americana, Goiânia, GO RESUMO A televisão é, sem dúvida, o meio de comunicação mediada de maior alcance no Brasil. Segundo o IBGE, a TV está presente em 97% dos lares brasileiros, dado levantado na última PNAD. Inegável é o fato de que a internet mudou a forma de fazer telejornalismo. Desde início dos anos 2000 os produtores contam com uma nova maneira de acessar fatos e dados, muito mais veloz e, que hoje é responsável por uma boa parte do conteúdo que vai ao ar. Com as redes sociais a relação de troca com o telespectador permite à televisão “ter olhos” por toda cidade. Com todas as mudanças o profissional tem que ser multimídia. Agora o telejornal está nos dispositivos móveis. O presente trabalho é um estudo sobre a intersecção entre televisão e internet e suas consequências nas rotinas produtivas nas redações de telejornais goianienses. PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo; Televisão; Telejornalismo; Internet; Rotinas produtivas O princípio, a comunicação A comunicação é um campo muito amplo e complexo. Para Temer (2004), a comunicação está presente em tudo. Nas expressões faciais, na fala, nas roupas, nos enfeites. Até mesmo atitudes são gestos de comunicação. As pessoas se comunicam de diferentes formas e por diferentes necessidades. “De fato, podemos dizer que todo 1 Trabalho apresentado na DT/IJ-01 Jornalismo do XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro- Oeste, realizado de 22 a 24 de maio de 2019. 2 Aluno recém-formado, curso de jornalismo 2018 – Fasam,e-mail: gabriellisboademelo@hotmail.com 3 Professora orientadora deste trabalho. Doutoranda em Antropologia pelo PPGAS-UFG. Mestra em Comunicação pela Faculdade de Informação e Comunicação na Universidade Federal de Goiás FIC- UFG, Especialista em Assessoria de Comunicação pela Faculdade de Informação e Comunicação na Universidade Federal de Goiás FIC- UFG. Radialista graduada na FIC-UFG e jornalista pela FASAM. Docente nos cursos de Jornalismo e Relações Públicas da Faculdade Sul-Americana. E-mail: fernanda.ribeiro35@gmail.com.
  • 2. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 indivíduo inserido em um processo social está em comunicação, está dizendo alguma coisa sobre si mesmo e sobre a sociedade.” (TEMER, 2014, p.15). Para Thompson (2002), a comunicação deixa uma marca irreversível na sociedade, ao mesmo tempo em que ajuda o mundo moderno a caminhar. O autor caracteriza a comunicação mediada e a funde com as ideias de contexto social, pois é muito fácil não se preocupar com a sociedade e ficar aprisionado apenas em elementos técnicos da comunicação, esquecendo o impacto no social que ela ocasiona. O jornalismo e seus deveres E uma das expressões mais claras da comunicação é o jornalismo, que para Traquina (2005), é uma narrativa de acontecimentos verídicos, feitos por agentes especializados, os jornalistas, que por sua vez trazem um recorte da realidade. “O jornalismo acaba por ser uma parte seletiva da realidade” (TRAQUINA, 2005, p.30). Para o autor, jornalismo é também uma atividade intelectual e criativa. Quanto ao campo jornalístico é dual, um lado o ideológico, que confere ao jornalista o poder de vigilante do poder hegemônico levando as informações claras à sociedade e, outro lado, o econômico que torna o produto final que é a notícia, uma mercadoria, que faz com que o jornalismo se transforme, para não perder o cheiro do dinheiro. A televisão no seu papel social Segundo Paternostro (2006), a TV conecta o homem ao mundo exterior porque os seres humanos têm a mania de transformar e informar o outro. A partir do momento que a televisão é um meio de comunicação inserido na vida das pessoas, isso modifica muito do que está arraigado nelas, fazendo com que atribuam novos valores a conhecimentos anteriores. Assim, a televisão forma opinião, cria hábitos e comportamentos. Paternostro também fala da televisão e sua evolução. O mundo da televisão evolui em ritmo veloz. Já conseguimos acompanhar ao vivo, em tempo real, acontecimentos do outro lado da Terra, mas queremos mais: melhor imagem, som perfeito, detalhes e emoção! A TV atual, digital, tridimensional vira cinema dentro de casa. E nós, nela inseridos, não podemos perder o trem da história! (PATERNOSTRO,2006, p.09)
  • 3. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 A TV, o público, suas realidades e o telejornalismo com suas rotinas produtivas Para Temer (2014), o objetivo da televisão é conquistar, manter e fidelizar a audiência, a televisão é a janela que ressignifica o mundo lá fora trazendo para dentro da casa das pessoas. Ver TV é embarcar em uma rápida sucessão de imagens, aceitando a verdade recortada. Para a autora é difícil que o telespectador pense a TV como técnica, qualidade de imagens, cor, enquadramento e outros fatores. Temer (2014) diz ainda que existe uma estrutura jornalística visível por trás dessa magia, bem real e cheia de personagens. Fechine (2008) vai dizer que a televisão é o aqui e o agora. A TV constrói relações de tempo e espaço formando a noção de presença. A televisão não consegue construir um espaço materialmente, mas constrói um espaço simbólico que é transmitido para quem está assistindo. E para interromper essa ligação basta desligar a televisão, desse modo a ligação não é imposta. Mas se a TV não é só texto, também não é só imagem. Para finalizar esta explanação sobre os elementos trabalhados na ligação entre TV e público, Temer e Fechine concordam sobre a importância da voz e dos elementos de sonorização. “Quando escutamos uma voz, não nos sentimos mais sozinhos. A sonoridade enche o ambiente, influindo sobre a nossa própria percepção do espaço físico em redor.” (FECHINE, 2008, p.115). O telejornal sem dúvida é a maior exemplificação do conteúdo da TV que liga o mundo às pessoas. Para Vizeu (2014), o telejornalismo é um mecanismo importante que as pessoas têm para construir a imagem de realidade dos acontecimentos, todavia, esse mundo dentro da TV é recontextualizado e ditado tecnicamente. O autor acredita também que é preciso entender como os noticiários são construídos, para alcançar a democracia social. Os noticiários não se constroem sozinhos, para que o programa chegue até a casa das pessoas é preciso de gente, que muda de acordo com o mundo. Ao deixar de ser um passatempo, para virar um negócio, o campo jornalístico se reafirma no sentido intelectual e econômico. Para Moretzsohn (2014), o jornalista tem que ser mais que
  • 4. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 “antenado” com a era digital. É preciso que o profissional tenha múltiplas habilidades. Contudo a sua carga horária aumenta e nem sempre o profissional percebe uma grande diferença salarial. Assim as redações são enxugadas e sobra trabalho. O jornalista fica mais cansado com as demandas, e com o cansaço fica mais suscetível a errar. Com toda essa agilidade o objetivo tem que ficar cada vez mais claro, que é fazer a notícia. Manter sempre a credibilidade, trazendo no início da matéria o lead4 . Com o advento da internet, o jornalista mudou a sua rotina produtiva, ele é responsável por captar esse conteúdo em audiovisual, mesmo que às vezes não tenha todas as informações é preciso transcrevê-la de forma dinâmica e originária, colocar na internet e dar a manutenção (atualização) na sua notícia. Uma rede de arquitetura, a internet Para Felice (2013), a internet é uma rede de arquitetura informativa que contribui para a emancipação da sociedade, ajudando na liberdade de pensamento e na reestruturação dos modos de produzir o capitalismo. A internet também dá vez ao empoderamento social. Com o advento das novas tecnologias de informação, a comunicação começa a se adaptar a forma horizontal de se informar, abandonando a formato vertical de se comunicar. “Sendo assim, a Internet funda um novo padrão de comunicação e também uma nova cultura [...]” (FELICE, 2013, p. 53). Ainda segundo o autor, com esse novo modelo de comunicação, é criado também uma forma que quebra o paradigma da comunicação descentralizada, exercida pela televisão, pelo rádio e por outras mídias tradicionais. Com as redes a comunicação fica mais rápida, mais acessível, segmentada e sem a dependência de um protagonista. A internet pode ser acessada de qualquer lugar, a interatividade quebra barreiras geográficas e sociais. Felice (2013) usa o conceito estruturado por Paul Baran5 (1964) para explicas as topologias de rede. 4 Lide (lead): primeiro parágrafo do texto jornalístico, contendo as respostas às seis perguntas consideradas básicas: o que, quem, quando, onde, como e por que? Parte da ideia da pirâmide invertida, ou seja, os fatos seriam relatados em ordem decrescente de importância. 5 Baran diz que a internet é um malha na qual os dados se deslocam e não pode ser atingido em um único ponto, esse processo o estudioso chama sistema distribuído. Esse modelo foi pensado para não ser prejudicado em tempos de guerra.
  • 5. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 Para Martino (2014), as redes se relacionam com os indivíduos, os laços são firmados por um interesse comum. É possível abrir um espaço para assuntos políticos, sociais e econômicos, e isso impacta a vida fora da internet. Pode-se conhecer o posicionamento ideológico e até o perfil de status pelas redes sociais. As discussões do mundo real são levadas para a internet e assuntos da internet são levados para o mundo real. Jornalismo e convergência de mídia A convergência de mídia vai ser discutida dentro do jornalismo por diversos autores, entre eles Pereira (2011). Vários autores alertam para a necessidade de repensar a identidade jornalística na era digital. O jornalismo tem que procurar uma nova formatação para caber dentro das mídias digitais e se adequar ao novo perfil do público. O jornalismo precisa redefinir os seus valores e também o perfil dos profissionais nestes novos tempos, é preciso ser multimídia. Um dos cernes do jornalismo sempre foi a rapidez, mas Pereira (2011) acredita que o jornalismo vive um tempo ainda mais regido pela pressa e pela pressão de dar a notícia a qualquer custo. A euforia pelo tempo pode ser explicada pela hiperconcorrência entre publicações. Com a convergência de mídia a notícia tem um fluxo contínuo, o jornalismo deixa de ser totalitário na informação. A presença do público faz diferença na hora de publicar a notícia. O jornalista confia cada vez mais nos discursos acessíveis das fontes oficiais deixando de ouvir outras fontes, uma premissa básica do jornalismo. Matsuzaki (2009) fala da cultura da participação, “[...] a convergência não é apenas um fenômeno tecnológico, uma mudança estrutural entre plataformas, computadores e dispositivos móveis, mas sim um fenômeno social e cultural.” (MATSUZAKI, 2009, p.61). Metodologia Esta pesquisa usará três métodos qualitativos para compreender o objeto. Primeiro foi feito a análise de conteúdo (AC) que é aplicada desde o século XVIII no campo da pesquisa em comunicação. Para que esse AC seja aplicada é necessário ter coerência e transparência. Além de o método desafiar a curiosidade da primazia dos dados, os custos para execução é barato. Esta análise é adequada porque os conteúdos
  • 6. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 televisivos influenciam e estão presentes em várias partes da realidade. E mesmo que o telespectador use a televisão como diversão, ele consegue filtrar e fazer uma reflexão crítica sobre o que vê. O segundo método, o uso do questionário, depende muito da organização e cuidado do pesquisador quanto os dados. Afinal cabe a ele estruturar as perguntas em abertas ou fechadas, aplicar o questionário e transformar as informações em dados. “Um dos principais fatores de sucesso da realização da pesquisa é a correta capacitação dos entrevistadores, que devem ser treinados minuciosamente [...]” (NOVELLI, 2011, p177). Por fim, será usada a observação participante que impactou os estudos em comunicação social no Brasil nos anos 80 e 90. Para que a pesquisa participante aconteça é necessário que o pesquisador se insira no contexto que deseja analisar sistematicamente, mas ele não deve se misturar executando tarefas atribuídas ao grupo. O tempo da pesquisa é indeterminado. Para Peruzzo (2011), essa metodologia não necessariamente vai ser usada para estudar apenas casos etnográficos. Esse tipo de pesquisa é usado muitas vezes para analisar fenômenos comunicacionais, normalmente quando referente à mensagem dos meios de comunicação, como é o caso, para apontar mudanças no contexto social jornalístico. As emissoras e os telejornais analisados para a pesquisa Esta pesquisa analisou três telejornais exibidos em Goiânia, no horário do almoço porque quase todas as emissoras locais tem um programa noticioso entre onze e duas horas da tarde. O Jornal Anhanguera Primeira Edição, o Jornal do Meio Dia e o Balanço Geral permitiram trabalhar com estruturas semelhantes, mas linhas editoriais diversas. Dentro deste recorte, foi usado o critério de audiência através de dados da Kantar Ibope Media6 , para escolher os três telejornais analisados7 . A TV Anhanguera surgiu nos anos 60, em Goiânia. Hoje é uma afiliada da Rede Globo sintonizada no canal 2 da TV aberta, integrante o grupo Jaime Câmara que foi 6 A Ibope Inteligência é uma das maiores empresas de pesquisa de mercado da América Latina. A Kantar Ibope Media é o braço destinado ao levantamento de dados dos veículos de comunicação. 7 Os dados foram fornecidos por uma agência de publicidade que não será identificada. Os dados do Ibope Media são sigilosos e restritos a quem paga pelo serviço.
  • 7. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 criado pelo jornalista Jaime Câmara e seus irmãos Joaquim Câmara Filho e Vicente Rebouças. A TV foi ao ar pela primeira vez no dia 23 de outubro de 1963. Atualmente a emissora conta com quase quatro horas de conteúdo jornalístico A TV Record é a continuidade da primeira emissora de televisão em Goiás, a TV Rádio Clube. Mas teve uma longa historia até chegar ao que é hoje. Atualmente A TV Record é um das maiores emissoras de Goiás, ela é encontrada na TV aberta no canal 4. Sua programação local é marcada por uma linha editorial popularesca e sensacionalista. Como por exemplo o, Goiânia Urgente - “A cidade inteira participando”. O telejornal ficou no ar durante 27 anos, sempre com apresentadores bem polêmicos e foi extinto após uma reformulação da programação do TV, voltou à grade no ano passado. A TV Serra Dourada surgiu em 1989. Desde então é afiliada do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT. Hoje a TV Serra Dourada é comandada pelo Grupo Arisco que possui também duas emissoras de rádio. A consolidação da emissora nos anos de 1990 deve muito ao telejornalismo. Atualmente a TV Serra Dourada é sintonizada no canal 9 da TV aberta, e conta com dois jornais locais e alguns programas de entretenimentos feitos por te feitos por terceirizados. O carro chefe da emissora é o Jornal do Meio dia. O Jornal Anhanguera Primeira Edição nasceu em 1987, era chamado de Jornal do Almoço, e até 1996 tinha quinze minutos de duração. Em 1996, quando passou pela sua primeira grande reformulação, o programa ganhou de 30 a 35 minutos de produção. Uma ação da Rede Globo com todas as afiliadas depois que a emissora percebeu que estava perdendo audiência no horário para emissoras locais que tinham programação jornalística local. Mudanças na estrutura do jornal continuam acontecendo motivadas pela guerra da audiência com a TV Serra Dourada e Rede Record. O jornal tem investido em uma linha mais ousada de apresentação da notícia com repórteres e âncoras mais descontraídos. Diversos quadros de caráter assistencialista, de saúde e culinário compõem o noticiário. Ao assistir o telejornal, em diversos momentos, fica difícil fazer uma separação entre jornalismo e entretenimento. O Balanço Geral, dos três telejornais goianos veiculados no horário do almoço e analisados nesta pesquisa, é mais novo está no ar desde 2018. Além de ter o maior
  • 8. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 tempo de duração, são quase três horas programa. O telejornal substituiu o Goiânia Urgente8 . O âncora, Oloares Ferreira, está à frente do programa desde a sua criação. Ele não é jornalista e faz uma apresentação bem caricata, cheia de trejeitos e momentos de teatralização. Todas as matérias, problemas de bairros, reportagens policiais, casos de violência, fatos curiosos, notícias de cidades, economia e política são editadas com longos minutos de duração. O Jornal do Meio Dia é hoje o principal programa dentro da grade da TV Serra Dourada e lidera a audiência na hora do almoço em Goiânia. Criado em 1991, com o objetivo de concorrer com o telejornal da TV Anhanguera, desde o início o programa foi direcionado para conteúdos populares de serviço, como matérias de reclamação de bairro e vagas de emprego. Também é forte o viés assistencialista da emissora, sempre mostrando pessoas em situação de pobreza extrema seguido de um pedido de doação. Atualmente o programa conta com quatro blocos, é apresentado por Jordevá Rosa e Luciana Finholdt dois jornalistas com mais de vinte e cinco anos de presença no vídeo em Goiás. A programação ocupa um pouco mais de uma hora de duração. Os Dados O recorte temporal foi de uma semana. Os telejornais foram acompanhados e gravados de quarta-feira a terça-feira sendo o Jornal Anhanguera Primeira edição entre o dia 22 de agosto de 2018 e 28 de agosto de 2018, o Jornal do Meio entre o dia 15 de agosto de 2018 e 21 de agosto de 2018 e o Balanço Geral entre o dia 29 de agosto de 2018 e 04 de setembro de 2018. No total foram analisadas 75 matérias. Para realizar a análise de conteúdo, foram desenvolvidos oito categorias de análise descritas a seguir. Tempo do material:9 A maior parte das matérias tem entre dois e três minutos. É grande a quantidade de material com até um minuto que tem conteúdo vindo da internet, isso mostra que as redações estão usando este recurso na produção de notas cobertas, o que diminui a necessidade de equipe e dá agilidade ao processo. Mas a presença de 8 O Goiânia Urgente era um programa jornalístico emblemático da história da TV goiana que estreou em 1981. Durante dez anos se consolidou como um dos principais programa na grade da emissora, seguindo uma linha popularesca. 9 Apenas o tempo sem as chamadas e comentários dos apresentadores. Até um minuto, entre um e dois minutos, entre dois e três minutos, entre três e quatro minutos, entre quatro e cinco minutos e mais de cinco minutos.
  • 9. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 material oriundo da web mesmo nos vt´s com mais de dois minutos de produção mostra que o recurso se tornou definitivamente parte da produção televisiva. Tempo do material com a chamada e os comentários:10 Quando analisado junto com comentários o tempo das matérias aumenta consideravelmente, principalmente no conteúdo de interesse humano, de ajuda a famílias carentes e crimes bárbaros com repercussão na internet. O tempo médio de cinco minutos no item anterior dobrou neste. Isso mostra que os apresentadores estão propensos a comentarem mais os assuntos com destaque na rede. Posição do material no espelho:11 Aqui foi possível perceber que os materiais da internet permeiam todos os blocos dos telejornais, porém o primeiro bloco é, sem dúvida o mais utilizado. Explica-se pela necessidade de, logo no início do noticiário, entrar com o assunto de maior repercussão no dia e também pelo uso do material produzido pelos telespectadores com problemas de cidades, destaque nos noticiários deste horário. É muito comum também o uso de teasers deste material na escalada do jornal e até mesmo nas passagens de bloco. Gráfico do formato:12 O formato preferido pelos telejornais ainda é a matéria. Neste caso o material retirado da rede é usado para cobrir os offs e também servem para ilustrar a matéria. Nas notas cobertas é possível notar a substituição das imagens feitas por um repórter cinematográfico da emissora pelo conteúdo da web, como por exemplo, no caso do quadro repórter cidadão do Jornal do Meio dia, e do Quero ver na TV do jornal Anhanguera 1° Edição. Tipologia das matérias:13 Entre os materiais analisados, os arquivos que estão ligados a internet estão predominantemente dentro dos materiais com fato novo. Isso reforça a necessidade que as emissoras de televisão têm de acompanhar à internet para repercutir os assuntos, e muitas vezes usam os vídeos enviados pelo telespectador para fazer isso. Os dados mostram que as emissoras investem cada vez menos em matérias de 10 Até um minuto, entre um e dois minutos, entre dois e três minutos, entre três e quatro minutos, entre quatro e cinco minutos e mais de cinco minutos. 11 Escalada, primeiro bloco, segundo bloco, terceiro bloco e quarto bloco. 12 VT, nota coberta, nota seca, e entrevista (em estúdio ou externa) 13 Fato novo, suíte/repercussão, investigativa, interesse humano e curiosidade.
  • 10. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 investigação, e baixo é o índice de matérias acerca de interesse humano e curiosidades, porque esses formatos demandam mais tempo. Fontes oficiais: Nesta parte observa-se que as mudanças nas rotinas produtivas refletiram sobre esta etapa do fazer jornalísticos. Quase 40% do material não teve fonte oficial, ou seja, não houve um contato entre a emissora e a instituição responsável pela solução do problema. Raros foram os casos em que as notas respostas foram pedidas e não chegaram a tempo do telejornal começar. Mesmo quando a nota chegou depois que a matéria foi exibida os apresentadores faziam uma retomada e liam à nota. Material creditado: Este item mostra que a metade das matérias provenientes da internet não tem crédito. As imagens aparecem normalmente dentro das matérias como se fossem produzidas pela própria TV. Para que o material entrasse nessa categoria de análise, o critério é que tivesse alguma ligação com a internet, desde ser uma imagem enviada pelo telespectador através de uma rede social ou aplicativo de mensagens, ou retirado de sites e blogs. Tempo de material da internet foi usado na matéria:14 As emissoras utilizam muito conteúdo da internet e isso coloca em cheque a função da TV de produtora de conteúdo e coloca em análise a função de mediadora de conteúdo. Nesta categoria, algumas emissoras que utilizaram até dois minutos de conteúdo da internet por VT. Quase 60% dos materiais analisados utilizaram conteúdos da internet com até um minuto. A aplicação de questionários aos jornalistas Logo depois de assistir aos telejornais, foram aplicados questionários aos jornalistas das mesmas emissoras. O objetivo foi comparar o discurso sobre a metodologia de produção dos profissionais da televisão com os resultados encontrados nos noticiosos. O questionário foi disponibilizado dentro de uma plataforma digital, enviado por e-mail, Whatsapp, na página de grupo fechado de jornalistas de Goiás no facebook e também presencialmente no caso da redação da TV Rede Record Goiás. Mesmo com todo este esforço foram validados 15 questionários de jornalistas das referidas redações. 14 Até trinta segundos, de trinta segundos a um minuto, de um minuto a dois, mais de dois minutos.
  • 11. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 Aplicando os questionário foi possível descobrir vários aspectos, um deles foi referente a idade. A maioria dos entrevistados é mulher, com formação em universidade pública e tem entre 41 e 50 anos. Este é um jornalista com mais experiência, porém que passa por uma adaptação com a era da internet, até porque, não nasceu na era digital. Quanto ao tempo de formado, a maioria dos jornalistas respondeu que tem entre 11 e 20 anos de experiência. Não houve nenhuma resposta com mais de 30 anos de profissão. A explicação pode estar na rotina estressante do veículo com plantões aos finais de semana e feriados e na necessidade de adaptação à internet. Sobre a rotina produtiva dos profissionais foi perguntado a quantidade de sites que eles acompanham por dia. Majoritariamente a resposta foi entre 5 e 7 sites por dia, vale lembrar que esses sites acessados na maioria das vezes são de outras empresas de comunicação. Os mesmos profissionais responderam que têm em seus dispositivos móveis, entre 11 e 20 grupos de Whatsapp e mesmo que o profissional exclua do seu Whatsapp grupos de amigos, de familiares e de interesse pessoal, e mesmo selecionando apenas os grupos de jornalismo temos um gasto grande energia, afinal, mais de 60% dos profissionais ouvidos tem de 6 a 15 grupos de Whatsapp relacionado ao exercício da sua função. Tendo todas essas atribuições quase a metade dos entrevistados tem mais de um emprego, ou seja, trabalha no mínimo dez horas por dia, sem contar os plantões de final de semana e feriados. Qual é o tempo que ele tem para investir no seu crescimento pessoal, conhecimentos gerais que ajudam no seu trabalho? Qual o tempo que esse profissional descansa, tem um convívio direto com os seus familiares, pratica esportes? Fatores que vão interferir no fazer jornalístico. E quanto as horas trabalhadas 33% dos entrevistados trabalham entre 11 a 12 horas por dia. E desta forma 40% das pessoas fazem hora extra. Os jornalistas estão diminuindo o hábito da leitura, a maior parte respondeu que lê apenas um periódico por dia. Mas a maioria garantiu que fala com as fontes entre 90% e 100% das vezes, o que não condiz com a análise de conteúdo que registrou a ausência das fontes na maior parte do material. Quanto ao material da internet usado nos conteúdos da TV, neste caso as variáveis também confirmam o que foi observado anteriormente na análise de conteúdo. A maioria deles utiliza mais de 70% dos materiais de internet nos telejornais.
  • 12. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 Estudo de caso15 A TV Brasil Central, o TBC Notícias Primeira Edição e a sua rotina produtiva A Televisão Brasil Central (TBC) foi criada em 1975, é uma emissora goiana sintonizada no canal aberto 13, atualmente afiliada da TV Cultura, o canal pertence a imprensa oficial do governo de Goiás. O telejornal da hora do almoço, TBC notícias Primeira Edição é apresentado das 11h às 12h50 e tem dois apresentadores. O programa, dividido em quatro blocos, é composto por matérias gravadas, Linkfake, entrevistas no estúdio e externa. A equipe conta com uma chefe de reportagem, cinco produtoras, um editor chefe, três editores de texto, quatro editores de imagens, quatro repórteres e uma estagiária. A rotina produtiva da TV é bem mais leve que as demais emissoras, afinal não há tanto a busca pela audiência. A produção se reúne às 10h para pautar matérias para o período da tarde. São os sites, jornais impressos e órgão públicos que pautam o jornalismo da emissora. Poucas foram às vezes que o público deu um direcionamento para as matérias. Nos dias da observação o que a TV mais cobriu foram coletivas de grandes órgãos do estado e matérias policiais. A maioria das pautas não são complexas, normalmente existe apenas um lide de informações para o repórter com as principais orientações e uma matéria de algum portal online de notícia grampeada na pauta. Na rua, depois de levantar as informações e gravar as entrevistas, o repórter rascunha e envia para a edição revisar, e só após a correção, o repórter tem autorização para gravar off. A edição é a parte mais criteriosa da produção telejornalística. Normalmente as sonoras editadas são curtas e objetivas. É raro existir uma matéria com mais de três minutos de duração. A internet é um recurso importantíssimo na produção. Os impressos abandonados em cima da mesa e a dependência de sites de notícia deixam claro que o uso da internet na produção de telejornais independe da busca por audiência e da urgência em colocar os assuntos mais quentes no ar. 15 Este estudo de caso é o fruto da observação participante na redação do telejornal da TV Brasil central durante uma semana entre os dia 27 de agosto de 2018 e 01 de setembro de 2018, sempre das 8h da manhã ao meio dia.
  • 13. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 Considerações finais16 O telejornalismo é a fonte de informação de muitos brasileiros. E por mais que o acesso a outros meios de comunicação, como a internet, tenha se popularizado, a notícia na televisão ainda é vista com credibilidade por um público de perfil diverso que não entende a matéria, a reportagem, a entrevista em estúdio ou gravada, como um recorte da realidade, marcado por questões técnicas e editoriais. O conteúdo jornalístico da TV pauta conversas nos bares, na sala de espera do consultório médico e na fila do banco, ele forma opinião. E essa opinião, ou seja, o comportamento da sociedade, vai entrar em discussão na hora das reuniões de pauta. O jornalista é um formador de opinião e tem que ter muita cautela ao selecionar fontes para fazer matérias ou embasar comentários porque eles vão desencadear uma série de ações e reações. Embora fazer notícia pareça ser muito fácil com o advento da internet, o jornalista precisa ter em mente, que ao ser publicada, qualquer informação passou por um recorte, como o que ele próprio faz, ou seja, não é simplesmente, um fato é uma construção narrativa com distorções intencionais ou não. Observou-se que os jornalistas são cobrados o tempo todo para produzir muito e produzir coisas novas, ao mesmo tempo, a internet, esse “hipertudo”, oferece uma infinidade de informações. As redações estão cada vez mais enxutas e os profissionais não conseguem acompanhar tudo o que acontece, verificar se é verdade e ainda cumprir suas outras obrigações como reuniões e planejamento. A notícia que precisa ser checada e contextualizada fica rasa, quando não com informações erradas. Não é a internet que a responsável pelos erros dentro do jornalismo televisivo, mas sim a forma como ela é utilizada enquanto ferramenta de produção. O jornalista erra porque não confere as informações que encontra na rede. Ele apenas copia. Mas outro aspecto chama atenção, o jornalista não desconfia que o material está errado 16 O trabalho é maior porque as horas de jornalismo local aumentaram. A cobrança é maior pela audiência e não pode haver furo. Para saber o que “acontece no mundo” ou no mínimo no estado, o jornalista se dispõe a acompanhar vários grupos e Whatsapp, atualizar de sites de notícia e perfis, atender o público. Mas ele não tem tempo para checar essas informações, ele não tem tempo de ler fontes diversas sobre um mesmo assunto para formar uma opinião sólida. É possível exemplificar essa falta de tempo com uma passagem sobre a realização desta pesquisa. No dia 12 de setembro deste ano este pesquisador foi à redação da Rede Record Goiás, pra aplicar os questionários aos jornalistas como havia combinado previamente com uma funcionária da empresa. Mesmo chegando em um horário, que não era o de fechamento, houve uma repulsa das pessoas em parar por dois ou três minutos para responder à pesquisa acadêmica. Elas olhavam para o monitor do computador, ao mesmo tempo em que monitoravam a tela do celular e falavam ao telefone.
  • 14. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 porque sua própria rotina de informação está comprometida. Aliás, erros de português e mesmo a falta de conhecimento gerais observados na análise das matérias mostram uma má formação deste jornalista. Sem tempo, esses profissionais não investem na cultura pessoal, tem a vida pessoal e lazer comprometidos. Seria interessante que o questionário pudesse abarcar essas questões externas para perceber como o mundo interfere na vida profissional, na visão de mundo e consequentemente nas notícias. Logo é possível afirmar que a intersecção entre televisão e internet está sendo prejudicial à qualidade das notícias televisivas na maior parte do tempo, não por causa da convergência de mídias, mas devido às rotinas produtivas impostas por empresas interessadas em lucrar muito aumentando a quantidade de produtos oferecidos, mas diminuindo os quadros das redações. Essa pesquisa ainda deixa a sugestão, para numa próxima oportunidade, seja feita a investigação do perfil dos profissionais do telejornalismo goianiense, para saber mais detalhes, e em que nível a formação universitária e pós-faculdade destes jornalistas afetam o produto final, que é a notícia de televisão. 7. Referências Bibliográficas FECHINE, Y. Televisão e Presença: Uma abordagem semiótica da transmissão direta. São Paulo: Estações das Letras e Cores, 2008. FELICE, M. Ser redes: o formismo digital dos movimentos net-ativistas. Ano 7 – nº 2 jul./dez. São Paulo – Brasil, revista USP, 2013. Disponível em http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:KCBs3YWDgUJ:www.revistas.usp.br/ matrizes/article/download/69406/71974/+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acessado em 16 de dezembro de 2018 FENAJ. Pesquisa – Quem é o jornalista brasileiro? Perfil do profissional no país. Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC, em convênio com a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. Disponível em: https://fenaj.org.br/wp- content/uploads/2016/01/pesquisa-perfil-jornalista-brasileiro.pdf. Acessado em 31 de outubro de 2018. IBGE/PNAD – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Pesquisa Nacional de Domicílio. Disponível https://www.ibge.gov.br/ acessado em 14 de agosto de 2018. LIMA, F. R. de. Apanhando duas vezes: Aspectos Relacionados à Cidadania das Mulheres Vítimas de Violência nos Telejornais Locais. FIC – Faculdade de informação e comunicação. Disponível em :http://ppgcom.fic.ufg.br/p/20608-dissertacoes-2014. Acessado em: 31 de outubro de 2018
  • 15. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 MATZUZAKI, Luciano. Jenkins: A cultura da participação. In: BRANCO, Cláudia Castelo; MATZUSAKI, Luciano (org). Olhares da rede. São Paulo: Momento Editorial, 2009. . MARTINO, L. M. S. Teoria das mídias digitais: Linguagens, ambientes e redes. Ed. 2°. Petrópolis, RJ: editora Vozes, 2014. MORETZSOHN, S. D. O novo ritmo da redação de O Globo: a prioridade ao jornalismo digital e seus reflexos nas condições de trabalho e produção da notícia. FIAM FAAM revista científica Parágrafo, 2014. Disponível em: http://revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/view/234/280. Acesso em 28 de março de 2018. NEVES, F. Telejornalismo nos primeiros tempos: história de desafios. In: VIZEU, Alfredo; MELLO, Edna; PORCELLO, Flávio; COUTINHO, Iluska(orgs). Telejornalismo e Praça Pública: 65 anos de telejornalismo Florianópolis: insular, 2015. NOVELLI, A. L. R. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio (org). Ed. 2°. São Paulo: Atlas, 2011. PATERNOSTRO, V. Í. O texto na TV: manual de telejornalismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. PEREIRA, F. H.. O mundo dos Jornalistas: Aspectos teóricos e metodológicos. Intercom – Revista Brasileira de ciência e comunicação, v.32, n.2, p. 217-235, jul./dez: São Paulo, 2009. PERRUZO, C. M. K. Método e técnica de pesquisa em comunicação; (org) DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. 2°Edição. São Paulo: Atlas,2011. TRAQUINA, N. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular, 2005. THOMPSON, J. B. Mídia e a modernidade: Uma teoria social da mídia. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. TEMER, A. C. R. P.. Flertando com o caos: Comunicação, Jornalismo e Televisão. Goiânia: FIC/UFG, 2014. TEMER, A. C. R. P. Desconstruindo o telejornal: Um método para ver além da melánge informativa. In VIZEU, Alfredo; MELLO, Edna; PORCELLO, Flávio; COUTINHO, Iluska (org). Telejornalismo em questão. Florianópolis: insular, 2014. VIZER JR, A. Decidindo o que é notícia: os bastidores do telejornalismo. 5 ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014.